Você está na página 1de 8

Teoria de Aprendizagem de Interacionistas

Segundo Kretschmer (citado por VYGOTSKY,1996:118) os processos psíquicos complexos,


sobre o qual se baseiam as funções superiores, são algo mais que uma soma das funções, trata-se
da constituição de uma estrutura psicológica nova, totalmente independente. Esta síntese superior
permite observar desde os processos reflexos mais simples até a formação das abstrações no
pensamento e na linguagem.
As novas funções superiores se integram com as elementares que se subordinam a elas como
uma categoria superada, como continuação delas. O desenvolvimento psíquico constitui-se,
então, com uma certa hierarquia, em uma ascensão das funções superiores.
A funções superiores: sensação, percepção, atenção, memória, pensamento e linguagem e
imaginação não se desenvolvem umas ao lado das outras, mas constituem-se em um sistema
hierárquico cuja função central é o desenvolvimento do pensamento, a formação de conceitos.
Estas funções, em um processo de síntese complexa, se integram a ela, "se intelectualizam, se
reorganizam sobre a base do pensamento em conceitos". (Ibid. 1996:119).
Segundo DEL RIO e ALVAREZ, ( apud COLL (org.) 1996:82), Vygotsky aponta características
específicas das funções psicológicas superiores: "permitem superar o condicionamento do meio e
possibilitam a reversibilidade de estímulos e respostas de maneira indefinida; supõem o uso de
intermediários externos - que ele denomina instrumentos psicológicos, entre eles, o signo;
implicam um processo de mediação, utilizando certas estratégias, ou por meio de determinados
instrumentos psicológicos que em lugar de pretender como objetivo modificar o meio físico,
como os utensílios eficientes - o machado, a enxada ou a roda -, tratam de modificar a nós
mesmos, alterando diretamente nossa mente e nosso funcionamento psíquico". É, portanto,
através da interação ou cooperação social e o uso de instrumentos psicológicos que se estruturam
as funções psicológicas superiores.

Pensamento e Linguagem
Para (VYGOTSKY, 1993:15), a análise do pensamento e da linguagem refere-se às relações
entre “ ... diferentes funções psíquicas, entre diferentes classes de atividades da consciência”. O
aspecto central desta questão é a relação entre o pensamento e a palavra.
O pensamento, para Vygotsky, é o reflexo generalizado da realidade transmitido através da
palavra. A palavra é o 'microcosmo' da consciência, aquilo em que ela se reflete, como o
universo se reflete no átomo. O pensamento e a linguagem têm raízes genéticas distintas e se
sintetizam
dialeticamente no desenvolvimento cognitivo, quando, nesse processo, a linguagem se converte
em pensamento e o pensamento em linguagem. A linguagem atua sobre a organização do
pensamento e sobre a maneira de pensar do homem, organizando o pensamento e o estruturando
convenientemente. A função essencial da linguagem é a comunicação.
A verdadeira comunicação humana, diz (VYGOTSKY, 1987:5), " ... pressupõe uma atitude
generalizante, que constitui um estágio avançado do desenvolvimento da palavra. As formas
mais elevadas da comunicação humana são possíveis porque o pensamento do homem reflete
uma realidade conceitualizada".
As características da linguagem podem ser assim definidas:
 Universalidade, ou seja, é uma faculdade humana universal;
 Função de comunicação entre os membros de uma comunidade social;
 Caráter abstrato: a linguagem é uma abstração, pois consiste numa operação mental
através da qual os homens se comunicam entre si e promovem a análise do real.
Apesar das características da linguagem acima definidas, seus componentes essenciais não
podem ser tomados como uma conexão mecânica. Pelo contrário, deve existir uma relação
dialética entre os fatores cognitivos, sociais e afetivos. Existe, pois, um processo relacional
profundo entre a linguagem, o pensamento e a cognição. Esse processo relacional se dá,
portanto, com o desenvolvimento biológico e histórico-cultural do homem. Dessa forma, existe
uma interação contínua, processual e sucedânea entre a base biológica do comportamento
humano e as condições sociais. Essa interação contínua e processual provoca, no ser humano em
geral, a formação de novas e complexas funções mentais, mediadas pela natureza das
experiências sociais que envolvem a prática social e cotidiana do homem.

Considerações sobre o processo de mediação


Um dos temas fundamentais da psicologia histórico-cultural ou sócio interacionismo
vygotskiano é a cooperação social mediada por instrumentos e signos, sendo os signos verbais,
ou a linguagem o elemento essencial da interação humana.
Neste sentido, é a cooperação social, realizada na atividade, por meio de instrumentos e signos
verbais, o que distingue a espécie humana, que, com o uso dessas ferramentas psicológicas,
compreende os fenômenos da natureza e modifica sua realidade social. Para Vygotsky, as
alterações provocadas na mente do homem pelo uso de instrumentos e signos, como apoios
externos, é o que lhe permite mediar um estímulo representando-o em outras ocasiões e lugares.
Esta representação concretiza -se na linguagem, que constitui o grande sistema de mediação
instrumental.
A respeito destas conceitos, (DEL RIO e ALVAREZ, in Coll (org.),1996:83), destacam, que para
Vygotsky, “ ... a história filogenética da inteligência prática está estritamente ligada, não apenas
ao domínio da natureza, mas ao domínio do próprio indivíduo. A história do trabalho e a história
da linguagem dificilmente poderão ser compreendidas uma sem a outra. O homem não só criou
os instrumentos de trabalho, com cuja ajuda submeteu ao seu poder as forças da natureza, como
também os estímulos que ativavam e regulavam seu próprio comportamento, que submetia a seu
jugo suas próprias forças” Assim, para Vygotsky, os princípios atribuídos às interações sociais e
às intervenções pedagógicas são os de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), definida por
ele como a distância entre o nível de desenvolvimento real (quando criança é capaz de resolver
os problemas sozinha), e o nível de desenvolvimento potencial (quando resolve os problemas
com a orientação do adulto ou com a colaboração de companheiros mais capazes); e da lei da
dupla formação, segundo a qual, no processo de desenvolvimento da criança, todas as funções
mentais superiores se realizam duas vezes; a primeira (interpsíquica) acontece nas atividades
sociais e coletivas, na relação com o outro. A segunda (intrapsíquica) realiza -se pela
internalização e reconstrução das atividades externas.
Jean Piaget (1896-1980)
A teoria de Piaget não é propriamente uma teoria de aprendizagem, mas uma teoria de
desenvolvimento mental. Ele distingue quatro períodos gerais de desenvolvimento cognitivo:
sensório-motor, pré-operacional, operacional-concreto e operacional-formal. Segundo Piaget, o
crescimento cognitivo da criança se dá através de assimilação e acomodação. O indivíduo
constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a realidade. Todo esquema de
assimilação é construído e toda abordagem à realidade supõe um esquema de assimilação.
Quando a mente assimila, ela incorpora a realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao
meio. Muitas vezes, os esquemas de ação da pessoa não conseguem assimilar determinada
situação. Neste caso, a mente desiste ou se modifica. Quando a mente se modifica, ocorre o que
Piaget chama de acomodação. As acomodações levam à construção de novos esquemas de
assimilação, promovendo, com isso, o desenvolvimento cognitivo. Piaget considera as ações
humanas, e não as sensações como a base do comportamento humano. O pensamento é,
simplesmente, a interiorização da ação. Só há aprendizagem quando o esquema de assimilação
sofre acomodação. A mente, sendo uma estrutura para Piaget, tende a funcionar em equilíbrio.
No entanto, quando esse equilíbrio é rompido por experiências não assimiláveis, a mente sofre
acomodação a fim de construir novos esquemas de assimilação e atingir novo equilíbrio. Esse
processo de reequilíbrio é chamado de equilibração majorante e é o responsável pelo
desenvolvimento mental do indivíduo. Portanto, na abordagem piagetiana, ensinar significa
provocar o desequilíbrio na mente da criança para que ela, procurando o reequilíbrio, se
reestruture cognitivamente e aprenda. Apesar de Piaget já propor essas ideias na década de 30 e
ser um precursor da linha construtivista, sua teoria só conquistou um maior espaço na área
educacional na década de 80, quando iniciou o declínio do comportamentalismo. As ideias de
Piaget têm influenciado muito os educadores responsáveis pelo ensino de Física (ou Ciências, de
um modo geral), principalmente por mostrar que as crianças desenvolvem espontaneamente
noções sobre o mundo físico e que o ensino deve ser compatível com o nível de desenvolvimento
mental da criança. A ideia de ensino reversível é outra implicação da teoria de Piaget. Ensinar é
provocar o desequilíbrio, mas este não pode ser tão grande a ponto de não permitir a equilibração
majorante que levará a um novo equilíbrio. Assim, se a assimilação de um tópico requer um
grande desequilíbrio, o professor deve introduzir passos intermediários para reduzi-lo. Ensino
reversível não significa eliminar o desequilíbrio e sim passar de um estado de equilíbrio para
outro através de uma sucessão de estados de equilíbrio muito próximos, tal como em uma
transformação termodinâmica reversível. Outra influência da teoria de Piaget, no ensino da
Física, é o recurso aos métodos ativos, conferindo-se ênfase à pesquisa espontânea da criança ou
do adolescente através de trabalhos práticos para que os conteúdos sejam reconstruídos pelo
aluno e não simplesmente transmitidos. Mas as ações e demonstrações só produzem
conhecimento se estiverem integradas à argumentação do professor. Como referencial
construtivista para o processo ensino-aprendizagem, o construtivismo piagetiano foi muito
difundido e utilizado.
Teorias Interacionistas - Principais Diferenças entre Piaget e Vygotsky
Interacionista Piagetiana Interacionista Vygotskiano

Papel dos fatores internos e externos do Papel dos fatores internos e externos do
desenvolvimento: fatores internos desenvolvimento: o desenvolvimento varia
preponderam sobre os externos (privilegia a conforme o ambiente (privilegia o ambiente
maturação biológica); social).
Desenvolvimento humano: segue uma Desenvolvimento humano: não aceita uma
sequência fixa e universal de estágios; visão única do desenvolvimento.

Construção do conhecimento: Construção do conhecimento:


Procede do individual ao social. Procede do social para o individual, ao longo do
Subordina o social ao individual. desenvolvimento (é mediado pelo interpessoal
antes de ser internalizado); reciprocidade:
Indivíduo e contexto sociocultural.
Desenvolvimento e aprendizagem: Desenvolvimento e aprendizagem:
A aprendizagem subordina-se ao Processos interdependentes desde o nascimento.
desenvolvimento.
Pensamento: aparece antes da Pensamento e linguagem:
Linguagem; Processos interdependentes.
Linguagem: (a) subordina-se aos processos Linguagem: (a) função central para o
de pensamento; (b) ocorre após o alcance de desenvolvimento cognitivo; (b) dá forma
determinados níveis de habilidades mentais. definida ao pensamento; (c) o uso de signos
como instrumentos das atividades psicológicas.

David Ausubel (1918-2008)


O conceito central da teoria de Ausubel é o de aprendizagem significativa, um processo através
do qual uma nova informação se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva a um aspecto
relevante da estrutura cognitiva do indivíduo. Nesse processo a nova informação interage com
uma estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel chama de “subsunçor”, existente na
estrutura cognitiva de quem aprende. O “subsunçor” é um conceito, uma ideia, uma proposição
já existente na estrutura cognitiva, capaz de servir de “ancoradouro” a uma nova informação de
modo que ela adquira, assim, significado para o indivíduo: a aprendizagem significativa ocorre
quando a nova informação “ancora-se” em conceitos relevantes pré-existentes na estrutura
cognitiva. Segundo Ausubel, este tipo de aprendizagem é, por excelência, o mecanismo humano
para adquirir e reter a vasta quantidade de informações de um corpo de conhecimentos. Ausubel
destaca o processo de aprendizagem significativa como o mais importante na aprendizagem
escolar. A ideia mais importante da teoria de Ausubel e suas implicações para o ensino e a
aprendizagem podem ser resumidas na seguinte proposição: Se tivesse que reduzir toda a
psicologia educacional a um só princípio, diria o seguinte: o fator isolado mais importante que
influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe (MOREIRA e OSTERMANN, 1999,
p. 45).
Ausubel vê o armazenamento de informações na mente humana como sendo altamente organi-
zado, formando uma espécie de hierarquia conceitual na qual elementos mais específicos de
conhecimento são ligados a conceitos, ideias, proposições mais gerais e inclusivos. Em
contraposição à aprendizagem significativa, Ausubel define aprendizagem mecânica na qual a
nova informação é armazenada de maneira arbitrária e literal, não interagindo com aquela já
existente na estrutura cognitiva e pouco ou nada contribuindo para sua elaboração e
diferenciação.
BRUNER
Teoria da Aprendizagem por Descoberta
A Teoria da Aprendizagem por Descoberta sustenta que a aprendizagem deve ter em
conta os seguintes aspectos:
1. A predisposicao para a aprendizagem;
2. A forma como um conjunto de conhecimentos pode estruturar-se de modo que seja
interiorizado da melhor forma possivel.
O professor deve motivar os estudantes para que eles mesmos descubram relacoes entre os
conceitos e construa proposicoes tendo um dialogo ativo onde o professor e os estudantes. devem
envolver-se no processo, mediante um formato adequado da informacao, para que ela interaja
corretamente com a estrutura cognitiva do estudante.
A Teoria da Aprendizagem por Descoberta fala tambem do curriculo em espiral, no qual deve
organizar-se trabalhando periodicamente os mesmos conte_udos, cada vez com maior
profundidade. A ideia é que os estudantes modifiquem continuamente as representacoes mentais
do que vem construindo.
Bruner afrma que o desenvolvimento psicologico nao é independente do meio ambiente social e
cultural e defende que a educacao tem a funcao de mediar entre o aluno e o meio historico-
cultural no qual este se desenrola (Barros, 1998).
Funcoes de cada um dos envolvidos
Do professor: é o mediador entre o conhecimento e as compreens~oes dos alunos, alem disso é
um facilitador da aprendizagem ja que fornece as ferramentas para os aprendizes e tambem os
guia para resolver seus erros.
Do aluno: ele revisa, modica, enriquece e reconstroi seus conhecimentos. Reelabora
constantemente suas proprias representacoes, enquanto utiliza e transfere o que aprendeu a outras
situacoes.
Desenvolvimento cognitivo
A concepcao de desenvolvimento esta dentro da linha construtivista. O aluno toma parte ativa na
construcao do conhecimento, transformando-o e assimilando-o atraves de tres sistemas ou modos
de representacao:
1. Representac~o ativa: é a primeira inteligencia pratica, surge e desenvolve-se como
consequencia do contato da crianca com os objetos e com os problemas de acao que o meio lhe
da.
2. Representacao iconica: é a representacao de coisas atraves de imagens que nao dependem da
acao. Signica que a crianca usa imagens mentais que representam os objetos. Ela serve para que
possamos reconhecer objetos quando eles mudam de alguma forma.
3. Representacao simbolica: é quando a crianca consegue representar as coisas por simbolos,
abstratamente, sem a necessidade de usar acao ou imagens, e ja esta apta a traduzir a experiencia
em linguagem e a receber mensagens verbais do adulto.
Aspectos de uma teoria de ensino
Bruner armava que uma teoria de aprendizagem deveria tratar quatro aspectos importantes:
1. A predisposicao existente a aprendizagem.
2. As formas pelo qual o corpo de conhecimentos pode estruturar-se para que seja compreendido
da melhor forma possivel pelos estudantes.
3. As sequencias mais e cientes para apresentar o conteudo.
4. A forma de premiacao e punicao no processo de aprendizagem e ensino.
Principios
A teoria de Bruner tem quatro princpios fundamentais:
1. Motivacao: Bruner defende que todas as criancas nascem com o \desejo de aprender".
Entretanto, esse desejo so é mantido se houver motivacao. Ele acredita no poder do reforcamento
nas fases iniciais de algumas aprendizagens, mas acha que isso deve ser transitorio.
2. Estrutura: qualquer materia pode ser organizada de maneira tal que possa ser transmitida e
entendida por qualquer estudante. Daqui Bruner proferiu sua famosa frase: \Qualquer assunto
pode ser ensinado eficazmente, de alguma forma intelectualmente honesta, a qualquer crianca
em qualquer fase de desenvolvimento".
Isso nao quer dizer que todos os detalhes da Teoria da Relatividade de Einstein possam ser
completamente dominados por uma crianca. Signica, entretanto, que, se estruturada
adequadamente, as ideias gerais da Teoria da Relatividade pode ser entendida pela crianca, e que
se a crianca for inquirida por um fisico, podera apresentar ideias reconhecveis. A estrutura de
qualquer materia pode ser caracterizada de tres maneiras:

1. Modo de apresentacao: a tecnica ou metodo pelo qual a informacao é comunicada é muito


importante para o aprendizado. E comum professores usarem tecnicas que nao se adaptam ao
nivel de experiencia da crianca. Em casos assim, a crianca tendera a nao entender o que lhe é
apresentado.
2. Economia de apresentacao: dependendo da quantidade de informacao que o aluno devera
assimilar, devemos economizar nos detalhismos. Muita informacao diculta o aprendizado.
3. Poder de apresentacao: quanto mais simples for a forma de apresentacao de certo assunto,
mais facil sera de aprender. Alguns professores complicam assuntos que sao faceis.
3. Sequencia: a escolha adequada da sequencia em que os conteudos vao ser ensinados é
fundamental para determinar quao dificil sera um assunto a um estudante. Bruner defende que o
desenvolvimento intelectual é sequencial, partindo da fase enativa, passando pela fase iconica
énalmente chegando a fase simbolica. Ele sugere que esta sequ^encia deve-se ser adotada em
qualquer materia a ser ensinada.
4. Reforcamento: para que ocorra uma aprendizagem, sobretudo nas etapas iniciais de um
aprendizado, é importante reforcar o processo, sobretudo mostrando ao aluno como ele vai indo
e corrigindo possiveis erros. Entretanto, Bruner defende que com o passar do tempo o aprendiz
deve se tornar auto-suciente, nao precisando de reforcamento.

Você também pode gostar