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Ética Profissional

Para Schmitt e Leisinger (2002) para falarmos das normas e ações das empresas, entes
se faz necessário uma distinção entre o próprio conceito de moral e empresarial e ética
empresarial. Para os autores:

Moral empresarial é o conjunto daqueles valores e normas que dentro de uma


determinada empresa, são reconhecidos como vinculantes. A ética
empresarial reflete sobre as normas e valores efetivamente dominante em
uma empresa, interroga-se pelos fatores qualitativos que fazem com que
determinado agir seja um agir “bom”. Como ética aplicada ela tem como meta
estabelecer, através do acordo com as pessoas atingidas pelo agir
empresarial, normas materiais e processuais que foram postas em vigor na
empresa como possuindo caráter vinculante. (SCHMITT E LEISINGER, 2002, p.
22).

Pensar a ética enquanto um instrumento de conduta humana é de fundamental


importância se quisermos ter sucesso na vida profissional, pois estar inseridos no mercado de
trabalho implica ter ciência de um conjunto de compromissos e responsabilidades necessários
para que nossa vida pessoal e profissional não se fragilize. Nesse sentido, faz-se necessário ao
longo da formação acadêmica e para além dela, nos voltarmos para o estudo da ética para que
assim, possamos manter uma postura profissional pautada na honestidade e transparência em
todas as nossas ações.
A atividade profissional seja ela, jornalista, psicologo, docente, entre outras, tornou- se
importante demais para a sociedade para ficar à margem do debate ético, portanto, conhecer,
internalizar e praticar os princípios que regem a nossa profissão é preponderante para que
possamos conduzi-la com lisura.

Compreende-se que qualquer profissional deve manter uma postura de


comprometimento e moral, exercendo sua profissão nos pressupostos da
ética, desenvolvendo um trabalho com responsabilidade e de acordo com as
normas técnicas, ou seja, dentro do código de ética que rege a sua profissão.
Isso não é uma escolha, mas uma necessidade para que se tenha uma carreira
longa e bem sucedida. (CAMARGO, 2014, p. 954).

O exercício profissional requer domínio técnico, habilidades, conhecimento, mas acima


de tudo um comprometimento em relação aos “princípios morais que norteiam a sua conduta
profissional” (CAMARGO, 2014, p. 958). Nessa perspectiva o profissional deve ser cuidadoso em
relação aos seus comportamentos, hábitos, costumes, preconceitos, enfim, deve zelar pela
dignidade de seus atos. O exercício profissional pautado nesses valores implica em credibilidade,
respeito, reconhecimento e confiança por parte da sociedade.
As dimensões éticas sejam de qualquer contexto profissional, exige do indivíduo uma
postura condizente com a função que exerce, por exemplo, um profissional da contabilidade que
falta com sigilo profissional; além de ser atitude equivocada, implica em constrangimento,
frustração, desmoralização, perda de confiança, exposição negativa da empresa, dos colegas,
além de colocar a vida do seu cliente em risco, uma vez que houve a exposição de valores
financeiros, bens e outros patrimônios.
O indivíduo que deseja conduzir sua vida profissional a partir dos valores éticos e morais
deve adotar uma postura pautada na responsabilidade, respeito aos colegas de profissão e
clientes, lealdade em relação aos valores da empresa, receptivo e flexível com relação às
mudanças de regras, costumes e valores que o contexto profissional exige, e responsabilidade
para com sua imagem.

A ética é um fator indispensável ao profissional, considerando-se que o fazer


e o agir estão interligados, a saber: o fazer diz respeito à competência, à
eficiência que todo o profissional deve possuir para exercer bem sua
profissão; o agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes
que deve assumir no desempenho de sua profissão, ou seja, ético é todo
profissional que tem como meta sentir-se íntegro e pleno da alegria de viver
(VIEIRA, 2006, p. 11).

Na vida profissional devemos ser determinados, empenhados e por vezes competitivos,


mas sempre com ética e dignidade, pois uma coisa é um profissional determinado, o que é muito
bom; outra coisa é um profissional determinado e desonesto. E infelizmente é comum
percebermos no mundo corporativo, negócios sendo realizados relegando a ética em segundo
plano, como veremos na situação a seguir: Imagine que você é gerente de uma grande empresa
e se vê na responsabilidade de preencher uma posição em um determinado setor. Seu melhor
amigo que trabalha junto a você na empresa tem se dedicado muito e parece ser qualificado para
assumir tal função. Por outro lado, você tem outro funcionário verdadeiramente qualificado e
apto para assumir o cargo. Você quer dar o trabalho a seu amigo, mas se sente culpado,
acreditando que deveria ser imparcial. Ser imparcial é a melhor coisa a ser feita moralmente
falando. Essa crença é, no entanto, rejeitada quando você resolve que a amizade tem uma
importância moral maior e assim decide dar o trabalho a seu amigo e não ao outro funcionário,
de fatoqualificado.
Situações como essa de fratura ética infelizmente tem se tornando cada vez mais
comum não apenas dentro das grandes corporações, mas em qualquer ambiente de trabalho.
E na maioria das vezes esses deslizes ocorrem por muitos acreditarem que suas ações jamais
serão descobertas, no entanto “uma coisa é certa: em algum momento, o profissional terá de
responder pelos seus atos perante a empresa e a sociedade que deposita sua confiança no
seu trabalho”. (VALLS, 1996, p.71).
Para Salomon:
O deslize que leva ao comportamento antiético e intolerável começa
tipicamente com um pequeno passo, motivado por ressentimentos e imune
à política da empresa que poderia impedir tais atitudes. [...] Isso resulta
numa reputação ruim, tanto do profissional quanto dos negócios em geral.
(SALOMON, 2000, p.14-15).

Por isso é importante um olhar mais atendo e cuidadoso em relação às questões


éticas, para que tenhamos profissionais que no exercício da sua profissão sejam capazes de
agir de forma honesta, integra e imparcial.
É comum por parte de muitas pessoas a percepção de que a ética é uma adversária,
ou seja, algo “imposto por parte de uma autoridade com o poder de punir” já outros a veem
apenas em termos de proibições e limitações. (SALOMON, 2000, p.14-15). No entanto, a ética
é uma aliada para o sucesso de qualquer pessoa ou organização. Pois diante de uma sociedade
cada vez mais competitiva, a ética tornou-se um fator capaz de garantir que valores como
bom senso, integridade, humildade e honestidade fossem asseguradas, contribuindo assim
para o bom “funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os
funcionários e clientes”. (CAMARGO, 2014 p. 971). Para Schmitt e Leisinger (2002) as
empresas também estão obrigadas a cooperação e a solidariedade, ou seja, além do seu
próprio interesse, ela deve cultivar o interesse para com as outras pessoas, visando sempre o
bem comum.
Entre as mais diversas profissões o que ampara e assegura a prática desses valores é o
código de ética profissional; esse tem por objetivo, indicar normas de conduta que orientam o
exercício profissional, seja no que se refere à relação com os colegas de trabalho, com a classe
profissional ao qual você é pertencente, com os clientes, empregados e a sociedade como um
todo. Nele também estão contidos os direitos e deveres os quais o profissional deve observar e
cumprir visando o bom andamento da profissão.
Cada profissional deve estar subordinado ao seu código de ética e as suas orientações,
sob pena de ser penalizado diante de uma eventual transgressão. Essa penalidade é de
responsabilidade do órgão competente que tem como atribuição fiscalizar o exercício
profissional. Além do mais o código de ética busca assegurar que os serviços oferecidos sejam
de qualidade, e que os profissionais atuem de maneira honesta e respeitosa, resguardando os
interesses dos clientes, sem prejuízo a sua dignidade.
De acordo Alencastro (2015, p.8) “uma profissão em que o nível ético é baixo
é porque os profissionais esqueceram seus compromissos mais básicos com
seus semelhantes, pois uma profissão realiza destino de grandeza quando os
profissionais, que são seu patrimônio maior, crescem na dupla escalada do
saber e da ética”.

De acordo com Vieira (2006) vivemos em uma sociedade onde constantemente somos
tentados a agir na conta-mão dos bons princípios. Isso ocorre principalmente quando olhamos
para o lado e nos deparamos com pessoas progredindo de forma ilícita; sonegando impostos,
desviando dinheiro público e da empresa, aproveitando-se do cargo em beneficio próprio,
manipulando relatórios, corrompendo. No entanto, será que tudo isso vale a pena? Tudo é valido
para progredir na vida profissional? Numa sociedade onde é comum pessoas agirem de má fé e
se darem bem, vale a pena ser ético? Para responder a essas perguntas trazemos presente uma
das maiores expressões éticas de todos os tempos que encontra-se na primeira carta do apóstolo
Paulo ao Coríntios 6:12, nela o apóstolo dos cristãos afirma: “Tudo me é permitido, mas nem
tudo me convém”. Segundo o professor e filósofo Mario Sérgio Cortella, (2016) o que Paulo está
querendo nos dizer é que eu posso fazer qualquer coisa, porque eu sou livre, mas eu não devo
fazer qualquer coisa. E o que eu não deve fazer? Segundo o professor, o torna imunda minha
história, o que mancha minha trajetória, o que agride minha comunidade, minha empresa e a
sociedade, o que entristece a mim mesmo.
Nesse sentido de acordo com Mahatma Gandhi (1997):

Tenha sempre bons pensamentos, porque os seus pensamentos se


transformam em suas palavras. Tenha boas palavras, porque as suas palavras
se transformam em suas ações. Tenha boas ações, porque as suas ações se
transformam em seus hábitos. Tenha bons hábitos, porque os seus hábitos se
transformam em seus valores. Tenha bons valores, porque os seus valores se
transformam no seu próprio destino.

De acordo Mrad (2006, p. 9) o zelo para com a ética no universo empresarial traz como
consequência positiva a confiança por parte dos clientes e da sociedade, a credibilidade dos seus
parceiros e a obtenção lucros cada vez “maiores e mais seguros”.
O profissional que conduz a sua carreira a partir princípios éticos e morais zelará pela
sua reputação, estará imune a escândalos, a possíveis condenações judiciais; assim como a
empresa que tem a ética como seu principal valor, aumentará seu valor de mercado, a sua
produtividade e reduzirá problemas trabalhistas.
Na atualidade para que a empresa seja reconhecida, tenha credibilidade e seja
duradoura, não basta apenas à qualidade dos seus produtos e seus serviços, muito embora esses
fatores sejam essenciais; a conquista da credibilidade, respeito e confiabilidade está em
conformidade com os princípios éticos morais e as regras do bem proceder aceitas pela
coletividade.

IMPORTANTE: De acordo (Gabriel e Martins, 2012, p. 15) A Ética profissional não é somente uma
relação de pessoas, é também a relação da empresa perante a sociedade como um todo, na qual
ela esta. A Empresa quando se instala em um determinado lugar, ele não necessita somente da
mão de obra qualificada de seus colaboradores, ela precisa de vários recursos, espaço físico,
recursos naturais, matérias-primas diversas, fontes energéticas, e os recursos humanos, do
intelecto e esforço físico de seus colaboradores. Se a empresa não tem uma postura ética e
transparente, perante a todos os que estão envolvidos diretamente e indiretamente, essa
empresa não será bem vista.

REFERÊNCIAS:

ALENCASTRO, Mario Sergio Cunha; HEEMANN, Ademar. Uma ética para a civilização
tecnológica.Disponível:http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT09/mari
o_alencastro.pdf.

BARRETO, Figueiredo, Santos. Matos Luciana. Formação ética do profissional de contabilidade.


FANESE, 2015.

CAMARGO, Bruna Faccin. A ética no exercício da profissão: Uma escolha necessária. Unicruz,
2010.

GABRIEL, Karen. MARTINS, Balbo, Érika. A importância da ética nas relações de trabalho. FABI
(Faculdade de Pindamonhangaba). São Paulo, 2012. Disponível em:
http://www.bibliotecadigital.funvicpinda.org.br:8080/jspui/bitstream/123456789/89/1/Marti
nsGabriel.pdf.

MRAD, Marcio ribeiro. Ética: fator de credibilidade e desenvolvimento empresarial e social.


UniCEUB. Brasília-DF, 2006.

SOLOMON. Robert. A melhor maneira de fazer negócios: Como a integridade pessoal leva ao
sucesso corporativo.Tradução: Alípio Carreira d Franca Neto. Editora: Negócios. São Paulo, 2000.

VIEIRA, Maria das Graças. A Ética na Profissão Contábil. Editora Tromson. São Paulo, 2006.

LEISINGER Klaus. SCHMITT, Karin. Ética empresarial: responsabilidade global e gerenciamento


moderno. Editora: Vozes. Petrópolis, 2001.
GANDHI, Mohandas. Minha missão: Ética, Política e Espiritualidade. Coletânea de Artigos e
palestras escritos por Mahatma Gandhi. Rio de Janeiro: Multiletra, 1997.

CORTELLA, Mario Sérgio; FILHO, Clovis de Barros. Vídeo (51 min). Ética no Cotidiano. 2016.
Disponívelem:https://www.youtube.com/results?search_query=%C3%A9tica+mario+sergio+co
rtella.

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