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Unidade Didática 01

Sistemas
Fotovoltaicos
Classificação
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II
ÍNDICE

1 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ............................................................................................1

1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS .......................................................................1

2 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS ...........................................................................2

2.1 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS HÍBRIDOS ....................................................................................2


2.2 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS PUROS .......................................................................................3
2.2.1 SISTEMA FOTOVOLTAICO ISOLADO PURO (AUTÔNOMO) SEM ARMAZENAMENTO ELÉTRICO ................. 3
2.2.2 SISTEMA FOTOVOLTAICO ISOLADO PURO (AUTÔNOMO) COM ARMAZENAMENTO ELÉTRICO ................ 4
2.2.2.1 Constituição Típica de um SFA ......................................................................................... 4

3 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ..........................................................6

3.1 SISTEMA FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE HÍBRIDOS .........................................................7


3.2 USINAS FOTOVOLTAICAS ....................................................................................................8
3.3 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE DE MUITO PEQUENO PORTE ................................9
3.3.1.1 Constituição Típica de um SFCR de Pequeno Porte ......................................................... 9

4 A RESOLUÇÃO NORMATIVA 482/2012 .......................................................................... 10

4.1 ALTERAÇÕES E MELHORIAS NA RN-482/2012 ...................................................................... 11

5 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 12

III
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IV
Introdução aos Sistemas Fotovoltaicos

1 Sistemas Fotovoltaicos
Por definição, um “Sistema Fotovoltaico” diz respeito a um gerador de eletricidade cuja
fonte primária é a Radiação Solar. Neste contexto a palavra sistema representa o “conjunto” dos
equipamentos necessários para que o gerador de eletricidade faça o seu trabalho e entregue a
energia elétrica gerada; o termo fotovoltaico vem da junção e corruptela das expressões “foto”
(do grego fos ou fotos, que significa luz) e “Volt” (que é a unidade de medição da tensão elétrica,
e que por sua vez vem do sobrenome do físico italiano “Alessandro Volta”, inventor da “pilha
elétrica”).
É possível a instalação de um sistema fotovoltaico em qualquer localidade que recebe a
luz suficiente para provocar o “Efeito Fotovoltaico”, o efeito físico responsável pela transfor-
mação da energia portada pela luz em energia elétrica aproveitável. Geradores fotovoltaicos
“transformam” a radiação solar em eletricidade diretamente (não há estágios intermediários, co-
mo nos geradores a combustível), não possuem partes móveis (pois não há trabalho mecânico na
geração da eletricidade), não emitem gases nem ruídos, e por isso tudo requerem menos manu-
tenções corretivas que os demais tipos de geradores de energia elétrica.
É justamente devido à sua alta confiabilidade que os sistemas fotovoltaicos são utiliza-
dos em áreas inóspitas, como no caso de “torres de links de telecomunicação”, ou mesmo no
espaço, alimentando os equipamentos eletroeletrônicos dos satélites.

Figura 1 - Satélite artificial "Glory" - fonte: NASA (www.nasa.gov)

1.1 Classificação dos Sistemas Fotovoltaicos

De acordo à “forma de entrega” da energia gerada, os sistemas fotovoltaicos são classifi-


cados em:
1 – Sistema Fotovoltaico Isolado: quando a energia gerada alimenta diretamente às car-
gas, sem contato com a rede pública de distribuição de energia elétrica;
2 – Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede: quando a energia gerada é “injetada” na
rede pública de distribuição de energia elétrica, alimentando indiretamente as cargas ligadas à
rede.

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Classificação dos Sistemas Fotovoltaicos

Nos dois casos, o sistema fotovoltaico pode possuir um “subsistema de armazenamento


de energia”, o popular “banco de baterias”; o que muda é somente o “despacho” da energia
elétrica depois de condicionada.

Informação:
A nomenclatura e terminologia aqui utilizada advém da norma bra-
sileira “ABNT NBR-10.899:2013 – Energia Solar Fotovoltaica -
Terminologia”, que possui outros termos e definições “relativos à
conversão da energia radiante solar em energia elétrica”.

2 Sistemas Fotovoltaicos Isolados


O termo “isolado” neste tipo de sistema fotovoltaico diz respeito a estar “isolado da re-
de”, ou seja, sem contato com a “rede da distribuidora local de energia”; portanto e energia elé-
trica gerada deve ser entregue diretamente ao equipamento eletroeletrônico que será alimentado.
Os sistemas fotovoltaicos isolados se subdividem em dois grupos:
1 – Sistemas Fotovoltaicos Isolados Puros: possuem somente o gerador fotovoltaico
como fonte de energia, utilizando como “fonte primária” (o combustível) somente a energia so-
lar.
2 – Sistemas Fotovoltaicos Híbridos: possuem um gerador auxiliar, que utiliza outra
tecnologia de obtenção de eletricidade, como um “gerador a combustível líquido” (motogera-
dor), ou um “aerogerador” (gerador de eletricidade a partir da força do vento).

Figura 2 - Gerador híbrido: eólico e fotovoltaico - fonte: Tropical Energia

2.1 Sistemas Fotovoltaicos Híbridos

Na maioria dos sistemas fotovoltaicos híbridos (ou geradores híbridos, com sistema fo-
tovoltaico e outra fonte) o gerador solar é primário, e a outra fonte é secundária; a maioria desses
sistemas possui armazenamento energético, geralmente um banco de baterias, que é suprido
majoritariamente pelo arranjo fotovoltaico. Quando o gerador híbrido possui um motogera-
dor, geralmente esse só entra em ação no caso de “baixa carga do banco de baterias”, e o dispo-

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sitivo controlador da carga da bateria ativa o gerador que, através de um retificador (que trans-
forma a corrente alternada do gerador em corrente contínua) recarrega o banco de baterias. Essa
solução é muito empregada em torres de telecomunicação.
Nos geradores híbridos que possuem “micro-aerogeradores”, geralmente a recarga do
banco de baterias é dividida entre o arranjo fotovoltaico e o micro-aerogerador (vide Figura
2); no caso de falha de algum dos componentes, a recarga será comprometida, mas é possível o
funcionamento do sistema por um período maior, devido à recarga parcial do banco de baterias.

2.2 Sistemas Fotovoltaicos Puros

Nos Sistemas Fotovoltaicos Puros, mais conhecidos como Sistemas Fotovoltaicos Au-
tônomos, há somente o arranjo fotovoltaico como fonte de energia para as cargas; seja direta-
mente, com a alimentação vindo das células fotovoltaicas para o equipamento eletroeletrônico;
seja indiretamente, com a alimentação do equipamento mediante banco de baterias.

2.2.1 Sistema Fotovoltaico Isolado Puro (Autônomo) sem Armazenamento Elétrico


Esse tipo de sistema fotovoltaico não possui um “banco de baterias”, e toda a energia
gerada é imediatamente consumida pela “carga” (o equipamento eletroeletrônico alimentado).
Logicamente esse tipo de aplicação só funciona durante o dia, nas horas de maior intensidade da
radiação solar, e não há “trabalho” durante a noite ou durante dias com baixa insolação.
Contudo, é uma opção barata para aplicações que precisam funcionar ‘desacompanha-
das’, e que possam funcionar somente durante o dia, como é o caso dos sistemas de coleta de
água para utilização rural. Durante o dia a água é coletada do reservatório natural (seja subterrâ-
neo ou rio/cacimba), e acumulada nos reservatório acima do nível do solo. Assim, a acumulação
da energia solar se dá pelo “trabalho realizado”, pois é possível utilizar um reservatório elevado,
armazenando a água em altura tal que permita a pressão sobre a tubulação que a leva até o desti-
no final, tendo-se, assim, na energia potencial da água, uma forma de armazenamento da energia
solar.

Figura 3 - Sistema de "bombeamento solar" - fonte: Solar Energy International (www.solarenergy.org)

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Nesse tipo de sistema fotovoltaico, comumente chamado de “bombeamento fotovoltaico


ou bombeamento solar”, utiliza-se, geralmente, uma “bomba d’água” própria para funciona-
mento mediante alimentação por módulos fotovoltaicos (placas solares), que possuem um “dis-
positivo de condicionamento de potência” (um regulador de tensão/corrente/frequência, confor-
me as característica construtivas da bomba) que adequa a energia elétrica recebida do arranjo
fotovoltaico às necessidades do motor da bomba.

Figura 4 - kit "bomba solar" do fabricante brasileiro “Anauger” - fonte: Anauger (www.anauger.com.br)

É possível adaptar uma bomba comum, utilizando-se um sistema fotovoltaico autônomo


com armazenamento elétrico, mas os custos costumam ser muito maior que a utilização de uma
“bomba solar”, principalmente devido às baterias.
2.2.2 Sistema Fotovoltaico Isolado Puro (Autônomo) com Armazenamento Elétrico
Esse é o tipo mais comum de sistema fotovoltaico isolado, utilizado na maioria dos lo-
cais, devido à sua capacidade de fornecer energia às cargas dia e noite, devido à presença do
banco de baterias. No sistema fotovoltaico autônomo com banco de baterias (que a partir de
agora chamaremos apenas de Sistema Fotovoltaico Autônomo - SFA), as cargas são alimenta-
das pelo banco de baterias, e o arranjo fotovoltaico, por sua vez, alimenta ao banco de bate-
rias, repondo a energia consumida pelas cargas, dando a autonomia necessária para os períodos
de baixa ou nula insolação (noites e dias muito nublados).

Na Prática:
Quando se fala de sistema fotovoltaico autônomo – SFA, o mo-
delo-padrão que vem à mente é constituído pelo “subsistema de
geração” (o painel fotovoltaico), “subsistema de acumulação”
(banco de baterias) e “subsistema de condicionamento de po-
tência e controle” (controlador de carga e inversor, quando se
alimenta cargas em corrente alternada).
O conceito é, basicamente, o mesmo; desde uma simples calcula-
dora solar, até um complexo satélite artificial de telecomunicação.
O seu dimensionamento é baseado nas mesmas considerações e
variáveis.

2.2.2.1 Constituição Típica de um SFA


Um típico SFA é constituído, basicamente, pelos seguintes componentes (vide Figura 5):

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1 - Painel Fotovoltaico: que é o conjunto de módulos fotovoltaicos associados eletrica-


mente;
2 – Banco de Baterias: que é o conjunto de acumuladores de energia (baterias) associa-
dos eletricamente formando uma única unidade de armazenamento;
3 – Controlador de Carga: que é o componente responsável pelo “gerenciamento” da
carga (e eventualmente da descarga) do banco de baterias. Os mais sofisticados possuem “se-
guimento do ponto de máxima potência” do painel fotovoltaico (sobre o qual estudaremos
mais adiante) e até mesmo propriedades de monitoramento remoto.
4 – Inversor autônomo: que é o componente responsável por “transformar” a corrente
contínua, gerada pelo painel fotovoltaico e armazenada no banco de baterias, em corrente al-
ternada que poderá ser utilizada pelos mais comuns equipamentos eletroeletrônicos a serem
energizados.

Figura 5 - Sistema Fotovoltaico Autônomo em Paraibuna - Fonte: BlueSol

O dimensionamento de um “SFA” é feito em cinco etapas, a saber:


1 – Análise da energia consumida pelas cargas em um dia de uso contínuo (considerando
a potência e o tempo de utilização de cada equipamento eletroeletrônico);
2 – Dimensionamento do banco de baterias para alimentar essas cargas por, pelo menos,
dois dias consecutivos (autonomia mínima de dois dias);
3 – Dimensionamento do painel fotovoltaico para repor a energia de um dia de consumo,
cobrindo todas as possíveis perdas, considerando o menor valor de radiação solar registrado para
a região (mediante consulta em bancos de dados de “disponibilidade solar”);
4 – Seleção dos componentes de condicionamento de potência e controle;
5 – Cabeamento, dispositivos de seccionamento e proteção (disjuntores, fusíveis, varisto-
res, etc.).

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Figura 6 - Detalhamento dos dispositivos de condicionamento de potência e controle e quadro seccionamento do


SFA da Figura 5- fonte: BlueSol

É muito importante definir e delimitar o consumo energético, sob pena de subdimensio-


nar o SFA, o que poderia provocar falta de energia antes do período de autonomia previsto; e a
autonomia mínima é uma “questão de segurança”, definida durante as “análise comerciais” do
projeto, pois impacta diretamente nos custos globais: quanto mais autonomia (portanto mais se-
gurança energética) mais caro será o SFA, principalmente devido à alta capacidade requerida
para o banco de baterias.
O “tamanho” do painel fotovoltaico varia de acordo aos níveis de radiação solar da lo-
calidade onde o SFA será instalado: quanto mais radiação solar a localidade oferecer, menor
será a potência total do conjunto de módulos e vice-versa.
Ao final deste curso teremos ao menos um exemplo de dimensionamento de SFA, com
todas as considerações acima apresentadas.

3 Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede


O que classifica um sistema fotovoltaico como conectado à rede é tão somente a “en-
trega” da energia gerada à rede pública de distribuição de energia elétrica, nada mais. Por isso
um SFCR (sigla de sistema fotovoltaico conectado à rede, que será como o chamaremos a par-
tir de agora) pode ser com ou sem armazenamento elétrico (banco de baterias); mas os SFCR’s
mais comumente instalados não o possuem, e são chamados de “entrega direta”, pois toda a
energia gerada é “injetada” imediatamente na rede.

Figura 7 - Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede "Cliente Rondônia 03" - fonte: BlueSol (Integrador: Silvano Frutu-
oso)

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A existência dos SFCR’s de entrega direta é possível devido ao fato desse tipo de sis-
tema fotovoltaico ser “secundário em relação à rede”, pois operam em “paralelismo permanen-
te”, ou seja, funcionam como “auxiliares”, contribuindo com energia elétrica para a rede pública.
É exigido que um SFCR possua um dispositivo de condicionamento de potência que
forneça a energia à rede em sincronismo com os níveis de tensão e frequência, respeitando os
valores e limites nominais, mas acompanhando quaisquer variações de seus valores (dentro dos
limites estabelecidos em normas). Esse dispositivo deve ser capaz de se desconectar da rede au-
tomaticamente em caso de anomalias (falta de energia na rede; sobretensão; subtensão; sobrefre-
quência; subfrequência; etc.), e deve ser capaz de ‘se recuperar’ (religar) automaticamente, mas
somente após determinado tempo de espera. Estamos falando do chamado “inversor interativo
à rede”, muito conhecido pelo termo em inglês: “grid-tie inverter”, que é uma redução do termo
completo: “utility grid-tied interactive inverter”, que significa, literalmente, “inversor interati-
vo vinculado à rede”. O inversor interativo é produzido unicamente para “trabalhar com a re-
de”, e devido às suas características de proteção contra anomalias da rede, geralmente não é ca-
paz de alimentar cargas diretamente, pois se desliga automaticamente quando não ‘percebe’ as
referências de tensão e frequência dadas pela rede. Assim, para que funcione, o inversor intera-
tivo deve estar sempre “ligado à rede”; pois já possui toda a “inteligência” necessária para prover
o “sincronismo” com a rede.

Figura 8 - Inversores interativos de "entrega direta" dos fabricantes: Fronius; ABB; SMA; PHB - fontes: sites dos
respectivos fabricantes.

3.1 Sistema Fotovoltaicos Conectados à Rede Híbridos

O chamado “SFCR Híbrido” tem como característica fornecer energia à rede pública e
também diretamente a cargas seja mediante uso de dois inversores diferentes (um autônomo e
outro interativo) alimentados pelo mesmo banco de bateiras; seja através do funcionamento “bi-
modal” do inversor interativo utilizado.

Figura 9 - Inversores bi-modais (híbridos) dos fabricantes Outback Power (modelo Radian) e Schneider (modelo
Conext XW+) - fonte: sites dos respectivos fabricantes.

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Embora seja possível alimentar diretamente as cargas com a energia vinda do painel fo-
tovoltaico, a geração de energia elétrica varia conforme a radiação solar chega às células fo-
tovoltaicas, o que tornaria a fonte de energia muito suscetível às variações, que por sua vez inuti-
lizariam esse tipo de solução em um dia nublado, por exemplo. É por isso que, embora existam
inversores semi-híbridos (que conseguem alimentar cargas por uma “saída auxiliar”) que não
“se alimentam” de baterias, mas diretamente do painel fotovoltaico, a maioria das soluções ofe-
recidas pelos fabricantes para os SFCR’s Híbridos são de inversores a serem ligados a baterias.
Nesse caso a constituição básica de um SFCR Híbrido seria igual ao de um SFA, com a
alteração somente do inversor, que seria bi-modal; entretanto, o dimensionamento não necessita
considerar o funcionamento das cargas pelo período de dois dias, pois a maioria dos inversores
híbridos consegue carregar o banco de baterias com energia fornecida pela rede. São, basicamen-
te, um misto de “no-break” e SFCR, com custos mais elevados.

3.2 Usinas Fotovoltaicas

Devido aos altos custos dos bancos de baterias, bem como à sua baixa durabilidade, as
grandes plantas de geração de energia elétrica por fonte solar, popularmente chamadas de “usi-
nas solares fotovoltaicas”, são SEMPRE de entrega direta.

Figura 10 - Mini-usina fotovoltaica "MGD Noronha I", em Fernando de Noronha (montagem do arranjo fotovoltaico) -
fonte: BlueSol/WEG

Em usinas de grande porte, com arranjos fotovoltaicos compostos por centenas de milha-
res de módulos fotovoltaicos, e que ocupam grandes áreas, é comum a utilização de unidades de
condicionamento de potência muito robustas, que geralmente são compostas por conjuntos de
módulos inversores interativos de maior potência (entenda-se: circuitos de inversores de gran-
de porte incorporados a um equipamento maior), que já possuem o transformador de acoplamen-
to para a entrega da energia gerada em “média tensão”; quando as usinas são instaladas muito
afastadas dos centros de consumo da energia elétrica, será acoplada a uma subestação elevadora,
montada no mesmo local, que elevará a “média tensão” fornecida pela planta de geração para
níveis de tensão ainda maior, de forma a, através de uma “linha de transmissão”, transportar a
potência (e energia) gerada até os centros de consumo. Da mesma forma que ocorre com uma
grande usina de energia elétrica convencional.

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Em mini-usinas fotovoltaicas é comum a utilização de “eletrocentros”, compostos por


inversores interativos do mesmo tipo utilizado em instalações menores (ex.: residenciais e co-
merciais de pequeno porte), com a “entrega da energia à rede” em média tensão, através de um
(ou mais) transformador(es) elevador(es). Os chamados “eletrocentros” nada mais são que “ca-
sas de força” que recebem todos os componentes do SFCR (incluindo os quadros de comando e
dispositivos monitoramento remoto), perfazendo, portanto, um “centro de controle” da mini-
usina solar.

Figura 11 - Eletrocentro da mini-usina solar de Ilha Solteira (visão panorâmica) - fonte: BlueSol/CESP

3.3 Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede de Muito Pequeno Porte

Os SFCR’s de pequeno porte destinam-se a alimentar pequenas quantidade de cargas elé-


tricas, como é o caso de uma unidade consumidora, ou uma pequena quantidade dessas, como
um condomínio, por exemplo. O tipo mais comum de SFCR de pequeno porte, não só no Brasil,
mas no mundo todo, é aquele instalado nos telhados das edificações (residências e comércios),
composto por pequena quantidade de módulos fotovoltaico, e na maioria das vezes utiliza so-
mente um, dois ou três inversores interativos.

3.3.1.1 Constituição Típica de um SFCR de Pequeno Porte


Um típico SFCR residencial (ou comercial de pequeno porte) é constituído, basicamente,
pelos seguintes componentes:
1 – Painel Fotovoltaico: com associação de módulos de tal forma a oferecerem níveis de
tensão muito superiores aos utilizados nos SFA’s.
2 – Inversor Interativo: que é o componente central e único de gerenciamento ativo do
SFCR, responsável inclusive pela possibilidade de monitoramento remoto da planta de geração.
3 – Componentes de Integração do Sistema: que é o nome dado aos componentes não
principais e ativos, responsáveis efetivamente pela geração. É o caso das estruturas de fixação e
suporte dos módulos fotovoltaicos (seja nos telhados, em lajes ou no solo); dos componentes de
seccionamento e proteção dos circuitos elétricos; dos cabos específicos para sistemas fotovoltai-
cos (com capacidade de trabalhar com corrente contínua de tensão elevada, sob ação de intempé-
rie, devido à sua exposição ao sol e à chuva); e dos conectores específicos para uso em sistemas
fotovoltaicos.

Figura 12 - Componentes de Integração do Sistema (MGD-Ilha Solteira) - fonte: BlueSol

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4 A Resolução Normativa 482/2012


A Resolução Normativa 482 de 17 de Abril de 2012, publicada pela Agência Nacional
de Energia Elétrica – ANEEL (na data citada), permitiu aos brasileiros gerar a sua própria ener-
gia utilizando fontes renováveis (solar, eólica, biomassa, hidráulica), em sistemas de geração
distribuída (que diz respeito a múltiplos geradores muito próximos ou no centro de consumo), e
criou o conceito de “Compensação de Energia”, em que a distribuidora recebe a energia exce-
dente gerada pela unidade consumidora (a edificação que possui o gerador instalado, que se
torna, então, autoprodutora de energia para consumo próprio), e devolve o exato valor da energia
injetada na forma de “créditos na fatura de energia elétrica” (a conta de luz).
Para isso, é necessária a utilização de um “medidor de energia bidirecional”, que tenha a
capacidade de medir a energia que é exportada para a rede da distribuidora; esse medidor era
fornecido pela distribuidora, mas o cliente deveria pagar pela adequação do ramal de entrada (o
“padrão de luz” da distribuidora). Também era obrigatória a instalação do chamado “Dispositivo
de Seccionamento Visível - DSV”, uma chave seccionadora externa, acessível à distribuidora do
lado de fora da edificação, permitindo o desligamento das unidades consumidoras que possuí-
am geradores particulares (a grande maioria eram SFCR’s). O custo médio de alteração do “ra-
mal de entrada” (com o medidor bidirecional e o DSV) ultrapassava facilmente os R$ 2.000,00;
sendo uma parcela importante em um projeto pequeno, que custasse até R$ 20.000,00, por
exemplo.
A chamada “compensação de energia” é o mesmo conceito mundialmente conhecido
como “net-metering”, termo em inglês que pode ser traduzido como “medição líquida” e se
aplica ao valor de energia elétrica a ser faturado pela distribuidora, que deve (ou deveria) ser a
diferença entre o que foi consumido pela unidade consumidora e o que foi gerado, no mesmo
período de tarifação. No Brasil o sistema de Compensação de Energia é levemente diferente,
principalmente devido à exigência das secretarias da fazenda dos estados de que as distribuidoras
sejam tributadas em todo o valor de energia que fornecem aos seus clientes (mesmo que essa
energia seja referente ao crédito energético sendo devolvido); por isso as distribuidoras fazem
uma “operação financeira” com os créditos energéticos, atribuindo-lhes um valor monetário, e só
então é feita a compensação. Grande parte dos Estados já isenta parcialmente os créditos energé-
ticos de impostos, e a tendência que é todos os Estados o façam, e em breve a isenção será plena,
o que aumentará o retorno financeiro sobre os créditos energéticos.
Apesar de prever várias fontes de energia primária, quem mais se beneficiou foi o merca-
do de sistemas fotovoltaicos, quando a RN-482/2012 definiu, à época, três “tamanhos” de planta
de geração, a saber:
1 – Microgeração distribuída: geradores particulares, com paralelismo permanente,
com potência total de até 100 kW.
2 – Minigeração Distribuída: geradores particulares, com paralelismo permanente, com
potência total entre 101 kW até 1.000 kW.
3 - Acima de 1.001 kW a planta de geração já se caracterizava como usina, não fazendo
mais parte dos benefícios e incentivos à geração distribuída de pequeno porte, devendo, portanto,
se classificar como geradora, não tendo direito à compensação de energia, e se valendo das
normativas já existentes para o mercado de energia elétrica.

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Informação:
O termo “paralelismo permanente” significa a forma de funciona-
mento dos geradores: em paralelo com a rede pública de distribui-
ção, mas sempre secundário, ou seja, os sistemas devem ser auxi-
liares da rede, gerando energia no local de consumo, onde a ener-
gia é primeiramente consumida dentro da unidade consumidora,
e os eventuais “excedentes” é que serão exportados à rede.

4.1 Alterações e Melhorias na RN-482/2012

Nos anos seguintes à sua publicação, a Resolução Normativa 482/2012 recebeu sucessi-
vos adendos e alterações e uma revisão, na tentativa de esclarecer pontos “obscuros” de seu tex-
to, bem como “facilitar” a burocracia necessária para a adoção do “sistema de créditos energé-
ticos”. Já no ano de 2012, em 11 de Dezembro, foi publicado a RN-517/2012 que esclarecia,
definitivamente, o modelo de compensação de energia como sendo uma operação “não finan-
ceira”, como forma de impedir qualquer tributação sobre a energia gerada e “entregue” à distri-
buidora; também trouxe alterações no texto adicionado ao PRODIST, que é conjunto de docu-
mentos que regulamenta o uso da rede pública de distribuição de energia elétrica.
Em 25 de Março de 2014 a ANEEL publicou o “Despacho 720”, que embora não modi-
ficasse os textos da RN-482/2012, alterava textos do PRODIST, desobrigando a instalação do
DSV, visto que não era necessário para geradores que utilizam inversores interativos, pois eles
já possuem a capacidade de “desligamento automático” em caso de falhas da rede; mas somente
para microgeração, o que já era um grande benefício, devido ao custo extra que esse dispositivo
adicionava aos projetos.
E em 24 de Novembro de 2015 foi publicada a RN-687/2015 que visava melhorar e ex-
pandir as possibilidades criadas pela RN-482/2012. As principais alterações foram:
1 – Limite máximo de potência para microgeração diminuiu para 75 kW, de forma a
manter a microgeração dentro da potência máxima de “carga instalada” permitida para das uni-
dades consumidoras do “Grupo B” (de baixa tensão), que é de até 75 kVA; assim as ligações à
rede para os projetos de microgeração serão sempre em baixa tensão.
2 – Expansão da potência máxima para projetos de minigeração, que passou a ser de (76
kW) até 5.000 kW (ou 5 MW – cinco “megawatts”), permitindo que usinas maiores, pertencen-
tes a grandes consumidores, também possam se beneficiar do sistema de compensação de
energia; ou até mesmo a possibilidade se construir uma planta de geração que beneficie um
condomínio inteiro.
3 – Expansão e criação de novos modelos de “compensação remota de créditos energé-
ticos”. Foram inseridos os conceitos de “autoconsumo remoto”, “geração compartilhada” e
“empreendimento com múltiplas unidades consumidoras”, que beneficiam, respectivamente:
várias unidades consumidoras que pertencem à mesma pessoa (física ou jurídica) que “divi-
dem os créditos financeiros” gerados em uma única localidade; cooperativas ou consórcios
formados com o intuito de “dividir os créditos financeiros” de uma planta de geração de médio
ou grande porte; condomínios fechados que instalem um gerador de médio ou grande porte den-
tro de suas dependências, podendo “dividir os créditos energéticos” entre os condôminos que
tenham participação no investimento da planta de geração.

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4 – Facilitação da burocracia necessária para o registro das plantas de geração nas dis-
tribuidoras, com definição de prazos menores, e menor quantidade de documentos a serem entre-
gues.
5 – Desobrigação de participação financeira para as adequações da rede e do ramal de en-
trada para projetos de microgeração distribuída; portanto o cliente não é mais obrigado a pagar
pelo “medidor bidirecional”.

5 Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-11877: Sistemas Fo-


tovoltaicos. Rio de Janeiro, 1991.
—. NBR-10899: Energia Solar Fotovoltaica – Terminologia. Rio de Janeiro, 2013.
—. NBR-11704: Sistemas Fotovoltaicos – Classificação. Rio de Janeiro, 2008.
GREENPRO. Energia Fotovoltaica- Manual de Tecnologias, Projecto e Instalação. Dis-
ponível em: http://greenpro.de/po/fotovoltaico.pdf. 2004

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