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L’OSSERVATORE ROMANO
EDIÇÃO SEMANAL EM PORTUGUÊS
Unicuique suum Non praevalebunt
Ano LI, número 16 (2.613) Cidade do Vaticano terça-feira 21 de abril de 2020
Missa do Pontífice na igreja de Santo Espírito “in Sassia” para a festa instituída por João Paulo II
Assinado por 170 personalidades, promove ações que têm como prioridade a proteção dos mais débeis e vulneráveis
CATEQUESE
Bom dia, estimados irmãos e conduzir à salvação. E nesse mo- rajevo, 6 de junho de 2015; Discurso chamados filhos de Deus aqueles
irmãs! mento parece que não temos paz, ao Pontifício Conselho para os Textos que aprenderam a arte da paz e
mas é o Senhor que nos coloca Legislativos, 21 de fevereiro de que a praticam, sabem que não há
A catequese de hoje é dedicada à
neste caminho para alcançarmos a 2020). Devemos pelo menos sus- reconciliação sem o dom da pró-
sétima bem-aventurança, a dos “pa-
paz que Ele próprio nos concederá. peitar que, no contexto de uma pria vida, e que a paz deve ser pro-
cificadores”, que são proclamados globalização feita sobretudo de in-
filhos de Deus. Regozijo-me por Neste ponto devemos recordar curada sempre e de todas as for-
que o Senhor entende a sua paz teresses económicos ou financeiros, mas. Sempre e de todas as formas:
ela se realizar imediatamente após a “paz” de uns corresponde à
a Páscoa, porque a paz de Cristo é como diferente da humana, a do não vos esqueçais disto! Deve ser
mundo, quando diz: «Deixo-vos a “guerra” de outros. E esta não é a procurada assim. Esta não é uma
fruto da sua morte e ressurreição, paz de Cristo!
como ouvimos na Leitura de São paz, dou-vos a minha paz. Não vo- obra autónoma, fruto das próprias
Paulo. Para compreender esta bem- la dou como o mundo a dá» (Jo Ao contrário, como “dá” a sua capacidades; é manifestação da
aventurança, é preciso explicar o 14, 27). A de Jesus é outra paz, di- paz o Senhor Jesus? Ouvimos São graça recebida de Cristo, que é a
ferente da paz mundana. Paulo dizer que a paz de Cristo é nossa paz, que nos fez filhos de
sentido da palavra “paz”, que pode
Perguntemo-nos: como dá o “fazer de dois, um só” (cf. Ef 2, 14), D eus.
ser mal entendido ou, às vezes, ba-
mundo a paz? Se pensarmos nos anular a inimizade e reconciliar. E
nalizado. O verdadeiro shalom e o autênti-
conflitos bélicos, normalmente as o caminho para realizar esta obra
Devemos orientar-nos entre duas co equilíbrio interior brotam da
guerras terminam de duas manei- de paz é o seu corpo. Com efeito,
ideias de paz: a primeira é a bíbli- Ele reconcilia todas as coisas e faz paz de Cristo, que vem da sua
ras: ou com a derrota de uma das Cruz e gera uma nova humanida-
ca, onde aparece a maravilhosa pa- duas partes, ou com tratados de as pazes com o sangue da sua cruz,
lavra shalom, que exprime abun- como o mesmo Apóstolo diz nou- de, encarnada numa infinita plêia-
paz. Só podemos esperar e rezar de de Santos e Santas, inventivos e
dância, prosperidade, bem-estar. para que se siga sempre este segun- tro lugar (cf. Cl 1, 20).
Quando em hebraico se deseja sha- criativos, que conceberam formas
do caminho; mas temos de consi- E aqui interrogo-me: todos po-
lom, deseja-se uma vida boa, plena, sempre novas de amar. Os Santos e
derar que a história é uma série in- demos perguntar-nos: portanto,
próspera, mas também de acordo as Santas que edificam a paz. Esta
terminável de tratados de paz des- quem são os “pacificadores”? A sé-
com a verdade e a justiça, as quais mentidos por guerras sucessivas, tima bem-aventurança é a mais ati- vida de filhos de Deus, que pelo
terão cumprimento no Messias, ou pela metamorfose destas mes- va, explicitamente operativa; a ex- sangue de Cristo procuram e reen-
Príncipe da paz (cf. Is 9, 6; Mq 5, mas guerras em outras formas ou pressão verbal é análoga àquela contram os seus irmãos, é a verda-
4-5). noutros lugares. Até no nosso tem- utilizada para a criação no primeiro deira felicidade. Bem-aventurados
Depois há o outro sentido, mais po, uma guerra “aos pedaços” é versículo da Bíblia e indica iniciati- aqueles que seguem este caminho.
generalizado, em que a palavra travada em vários cenários e de di- va e laboriosidade. O amor pela E de novo Feliz Páscoa a todos,
“paz” é entendida como uma espé- ferentes formas (cf. Homilia no Sa- sua natureza é criativo — o amor é na paz de Cristo!
cie de tranquilidade interior: estou crário Militar de Redipuglia, 13 de sempre criativo — e procura a re-
tranquilo, estou em paz. Esta é setembro de 2014; Homilia em Sa- conciliação custe o que custar. São «Com confiança rezemos a Jesus
uma ideia moderna, psicológica e Misericordioso pela Igreja e por toda
mais subjetiva. Pensa-se geralmente a humanidade, sobretudo por quantos
que a paz é sossego, harmonia, sofrem neste tempo difícil»: pediu o
equilíbrio interior. Este conceito da Papa no final da audiência geral —
palavra “paz” é incompleto e não nas saudações aos vários grupos
pode ser absolutizado, porque na linguísticos — recordando que
vida o desassossego pode ser um domingo se celebra a festa da Divina
importante momento de crescimen- misericórdia. A seguir, a saudação em
to. Muitas vezes é o próprio Se- língua portuguesa
nhor que semeia a inquietação em
nós para irmos ao seu encontro, Amados ouvintes de língua portu-
para o encontrarmos. Neste senti- guesa, «a paz do Senhor esteja
do, é um momento importante de com todos vós». Do túmulo onde
crescimento; enquanto pode acon- o fechamos, Cristo Jesus saiu para
tecer que a tranquilidade interior nós, para trazer a vida onde havia
corresponda a uma consciência do- morte. Ele ressuscitou para nós e
mesticada, e não a uma verdadeira não nos deixará faltar nada: apoia-
redenção espiritual. Muitas vezes o dos nesta certeza, conseguiremos
Senhor deve ser um “sinal de con- superar todas as dificuldades. De
tradição” (cf. Lc 2, 34-35), abalando novo, a todos desejo uma Páscoa
as nossas falsas certezas para nos feliz, na paz de Cristo!
página 4 L’OSSERVATORE ROMANO terça-feira 21 de abril de 2020, número 16
Criados cinco grupos de trabalho pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento humano integral
Missa do Pontífice na igreja de Santo Espírito “in Sassia” para a festa instituída por João Paulo II