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Hist6ria Urbanistica do Rio de Janeiro . 33parte Segundo Reinado — 1831-1889 Introdugao D. Pedro | abdicou em 7 de abril de 1831 e se retirou para Portugal a 13 desse més, deixando seu filho D. Pedro Il com apenas 5 anos de idade e tendo como tutor José Bonifacio de Andrade e Silva. No mesmo dia da abdicagao, D. Pedro I! foi aclamado Imperador sendo D. Pedro Il menor de idade, comegou ent&o uma transig&o regencial, a qual terminou quando, embora com apenas 15 anos incompletos, 0 monarca teve sua maioridade apro- vada a 23 de julho de 1840 Esta 4parte da Hist6ria Urbanistica do Rio de Janeiro seré subdividida em quatro partes distin- tas, abordando a Regéncia e 0 periodo subse- qiiente, de 1840 a 1889, subdividido em trés fases —, de 1840 a 1850, de 1850 a 1870 e de 1870 a 1889 —, a partir das quais ser analisado 0 cres- cimento da cidade, os melhoramentos ocorridos € as propostas urbanisticas apresentadas. N&o podemos fugir de citar alguns fatos hist6- ricos que influiram na evolugdo urbana da cidade. objetivo deste relato, entretanto, se prende, so- bretudo, as questées urbanisticas e ndo em fazer a Historia da Cidade do Rio de Janeiro, a qual jé conta com uma bibliografia bastante vasta e da qual nos valemos para obter informagées. 1 — Segundo Reinado: A Regéncia (1831-1840) 1.1 — Os governos da Regéncia Durante a minoridade do principe, o pais foi go- vernado por uma regéncia proviséria, constituida pelo Marqués de Caravelas, pelo General Francisco de Lima e Silva — pai do Duque de Caxias — e pelo Comendador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro (Senador Vergueiro), que governou por apenas 3 meses, sendo substituida pela Regéncia definitiva, integrada pelo General Francisco de Lima e Silva, por José da Costa Carvalho, Marqués de Monte Alegre e por José Braulio Muniz, a qual, por sua vez, governou até 12 de outubro de 1835. ‘A partir de nto, 0 governo coube a um tinico regente, sucedendo-se nesse posto 0 Padre Diogo Antonio Feij6, de 12 de outubro de 1835 a 18 de setembro de 1837, e Pedro Aratijo Lima, de 12 de outubro de 1838 a 23 de julho de 1840. 1.2. 0 Ato Adicional Durante a Regéncia, 0 Ato Adicional de 12 de agosto de 1834 criou o Municipio da Corte, ou Mu- nicipio Neutro, como passou_a ser chamado, destacando-o da Provincia do Rio de Janeiro. Eng. Gori de Oltuetra Rete Os limites territoriais desse municipio eram, a0 sul, 0 Oceano Atlantico, a leste, a bala de Guana- bara, ao norte, outros municipios da provincia do Rio de Janeiro, correspodendo aos atuais munici- pios de So Jodo de Meriti, Nova Iguacu, Duque de Caxias, Nildpolis e Itaguaf, e, a Oeste, a bala de Sepetiba e o Municipio de Itaguf. Com a procla- magio da Republica, em 1889, ele se tornou Dis- trito Federal; com a transferéncia da capital para Brasilia, em 1960, tornou-se Estado da Gua- nabara e, finalmente, com a fusdo dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, passou a ser Mu- nicipio do Rio de Janeiro. Tais modificagées foram acompanhadas de ou- tras tantas em termos de delimitagao territorial, de modo que 0 atual Municipio do Rio de Janeiro 6 bem maior que 0 Municipio da Corte. Segundo o IBGE(a) a superficie do Municipio do Rio de Janeiro 6 de 1.167 km2, embora outros a estimem em 1.171 km?, Pelo recenseamento de 1838, realizado por or- dem de Bernardo de Vasconcelos, a populag3o go Municfpio Neutro era de 137.078 habitantes (*) 1.3 — Caracteristicas gerais da evolugao urbana ‘Ao longo da Regéncia, os administradores, preocupados com lutas politicas em todo o Brasil Rouce atenclo deram 80 desenvolvimento da ci- dade. ‘Além de uma Camara Municipal, esta possuia certa autonomia, que Ihe fi conferida pelo Ato ‘Adi- cional. Como parte de um quadro mais geral de refor- mulagées ocorridas na estrutura do espaco urbano do Rio de Janeiro, algumas tendéncias —, que j& se prenunciavam no periodo anterior — podem ser assinaladas, tais como 0 crescimento da cidade para oeste, com a ocupacdo progressiva da érea conhecida como Cidade Nova, e 0 deslocamento do centro politico-administrativo do largo do Pago — que teve essa fungdo na cidade luso-brasileira — para o campo de Santana, modificagées essas compativeis com a localizagao da residéncia dos imperadores em So Crist6v8o, na Quinta da Boa Vista. Na Regéncia foram promulgadas posturas mu- nicipais trazendo certa ordem para as coisas da ci- dade. Uma delas determinavam que as ruas n3o (1) Enciclopidia dos Municipios Brasileiros — Distrito Faderal~ vol. XXI 5 Conso 1886, 0. 26 Segundo Max Fieuss, p. 181, Histéria da Cidade do Rio de Janeiro, ‘928 REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA poderiam ter menos de 60 palmos, cerca de 13,20 m. Nessa época, 0 Rio de Janeiro contava com dez livrarias, 12 tipografias, 12 bancos, 15 sapatarias, 9 hotéis, 33 padarias, além de varios armarinhos, alfaiatarias, cabeleireiros, lojas de fazendas e de ferragens e outros pequenos estabelecimentos co- merciais. 1.4. Transportes O crescimento e o desenvolvimento de uma ci- dade 6 fungao de seus meios de transportes. A precariedade dos meios de transportes para a populago nessa fase da vida da cidade foi fator que limitou a sua expanso. As carruagens, coches, etc. eram de uso individual. Somente as g6ndolas € as diligéncias prestavam servigos & populagao. Esses veiculos eram todos de tragdo animal. Sua velocidade era reduzida; igualmente a sua capaci- dade de transporte de passageiros. Pode-se con- cluir que a cidade era limitada. As classes mais ricas, nobreza, nababos, etc., possuiam seus meios individuais de transporte. Podiam, desse modo, morar mais longe do centro, nos arrabaldes. O centro da cidade era habitado pelas classes mais pobres, artesSos, comerciantes, operdrios, etc., que no precisavam de se deslocar a grande dist&ncia para chegar ao local de trabalho. As di- ligencias eram empregadas, para as grandes distancias, para pontos afastados como Santa Cruz, Jacarepagua e outros tantos na Provincia do Rio de Janeiro, afora as ligagdes com S80 Paulo ou Minas. Assim foi durante a Regéncia 1.5 — Vida cultural N&o obstante os problemas apontados, no Ambito cultural pode-se assinalar eventos que riam a influir no desenvolvimento da cidade, tai como a criago do Colégio Pedro Il, em 1837, e, ‘em 1838 a fundaggo do Instituto Histérico e Geo- grafico Brasileiro. E também desse periodo regen- cial a fundacdo da Escola de Medicina, do Arquivo Nacional e da Escola Central, que em'1858 sepa- rou-se da Escola Militar. Esta Ultima originou-se, em 1839, da Real Academia Militar, criada_em 1810 pelo Principe Regente D. Jodo. A'Escola Cen- tral, por sua vez, deu origem a Escola Politécnica, em 1874, a qual, em 1937, tornou-se Escola Na cional de'Engenharia. 2 — SEGUNDO REINADO: D. PEDRO 1I(1840-1889) Como anteriormente assinalado, esse periodo seré subdividido em trés fases distintas, a seguir dis- cutidas. 2.1 Primeira fase: de 1841 a 1850 2.1.1 — Caracteristicas gerais da cidade Em 23 de julho de 1840 foi declarada a maio- ridade de D. Pedro Il, que tinha apenas 15 anos incompletos. Sua coroagdo como Imperador do Bra- sil se deu quase um ano depois, a 18 de julho de 1841. Seu governo foi até 14 de novembro de 1889, e durante esses 49 anos muita coisa mu- dou no Rio. Durante quase meio século, a cidade deixada por seu avé e seu pai cresceu substancial- mente, devido, principalmente, a revolugdo meca- nico-industrial de meados do século XIX, com a 10 JAN — DEzI92 descoberta da maquina a vapor e 0 conseqiiente surgimento das estradas de ferro, novo meio de locomogaio de maior velocidade e capacidade de transporte de passageiros. Na primeira fase do governo de Pedro Il, entre- tanto, a Cidade do Rio de Janeiro no sofreu qual- quer impacto substancial. Sua expansao, até apro- ximadamente 1850, continuou lenta e sem mai Tes acontecimentos. Inexistiam os esgotos sanitérios e, assim como na coldnia, os dejetos do- miciliares, carregados em barricas pelos “Tigres”, eram despejados no mar. A limpeza da via publica era precéria. O calgamento era 0 de pé-de-moleque, 0u Seja, pedras irregulares assentadas nos logra- douros. Os passeios, onde existiam, eram consti. tuidos de lajdes, em geral de “gneiss” retirado de pedreiras préximas. A iluminagdo das ruas conti- nuava escassa e se fazia por meio de lampides co- locados em pontos estratégicos, normalmente nas esquinas. Esses lampides possuiam pavios embe- bidos em “‘dleo de peixe’’, na sua maior’parte ex- traido das baleias bastante numerosas, na época, nas costas brasileiras. O dleo de baleia também ser- via para fazer argamassa para as construges de casas e obras de arte, como, por exemplo, o Aque- duto, construfdo no tempo de Aires Saldanha e re- formado mais tarde pelo Conde de Bobadela (Gomes Freire de Andrade). Quanto ao abastecimento d’égua, continuavam as antigas captagdes. Até meados do século XIX, a Agua era coletada nos mananciais da Serra da Carioca, a pouca distancia da cidade, situagio substancialmente melhorada na metade final do sé- culo XIX, quando grandes obras de abastecimento, que até hoje perduram, foram realizadas, como se verd mais adiante. Muitas das condigées da cidade luso-brasileira ainda se mantinham, portanto, no Rio de Janeiro da primeira metade do século XIX. E revelador dessas condigées 0 relatério de 1843 apresentado & Camara Municipal por Henri- que de Beaurepaire-Rohan, Visconde de Beaure- paire-Rohan, no qual 0 ex-Diretor das Obras Mu- nicipais revela as deficiéncias da cidade na medida em que preconiza a ado¢do de uma série de me- didas, as quais, algumas delas, iriam concretizar- ~se até mesmo quase um século depois da apre- sentago daquele relatério, a seguir transcrito.5) RELATORIO APRESENTADO A ILMA. CAMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO (*) HENRIQUE DE BEAUREPAIRE ROHAN PARECER DA COMISSAO DA ILUSTRISSIMA CAMARA ‘A Comissao encarregada de dar seu parecer s6bre 0 relatorio apresentado a Camara, pelo Ma- jor graduado Henrique de Beaurepaire Rohan, ex- iretor das Obras Municipais, achando-o de bastante importancia, e julgando aproveitaveis mui- tas das idéias af encontradas sobre o possivel me- Ihoramento moral e material do municipio, ¢ de opiniéo que a Camara o mande imprimir para que REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA melhor se possa aproveitar do que af houver de uti- lidade. Sala das Sessdes, 3 de outubro de 1843. Dr. Emilio Joaquim da Silva Maia — Jacinto Rodri- gues Pereira Reis. llustrissimos Senhores Ao apresentar a lima. Camara Municipal do Rio de Janeiro 0 relatério do estado de suas obras, ser-me-ia lisongeiro poder também ofertar-Ihe 0 re- sultado de algumas investigagées minhas, sobre a estatistica do municipio. Guiado neste intento por inclinago aos trabalhos déste género, cheguei a reunir alguns documentos, que me servirdo para organizar 0 resumo hist6rico fluminense, desde a descoberta desta terra, por Martim Afonso de Sousa, em 1531, até principios do século passado; mas conheci logo-que nao poderia progredir nesta emprésa, sem auxilios, que nada me autorizava a reclamar, porque excedendo ela o térmo das ob gacdes, que me so impostas, tenderia igualmente a desviar-me de ocupagées, a que estou inteira- mente ligado, pela natureza de meu emprégo, e acarretaria dspesas, para as quais se no acha con- signada quantia alguma. E, sem divida, de lamentar que téo interes- sante objeto, qual a estatistica, isto 6, a descri¢30 completa do pafs, em suas relagées fisicas e mo- fais, continue a ficar abandonada, como tem acon- tecido até agora, donde procede a nossa falta de conhecimentos corograficos, em que nos deveria- mos instruir, desde a mais tenra juventude. Nossa Satisfaco seria completa, se a Ilma. Camara tomasse a iniciativa, mandando levantar a carta do municipio, com todos os esclarecimen- tos, que respeitam a parte permanente da estatis- tica, compreendida por tanto a descrigio dos terrenos pertencentes aos préprios municipais, pro- vidéncia sem a qual se apresentardo no porvir dd- vidas, que n3o poderao discriminar a inteligéncia do juigador. A planta da cidade, cltimamente le- vantada pelo Senhor engenheiro José Maria Manso, poderia servir de base a éste trabalho, auxiliado também por uma carta de reconhecimento, que se encontrou_no tombo do antigo Senado, feita nos anos de 1754 e 1755, debaixo das vistas do ou- vidor geral Manuel Monteiro de, Vasconcelos, 9 quem fora encarregada a medi¢ao e demarcagéo da sesmaria concedida ao mesmo Senado. A parte varidvel da estatistica nenhuma dificuldade oferece, porque em tOdas as repartic6es publicas existem os documentos, a que nés podemos referir com seguranga. Enfim, Senhores, segundo meus célu- los, com 30.000$000, distribuidos por seis anos de aturado trabalho, conseguiria o municipio flu- inense possuir a sua estatistica, e se as demais cAmaras do Império, animadas por éste exemplo @ impelidas pelo govérno geral, empreendessem ‘© mesmo trabalho, chegariamos a ter, dentro de poucos anos, a estatistica nacional em tédas as suas partes. O presente trabalho limita-se pois aos traba- Ihos, que esto a cargo da diretoria das obras mu- nicipais. Na primeira parte, trato de tédas as obras, que interessam a salubridade publica; na segunda de tédas as que so relativas ao aformoseamento do municipio, e cOmodo de seus habitantes. Indi- cando os melhoramentos, que mais urgentes me parecem, & sobretudo quanto as vias publicas de comunicagao, que mais extens&o dou ao meu tra- balho. Havendo empreendido tltimamente uma via- gem, que levei até a freguesia de Guaratiba, pude convencer-me, por mim mesmo, do abandono em que parece existir 0 interior do municipio, ainda nos logares mais importantes, por sua posi¢o comer- cial. A ago da diretoria das obras municipais no pode alcangar ésses pontos to distantes da corte. A nao se criar uma reparti¢o exclusivamente en- carregada da inspe¢do das estradas, como me pa- rece indispensdvel, dever-se-ia, ‘pelo menos, aumentar 0 pessoal da atual administragio, dando -se-Ihe também um regulamento mais apropriado. Motivos de economia tem, sem divida, de- morado to desejada reforma; mas devemos sem- pre lembrar que a extrema economia é também uma causa de disperdicios. Os rendimentos da Ilma. Camara, orgados, para o ano financeiro de 1843 a 1844, em 204:542$000 (*) nao bastam para satisfazer t- das as necessidades puiblicas. Conviria fazer rever- ter, em beneficio do municipio, certos impostos, cujo produto deveria ter, no todo, ou em parte, uma aplicag3o mais direta. Tais so, por exemplo, os das seges e carruagens, que rodam sobre as cal- gadas e as estragam; os dos botes e faluas, que precisam de cais; e os dos gados, que entram e percorrem as estradas do municfpio. Com éste im- portante incremento, poder-se-iam empreender obras, que a falta de meios pecunidrios tem posto de parte. Terminando _estas__consideragées, acompanha-me a satisfagao de poder agradecer, no sémente a lima. Cémara Municipal a aten¢3o com que tem honrado a reparti¢&o de suas obras, como também a todos os Srs. fiscais das diferen- tes freguesias a diligéncia que empregaram em me darem téda as informagées, que me eram precisas, para prestar ao publico um servigo, de que me sen- i eternamente recompensado, se V.V.S.S. 0 acolherem favoravelmente. Deus Guarde a V.V.S.S. Diretoria das obras municipais do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1843, — Ilms. Srs. Presidente e Vereadores da lima. Camara Municipal — Henrique de Beaurepaire Rohan. PARTE PRIMEIRA SALUBRIDADE PUBLICA Esgote das éguas As circunstancias locais do Rio de Janeiro nao favorecem 0 esgote das aguas pluviais; e a defei- tuosa disposi¢3o das calgadas atuais agrava ainda mais éste mai, que se tem procurado evitar, por meio désses aquedutos, a que entre nés se da im- propriamente o nome de vaias. Para que um aqueduto, em geral, seja bom, 6 preciso que, além de outras condigées, se Ihe dé (2) v. Mécio Barata, Escola Polténica do Largo de S80 Francisco — berso {a ongenhara brasil. Rio de Janet, 1973. (4) v. pp, 210.8 292 do vol. 275 da Revista do Instituto Hist6ricoe Geo: ‘Alico Grasievo, do abeijunho Ge 1967 W REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA suficiente inclinago, a fim de que as 4guas che- quem com facilidade ao reservatério, que se Ihes destina; mas, como o solo desta cidade se acha quase ao nivel do mar, é evidente que, por pouco que profundemos nossas valas, sujeitamo-las & ago das marés, inconveniente que nao remedia- ria por certo o defeito de sua existéncia. E pois idispensével estabelecer-se 0 esgote sobre as calgadas; e isto se conseguiria facilmente dando-se a estas calgadas 0 necessario declivio, e guarnecendo-as lateralmente de sargetas forra- das de cantaria, por onde as 4guas pudessem cor- rer, sem prejudicar 0 calgamento. Esta medida faria com que muitos prédios ficassem com suas solei: ras abaixo do nivel da rua, 0 que excitaria prova- velmente o clamor da mor parte dos proprietérios; mas, quando se trata de um trabalho, que além de interessar a satide da geragao atual (a), tende a melhorar a sorte de nossos vindouros, a autoridade publica desempenha a sua missdo tornando-se ine- xordvel; e nenhum preconceito, nenhum interésse, mal calculado da parte daqueles que, por sistemd- tica indoléncia, nada querem sacrificar em prol da sociedade, devem jamais embaracar a marcha dos JAN — DEzI92 que so encarregados da diregdo dos negécios pu- blicos. O mangue da Cidade Nova Ainda que muito conviria extinguir-se éste foco de miasmas, éste obstdculo a edificacao, abster-me-ei contudo de indicar agora um meio qualquer para chegarmos a éste resultado; porque isto depende de exploracées, a que no tenho pro- cedido. E preciso porém notar-se que a esta para- gem afiui grande quantidade de Agua, que se deriva das montanhas vizinhas. Esta circunstancia just fica talvez um antigo plano de se estabelecer um canal de navegaco, desde a bica dos marinh ros até o Rocio pequeno; e mesmo de os ramificar até a casa da Corregao, plano que outros ampliam, querendo que 0 canal corte a cidade, até a praia dos Mineiros; e como esta idéia pode ser algum dia aproveitada, acho razodvel nas arruagdes, que se vao efetuar, debaixo da dirego dos lims. vere- adores — Moura, Getulio e Tavares, ,reservar-se ‘0 espago necessério, para que em qualquer tempo, se execute 0 projeto em questo. Curioso plano de urbanizacaio, do Mangue, indo da rua Senador Euzebio a Villa Izabel, com a extengao de 6.500 metros. E' o plano da Avenida do Imperador, de autor ignorado. Neste quadro, que se encontra no Museu Historico 6 interessante notar que o urbanista dos meiados do seculo XIX j4 parecia prever o bonde por trac¢ao electrica ou ‘omnibus. Por sua vez, os postes actuaes de illuminacao a tres focos figuram também naquella composicao. A’direita destaca-se 0 editicio onde tinha séde a Companhia Villa Izabel 12 REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA O morro do Castelo A base déste morro ocupa uma super mais extensa que a da praca da Aclamagao, o que inutiliza grande parte do terreno, que poderia ser- vir para edificagdes, além do que Se destinasse para jardim dos convalescentes do hospital da Miseri- cérdia, recolhidas, e expostos. Se se chegasse a arrasar esta montanha, muito ganharia a cidade em extensio, salubridade e embelezamento, como f t8o claramtente demonstrado, pelo lim? Dr. Emil Maia, no seu relat6rio 8 Academia de Medicina. Matadouro piblico O matadouro de Santa Luzia consiste em um imundo telheiro, cercado de imundissimas barra- cas, cujas evaporacdes produzem enfermidades en- démicas nas suas circunvizinhagas. Em conseqténcia das ordens da lima. Camara Muni- cipal, apresentei a V.V.S.S., em 8 de abril do ano p.p., 0 plano de um névo matadouro na praia de 8. Cristévio, cuja despesa orcei entéo em *100:087$ 200. Além das consideragées higiénicas, que me fizeram escolher éste lugar, mais dois ob- jetos tive em vista: 1%, a proximidade das aguas e das pastagens; 2°, a facilidade do transporte por mar em uma barca convenientemente construfda, depositando-se as carnes em mercados préprios nas Praias do Saco do Alferes, Satide, Prainha, Mi- neiros, Dom Manuel, Santa Luzia, Gléria, Flamengo @ Botafogo, devendo do primeiro déstes pontos transportar-se em carros, para os mercados da Ci- dade Nova, cessando inteiramente o abuso dos agougues nas ruas, o que 6 contrario ao asseio, que se deve observar em uma cidade bem policiada. Sei que a lima. Camara, adotando o meu pen- samento, tratou imediatamente de fazer a aquisi¢&o de um terreno, no logar por mim indicado, mas a execugao do projeto, por mim oferecido, tem sido demorada, por motivos que estao fora do meu al- cance. Entretanto, fizeram-se dltimamente algu- mas reparagdes no matadouro de Santa Luzia, segundo ordens, que me foram dadas pelo Exm? Vereador Getilio. Cemitérios Continua entre nés 9 uso das sepulturas no centro das igrejas, uso lamentavel, filho de anti- gos preconceitos, ao qual porém deve a civilizagao por um térmo salutar, estabelecendo cemitérios nas Circunvizinhangas da cidade. Podem ser de um as- pecto simples, conservando todavia o cardter mo- humental. Convenientes recintos, com uma capela de sufrégios, dexando-se cada um a liberdade de levantar monumentos & meméria das pessoas, que Ihe foram caras, tal deve ser 0 Ultimo asilo das ge- rag6es que findam. Arborizago Na série de melhoramentos materiais, que se introduzissem diariamente nesta cidade, debaixo dos auspicios da Ima. Camara Municipal, deve- mos considerar a arborizago, ndo somente como ‘objeto ornamental, mas também como um pode- foso meio de purificar a atmosfera. Mas, para chegar-se a um resultado feliz neste género de ope- rages, 6 preciso o preenchimento de uma condi¢30 essencial — 0 exame do terreno, que tem de re- ceber a planta. O solo desta cidade é composto de diferentes camadas de matérias heterogéneas, sobrepostas ao terreno natural, onde as 4guas ma- ritimas fizeram larga moradia, como 0 provam mui- tos testemunhos o que os torna, igualmente impréprios de uma vegetagao forte. E pois neces- sério, nos logares em que tém de plantar drvores, fazerem-se espagosas excavagées, e enché-las de terra vegetal, apropriada as arvores, que se preten- dem cultivar, havendo o cuidado de as regar dia- riamente, até que tomem suficiente corpo. Teremos, assim, um arvoredo frondoso, e no en- guicado, como o que se apresenta em algumas das nossas pragas. Despejos publicos A falta desta providéncia, torna as praias e outros logares da cidade de um desasseio e de uma indecéncia, que cumpre evitar, por meio de alguma medida, que se possa aplicar a todos os pontos mesmos centrais da cidade, como acontece nas mais civilizadas da Europa. Chegou-se a organizar entre nés uma companhia com éste fim; mas eram seus aparelhos imperfeitissimos, de que resultou no continuar em suas operagées. Existe uma pro- posta de um empresério, que se encarrega de fa- zer 0 despejo no meio da bahia, na ocasido de refluxo, em uma barca de sua invengao. PARTE SEGUNDA AFORMOSEAMENTO DA CIDADE E SEU TERMO, — COMODO DOS HABITANTES Vias piblicas de comunicagao 0 Rio de Janeiro participa de muitos dos de- feitos, que $40 ordindrios nas cidades edificadas sem plano. € um déles a estreiteza das ruas, algu- mas das quais tem apenas trinta palmos de largura, que muito dificulta o transito, em ocasiées de con- corréncia. Conviria pois destruir-se esta imper- feig0, como jé foi indicado pelo Exm? Tenente General Andréia, comandante do Imperial Corpo de Engenheiros, aproveitando-se também o ensejo para dar-se & cidade uma forma mais regular, as Aguas um esgote mais pronto, e aos habitantes uma residéncia mais cOmoda, aprazivel e sadia, Neste sentido, poder-se-iam adotar as seguintes medidas: 11) Que as ruas sejam de 8 bragas de largo, esquinadas de maneira que em cada cruzamento se forme um pequeno largo. 2!) Que cada quarteirSo tenha 30 bragas de extensio. 3°) Que, para esgote de dguas, se forme o pedo na praga da Aclamacio, estabelecendo-se de- clivio para um e outro lado da mesma praca. 4°) Que cada casa tenha, pelo menos, 6 bra- as de frente, com mais de um andar, distribuldas interiormente em relago ao nosso clima e costu- mes peculiares; que, em logar de serem retalha- das, tenham sotéias; que se estabelecam, na parte superior do edificio, canos de metal, com condu- tos até a altura da calgada, por onde as 4guas che- 13 REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA guem as sarjetas, sem produzirem incémodo das goteiras, medida que jé propus, e que se deveria Por, desde j4, em execugdo; (b) que todas as ca- sas tenham espagosos quintais, para plantagao de arvoredo, separados dos da rua correspondente pe- los fundos, por um beco mais particularmente des- tinado & passagem de carrogas, escravos, quintadeiras & c., ficando assim cada prédio com duas entradas opostas entre 5) Que se distribua gua potdvel, por todas as casas, encanando-se competentemente as da Carioca e Maracana. 6!) Finalmente que, além das pracas neces- sérias para 0 mercado, se reserve uma principal, ‘onde se reinam os edificios de todas as reparticoes publicas, que no exigirem uma localidade priva- tiva. Quando mesmo nos n&o coubesse a satis- faco de vermos completa esta revolugao, durante © periodo de nossa existéncia, restar-nos-ia sem- pre a esperanca de legarmos aos nossos descen- dentes um grande exemplo de dedicagao, que poderia servir de balisa a mais érduos empreende- dores. A muitos parecer4, talvez enexequivel éste plano colossal; mas t6das as dificuldades desapa- Facem, quando se tomam medidas para as evitar; @ a execugao de um projeto desta ordem, em que a administrago publica se deve interessar, a n3o ser empreendida pelo govérno, deve ser o apand- gio de uma companhia composta de todos os pro- Prietérios, com um niimero de agées proporcional a valor material de suas casas, além das somas com que quiserem livremente entrar éles, ou outra qual- quer classe de capitalistas. ‘Segundo os esclareciementos, que me foram obsequiosamente prestados pelo Sr. Tomé Maia da Fonseca Silva, administrador da recebedoria do municipio, hé hoje no Rio de Janeiro 4.363 sobra- dos, e 9.742 casas térreas, importando tudo, com Pouca diferenca em 72.000:000$000 de réis. N3o admito certamente a necessidade de reedificar toda a cidade, sendo a parte que existe da praga da Acla- macio para baixo, e que é realmente a mais defei- tuosa. Neste espaco, existem 5.657 casas, entre sobrados e térreas, que ocupam de frente cérca de 16.971 bragas. Feita a aquisicao déstes prédios, garantindo-se @ cada acionista’o rendimento que Se entender justo, de maneira que nao sofram pre- julzo 0s proprietérios, que vivem de aluguel de suas casas, nem tao pouco a companhia, pela conti- nuagdo da residéncia désses proprietérios em ca- sas sujeitas & emprésa, deve-se delinear sobre a carta topografica a proje¢do horizontal da nova ci- dade, antes de se encetarem os trabalhos arquité- ticos, que devergo principiar, quanto possivel fr, nos logares em que os edificios a demolir so de menos valor. Nao me encarrego aqui de apresentar um or- Gamento de receita e despesa, pelo qual se possa, 2 companhia guiar em suas operac6es financeiras. Este trabalho, que deve ser o resultado de um es- tudo mui rigoroso sobre todos os diferentes casos, que se podem oferecer, no me pertence; porque aisso se opde minhas didrias ocupagées. Direi, tao sémente, que uma companhia semelhante n3o pode perder. Além de Ihe ficarem pertencendo to- dos 0s materiais aproveitaveis, que resultarem das 14 JAN — Dez/92 demoligées, a nag3o a deve auxiliar isentando-a de qualquer impésto, e cedendo em seu beneficio, du- rante um determinado tempo, um certo nimero de loterias (ficando entretando suspensa a extragdo das que estao concedidas e outros estabelecimen- tos) € 0 produto da décima urbana, que importa hoje em 388:000$000 com o que, longe de fazer um favor, como parece & primeira vista, contribui Para aumentar seus rendimentos, na razdo da im- portancia, que a edificago adquire. Ela emprega seus fundos em bens de raiz, que sO uma catras- trofe inesperada pode destruir; e uma seguranga desta natureza, convém dizé-lo, Srs., nds a preci- samos, para garantia de nossas fortunas. Nao se Permitiré mais a construgao de casas de braga e meia, sem cémodos, cheias de defeitos; mas quem tiver um pequeno capital, e o quiser empregar em bens de raiz, 0 depositaré na caixa da companhia, € receberd 0 seu juro, no tempo competente, em Proporgao do ntimero de suas a¢des, que girardo na praca em todas as transagSes mercantis. Em logar désses sobrados de trés janelas, que, apesar de seu exorbitante aluguel, acomoda dificilmente uma familia ainda pequena, haverao prédios de dois andares, que podergo conter trés, quatro, ou mais familias, sem reciproco incémodo; e € por habi- tagbes déste género que deve principiar a compa- nhia. (V. artigo hospedarias, no fim do relatério). Desta sorte, Srs., 0 Rio de Janeiro, que, nao obstante a opuléncia do seu comércio € a formo- sura de sua situagao, no nos apresenta seno 0 aspecto da indpia, se converteria em uma cidade magnifica, se os encarregados desta emprésa se pusessem debaixo da influéncia da Academia das Belas Artes Além das vantagens meteriais, que resulta- riam déstes trabalhos, o pais ganharia em melho- ramento moral e industrial. Em verdade, a noticia desta emprésa, e 0 empenho do govérno em a ani- mar invitariam milhares de artistas estrangeiros a Nos trazer suas fabricas, suas oficinas, seus conhe- cimentos, enfim; e isto contribuiria poderosamente ara produzir um incremento notdvel em nossa po- pulagdo, uma revolugao benfazeja, em nossa in- dstria, que se acha em atrazo, por causa dessa tendéncia para 0 fidalguismo, que, a despeito das salutares teorias constitucionais, faz com que as artes mecanicas, e mesmo as liberais, vivam, en- tre nds, como em degrédo; que muitos se eniver- gonham de as professar, preferindo vegetar humildemente & porta de um ministro, & fa de um emprégo puiblico, do que entregar-se a um tra- balho honesto, donde tire os meios de sustentar ‘suas familias, sem responsabilidades vas, sem o perigo das intrigas do dia. ‘Todavia, Ilms. Srs., como a companhia pro- posta ndo se acha organizada, nem tenha eu a pre- tens&o de a organizar, é de meu dever, como diretor das obras municipais, indicar alguns melhoramen- tos, que se podem, desde j4, executar no transito Piblico, o que mui dificil, se ndo impossivel, se tor- naré no futuro, & proporgo que se forem cons- truindo prédios de maior importancia, na direao das ruas existentes, ou nos logares em que outras e devem abrir, a0 que pode a lima. Cémara obstar, por meio de convenientes posturas. As ruas, que se devem prolongar, so: 12) A do Cano até o largo do Pago. Ja apresentei REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA a lima. Camara o orgamento da despesa respectiva 22) A travessa do Ouvidor, de um e outro lado, até as ruas de S. José e Pescadores. 32) A Rua do Senhor dos Passos, até a dos Ouri- ves Miguel Couto 42) A dos Latoeiros, até a das Violas Até Teéfilo Otoni 52) A das Violas, até a da Imperatirz (c) Av. Ma- rechal Floriano 62) A do Sacramento, até a de S. Joaquim. Pereira Passos 72) Ado Nincio, até a da Princesa dos Cajueiros. 8°) A travessa de S. Francisco de Paula, até a.rua do Piolho hoje 6 a Rosdrio Artesdo em frente Bue- nos Aires 9°) As ruas da alfandega senhor dos Passos, Hos- picio e Ciganos, até o mangue da Cidade Nova 102) 0 Beco dos Barbeiros, convenientemente alar- gado, até a Rua dos Latoeiros. 112) A Rua de S.Joaquim, até o largo de Santa Rita, 12°) A Rua de S. Pedro, até Andaral, pondo-se, desde j, os necessdrios marcos, para evitar no- vas construgées na diregao dela 13°) As da Lampadosa e Belas Artes, até a praga da Aciamagao. 142) Ado Carmo, até a do Hospicio; ou, 0 que se reduz a0 mesmo, ada Candelaria até a do Ouvidor. 15°) As do Principe e Princesa dos Cajueiros, até © mangue. O delineamento desta obra se acha feito, e por éle se conhece que estas ruas vao en- contrar 0 aterrado da Rua de So Pedro., 162) A do Principe dos Cajueiros, desde a rua da Imperatriz, até o alto da Concei¢o pelas terras dos herdeiros do falecido Julio José de Oliveira, 172) A de Santa Rosa, até a do Conde. 182) A das Flores, até do Senado. 19°) As do Alcantara e S. Leopoldo, até a praca da Aclamagao. O prolongamento destas ruas vem a coincidir'com o de outras duas que partem da cidade. (n? 9) 202) Arua nova do Livramento, até a praia da Gam- boa. 212) A do morro do Livramento, que se acha in- terceptada por alguns quintais, que se devem des- truir, para restabelecer a comunicagio direta entre os dois extremos dela. 22°) A de Santa Ana até a nova do Livramento, por meio de uma ladeira, & maneira da que existe na continuagao da de S. Lourenco. 232) A da Barreira, até as Marrecas, pelo morro de Santo Antonio. 242) A da Conciliagao, desde o aqueduto de Ma- facana, até o da Carioca. 25°) A do Principe do Catete, até a pedreira da Candelaria. 262) Enfim, 0 beco da Babildnia, até a rua do Andaraf—Grande. Além destas ruas existentes, convém mais abrirem-se: 12) Uma rua, desde a praca da Academia das Bolas Artes, até'a da Constituicao. 2°) Duas ruas, desde a praca da Aclamago, até a rua de Mata-Cavalos. 32) Duas ruas, desde a do Lavradio, até, além da dos Invalidos. 4°) Uma rua, desde a de S. Lourenco, em frente do quartel, até a da Concei¢ao, atravessando as do Costa ¢ da Imperatiz, JAN — DEz/92 5°) Uma rua, desde a travessa do Teatro, até a rua do Piolho. : 6°) Uma rua perpendicular & frente da Imperial Quinta de Sao Cristévdo, até a praia dos Lézaros, encontrando af outra que conduza ao aterrado de §. Pedro, segundo um plano existente. 7°) A continuagao desta rua, até a praia For- mosa: 8®) Uma rua entre a praia dos Lézaros S. Crist6vao, para o que basta fazer a precisa Gavagao no morro, que impede esta comunicagao. 9°) Uma rua, desde a de Bela Vista, até a do Rio Comprido, no encruzameno desta com a do Ca- tumbi, Grande. 10°) Uma rua, desde a do Principe do Catete, até a do Pinheiro. 415) Uma tua, desde a da Pedreira da Gloria, até a praca da Giéria. 122) Uma rua, desde a praia da Gloria, até a ug de Silva Manuel, passando pela chacara de D. isa, 1132) Uma rua, desde 0 Cosme Velho até os canos da Carioca ie 14°) Duas ruas a partir das Laranjeiras: uma ‘que se comunique com a de S. Cristovao; outra coma praia de Botafogo. . 15°) Uma rua, desde o largo das Laranjeiras, até a rua do Botafogo. 16°) Uma rua, desde a de S. Clemente, pelo terreno da arruinada casa n°47, até a de S. Joa- qui. 172) Uma rua, desde a de S, Clemente, pelo terreno da casa n° 69, até a de . Joaquim. 182) E Gitima, outra, e a mais util na freguesia da Lagoa, desde a frente da igreja matriz, que se acha em construcao, até a rua S. Clemente. Ja em 1841, @ requerimento do provedor da irmandade do 8.8. Sacramento, 0 Sr. José Moreira Lira, foi delineada esta rua; mas, por inconcebivel oposi¢éo da parte de um dos proprietérios daqueles terre- nos, ndo se executou éste projeto. Prestando-me as requisigdes do Sr.fiscal Carvalho dos Passos, tomo. a liberdade de indicar esta obra lima Camara, como uma das mais necessérias, poraue ela tende a dar mais realce ao templo de S. Jodo Batista, e a aumentar as comodidades dos habitan- tes da rua de S. Clemente, nos seus exercicios de religido. de Pragas Das nossas pragas a mais notével, por sua ex- tenso, é a da Aclamagao, outrora campo de Santa Ana, Falta-Ihe regularidade, mas isto se Ihe pode- ria dar, estabelecendo-se do lado da Cidade Nova uma linha de sobrados, paralela a frente do museu, com fundos voltados para o ocidente guarnecidos de quintais fechados por gradis. Depois desta praga, outras temos, que conviria ampliar; tais sdo as do rosdrio, que deveria estender-se até a rua do Hospicio, a do Capim, até a rua da Vala; a de S. Domingos, desde a rua da Alfandega, até a de $.Pedro, ou mesmo até a de S40 Joaquim; a de Jogo Batista até a rua dos Ourives; e finalmente, a de Moura, até a rua da Misericdrdia ‘A antiga imunda praia do Valongo acaba de converter-se em uma elegante praca, com a deno- minago de Municipal, depois da construgo do cais da Imperatriz. Tenho também de indicar a formago das seguintes pragas: 12}Uma, demolindo-se as casas compreendi- das no triangulo formado pelas ruas Formosa, do Conde, ¢ do Areal. 2°) Outra demolindo-se as casas do beco do Rio @ largo da Gi6ri 15 REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA 32) Outra, demolindo-se as casas compreen- das na rua do Calabougo, e beco dos Tambores. A Santa Casa da Misericérdia deveria concorrer para éste trabalho, jé pelo realce que dai prov a seu edificio principal, {4 porque motivos higién 0s 0 recomendam. 42) Outra, prolongando-se a rua do Principe dos Cajueiros, até a de S. Diogo. 5°) Outra entre a rua nova é a rua velha de S.Francisco da Prainha, defronte da casa do Sr. José Duarte Galvao, demolindo-se para isto umas barracas de madeiras, que ali existem. , 62) Outra, regularizando-se o largo da Prainha, que se acha obstrufdo, por diferentes barcacas. 7°) Qutra aterrando-se convenientemente a Praia do Saco do Alferes, no lugar em que desem- ea, 2 ua da Unido. 2) Finalmente, outra em frente da Igreja do Sacramento, desde’a rua do mesmo nome, até a de S Jorge.” © publico, justo apreciador dos beneficios, que se Ihe fazem, nao cessa de dirigir seus agradeci- mentos a V.V.S.S. pelos melhoramentos, que Se tem apresentado neste sentido. Além da rua nova das Laranjeiras, aberta nos terrenos do Sr. Velasco, @ da Concilia¢o no Rio Comprido, acaba a lima, Camara Municipal de conseguir a abertura de ou: tras duas, a Municipal ea dos Beneditinos, cruzando-se em angulo reto na antiga horta dos religiosos de S. Bento; a primeira dirige-se do beco dos Cachorros. em continuacao do de Santa Rita, até a rua nova de S. Bento; a outra principal na da Prainha, em procura da dos pescadores, com a qual ainda se no comunica. Em virtude das or- dens, que me foram dadas pelo limo. Vereador Emi- lio Maia, mandei colocar os convenientes marcos, depois de haver em companhia do mesmo Vere- ador e do Sr. Arruador da cidade, procedida ao ne- cesséria delineamento. Uma nova rua, que tem por objeto comunicar entre si as praias ‘de Botafogo @ Susasno, e que muito facilita o transito para a praia Vermelha, se esté a abrir, debaixo da direodo Patridtica do Exmo. Brigadeiro Castro, depois das exploracdes feitas pelo Senhor engenheiro Job Jus- tino de Alc&ntara. Tem-se continuado a fazer o des- ‘Moronamento necessério, para comunicar arua do Senado, com a sua correspondente na Cidade Nova; e ao llmo. Vereador Moura cabe a gloria de ter sido aquéle debaixo de cuja protegaa se efetuou uma abertura bastante larga, para que dela se possa usar facilmente. A rua Principe dos Cajueiros se acha em comunicagao com a da Conceigo, pelos fundos da da Imperatriz. Demarcou-se aria do Bom Jardim, desde o aterrado de S.Pedro, até arua nova do Conde; mas esta de tal sorte obstrulda, por di- ferentes acidentes de terreno, que nao sé presta ainda a0 transito. Algumas ruas hd na cidade que ge podem alargar e retiticar sem grande dispendio. das Laranjeiras, a do Rio Comprido, ea de S Cristévao esto neste caso. Quanto & primeira, posto que a derribagag do Jequitiba, que se achava tangente & propriedade do Exmo. conselheiro Lis- boa, tivesse dado o lugar a se alargar mais 0 transito naquele ponto, sou todavia de parecer que, desprezando-se esta passagem tortuosa, nao obs- tante 0 melhoramento de que ela 6 suscetivel, se estabeleca um caminho reto, por entre a chacara do mesmo conselheiro, guarnecendo-o de uma mu- ralha, que se deve profongar até o Jardim. $30 t a8 vantagens, que dai resultariam ao publico, que eu considero esta obra como uma das mais uteis, que se tem proposto mormente quando se acha tdo bem combinado o interésse geval, com o inte- résse particular. A do Rio Comprido, que se vai dia- riamente tornando mais importante, 6 nimiamente estreita e irregular. Conviria nao demorar 2 ocasigo 16 JAN — Dez/92 de se Ihe fazer algum beneficio. A rua nova do Conde pode ser” proiongada até ‘0 manque, desviando-a na dire¢do que conduz a casa da Cor: reco. A de S. Crist6vao tem sinuosidades, que se poderiam evitar facilmente. Se eu fosse a men- cionar todas as ruas, que precisam de provideéncias tals, teria de fazer a descric3o completa da cidade. Ja se acha ees e melhorada a outros res- peitos a estrada da Lagoa, no alto da acaba, se- gundo o plano por mim apresentado a V.V.S.S. € posto em execucdo pelo Sr. José Antonio de O veira. Nas Laranjeiras esté terminada a muralha pedra séca, de que se encarregara o Sr. Antonio José Ramos, para seguranca da estrada; e se ndo tivesse aparecido, da parte de um dos proprietarios do logar, uma desarrazoada oposic4o ao plano tra- gado, esta obra teria tido certamente um deline- amento mais regular, @ mais conforme a solidez de sua construcao. Dever-se-ia estabelecer uma semelhante muralha em todos os pontos em que 0 rio das Laranieiras toca a rua do mesmo nome: e havendo eu procedido aos necessarios célculos, orco a despesa desta obra, desde a chacara pe- quena da Sra. vidva Roso, ‘até 0 ndvo pontihSo, em 10:5868400, desde a chdcara do Exmo. Con: selheiro Lisboa, até a primeira ponte da Sra.. D. Ana Mendes; e desde o extremo da muralha nova no Areal, até a muralha velha, em 17:16080000; desde a segunda ponte da Sra. D. Ana Mendes, até a Bica da Rainha, em 9:4568000, 0 que tudo importa em 37:2028400 réis. Por informago do Senhor fiscal Simées, consta:me que pesoas da- quele lugar se encarregam desta obra, por um prego inferior a0 do meu orcamento. O Sr. comendador José Bernardino de Sé encarregou-se de nivelar 0 campo de S. Cristovao, fazendo os aterros e desaterros necessérios, para destruir duas lagunas, que ali existem, e cujas exa- lag6es corrompem a atmosfera. Continua 0 atérro ga praca da Aclamagao, das ruas do Bom Jardim, S. Diogo e Santa Ana, estando por ora suspenso 0-de Andarai, e rua do Conciliagao. __A estrada da Lagoa, pouco além do portdo da Bica, se acha arruinada, por causa das 4guas, que, derivando-se da propriedade do Sr. Domingos An- tonio Duarte, atravessam o caminho obliquamente, © que impede muitas vézes 0 transito. E pois ne: cessério mudar-se a diregao da corrente, de ma- neira que corte a estrada no sentido perpendicular. Na do Jardim Boténico, existe um grande lamacal, que se vai convertendo em atoleiro, pelo derrama- mento do rio Cabeca, represado na chacara da Sra. D. Susana Sampaio sobre o que deve haver pronta providéncia. A ladeira do Leme tem grandes exca- vagdes produzidas pelas éguas, o que cumpre re- mediar, a fim de evitar 0 risco a que esto expostos 0s viandantes, mormente de noite. O alto do Pe- dregulho deve ser rebaixado, empregando-se os materiais resultantes para aterrar a mesma rua, junto da de S. Januério, que se acha constante- mente encharcada. A ladeira do Castelo, na direao da rua do Carmo, esta em depioravel estado. O mesmo acontece as do Saco do Allferes, do Barro Wermelho, em Mata Porcos e S.Crit6véo, e em go- ral a todas as ladeiras, que esto por calgar. Na praia Formosa, no lugar denominado Ponta do Bo- {can convém destruirse duas excavarées pro- duzidas pela acdo do mar. (d) Na de Botafog direco da rua de S.Clemente, em frente da Cadela, existem ‘também excavacées causadas pelas 4quas, que desta rua correm a deitarem-se ao mar. Em alguns pontos da praia da Ponta do Caju, seria preciso fazer-se uma muraiha, para seguranca da estrada, que em varios logares 6 mui estreita, como. acontece junto da casa do Sr. Antonio Tavares Guerra, onde tem apenas trés palmos, com um pre= EVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA ipicio mui alto ao lado, 0 que pode ser causa de algum desastre de noite. ‘Ja apresentei a lima. Camara 0 or¢amento da despesa, para se aterrar a estrada do Engenho Novo, junto da Trés Vendas. A do Macaco precisa de atérro, em certos logares, onde se acha arrui- issima. (e) A estrada geral de Santa Cruz, que percorre freguesias do Engenho Velho, Inhaima, Iraja, Campo Grande, e 0 curato de Santa Cruz, donde continua e se ramifica para as provincias do inte- tior, geralmente boa, nao porque se Ihe tenham aplicado todos os recursos da arte; mas sé e Uni- mente porque a natureza do terreno Ihe € favo- Ela se tornaria notavelmente boa, se se Ihe desse dez bracas de largura, guarnecendo-a de va- laterais, para salva-la das inundagées, que mui- tas vézes Se manifestam nas campinas a que fica fadjacente, e ornando-a com arvoredo umbroso e {rutifero do pais, para torné-la aprezivel. Posto que eu ndo seja de parecer que t2o longo camint te- nha uma diregao retilinea, quand mesmo fosse possivel sujeitd-lo a esta regularidade, porque a mo- hotonia neste caso produz uma ilusdo desagrada- Vel ao, viandante, 6 todavia conveniente destruir algumas tortuosidades, que a tornam realmente mais longa. Mas, enquanto se ndo der execucao ‘@ éste, ou melhor plano, é preciso, desde j4, além do que reclamo no artigo pontes, proceder-se a re- prerss. ‘que se nao podem procrastinar, sem pre- julzo’ do comércio interior, sem quebra dos fendimentos nacionais. Pouco adiante da Ponte da Praia-Pequena, existem a vao-se destruir duas la- ‘gunas, que fazendo seu esgote por cima da estrada, $obstruem muitas vézes. No logar da Venda- “Grande, 6 preciso defazer-se os ressaltos, que ali ¥e encontram, com grave incémodo dos conduto- fos de carros, Em frente da fazenda do Viegas, na Cancela de Joao Pereira, deve-a aplainar e alargar § estrada, providencia tambem necesséria no La- Mmardo, onde tem apenas 15 palmos de largo, por tntre barrancos e pedregulhos, que impedem odes. Vio de carros, que se encontram. Em Mundabod ‘existe, no meio da estrada, uma grande pedra, que convém destruir-se. Finalmente, em frente da ola- fig do finado Coelho, 8 a 9 léguas distantes da Corte, é indispensdvel destazer-se uma elevacao, que se torna muitas vézes incémoda aos viandan- tes. Nao posso deixar de mencionar que o Sr. Agos- tinho José Coelho, morador no sitio da Carobé, hlargou toda a sua frente, cedendo ndo pequena ite do seu terreno ao ptiblico, a quem faz des- rte um relevante servico. O caminho, que se dirige da fazenda do Viegas para a estrada do Mato Grosso, percorrendo as fa- zendas dos Coqueiros, Mendanha, Rio da Prata e ‘serra do Ipiranga, é mau a todos os respeitos. Atra- vessa diferentes voltas de rios, que se poderiam ‘evitar e é t8o estreito em certos lugares que ndo dé desvio a dois cavaleiros, que se encontram. Dever-se-ia restituir ao pUblico uma estrada, que do campo de Piracuara se dirige & capela de Nossa Senhora da Conceigao do Rio Grande, pelas torras do Sr. José da Silva Areas, que, segundo 48 informagdes dos habitantes do lugar, a tem obs- truldo, em prejuizo do povo, obrigando-o a um tra- joto de mais de légua e meia, pela privacdo desta @strada, que foi publica, por mais de vinte anos. A estrada geral, que principia no Campinho, & travessando a freguesia de Jacarepagud, segue para a de Guaratiba, com comunicagées para Ma- fambaia, Ilha Grande, Santa Cruz, e outros logares Notdveis, n3o estd em relagao com a importancia JAN — DEZ/92 comercial daqueles distritos. Além dos embaragos, que muitas vézes encontram os viandantes, na pas- sagem de vérios regatos, que por ali serpeam, sObre os quais conviria colocar pontes de madeira, deve-se quebrar e remover grande quantidade de pedra, que dificulta o transito dos carros, com ni- mio incémodo dos habitantes, impossibilitados as- sim de trazer ao mercado o produto de sua industria agricola. E sobretudo, em Baité, testada do Sr. Mar- celino José de Santana, na Vérzea Pequena, fa- zendo dos religiosos de S. Bento, e na testada do Sr. Miguel de Melo, que esta providéncia se torna ainda mais precisa. O mesmo acontece, com pouca diferenga, & estrada da Serra de Inacio Dias, que, tendendo por sua posi¢ao a abreviar muito a via- gem da cidade ao alto da Serra, que domina sobre a frequesia de Jacarepagu, se acha intransitavel, no distrito de Inhauima A estrada da Serra do Aragéo, que segue do Engenho Novo para Jacarepagua, é tao pedregosa e tem sido de tal sorte abandonada, que se acha quase inutilizada. Além das reparagées que precisa a estrada da Tijuca, que segue da freguesia do En- genho Velho para Jacarepagué, convém ser des- Viada da grota do Picapau, onde qualquer tentativa de melhoramento tem de ceder as dificuldades na- turais. Em Muzema, na mesma estrada, ¢ tal a di- posigdo de alguns rochedos, que ali se encontram, que no ha meios de passarem animais carregados. Na serra sobranceira & cascata e varzeas da Tijuca existiu uma estrada que por capricho de um dos proprietérios do logar, no é mais empregada na serviddo publica. E como, por éste abuso, ficam obrigados os moradores das serras de Jacarepagud e do Papa- gaio, a percorrer um terreno mui desigual, até-o alto da Boa Vista, 6 conveniente atender-se as mul- tiplicadas reclamagées, que a tal respeito se fazem constantemente. ‘As estradas, que atravessam a freguesia da Guaratiba, se acham em mau estado, principal- mente as que se comunicam do centro com as po- voagées de Guaratiba e Praia da Pedra. Além dos melhoramentos, que, para um e outra, indico no artigo pontes, convém destruir os ressaltos e ato- leiros, que nelas se encontram. E também essen- cial réparar-se o aterrado da nova estrada, que, a expensa dos habitantes, se féz entre o primeiro e segundo distritos. A estrada da Toca carece de al- ‘guns melhoramentos, cuja emprésa excede as pos- sibilidades dos moradores da circumvinhanga. Seria mui conveniente abrir-se uma nova estrada entre esta freguesia e a de Campo Grande, a qual, par- tindo da fazenda denominada dos Caboclos, fa- zendo do Rio da Prata, e continuando pela baixada da mesma fazenda, vé terminar-se no campo do Viegas, por uma pequena garganta, que divide esta fazenda da do Rio da Prata. Esta estrada, além de poupar aos viandantes um trajeto de mais de trés léguas, tornar4 mais opulenta a freguesia de Gu- aratiba. Na ilha de Paquetd 6 preciso melhorar 0 ca- minho, que segue da Ponte da Ribeira, para a ma- triz, a fim de dar passagem, em maré cheia, 0 que no acontece agora. Obter-se-ia isto facilmente, fazendo uma excavac3o na montana do fundo, ou deitando-se alguma pedra a beira-mar. Convém também obrigar alguns proprietarios daquela ilha 17 REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA, a se recolher em a seus antigos limites, a fim de alargarem os caminhos, que, por causa desta in- vaso, tem, em alguns logares, apenas quatorze palmos. No obstante a pouca, ou nenhuma, im- Portancia comercial desta ilha, 6 ela to interes- sante, pela variedade de suas situagSes, pela salubridade de seus ares, e é tao frequentada por numeroso concurso, em certas épocas do ano, que sigur aten¢do merece da administragao munici- pal. Calgamento O calgamento da cidade carece de um melho- ramento geral, j4 porque muitas ruas existem por calgar, e ja pelo estado de ruina, em que se acham outras. Conviria ensaiar-se algum dos meios, de que em varias partes da Europa se usa, para o que ‘no nos faltariam os necessdrios materiais. A pré- a nos faria, a0 depois, adotar o que mais van- tagens oferecesse. E pelo sistema de Mack-Adam que mandou a lima. Camara calgar o aterrado de S. Pedro, a imitagao do que fizera a companhia de Botafogo, na praia do mesmo nome; e, quanto a mim, déste nos devemos sempre servir, nos luga- res onde é isto possivel, tanto pela simplicidade da obra, e a modicidade do prego, como pela fa- idade de as reparar. Qualquer porém que seja o método que adotemos, deve sempre o cal¢amento estar em relacdo com um sistema de esgote. éste um dos objetos que mais tem ocupado aaten¢do de V.V.S.S. A rua da Satide (outrora praia do Valongo) de intransitavel que era, em ocasiao de chuva, tem-se tornado uma das methores, a pro- oreo que progride o calgamento a cargo de Ma- fuel Luis Rodrigues. Este empresdrio calgou igualmente uma parte da rua da Boa Vista, o largo de Santa Rita, o beco do mesmo nome e o dos Ca- chorros. A cargo do empresério José Quintela, de- baixo da inspe¢3o do limo. Vereador, Pilar, esta © calgamento das ruas da Lapa e Catete, depois de haver concluso o da rua dos Arcos. Principiou- eo da rua de Mata Cavalos, e prossegue o da de Resende, Regente, S. Jorge, Lampadosa, Belas. Artes, praca da Constituigo e rua dos Ciganos. Este ultimo, que principiou debaixo de diregao do lim? Vereador Moura, tem merecido particular atengao da parte da diretoria das obras municipais, Por isso que seu mais interessante objeto é destruir a vala da rua do Regente, dando-se ndvo desvio as 4guas pluviais. Vai-se principiar o calgamento da rua nova de S. Francisco da Prainha, cujos moradores contri- buem com os materiais precisos. J4 apresentei o orgamento da despesa para o do Rocio-pequeno, Tuas do Principe dos Cajueiros, Santana, Detraz dos Quartéis, S. Lourengo, Silva Manuel, Formosa e Ouvidor. E mister também calgar a rua da Unigo, das praias do Saco do Alferes, Gamboa e Formosa, na distancia de trinta palmos, pelo menos, além do alinhamento, como propée e Sr. fiscal Meneses Brasil; as do Saco do Alferes, desde a praia, até um pouco aquém do seu ponto mais elevado; do Bom Jardim, até o principio do mangue; das Fié- res, do Senado, em tdda a sua extensdo de um e Outro lado da Barreira; de S. Diogo, Santa Rosa, So Leopoldo, Alcantara, Principe e Princesa do Catete, Catete, desde 0 canto da rua do Pinheiro, até a 18 Ponte; Pedreira da Candeléria, Pinheiro, Santa Te- reza, becos do Império, dos Carmelitas, travessa do Destérro, rua de S. Clemente, S. Crist6vao, En- genho Velho, Mataporcos, Hospicio, Aljube, Fogo; Senhor dos Passos, e finalmente quase todas 2s ruas da cidade, cujo calgamento se acha deterio- rado. Os trabalhos para limpesa e abobadamento das valas do largo da Carioca deram logar ao cal. gamento da rua de S. José, desde &ste largo até 0 da rua dos Ourives, 0 qual se acha terminado. Aterrou-se a rua Catumbi-Grande junto da casa do Sr. Manuel Gomes de Oliveira Couto, onde se es- tagnavam as Aguas; e esta medida é necesséria em tédas as ruas, que esto por calcar. Pontes Exitem atualmente no municipio 60 pontes pti- blicas, das quais esto dez arruinadas. Menciona-las-ei todas, com a declaragio do es- tado em que se acham, para que a lima, Camara Municipal, a vista déste quadro, possa providen- ciar, como entender conveniente.” Na freguesia da Lagoa 12Ponte da praia de Botafogo, de pedra, em bom estado. 29Ponte s6bre 0 rio Brocé, idem, idem, Rio Ber- quo. 32Ponte sobre uma vala de esgote na rua de Copacabana, idem, idem. 4°Ponte sobre uma vala de esgote, na rua nova de S. Joaquim, idem, idem. 52Ponte s6bre 0 tio Macaco, junto do Jardim Botdnico, de madeira sobre pegdes, em bom es- tado, por ter sido ultimamente reparada Além destas pontes, conviria estabelecer-se outra sdbre o rio Branco, cuja despesa foi orgada em 1:0008000. Sendo mui razodvel éste orca- mento, @ constando-me que o cidadao Neves ‘se encarrega desta obra, parece-me conveniente que a lima, Camara a mande encetar. Outra sobre 0 rio Broc6; e outra de pedra sdbre o rio Macaco, no centro da estrada, em substituic3o 2 de madeira, que ali existe. O Sr. Amaral Vergueiro se presta com serventes, dinheiro e materiais, para a cons- trugao desta ponte, no que o acompanhardo outros proprietérios daquele logar, por gratuita dedicagdo a0 bem publico. Na freguesia da Gléria 62Ponte da Gléria, de pedra, em bom estado. 72Ponte da rua velha de Botafogo, idem, idem 8°Ponte na travessa da rua nova de Botafogo, de pedra, arruinada 9°Ponte do Catete, de pedra, em bom estado. 10°Ponte do Cosme Velho, de pedra, em bom estado. 11° Ponte acima das Aguas Férreas, de ma- deira, em bom estado 12?Ponte dos Moinhos, de madeira, em bom estado. Na freguesia de Sant’Ana 13° Ponte do Aterrado, de madeira, em bom estado. REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA 142Ponte do Catumbi, na rua nova do Conde, de pedra, em bom estado. 15° Ponte dos Coqueiros, rua de Catumbi- -Grande, Ue pedra, em bom estado. Na freguesia do Engenho Velho 162 Ponte do Barroso, rua do Engenho Velho, de pedra, em bom estado. Deve ser alargada. 172) Ponte de Segunda Feira, mesma rua. Pre- cisa de reparago nas cortinas. 182) Ponte da Fabrica das Chitas, rua de An- darai pequeno de pedra, em bom estado. 19°) Ponte dos Trapicheiros, mesma rua, de pedra, idem. 202) Ponte de Pedro Alexandrino, mesma rua, idem, idem. 212) Ponte no caminho da Fabrica das Chitas, idem, idem 22°) Ponte do Portéo Vermetho, rua de Anda- rai Grande, idem idem. 232) Ponte de Mirandela, rua de S.Cristévao, de pedra. Precisam de reparagdo as cortinas. 24°) Ponte do Bastos, mesma rua, de madeira, em bom estado. 252) Ponte das Lavadeiras, mesma rua. Esté inutilizada, e covém demoli-la 26°) Ponte de Ant6nio José Ferreira, mesma rua, de pedra, em bom estado. 272) Ponte de Manuel Caetano Pinto, mesma rua, de pedra. As cortinas precisam de reparagées. 28°) Ponte da Primeira Cancela, mesma rua, de pedra, em bom estado 29°) Ponte do Porto da Coroa, rua do Impe: rador, de pedra. Precisa de pequenas reparagoes. 30°) Ponte dos Lazaros, praia do mesmo nome, de pedra em bom estado. 312) Ponte do Pau-Ferro, praia de S.Cristévao, de madeira, arruinadtssima 32°) Ponte da Joana, rua de D. Janudria, de pedra, por concluir. 33°) Ponte do Pau-d’Alho, mesma rua, de pe- dra, arruinada. 34°) Ponte da Bela Fonte, travessa do Campo Alegre, de pedra, em bom estado '352) Ponte do Malagueta, rua nova do Impe- rador, idem, idem. 36°) Ponte nova do Imperador, mesma rua, idem, idem. 372) Ponte da Margarida, ‘ua de S. Salvador, idem, idem. 38°) Ponte do Maracand, rua de S. Francisco Xavier, idem, idem. 39°) Ponte na mesma rua, de madeira, em bom estado. 40°) Ponte do Macaco, mesma rua, de pedra, em bom estado. 41°) Ponte da Freguesia, mesma rua, idem, idem; é estreita e ingrime, inconveniente que sé deve remediar. 422) Ponte da Babildnia, rua do mesmo nome, idem, idem. Conviria estabelecer-se mais as seguintes pon- tes: na rua do Andaral-Grande, sdbre 0 rio do mesmo nome; na rua de S.Francisco Xavier, sobre © rio dos Cachorros; na rua da Bela Vista, sobre © rio Comprido; na rua do Rio-Comprido sobre o rio de Joao Anténio Damasceno; na rua do Enge- nho Novo sébre 0 rio do mesmo nome JAN — DEZ/92 Na freguesia de Inhaima 432) Ponte da Praia-Grande de Benfica, estrada geral de Santa Cruz, de pedra em bom estado. 44°) Ponte da Praia-Pequena, mesma estrada, de pedra, arruinada. 45°) Ponte de Faria, mesma estrada, de pe- dra, sdbre duas arcadas, étim: Precisam também de duas pontes os logares denominados Manguinho, e rio Faria, na estrada geral da Penha, em substituigdo, as que jé ai hou- veram. Acham-se em adiantamento os trabalhos, para reparagao da ponte da Praia-Pequena, debaixo da superintendéncia do Exm? Vereador Fernandes Viana Na freguesia de Irajé 46°) Ponte da Pavuna, estrada geral da Pavuna, de pedra, arruinada 472) Ponte de Meriti, mesma estrada, de pe- dra, em bom estado. 48°) Ponte dos Carramées, de madeira arrui- nada Na freguesia de Campo-Grande 49°) Ponte de Piracudra, estrada geral de Santa Cruz de madeira, arruinada 50°) Ponte de Bangu, mesma estrada, idem, jem. 512) Ponte do Viegas, mesma estrada, idem, idem. 52°) Ponte do Lamarao, mesma estrada, de pedra, em bom estado. 53°) Ponte da Paciéncia, mesma estrada, de madeira arruinada. As pontes de madeira se acham em estado de ruina, que j4 ndo podem dar passagem, o que é mui contr4rio aos interesses do comércio interior. Para reparé-las, é preciso despender-se, com a de Piracuara 2:018$800; com a do Bangu o mesmo; com a de Viegas o mesmo; com a da Paciéncia 3:518$800, além de um grande atérro na parte da estrada, que Ihe fica préxima. No curato de Santa-Cruz 542) Ponte de Ité, estrada geral de Santa Cruz, de madeira, em bom estado. 553 Ponte do Guandu-Mirim, mesma estrada, de madeira, em bom estado. 56°) Ponte de S. Francisco, mesma estrada, de madeira, em bom estado. 57°) Ponte de S.Agostinho, mesma estrada, de madeira, em bom estado. 58°) Ponte no aterrado de Santa-Cruz de ma- deira, em bom estado. Pésto que, em geral, estejam em bom estado estas pontes, contudo, precisam de pequenas re- paragées, a que se julga obrigado o superintendente da mesma fazenda Na freguesia de Guaratiba Nenhuma ponte publica hé nesta freguesia, convindo alias estabelecer-se trés, na estrada da 19 [REVISTA MUNICIPAL DE ENGENHARIA Pedra; uma na estrada da Barra, no lugar em que a maré no seu fluxo, impede o transito. Outra s- bre o rio Piraqué, que atravessa a nova estrada, entre 0 12e 2°distritos, e que nega inteiramente Passagem, com grande incémodo de todos. Outro no rio da Varsea Grande, limite desta freguesia, com a de Jacarépagud. Outra no rio das Ongas. Na freguesia de Jacarepagud 59°) Ponte sObre o rio Taquara, de pedra, em bom estado. 60°) Ponte sobre o rio Pavuna-Grande, de ma- deira, em bom estado, devendo contudo ser pin- tada’ a dleo, para maior duragao. Cais Um cais que abrangesse t6das as praias desta cidade, 4 excego dos lugares destinados para es- taleiros, seria uma emprésa interessantissima a muitos respeitos. Dever-se-ia encetar esta obra em um dos pontos mais notdveis da praia, e continud- -la, enquanto houvessem fundos disponiveis. Com © andar dos tempos, teriamos um magnifico cais geral, em substituigo aos que existem. O da praia dos Mineiros 6 construldo com regularidade e so- lidez bastante. O de S.Crist6vao é suficiente para ‘0 servigo que alf tem de prestar. O do Saco do Al- feres esté completamente arruinado. O mesmo acontece ao do largo do Pago, na falta do qual serve 0 de Pharoux. Em tdda a frente compreendida en- tre 0 arsenal de guerra e o da marinha, dever-se-ia estabelecer um cais; mas como esta obra absor- veria somas imensas, sou de parecer que por ora 86 se construam, como partes de um sistema ge- ral, pequenos cais nas praias de Moura, D. Manuel, largo do Pago, e Peixe, em frente do Mercado, onde reina a mais completa falta de asseio. cais da Imperatiz, cuja construgo foi con- fiada a0 Senhor administrador das obras. Joaquim José de Melo, debaixo da inspegao do lim? Vere- ador Ferreira, se acha terminado; e quando outras. obras se nao tivessem feito, durante atual ad- ministrag3o municipal, esta bastaria para atestar ‘© quanto se interessam V.V.S.S. no bem publico. Na distribuigo dos terrenos de marinha, dever- -se-ia aforar cada braga de frente, pelo prego por- que se orcasse igual porco de cais, ou obrigar-se cada proprietério a fazer esta obra, na frente de seus prédios, segundo o plano, que se adotasse. No Valongo, convém permitir-se o atérro da praia até 0 alinhamento e ao nivel do novo cais, obrigando-se porém cada proprietério a nao edi car, sen&o na distancia de 60 palmos, aquém do limite exterior do cais, ficando todo éste espaco destinado para transito publico. Pragas de mercado A primeira praga de mercado, que se construiu nesta corte. e que, apesar de seus defeitos arqui- téticos, enfeita a antiga praia do Peixe, basta para nos convencer da utilidade de semelhantes esta- belecimentos. Além de rendosas (f), impedem que @sse crescido nimero de quitandeiros obstruam as praias, ruas e pracas publicas. Convém que outras se fixem em diferentes lugares, como 0 exige a co- 20 modidade publica. A que mandei construir na rua Formosa, segundo as instrugdes, que me foram da- das pelo lim?Vereador Ezequiel, se acha em grande adiantamento. J apresentei o projeto de outra no largo da Mae do Bispo, exclusivamente destinada para a venda de carnes verdes; e outra e vai es- tabelecer na rua do Principe dos Cajueiros, junto do morro da Conceigao. Hospedarias Ainda que o Rio de Janeiro ofereca, pela opu- lencia do seu comércio, todos os recursos, que po- dem tornar cémoda a existéncia de seus habitantes, faltam-Ihe, contudo, notaveis melhora- mentos, a certos respeitos. Além de sua crescida populagao, aflui a esta idade grande numero de estrangeiros e de provin- Ciais, atraidos uns pelo comércio, outros pela pre- senga da cérte, dos tribunais supremos e das escolas cientificas. Tudo isto dificulta a aquisicso de casas, cujo aluguel, tornando-se de um preco exorbitante, desvia muita gente de habitar entre 6s, por ndo ser a todos possivel pagar um pesado tributo a ésses hotéis estabelecidos por especula- dores, que, aproveitando-se das circunstancias di- ficeis de ‘seus héspedes, os obrigam a uma extraordindria despesa. Convicto pois de que ésté nos interésses da lima. Camara Municipal favorecer o incremento da Populacéo, facilitando aos que chegam & nossa terra t6das as comodidades, que a podem tornar agradével, proponho a construgaio de um edificio com um ou mais andares, formando uma praca terior, € cujas lojas servirio de mercado, com lu- gares proprios para cavalarigas e cosinhas, reservando-se para habita¢do os outros pavimen- tos, convenientemente distribuidos. A estampa, que ja tive a honra de apresentar a V.V.S.S., 6 4 proje¢ao horizontal déste edificio, contendo 160 quartos. Supondo, no caso o mais favordvel para 05 locatérios, que cada quarto se alugue por 108 mensais, o botequim por 308, a cosinha e mais aco- modagdes para casa de pasto, por 508, a cavala- riga, por 508, e os repartimentos das lojas, em geral, por 1:5008, tudo isto montaré no més em 3:2308, no ano em 38: 7608, e no fim de dez anos ‘em 387:6008, ora quando mesmo, por um orca- mento exagerado, importasse o edificio em 200:0008, ¢ 0 custeio anual em 2:7608, bastariam 08 lucros de pouco mais de cinco anos, para cobrir tOdas as despesas, rendendo o capital ai empre- gado 18% de jur Uma companhia, ou um particular, que to- masse sObre si esta emprésa, seguraria sua fortuna; porém so meus desejos que a lima. Camara dela se encarregue, porque além da satisfacao que sem- pre acompanha aos que introduzem um melhora- mento em qualquer objeto, seus cofres muito ganhar8o com o rendimento seguro proveniente desta emprésa; e esta Ultima consideracSo deve ser de muito p8so, para uma administrago que tem a seu cargo tantas obras consagradas ao bem es- tar do cidadao. Diretoria das obras municipais, em 20 de se- tembro de 1843.

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