Organizador
2015
TEMAS AVANÇADOS
EM QUALIDADE DE VIDA
VOL. 2
Sâmia Aguiar Brandão Simurro
Alberto José Niituma Ogata
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-8396-030-0
CDU 658.3.018:61
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumário
APRESENTAÇÃO...........................................................................................11
INTRODUÇÃO..............................................................................................15
CAPÍTULO 1
RAZÕES PARA IMPLEMENTAR UM PROGRAMA
DE QUALIDADE DE VIDA...................................................................25
1.A. Ética empresarial, 28
1.B. Interesse organizacional, 30
1.C. A questão legal, 40
CAPÍTULO 2
CAMINHOS PARA UM BOM PROGRAMA.......................................43
2.A. As prioridades para iniciar a implementação de um programa, 45
2.B. Estratégias para o planejamento e desenvolvimento do programa, 57
2.C. Questões gerenciais, 74
CAPÍTULO 3
DESENHO PARA UM PROGRAMA SUSTENTÁVEL.......................79
3.A. Definição do modelo lógico, 82
3.B. Etapa inicial, 92
3.C. Primeira Etapa: Pesquisa diagnóstica, 93
3.D. Segunda etapa: planejamento, 119
3.D. Terceira etapa: lançamento e implementação das ações, 138
3.E. Quarta etapa: avaliação dos programas, 145
Considerações finais e perspectivas, 157
11
O
s desafios associados ao envelhecimento da população, o au-
mento das doenças crônicas e a crescente urbanização (e suas
repercussões, como a poluição das cidades, violência urbana e
desigualdades sociais) exigem que as organizações e companhias busquem
construir culturas de saúde e qualidade de vida sustentáveis que resultem
em melhoria da condição de saúde e, consequentemente controlem as
doenças crônicas e os custos em assistência médica.
Em nosso país, as empresas precisam, cada vez mais, aliar a promo-
ção da qualidade de vida com a melhoria da performance individual e os
resultados corporativos. Para isso, exige-se a gestão de programas com a uti-
lização de práticas baseadas em evidências e com metodologias integradas
que incluam a promoção da saúde e a gestão em segurança no trabalho.
Neste contexto, a Associação Brasileira de Qualidade de Vida
(ABQV) tem buscado oferecer oportunidades de aperfeiçoamento profis-
sional, troca de experiências, apresentação de boas práticas e integração
entre os diferentes atores da promoção do estilo de vida saudável, da pro-
moção da saúde e da qualidade de vida.
O presente livro, escrito pelos diretores da ABQV, Sâmia Aguiar
Brandão Simurro e Alberto Ogata se insere neste contexto e busca ofere-
cer metodologia prática e aplicada aos profissionais de nosso país.
Este é um momento de ação. Precisamos contribuir para que te-
nhamos ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos nas empresas
brasileiras e a ABQV busca oferecer a sua participação neste esforço, de
maneira ética e integradora.
Eloir Edilson Simm
Presidente da ABQV
Apresentação 13
Introdução
15
O
s programas de qualidade de vida e promoção da saúde estão
sendo amplamente utilizados em todo o mundo e, também,
no Brasil. Sua ampla utilização faz com que haja grande hete-
rogeneidade nas práticas e conceitos utilizados. Uma pesquisa recente
realizada nos Estados Unidos constatou que 77% das empresas relataram
ter programas de promoção de saúde. No entanto, para que a empresa
pudesse responder “sim”, bastava ter uma das seguintes atividades: pro-
gramas de nutrição, atividade física, academias corporativas, cessação
do tabagismo, avaliações de estilo de vida, ou simplesmente realizassem
campanhas de vacinação. No Brasil, o cenário não é diferente. Muitas
empresas relatam ter programas de qualidade de vida, simplesmente por
ter atividades educativas (palestras, newsletters), eventos pontuais ou
comemorativos ou feiras de saúde. Quando se estabelece um padrão,
como proposto pelas metas do projeto “Healthy People 2010” que, para
considerar um programa suficientemente amplo, deve contemplar ações
em educação em saúde, ambiente físico e social de suporte, integração à
estrutura da organização, conexão entre as atividades e exames de rastrea-
mento de fatores de risco no ambiente de trabalho, os números caem para
menos de 7% das empresas.
Certamente, a primeira pergunta a ser respondida pelos executivos
e líderes de uma organização ao apoiar e dar suporte a um programa de
promoção de saúde e qualidade de vida seria qual a motivação para fazê-lo.
Provavelmente teríamos muitas respostas, como:
• esta é a coisa certa a ser feita pela organização, pois é o seu papel
na comunidade e está na missão da empresa;
Introdução 17
• certamente ajudará a atrair os melhores talentos e criará uma
cultura positiva, de saúde, por serem valorizados e importante
para o negócio;
• trabalhadores faltarão menos, serão mais produtivos, sofrerão
menos acidentes e terão menos doenças ocupacionais reduzin-
do o passivo trabalhista previdenciário;
• trabalhadores a terão maior controle sobre sua saúde, conhece-
rão os seus números, como melhorar o estilo de vida e se senti-
rão empoderados para melhorar o seu bem-estar;
• controlaremos custos em assistência médica, fatores de risco e
doenças crônicas;
• o programa vai produzir um retorno-sobre-o-investimento(ROI)
positivo para a empresa.
Introdução 19
rança nas empresas e estudantes que desejem se desenvolver no caminho
de construir um ambiente de trabalho saudável. Estes profissionais, que
estão se tornando cada dia em maior número aqui no Brasil, necessitam
sempre de ferramentas e ideias que possam ser aplicadas em seus progra-
mas de forma prática.
Nesta publicação pretendemos apresentar um roteiro prático para
os profissionais que se iniciam e atuam neste campo, que reúne ciência e
arte, em nosso país. Certamente ela não pretende esgotar o tema e nem ter
uma abrangência completa, mas oferecer um breve guia baseado na expe-
riência dos autores e na literatura disponível. O objetivo foi de condensar
algumas ideias essenciais para a implementação e gestão de um programa
integrado, dentro de um modelo de eficácia oferecendo conhecimentos
básicos, necessários para se gerenciar um programa de qualidade.
Boa leitura!
Os autores
21
Sâmia Aguiar Brandão Simurro
Vice - Presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV),
Coordenadora do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida (PNQV), Dire-
tora da SeR – Psicologia, Wellness e Health Coach e Wellness Mapping
360°™Trainer pelo Wellness Coach Training Institute, Culture Coaching
Trainer pelo Human Resources Institute, certificação em gestão de progra-
mas (“Certified Wellness Practitioner – CWP”) pelo National Wellness Insti-
tute (NWI) e consultora em implantação de programas de qualidade de vida,
gestão de stress e saúde mental nas empresas. Co-Autora dos livros “Guia
Prático de Qualidade de Vida” da Editora Campus Elsevier, “Manual Com-
pleto de Coaching” da Editora SER Mais, “Introdução à Psicossomática”
da Editora Atheneu, “Stress e Qualidade de Vida no Trabalho” da Editora
Atlas, “A Psicologia da Dor” da Editora Roca. Mestre em Psicologia na área
de Neurociências e Comportamento (USP),. Especialista em Stress pelo Ins-
tituto Paulista de Stress, Psicossomática e Psiconeuroimunologia.
Autores 23
Razões para
Implementar um
Programa de
Qualidade de Vida
25
R AZÕES PAR A
IMPLEMENTAR UM PROGR AMA
DE QUALIDADE DE VIDA
M
uitas organizações em todo o mundo tem oferecido programas
de qualidade de vida para os trabalhadores. No entanto, não
há a padronização do conceito e do escopo destes programas.
Assim, algumas empresas afirmam ter programas de qualidade de vida e
oferecem apenas ações isoladas, como campanhas de vacinação ou pales-
tras e outras possuem programas muito amplos, integrados e alinhados
com o planejamento da organização.
Deste modo, o ponto inicial é buscar definir e padronizar na organi-
zação o conceito do programa a ser adotado e compreender as razões pelas
quais se utilizam recursos humanos e financeiros, instalações e logística
para esta iniciativa.
Há alguns anos, muitas empresas tinham programas de qualidade
de vida pois entendiam que era a coisa certa a fazer pelos empregados. No
entanto, atualmente, diante do cenário econômico e social é fundamental
que os resultados que se deseja obter estejam bem claros para os planeja-
dores dos programas.
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 27
As razões para realizar ações integradas em bem-estar, promoção da
saúde, saúde e segurança no trabalho (SST) e assistência à saúde podem
ser resumidas em:
• controle dos custos em assistência médica
• controle do absenteísmo e presenteísmo
• aumento de produtividade
• reduzir o turnover, melhorar o clima organizacional, o compro-
metimento e a moral dos trabalhadores
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 29
ça corporativa), a sociedade (sentido comunitário, educação, redução da
desigualdade) e o meio ambiente (questões como aquecimento global, po-
luição e distúrbios do ecossistema (Urip, 2010).
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 31
financeiros para as empresas que oferecem planos de saúde a seus funcio-
nários e dependentes, afetando a sua competitividade.
A elevação dos custos assistenciais tem uma grande variedade de fa-
tores determinantes e associados, como os impostos, as fraudes, a incorpo-
ração de novas tecnologias e medicamentos, a gestão da rede assistencial,
a relação comercial com os hospitais, o comportamento do consumidor, a
gestão inadequada das doenças crônicas dentre outras. Assim, o gestor do
programa de qualidade de vida deve “resistir à tentação” de incluir em seu
planejamento a perspectiva de controle dos custos em assistência médica
através de suas atividades. Neste contexto, sem dúvida, os programas de
qualidade de vida, de base populacional, particularmente em empresas
com baixa rotatividade, permitirá o adequado conhecimento do perfil da
população, o controle dos fatores de risco, a integração com a rede assis-
tencial e o plano de saúde e a prevenção primária e secundária de doenças
crônicas. Deste modo, o programa contribuirá para um controle de médio
e longo prazo, mas sustentável dos custos assistenciais.
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 33
Estilo de Vida: A prosperidade de uma sociedade está intimamente
relacionada com a saúde de seus cidadãos. Ambientes saudáveis atraem
novos negócios, propiciam a criação de mais empregos e melhora a vita-
lidade da economia local e a prosperidade da comunidade. Sabe-se que
a obesidade, a inatividade física, o tabagismo, a alimentação inadequada
são fatores que tem grande influência na performance no trabalho e na
vida. Neste contexto, temos que considerar as novas formas de trabalho,
que se tornaram cada vez mais favorecedoras do sedentarismo, os fatores
emocionais e sociais decorrentes da crescente urbanização na sociedade e
os hábitos não saudáveis, bem como seu impacto na saúde e qualidade de
vida das pessoas (Pronk, 2015).
A importância de intervenções para a minimizar os fatores de risco
da população em geral, precisam ser direcionadas para o apoio a melhoria
do estilo de vida. De acordo com McGinnis e cols. (2012), cerca de 40%
da saúde de uma pessoa, depende de suas escolhas comportamentais, car-
ga genética contribui com 30%, 15% são as circunstâncias sociais, 10% a
assistência medica e 5% condições ambientais. Fatores como hereditarie-
dade e envelhecimento não podem ser controlados mas o estilo de vida
saudável pode ser controlado e determinante para a melhoria da saúde.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo IBGE e Minis-
tério da Saúde (Brasil, 2014) traçou um perfil de vários fatores associados
ao estilo de vida do brasileiro, as quais são informações preciosas para o
planejador de programas em nosso país. Destacamos alguns fatores rele-
vantes relacionados ao estilo de vida:
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 35
que aproximadamente 42,3 milhões de pessoas, ou seja, 28,9% da popu-
lação adulta, declararam ter assistido televisão por 3 ou mais horas diárias.
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 37
moral dos funcionários, aumento da performance, retenção dos melhores
talentos e melhoria da imagem da empresa no mercado.
Há uma variada gama de benefícios para as empresas com os progra-
mas de qualidade de vida, a saber:
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 39
1.c. A Questão Legal
Razões para
Implementar um
Programa de Qualidade de Vida 41
RAZÕES PARA IMPLEMENTAR UM PROGRAMA DE PROMOÇÃO
DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
• Associação de empregados
• Representante da alta direção • Lazer/clube/grêmio
• Benefícios sociais
• Treinamento
• Comunicação/marketing
• Recursos humanos • Sindicato
• Área médica • Representantes de setores representativos
• Consultor interno ou externo na empresa
(especialista) • Comissão Interna de Prevenção de
• Acidentes (CIPA)
BENEFÍCIOS E FACILIDADES
FACILIDADES DESCONTOS
• Agência bancária • Academias de ginástica • Lava rápido
• Correio • Postos de gasolina • Livrarias e papelarias
• Lavanderia • Oficinas mecânicas • Lojas de material
• Floricultura • Óticas esportivo
• Manicure • Agências de turismo • Exposições, Cinemas
• Cabelereiro • Parques de diversões • Teatros
• Engraxate
Exemplos de missão:
Exemplos de visão:
Exemplos de valores:
PROCEDIMENTOS DE CONFIDENCIALIDADE
1. Desenvolver políticas e normas com todos os envolvidos
2. Garantir local seguro para o arquivamento dos dados
3. Comunicar de forma clara a política de confidencialidade para todos os profissio-
nais da companhia
4. Treinar os profissionais envolvidos nas avaliações de saúde e pesquisa de clima em
procedimentos de confidencialidade
U
m programa de qualidade de vida é um processo sistêmico que
pode ser melhor gerenciado quando acompanhado por etapas.
Como todo processo, alguns aspectos essenciais e precisam ser
observados e discutidos para que se possa seguir com segurança na direção
do sucesso e do engajamento das pessoas com a implementação. A falta
de um desses elementos pode comprometer todo o processo, uma vez que
este é sempre interdependente.
Desenho para
um Programa
Sustentável 81
3.a. Definição do modelo lógico
Desenho para
um Programa
Sustentável 83
Figura 6 Modelo da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010) para Ambientes de
Trabalho Saudável
Desenho para
um Programa
Sustentável 85
CHAVE 3 : ÉTICA EMPRESARIAL E LEGALIDADE
Desenho para
um Programa
Sustentável 89
EMPREGO
(preservando os recursos humanos)
NOVOS PADRÕES DE EMPREGO
- Trabalho precário
- Mais de um empregador
- Mudanças demográficas
- Aumento da diversidade
- Força de trabalho multigeracional
- Força de trabalho globalizada
- Trabalho em tempo parcial
- Envelhecimento da força de trabalho
SAÚDE E PRODUTIVIDADE
- Comprometimento da liderança
- Reduzindo o presenteísmo
- Cultura de suporte para a saúde
- Reduzindo o absenteísmo
- Programas de qualidade de vida no trabalho
- Capacidade para o trabalho
ASSISTÊNCIA À SAÚDE E BENEFÍCIOS
- Aumento dos custos
- Transferência de custos para o trabalhador
- Custos dos afastamentos
- Prontuário eletrônico
- Legislação e regulamentação
COMPORTAMENTOS SAUDÁVEIS
- Alimentação
- Cessação do tabagismo
- Atividade física
- Equilíbrio vida pessoal e profissional
TRABALHADORES COM ALTOS RISCOS EM SAÚDE
- Jovens
- Baixa renda
- Imigrantes
- Exposição a novos empregos de risco Seniores
INCAPACIDADE E AFASTAMENTOS
- Avaliação das incapacidades
- Instalações razoáveis
- Retorno ao trabalho
- Previdência social
Desenho para
um Programa
Sustentável 91
(5) redução potencial de custos em assistência médica. Além disso,
pode facilitar a utilização dos recursos, principalmente se forem escassos e
a colaboração entre diferentes setores pode levar a melhora nos processos
e ter impacto no clima organizacional (Sorensen et al, 2013). Uma revi-
são da literatura sugeriu que as intervenções utilizando o modelo Total
Worker Health que abordam tanto os acidentes no trabalho e as doenças
crônicas podem melhorar a saúde da força de trabalho de maneira mais
efetiva e mais rapidamente do que uma abordagem isolada ou gerenciada
de maneira separada focando os mesmos objetivos (Anger e col., 2014).
A busca por essas informações não é uma tarefa simples. Nem sem-
pre elas estão disponíveis na empresa e muitas vezes teremos que avaliar
se iremos ou não levantá-las por meio de uma pesquisa com instrumento
específico, ou se as informações serão inseridas ao longo dos processos
e análises já existentes na empresa. Um dos grandes problemas para se
iniciar um programa de qualidade de vida nas empresas é obter as infor-
mações precisas e de maneira organizada.
Comentaremos a seguir cada um desses pontos que necessitam ser
investigados nessa etapa do programa.
Desenho para
um Programa
Sustentável 93
• Levantamento dos dados de saúde, econômicos, das necessida-
des e interesses da EMPRESA: São as informações a serem le-
vantadas junto à empresa. Como comentado, nem sempre essas
informações estão acessíveis ou organizadas. Deve-se considerar
a necessidade ou não de se colher as informações que não es-
tão disponíveis. Como o objetivo é conhecer para implementar
um programa customizado, o importante é ter em mente quais
dados são necessários ou úteis para se elaborar um programa
específico e personalizado para a realidade da organização em
questão e das pessoas que nela trabalham. Além disso, é preciso
pensar na gestão do programa e na avaliação e por isso, conhe-
cer e registrar o cenário inicial vai ajudar na demonstração dos
ganhos que um programa de qualidade de vida pode trazer para
uma organização.
1. Rotatividade (Turnover)
2. Absenteísmo
3. Presenteísmo
4. Incapacidade
5. Mortalidade
Desenho para
um Programa
Sustentável 95
FATORES DE TURNOVER
• Problemas no processo de recrutamento e seleção
• Baixo comprometimento organizacional
• Problemas com o clima organizacional
• Suporte organizacional insuficiente
• Remuneração inadequada para a função contratada
• Aquecimento do mercado de trabalho
Desenho para
um Programa
Sustentável 97
A orientação é de que nestes cálculos não se incluam os afastamen-
tos por licença maternidade, férias, feriados, repouso semanal ou compen-
sado e demais licenças legais.
Gestores de programas de qualidade de vida, podem analisar as
informações obtidas para uma maior compreensão dos afastamentos
questões ocupacionais, licenças, diagnósticos mais comuns, distribuição
geográfica das licenças entre outras e assim elaborar algumas ações que
possam impactar nestes índices.
• Necessidades da empresa:
• Reduzir acidentes
• Diminuir a rotatividade
• Aumentar produtividade
• Reduzir absenteísmo
• Melhorar clima organizacional
• Atrair e reter talentos
Desenho para
um Programa
Sustentável 99
A seguir uma sugestão de modelo para se acessar as necessidades e
interesses da organização.
Desenho para
um Programa
Sustentável 101
Tabela 3 Análise do Perfil do ambiente e condições de trabalho (Nahas, 2006; Botti e
col., 2006)
Desenho para
um Programa
Sustentável 103
Continuação Pesquisa para acesso a cultura (Chapman, 2005)
13. As atividades sociais relacionadas com o trabalho tendem a ser atividades saudáveis . ( )
14. Os novos funcionários da empresa estão cientes do apoio ao estilo de vida saudável e ( )
orientados para participarem das atividades do programa de qualidade de vida
15. As celebrações da organização são consistentes com o apoio de estilos de vida sau- ( )
dáveis .
16. Em geral, as lideranças dessa empresa são bons modelo de estilo de vida saudável ( )
17. Esta organização ajuda a reduzir ou eliminar a maioria das barreiras para fazer esco- ( )
lhas de estilo de vida saudáveis.
18. Nossos procedimentos de segurança estão acima da média ( )
Desenho para
um Programa
Sustentável 107
Consumo alimentar – foram considerados marcadores de padrão
saudável de alimentação o consumo recomendado de frutas, legumes e
verduras e o consumo regular de feijão. O padrão alimentar não saudável
envolve o consumo regular de refrigerantes, de leite integral, de carnes
com excesso de gordura (gordura aparente e frango com pele) e o consu-
mo de sal. O consumo recomendado de frutas, legumes e verduras (400g)
equivale a cinco porções diárias destes alimentos.Com relação à ingestão
de sal, a pesquisa perguntou se o morador achava que o seu consumo de
sal, ao considerar tanto a comida preparada na hora quanto a industriali-
zada era: muito alto, alto, adequado, baixo ou muito baixo.
Uso de álcool – são parâmetros o consumo de álcool habitual (in-
gestão de bebida alcoólica nos últimos 30 dias, independente da dose) e o
consumo abusivo (ingestão de cinco ou mais doses para homens e quatro
ou mais doses pra mulheres em uma única ocasião, nos últimos 30 dias).
Atividade física – as oportunidades para indivíduos adultos serem
fisicamente ativos podem ser classificados em quatro domínios: no lazer
(no tempo livre) no trabalho, no deslocamento e no âmbito das atividades
domésticas. O nível recomendado de atividade física no lazer é de, pelo
menos, 150 minutos semanais de atividade física de leve ou moderada ou
de, pelo menos, 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa.
São considerados indivíduos fisicamente ativos no trabalho aqueles que
andam a pé, fazem faxina pesada, carregam peso ou realizam outra ati-
vidade que requeira esforço físico intenso. São considerados indivíduos
que praticam o nível de atividade física no deslocamento aqueles que se
deslocam para atividades habituais, como o trabalho, ou escola ou cur-
so, ou levar alguém para estes lugares de bicicleta ou caminhando e que
despendem pelo menos 30 minutos diários no percurso de ida e volta.
São considerados indivíduos que praticam atividade física nas atividades
domésticas aqueles que realizam 150 minutos semanais de esforço físico
intenso, como faxina pesada. São considerados insuficientemente ativos
os indivíduos que não praticaram atividade física ou praticaram por me-
Desenho para
um Programa
Sustentável 109
Continuação Perfil de Estilo de Vida Individual (Nahas, Markus, 2006)
Desenho para
um Programa
Sustentável 111
de Qualidade de Vida (IQV). Este instrumento reúne os dois perfis em
um instrumento de 30 itens. Para cada item realiza-se uma pontuação de
zero a três permitindo uma amplitude de zero a 45 pontos em cada uma
das dimensões e um IQV que pode variar de zero a 90. (FIESC, 2015)
Dimensão Social
Mantenho uma boa relação com a minha família e amigos e procuro ter uma interação
1.
positiva no dia-a-dia.
Tenho pessoas em quem confio e com quem posso desabafar quando estou preocu-
2.
pado ou ansioso.
3. Estou satisfeito com a relação que mantenho com meus colegas no trabalho ou escola.
4. Procuro fazer algo por prazer que me desperta muito interesse ao menos uma vez por semana
Busco estar envolvido em atividades da minha comunidade e que também contribu-
5.
am para o meio ambiente
6. Tento resolver os problemas e conflitos com as outras pessoas de maneira positiva.
7. Procuro ser gentil e atencioso com as outras pessoas.
Dimensão Emocional
1. Tenho sentimentos positivos em relação a minha vida e a mim mesmo.
Procuro resolver os conflitos com as outras pessoas de maneira positiva e respeitosa.
2.
Eu não fico nervoso e nem perco a paciência com facilidade
3. Sou capaz de lidar com os altos e baixos de minha vida de maneira saudável.
4. Consigo rir com facilidade. Tenho bom humor.
5. Sei dizer não sem me sentir culpado.
6. Sei relaxar sem o uso de medicamentos ou drogas.
Evito julgar as pessoas e não as culpo pelos problemas que enfrento. Procuro me
7.
comunicar com os outros e tento elogiar os seus atos positivos
Dimensão Espiritual
1. Considero-me uma pessoa feliz. Tenho sensação de paz sobre minha vida.
2. A minha vida tem sentido.
3. Procuro ter momentos de reflexão sempre que possível.
4. Tenho consciência de meus valores e crenças pessoais. Sinto-me equilibrado
5. Proponho objetivos realistas para minha vida
6. Sou tolerante com as crenças e valores dos outros.
7. Busco realizar atividades voluntárias de caráter comunitário.
Desenho para
um Programa
Sustentável 113
Avaliar Necessidades e interesses é fundamental para se ter como
base na hora de desenhar o programa de qualidade de vida. As decisões
sobre as ações que serão desenvolvidas devem levar em conta os resultados
da pesquisa de necessidades e interesses da população para qual o progra-
ma se destina. Uma sugestão de modelo dessa pesquisa, é apresentado a
seguir.
1 (nenhum interesse)
2 (pouco interesse)
3 (muito interesse)
Assinale: (3) para atividades de muito interesse
(2) para atividades de interesse relativo
(1) para nenhum interesse
• Aulas de alongamento
• Aulas de ioga
• Aulas de dança de salão
• Academias de ginástica
PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRIÇÃO
• Culinária saudável
• Controle do peso
• Controle do colesterol
• Cantinas e máquinas com alimentos saudáveis
• Orientação nutricional
PROGRAMAS ESPECIAIS
• Gerenciamento do tempo
• Gerenciamento do stress
• Cessação do tabagismo
• Preparação para aposentadoria
O MELHOR PERÍODO
• Antes do início do trabalho
• Durante a hora do almoço
• Após o trabalho
Desenho para
um Programa
Sustentável 115
com os da prontidão para mudança. O ideal para que o programa tenha
melhores resultados de impacto, é que se obtenha o engajamento e a par-
ticipação da maioria das pessoas. Quando se consegue integrar interesses,
necessidades e prontidão para mudança, aumenta-se a probabilidade de
maior adesão.
RANKING DE RECOMENDAÇÕES
Instruções: pontue cada atividade identificada na avaliação diagnóstica de acordo com os seguin-
tes aspectos: importância, custo, tempo, comprometimento e alcance. Escolha dentro de uma
escala 1-5 (baixo-alto) usando o quadro abaixo. Escores mais altos devem ser indicados como
prioridades na implementação.
Quão importante é a recomendação?
Importância
1= não é importante 3= importante 5= muito importante
Quão caro seria planejar e implementar a recomendação?
Custo
1= muito caro 3= moderadamente caro 5= barato
Quanto tempo/esforço para implementar a recomendação?
Tempo 1= muito tempo/esforço 3=médio tempo/esforço
5= pouco tempo/esforço
Quanto entusiasmados os funcionários ficariam se a recomendação
Comprometimento for implementada?
1= nada entusiasmado 3= entusiasmado 5= muito entusiasmado
Quantos profissionais serão impactados p/ recomendação?
Alcance
1= não é importante 3= importante 5= muito importante
Ação:
Desenho para
um Programa
Sustentável 117
Continuação Ranking de recomendações
Desenho para
um Programa
Sustentável 119
ajuste entre o desejo e as possibilidades. Deve-se ser bastante realista para
que se possa traçar metas e objetivos alcançáveis.
É necessário estar ciente de que os programas tem seus limites em-
bora todos tenham mérito. O ponto crucial do planejamento é a mudança
de comportamento. Isso significa criar políticas e um ambiente de suporte
que proporcione a melhoria do estilo de vida das pessoas. Depois de al-
guns anos de existência de programas de promoção de saúde, bem-estar e
qualidade de vida nos Estados Unidos, O’Donnell (2014) apresentou al-
guns pontos que esclarece o que seria razoável e o que não se deve esperar
de um programa organizacional.
Desenho para
um Programa
Sustentável 121
de vida levantamento de algumas possibilidades para cada item a seguir.
Obviamente que para cada ação, algumas decisões terão que ser revistas e
estas devem sempre considerar as informações coletadas na fase anterior.
FOCOS PRINCIPAIS
Saúde Física / Segurança
• Serviços de Saúde (avaliação física, vacinação, risco cardíaco, pré-natal)
• Autocuidado
• Nutrição
• Atividade física
• Ergonomia
• Segurança
Objetivos e Metas
Desenho para
um Programa
Sustentável 123
mentares são distintos. Nos objetivos eu não quantifico nem determino
prazo para o alcance deles. Portanto o objetivo são sempre expressos em
palavras e nunca em números.
Um programa de qualidade de vida deve ter um objetivo geral do
programa como um todo e um objetivo específico para cada ação do pro-
grama. A seguir alguns exemplos de objetivos de programas.
Desenho para
um Programa
Sustentável 125
Os passos citados anteriormente e o método S.M.A.R.T., ajuda o
gestor de programas de qualidade de vida a obter algumas respostas que
facilitam na elaboração dos objetivos e metas como:
Quem?
O que?
Quando?
Como?
Quanto custa?
OBJETIVOS METAS
Melhorar a capacidade física dos profis- “Ao final do ano, deveremos reduzir o percen-
sionais da empresa tornando-os mais tual de sedentários de 20% para 15%”
ativos
Desenvolver uma cultura de bem-estar Implementar as políticas de participação nas
e estilo de vida saudável ações do programa até a data 15.09.2015
(lançamento do programa)
Maximizar a participação nos progra- Integrar a avaliação periódica com o encami-
mas de qualidade de vida nhamento para uma das ações do programa
até janeiro de 2015
Desenho para
um Programa
Sustentável 127
Figura 9 Abordagem de Equilíbrio para as estratégias de Mudança baseado no modelo
Awareness, Motivation, Skills and Oportunities (AMSO) O’Donnell, 2014
Aldana (2008) propõe tipo de ações que podem ser realizadas utili-
zando os princípios da mudança de comportamento, nas diferentes moda-
lidades de programas como:
Desenho para
um Programa
Sustentável 129
no de ação deve ser desenvolvido. Para orientar as decisões, algumas ques-
tões podem servir como guia para o gestor e comitê de qualidade de vida.
• Marketing
Um bom plano de marketing do programa pode ser desenvolvido
com ferramentas do “Marketing Mix”, adaptadas a divulgação dos progra-
mas de qualidade de vida. Essas ferramentas são conhecidas como os
“4 P’s” (Produto, Praça, Promoção e Preço). Abaixo uma adaptação das
ferramentas que podem ser trabalhadas e analisadas no marketing dos
programas de qualidade de vida.
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Tabela 11 Marketing Mix: adaptação dos “4 P’s” para os programas de bem estar e
Qualidade de Vida
• Comunicação
Fundamental para a adesão e sucesso dos programas, a comuni-
cação interna é sempre um grande desafio. Uma comunicação eficiente
pode ser uma importante ferramenta de integração e motivação pois con-
segue despertar o interesse, sensibilizar, influenciar, reforçar conhecimen-
tos e envolver as pessoas como agentes ativas no processo de melhoria do
estilo de vida. em comportamentos
A eficácia da divulgação das informações depende em se conseguir
ser transparente e ágil dentro da empresa. A comunicação por si só já deve
ser um estímulo à participação dos funcionários nas ações propostas. Não
se deve esquecer de mencionar nos comunicados, os incentivos como prê-
mios, incentivos financeiros e sorteios, se este for o caso.
As maneiras de comunicar as ações e o programa de bem estar po-
dem ocorrer de formas muito variadas. Algumas mais tradicionais e outras
não tão tradicionais assim. Algumas sugestões de veículos e formas de
comunicar os programas e ações são listadas a seguir:
• Nome do Programa
Outro tema que exige cuidado é o desenvolvimento do nome e logo
do programa. Estes deverão fazer referência a proposta para a qual o pro-
grama foi criado.
Algumas empresas realizam concursos entre os funcionários tanto
para a escolha destes componentes ou ainda deixa na mão dos funcioná-
rios a tarefa de sugerir. Essa estratégia é utilizada como forma de engaja-
mento do público alvo, desde o início. Recomendações para a escolha do
nome do programa na tabela seguinte.
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RECOMENDAÇÕES PARA O NOME DO PROGRAMA
• Otimista • Cuidado com siglas
• Amigável • Pense em usar como logo
• Fácil de lembrar • Representativo da marca e negócio da empresa
• Pequeno • Bom para 10 anos
• Criativo
LOGOS SLOGANS
• Pessoa(s) sorrindo • “Seja tudo o que você pode ser”
• Pessoa(s) correndo • “O prazer de estar bem”
• Pessoa(s) de braços abertos • “Sentindo-se bem”
• Arco-íris • “Tempo de bem-estar”
• Face feliz • “Momento saudável”
• Sol nascendo • “Tenha tempo para estar bem”
• Maçã • “Mantendo-se saudável”
• Pessoa(s) meditando • “Você no comando”
• Flores • “O melhor de você”
• Pessoa(s) e flores • “Guiando você para uma saúde melhor”
• Pessoa(s) de braços dados • “O melhor de ser saudável”
• Pessoa meditando • “Saúde importa”
• Figura que represente • “Seja tudo o que pode ser”
• Corpo-mente-espírito
• Imagem de equilíbrio
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Relatório individual: Perfil de Saúde e Estilo de Vida
• Existem alguns modelos mas a sugestão é de alinhar com a equi-
pe de saúde e com o comitê de qualidade de vida um modelo
que mais se adeque a sua população. Se já houver uma avalia-
ção periódica de saúde na empresa, deve-se considerar a possi-
bilidade de se formatar um relatório alinhado com a avaliação
existente. A seguir o conteúdo que deve constar no relatório
individual.
PESSOA
Relatório Individual: elementos essenciais
• Perfil de saúde e estilo de vida
• Áreas críticas presentes e pontos fortes
• Recomendações para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar
EMPRESA
Relatório Gerencial: elementos essenciais
• Áreas críticas presentes
• Principais fatores de risco à saúde
• Grupos por estado de saúde, prontidão para mudança e interesses.
• Prioridades a serem atendidas
• Sugestões para o desenvolvimento de ações específicas
Sumário Executivo: elementos essenciais
• Introdução
• Definição do problema
• Proposta do programa
• Objetivos gerais
• Objetivos específicos
• Programa de atividades
• Descrição da abordagem desejada
• Benefícios esperados
• Proposta de cronograma
• Atividades no tempo cronológico da empresa
• Plano de avaliação
• Performance e medidas de progresso
• Riscos e maneiras de direcionar
• Plano de gerenciamento do projeto e de pessoal
• Investimento Previsto
• Custo estimado e fontes de recursos
• Alternativas consideradas
• Conclusão
• Respostas aos argumentos de oposição
• Considerações finais
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ações, permitindo a visualização das tarefas em direção aos objetivos esta-
belecidos e garantindo a integração dessas ações para que se possa atender
as necessidades prioritárias da empresa. Por exemplo, nos meses de maior
volume de trabalho (fechamento de metas, preparação de orçamentos),
as pessoas estão muito sobrecarregadas e, pode ser interessante oferecer
ações de curta duração, focando no stress. Veja na tabela 12.
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• Ações Integradas
As ações propostas precisam estar integradas para que se obtenha
os resultados traçados nos objetivos. Para a implementação de ações inte-
gradas, deve-se buscar dentro da empresa parcerias com as diferentes áreas
(figura 12).
Se o foco do programa for a promoção da saúde, priorizar no con-
trole dos fatores de risco principais, é sempre uma recomendação a se
considerar. A inatividade física, a alimentação inadequada, o tabagismo e
o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, esta decisão está alinhada ao po-
sicionamento recente da Organização Mundial de Saúde (2010) que apon-
tou estes quatro fatores comportamentais como sendo prioritários no es-
copo das ações de enfrentamento à epidemia global de doenças crônicas
não transmissíveis. Além desses, incluir programas de gerenciamento do
stress é recomendável, uma vez que este tem sido um grande problema no
ambiente de trabalho e fator de adoecimento.
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idosos. Tudo pode ser definido: duração, freqüência das reuniões, núme-
ro de participantes.
LANCHONETE/VENDING MACHINES
Procure oferecer alimentos saudáveis nas máquinas de auto-serviço
(frutas secas, barras de cereais, iogurtes desnatados, sucos, cereais, etc). Na
lanchonete, ofereça alimentos com bom conteúdo nutricional, apresen-
tando o seu conteúdo calórico e de gorduras.
BOLETIM/JORNAL
Não conte somente com a popularidade boca-a-boca de seu progra-
ma. Publique um boletim de qualidade de vida ou escreva artigos e colu-
nas no jornal da empresa. Utilize a intranet ou a rede interna de e-mails.
INTERVALOS
Nos intervalos das atividades, reunião, coloque uma música suave e
promova uma atividade com alongamentos. Utilize as equipes de ginásti-
ca laboral. Se os empregados começarem a se exercitar, poderão se mobi-
lizar para atividades mais longas e amplas. Coloque material sobre saúde,
atividade física e alimentação nos espaços para os “breaks”. Lembre-se de
incluir sucos e frutas.
HORA DO ALMOÇO
Até mesmo um sanduíche frio pode ser saboroso se você agendar
seminários “Almoce e Aprenda” sobre tópicos em saúde. Além disso, você
pode organizar caminhadas ou mapear roteiros para caminhar durante
a hora do almoço. Não se esqueça da parceria com os nutricionistas do
restaurante para oferecer alimentos saudáveis.
SEMANAS TEMÁTICAS
Escolha um assunto para uma semana e ofereça um leque de ati-
vidades. Por exemplo, uma semana de atividade física pode incluir um
filme sobre exercícios aeróbicos, uma palestra de corrida, um passeio de
bicicleta e uma caminhada.
FEIRAS DE SAÚDE
Atividade de impacto que chama a atenção para a qualidade de
vida, prevenção de doenças. Não precisa ser um especialista nestes assun-
tos. Agências e associações relacionadas a doenças do coração, câncer,
diabete, artrite, alzheimer, bem como entidades do governo geralmente
participam sem nenhum custo deste tipo de feira. Elas fazem apresenta-
ções, distribuem material, realizam avaliações e oferecem oportunidades
de acompanhamento posterior, quando necessário. Sendo criativo, há
muitos caminhos para oferecer informação e sensibilizar as pessoas, como
por exemplo: (1) filmes (2) palestras (3) exposições (4) exercícios (5) panfle-
tos (6) jogos (7) demonstrações (8) exames (9) workshops. As feiras de maior
sucesso são as que mobilizam um grande número de participantes. Além
disso, podemos usar recursos da comunidade, como (1) uso do telefone
190- Polícia (2) prevenção de incêndios e acidentes – Corpo de Bombeiros
(3) doação de órgãos – universidades (4) cuidados com os dentes – associa-
ções de odontologia (5) uso de cinto de segurança – policia rodoviária ou
DSV (6) alimentação saudável – cozinhas experimentais, SESI (7) inclusão
do deficiente – APAE, AACD (8) autoestima, stress – clínicas psicológicas,
universidades.
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FALE COM O MÉDICO
Peça a colaboração de um médico de sua equipe para estabelecer
um canal de comunicação com os colaboradores. Pode-se criar uma colu-
na no jornal da empresa ou uma conta de e-mail na intranet para este con-
tato. O profissional não realizará atendimentos ou consultas à distância,
mas poderá oferecer orientações gerais e dicas de autocuidado que podem
ser preciosas.
A tecnologia tem sido cada vez mais utilizada nos programas, in-
cluindo sites na internet, redes sociais, comunicação por SMS, WhatsApp,
Twitter, Facebook e YouTube, por exemplo. O planejamento de ações
através do uso da tecnologia também exige planejamento. Horvarth e col.
(2015) sugerem algumas premissas: (1) utilizar um time competente, (2) re-
servar tempo para o planejamento antes de iniciar o processo de desenho
(3) reconhecer que os fornecedores e os pesquisadores possuem diferentes
valores, objetivos e linguagem (4) desenvolva contratos detalhados (5) do-
cumente todas as decisões e o desenvolvimento das atividades (6)utilize
um sistema de gestão de conteúdos (7) reserve um tempo extra para testar
e depurar suas intervenções.
O uso da tecnologia nos programas de qualidade de vida está cada
vez mais disseminado em todo o mundo e esta é uma tendência irreversí-
vel que contribui para oferecer ações em maior escala a custos aceitáveis.
Muitas organizações estão utilizando games, competições on line, semi-
nários pela internet (webinars), programas de meditação, de controle do
peso, de cessação do tabagismo e acompanhamento de atividade física
pela internet.
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a fase de planejamento e, como já mencionado, são fundamentais para
qualquer orientação sobre os rumos do programa.
Alguns pontos chaves para as melhores práticas e abordagens na
avaliação dos programas de promoção de saúde, bem-estar e qualidade de
vida devem ser observados durante todo o processo e estão descritos no
quadro a seguir.
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É preciso indicadores confiáveis que respondam de pronto às in-
dagações anteriores e as mudanças e melhorias de saúde e produtividade
após cada ação do programa. Os Indicadores são dados, métricas ou infor-
mações que nos possibilitam avaliar como está o comportamento de deter-
minada variável, seja de pessoas, equipes, um processo, um departamento
ou da empresa. A seguir algumas métricas de impacto para os programas
de qualidade de vida são sugeridas.
1. Saúde Física
• Índice de massa corpórea
• Pressão arterial
• Colesterol
• Glicose
• Condições médicas
• Percepção do estado de saúde
2. Saúde mental e emocional
• Stress percebido
• Depressão
• Ansiedade
• Taxa de satisfação com a vida (percebido)
3. Comportamentos em saúde
• Atividade física
• Tabagismo
• Uso de bebidas alcoólicas
• Consumo de frutas, vegetais e hortaliças
• Uso de cinto de segurança
• Sono
• Beber e dirigir
• Vacinação
4. Resumo de medidas em saúde
• Redução geral do número de fatores de risco em saúde
• Redução de algum fator de risco individual
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implementadas como planejado. Determina o grau de fidelidade ao pro-
grama, o alcance e a dose entregue e recebida.
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pacto financeiro no médio prazo. Destacamos a seguir, alguns conceitos
relevantes sobre este tema:
• Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) – trata-se de uma alí-
quota fixa (1,2 ou 3%) que é determinada pela subclasse da
CNAE onde a empresa se enquadra e reflete um grau de risco
leve, médio ou grave. Ela é calculada sobre o valor total das
remunerações pagas aos trabalhadores.
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bastante variável dependendo dos indicadores utilizados (custos em assis-
tência médica, produtividade, absenteísmo, presenteísmo, etc) e da mode-
lagem do programa adotado.
A avaliação do ROI envolve a análise de múltiplas variáveis (custos
de assistência médica, produtividade, acidentes do trabalho, etc), ao longo
de um período superior a 24 meses e deve envolver metodologia adequa-
da. Uma avaliação ampla, com múltiplas variáveis pode envolver profissio-
nais especializados e ter custo elevado. O gestor pode utilizar resultados
obtidos na literatura especializada ou realizar uma avaliação simplificada.
As avaliações bem realizadas permitem demonstrar a capacidade
dos gestores de programas de qualidade de vida de conduzir projetos bem
elaborados. Nestes casos, propicia-se o reconhecimento da competência
técnica da equipe que consegue avaliar os resultados utilizando os melho-
res parâmetros técnicos e aumentando a visibilidade do programa.
As principais razões para se avaliar os programas são:
Uma boa avaliação parte de um plano de ação claro com sólida base
teórica. As medidas de avaliação devem ser claramente alinhados com
os objetivos, a missão e visão do programa. A complexidade do processo
avaliativo frequentemente exige a ajuda de especialistas na área. Conside-
rando-se um cenário realista, podemos avaliar:
1. Participação nos eventos e atividades
2. Indicadores do exame periódico de saúde, pesquisas de estilo de
vida e Sensibilização para mudança
3. Pesquisa de práticas, necessidades, interesses e atitudes
4. Avaliação pré e pós-intervenção para cada programa
5. Avaliação mais detalhada de programas especiais.
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b. Utilizar o parâmetro pré-programa: análise retrospectiva de 12
a 24 meses, pelo menos.
c. Determinar o retorno sobre o investimento através da compa-
ração dos custos totais ao longo de um ano: por exemplo, com
assistência médica, com os gastos totais com o programa (dire-
tos e indiretos). Realizar os ajustes apropriados (por exemplo,
com a inflação).
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Os programas deverão buscar resultados que vão além do mero re-
torno sobre o investimento (ROI). Há valores intangíveis que tem o po-
tencial de agregar valor à competitividade e ao negócio das companhias.
Além disso, se os participantes entenderem que o único objetivo do pro-
grama é gerar economia ou retorno econômico para a empresa há sempre
o risco da desmoralização do programa que passa a ser visto de maneira
cética e pouco ética, gerando baixa participação e engajamento.
Este livro buscou oferecer abordagens práticas, estratégicas, sistemá-
ticas e sustentáveis aplicadas à nossa realidade. Neste contexto, a utilização
de modelos lógicos como o proposto pela OMS ou pela NIOSH (Total
Worker Health) é uma opção inteligente, pois permite utilizar abordagens
baseadas em evidências e facilita o intercâmbio de informações e boas
práticas.
Na questão do estilo de vida, os gestores dos programas precisam re-
conhecer que há inúmeros determinantes sociais influenciadores do com-
portamento em nossa sociedade. Assim, frequentemente, as abordagens
individuais são confrontadas com ambientes pouco propícios para estas
mudanças de comportamento. Neste contexto estão incluídas a disponi-
bilidade de alimentos saudáveis (inclusive a preço acessível), condições
seguras de deslocamento ativo, horários flexíveis ou possibilidades de tele
trabalho e acesso a recursos para um lazer ativo e saudável. Sabemos que o
comportamento e o estilo de vida são compostos por decisões diárias que
as pessoas tomam, nem sempre racionais, mas que sofrem muitas influ-
ências que podem ou não gerar motivação intrínseca nos participantes.
Os gestores precisam estar atentos às novas fronteiras do conhe-
cimento que envolve a psicologia positiva, a neurociência, a economia
comportamental, a tecnologia da informação e comunicação (TIC) dentre
outras disciplinas. Elas têm evoluído rapidamente e deverão moldar várias
iniciativas em um curto espaço de tempo. Neste contexto, é importante
buscar as iniciativas inovadoras, isto é, que produzem resultados efetivos
e sustentáveis e não apenas as novidades que frequentemente surgem no
mercado.
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Referências
Bibliográficas
REFERÊNCIAS BIBLIOGR ÁFICAS
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