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TEMAS AVANÇADOS EM
de Vida VOLUME 1
Alberto José Niituma Ogata
Organizador
Qualidade
TEMAS AVANÇADOS EM
de Vida VOLUME 1
2015
TEMAS AVANÇADOS
EM QUALIDADE DE VIDA
Alberto José Niituma Ogata
Vários colaboradores
Inclui bibliografia.
CDU 658.3.018:61
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumário
INTRODUÇÃO................................................................................................7
AUTORES........................................................................................................13
7
Q ualidade de vida é um termo que tem sido utilizado cada vez com
maior frequência. Uma rápida busca no portal Google aponta
mais de 46 milhões de resultados, somente na língua portugue-
sa. A qualidade de vida tem sido citada nas propagandas de alimentos,
lançamentos imobiliários, dentre outros inúmeros produtos e serviços
e, frequentemente, está associada a comportamentos de consumo. Neste
contexto, as pessoas ficam um pouco perdidas pela falta de informações
consistentes e bem embasadas cientificamente.
A coleção “Temas Avançados em Qualidade de Vida” visa trazer
contribuições de pesquisadores renomados e profissionais experientes
com especial ênfase na questão da qualidade de vida no trabalho e no
bem-estar (“wellness”) subjetivo.
Neste contexto, a qualidade de vida e o bem-estar vão muito além
dos fatores de risco em saúde, dos exames laboratoriais e dos check-ups
que, ainda hoje, são utilizados por alguns profissionais como parâmetros
de avaliação e orientação. Da mesma maneira, está bem estabelecido que
a qualidade de vida de uma nação não se mede pelo seu Produto Interno
Bruto (PIB), mas está condicionada a muitos outros determinantes sociais
e econômicos.
Por exemplo, desde 2007 as empresas Gallup e Healthways avaliam
o estado de percepção de bem-estar em âmbito que é definida como as pes-
soas pensam e experimentam as suas vidas no dia-a-dia. Já se comprovou
que esta métrica está correlacionada com indicadores como custos em as-
sistência médica e produtividade. Este indicador possui cinco elementos:
propósito, social, financeiro, comunitário e físico. No nível global, na úl-
tima pesquisa publicada em 2014, apenas 17% da população está lidando
9
bem com três ou mais elementos. Em nosso país, um percentual bastante
alto de pessoas responderam não estar conseguindo lidar com o elemento
financeiro, principalmente entre as mulheres (46% versus 36%). Por outro
lado, um percentual maior (52%)refere estar enfrentando bem o elemen-
to social, demonstrando que muitos brasileiros estão conseguindo manter
relações próximas com familiares e amigos. A crescente urbanização tem
impactado negativamente no elemento comunitário em nosso país.
De acordo com a pesquisa citada, o parâmetro propósito está eleva-
do quando as pessoas gostam do que fazem a cada dia e estão motivados a
atingir os seus objetivos. Este elemento está relacionado, por exemplo, no
nível organizacional, com profissionais mais engajados, com mais energia
para enfrentar os desafios e influenciando positivamente as pessoas ao
seu redor. Neste contexto, diferentes aspectos da qualidade de vida no
trabalho, nas áreas pública e privada, serão discutidos neste livro por Ana
Cristina Limongi e Mario Cesar Ferreira.
Uma ampla pesquisa de base populacional realizada pelo IBGE e
Ministério da Saúde, denominada Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada
em 2014, após ter visitado cerca de 80.000 domicílios em 1600 municí-
pios de todo o país, em 2013, estimou que o Brasil tem 31,3 milhões de
hipertensos, 27,0 milhões de pessoas com problemas na coluna e 2,2 mi-
lhões de adultos que já sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Cerca de 12,5% da população foi diagnosticada com colesterol alto, 6,2%
com diabetes e 4,2% com alguma doença cardiovascular. Eram fumantes
diários 12,7% dos adultos e 17,5% eram ex-fumantes. Em 2013, pouco
mais de um terço (37,3%) da população com 18 anos ou mais de idade
consumia frutas e hortaliças na porção recomendada pela OMS. Quase o
mesmo percentual (37,2%) consumia carne ou frango com excesso de gor-
dura. Cerca de 24,0% dessa população adulta ingeriam bebida alcoólica
uma vez ou mais por semana. A frequência desse hábito entre os homens
(36,3%) era quase três vezes maior do que entre as mulheres (13,0%).
Além disso, 11 milhões de adultos foram diagnosticados com depressão
por um profissional de saúde mental, mas apenas 46,4% deles receberam
11
de ansiedade, predispostos à depressão, preocupados como as outras pes-
soas nos enxergam, inseguros sobre nossas amizades, levados ao consumo
exagerado e com baixa (ou nenhuma) vida comunitária. Com a falta de
contato social informal e satisfação emocional que todos necessitamos,
nós buscamos conforto na alimentação em excesso, nas compras e gastos
obsessivos e ficamos presos ao uso abusivo do álcool, drogas psicoativas e
ilegais”. Não há respostas mágicas ou receitas comerciais simples a serem
utilizadas. Este livro busca trazer contribuições para a discussão do tema.
Boa leitura!
13
ALBERTO JOSE NIITUMA OGATA – Diretor da Associação Brasileira
de Qualidade de Vida (ABQV) e do International Association of Worksite
Health Promotion (IAWHP), Coordenador do Laboratório de Inovação
Assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Organi-
zação Panamericana da Saúde (OPAS) e do MBA em Gestão de Progra-
mas de Promoção de Saúde Nas Organizações do Centro Universitário
São Camilo (SP), Membro do Conselho Editorial do American Journal
of Health Promotion (AJHP), Membro da Câmara Científica do Instituto
de Estudos em Saúde Suplementar (IESS). Autor dos livros “Wellness”,
“Guia Prático de Qualidade de Vida” e “Profissionais Saudáveis Empresas
Produtivas” da Editora Campus Elsevier e co-autor em várias outras obras.
Médico com Mestrado em Medicina e Economia da Saúde e certificação
em gestão de programas (“Certified Wellness Pratitioner – CWP”) pelo
National Wellness Institute (NWI).
15
ANA CRISTINA LIMONGI-FRANÇA - Professora Titular da Uni-
versidade de São Paulo no Departamento de Administração da FEA,
onde coordena o Núcleo de Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho
– GQVT. Atua também nas seguintes instituições: Associação Brasileira
de Qualidade de Vida – Membro-fundador, Fundação Instituto de Admi-
nistração – FIA: Coordenadora de Projetos, Treinamento e Consultoria
em Gestão de Pessoas e Estratégias de Qualidade de Vida no Trabalho, As-
sociação Brasileira de Medicina Psicossomática – ABMP: Presidente Na-
cional, Autora de Qualidade de Vida no Trabalho: práticas e conceitos na
sociedade pós-industrial, Psicologia do Trabalho: psicossomática, valores
e práticas organizacionais, e mais uma dezena de livros, capítulos, artigos
acadêmicos e técnicos. Participou do CPCL 2008 na Harvard Business
School, Cambrigde/ USA; Instituto Superior Politecnico Universitário,
Maputo/MZ, Universidade Del Valle, Cali/CO, entre outras atuações
nacionais e internacionais.
17
volvimento de Pessoal e Qualidade de Vida no Trabalho no Setor Públi-
co (DViTra)”, do Núcleo de Ergonomia da Atividade, Cognição e Saúde
(ECoS), do Grupo de Estudos em Ergonomia Aplicada ao Setor Público
(ErgoPublic). É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq - Nível
2, onde executa projeto (2014-2017) na temática “Contexto de Trabalho e
Práticas de Gestão em Organizações Brasileiras: Impactos Sobre a Quali-
dade de Vida no Trabalho”. É autor do livro “Qualidade de Vida no Tra-
balho. Uma Abordagem Centrada no Olhar dos Trabalhadores” (2012)
Editora Paralelo 15, co-organizador dos livros: “Qualidade de Vida no Tra-
balho: Questões Fundamentais, Perspectivas de Análise e Intervenção”
(2013), Editora Paralelo 15; “Trabalho e riscos de adoecimento: o caso dos
auditores-fiscais da Previdência Social brasileira” (2003) Edições Ler, Pen-
sar, Agir - LPA; “Dominação e Resistência no Contexto Trabalho-Saúde”
(2011) Editora Mackenzie; “A regulação social do trabalho” (2003), publi-
cado pela Editora Paralelo 15 e “Trabalho em transição, saúde em risco”
(2002) Editora da UnB.
19
GESTÃO INTEGR ADA DE SAÚDE E
QUALIDADE DE VIDA NAS
ORGANIZAÇÕES
Q uando fui convidada pelo Dr. Alberto Ogata para participar des-
ta publicação, além de ficar muito honrada, refleti sobre como
eu deveria abordar o tema sobre o qual escreveria. Pensei então
em criar uma espécie de conversa, para tentar levar o assunto de forma
mais leve. Foi aí que surgiu a ideia de fazer sob a forma perguntas que nor-
malmente são feitas quando se fala sobre este tema. Achei que seria uma
forma interessante de dividir alguma experiência e a paixão por gestão de
saúde.
O formato escolhido também ajudou a tornar o texto mais infor-
mal, permitindo uma discussão mais prática sobre o assunto. Foi possível
dividir algumas experiências das quais tive oportunidade de participar e
aprender, como alguns estudos de casos desenvolvidos aqui no Brasil.
A Gestão Integrada de Saúde e Qualidade de Vida nas Organiza-
ções, apesar de bastante discutida em nosso meio, é um tema ainda em
construção na literatura em termos de melhores práticas e resultados con-
sistentes.
O público alvo principal foram os profissionais da área de Recursos
Humanos, que têm o atual desafio de participar ativamente desta gestão.
O objetivo foi trazer conhecimento e subsídios para que estes profissionais
Considerações Finais
Dentro deste assunto, outro ponto que vale uma pequena aborda-
gem, é sobre qual seria a forma correta de medirmos o valor em saúde.
Segundo Porter, o valor é definido como os resultados em relação aos
custos, o que engloba a eficiência. Buscar apenas a redução de custos sem
a preocupação com a qualidade é perigoso. Isso pode levar a falsas eco-
nomias com cuidados de baixa qualidade e prejuizos à saúde das pessoas.
Conforme mencionamos, o valor em saúde deve ser sempre centra-
do no paciente. Num sistema de saúde que funcione bem, a criação de
valor para as pessoas é que deve determinar as recompensas para todos os
outros atores do sistema. Como o valor depende de resultados, e não dos
recursos utilizados, o valor de cuidados de saúde deve ser medido pelos
resultados alcançados, e não pelo volume de serviços prestados.
Como podemos perceber, não é fácil oferecer e nem medir valor
em saúde. O sistema de saúde, da forma como está estruturado hoje, não
está preparado para ofertar a melhor solução e nem para medir resultados
corretamente.
Custos intangíveis:
• Relacionados ao engajamento do colaborador e à retenção de
talentos.
• Riscos de imagem por questões de saúde na empresa.
Indústria do setor de fundição, construção e mineração com unidades no Brasil e no Exterior, atendendo
mais de 35 países. Mais de 10.000 colaboradores. Custos das cirurgias ortopédicas correspondem a
14% do gasto total. 78% das cirurgias ortopédicas ocorreu no grupo dos titulares. Ortopedia e trauma
são responsáveis por 47% dos afastamentos até 15 dias e 69% dos afastamentos acima de 15 dias.
Este case pode servir de inspiração para uma reflexão dos gestores
sobre os componentes do custo total em saúde em suas empresas.
Gráfico 7 Dados obtidos da saúde ocupacional. Afastamentos por período menor que
15 dias.
Tabela 1 Motivos do afastamento por tempo menor que 15 dias com CID-10
relacionado ao NTEP da atividade econômica da empresa do exemplo.
Gráfico 9 Dados obtidos da saúde ocupacional. Afastamentos por período maior que 15
dias.
Referências
A
s pessoas que trabalham têm expectativas inspiradas a partir do
seu vínculo com uma ou mais organizações. São vínculos de na-
tureza jurídica e psicológica. Desejos, necessidades e vontades são
mediadas pelo contrato formal ou informal de trabalho. As organizações
– por sua vez – desenvolvem e realizam programas e ações de bem-estar e
redução do mal estar que se relacionam direta e indiretamente com a ges-
tão de pessoas, de forma segmentada ou geral com o objetivo de proteção
ocupacional, desenvolvimento pessoal e melhoria do ambiente coletivo de
trabalho. Desta dinâmica são implantadas atividades, estabelecidas metas
e criadas políticas sustentadas pela cultura organizacional. Os programas
e ações podem surgir das organizações, de pressões sindicais e legais e das
próprias pessoas.
Estratégico:
Visão, Missão
e Valores
Gerencial: Capacitação,
Diagnóstico,
Metas e
Operacional: Resultados Operacional:
Produtos e Produtos e
Serviços Internos Serviços Contratados
de QVT de QVT
Perspectivas futuras
Há um cenário novo, diversificado e amplo para atuação da quali-
dade de vida no trabalho, tanto como valor, como ferramenta, produto,
serviço e resultados. O principal elemento desta mudança é a presença
ampla e irrestrita da tecnologia. Os desafios atuais no âmbito da quali-
dade é incorporar como processo, através de qualificação, definição de
competências e sempre que possível com gestão compartilhada. Outro
elemento importante neste cenário da Qualidade de Vida no Trabalho
para o Terceiro Milênio é a qualificação dos fornecedores, a maturidade
nas relações contratuais com os especialistas e a criação de áreas e serviços
específicos de qualidade de vida que não estejam como atualmente, no
Bibliografia
INTRODUÇÃO
O
trabalho ocupa na atualidade, grande parte da vida de uma sig-
nificativa parcela da população e é neste contexto que faz-se im-
perativo verificar de que maneira os fatores de risco e exposição
ou de proteção existentes, podem repercutir positiva ou negativamente
na Qualidade de vida do indivíduo e da organização (Guimarães, 2013).
Assim, a qualidade de vida no trabalho nas organizações é um componen-
te importante da Qualidade de vida geral (Lawler, Nadler & Cammann,
1980).
Na contemporaneidade, onde predominam trabalhadores e uma
sociedade do conhecimento, as atividades intelectuais têm precedência
sobre os esforços físicos. Alguns trabalhadores do conhecimento traba-
lham mais de 60 horas por semana . Como resultado disto, os hobbies e
interesses pessoais colidem com o trabalho. A vida é uma constelação que
contém inúmeras dimensões e, portanto, existe a necessidade de equili-
brar a dimensão profissional com outras áreas, pessoal, familiar e social.
Longe se vão os dias em que a prioridade dos funcionários costu-
mava ser voltada somente para as necessidades físicas e materiais . Com
Surgimento do Campo
No final da Década de 1960, o Departamento do Trabalho Ameri-
cano e o Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional (NIOSH)
dos Estados Unidos, patrocinaram e empreenderam uma pesquisa sobre
“Qualidade do Emprego”, conduzida pela Universidade de Michigan.
Nos anos 1960 e 1970, cresce o movimento para Qualidade de Vida
e Bem-estar e nos ambientes de trabalho, contemplando a participação de
psicólogos nos seguintes campos:
• Planejamento e auxílio aos trabalhadores quanto ao gerencia-
mento e controle do estresse ocupacional,
• Promoção de saúde (aptidões e competências do empregado,
proteção de saúde, educação e saúde),
94 Temas Avançados em Qualidade de Vida
• Elaboração e implantação de programas no ambiente de trabalho.
• Segurança Ocupacional
Objetivos da PSO
O campo da PSO estuda as características psicossociais relacionadas
aos locais de trabalho que contribuem para o desenvolvimento de proble-
mas de saúde nos funcionários. O campo também se refere aos meios de
efetuar mudanças no ambiente ocupacional que beneficiem e promovem
a saúde, a qualidade de vida e o bem-estar do trabalhador, melhorando
sua produtividade.
A PSO busca identificar as variáveis psicológicas que possam com-
prometer o desenvolvimento satisfatório das funções do trabalhador na
organização e além disso, esse profissional deve elaborar estratégias que
permitam o funcionário realizar-se profissional e pessoalmente na empre-
sa, focalizando-se na avaliação, promoção e desenvolvimento da saúde,
O Futuro da PSO
Envolve três aspectos fundamentais: (i) vigilância às características
do ambiente de trabalho; (ii) pesquisa sobre os efeitos das práticas orga-
nizacionais; (iii) pesquisas de intervenção, e.g., avaliação de custo-efetivi-
dade: (iiia) pesquisa explicativa (desenvolvimento de modelos conceituais
de estresse no trabalho, e.g.), (iiib) pesquisa descritiva (estudos epidemio-
lógicos, relações com parâmetros, metas e objetivos organizacionais), (iiic)
desenvolvimento de instrumentos (e.g. estandartização de questionários
REFERÊNCIAS
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6. Cox, T. Baldursson; E. Rial-Gonzalez, E. (2000). Occupational Health Psychology, Work
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8. Feldman, R.H.L. (1985). Promoting occupational safety and health. G. Everly & R.H.L.
Feldman (Eds.), Occupational health promotion: Health behavior in the workplace
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9. Fleck, M. P. A. (2000) O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização
Mundial da Saúde (WHOQOL- 100): características e perspectivas. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 5, n. 1, pp. 33-38.
A
força que impulsiona a humanidade tem sido, frequentemente,
o desejo subjacente pela busca da qualidade de vida. Análise his-
tórica revela que, quando os princípios de geometria de Euclides
(300 a. C.) foram utilizados para facilitar o trabalho dos agricultores nas
margens do Nilo, procurava-se melhorar a qualidade de vida no trabalho
daqueles agricultores. O mesmo pode se dizer quanto ao uso dos princí-
pios da Lei das Alavancas de Arquimedes (287 a. C.), que vieram reduzir,
significativamente, o esforço físico dos construtores da época. Muitos
outros exemplos poderiam ser citados, enfatizando o esforço de alguns
líderes de épocas passadas que visavam facilitar o trabalho e, de um modo
Espiritual
Social Afetiva
Profissional Saúde
AUTO-REALIZAÇÃO
STATUS - ESTIMA
SOCIAIS
SEGURANÇA
FISIOLÓGICAS
Desmotivação no trabalho
Queda de produtividade
Relações interpessoais conturbadas
Divórcios
Ansiedade
Depressão
Baixa qualidade de vida
Farmacodependência
Irritabilidade
Infelicidade no âmbito pessoal
Tensão Muscular
Problemas cardiovasculares
Problemas gástricos
Problemas dermatológicos
Tontura
Aumento de colesterol
Problemas odontológicos
Figura 4 Enunciado?
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade envolve a noção de que as pessoas são diferentes e
reagem de modo diferenciado a eventos aparentemente semelhantes. O
que leva as pessoas a reagirem de modo tão diferente é uma constante área
de pesquisa. A visão mais aceita é de que essa diversidade seja oriunda
não só da constituição biológica e do ambiente social, mas também do
mecanismo de percepção do mundo ao seu redor.
Vulnerabilidade, no sentido mais amplo, é o produto da interação
de diferentes fatores em uma proporção própria de cada indivíduo. O
modelo de vulnerabilidade está diretamente ligado à sensibilidade indivi-
dual ao stress emocional e certos traços podem ser desenvolvidos para ser-
virem como verdadeiros buffers (fatores de proteção) que fazem a mediação
entre a vulnerabilidade biológica e os eventos estressantes da vida.
Há também que se considerar que a vulnerabilidade e seu oposto,
que seria a resiliência, não são conceitos exclusivos, mas sim parte de um
mesmo continuo, ficando em um extremo os indivíduos altamente sensí-
veis, os super- vulneráveis aos eventos vitais, e no outro extremo ficariam
as pessoas altamente resilientes.
Resiliência
Do lado positivo, a contribuição biológica pode ser na forma de
uma grande resiliência aos reveses da vida que contribui para a sensação
Regulação Emocional
Regulação emocional é a habilidade do indivíduo em manter-se cal-
mo diante de adversidades. Um bom repertório nesta direção favorece o
desenvolvimento de habilidades sociais, sucesso profissional e pessoal e
auxilia o indivíduo quanto a cuidados com a saúde física. Pessoas com
dificuldade em regular suas emoções podem se tornar exaustivos para seus
companheiros e colegas de trabalho. Reivich e Shatté (2002) ressaltaram
que há pesquisas que mostram sua importância nas relações interpessoais,
na medida em que um déficit comportamental nesta área ocasiona maior
dificuldade na manutenção de relacionamentos estáveis, em face das fre-
quentes oscilações de humor. A regulação emocional depende muitas ve-
zes da competência social do individuo.
Relacionamentos Interpessoais
no Ambiente Corporativo
http://www.ebay.com/itm/Conversation-for-30-minutes-/201251751808?pt=LH_DefaultDomain_0&
hash=item2edb8a0780
http://www.ebay.com/itm/Skype-conversation-for-lonely-person-30-minutes-
-/201248213681?pt=LH_DefaultDomain_0&hash=item2edb540ab1
Doenças Mentais
A inter-relação entre mente-corpo é uma das mais fascinantes.
Quando o ser humano se encontra em um estado crônico de ansiedade,
quando está sob a ação de um estressor agudo, sua saúde física e mental
sofre consideravelmente e a qualidade de vida, a sensação de bem estar e
de plenitude também são muito afetadas. As doenças mentais afetam mais
de 400 milhões de pessoas em todo o mundo, conforme dados da OMS.
No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas sofram com algum tipo
de distúrbio mental, e que, aproximadamente, cinco milhões sofram de
nível moderado a grave. Cinco das 10 doenças que geram afastamento do
trabalho no mundo são de natureza mental. Estima-se que 81% do tempo
Ansiedade
A prevalência de ansiedade no Brasil foi estimada em 19%, equi-
valente às taxas de ansiedade em países em guerra (BMC Medicine 2014
). Na pesquisa on-line realizada pelo IPCS esse percentual se eleva para
23,2%.
A ansiedade é um distúrbio que causa grandes prejuízos sociais e
econômicos. A estimativa é que os EUA gastam cerca de US$63.1 bilhões
de dólares com custos associados a distúrbios e transtornos de ansiedade
por ano. Ela afeta 15% dos americanos. Em pessoas predispostas a rea-
girem ao mundo com ansiedade, esta condição pode se tornar um estres-
sor interno, isto é um estimulo subjetivo capaz de gerar stress emocional.
Por outro lado, mesmo a pessoa que não tem uma grande predisposição
para experimentar ansiedade, pode vir a desenvolvê-la devido a um estado
avançado de stress. Neste caso, o tratamento psicológico do stress elimina
Depressão
Recentemente, a revista BMC Medicine publicou uma pesquisa
realizada pela OMS, sob a responsabilidade do Dr. Ronald Kessler, da
Universidade de Harvard, com dados de 18 países sobre prevalência de
depressão. O maior índice, referente aos 12 últimos meses, foi verificado
no Brasil atingindo 10,4% dos 5.037 adultos entrevistados. Deve-se ana-
lisar esta alta prevalência em relação à taxa mundial que é de 7%, o que
coloca o Brasil acima da media de outros países.
Por causa das suas consequências, às vezes devastadoras, é muito im-
portante que atenção especial seja dada a este assunto. A depressão é con-
siderada como a condição que mais sofrimento gera. É capaz de destruir
a felicidade e a qualidade de vida de qualquer pessoa. Reduz a criatividade
e a produtividade do ser humano, tira a vontade de viver e interagir com
os outros. Pessoas com depressão vivem a vida pela metade, como se todas
as cores, todas as alegrias ao seu redor estivessem cobertas por um tecido
escuro. O depressivo sabe que as cores estão ali embaixo desta coberta de
névoa, porém ele não consegue usufruir de sua beleza. Como a habilidade
intelectual é inafetada, a pessoa sofre mais ainda por saber que a alegria
está ali disponível e que ele dela não consegue usufruir.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. Armstrong, D. and Caldwell, D. (2004) ‘Origins of the concept of quality of life in health
care: a rhetorical solution to a political problem’. Social Theory & Health 2: 361-71
2. Bauman, Z. (2004). Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Edit.
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de 2015.
4. http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_110825-143916-892.pdf
5. BMC Medicine (2014). A doença do século 21. Harvard Review. Edição Especial Saú-
de Mental, 1-10.
D
efinir o que é Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) não é uma
tarefa simples. Nem fácil. Ela parece, inexoravelmente, convo-
car outra questão conexa: QVT sob a ótica de quem? Definir
este “quem” assume, por sua vez, uma centralidade, pois explicita de qual
protagonismo estamos nos referindo. Isto, portanto, desvela algo que ha-
bitualmente costuma ficar “submerso” em muitas abordagens da temá-
tica: QVT para que? QVT para quem? QVT a serviço de quem? Assim,
responder o que vem a ser a Qualidade de Vida no Trabalho é fornecer
argumentos para uma questão contemporânea, atual e relevante (GAULE-
JAC, 2005; GOODMAN, ZAMMUTO,& GIFFORD, 2001). Relevante
por diversas razões. Cabe evocar algumas delas.
No período pós Segunda Guerra Mundial do século XX, o mundo
viveu um “clima de reconstrução” com profundas mudanças sociais, eco-
1. Este texto é uma versão revista e atualizada do capítulo, intitulado "QVT é quando acordo... penso em vir tra-
balhar e o sorriso ainda continua no rosto!" Sentidos da qualidade de vida no trabalho na ótica dos servidores
públicos, publicado em Mário César Ferreira; Carla Antloga; Tatiane Paschoal; Rodrigo R. Ferreira. (Org.). Qua-
lidade de Vida no Trabalho. Perspectiva de Análise e Intervenção. 1ª ed. Brasília: Paralelo 15, 2013, p. 19-38.
Esses núcleos representam, por sua vez, as outras duas peças funda-
mentais na tarefa de fechamento/conclusão de nosso “quebra-cabeça” de
QVT. Tais núcleos, juntos,representam 28% da produção do discurso, ou
seja, cerca de 1/3 do que vem a ser a QVT na ótica dos servidores públi-
cos federais. Peso representacional não negligenciável para dar conta do
objetivo deste capítulo que visa debater o que é Qualidade de Vida no Tra-
balho (QVT). Tal qual no Eixo 1, vejamos mais em detalhes o conteúdo
de cada um destes núcleos que integram o “Eixo 2” do conceito de QVT.
Desenvolvimento
Pessoal e Profissional
(Eixo 1, núcleo 1, 34%)
S
empre foi uma aspiração humana viver por muitos anos, com a me-
lhor condição de saúde e autonomia possíveis até os últimos dias.
Diversos fatores têm possibilitado avançar nessa direção, destacan-
do-se: algumas mudanças positivas no ambiente, principalmente a quali-
dade da água e o tratamento de esgotos; os avanços das ciências médicas
e o atendimento primário em saúde; e, mais recentemente, as mudanças
positivas no estilo de vida.
Mais do que nunca, nossas escolhas e decisões cotidianas – nosso
estilo de vida - têm afetado a maneira como vivemos e por quanto tempo
vivemos. Isso vale para todas as etapas e transições que compõem a vida
humana, incluindo a infância, a adolescência, a vida adulta jovem, a meia-
-idade, a velhice ativa e a velhice dependente.
Adolescência no Brasil
Para efeito didático, a Organização Mundial da Saúde (OMS) consi-
dera a adolescência como a fase do desenvolvimento humano compreen-
dida entre 10 e 19 anos de idade, com um primeiro período (10 a 14 anos)
referido como pré-adolescência.
No Brasil, dados do IBGE (2010) indicam que os adolescentes
(10 a 19 anos) representavam aproximadamente 18% da população e
que, com o rápido envelhecimento populacional, não teremos uma
proporção como essa no futuro. Dez anos antes (2000), representavam
20,8% da população brasileira. Ou seja, a proporção de adultos e ido-
sos tende a crescer, enquanto as crianças e os adolescentes represen-
tarão uma fatia menor na distribuição etária da população brasileira.
Por volta de 2030, os idosos (pessoas com 60 anos ou mais) superarão
o grupo com idade até 14 anos.
Mesmo com essa tendência, não se pode negligenciar a atenção aos
mais jovens, com especial cuidado àqueles na adolescência, uma vez que
são alarmantes os dados indicativos de qualidade de vida ruim neste gru-
po da população brasileira. Excesso de peso, depressão, violência, escolas
ruins, reduzidas opções de lazer, condições de trabalho precárias e falta
de perspectiva profissional interessante, gravidez precoce e indesejada, e
o uso cada vez mais precoce do fumo, álcool e outras drogas são alguns
desses indicadores preocupantes em anos recentes. Tais fatores de risco
1. Alimentação
a. Você costuma se alimentar bem no café da manhã
b. Você ingere frutas e verduras diariamente
c. Você evita frituras e outros alimentos gordurosos
2. Atividade física
a. Você participa das aulas de Educação Física em sua escola
b. Você pratica algum tipo de exercício físico, esporte, dança
ou luta fora da Educação Física escolar
c. Você costuma caminhar ou pedalar no seu deslocamento
diário
3. Comportamento Preventivo
a. Você está informado e procura se prevenir de doenças sexu-
almente transmissíveis
b. Você evita situações de risco e pessoas violentas
c. Você conhece e evita os malefícios do fumo, álcool e outras
drogas
4. Relacionamentos
a. Você procura cultivar amigos e está satisfeito(a) com seus
relacionamentos
b. Seu lazer inclui encontro com amigos ou atividades recreati-
vas em grupo
c. O ambiente escolar e seu relacionamento com professores
são bons
REFERÊNCIAS