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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – CAMPO DOS GOYTACAZES – RJ

PÓS-GRADUAÇÃO ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO


PREVENÇAO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS, EQUIPMAENTOS E INSTALAÇÕES I

MÁQUINAS E IMPLEMENTOS PARA USO AGRÍCOLA E FLORESTAL


ATIVIDADE 4.2

2018
1 INTRODUÇÃO

Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91,


"acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII
do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho".

Mais ainda as doenças profissionais bem como as ocupacionais equivalem a


acidentes de trabalho. O art. 20 da Lei nº 8.213/91 define:
doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;

doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em


função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

De acordo com Pena (2018) o Brasil, desde 2010, é o terceiro maior produtor e
exportador agrícola do mundo, atrás somente das duas grandes potências agrícolas
mundiais: os Estados Unidos e a União Europeia. Dos principais produtos agropecuários do
Brasil, cabe destaque para a cana-de-açúcar, o café e a laranja, dos quais somos os maiores
produtores mundiais; na segunda posição internacional, a soja, o fumo e a carne bovina; e o
milho, produto em que o Brasil é o terceiro país em volume de produção anual.

Mas o que é o setor agrícola? De acordo com o CNAE - Cadastro Nacional de


Atividades Econômicas, a agricultura e produção florestal que estão inseridas também no
contexto da pecuária, pesca e aquicultura podem ser definidas como:
[...] a exploração ordenada dos recursos naturais vegetais e animais em
ambiente natural e protegido, o que abrange as atividades de cultivo
agrícola, de criação e produção animal; de cultivo de espécies florestais
para produção de madeira, celulose e para proteção ambiental; de extração
de madeira em florestas nativas, de coleta de produtos vegetais e de
exploração de animais silvestres em seus habitats naturais; [...] Também
fazem parte da seção, o cultivo de produtos agrícolas e a criação de animais
modificados geneticamente. Esta seção compreende também os serviços
de apoio às unidades de produção nas atividades nela contida.
Haja vista a dimensões do setor agrícola e florestal bem como a sua suma
importância para economia do pais, é nesse contexto que se insere a NR 12 – Segurança no
Trabalho em Máquinas e Equipamentos e seus anexos. Não somente ela, mas ela com
ênfase dado a grande quantidade de maquinários que se é utilizando no desenvolver de tais
atividades.
Esta Norma Regulamentadora vem com o propósito de insertar medidas de proteção
de forma a garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece os
requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho no decorrer da
utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos.
Apesar da NR supracitada possuir vasta aplicação no setor hora em estudo, é
necessário salientar que as demais Normas tem importância equiparada e devem ser
observadas no desenvolver das atividades laborais.

2 ACIDENTES COM MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS E FLORESTAIS:


REPRESENTATIVIDADE E COMPARAÇÃO AOS DEMAIS SETORES

A Norma Regulamentadora 12 conforme já mencionado é de grande valor para a


conjuntura do setor agrícola e florestal pois trata de assuntos inerentes a processos e
atividades que concernem ao setor. Dito isso é passado para a análise dos setores
propriamente ditos e suas características.
De acordo com o Anuário estatístico da ABRAF – Associação Brasileira de Produtores
de Florestas plantadas em 2012 estima-se que o setor florestal manteve cerca de 4,4
milhões de postos de trabalho diretos e indiretos.
Para o setor agropecuário é estimado pelo IBGE pelo censo mais recente, do ano de
2006 que contemplou esse setor, um valor aproximado de 17 milhões de postos de trabalho
diretos e indiretos.
Ainda de acordo com o IBGE, porém em censo com data mais antiga, 1999, temos a
proporção da absorção da mão-de-obra na economia por atividade sendo então para fins de
comparação:
Figura 1 – Pessoal Ocupado – Brasil Participação por Atividade

Fonte: IBGE, Departamento de Contas Nacionais (1999)


(Adaptado pelo Autor)

Apesar dos dados relativamente obsoletos, ainda são uteis para fins de comparação
pois o cenário de nossa economia teve suas proporções mantidas. O que mostra que o setor
da agropecuária é o segundo maior absorvedor de mão-de-obra no Brasil. Sendo assim tem
uma importância relevante quando do contexto de Acidente de Trabalho, pois afeta uma
considerável parcela da população.
Ainda a título de comparação, no setor qualitativo, quando acerca de índices de risco
conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas e Grau de Risco de Acidente do
Trabalho Associado que pertence ao Ministério da Previdência, Construção Civil e a
Produção Florestal estas encontram-se no mesmo patamar, já se comparado, o setor
agrícola apresenta uma taxa de risco de aproximadamente 33% menor do que aquela
encontrada na Construção Civil.
Entrando no âmbito quantitativo de acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes
do Trabalho 2013 da Previdência Social a quantidade total de acidentes do trabalho no Brasil
foi de 717.911 ocorrências dessas sendo 17.853 no setor agrícola de lavoura e florestal, e de
61.889 ocorrências no setor da construção civil. O que mostra que apesar de não ter os
maiores números o setor agrícola ainda possui números expressivos.
Mas a cerca dos dados elencados acima é necessário ter cautela pois nem todos os
ocorridos são devidamente reportados e protocolados ao INSS – Instituto Nacional da
Seguridade Social - como deveriam ser. Dessa maneira é sabido que existem distorções nos
dados ora apresentados. Ainda existe um agravante para as atividades agrícolas que são em
sua maioria desenvolvidas nos campos e por consequência afastadas das cidades, de
maneira que a probabilidade de um acidente de trabalho acontecer e não ser reportado
cresce exponencialmente a medida que a distância da cidade aumenta.
A Classificação Nacional de Atividades Econômicas e Grau de Risco de Acidente do
Trabalho Associado que pertence ao Ministério da Previdência, que já foi aqui mencionada,
possui um Grau de Risco para cada atividade econômica, grau esse que é medido em
porcentagem. Dentro do setor agrícola esse fator é variável entre os ramos da atividade
entre 2% e 3%, adotando-se uma posição mais conservadora e atribuindo o valor de 2% e
multiplicando esse fator pelo número de postos de trabalho que foi aferido pelo censo do
IBGE de 2006 para o setor agropecuário, tem-se então 2% vezes 17 milhões, que resulta em
um valor esperado de 340.000 ocorrências/acidentes de trabalho. Percebe-se que há um
choque de realidade quando se compara o esperado (340.000) com o que foi de fato
reportado (17.853). Assim deixando uma lacuna que fica para reflexão.

3 NORMAS QUE VERSAM SOBRE OS ACIDENTES DE TRABALHO NO ÂMBITO AGRÍCOLA

 ABNT NBR ISO 4254-1:2015 - Máquinas agrícolas - Segurança Parte 1: Requisitos gerais;

 NBR - ISO 12100 - Segurança de máquinas — Princípios gerais de projeto — Apreciação e

redução de riscos

 ABNT NBR ISO 11684:2013 - Tratores, máquinas agrícolas e florestais, equipamentos

motorizados de gramado e jardim — Sinais de segurança e pictogramas do risco — Princípios

gerais

 NBR - ISO 3600 - Tratores, máquinas agrícolas e florestais, equipamentos motorizados para

grama e jardim - Manual do operador - Conteúdo e apresentação

 NBR NM - ISSO 5353 - Máquinas rodoviárias, tratores e máquinas agrícolas e florestais -

Ponto de referência do assento

 Norma Regulamentadora Nº 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

 Portaria SSST n.º 12, de 06 de junho de 1983 14/06/83;

 Portaria SSST n.º 13, de 24 de outubro de 1994 26/10/94;

 Portaria SSST n.º 25, de 28 de janeiro de 1996 05/12/96;

 Portaria SSST n.º 04, de 28 de janeiro de 1997 04/03/97;


 Portaria SIT n.º 197, de 17 de dezembro de 2010 24/12/10;

 Portaria SIT n.º 293, de 08 de dezembro de 2011 09/12/11;

 Portaria MTE n.º 1.893, de 09 de dezembro de 2013 11/12/13;

 Portaria MTE n.º 857, de 25 de junho de 2015 26/06/15;

 Portaria MTPS n.º 211, de 09 de dezembro de 2015 10/12/15.

4 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS: CARACTERÍSTICAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA

A NR 12, elenca alguns conceitos gerais no que tange as medidas de segurança, sedo
dispostos a seguir.
Considera-se proteção o elemento especificamente utilizado para prover segurança
por meio de barreira física e pode ser dividido em:

 Proteção fixa: mantida em sua posição de maneira permanente, permitindo


sua remoção apenas com o uso de ferramentas específicas;
 Proteção móvel: que pode ser aberta sem o uso de ferramentas, devendo
estar associada a dispositivos de intertravamento.

As proteções devem ser projetadas de maneira a:


a) Cumprirem suas funções apropriadamente durante a vida útil da máquina,
possibilitando a reposição de partes danificadas;
b) Ser constituídas de materiais resistentes e adequados à contenção de
projeção de peças, materiais e partículas;
c) Estarem firmes e estáveis de modo compatível aos esforços solicitantes;
d) Não criarem pontos de esmagamento ou agarramento;
e) Não possuírem extremidades cortantes, bem como saliências perigosas;
f) Resistirem as condições ambientais do local;
g) Impedirem que possam ser burladas;
h) Proporcionarem condições de higiene e limpeza;
i) Impedirem o acesso à zona de perigo;
j) Terem seus dispositivos de intertravamento protegidos adequadamente
contra sujidades, poeiras e corrosão;
k) Ter ação positiva, ou seja, atuação de modo positivo; e
l) Não acarretar riscos adicionais.
A manutenção, inspeção e em especial a operação em máquinas e equipamentos
devem ser realizadas por trabalhadores habilitados, qualificados, capacitados ou autorizados
para este fim. Sendo esta capacitação feita antes de assumir a função.

Cuidado especial deve ser dados aos dispositivos de partida, acionamento e parada.
Pois podem ser proeminentes fontes de risco.

Adubadora Automotriz:
máquina destinada à aplicação de
fertilizante sólido granulado e
desenvolvida para o setor canavieiro.

Adubadora Tracionada:
implemento agrícola que, quando
acoplado a um trator agrícola, pode
realizar a operação de aplicar fertilizantes
sólidos granulados ou em pó.

Colhedora de cana-de-açúcar:
equipamento que permite a colheita de
cana de modo uniforme, por possuir
sistema de corte de base capaz de cortar
a cana-de-açúcar acompanhando o perfil
do solo. Possui um sistema de elevador
que desloca a cana cortada até a unidade
de transbordo.
Escavadeira hidráulica em aplicação
florestal: escavadeira projetada para
executar trabalhos de construção, que
pode ser utilizada em aplicação florestal
por meio da instalação de dispositivos
especiais que permitam o corte,
desgalhamento, processamento ou
carregamento de toras.

Forrageira tracionada: implemento


agrícola que, quando acoplado a um
trator agrícola, pode realizar a operação
de colheita ou recolhimento e trituração
da planta forrageira, sendo o material
triturado, como forragem, depositado
em contentores ou veículos separados de
transbordo.

Motocultivador - trator de Rabiças,


“mula mecânica” ou microtrator:
equipamento motorizado de duas rodas
utilizado para tracionar implementos
diversos, desde preparo de solo até
colheita. Caracteriza-se pelo fato de o
operador caminhar atrás do
equipamento durante o trabalho.

Trator agrícola: máquina autopropelida


de médio a grande porte, destinada a
puxar ou arrastar implementos agrícolas.
Possui uma ampla gama de aplicações na
agricultura e pecuária, e é caracterizado
por possuir no mínimo dois eixos para
pneus ou esteiras e peso, sem lastro ou
implementos, maior que 600 kg
(seiscentos quilogramas) e bitola mínima
entre pneus traseiros, com o maior pneu
especificado, maior que 1280 mm (mil
duzentos e oitenta milímetros).
Trator agrícola estreito: trator de
pequeno porte destinado à produção de
frutas, café e outras aplicações
nas quais o espaço é restrito e utilizado
para implementos de pequeno porte.
Possui bitola mínima entre pneus
traseiros, com o maior pneu
especificado, menor ou igual a 1280 mm
(mil duzentos e oitenta milímetros) e
peso bruto total acima de 600 Kg
(seiscentos quilogramas).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos o assunto pertinente ao setor agrícola, quanto aos dados coletados e as
normas que ditam as medidas de segurança são extensos. Sempre cabendo ao profissional
da área de SST – Saúde e Segurança do Trabalho o papel de se informar e adotar uma
postura que venha a ajudar a minimizar ao máximo os riscos e consequentemente os
acidentes de trabalho. Não obstante cabe também ao empregador bem como ao empregado
a responsabilidade de fazer parte desse processo de conscientização e melhorias para que
assim através de uma menos taxa de acidentes se obtenha maior produtividade e uma
melhor qualidade de vida.
6 REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da


Previdência Social e dá outras providências. DOU DE 25/07/1991, P. 14809.

GESTORES NACIONAIS E EQUIPE EXECUTIVA DO PROGRAMA TRABALHO SEGURO, BRASIL. O


que é acidente de trabalho? Disponível em: <http://www.tst.jus.br/
web/trabalhoseguro/o-que-e-acidente-de-trabalho>. Acesso em: 19 jan. 2018.

PENA, R. F. A. Agropecuária no Brasil: Principais Produtos. Disponível em:


<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/agropecuaria-no-brasil-principais
produtos.html>. Acesso em: 19 jan. 2018.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Classificação Nacional de Atividades


Econômicas. 2018. Disponível em: <https://concla.ibge.gov.br/busca-online-
cnae.html?view=secao&tipo=cnae&versaosubclasse=9&versaoclasse=7&secao=A>.
Acesso em: 29 jan. 2018.
SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática. Tabela 1032 - Pessoal ocupado e Média
de pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários - série histórica
(1920/2006). Disponível em: < https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1032>. Acesso em:
29 jan. 2018.
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Comércio e Serviços. Pesquisa Anual de Serviços,
1999. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/
comercioeservico/pas/analisepas99.shtm>. Acesso em: 29 jan. 2018.

ABRAF - Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Anuário Estatístico da ABRAF.


2013. Disponível em: <http://www.bibliotecaflorestal.ufv.br/handle/123456789/3910>.
Acesso em: 31 jan. 2018.

Ministério da Previdência, BRASIL. Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2013. 2013.


Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/aeat-2013/estatisticas-de-
acidentes-do-trabalho-2013/subsecao-a-acidentes-do-trabalho-registrados/tabelas-a-2013>.
Acesso em: 31 jan. 2018.

Ministério da Previdência, BRASIL. Quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e


motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil -
2011/2013. 2013. Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/aeat-
2013/estatisticas-de-acidentes-do-trabalho-2013/subsecao-a-acidentes-do-trabalho-
registrados/tabelas-a-2013>. Acesso em: 31 jan. 2018.

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