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RECURSO INOMINADO
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RAZÕES DE RECURSO INOMINADO
Inconformado, o autor buscou suporte junto à companhia aérea, sem êxito, mesmo
após inúmeros contatos e uma grande espera em filas e por telefone, conforme os
protocolos informados na fl. 03. Assim, após todo esse desconforto e constrangimento,
o autor foi obrigado a adquirir nova passagem aérea de outra companhia para não
perder sua prova e todo o esforço que havia feito para chegar até ali.
Contudo, não obstante a prova constituída nos autos, o juiz sentenciante não acolhera o
pedido indenizatório formulado. Em síntese, rechaçou o pleito sob o enfoque de que
existira, tão só, mero aborrecimento. Por isso, mesmo reconhecimento a má prestação
do serviço, fundamentou inexistir dano moral a ser reparado.
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2.1. A existência do dano moral
O ponto nodal do debate limita-se ao exame da existência, ou não, da responsabilidade
civil da recorrida. Isso, sobremaneira, porquanto a sentença guerreada se fundamenta
na inexistência der dano moral, ocorrendo, tão só, fato trivial do cotidiano humano.
Prima facie, urge asseverar que a situação em espécie ultrapassa, e muito, o mero
aborrecimento, o simples dissabor.
Do enredo, descrito na exordial, da prova carreada, vê-se que houve longa espera até o
embarque em outro voo. O espaço de tempo, registre-se, foi superior a cinco horas.
Longo período, indiscutivelmente. Para além disso, inúmero outros contratempos,
atrasos, desconfortos.
Assim, inquestionável que isso, per se, converte-se em gravidade, suficiente a causar
desequilíbrio emocional, afetando o bem-estar, máxime com relevante sofrimento
psicológico.
Noutro giro, apesar disso, a recorrida não disponibilizou qualquer suporte, mormente
material. É dizer, não tivera o mínimo de zelo, de respeito, com todos os passageiros
daquele voo.
Nessa mesma ordem de ideias, apregoam Flávio Tartuce e Daniel Amorim Assumpção
Neves , ad litteram:
Assim, deve-se atentar para louvável ampliação dos casos de dano moral,
em que está presente um aborrecimento relevante, notadamente pela perda
do tempo útil. Essa ampliação de situações danosas, inconcebíveis no
passado, representa um caminhar para a reflexão da responsabilidade civil
sem dano, na nossa opinião. Como bem exposto por Vitor Guglinski, “a
ocorrência sucessiva e acintosa de mau atendimento ao consumidor,
gerando a perda de tempo útil, tem levado a jurisprudência a dar seus
primeiros passos para solucionar os dissabores experimentados por
milhares de consumidores, passando a admitir a reparação civil pela perda
do tempo livre...
Nessa esteira, inclusive, é o entendimento jurisprudencial:
RECURSO INOMINADO. TRANSPORTE AÉREO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
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ATRASO DE VOO. ALEGAÇÃO DE MANUTENÇÃO
EXTRAORDINÁRIA. FORTUITO INTERNO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FALHA NA PRESTAÇÃO
DE SERVIÇO EVIDENCIADA. DANO MATERIAL
CONFIGURADO. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM ADEQUADO AO CASO. SENTENÇA MANTIDA
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
(TJPR – 2ª Turma Recursal – 0000446-88.2016.8.16.0141 – Realeza –
Rel.: Marcos Antonio Frason – J. 23.05.2018)
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(TJPR – 2ª Turma Recursal – 0021154-26.2015.8.16.0035 – São José
dos Pinhais – Rel.: Alvaro Rodrigues Junior – J. 22.05.2018)
Importa destacar estes arestos de jurisprudência:
TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. CANCELAMENTO DE VOO. BAGAGEM
EXTRAVIADA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. APELAÇÃO
DA RÉ.
Cancelamento de voo poucas horas antes do embarque em razão de
supostos problemas. Mecânicos da aeronave, resultando em atraso
na chegada do autor a Nova Iorque. Prestação de serviços
inadequada em razão dos transtornos suportados pelo autor.
Responsabilidade objetiva da ré evidenciada, ante a falha na
prestação dos serviços. Indenização por danos morais devida, sendo
o montante da condenação corretamente quantificado e de acordo
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com o pretendido pelo autor. Sentença mantida. Recurso não
provido.
Uma vez que, nessa situação, o dano é presumido, maiormente face à má prestação do serviço,
caberia à recorrida, por isso, desincumbir-se em comprovar a regularidade nos préstimos
ofertados, o que não o fizera.
DO PEDIDO
C) Protesta e pugna pela concessão dos benefícios da justiça gratuita, a teor das
Leis n° 1.060/50 c/c com art. 1º da Lei 7. 115/83 e Lei 7.510/86; art. 5º inciso
LXXIV, da CF e art. 19 do CPC;