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CURSO DE LETRAS
PRODUÇÃO TEXTUAL
Interdisciplinar individual - PTI
BRASIL
2020
PRODUÇÃO TEXTUAL
Interdisciplinar individual - PTI
BRASIL
2020
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 11
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 13
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INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
“anjo esbelto”, já não vive mais na sombra, agora toca trombeta, deixando de
anunciar que alguém será gauche na vida, mas ao contrário, vai carregar bandeira,
ter uma posição de destaque entre os demais.
Diferentemente de Drummond, que questiona a Deus o porquê do seu
desprezo, Adélia Prado afirma que “dor não é amargura” e que “ser coxo na vida é
maldição para homem, mulher é desdobrável”.
Enquanto no texto de Drummond há uma visão masculina extremamente
pessimista, já no texto de Adélia há uma visão feminina positiva. Ela transforma o
texto de Drummond num poema que exalta a mulher, que aceita os “subterfúgios
que me cabem/ sem precisar mentir”. Ela classifica a mulher com ser desdobrável,
aceitando o seu papel de reprodutora de gerações, contudo num parto sem dor.
Diferentemente do homem do Poema de Sete Faces que acaba preferindo
embebedar-se a enfrentar os obstáculos impostos pela vida.
É perceptível que o eu-lírico apresenta fatos sociais da época, portanto,
justiça-se a insatisfação, sendo um ponto marcante da época em que o poema de
Drummond foi escrito. Na quinta estrofe o eu-lírico questiona a Deus e mostra sua
fraqueza. Enquanto, na penúltima estrofe, o eu-lírico tende a discutir a solução de
seu mundo gauche, de anjos tortos, sem Deus, de tantas pernas coloridas e também
de outras tantas máscaras que se fazem rostos. Contudo, semelhante à
incapacidade da rima em dar uma solução ao mundo, o eu-lírico também não vê
muito que fazer, a não ser reconhecer que o seu coração seria capaz de dar conta
desse mundo. Portanto, o anjo do poema de Drummond é um ser das trevas e
pessimista, enquanto o poema de Adélia o anjo é um ser de luz e otimista,
terminando de maneira positiva o poema.
Nota-se que os dois poemas apresentam a mesma temática, pautada por
um sentimento de insatisfação com a realidade da qual faz parte, através dos
sentimentos de indiferença, solidão e abandono. Isso tudo causado por desilusões
vivenciadas por eles (o eu-lírico). É certo que os poemas apresentam pontos afins,
tais como a forma autobibliográfica, a noção de insatisfação experimentada, com
foco para o abandono e a solidão. Entretanto, o primeiro é de autoria masculina e
trás um eu-lírico masculino, o segundo é de autoria feminina e trás um eu-lírico
também feminino, o que de antemão já justifica a constituição de uma visão
diferente de mundo.
Já a partir da primeira estrofe tem-se a característica de proximidade logo
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capacidade de aceitar a sua condição perante a sociedade na qual ela está inserida,
uma sociedade machista e prepotente.
Diante desse enfoque, podemos perceber o quanto Adélia Prado é otimista,
no início do texto, o anjo esbelto prever seu futuro próspero. Ela institui o discurso
feminino em contraposição o de Drummond que utiliza o discurso masculino com
característica melancólica. É interessante lembrar que o discurso masculino e
feminino segundo alguns linguistas, é resultado de uma construção social e cultural,
nada tendo a ver com o instinto, a genética ou com o determinismo da natureza.
Os dois textos possuem os versos livres e linguagem coloquial, portanto, são
antirretóricas e possui a mesma estrutura assimétrica, os dois autores são
brasileiros, produziram seus textos em épocas não tão distantes, sendo que
Drummond é modernista e Adélia Prado é contemporânea. Tratando do nascimento
para a vida e também para a poesia esses textos apresentam semelhanças e
também discordância. Drummond é metafórico e sua temática negativa e pessimista
está em todo o poema. Adélia Prado se utiliza da paródia para expressar a sua visão
feminina positiva, distorcendo o poema de Drummond.
Explorando esses textos linguisticamente, segundo a Análise do Discurso,
os sujeitos produzem um discurso já em condições dadas, estabelecidas por uma
formação discursiva correspondente. Podemos dizer também que o texto de Adélia
foi construído a partir do discurso do texto de Drummond para negar, afirmar ou
acrescentar. Segundo Maingueneau, discurso pode ser construído de várias formas
de paródias, paráfrases, ironia, pela imitação e várias outras formas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FIORIN, José Luiz. Polifonia Textual e Discursiva. In: BARROS, Diana L. Pessoa
de; FIORIN, José Luís (org). Dialogismo, polifonia, intertextualidade. São Paulo:
USP, 2003.
PERRONE MOISÉS, Leyla. Texto, Critica, Escritura, ed.3, Editora: Martins Fontes,
São Paulo, 2005.