Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Apostila de
Eletromagnetismo
Uberlândia
2018
Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Engenharia Elétrica
Eletromagnetismo
SUMÁRIO GERAL
* Apostila versão 2019-1, com modificações feitas pela professora Andréia Crico dos Santos.
2
1 – ANÁLISE VETORIAL
Uma grandeza vetorial tem magnitude, direção e sentido no espaço. Exemplo de grandezas
vetoriais: força, velocidade, aceleração, densidade de fluxo elétrico, etc.
Um campo também pode ser definido como escalar ou vetorial. Um exemplo de campo escalar
é a temperatura em uma tigela de sopa, por outro lado, temos que o campo gravitacional e o
magnético são exemplos de campos vetoriais.
A regra para a subtração de vetores decorre facilmente da regra para a adição, pois sempre
podemos expressa 𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ como 𝐴⃗ + (−𝐵
⃗⃗); o sinal, ou sentido, do segundo vetor é invertido, e este
vetor é somado ao primeiro pela regra da adição vetorial.
Vetores podem ser multiplicados por escalares. O módulo do vetor se modifica, mas sua
direção e sentido não, quando o escalar é positivo, embora ele inverta de sentido quando multiplicado
por um escalar negativo. A multiplicação de um vetor por um escalar também obedece as propriedades
associativa e distributiva da álgebra, então
(𝑟 + 𝑠)(𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗) = 𝑟(𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗) + 𝑠(𝐴⃗ + 𝐵
⃗⃗)
= 𝑟𝐴⃗ + 𝑟𝐵
⃗⃗ + 𝑠𝐴⃗ + 𝑠𝐵
⃗⃗
Já a operação de multiplicação de um vetor por outro vetor será discutida mais adiante, ainda
neste capítulo.
Na figura a seguir (a) tem-se um sistema de coordenadas cartesianas do tipo triedro direito,
em que se usando a mão direita, então o polegar, o indicador e o dedo médio podem ser identificados,
respectivamente, como os eixos x, y e z. Nesta mesma figura podemos identificar os planos x = 0, y = 0
e z = 0.
Podemos, conforme a figura (c) acima, deslocar um ponto 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧) levemente para um ponto
𝑃′(𝑥 + 𝑑𝑥, 𝑦 + 𝑑𝑦, 𝑧 + 𝑑𝑧) adicionando-se diferenciais de comprimento. Os dois pontos P e P' formam
6 planos, conforme já falado, os quais definem um paralelepípedo retângulo cujo o diferencial de
volume é 𝑑𝑣 = 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑧; as superfícies possuem áreas diferenciais dS de 𝑑𝑥 𝑑𝑦, 𝑑𝑦 𝑑𝑧 e 𝑑𝑧 𝑑𝑥. E
finalmente, a distância dL de P a P' é a diagonal do paralelepípedo e possui um comprimento diferencial
√𝑑𝑥 2 + 𝑑𝑦 2 + 𝑑𝑧 2 .
Contudo, o uso das componentes vetoriais da forma que foram apresentadas não é
comumente empregado. A figura (b) anterior apresenta os vetores unitários fundamentais 𝑎̂𝑥 , 𝑎̂𝑦 e 𝑎̂𝑧
representativos dos eixos cartesianos x, y e z, respectivamente. Considerando um vetor 𝑟⃗ apontando
da origem ao ponto 𝑃(1,2,3), o mesmo pode ser escrito tendo por base os vetores unitários dos eixos
cartesianos: 𝑟⃗𝑃 = 𝑎̂𝑥 + 2𝑎̂𝑦 + 3𝑎̂𝑧 . Considerando-se um vetor 𝑟⃗ apontando da origem ao ponto
𝑄(2, −2,1), tem-se 𝑟⃗𝑄 = 2𝑎̂𝑥 − 2𝑎̂𝑦 + 𝑎̂𝑧 . Um vetor 𝑅⃗⃗𝑃𝑄 de origem no ponto 𝑃(1,2,3) e apontando
para 𝑄(2, −2,1) seria:
Cada um dos três sistemas de coordenadas a serem discutidos tem seus três vetores unitários
fundamentais e mutuamente independentes que são usados para analisar qualquer vetor em suas
componentes vetoriais.
Os vetores unitários não são limitados a esta aplicação, todo vetor tem seu vetor unitário que
é facilmente encontrado dividindo o vetor por seu módulo. Então o vetor unitário de 𝐵 ⃗⃗ é
⃗⃗
𝐵 ⃗⃗
𝐵
𝑎̂𝐵 = =
⃗⃗|
|𝐵
√𝐵𝑥2 + 𝐵𝑦2 + 𝐵𝑧2
A notação empregada para todo vetor unitário neste curso será o acento circunflexo sobre a
letra do vetor, já no livro usa-se tão somente a letra “a” para identificar o mesmo.
Vale ainda ressaltar, que o vetor 𝑟⃗ apresentado, o qual liga a origem do sistema a um ponto P
qualquer, é comumente chamado de vetor posição.
Em geral para o campo vetorial, o módulo e a direção da função irão variar à medida que nos
movemos através da região, e o valor da função vetorial deve ser determinado utilizando-se os valores
das coordenadas do ponto em questão. Já o campo escalar terá apenas o módulo variando. E como
consideramos apenas o sistema de coordenadas cartesianas, devemos esperar que o campo vetorial
ou escalar seja função das variáveis x, y e z.
Se novamente representarmos o vetor posição por 𝑟⃗, então o campo vetorial 𝐺⃗ pode ser
expresso, em notação funcional, como 𝐺⃗ (𝑟⃗); enquanto o campo escalar T é escrito como 𝑇(𝑟⃗),
havendo, neste caso, variação apenas do módulo da função.
𝐴⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = |𝐴⃗||𝐵
⃗⃗| 𝑐𝑜𝑠𝜃𝐴𝐵
Percebe-se, que um ponto aparece entre os dois vetores. O mesmo deve ser forte para dar
mais ênfase, lê-se “A escalar B”. O produto escalar tem como resultado um escalar, como o próprio
nome indica, e obedece à propriedade comutativa, pois o sinal do ângulo não afeta o termo cosseno,
ou seja,
𝐴⃗ ∙ 𝐵 ⃗⃗ ∙ 𝐴⃗
⃗⃗ = 𝐵
Um resultado mais útil é obtido considerando-se dois vetores cujas componentes cartesianas
são dadas por 𝐴⃗ = 𝐴𝑥 𝑎̂𝑥 + 𝐴𝑦 𝑎̂𝑦 + 𝐴𝑧 𝑎̂𝑧 e 𝐵
⃗⃗ = 𝐵𝑥 𝑎̂𝑥 + 𝐵𝑦 𝑎̂𝑦 + 𝐵𝑧 𝑎̂𝑧 . O produto escalar também
obedece à propriedade distributiva, portanto, 𝐴⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ fornece uma soma de nove termos escalares, cada
um envolvendo o produto escalar de dois vetores unitários. Então,
𝐴⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑥 𝑎̂𝑥 + 𝐴𝑦 𝑎̂𝑦 + 𝐴𝑧 𝑎̂𝑧 ) ∙ (𝐵𝑥 𝑎̂𝑥 + 𝐵𝑦 𝑎̂𝑦 + 𝐵𝑧 𝑎̂𝑧 )
= 𝐴𝑥 𝐵𝑥 (𝑎̂𝑥 ∙ 𝑎̂𝑥 ) + 𝐴𝑥 𝐵𝑦 (𝑎̂𝑥 ∙ 𝑎̂𝑦 ) + 𝐴𝑥 𝐵𝑧 (𝑎̂𝑥 ∙ 𝑎̂𝑧 )
+ 𝐴𝑦 𝐵𝑥 (𝑎̂𝑦 ∙ 𝑎̂𝑥 ) + 𝐴𝑦 𝐵𝑦 (𝑎̂𝑦 ∙ 𝑎̂𝑦 ) + 𝐴𝑦 𝐵𝑧 (𝑎̂𝑦 ∙ 𝑎̂𝑧 )
+ 𝐴𝑧 𝐵𝑥 (𝑎̂𝑧 ∙ 𝑎̂𝑥 ) + 𝐴𝑧 𝐵𝑦 (𝑎̂𝑧 ∙ 𝑎̂𝑦 ) + 𝐴𝑧 𝐵𝑧 (𝑎̂𝑧 ∙ 𝑎̂𝑧 )
como o ângulo entre dois vetores unitários diferentes no sistema de coordenadas cartesianas é 90°,
temos
𝑎̂𝑥 ∙ 𝑎̂𝑦 = 𝑎̂𝑥 ∙ 𝑎̂𝑧 = 𝑎̂𝑦 ∙ 𝑎̂𝑥 = 𝑎̂𝑦 ∙ 𝑎̂𝑧 = 𝑎̂𝑧 ∙ 𝑎̂𝑥 = 𝑎̂𝑧 ∙ 𝑎̂𝑦 = 0
Os três termos restantes envolvem o produto escalar de um vetor unitário por ele mesmo, o
que é igual à unidade, finalmente obtendo-se:
𝐴⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = 𝐴𝑥 𝐵𝑥 + 𝐴𝑦 𝐵𝑦 + 𝐴𝑧 𝐵𝑧
2
𝐴⃗ ∙ 𝐴⃗ = |𝐴⃗| = 𝐴2
e o produto escalar de qualquer vetor unitário por ele mesmo é igual à unidade, ou seja, 𝑎̂𝐴 ∙ 𝑎̂𝐴 = 1.
⃗⃗ ∙ 𝑎̂ = |𝐵
𝐵 ⃗⃗||𝑎̂|𝑐𝑜𝑠𝜃𝐵𝑎 = |𝐵
⃗⃗|𝑐𝑜𝑠𝜃𝐵𝑎
⃗⃗ ∙ 𝑎̂ é a projeção do vetor 𝐵
Neste caso é usado o termo projeção. Assim, 𝐵 ⃗⃗ na direção 𝑎̂,
conforme pode ser observado na figura a seguir.
O produto vetorial 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ é um vetor; o módulo de 𝐴⃗ × 𝐵 ⃗⃗ é igual ao produto dos módulos de
𝐴⃗, 𝐵
⃗⃗ e o seno do menor ângulo entre 𝐴⃗ e 𝐵⃗⃗; a direção de 𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ é perpendicular ao plano que contém 9
𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ e está ao longo de duas possíveis perpendiculares, todavia escolhe-se aquela que está no sentido
do avanço de um parafuso direito à medida que 𝐴⃗ é girado para 𝐵 ⃗⃗, conforme figura a seguir.
Outra forma de determinar o sentido do vetor 𝑎̂𝑁 é por meio da regra da mão direita. Sendo
esta regra de mais fácil análise.
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = 𝑎̂𝑁 |𝐴⃗||𝐵
⃗⃗| 𝑠𝑒𝑛𝜃𝐴𝐵
Se a definição de produto vetorial é aplicada aos vetores unitários 𝑎̂𝑥 e 𝑎̂𝑦 , encontramos
𝑎̂𝑥 × 𝑎̂𝑦 = 𝑎̂𝑧 , onde cada vetor possui módulo unitário, os dois vetores são perpendiculares e a rotação
de 𝑎̂𝑥 para 𝑎̂𝑦 indica a direção positiva de z pela definição do sistema de coordenadas do tipo triedro
direito. De maneira semelhante, 𝑎̂𝑦 × 𝑎̂𝑧 = 𝑎̂𝑥 e 𝑎̂𝑧 × 𝑎̂𝑥 = 𝑎̂𝑦 .
O cálculo do produto vetorial por meio de sua definição exige mais trabalho do que o cálculo
do produto escalar, porém este trabalho pode ser evitado usando-se as componentes cartesianas para
os dois vetores 𝐴⃗ e 𝐵
⃗⃗ e expandindo-se o produto vetorial como a soma de nove produtos vetoriais,
cada um envolvendo dois vetores unitários.
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑥 𝑎̂𝑥 + 𝐴𝑦 𝑎̂𝑦 + 𝐴𝑧 𝑎̂𝑧 ) × (𝐵𝑥 𝑎̂𝑥 + 𝐵𝑦 𝑎̂𝑦 + 𝐵𝑧 𝑎̂𝑧 )
= 𝐴𝑥 𝐵𝑥 (𝑎̂𝑥 × 𝑎̂𝑥 ) + 𝐴𝑥 𝐵𝑦 (𝑎̂𝑥 × 𝑎̂𝑦 ) + 𝐴𝑥 𝐵𝑧 (𝑎̂𝑥 × 𝑎̂𝑧 )
+ 𝐴𝑦 𝐵𝑥 (𝑎̂𝑦 × 𝑎̂𝑥 ) + 𝐴𝑦 𝐵𝑦 (𝑎̂𝑦 × 𝑎̂𝑦 ) + 𝐴𝑦 𝐵𝑧 (𝑎̂𝑦 × 𝑎̂𝑧 )
+ 𝐴𝑧 𝐵𝑥 (𝑎̂𝑧 × 𝑎̂𝑥 ) + 𝐴𝑧 𝐵𝑦 (𝑎̂𝑧 × 𝑎̂𝑦 ) + 𝐴𝑧 𝐵𝑧 (𝑎̂𝑧 × 𝑎̂𝑧 )
Já vimos que 𝑎̂𝑥 × 𝑎̂𝑦 = 𝑎̂𝑧 , 𝑎̂𝑦 × 𝑎̂𝑧 = 𝑎̂𝑥 e 𝑎̂𝑧 × 𝑎̂𝑥 = 𝑎̂𝑦 . Os três termos remanescentes são
iguais a zero, pois o produto vetorial de qualquer vetor por ele mesmo é igual a zero, já que o seno do 10
ângulo envolvido é nulo. Estes resultados podem ser combinados para se obter
𝐴⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (𝐴𝑦 𝐵𝑧 − 𝐴𝑧 𝐵𝑦 )𝑎̂𝑥 + (𝐴𝑧 𝐵𝑥 − 𝐴𝑥 𝐵𝑧 )𝑎̂𝑦 + (𝐴𝑥 𝐵𝑦 − 𝐴𝑦 𝐵𝑥 )𝑎̂𝑧
que pode ser escrita como um determinante, numa forma mais fácil de ser lembrada:
Usando-se o cálculo do produto vetorial por meio desta matriz não há necessidade da
aplicação de qualquer regra adicional para se encontrar o vetor normal, uma vez que o mesmo já será
determinado pela resolução da equação.
No sistema de coordenadas cilíndricas não mais consideraremos os três eixos como nas
coordenada cartesianas, todavia o ponto continua sendo definido pela interseção de três superfícies
mutuamente perpendiculares. Estas superfícies são: uma cilíndrica circular (𝜌 = constante), uma plana
(𝜙 = constante) e uma outra também plana (𝑧 = constante), conforme pode ser visto na figura (a)
abaixo.
11
Os vetores unitários apontam na direção crescente dos valores das coordenadas e são
perpendiculares à superfície na qual esta coordenada é constante, sendo os três vetores especificados
como: 𝑎̂𝜌 , 𝑎̂𝜙 e 𝑎̂𝑧 . A figura (b) anterior mostra estes três vetores.
𝑥 = 𝜌 𝑐𝑜𝑠𝜙
𝑦 = 𝜌 𝑠𝑒𝑛𝜙
𝑧=𝑧
𝜌 = √𝑥 2 + 𝑦 2 (𝜌 > 0)
𝑦
𝜙 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛 (𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑥
𝑧=𝑧
O valor adequado do ângulo 𝜙 é determinado por inspeção dos sinais de x e y, para encontrar
o quadrante do ângulo.
Para determinar qualquer componente de um vetor em uma direção desejada, basta fazer o
produto escalar entre o vetor e o vetor unitário na direção desejada. Assim,
𝐴𝜌 = 𝐴⃗ ⋅ 𝑎̂𝜌
𝐴𝜙 = 𝐴⃗ ⋅ 𝑎̂𝜙
𝐴𝑧 = 𝐴⃗ ⋅ 𝑎̂𝑧
Analisando-se a figura abaixo, podemos identificar o ângulo entre 𝑎̂𝑥 e 𝑎̂𝜌 como sendo 𝜙, e
assim, 𝑎̂𝑥 ⋅ 𝑎̂𝜌 = 𝑐𝑜𝑠𝜙; já o ângulo entre 𝑎̂𝑦 e 𝑎̂𝜌 como sendo 90° − 𝜙 e assim, 𝑎̂𝑦 ⋅ 𝑎̂𝜌 = 𝑠𝑒𝑛𝜙. Os
produtos escalares entre os vetores unitários estão resumidos na tabela abaixo.
13
Vale ressaltar que para a mudança de qualquer vetor de um sistema de coordenada para outro,
é necessário saber o ponto de origem do mesmo, conforme será melhor compreendido a partir da
realização de exercícios práticos.
̂𝒓 , 𝒂
Os três vetores unitários são 𝒂 ̂𝜽 e 𝒂
̂ 𝝓 . Os mesmos encontram-se mutuamente
15
perpendiculares e definem um sistema de coordenadas esféricas do tipo triedro direito, em que,
̂𝒓 × 𝒂
𝒂 ̂𝜽 = 𝒂
̂ 𝝓 . Pela regra da mão direita o polegar, o indicador e o dedo médio indicam,
respectivamente, 𝑟, 𝜃 e ∅, conforme pode ser visualizado na figura (c) acima. Note que a componente
∅, diferentemente do que foi verificado nas coordenadas cilíndricas, é o 3º termo e não o 2º.
𝑥 = 𝑟 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑐𝑜𝑠𝜙
𝑦 = 𝑟 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜙
𝑧 = 𝑟 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 (𝑟 > 0)
√𝑥 2 + 𝑦 2
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛 (0° < 𝜃 < 180°) (𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑧
𝑦
𝜙 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛 (𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑥
A transformação dos vetores requer a determinação dos produtos vetoriais entre os vetores
unitários das coordenadas cartesianas e esféricas. Os produtos são obtidos de maneira análoga ao
exposto para as coordenadas cilíndricas. Os mesmos podem ser observados na tabela a seguir.
𝜌 = 𝑟 𝑠𝑒𝑛𝜃
𝜙=𝜙 16
𝑧 = 𝑟 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑟 = √𝜌2 + 𝑧 2 (𝑟 > 0)
𝜌
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛 (0° < 𝜃 < 180°) (𝑣𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑧
𝜙=𝜙
Com base nos conceitos expostos, os quadros mostrados na página seguinte resumem as
operações associadas à utilização dos três sistemas de coordenadas estudados.
17
18
19
𝑄1 𝑄2
𝐹=𝑘 [𝑁]
𝑅2
Onde k é chamada de constante de Coulomb. Esta equação é aplicada para objetos carregados
cujo tamanho é muito menor que a distância entre estes, ou seja, somente para cargas pontuais.
1
𝑘=
4𝜋𝜀0
onde 𝜀0 é conhecida por constante elétrica ou constante de permissividade do ar, sendo seu valor, no
SI (Sistema Internacional), igual a
1
𝜀0 = 8,85418781762𝑥10−12 = 10−9 𝐶 2 ⁄𝑁. 𝑚2
36𝜋
𝑘 = 8,99𝑥109 𝑁. 𝑚2⁄𝐶 2
𝑄1 𝑄2
𝐹=
4𝜋𝜀0 𝑅2
Para podermos representar o vetor força da lei de Coulomb, precisamos saber se a força que
atua sobre as cargas é de repulsão ou atração. Pois, como é sabido, cargas de mesmos sinais se repelem
e cargas de sinais contrários se atraem. Todavia, neste curso, as equações serão, via de regra,
desenvolvidas de modo a chegarmos a resultados definitivos sem que, para isto, haja a necessidade
de análises complementares, conforme poderemos notar através do equacionamento final a seguir.
20
Na figura acima, temos o vetor 𝑟⃗1 localizando 𝑄1 enquanto 𝑟⃗2 localiza 𝑄2 . Então, o vetor
𝑅⃗⃗12
= 𝑟⃗2 − 𝑟⃗1 representa o segmento de reta orientado de 𝑄1 para 𝑄2 , como mostrado. O vetor 𝐹⃗2 é
a força em 𝑄2 e é mostrado para o caso em que 𝑄1 e 𝑄2 possuem o mesmo sinal. A forma vetorial da
lei de Coulomb será
𝑄1 𝑄2
𝐹⃗2 = 2 𝑎̂12
4𝜋𝜀0 𝑅12
onde 𝑎̂12 é o vetor unitário na mesma direção 𝑅⃗⃗12 . Esta equação pode ser considerada uma equação
genérica, uma vez que a mesma pode ser aplicadas a qualquer tipo interação (atração ou repulsão).
A força expressa pela lei de Coulomb é uma força mútua de ação e reação, já que cada uma
das duas cargas experimenta uma força de mesma intensidade direção, apesar de sentidos opostos.
Assim, a força sobre a carga 1 será:
𝑄1 𝑄2
𝐹⃗1 = −𝐹⃗2 = 2 𝑎̂21
4𝜋𝜀0 𝑅21
𝑄1 𝑄𝑡
𝐹⃗𝑡 = 2 𝑎
̂1𝑡
4𝜋𝜀0 𝑅1𝑡
A intensidade de campo elétrico é definida pela razão da força observada nesta carga teste -
𝐹⃗𝑡 - pela unidade da carga teste - 𝑄𝑡 . Usando a letra maiúscula 𝐸 para a intensidade do campo elétrico, 21
temos
𝐹⃗𝑡 𝑄1
𝐸⃗⃗ = = 2 𝑎̂1𝑡
𝑄𝑡 4𝜋𝜀0 𝑅1𝑡
A intensidade do campo elétrico deve ser medida em unidades de Newton por Coulomb, ou
ainda, volts por metro, conforme será deduzido posteriormente. Dispensando-se os índices, podemos
reescrever a equação anterior como
𝑄
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
4𝜋𝜀0 𝑅 2 𝑅
Relembrando que 𝑅 é a magnitude do vetor 𝑅⃗⃗, segmento de reta orientado do ponto no qual
a carga pontual 𝑄 está localizada ao ponto no qual 𝐸⃗⃗ é desejado, e que 𝑎̂𝑅 é um vetor unitário na
direção de 𝑅⃗⃗.
𝑄
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟
𝑄 𝑥 𝑦 𝑧
𝐸⃗⃗ = ( 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂𝑧 )
4𝜋𝜀0 (𝑥 2 2 2
+ 𝑦 + 𝑧 ) √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2
Então, pode-se notar que o sistema de coordenadas esféricas, devido à simetria do problema
em questão, é o mais adequado para uma representação (quando a carga encontra-se localizada na
origem do sistema).
Se considerarmos a carga deslocada da origem do sistema, o campo não mais possuirá simetria
esférica, e teremos que usar coordenadas cartesianas. Para uma carga 𝑄 localizada no ponto
𝑟⃗ ′ = 𝑥 ′ 𝑎̂𝑥 + 𝑦 ′ 𝑎̂𝑦 + 𝑧 ′ 𝑎̂𝑧 , como mostrada na figura abaixo, encontramos o campo num ponto
genérico 𝑟⃗ = 𝑥𝑎̂𝑥 + 𝑦𝑎̂𝑦 + 𝑧𝑎̂𝑧 , expressando 𝑅⃗⃗ como 𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ , e então
𝑄 𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′
𝐸⃗⃗ (𝑟⃗) =
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ |2 |𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ |
𝑄(𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ )
𝐸⃗⃗ (𝑟⃗) =
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ |3
𝑄1 𝑄2 𝑄𝑛
𝐸⃗⃗ (𝑟⃗) = 𝑎̂1 + 𝑎̂2 + ⋯ + 𝑎̂
′
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗1 |2 ′
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗2 |2 4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑛′ |2 𝑛
Δ𝑄 = 𝜌𝑣 Δ𝑣
A carga total dentro de um volume finito é obtida pela integração através deste volume,
𝑄 = ∭ 𝜌𝑣 𝑑𝑣
𝑣𝑜𝑙.
Caso a carga esteja distribuída ao longo de uma área, teremos uma distribuição superficial de
carga. A mesma é representada por 𝜌𝑆 , que é a densidade superficial de carga com unidade dada em
Coulomb por metro quadrado (C/m2). Então,
𝑄 = ∬ 𝜌𝑆 𝑑𝑆
𝑠𝑢𝑝.
E, por fim, para uma distribuição de cargas ao longo de uma linha, temos a densidade linear
de carga, que é representada por 𝜌𝐿 , cuja a unidade é Coulomb por metro (C/m). Assim,
𝑄 = ∫ 𝜌𝐿 𝑑𝐿
24
𝑑𝑄 = 𝜌𝐿 𝑑𝑧 ′
Assim,
𝑄(𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ )
𝐸⃗⃗ (𝑟⃗) = (para carga pontual)
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ |3
𝜌𝐿 𝑑𝑧 ′ (𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ )
𝑑𝐸⃗⃗ = (para carga incremental numa linha de cargas)
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ |3
onde
𝑟⃗ = 𝑦𝑎̂𝑦 = 𝜌𝑎̂𝜌
𝑟⃗ ′ = 𝑧 ′ 𝑎̂𝑧
𝑟⃗ − 𝑟⃗ ′ = 𝜌𝑎̂𝜌 − 𝑧 ′ 𝑎̂𝑧
Portanto,
𝜌𝐿 𝑑𝑧 ′ (𝜌𝑎̂𝜌 − 𝑧 ′ 𝑎̂𝑧 )
𝑑𝐸⃗⃗ =
4𝜋𝜀0 (𝜌2 + 𝑧 ′2 )3/2
25
De forma genérica:
Pode-se perceber, por meio da figura, que a componente 𝐸𝑧 será nula devido a simetria,
restando tão somente 𝐸𝜌 , então
𝜌𝐿 𝜌 𝑑𝑧 ′
𝑑𝐸𝜌 =
4𝜋𝜀0 (𝜌2 + 𝑧 ′2 )3/2
e
∞
𝜌𝐿 𝜌 𝑑𝑧 ′
𝐸𝜌 = ∫ 2 ′2 3/2
−∞ 4𝜋𝜀0 (𝜌 + 𝑧 )
e
𝜌𝐿
𝐸𝜌 =
2𝜋𝜀0 𝜌
𝜌𝐿
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
2𝜋𝜀0 𝜌 𝜌
Esta é a resposta desejada, mas há outras maneiras de obtê-la. Por outro lado, vale ressaltar
que, caso calculemos a integral de 𝐸𝑧 , encontraremos como resultado, zero, ou seja,
∞
−𝑧 ′ 𝜌𝐿 𝑑𝑧 ′
𝐸𝑧 = ∫ 2 ′2 3/2
=0
−∞ 4𝜋𝜀0 (𝜌 + 𝑧 )
Devemos também examinar o fato de que nem todas as linhas de carga estão localizadas ao
longo do eixo z. Como exemplo, consideremos uma linha de cargas infinita paralela ao eixo z em
𝑥 = 6, 𝑦 = 8, como mostrada na figura abaixo. Desejamos determinar 𝐸⃗⃗ em um ponto genérico
𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧).
26
onde
Portanto,
𝜌𝐿 (𝑥 − 6)𝑎̂𝑥 + (𝑦 − 8)𝑎̂𝑦
𝐸⃗⃗ =
2𝜋𝜀0 (𝑥 − 6)2 + (𝑦 − 8)2
Nota-se, novamente, que o campo não é uma função de z. De forma genérica, para linha de
carga paralela a qualquer eixo do sistema de coordenadas cartesianas, pode-se escrever:
𝜌𝐿
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
2𝜋𝜀0 𝑅 𝑅
𝜌𝐿 = 𝜌𝑆 𝑑𝑦 ′
𝜌𝑆 𝑑𝑦 ′
𝑑𝐸⃗⃗ = 𝑎̂ (para linha de cargas incremental numa lâmina infinita de cargas)
2𝜋𝜀0 𝑅 𝑅
sendo
𝑟⃗ = 𝑥𝑎̂𝑥
𝑟⃗ ′ = 𝑦 ′ 𝑎̂𝑦
Portanto,
𝜌𝑆 𝑑𝑦 ′ (𝑥𝑎̂𝑥 − 𝑦 ′ 𝑎̂𝑦 ) 28
𝑑𝐸⃗⃗ =
2𝜋𝜀0 (𝑥 2 + 𝑦 ′2 )
De forma genérica:
Analisando-se a simetria, tem-se que a componente 𝐸𝑦 será nula, restando tão somente a
componente 𝐸𝑥 . Então
𝜌𝑆 𝑥 𝑑𝑦 ′
𝑑𝐸𝑥 =
2𝜋𝜀0 (𝑥 2 + 𝑦 ′2 )
e
∞
𝜌𝑆 𝑥 𝑑𝑦 ′
𝐸𝑥 = ∫ 2 ′2
−∞ 2𝜋𝜀0 (𝑥 + 𝑦 )
e
𝜌𝑆
𝐸𝑥 =
2𝜀0
Porém, vale ressaltar que, caso calculemos a integral de 𝐸𝑦 , encontraremos zero como
resultado, ou seja,
∞
−𝑦 ′ 𝜌𝑆 𝑑𝑦 ′
𝐸𝑦 = ∫ 2 ′2
=0
−∞ 2𝜋𝜀0 (𝑥 + 𝑦 )
pois o campo está sempre dirigido para fora, no caso de uma superfície positivamente carregada. Esta
dificuldade no sinal é usualmente contornada especificando-se um vetor unitário 𝑎̂𝑁 , o qual é normal
à lâmina e (sempre) direcionado para fora da mesma. Então,
𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
2𝜀0 𝑁
A título de exemplo, se uma segunda lâmina de cargas, tendo uma densidade de carga negativa
−𝜌𝑆 , fosse adicionada no plano localizado em 𝑥 = 𝑎 , poderíamos determinar o campo total
adicionando as contribuições de cada lâmina.
29
Na região 𝑥 > 𝑎,
𝜌𝑆 𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = 𝐸⃗⃗+ + 𝐸⃗⃗− = 𝑎̂𝑥 − 𝑎̂ = 0
2𝜀0 2𝜀0 𝑥
e para 𝑥 < 0,
𝜌𝑆 𝜌𝑆
𝐸⃗⃗ = 𝐸⃗⃗+ + 𝐸⃗⃗− = (−𝑎̂𝑥 ) − (−𝑎̂𝑥 ) = 0
2𝜀0 2𝜀0
as linhas de força começam nas cargas positivas e terminam nas cargas negativas;
a tangente à linha de força passando por qualquer ponto no espaço fornece a direção
do campo elétrico naquele ponto;
a intensidade do campo elétrico em qualquer ponto é proporcional ao número de
linhas por unidade de área transversal perpendicular às mesmas.
Contudo, se tentássemos esboçar o campo de uma carga pontual, a variação do campo para
dentro e para fora da página poderia essencialmente causar dificuldades. Por esta razão, o esboço é
habitualmente limitado a representações bidimensionais, conforme exemplos abaixo.
30
As equações das linhas de força podem ser obtidas por meio da evidente constatação que 31
𝐸𝑦 𝑑𝑦
=
𝐸𝑥 𝑑𝑥
Como ilustração deste método considere o campo de uma linha de cargas uniforme com
distribuição linear 𝜌𝐿 = 2𝜋𝜀0 ,
𝜌𝐿 1
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂𝜌 = 𝑎̂𝜌
2𝜋𝜀0 𝜌 𝜌
Em coordenadas cartesianas,
𝑥 𝑦
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂𝑥 + 2 𝑎̂
𝑥2 +𝑦 2 𝑥 + 𝑦2 𝑦
𝑑𝑦 𝐸𝑦 𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑥
= = 𝑜𝑢 =
𝑑𝑥 𝐸𝑥 𝑥 𝑦 𝑥
Portanto,
𝑙𝑛 𝑦 = 𝑙𝑛 𝑥 + 𝐶 𝑜𝑢 𝑙𝑛 𝑦 = 𝑙𝑛 𝑥 + 𝑙𝑛 𝐶
ou ainda,
𝑦 = 𝐶𝑥
Neste caso, para encontrar a equação matemática de uma linha de força em particular, basta
substituirmos as coordenadas de um ponto pertecente à mesma e calcularmos a contante C acima.
32
Ele concluiu que da esfera interna para a externa havia um certo tipo de “deslocamento” que
era independente do meio, e agora nos referimos a este “deslocamento” ou fluxo como fluxo elétrico.
O mesmo será representado por 𝛹 (psi) e dado, conforme experimento, por
𝛹=𝑄
O fluxo elétrico é então medido em Coulomb. Podemos observar, por meio da figura anterior,
que as trajetórias do fluxo elétrico se estendem da esfera interna para a externa e são indicadas por
linhas de força simetricamente distribuídas, desenhadas de uma esfera a outra.
A densidade de fluxo elétrico é a razão entre o fluxo elétrico e a área da superfície que o
⃗⃗. A direção de 𝐷
mesmo cruza. Trata-se de uma grandeza vetorial e é representada pela letra 𝐷 ⃗⃗ em um
ponto é a direção das linhas de fluxo naquele ponto, e sua magnitude é dada pelo número de linhas
⃗⃗ é,
de fluxo que cruzam a superfície normal a elas dividido pela área da superfície. A unidade de 𝐷 33
naturalmente, Coulomb por metro quadrado (algumas vezes descrita como “linhas por metro
quadrado”, pois cada linha está relacionada à quantidade de carga).
Novamente, nos referindo à figura anterior, a densidade de fluxo elétrico está na direção radial
e tem um valor de
𝑄
⃗⃗ |
𝐷 = 𝑎̂ (𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎)
𝑟=𝑎 4𝜋𝑎2 𝑟
𝑄
⃗⃗ |
𝐷 = 𝑎̂ (𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎)
𝑟=𝑏 4𝜋𝑏 2 𝑟
𝑄
⃗⃗ =
𝐷 𝑎̂
4𝜋𝑟 2 𝑟
Se substituíssemos a esfera interna por uma carga pontual carregada com a mesma carga 𝑄, a
densidade de fluxo elétrico no ponto distando 𝑟 metros desta carga pontual ainda é dada pela equação
anterior.
Como a intensidade de campo elétrico radial de uma carga pontual no espaço livre é
𝑄
𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟
⃗⃗ = 𝜀0 𝐸⃗⃗
𝐷
Embora esta expressão seja aplicável somente ao vácuo, ela não se restringe somente ao
campo de uma carga pontual, a mesma é verdadeira para qualquer configuração no espaço livre, seja
ela uma distribuição volumétrica, superficial ou linear.
34
⃗⃗𝑆 ∙ 𝛥𝑆⃗
∆𝛹 = 𝐷𝑆 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 𝛥𝑆 = (𝐷𝑆 𝑐𝑜𝑠𝜃) 𝛥𝑆 = 𝐷
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗
𝛹 = ∮𝐷 (𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑑𝑎)
𝑆
Esta integral resultante é uma integral de superfície fechada, ou seja, é uma integral dupla da
superfície total. Tal superfície é freqüentemente chamada de superfície gaussiana. Temos, então, a
formulação matemática de Gauss, que afirma
A carga envolvida pode ser um conjunto de várias cargas pontuais, ou uma linha de cargas, ou
uma superfície de cargas, ou ainda, uma distribuição volumétrica de cargas. Como a equação da
distribuição volumétrica é uma generalização das outras expressões, podemos escrever a Lei de Gauss
em termos desta
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ 𝜌𝑣 𝑑𝑣
∮𝐷
𝑆 𝑣𝑜𝑙
uma afirmativa matemática significando simplesmente que o fluxo elétrico total através de qualquer
superfície fechada é igual à carga envolvida.
𝑄
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮ (𝜀0 𝐸⃗⃗ ) ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮ (𝜀0
∮𝐷 𝑎̂ ) ∙ 𝑑𝑆⃗ =
𝑆 𝑆 𝑆 4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟
𝑄 𝑄 𝑄 𝑄
=∮( 2
𝑎̂𝑟 ) ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮ 2
𝑑𝑆 = 2
∮ 𝑑𝑆 = 2
4𝜋𝑟 2 = 𝑄
𝑆 4𝜋𝑟 𝑆 4𝜋𝑟 4𝜋𝑟 𝑆 4𝜋𝑟
e obtém um resultado que mostra que 𝑄 Coulomb de fluxo elétrico está atravessando a superfície,
como deveria ser, já que a carga envolvida é de 𝑄 Coulomb. A figura abaixo ilustra o fato de que os
⃗⃗𝑆 e 𝑑𝑆⃗, neste exemplo, estão sempre na mesma direção
vetores 𝐷
𝜙=2𝜋 𝜃=𝜋
𝑆𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 = ∫ ∫ 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝜙 = 4𝜋𝑟 2
𝜙=0 𝜃=0
contudo, por ser a área de uma superfície esférica uma equação conhecida, não há necessidade de se
calcular a mesma em todos os exemplos que esta aparecer.
Vale ressaltar que para o cálculo do fluxo elétrico em uma superfície aberta pode-se usar
⃗⃗𝑆 deve ser normal ou tangente à superfície fechada em qualquer ponto, de modo que
1. 𝐷
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ se torna 𝐷𝑆 𝑑𝑆 ou zero, respectivamente.
𝐷 36
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ não é zero, 𝐷𝑆 deverá ser constante.
2. Na parte da superfície fechada para a qual 𝐷
Isto nos permite substituir o produto escalar pelo produto dos escalares 𝐷𝑆 e 𝑑𝑆 e depois levar
𝐷𝑆 para fora da integral. A integral remanescente é, então, sobre aquela porção de área da superfície
fechada em que 𝐷 ⃗⃗𝑆 cruza normalmente, o que é simplesmente a área desta superfície.
Temos, então,
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮
𝑄 = ∮𝐷 ⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮
𝐷 𝐷𝑆 𝑑𝑆 = 𝐷𝑆 ∮ 𝑑𝑆 = 𝐷𝑆 4𝜋𝑟 2
𝑆 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎
e assim,
𝑄
𝐷𝑆 =
4𝜋𝑟 2
𝑄 𝑄
⃗⃗ =
𝐷 𝑎̂ 𝑒 𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
4𝜋𝑟 2 𝑟 4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟
⃗⃗𝜌 é normal em
Neste exemplo em questão, a superfície cilíndrica é a única superfície em que 𝐷
qualquer ponto e pode ser fechada por superfícies planas normais ao eixo z. A figura abaixo mostra
um cilindro circular uniforme fechado de raio 𝜌 se estendendo de 𝑧 = 0 até 𝑧 = 𝐿.
37
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∮
𝑄 = ∮𝐷 ⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∬
𝐷 ⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ + ∬
𝐷 ⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ + ∬
𝐷 ⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ =
𝐷
𝑆 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙
=0+0+∬ 𝐷𝑆 𝑑𝑆 = 𝐷𝑆 ∬ 𝑑𝑆 = 𝐷𝑆 2𝜋𝜌𝐿
𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙
e obtemos
𝑄
𝐷𝑆 =
2𝜋𝜌𝐿
𝐿 𝑄𝐿 𝜌 𝐿 𝜌
Em termos da densidade de carga linear: 𝐷𝑆 = 2𝜋𝜌𝐿 = 2𝜋𝜌𝐿 = 2𝜋𝜌 , resultando nos vetores
𝜌𝐿 𝜌𝐿
⃗⃗ =
𝐷 𝑎̂ 𝑒 𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
2𝜋𝜌 𝜌 2𝜋𝜀0 𝜌 𝜌
Mais uma vez em conformidade com o resultado obtido anteriormente pela aplicação da lei
de Coulomb.
Um terceiro exemplo é o problema de um cabo coaxial. Suponhamos que ter dois condutores
cilíndricos coaxiais, o interno de raio 𝑎 e o externo de raio 𝑏, cada um de extensão infinita, como
mostra a figura a seguir. Consideremos uma distribuição de carga 𝜌𝑆 na superfície externa do condutor
interno. As cargas dos dois cilindros são iguais em módulos e opostas em sinais.
38
𝑄 = 𝐷𝑆 2𝜋𝜌𝐿
e encontramos
𝑄
𝐷𝑆 =
2𝜋𝜌𝐿
𝑄 𝜌𝑆 𝑆 𝜌𝑆 2𝜋𝑎𝐿 𝑎𝜌𝑆
Em termos da densidade de carga superficial: 𝐷𝑆 = = = = . Passando
2𝜋𝜌𝐿 2𝜋𝜌𝐿 2𝜋𝜌𝐿 𝜌
para densidade linear, mais comumente usada para cabos coaxiais, temos que 𝑄 = 𝜌𝐿 𝐿, então, 𝐷𝑆 =
𝑄 𝜌𝐿 𝐿 𝜌𝐿
= = . Assim, em termos vetoriais, tem-se
2𝜋𝜌𝐿 2𝜋𝜌𝐿 2𝜋𝜌
𝜌𝐿 𝜌𝐿
⃗⃗ =
𝐷 𝑎̂ 𝑒 𝐸⃗⃗ = 𝑎̂
2𝜋𝜌 𝜌 2𝜋𝜀0 𝜌 𝜌
Caso usássemos, para a superfície gaussiana, um cilindro de raio 𝜌 > 𝑏, a carga total envolvida
seria então zero, já que o resultado da soma das cargas dos dois cilindros é nulo. Um resultado idêntico
seria obtido para 𝜌 < 𝑎, pois a carga do cilindro interno só existirá na superfície do mesmo, conforme
veremos em breve para o caso de materiais condutores.
Escolhemos como nossa superfície fechada uma pequena caixa retangular, centrada em 𝑃,
tendo lados de comprimentos 𝛥𝑥, 𝛥𝑦 e 𝛥𝑧, e apliquemos a lei de Gauss,
⃗⃗𝑆 ∙ d𝑆⃗ = ∫
∮𝐷 +∫ +∫ +∫ +∫ +∫ =𝑄
𝑆 𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑡𝑟á𝑠 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒
onde, dividimos a integral sobre a superfície fechada em seis integrais, uma para cada face.
∫ ⃗⃗𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 ∙ 𝛥𝑆⃗𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝐷
=𝐷 ⃗⃗𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 ∙ (𝛥𝑦𝛥𝑧)𝑎̂𝑥 =
𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
= 𝐷𝑥,𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝛥𝑦𝛥𝑧
onde devemos aproximar somente o valor de 𝐷𝑥 nesta face frontal. A face frontal está a uma distância
de 𝛥𝑥/2 de 𝑃, e assim
𝛥𝑥
𝐷𝑥,𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝐷𝑥0 + × 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐷𝑥 𝑐𝑜𝑚 𝑥 =
2 40
𝛥𝑥 𝜕𝐷𝑥
= 𝐷𝑥0 +
2 𝜕𝑥
Temos, agora
𝛥𝑥 𝜕𝐷𝑥
∫ = 𝐷𝑥,𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝛥𝑦𝛥𝑧 = (𝐷𝑥0 + ) 𝛥𝑦𝛥𝑧
𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 2 𝜕𝑥
∫ ⃗⃗𝑎𝑡𝑟á𝑠 ∙ 𝛥𝑆⃗𝑎𝑡𝑟á𝑠 = 𝐷
=𝐷 ⃗⃗𝑎𝑡𝑟á𝑠 ∙ (𝛥𝑦𝛥𝑧)(−𝑎̂𝑥 ) =
𝑎𝑡𝑟á𝑠
= −𝐷𝑥,𝑎𝑡𝑟á𝑠 𝛥𝑦𝛥𝑧
𝛥𝑥 𝜕𝐷𝑥
𝐷𝑥,𝑎𝑡𝑟á𝑠 = 𝐷𝑥0 −
2 𝜕𝑥
resultando
𝛥𝑥 𝜕𝐷𝑥 𝛥𝑥 𝜕𝐷𝑥
∫ = −𝐷𝑥,𝑎𝑡𝑟á𝑠 𝛥𝑦𝛥𝑧 = − (𝐷𝑥0 − ) 𝛥𝑦𝛥𝑧 = (−𝐷𝑥0 + ) 𝛥𝑦𝛥𝑧
𝑎𝑡𝑟á𝑠 2 𝜕𝑥 2 𝜕𝑥
𝛥𝑥 𝜕𝐷𝑥 𝛥𝑥 𝜕𝐷𝑥
∫ +∫ = (𝐷𝑥0 + ) 𝛥𝑦𝛥𝑧 + (−𝐷𝑥0 + ) 𝛥𝑦𝛥𝑧 =
𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑡𝑟á𝑠 2 𝜕𝑥 2 𝜕𝑥
𝜕𝐷𝑥
= 𝛥𝑥𝛥𝑦𝛥𝑧
𝜕𝑥
𝜕𝐷𝑦
∫ +∫ = 𝛥𝑥𝛥𝑦𝛥𝑧
𝑑𝑖𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑟𝑑𝑎 𝜕𝑦
𝜕𝐷𝑧
∫ +∫ = 𝛥𝑥𝛥𝑦𝛥𝑧
𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝜕𝑧
3.5 Divergência
No subitem anterior, encontramos que
Obteremos agora a relação exata desta equação, permitindo que o elemento de volume 𝛥𝑣
tenda a zero. Para tanto, escreveremos esta equação como
sendo que este último termo representa a densidade volumétrica de carga 𝜌𝑣 , portanto
pois a equação que relaciona a densidade volumétrica será tratada na próxima seção.
Esta operação apareceu tantas vezes em investigações físicas passadas que recebeu um nome
descritivo, divergência. A divergência de 𝐴⃗ é definida como
∮ 𝐴⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ 42
𝐷𝑖𝑣𝑒𝑟𝑔ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐴⃗ = 𝑑𝑖𝑣 𝐴⃗ = lim ( 𝑆 )
𝛥𝑣→0 𝛥𝑣
e é usualmente abreviada por 𝑑𝑖𝑣 𝐴⃗. Este vetor 𝐴⃗ é membro da família dos vetores densidade de fluxo.
A seguinte interpretação física é válida:
Uma divergência positiva de qualquer grandeza vetorial indica uma fonte desta grandeza
vetorial naquele ponto. De forma semelhante, uma divergência negativa indica um sorvedouro
(sumidouro). Como a divergência da velocidade da água acima é zero, não existe fonte nem
sorvedouro.
1 𝜕 1 𝜕𝐷𝜙 𝜕𝐷𝑧
⃗⃗ = (
𝑑𝑖𝑣 𝐷 (𝜌𝐷𝜌 ) + + ) 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑖𝑙í𝑛𝑑𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠
𝜌 𝜕𝜌 𝜌 𝜕𝜙 𝜕𝑧
1 𝜕 2 1 𝜕 1 𝜕𝐷𝜙
⃗⃗ = (
𝑑𝑖𝑣 𝐷 (𝑟 𝐷𝑟 ) + (𝑠𝑒𝑛𝜃 𝐷𝜃 ) + ) 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠
2
𝑟 𝜕𝑟 𝑟 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜕𝜃 𝑟 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜕𝜙
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻⃗⃗ = 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ = ( 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂𝑧 ) ∙ (𝐷𝑥 𝑎̂𝑥 + 𝐷𝑦 𝑎̂𝑦 + 𝐷𝑧 𝑎̂𝑧 )
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
⃗⃗, ou seja,
Isto é reconhecido como a divergência de 𝐷
𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ = 𝑑𝑖𝑣 𝐷
⃗⃗
O operador 𝛻⃗⃗ não possui uma forma específica em outros sistemas de coordenadas. Se
⃗⃗ em coordenadas cilíndricas ou esféricas, então 𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
considerarmos 𝐷 ⃗⃗ ainda indica a divergência de 𝐷
⃗⃗,
conforme as expressões já definidas anteriormente, porém não temos uma fórmula para 𝛻⃗⃗ em si
nestes sistemas de coordenadas.
∮𝐷⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
⃗⃗ = lim ( 𝑆 𝑆
𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷 )
𝛥𝑣→0 𝛥𝑣
𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ = 𝜌𝑣
44
A primeira equação é a definição da divergência; a segunda é o resultado da aplicação da
definição a um elemento diferencial de volume em coordenadas cartesianas; e a terceira é meramente
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄
∮𝐷 (𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐺𝑎𝑢𝑠𝑠)
𝑆
⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗
∮𝑆 𝐷 𝑄
=
𝛥𝑣 𝛥𝑣
∮𝐷 ⃗⃗𝑆 ∙ 𝑑𝑆⃗ 𝑄
lim ( 𝑆 ) = lim ( )
𝛥𝑣→0 𝛥𝑣 𝛥𝑣→0 𝛥𝑣
𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ = 𝜌𝑣
Esta é a primeira das quatro equações de Maxwell. Ela estabelece que o fluxo elétrico por
unidade de volume que deixa uma unidade de volume infinitesimal é exatamente igual à sua densidade
volumétrica de carga. A primeira equação de Maxwell é também descrita como a forma diferencial da
lei de Gauss. De modo recíproco, a lei de Gauss é reconhecida como a forma integral da primeira
equação de Maxwell.
A operação divergência não é limitada à densidade de fluxo elétrico, ela pode ser aplicada a
qualquer campo vetorial de densidade de fluxo.
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄
∮𝐷
𝑆
e considerando
𝑄 = ∫ 𝜌𝑣 𝑑𝑣
𝑣𝑜𝑙.
𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ = 𝜌𝑣
temos então
45
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄 = ∫ 𝜌𝑣 𝑑𝑣 = ∫ 𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
∮𝐷 ⃗⃗ 𝑑𝑣
𝑆 𝑣𝑜𝑙. 𝑣𝑜𝑙.
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ 𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
∮𝐷 ⃗⃗ 𝑑𝑣
𝑆 𝑣𝑜𝑙.
“A integral da componente normal de qualquer campo vetorial sobre uma superfície fechada
é igual à integral da divergência deste campo vetorial através do volume limitado por esta
superfície fechada.”
46
𝐹⃗𝐸 = 𝑄𝐸⃗⃗
A força que deve ser aplicada por um agente externo para deslocar a carga é de módulo igual
e sentido oposto, ou seja,
Já o dispêndio de energia será dado pelo produto da força aplicada pela distância de
deslocamento. Pode-se então escrever que o trabalho diferencial realizado por um agente externo
deslocando 𝑄 ao longo da direção 𝑎̂𝐿 é
O trabalho necessário para deslocar a carga de uma distância finita deve ser determinado pela
integração
𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑊 = −𝑄 ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 47
onde o caminho deve ser especificado antes que a integral seja calculada. Considera-se, para tanto,
que a carga está parada nas posições inicial e final.
𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑊 = −𝑄 ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
O procedimento da integral de linha está indicado na figura abaixo, onde foi escolhido um
caminho a partir da posição inicial 𝐵 até a posição final 𝐴 e selecionado um campo elétrico uniforme.
O caminho está dividido em seis segmentos.
A soma dos segmentos dos vetores pode ser realizada pela regra do paralelogramo, resultando
justamente em um vetor dirigido do ponto inicial para o ponto final, 𝐿⃗⃗𝐵𝐴 . Portanto,
Para este caso especial de uma intensidade de campo elétrico uniforme, devemos notar que o 48
trabalho envolvido no deslocamento da carga depende somente de 𝑄, 𝐸⃗⃗ e 𝐿⃗⃗𝐵𝐴 . Ele não depende do
caminho escolhido para deslocar a carga, ou seja, pode-se ir de 𝐵 para 𝐴 em uma linha reta ou por um
caminho tortuoso que a resposta será a mesma.
Note que a expressão de 𝑑𝐿⃗⃗ utiliza dos vetores de comprimentos diferenciais, os quais
encontram-se destacado a seguir.
Para ilustrar o cálculo da integral de linha, investigaremos os diversos caminhos que devemos
considerar próximos a uma linha infinita de cargas, conforme figura a seguir.
𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 2𝜋
𝜌𝐿
𝑊 = −𝑄 ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = −𝑄 ∫ 𝑎̂ ∙ 𝜌 𝑑𝜙 𝑎̂𝜙 = 0
𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 0 2𝜋𝜀0 𝜌 𝜌 1
𝑄𝜌𝐿 𝜌𝑏
𝑊= ln
2𝜋𝜀0 𝜌𝑎
Como 𝜌𝑏 é maior do que 𝜌𝑎 , percebe-se que o trabalho realizado é positivo, indicando que a
fonte externa (ou agente externo), que está deslocando a carga, fornece energia.
49
Poderíamos também efetuar o cálculo na direção 𝑎̂𝑧 a partir de uma posição inicial 0 até uma
altura 𝐿 qualquer, o que resulta em
𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝐿
𝜌𝐿
𝑊 = −𝑄 ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = −𝑄 ∫ 𝑎̂ ∙ 𝑑𝑧 𝑎̂𝑧 = 0
𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 0 2𝜋𝜀0 𝜌 𝜌
𝐴
𝑉𝐴𝐵 = − ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ (𝑉)
𝐵
onde a unidade de medida é volts que freqüentemente é abreviado por V, trata-se, conforme
observado, de uma grandeza escalar.
𝑄𝜌𝐿 𝜌𝑏
𝑊= ln
2𝜋𝜀0 𝜌𝑎
𝑊 𝜌𝐿 𝜌𝑏
𝑉𝐴𝐵 = = ln
𝑄 2𝜋𝜀0 𝜌𝑎
Já para o caso de uma carga pontual Q, a diferença de potencial entre os pontos A e B nas
distâncias radiais 𝑟𝐴 e 𝑟𝐵 da mesma, escolhendo-se a origem em Q, ou ainda, Q na origem, será dada
𝑄
𝐸⃗⃗ = 𝐸𝑟 𝑎̂𝑟 = 𝑎̂
4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟
e
50
𝑑𝐿⃗⃗ = 𝑑𝑟 𝑎̂𝑟
temos
𝐴 𝑟𝐴 𝑟𝐴
𝑄 𝑄 𝑄 1 1
𝑉𝐴𝐵 = − ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = − ∫ 2
𝑎
̂ 𝑟 ∙ 𝑑𝑟 𝑎
̂ 𝑟 = − ∫ 2
𝑑𝑟 = ( − )
𝐵 𝑟𝐵 4𝜋𝜀0 𝑟 𝑟𝐵 4𝜋𝜀0 𝑟 4𝜋𝜀0 𝑟𝐴 𝑟𝐵
Se 𝑟𝐵 > 𝑟𝐴 , a diferença de potencial 𝑉𝐴𝐵 é positiva, indicando que a energia é despendida pelo
agente externo ao trazer a carga positiva de 𝑟𝐵 para 𝑟𝐴 . Isto concorda com o modelo físico que mostra
que duas cargas iguais se repelem.
𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐴 − 𝑉𝐵
𝑄 1 1
𝑉𝐴𝐵 = ( − ) = 𝑉𝐴 − 𝑉𝐵
4𝜋𝜀0 𝑟𝐴 𝑟𝐵
Considerou-se que os dois pontos pertenciam à mesma linha radial. Agora, consideraremos
dois pontos A e B com deslocamentos também nas coordenadas 𝜃 e 𝜙, conforme pode figura abaixo.
51
Obtemos a mesma resposta e concluímos, portanto, que a diferença de potencial entre dois
pontos em um campo de uma carga pontual depende somente da distância de cada ponto à carga e
não do caminho particular usado para deslocar uma unidade de carga de um ponto para outro.
𝑄
𝑉𝐴 =
4𝜋𝜀0 𝑟𝐴
ou, como não há motivo para identificar este ponto com o índice A,
𝑄
𝑉=
4𝜋𝜀0 𝑟
Podemos também definir uma superfície equipotencial como sendo uma superfície composta
por todos aqueles pontos que possuem o mesmo valor de potencial. Nenhum trabalho está envolvido
no deslocamento de uma unidade de carga sobre uma superfície equipotencial, pois, por definição,
não há diferença de potencial entre dois pontos quaisquer desta superfície.
Observação: pode-se escrever, genericamente, que o trabalho para se movimentar uma carga
de um ponto inicial B até um ponto final A é
𝑊 = 𝑄𝑉𝐴𝐵
52
𝑄1
𝑉(𝑟⃗) =
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗1 |
O potencial devido a duas cargas, 𝑄1 em 𝑟⃗1 e 𝑄2 em 𝑟⃗2 , é função somente das distâncias de
cada uma das cargas ao ponto do campo, ou ainda,
𝑄1 𝑄2
𝑉(𝑟⃗) = +
|𝑟
4𝜋𝜀0 ⃗ − 𝑟⃗1 | 4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗2 |
𝑄1 𝑄2 𝑄𝑛
𝑉(𝑟⃗) = + + ⋯+
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗1 | 4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗2 | 4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗𝑛 |
Se agora cada carga pontual for representada como um pequeno elemento com uma
distribuição volumétrica contínua de carga igual a 𝜌𝑣 Δ𝑣, então
Fazendo o número de elementos tornar infinito, podemos obter a expressão do potencial por
meio da integral:
𝜌𝑣 (𝑟⃗′) 𝑑𝑣′
𝑉(𝑟⃗) = ∫
𝑣𝑜𝑙 4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|
Esta expressão é válida para uma distribuição volumétrica de cargas. Para o caso de uma
distribuição linear ou superficial de cargas, tem-se, respectivamente,
𝜌𝐿 (𝑟⃗′) 𝑑𝐿′
𝑉(𝑟⃗) = ∫
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|
𝜌𝑆 (𝑟⃗′) 𝑑𝑆′
𝑉(𝑟⃗) = ∫
𝑠𝑢𝑝 4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|
Com estas três últimas equações pode-se calcular o potencial de qualquer distribuição de 53
cargas. Para ilustrar o uso de uma destas integrais vamos determinar V no eixo z para uma linha de
cargas uniforme 𝜌𝐿 na forma de um anel com 𝜌 = 𝑎 localizado no plano 𝑧 = 0, como mostrado na
figura a seguir.
Então,
e
2𝜋
𝜌𝐿 𝑎 𝑑𝜙′ 𝜌𝐿 𝑎
𝑉(𝑟⃗) = ∫ =
0 4𝜋𝜀0 √𝑎2 + 𝑧 2 2𝜀0 √𝑎2 + 𝑧 2
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 0
𝐴
Lembrando-se que a diferença de potencial é dada por: 𝑉𝐴𝐵 = − ∫𝐵 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗.
A integral para um caminho fechado é representada por um pequeno círculo sobre o símbolo
de integral. Este símbolo é o mesmo usado para designar a superfície fechada da lei de Gauss e, aqui,
é chamada integral de linha fechada.
A equação em questão somente é verdadeira para campos estáticos, ou seja, onde 𝐸⃗⃗ não varia
com o tempo.
Qualquer campo que satisfaça uma equação da forma apresentada (isto é, onde a integral de
linha fechada do campo seja zero), é dito um campo conservativo. O nome surge do fato de que
nenhum trabalho é realizado (ou que a energia é conservada) em torno do caminho fechado. Um
exemplo de campo conservativo é o campo gravitacional, pois qualquer energia gasta na
movimentação (elevação) de um objeto contra o campo é exatamente recuperada quando o objeto é
retornado (abaixado) à sua posição inicial.
Já estas grandezas podem ser facilmente obtidas a partir do campo potencial, e nosso objetivo
imediato será obter um método simples de determinação da intensidade de campo elétrico a partir
do potencial.
Já sabemos que
𝑉 = − ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
𝛥𝑉 = −𝐸⃗⃗ ∙ 𝛥𝐿⃗⃗ 55
Considere uma região qualquer do espaço, como mostrado na figura abaixo, na qual 𝐸⃗⃗ e 𝑉
variam à medida que nos movemos de um ponto a outro.
𝛥𝑉 = −𝐸 𝛥𝐿 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑑𝑉 = −𝐸 𝑑𝐿 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑑𝑉
= −𝐸 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑑𝐿
Diante destas equações pergunta-se: em que direção 𝛥𝐿⃗⃗ deve ser colocado para obter o
máximo valor de 𝛥𝑉? Lembre que 𝐸⃗⃗ é um valor definido no ponto e é independente da direção de 𝛥𝐿⃗⃗.
A magnitude de 𝛥𝐿 é também constante. Então, obviamente, o máximo incremento positivo do
potencial 𝛥𝑉𝑚𝑎𝑥 ocorrerá quando 𝑐𝑜𝑠𝜃 for igual a -1, ou seja, quando 𝛥𝐿⃗⃗ apontar na direção oposta a
𝐸⃗⃗ . Para esta condição,
𝑑𝑉
| =𝐸
𝑑𝐿 𝑚𝑎𝑥
Este pequeno exercício nos mostra duas características da relação entre 𝐸⃗⃗ e V em qualquer
ponto:
𝛥𝑉 = −𝐸⃗⃗ ∙ 𝛥𝐿⃗⃗ = 0
e como nem 𝐸⃗⃗ nem 𝛥𝐿⃗⃗ são iguais a zero, 𝐸⃗⃗ deve ser perpendicular a 𝛥𝐿⃗⃗ , ou seja, perpendicular às
equipotenciais, o que reforça o que já foi dito a pouco.
𝑑𝑉
𝐸⃗⃗ = − | 𝑎̂
𝑑𝐿 𝑚𝑎𝑥 𝑁
Esta expressão mostra que a magnitude de 𝐸⃗⃗ é dada pela taxa de máxima variação de V e que
sua direção é normal à superfície equipotencial (na direção de potencial decrescente – devido ao sinal
negativo).
Como 𝑑𝑉⁄𝑑𝐿|𝑚𝑎𝑥 ocorre quando 𝛥𝐿⃗⃗ está na direção de 𝑎̂𝑁 (normal à superfície), podemos
nos lembrar deste fato escrevendo
𝑑𝑉 𝑑𝑉
| =
𝑑𝐿 𝑚𝑎𝑥 𝑑𝑁
𝑑𝑉
𝐸⃗⃗ = − 𝑎̂
𝑑𝑁 𝑁
𝑑𝑇
𝐺𝑟𝑎𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑇 = 𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑇 = 𝑎̂
𝑑𝑁 𝑁
onde 𝑎̂𝑁 é um vetor unitário normal à superfície equipotencial e que a normal é escolhida de modo
que aponte para valores crescentes de T. Usando este novo termo,
𝐸⃗⃗ = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝑑𝑉 = 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 + 𝑑𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
ou seja, pode-se dizer que a variação total de potencial é a somatória das variações parciais de
potencial em cada eixo multiplicadas pelas respectivas variações lineares nos mesmos.
𝑑𝑉 1 𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝐸⃗⃗ = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉 = − 𝑎̂𝑁 = − ( 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 + 𝑑𝑧) 𝑎̂𝑁
𝑑𝑁 𝑑𝑁 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
1 𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝐸𝑥 𝑎̂𝑥 = − ( 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 + 𝑑𝑧) 𝑎̂𝑥 = − 𝑎̂
𝑑𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝑥
1 𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝐸𝑦 𝑎̂𝑦 = − ( 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 + 𝑑𝑧) 𝑎̂𝑦 = − 𝑎̂
𝑑𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑦 𝑦
1 𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝐸𝑧 𝑎̂𝑧 = − ( 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 + 𝑑𝑧) 𝑎̂𝑧 = − 𝑎̂
𝑑𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝑧
Portanto,
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝐸𝑥 = − 𝐸𝑦 = − 𝐸𝑧 = −
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝐸⃗⃗ = − ( 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂ ) = −𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉 = 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
58
O operador vetorial 𝛻⃗⃗ (nabla) foi definido anteriormente como
𝜕 𝜕 𝜕
𝛻⃗⃗ = 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂𝑧
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Portanto,
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑉 = 𝛻⃗⃗𝑉 = 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
Como está evidenciado, o gradiente de um escalar (tal como o potencial) resulta em um vetor.
Retomando-se a expressão anterior, podemos escrever que
𝐸⃗⃗ = −𝛻⃗⃗𝑉
O gradiente pode ser expresso em termos das derivadas parciais em outros sistemas de
coordenadas através da aplicação de sua definição, ou seja,
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝛻⃗⃗𝑉 = 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂ (𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒𝑠𝑖𝑎𝑛𝑎𝑠)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
𝜕𝑉 1 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝛻⃗⃗𝑉 = 𝑎̂𝜌 + 𝑎̂𝜙 + 𝑎̂ (𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑖𝑙í𝑛𝑑𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠)
𝜕𝜌 𝜌 𝜕𝜙 𝜕𝑧 𝑧
𝜕𝑉 1 𝜕𝑉 1 𝜕𝑉
𝛻⃗⃗𝑉 = 𝑎̂𝑟 + 𝑎̂𝜃 + 𝑎̂ (𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠)
𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝜃 𝑟 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜕𝜙 𝜙
59
Primeiramente calcularemos o potencial V, por se tratar de uma grandeza mais simples (não
vetorial, de valor absoluto) e, posteriormente, determina-se a intensidade de campo elétrico 𝐸⃗⃗ por
meio da operação do gradiente.
𝑄 𝑄 𝑄 1 1 𝑄 𝑅2 − 𝑅1
𝑉= − = ( − )=
4𝜋𝜀0 𝑅1 4𝜋𝜀0 𝑅2 4𝜋𝜀0 𝑅1 𝑅2 4𝜋𝜀0 𝑅1 𝑅2
𝑅2 − 𝑅1 = 𝑑 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑄 𝑑 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑉=
4𝜋𝜀0 𝑟 2
𝑄𝑑
𝐸⃗ = (2𝑐𝑜𝑠𝜃𝑎̂𝑟 + 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑎̂𝜃 )
4𝜋𝜀0 𝑟 3
O campo potencial do dipolo pode ser simplificado fazendo-se uso do momento do dipolo.
60
Primeiramente identifica-se o vetor comprimento dirigido de -Q a +Q como 𝑑⃗ e, então, define-se o
momento do dipolo como 𝑄𝑑⃗, o qual será representado pelo símbolo 𝑝⃗. Assim,
𝑝⃗ = 𝑄𝑑⃗
Este resultado pode ser generalizado, para um dipolo que não tenha seu ponto central na
origem, como
1 𝑟⃗ − 𝑟⃗′
𝑉= 2
𝑝⃗ ∙
4𝜋𝜀0 |𝑟⃗ − 𝑟⃗′| |𝑟⃗ − 𝑟⃗′|
Podemos começar visualizando um universo vazio. Trazer a carga 𝑄1 do infinito para qualquer
posição não requer trabalho, já que não há campo presente. O posicionamento de 𝑄2 em um ponto
do campo de 𝑄1 requer uma quantidade de trabalho dada pelo produto da carga 𝑄2 pelo potencial
naquele ponto devido a 𝑄1 . Representamos este potencial por 𝑉2,1 , onde o primeiro índice indica a
localização e o segundo índice, a fonte. Então,
Do mesmo modo, podemos expressar o trabalho necessário para posicionar cada carga
adicional no campo de todas as cargas já presente:
𝑄1 𝑄2
𝑄2 𝑉2,1 = 𝑄2 = 𝑄1 = 𝑄1 𝑉1,2
4𝜋𝜀0 𝑅21 4𝜋𝜀0 𝑅12
61
Se cada termo da expressão da energia total é substituído por seu equivalente, temos
Cada soma dos potenciais em parênteses é o potencial combinado devido a todas as cargas
exceto a carga no ponto onde o potencial combinado está sendo determinado. Em outras palavras,
1 1
𝑊𝐸 = (𝑄1 𝑉1 + 𝑄2 𝑉2 + 𝑄3 𝑉3 + 𝑄4 𝑉4 + ⋯ ) = ∑ 𝑄𝑛 𝑉𝑛
2 2
𝑛
Para obtermos uma expressão para a energia armazenada em uma região de distribuição de
carga contínua, cada carga é substituída por 𝜌𝑛 𝑑𝑣, e o somatório se torna uma integral,
1
𝑊𝐸 = ∫ 𝜌𝑣 𝑉𝑑𝑣
2 𝑣𝑜𝑙
1 1
𝑊𝐸 = ∫ (𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ )𝑉𝑑𝑣 = − ∫ 𝐷 ⃗⃗ ∙ (𝛻⃗⃗𝑉)𝑑𝑣
2 𝑣𝑜𝑙 2 𝑣𝑜𝑙
1 1
𝑊𝐸 = ∫ 𝐷 ⃗⃗ ∙ 𝐸⃗⃗ 𝑑𝑣 = ∫ 𝜀0 𝐸 2 𝑑𝑣
2 𝑣𝑜𝑙 2 𝑣𝑜𝑙
1
𝑑𝑊𝐸 = ⃗⃗ ∙ 𝐸⃗⃗ 𝑑𝑣
𝐷
2
ou ainda,
𝑑𝑊𝐸 1
= 𝐷⃗⃗ ∙ 𝐸⃗⃗
𝑑𝑣 2
com isto obtemos a densidade de energia, ou joules por metro cúbico, de um campo eletrostático.
62
𝑑𝑄
𝐼=
𝑑𝑡
Outro conceito amplamente utilizado é a densidade de corrente, que é dada pela razão da
corrente pela área da seção transversal que a mesma atravessa. A densidade de corrente é uma
grandeza vetorial, representada por 𝐽⃗ e tem por unidade no Sistema Internacional 𝐴/𝑚2 . O valor
absoluto da mesma pode ser escrito em um ponto infinitesimal como
𝑑𝐼
𝐽=
𝑑𝑆
𝐼 = ∫ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆
∆𝐼 = 𝐽𝑁 ∆𝑆
Considere agora um incremento de carga ∆𝑄, conforme figura abaixo, movendo-se somente
no eixo x. Este incremento de carga pode ser escrito como ∆𝑄 = 𝜌𝑣 ∆𝑣. Caso este incremento mova
uma distância ∆𝑥 num intervalo de tempo ∆𝑡, podemos ainda escrever
∆𝑄 𝜌𝑣 ∆𝑣 𝜌𝑣 ∆𝑆∆𝑥
∆𝐼 = = =
∆𝑡 ∆𝑡 ∆𝑡
63
∆𝐼 = 𝜌𝑣 ∆𝑆 𝑣𝑥
∆𝐼 𝜌𝑣 ∆𝑆 𝑣𝑥
𝐽𝑥 = = = 𝜌𝑣 𝑣𝑥
∆𝑆 ∆𝑆
e, de forma geral,
𝐽⃗ = 𝜌𝑣 𝑣⃗
Este último resultado mostra muito claramente que carga em movimento constitui a corrente.
Denominamos este tipo de corrente de corrente de convecção, e 𝐽⃗ é a densidade de corrente de
convecção.
𝐼 = ∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆
e este fluxo para fora de cargas positivas deve ser equilibrado pela diminuição de cargas positivas (ou
aumento de cargas negativas) dentro da superfície fechada. Se a carga dentro da superfície fechada é
representada por 𝑄𝑖 , então a taxa de decaimento é −𝑑𝑄𝑖 /𝑑𝑡 e o princípio da conservação de cargas
requer que
𝑑𝑄𝑖
𝐼 = ∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = −
𝑆 𝑑𝑡
∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ (∇
⃗⃗ ∙ 𝐽⃗)𝑑𝑣
𝑆 𝑣𝑜𝑙
Lembrando que 𝐽⃗ é representativo de uma densidade que sai de uma superfície fechada assim
⃗⃗ também o é, por isso a aplicação do teorema da divergência é possível.
como 𝐷
Em seguida, podemos usar a carga 𝑄𝑖 envolvida pela integral de volume da densidade de carga,
tornando-se a equação
𝑑𝑄𝑖 𝑑
⃗⃗ ∙ 𝐽⃗)𝑑𝑣 = 𝐼 = −
∫ (∇ = − ∫ 𝜌𝑣 𝑑𝑣
𝑣𝑜𝑙 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑣𝑜𝑙
𝑑𝑄𝑖 𝜕𝜌𝑣
⃗⃗ ∙ 𝐽⃗)𝑑𝑣 = 𝐼 = −
∫ (∇ = ∫ (− ) 𝑑𝑣
𝑣𝑜𝑙 𝑑𝑡 𝑣𝑜𝑙 𝜕𝑡
Portanto, como a expressão é verdadeira para todo volume 𝑑𝑣, temos que a forma pontual da
equação da continuidade é
𝜕𝜌𝑣
⃗∇⃗ ∙ 𝐽⃗ = −
𝜕𝑡
Esta equação indica que a corrente, ou a carga por segundo, que diverge de um pequeno
volume é igual à taxa de diminuição de carga por unidade de volume em cada ponto.
65
Se, contudo, existir uma banda proibida (gap) entre a banda de valência e a banda de
condução, então o elétron não pode se mover por meio do recebimento de energia adicional em
pequenas quantidades e o material é um isolante. Esta estrutura está indicada em (b). Note que, se
uma quantidade de energia relativamente grande puder ser transferida para o elétron, ele pode ser
suficientemente excitado para saltar a banda proibida até a próxima banda onde a condução pode
facilmente ocorrer. Aqui o isolante é rompido.
Ocorre uma condição intermediária quando somente uma pequena região proibida separa as
duas bandas, como ilustrada em (c). Pequenas quantidades de energia na forma de calor, luz ou um
campo elétrico podem aumentar a energia dos elétrons do topo da banda preenchida e fornecer a
base para condução. Estes materiais são isolantes que dispõem de muitas propriedades dos
condutores e são chamados semicondutores.
𝐹⃗ = −𝑒𝐸⃗⃗
onde 𝜇𝑒 é a mobilidade de um elétron, a mesma é positiva por definição. Note que a velocidade do
elétron está em uma direção oposta à direção de 𝐸⃗⃗ .
𝐽⃗ = −𝜌𝑒 𝜇𝑒 𝐸⃗⃗
onde 𝜌𝑒 é a densidade de carga de elétrons livre, um valor negativo. O valor negativo de 𝜌𝑒 e o sinal
de menos levam a uma densidade de corrente 𝐽⃗ que está na mesma direção da intensidade de campo
elétrico 𝐸⃗⃗ .
Contudo, a relação entre 𝐽⃗ e 𝐸⃗⃗ para um condutor metálico é também especificada pela
condutividade 𝜎 (sigma),
𝐽⃗ = 𝜎𝐸⃗⃗
onde 𝜎 é medido em siemens por metro (𝑆/𝑚). Siemens (𝑆) é a unidade básica de condutância no
Sistema Internacional, que é o inverso da unidade básica resistência (𝛺). Chamamos a equação em
questão de forma pontual da primeira lei de Ohm; em breve veremos uma forma mais comum da lei
de Ohm.
𝜎 = −𝜌𝑒 𝜇𝑒
Condutores metálicos em geral apresentam valores de condutividade constantes, isto nos leva
a concluir que os mesmos obedecem à lei de Ohm. Como a lei de Ohm é uma relação linear, conclui-
se também que nos condutores metálicos a condutividade é constante sobre largas faixas de
densidade de corrente e intensidade de campo elétrico. A lei de Ohm e os condutores metálicos são
também descritos como isotrópicos, ou tendo as mesmas propriedades em todas as direções.
Pela definição de mobilidade, é interessante notar que uma temperatura mais elevada implica 67
uma maior vibração da rede cristalina, maior impedimento de progresso dos elétrons para uma dada
intensidade de campo elétrico, menor velocidade de deriva, menor mobilidade, menor condutividade
e maior resistividade.
Agora aplicaremos a lei de Ohm na forma pontual em uma região macroscópica. Inicialmente,
vamos supor que 𝐽⃗ e 𝐸⃗⃗ são uniformes, conforme mostrado pela região cilíndrica da figura a seguir.
𝐼 = ∮ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝐽𝑆
𝑆
e
𝑎 𝑎
𝑉𝑎𝑏 = − ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = −𝐸⃗⃗ ∙ (∫ 𝑑𝐿⃗⃗) = −𝐸⃗⃗ ∙ 𝐿⃗⃗𝑏𝑎 = 𝐸⃗⃗ ∙ 𝐿⃗⃗𝑎𝑏
𝑏 𝑏
ou
𝑉 = 𝐸𝐿
Assim,
𝐼 𝑉
𝐽 = 𝜎𝐸 → =𝜎
𝑆 𝐿
ou
𝐿
𝑉= 𝐼
𝜎𝑆
A razão da diferença de potencial entre os dois terminais do cilindro pela corrente que entra
no terminal mais positivo é conhecida pela teoria elementar de circuitos como a resistência do cilindro,
portanto,
𝑉 = 𝑅𝐼
onde 𝜌, neste caso, representa a resistividade. Esta equação é conhecida como segunda lei de Ohm.
Outra característica estabelecida para condições estáticas nas quais nenhuma corrente deve
fluir, segue a partir da lei de Ohm: a intensidade de campo elétrico dentro do condutor é igual a zero,
pois se um campo elétrico estivesse presente, os elétrons de condução se deslocariam e produziriam
uma corrente.
Resumindo: para a eletrostática nenhuma carga e nenhum campo elétrico podem existir em
qualquer ponto dentro de um material condutor. Entretanto, a carga pode aparecer na superfície como
uma densidade superficial de carga.
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 0
69
𝑏 𝑐 𝑑 𝑎
∫ +∫ +∫ +∫ = 0
𝑎 𝑏 𝑐 𝑑
1 1
𝐸𝑡 ∆𝑤 − 𝐸𝑁−𝑏 ∆ℎ + 𝐸𝑁−𝑎 ∆ℎ = 0
2 2
𝐸𝑡 = 0
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄
∮𝐷
𝑆
Consideraremos a altura do cilindro como sendo ∆ℎ e as áreas das faces do topo e da base
como ∆𝑆. Faremos ∆ℎ tender a zero. Então, integraremos sobre as três superfícies distintas
∫ +∫ +∫ =𝑄
𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙
e encontramos que a integral sobre a base será nula porque não existe campo nesta região, a integral
sobre a lateral também será nula pelo fato do campo tangente ser zero, ou ainda pelo fato, de ∆ℎ
tender a zero. Assim, resta apenas a integral sobre o topo, ou seja,
𝐷𝑁 ∆𝑆 = 𝑄 = 𝜌𝑆 ∆𝑆
𝐷𝑁 = 𝜌𝑆
Estas são as duas condições de fronteira desejadas para a fronteira condutor-espaço livre,
𝐷𝑡 = 𝐸𝑡 = 0
𝐷𝑁 = 𝜀0 𝐸𝑁 = 𝜌𝑆
Para resumir os princípios que aplicamos aos condutores em campos eletrostáticos, podemos
afirmar que
Assim, se substituirmos a configuração do dipolo mostrada na figura (a) abaixo por uma carga
simples e um plano condutor mostrado na figura (b), os campos na metade superior de cada figura são
os mesmos. Abaixo do plano condutor, os campos são iguais a zero, pois não estabelecemos qualquer
carga nesta região.
Com esta equivalência o contrário também é verdadeiro, ou seja, podemos considerar uma
carga simples acima de um plano perfeitamente condutor e então observamos que pode-se manter os
mesmos campos abaixo do plano removendo-o e colocando uma carga negativa em uma localidade
simétrica abaixo deste. Esta carga é chamada de imagem da carga original e tem valor negativo. Isto é
válido para qualquer configuração de cargas acima de um plano condutor aterrado (𝑉 = 0) ,
conforme figura a seguir.
Como exemplo do uso das imagens, vamos determinar a densidade superficial de cargas em 71
𝑃(2, 5, 0) no plano condutor 𝑧 = 0 se há uma linha de cargas de 30𝑛𝐶/𝑚 localizada em 𝑥 = 0, 𝑧 = 3,
como mostrado na figura (a) abaixo. Removamos o plano e acrescentamos a linha de cargas da imagem
de −30𝑛𝐶/𝑚 em 𝑥 = 0, 𝑧 = −3, como ilustrado na figura (b). O campo em P pode agora ser obtido
pela superposição dos campos conhecidos de uma linha de cargas.
O vetor radial da linha de cargas positiva a P é 𝑅⃗⃗+ = 2𝑎̂𝑥 − 3𝑎̂𝑧 , enquanto 𝑅⃗⃗− = 2𝑎̂𝑥 + 3𝑎̂𝑧 .
Assim, os campos individuais são
⃗⃗ = −2,2𝑎̂𝑧 (𝑛𝐶/𝑚2 )
𝐷
⃗⃗ | = −2,2𝑛𝐶/𝑚2
𝜌𝑣 = |𝐷
5.6 Semicondutores
São dois os tipos de portadores de cargas que podemos encontrar em um material
semicondutor, os elétrons e as lacunas. Os elétrons são aqueles do topo da banda de valência que
receberam energia suficiente para atravessar a relativamente pequena banda proibida até a banda de
condução. Os vazios deixados por estes elétrons representam estados de energia não preenchidos na
banda de valência que também se movem de átomo para átomo no cristal. Este vazio é chamado
lacuna, e muitas propriedades dos semicondutores podem ser descritas tratando a lacuna como se ela
tivesse uma carga positiva 𝑒, uma mobilidade 𝜇ℎ e uma massa efetiva comparável à dos elétrons.
Ambos os portadores se movem em um campo elétrico e em direções opostas; assim, cada um
72
contribui com uma componente da corrente total que está na mesma direção que a fornecida pelo
outro. A condutividade é, portanto, uma função tanto da concentração quanto da mobilidade de
elétrons e lacunas,
𝜎 = −𝜌𝑒 𝜇𝑒 + 𝜌ℎ 𝜇ℎ
Para o silício puro, ou intrínseco, as mobilidades do elétron e da lacuna são 0,12 e 0,025,
respectivamente, enquanto que para o germânio, as mobilidade são, respectivamente, 0,36 e 0,17.
moléculas apolares. Ambos os tipos formam dipolos e, quando aplicado um campo, podem ser
descrito por seu momento de dipolo 𝑝⃗, como desenvolvido anteriormente:
𝑝⃗ = 𝑄𝑑⃗
onde 𝑄 é a positiva das duas cargas ligadas compondo o dipolo e 𝑑⃗ é o vetor da carga negativa para a
carga positiva.
Neste momento, faz-se necessário deixar clara a relação entre a direção e sentido do vetor
campo elétrico 𝐸⃗⃗ aplicado e a direção e sentido do momento de dipolo 𝑝⃗ resultante. Esta relação irá,
é claro, ser uma função do tipo de material, portanto vamos essencialmente limitar nossa discussão
aos materiais isotrópicos para os quais 𝐸⃗⃗ e 𝑝⃗ estão sempre linearmente relacionados, ou seja,
possuem mesma direção e sentido. Em um material isotrópico, os vetores são sempre paralelos,
independentemente da orientação do campo. Embora a maioria dos dielétricos usados sejam
isotrópicos, cristais simples podem ser anisotrópicos. A natureza periódica dos materiais cristalinos
faz com que os momentos de dipolo estejam mais facilmente ao longo dos eixos do cristal e não
necessariamente na direção do campo aplicado.
Neste sentido, se há 𝑛 dipolos por unidade de volume e lidamos com um volume Δ𝑣, então há
𝑛Δ𝑣 dipolos. Então, o momento de dipolo total é obtido pela soma vetorial de todos momentos
individuais, ou seja,
𝑛Δ𝑣
𝑝⃗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝑝⃗𝑖
𝑖=1
Se os dipolos estão alinhados na mesma direção genérica, 𝑝⃗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 pode ser um valor
significativo. Contudo, uma orientação aleatória pode acarretar um 𝑝⃗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 essencialmente nulo. No
primeiro caso (dipolos alinhados devido à aplicação de um campo elétrico externo) teremos
𝑛Δ𝑣
𝑝⃗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝑝⃗𝑖 = 𝑛 Δ𝑣 𝑝⃗ = 𝑛 Δ𝑣 𝑄 𝑑⃗
𝑖=1
Definimos agora a polarização 𝑃⃗⃗ como o momento de dipolo total por unidade de volume,
quando este volume está tendendo a zero,
𝑛Δ𝑣
1
𝑃⃗⃗ = lim ( ∑ 𝑝⃗𝑖 )
Δ𝑣→0 Δ𝑣
𝑖=1
𝑛Δ𝑣
1 1
𝑃⃗⃗ = lim ( ∑ 𝑝⃗𝑖 ) = lim [ (𝑛 Δ𝑣 𝑄 𝑑⃗)] = lim (𝑛𝑄𝑑⃗) = 𝑛𝑄𝑑⃗
Δ𝑣→0 Δ𝑣 Δ𝑣→0 Δ𝑣 Δ𝑣→0
𝑖=1
Vamos admitir que temos um dielétrico contendo moléculas apolares e isotrópicas. Nenhuma
molécula possui momento de dipolo e 𝑃⃗⃗ = 0 por todo o material. Em algum lugar no interior do
dielétrico, escolhemos um elemento incremental de superfície Δ𝑆, como mostrado na figura a seguir,
e aplicamos um campo elétrico 𝐸⃗⃗ . O campo externo produz momento 𝑝⃗ = 𝑄𝑑⃗ em cada molécula, tal
que 𝑝⃗ e 𝑑⃗ fazem um ângulo 𝜃 com Δ𝑆⃗, como indicado na figura.
Passemos agora a inspecionar o movimento das cargas ligadas sobre Δ𝑆. Cada uma das cargas
associadas com a criação do dipolo deve se mover de uma distância (1/2)𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 na direção
perpendicular a Δ𝑆. Assim, quaisquer cargas positivas inicialmente situadas abaixo da superfície Δ𝑆 e
dentro da distância (1/2)𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 da superfície devem cruzar Δ𝑆 indo para cima. Ainda, quaisquer
cargas negativas inicialmente situadas acima da superfície Δ𝑆 e dentro da distância (1/2)𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 da
superfície devem cruzar Δ𝑆 indo para baixo. Portanto, como há 𝑛 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠/𝑚3, a carga total líquida
(Δ𝑄𝑏 ) que cruza o elemento de superfície na direção para cima (levando em consideração as cargas
positivas para cima e as negativas para baixo) é igual a
Δ𝑄𝑏 = +𝑄[𝑛(1/2) 𝑑 𝑐𝑜𝑠𝜃 Δ𝑆] − (−𝑄)[𝑛(1/2) 𝑑 𝑐𝑜𝑠𝜃 Δ𝑆] = 𝑛𝑄(𝑑 𝑐𝑜𝑠𝜃 Δ𝑆)
ou ainda, 75
portanto, para ser mais claro, Δ𝑄𝑏 representa o incremento de cargas que cruza a superfície Δ𝑆 na
direção para cima, o índice 𝑏 nos lembra que estamos lidando com cargas ligadas e não cargas livres.
Em termos da polarização (𝑃⃗⃗ = 𝑛𝑄𝑑⃗), temos
𝑄𝑏 = − ∮ 𝑃⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆
onde o sinal negativo representa uma queda do número de cargas positiva no interior desta superfície
fechada devido ao movimento das mesma para fora da superfície.
A carga total envolvida por uma superfície fechada de um material dielétrico será
𝑄𝑇 = 𝑄𝑏 + 𝑄
onde 𝑄 é a carga total livre envolvida pela superfície 𝑆. Por princípio, a lei de Gauss pode ser reescrita
como se segue para determinação da carga total
𝑄𝑇 = ∮ 𝜀0 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆
Combinando estas três últimas equações, obtemos uma expressão para a carga livre envolvida,
⃗⃗ = 𝜀0 𝐸⃗⃗ + 𝑃⃗⃗
𝐷
Como estamos trabalhando com materiais isotrópico, percebe-se que os vetores 𝐸⃗⃗ e 𝑃⃗⃗ estão
linearmente relacionados (mesma direção e sentido). E esta relação pode ser expressa da seguinte
forma:
76
𝑃⃗⃗ = 𝜒𝑒 𝜀0 𝐸⃗⃗
𝜀𝑅 = 𝜒𝑒 + 1
⃗⃗ = 𝜀𝑅 𝜀0 𝐸⃗⃗
𝐷
⃗⃗ = 𝜀𝐸⃗⃗
𝐷
onde
𝜀 = 𝜀𝑅 𝜀0
Materiais dielétricos anisotrópicos não podem ser descritos em termos dos parâmetros
susceptibilidade e permissividade como desenvolvido acima.
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 0
𝐸𝑡𝑎𝑛−1 ∆𝑤 − 𝐸𝑡𝑎𝑛−2 ∆𝑤 = 0
A pequena contribuição à integral de linha pela componente normal de 𝐸⃗⃗ ao longo das seções
de comprimento ∆ℎ se torna desprezível à medida que ∆ℎ diminui e o caminho fechado se junta à
superfície. Imediatamente, então,
𝐸𝑡𝑎𝑛−1 = 𝐸𝑡𝑎𝑛−2
77
Com isto, tem-se que a diferença de potencial entre dois pontos quaisquer na fronteira
separados por uma distância ∆𝑤 é a mesma imediatamente abaixo ou acima da fronteira.
⃗⃗
Como a intensidade de campo elétrico tangencial é contínua sobre a superfície, então 𝐷
tangencial é descontínua, pois
𝐷𝑡𝑎𝑛−1 𝐷𝑡𝑎𝑛−2
= 𝐸𝑡𝑎𝑛−1 = 𝐸𝑡𝑎𝑛−2 =
𝜀1 𝜀2
Já para a análise das componentes normais de campo, aplica-se a lei de Gauss a um pequeno
cilindro, conforme mostrado à direita na figura. Os lados são novamente muito pequenos e o fluxo que
deixa as superfícies do topo e da base é a diferença
𝐷𝑁1 ∆𝑆 − 𝐷𝑁2 ∆𝑆 = 𝜌𝑆 ∆𝑆
pela qual
𝐷𝑁1 − 𝐷𝑁2 = 𝜌𝑆
Como estamos analisando a fronteira de materiais dielétricos, não é desejável que se tenha
cargas livres nesta interface. Consequentemente, a densidade de cargas 𝜌𝑆 nesta interface será zero e
𝐷𝑁1 = 𝐷𝑁2
Estas condições podem ser combinadas para mostrar a mudança nos vetores 𝐷 ⃗⃗ e 𝐸⃗⃗ na
⃗⃗1 (e 𝐸⃗⃗1 ) e a normal à
superfície. Para tanto, podemos considerar 𝜃1 como sendo o ângulo entre 𝐷
⃗⃗2 (e 𝐸⃗⃗2 ) e a normal à esta mesma superfície. A figura a seguir 78
superfície, enquanto 𝜃2 o ângulo entre 𝐷
é ilustrativa destes ângulos.
Vale ressaltar, que na figura anterior considera-se 𝜀1 > 𝜀2 , o que gera, conforme pode ser
calculado, 𝜃1 > 𝜃2. A direção de 𝐸⃗⃗ em cada lado da fronteira é idêntica à direção de 𝐷
⃗⃗, pois 𝐷
⃗⃗ = 𝜀𝐸⃗⃗ .
5.9 Capacitância
Consideremos dois condutores mergulhados em um dielétrico homogêneo, conforme figura
abaixo. O condutor 𝑀2 carrega uma carga total positiva 𝑄 e 𝑀1 carrega uma carga igual em
magnitude, só que negativa. Não há outras cargas presentes, e a carga total do sistema é zero.
𝑄
𝐶=
𝑉0
79
Em termos gerais, determinamos 𝑄 aplicando-se a lei de Gauss numa superfície sobre o
condutor positivo e determinamos 𝑉0 pela equação da diferença de potencial entre dois pontos,
∮ 𝜀𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝐶= +
− ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
−
Então,
⃗⃗ = 𝜀𝐸⃗⃗ = 𝜌𝑆 𝑎̂𝑧
𝐷
Vale observar, por outro lado, que a carga no plano inferior deve ser realmente positiva, já que
⃗⃗ está dirigido para cima e o valor normal de 𝐷
𝐷 ⃗⃗,
𝐷𝑁 = 𝐷𝑧 = 𝜌𝑆
+ 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 0
𝜌𝑆 𝜌𝑆 𝜌𝑆
𝑉0 = − ∫ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = − ∫ 𝑎̂𝑧 ∙ 𝑑𝑧𝑎̂𝑧 = − ∫ 𝑑𝑧 = 𝑑 80
− 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝜀 𝑑 𝜀 𝜀
Como a carga total em ambos os planos é infinita, a capacitância será infinita. Obtém-se uma
resposta mais prática considerando-se cada plano com área 𝑆, cujas dimensões lineares são muito
maiores que sua separação 𝑑. Isto nos permite o seguinte desenvolvimento,
𝜌𝑆
𝑉0 = 𝑑 𝑒 𝑄 = 𝜌𝑆 𝑆
𝜀
𝑄
𝐶=
𝑉0
𝜀𝑆
𝐶=
𝑑
𝜌𝐿 𝑏
𝑉0 = 𝑉𝑎𝑏 = ln 𝑒 𝑄 = 𝜌𝐿 𝐿
2𝜋𝜀 𝑎
então,
𝑄 2𝜋𝜀𝐿
𝐶= → 𝐶=
𝑉0 ln(𝑏/𝑎)
𝑄 1 1
𝑉0 = 𝑉𝑎𝑏 = ( − ) 𝑒 𝑄
4𝜋𝜀 𝑎 𝑏
então,
𝑄 4𝜋𝜀
𝐶= → 𝐶=
𝑉0 1 1
𝑎−𝑏
𝐶 = 4𝜋𝜀𝑎
81
Para estudarmos o problema de múltiplos dielétricos mais detalhadamente, consideremos um
capacitor de placas paralelas de área 𝑆 e espaço 𝑑 entre as placas com a usual suposição de que 𝑑 é
muito pequeno quando comparado com as dimensões lineares das placas. Veja a ilustração a seguir.
𝑉0 = 𝐸1 𝑑1 + 𝐸2 𝑑2 𝑒 𝜀1 𝐸1 = 𝜀2 𝐸2
𝜀1 𝐸1 𝜀1
𝑉0 = 𝐸1 𝑑1 + 𝑑 → 𝑉0 = (𝑑1 + 𝑑 )𝐸
𝜀2 2 𝜀2 2 1
𝜀1 𝜌𝑆1 𝑑1 𝑑2
𝑉0 = (𝑑1 + 𝑑2 ) ( ) → 𝑉0 = 𝜌𝑆1 ( + )
𝜀2 𝜀1 𝜀1 𝜀2
𝑄 𝜌𝑆1 𝑆 1 1
𝐶= = → 𝐶= =
𝑉0 𝑉0 𝑑1 𝑑2 1 1
𝜀1 𝑆 + 𝜀2 𝑆 𝐶1 + 𝐶2
ou ainda,
1 1 1
= +
𝐶 𝐶1 𝐶2
Supondo, agora, que exista um terceiro plano condutor ao longo da interface, encontraremos
cargas superficiais em cada lado deste condutor, e as magnitudes destas cargas serão iguais. A análise,
então, será a mesma anteriormente descrita e, conseqüentemente, a capacitância fica inalterada,
desde que o condutor adicional tenha uma espessura desprezível.
Vale ainda ressaltar, que este é o princípio de associação de capacitores em série. Portanto,
poder-se-á, assim, determinar a capacitância equivalente (𝐶𝑒𝑞 ) devido a n capacitores associados em
82
série por meio da expressão:
1 1 1 1
= + + ⋯+
𝐶𝑒𝑞 𝐶1 𝐶2 𝐶𝑛
Em um último exemplo, consideraremos que uma fronteira dielétrica seja posicionada normal
às duas placas condutoras e o dielétrico ocupa as áreas 𝑆1 e 𝑆2 , um ao lado do outra, então uma
diferença de potencial 𝑉0 produziria os campos 𝐸1 = 𝐸2 = 𝑉0 /𝑑. Estes são campos normais às placas
e devem ser iguais. Então,
𝑉0 𝑉0
𝜌𝑆1 = 𝐷1 = 𝜀1 𝐸1 = 𝜀1 𝑒 𝜌𝑆2 = 𝐷2 = 𝜀2 𝐸2 = 𝜀2
𝑑 𝑑
assim,
𝑄 𝜌𝑆1 𝑆1 + 𝜌𝑆2 𝑆2 𝜀1 𝑆1 + 𝜀2 𝑆2
𝐶= = → 𝐶= = 𝐶1 + 𝐶2
𝑉0 𝑉0 𝑑
𝐶𝑒𝑞 = 𝐶1 + 𝐶2 + ⋯ + 𝐶𝑛
83
⃗∇⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ = 𝜌𝑣
⃗⃗,
da definição de 𝐷
⃗⃗ = 𝜀𝐸⃗⃗
𝐷
e da relação do gradiente,
𝐸⃗⃗ = −∇
⃗⃗𝑉
⃗⃗ ∙ 𝐷
∇ ⃗⃗ = ∇
⃗⃗ ∙ (𝜀𝐸⃗⃗ ) = ∇
⃗⃗ ∙ (−𝜀 ∇
⃗⃗𝑉) = 𝜌𝑣
ou
𝜌𝑣
⃗⃗ ∙ ∇
∇ ⃗⃗𝑉 = −
𝜀
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
𝛻⃗⃗𝑉 = 𝑎̂𝑥 + 𝑎̂𝑦 + 𝑎̂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝑧
e, portanto,
⃗⃗ ∙ ∇
Usualmente, a operação ∇ ⃗⃗ é abreviada para ∇2 (e pronunciado “nabla dois”), e temos
𝜌𝑣
∇2 𝑉 = − 84
𝜀
∇2 𝑉 = 0
1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕2𝑉 𝜕2𝑉
∇2 𝑉 = (𝜌 ) + 2 ( 2 ) + 2 = 0 (𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑖𝑙í𝑛𝑑𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠)
𝜌 𝜕𝜌 𝜕𝜌 𝜌 𝜕∅ 𝜕𝑧
1 𝜕 2 𝜕𝑉 1 𝜕 𝜕𝑉 1 𝜕2𝑉
∇2 𝑉 = (𝑟 ) + (𝑠𝑒𝑛𝜃 ) +
𝑟 2 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜃 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 𝜕𝜙 2
=0 (𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠)
Para resolver estas equações laplacianas para um dado problema, outras informações são
necessárias, tais como certas condições de fronteira, conforme será visto logo a seguir.
∇2 𝑉1 = 0 𝑒 ∇2 𝑉2 = 0
∇2 (𝑉1 − 𝑉2 ) = 0
𝑉1𝑏 = 𝑉2𝑏 = 𝑉𝑏
então, teremos 85
𝑉1 = 𝑉2
Isto é baseado no teorema da unicidade que diz que “se uma resposta satisfaz a equação de
Laplace ou a equação de Poisson e também satisfaz as condições de fronteira, então ela é uma única
solução possível”.
O método da integração direta se aplica apenas aos problemas unidimensionais, ou seja, nos
quais o campo potencial é função apenas de uma das três coordenadas. Como estamos trabalhando
com apenas três sistemas de coordenadas, pode parecer que há nove problemas a serem resolvidos,
mas um pouco de reflexão irá mostrar que o campo que varia somente com 𝑥 é fundamentalmente o
mesmo que varia somente com 𝑦 ou apenas com 𝑧. A rotação dos eixos não modifica o problema físico.
Na realidade, há cinco problemas a serem resolvidos, um em coordenadas cartesianas (𝑥), dois em
coordenadas cilíndricas (𝜌 𝑒 𝜙) e dois em coordenadas esféricas (𝑟 𝑒 𝜃).
𝜕2𝑉
=0
𝜕𝑥 2
e a derivada parcial pode ser substituída pela derivada ordinária, já que 𝑉 não é uma função de 𝑦 ou
de 𝑧,
𝑑2 𝑉
=0
𝑑𝑥 2
Integrando-se,
𝑑𝑉
=𝐴 → 𝑉 = 𝐴𝑥 + 𝐵
𝑑𝑥
As superfícies equipotenciais são dadas por 𝑥 constante e são planos infinitos. Considerando-
86
se, como condições de fronteira, 𝑉 = 𝑉1 em 𝑥 = 𝑥1 e 𝑉 = 𝑉2 em 𝑥 = 𝑥2 . Estes valores são então
substituídos na equação anterior, fornecendo
𝑉1 − 𝑉2 𝑉2 𝑥1 − 𝑉1 𝑥2
𝐴= 𝑒 𝐵=
𝑥1 − 𝑥2 𝑥1 − 𝑥2
logo,
𝑉1 (𝑥 − 𝑥2 ) − 𝑉2 (𝑥 − 𝑥1 )
𝑉=
𝑥1 − 𝑥2
1 𝜕 𝜕𝑉
(𝜌 ) = 0
𝜌 𝜕𝜌 𝜕𝜌
1 𝑑 𝑑𝑉
(𝜌 ) = 0
𝜌 𝑑𝜌 𝑑𝜌
Excluindo-se 𝜌 = 0 e integrando-se,
𝑑𝑉
𝜌 =𝐴 → 𝑉 = 𝐴 ln 𝜌 + 𝐵
𝑑𝜌
87
1 𝜕2𝑉
( )=0
𝜌2 𝜕∅2
1 𝑑2 𝑉
( )=0
𝜌2 𝑑∅2
Excluindo-se 𝜌 = 0 e integrando-se,
𝑑𝑉
=𝐴 → 𝑉 = 𝐴∅ + 𝐵
𝑑∅
1 𝜕 2 𝜕𝑉
(𝑟 )=0
𝑟 2 𝜕𝑟 𝜕𝑟
1 𝑑 2 𝑑𝑉
(𝑟 )=0
𝑟 2 𝑑𝑟 𝑑𝑟
Excluindo-se 𝑟 = 0 e integrando-se,
𝑑𝑉 −𝐴
𝑟2 =𝐴 → 𝑉= +𝐵
𝑑𝑟 𝑟
88
1 𝜕 𝜕𝑉
(𝑠𝑒𝑛𝜃 )=0
𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜃
1 𝑑 𝑑𝑉
(𝑠𝑒𝑛𝜃 )=0
𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝜃
Excluindo-se 𝑟 = 0, 𝜃 = 0 ou 𝜋 e integrando-se,
𝑑𝑉 𝜃
𝑠𝑒𝑛𝜃 =𝐴 → 𝑉 = 𝐴 ln (tan ) + 𝐵
𝑑𝜃 2
Como segundo exemplo, escolhemos uma junção 𝑝𝑛 entre duas metades de uma barra
semicondutora, estendendo-se na direção 𝑥. Devemos considerar que a região 𝑥 < 0 é do tipo 𝑝
dopada e que a região 𝑥 > 0 é do tipo 𝑛 também dopada. O grau de dopagem é idêntico em cada lado
da junção. O gráfico a seguir mostra a relação 𝜌𝑣 ⁄𝜌𝑣0 ao longo da distribuição, onde 𝜌𝑣 é a densidade
volumétrica de carga e 𝜌𝑣0 é a máxima densidade volumétrica de carga relacionada com as
concentrações dos aceitadores e doadores presentes no material.
São especificadas duas condições de fronteira. A primeira está relacionada ao fato que
nenhuma densidade de carga líquida e nenhum campo podem existir longe da junção, como é sugerido
na figura anterior. Assim, quando 𝑥 → ±∞, 𝐸𝑥 = 0. A segunda condição dada é que a referência zero
de potencial deve ser escolhida no centro da junção, em 𝑥 = 0.
𝜌𝑣
∇2 𝑉 = −
𝜀
𝑑2 𝑉 2𝜌𝑣0 𝑥 𝑥
2
=− 𝑠𝑒𝑐ℎ ( ) 𝑡𝑎𝑛ℎ ( )
𝑑𝑥 𝜀 𝑎 𝑎
Como pode-se notar, este é um problema unidimensional no qual variações com 𝑦 e 𝑧 não
estão presentes.
𝑑𝑉 2𝜌𝑣0 𝑎 𝑥
= 𝑠𝑒𝑐ℎ ( ) + 𝐶1
𝑑𝑥 𝜀 𝑎
4𝜌𝑣0 𝑎2
𝑉= 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛(𝑒 𝑥/𝑎 ) + 𝐶1 𝑥 + 𝐶2
𝜀
4𝜌𝑣0 𝑎2
0= 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛(𝑒 0 ) + 𝐶1 0 + 𝐶2
𝜀
4𝜌𝑣0 𝑎2 𝜋
𝐶2 = −
𝜀 4
2𝜌𝑣0 𝑎 𝑥
𝐸⃗ = −∇
⃗ V = −[ 𝑠𝑒𝑐ℎ ( ) + 𝐶1 ] 𝑎̂𝑥
𝜀 𝑎
2𝜌𝑣0 𝑎 𝑥
𝐸𝑥 = − 𝑠𝑒𝑐ℎ ( ) − 𝐶1
𝜀 𝑎
2𝜌𝑣0 𝑎 𝑥
𝐸𝑥 = − 𝑠𝑒𝑐ℎ ( )
𝜀 𝑎
4𝜌𝑣0 𝑎2 𝜋
𝑉= [𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛(𝑒 𝑥/𝑎 ) − ]
𝜀 4
A equação de Poisson pode ser aplicada a qualquer problema que envolva densidade
volumétrica de carga, tal como aqui exemplificado.
92
um ímã permanente;
uma corrente contínua, ou;
um campo elétrico variando linearmente com o tempo.
Vamos ignorar o ímã permanente e deixar o campo elétrico variante no tempo para uma
discussão posterior. Nossas relações atuais dizem respeito ao campo magnético produzido por um
elemento diferencial de corrente contínua no espaço livre.
A unidade da intensidade do campo magnético 𝐻 ⃗⃗ é ampère por metro (𝐴/𝑚). Sua direção é
dada pelo produto vetorial de dois vetores, conforme equação, significando que a mesma é normal ao
93
plano que contém o filamento diferencial e a linha desenhada a partir do filamento ao ponto 𝑃.
𝐼1 𝑑𝐿⃗⃗1 × 𝑅⃗⃗12
⃗⃗2 =
𝑑𝐻 3
4𝜋𝑅12
𝐼1 𝑑𝐿⃗⃗1 × 𝑅⃗⃗12
⃗⃗2 = ∮
𝐻 3
4𝜋𝑅12
𝐼 𝑑𝐿⃗⃗ × 𝑎̂𝑅
⃗⃗ = ∮
𝐻
4𝜋𝑅 2
A lei de Biot-Savart também pode ser expressa em termos de fontes distribuídas, como uma
densidade de corrente 𝐽⃗ e uma densidade superficial de corrente 𝐾
⃗⃗ , conforme será introduzida. A
corrente superficial fluindo em uma lâmina de espessura infinitesimal tem sua densidade de corrente
𝐽⃗ infinita, então, usamos a densidade superficial de corrente que é medida em ampère por metro (de
⃗⃗. Se a densidade superficial de corrente é uniforme, a corrente total
largura), a qual é designada por 𝐾
𝐼 em qualquer elemento de largura 𝑏 é
𝐼 = 𝐾𝑏
onde consideramos que a largura 𝑏 é medida perpendicularmente à direção na qual a corrente está
fluindo, conforme ilustrado na figura a seguir. Para uma densidade superficial de corrente não-
uniforme, a integração se faz necessária,
𝐼 = ∫ 𝐾 𝑑𝑏
Assim, o elemento diferencial de corrente 𝐼 𝑑𝐿⃗⃗, onde 𝑑𝐿⃗⃗ está na direção da corrente, pode ser 94
expresso em termos da densidade superficial de corrente 𝐾 ⃗⃗ ou da densidade corrente 𝐽⃗,
𝐼 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐾
⃗⃗ 𝑑𝑆 = 𝐽⃗ 𝑑𝑣
⃗⃗ × 𝑎̂𝑅 𝑑𝑆
𝐾
⃗⃗ = ∫
𝐻
𝑆 4𝜋𝑅 2
e
𝐽⃗ × 𝑎̂𝑅 𝑑𝑣
⃗⃗ = ∫
𝐻 2
𝑣𝑜𝑙 4𝜋𝑅
de forma que
𝐼𝜌𝑎̂∅ ∞ 𝑑𝑧 ′
⃗⃗2 =
𝐻 ∫
4𝜋 −∞ (𝜌2 + 𝑧 ′2 )3/2
∞
𝐼𝑎̂∅ 𝑧′
⃗⃗2 =
𝐻 |
4𝜋 𝜌√𝜌2 + 𝑧 ′2
−∞
𝐼
⃗⃗2 =
𝐻 𝑎̂
2𝜋𝜌 ∅
A comparação desta figura com o mapa do campo elétrico em relação a uma linha de cargas
infinita mostra que as linhas de força do campo magnético correspondem exatamente às superfícies
equipotenciais do campo elétrico. Esta correspondência não é acidental, porém não será ainda
explorada agora.
De forma genérica, para um fio posicionado em qualquer ponto 1 do sistema cartesiano, pode-
se usar a seguinte equação para o cálculo do campo magnético no ponto 2:
𝐼
⃗⃗2 =
𝐻 (𝑎̂ × 𝑎̂𝑅12 )
2𝜋𝑅12 𝐿
sendo: 𝑅⃗⃗12 o vetor que sai do condutor e vai até o ponto onde se quer encontrar o campo magnético
(ponto 2), 𝑅12 é o módulo do vertor 𝑅⃗⃗12 , 𝑎̂𝑅12 vetor unitário de 𝑅⃗⃗12 e 𝑎̂𝐿 vetor unitário representativo 96
da direção do filamento (𝑎̂𝑥 , 𝑎̂𝑦 ou 𝑎̂𝑧 ).
Esta equação também pode ser escrita sem a colocação dos índices, de forma a seguir a mesma
lógica adotada nos desenvolvimentos feitos para o campo elétrico, então
𝐼
⃗⃗ =
𝐻 (𝑎̂ × 𝑎̂𝑅 )
2𝜋𝑅 𝐿
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼
∮𝐻
Define-se corrente positiva aquela que flui na direção de avanço de um parafuso direito
girando na direção em que o caminho fechado é percorrido (também pode-se usar, de forma mais
simples, a regra da mão direita aprendida no ensino de segundo grau).
A figura abaixo mostra um fio circular conduzindo uma corrente contínua 𝐼, a integral de linha
de 𝐻⃗⃗ nos caminhos fechados indicados por 𝑎 e 𝑏 resultam em uma mesma resposta 𝐼, apesar dos
integrandos serem diferentes. Já a integral no caminho fechado 𝑐, o qual passa através do condutor,
fornece uma resposta menor que 𝐼 e é exatamente aquela porção da corrente total que é envolvida
pelo caminho em questão.
Outro paralelo que pode ser feito entre a lei de Gauss e lei circuital de Ampère é o fato da
primeira estar relacionada com a determinação da carga total envolvida por uma superfície fechada 97
(também chamada de superfície gaussiana), enquanto a segunda estar relacionada com a
determinação da corrente total envolvida por um caminho fechado (também conhecido por espira
amperiana).
Em nosso exemplo, o caminho ideal deverá ser um círculo de raio 𝜌 centrado no condutor. A
lei circuital se torna
2𝜋 2𝜋
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∮ 𝐻
∮𝐻 ⃗⃗ ∙ 𝜌 𝑑∅ 𝑎̂∅ = ∫ 𝐻∅ 𝜌 𝑑∅ = 𝐻∅ 𝜌 ∫ 𝑑∅ = 𝐻∅ 2𝜋 𝜌 = 𝐼
0 0
ou
𝐼
𝐻∅ =
2𝜋𝜌
𝐼
⃗⃗ =
𝐻 𝑎̂
2𝜋𝜌 ∅
98
Para o caminho circular de raio 𝜌, em que 𝜌 é maior que o raio do condutor interno e menor
que o raio interno do condutor externo, tem-se
𝐼
𝐻∅ = (𝑎 < 𝜌 < 𝑏)
2𝜋𝜌
Para o caminho circular de raio 𝜌 menor que o raio do condutor interno, tem-se
𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑎 𝐼 𝜋𝜌2 𝐼𝜌
𝐻∅ = = = (𝜌 < 𝑎)
2𝜋𝜌 2𝜋𝜌 𝜋𝑎2 2𝜋𝑎2
Se o raio 𝜌 é maior que o raio externo do condutor externo, nenhuma corrente é envolvida,
uma vez que a somatória das correntes é zero, então
𝐻∅ = 0 (𝜌 > 𝑐)
𝜋𝜌2 − 𝜋𝑏 2
𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑎 [𝐼 − 𝐼 (𝜋𝑐 2 − 𝜋𝑏 2 )] 𝐼 𝑐 2 − 𝜌2
𝐻∅ = = = (𝑏 < 𝜌 < 𝑐)
2𝜋𝜌 2𝜋𝜌 2𝜋𝜌 𝑐 2 − 𝑏 2
A variação da intensidade do campo magnético com o raio é mostrada na figura a seguir para
o caso de um cabo coaxial no qual 𝑏 = 3𝑎 e 𝑐 = 4𝑎. É importante notar que tal cabo coaxial, mesmo
conduzindo corrente elevada, não produziria qualquer efeito notável em um circuito adjacente, uma
vez que campo externo é zero.
Como um terceiro exemplo, vamos discutir o campo magnético de uma lâmina com corrente
fluindo na direção 𝑦 positiva e localizada no plano 𝑧 = 0 . Seja esta, uma lâmina de densidade
⃗⃗ = 𝐾𝑦 𝑎̂𝑦 , conforme mostrada na figura abaixo.
superficial de corrente 𝐾
99
O caminho escolhido para tal problema está representado na figura como 1-1’-2’-2 composto
por segmentos de reta que são, cada um, paralelos ou perpendiculares a 𝐻𝑥 e a 𝐻𝑧 . A lei de Biot-Savart
mostra que as contribuições a 𝐻𝑧 produzidas por um par de filamentos simetricamente localizados se
cancelam, assim, 𝐻𝑧 é nulo, restando apenas 𝐻𝑥 , pois 𝐻𝑦 está na mesma direção do fluxo,
conseqüentemente, também é nulo. A lei circuital de Ampère fornece
ou
𝐻𝑥1 − 𝐻𝑥2 = 𝐾𝑦
𝐻𝑥3 − 𝐻𝑥2 = 𝐾𝑦
e, portanto,
𝐻𝑥3 = 𝐻𝑥1
𝐻𝑥1 = −𝐻𝑥2
Daí, segue que 𝐻𝑥 é o mesmo para todo 𝑧 positivo e de igual modo, 𝐻𝑥 é o mesmo para todo
𝑧 negativo. Então, por causa da simetria, a intensidade de campo magnético em um lado da lâmina de
corrente é o negativo da do outro lado. Acima da lâmina,
1
𝐻𝑥 = 𝐾𝑦 (𝑧 > 0)
2
Considerando 𝑎̂𝑁 um vetor unitário normal (para fora) da lâmina de corrente, o resultado pode
ser escrito de forma genérica para todo 𝑧 como
1
⃗⃗ = 𝐾
𝐻 ⃗⃗ × 𝑎̂𝑁
2
⃗⃗ = 𝐾𝑎 𝑎̂𝑧
𝐻 (𝜌 < 𝑎)
⃗⃗ = 0
𝐻 (𝜌 > 𝑎)
Isto é verdade porque, levando-se em consideração dois lados opostos de cada espira
formadora do solenóide, o campo em seu interior é somado, enquanto que em seu exterior o campo
é disperso.
𝐼𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑁𝐼
⃗⃗ = 𝐾𝑎 𝑎̂𝑧 =
𝐻 𝑎̂𝑧 = 𝑎̂ (𝑏𝑒𝑚 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑒𝑛ó𝑖𝑑𝑒)
𝑑 𝑑 𝑧
A aproximação é útil se não for aplicada em pontos mais perto do que dois raios das 101
extremidades abertas, nem em pontos mais próximos da superfície do solenóide que duas vezes a
separação entre as espiras.
Estas equações podem também ser encontradas através da aplicação da lei de Amperè a um
corte transvessal do solenóide.
Um quinto e último exemplo é o caso do toróide mostrado na figura abaixo. Aplicando-se a lei
circuital de Ampère chega-se, para toróide de 𝑁 espira, às seguintes expressões
𝑁𝐼
⃗⃗ =
𝐻 𝑎̂ (𝑏𝑒𝑚 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑜𝑟ó𝑖𝑑𝑒)
2𝜋𝜌 𝜙
⃗⃗ = 0
𝐻 (𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑡𝑜𝑟ó𝑖𝑑𝑒)
Tem-se boas aproximações com as equações anteriores, contudo deve-se considerar que os
pontos avaliados estão distantes da superfície do toróide de várias vezes a separação entre as espiras.
7.3 Rotacional
Aplicaremos, agora, a lei circuital de Ampère a um perímetro de elemento diferencial de
superfície e discutiremos a terceira e última das derivadas especiais da análise vetorial, o rotacional.
Nosso objetivo imediato é obter a forma pontual da lei circuital de Ampère.
102
Escolhemos, conforme pode ser visto, a direção de percurso como 1-2-3-4-1, que corresponde
a uma corrente na direção 𝑎̂𝑧 , e a primeira contribuição é, portanto,
⃗⃗ ∙ Δ𝐿⃗⃗)
(𝐻 ⃗⃗1−2 ∙ Δ𝑦𝑎̂𝑦 = (𝐻𝑥,1−2 𝑎̂𝑥 + 𝐻𝑦,1−2 𝑎̂𝑦 + 𝐻𝑧,1−2 𝑎̂𝑧 ) ∙ Δ𝑦𝑎̂𝑦
=𝐻
1−2
⃗⃗ ∙ Δ𝐿⃗⃗)
(𝐻 = 𝐻𝑦,1−2 Δ𝑦
1−2
Podendo 𝐻𝑦,1−2 ser dado em termos de 𝐻𝑦0 mais a taxa de variação 𝐻𝑦 com 𝑥 para uma
distância Δ𝑥/2 do centro ao ponto médio do lado 1-2:
𝜕𝐻𝑦
𝐻𝑦,1−2 = 𝐻𝑦0 + (Δ𝑥/2)
𝜕𝑥
Assim,
1 𝜕𝐻𝑦
⃗⃗ ∙ Δ𝐿⃗⃗)
(𝐻 = (𝐻𝑦0 + Δ𝑥) Δ𝑦
1−2 2 𝜕𝑥
Ao longo dos demais trechos do caminho temos, por meio de cálculo análogo ao anterior,
1 𝜕𝐻𝑦
⃗⃗ ∙ Δ𝐿⃗⃗)
(𝐻 = − (𝐻𝑦0 − Δ𝑥) Δ𝑦
3−4 2 𝜕𝑥
enquanto,
1 𝜕𝐻𝑥
⃗⃗ ∙ Δ𝐿⃗⃗)
(𝐻 = − (𝐻𝑥0 + Δ𝑦) Δ𝑥
2−3 2 𝜕𝑦
1 𝜕𝐻𝑥
⃗⃗ ∙ Δ𝐿⃗⃗)
(𝐻 = (𝐻𝑥0 − Δ𝑦) Δ𝑥
4−1 2 𝜕𝑦
103
Somando-se as contribuições de todos os lados, tem-se
𝜕𝐻𝑦 𝜕𝐻𝑥
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = (
∮𝐻 − ) ∆𝑥∆𝑦
𝜕𝑥 𝜕𝑦
Assumindo-se uma densidade de corrente genérica 𝐽⃗, a corrente envolvida pelo caminho em
questão é, então Δ𝐼 = 𝐽𝑧 Δ𝑥 Δ𝑦, e
𝜕𝐻𝑦 𝜕𝐻𝑥
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = (
∮𝐻 − ) ∆𝑥∆𝑦 = ∆𝐼 = 𝐽𝑧 ∆𝑥∆𝑦
𝜕𝑥 𝜕𝑦
ou
Ao fazermos o caminho fechado reduzir-se, a expressão acima se torna mais exata, e no limite
temos a igualdade
Nos limites acima, vemos que uma componente da densidade de corrente é dada pelo limite
do quociente da integral de linha fechada pela área envolvida à medida que o caminho da integral
tende a zero. Esse limite está presente em outros campos da ciência e há muito tempo recebeu o nome
de rotacional. A forma matemática da definição é
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
∮𝐻
⃗⃗ ) = lim
(𝑟𝑜𝑡 𝐻 𝑁 ∆𝑆𝑁 →0 ∆𝑆𝑁
onde Δ𝑆𝑁 é a área plana envolvida pela integral de linha fechada. O índice 𝑁 indica que a componente
do rotacional é aquela componente que é normal à superfície envolvida pelo caminho fechado.
104
O rotacional pode ser escrito em termos do operador vetorial, ou seja,
⃗⃗ = ∇
𝑟𝑜𝑡 𝐻 ⃗⃗ × 𝐻
⃗⃗
De forma geral temos que o resultado do rotacional é o próprio vetor densidade de corrente,
ou ainda,
⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗
Esta é a segunda das quatro equações de Maxwell aplicada a condições não variantes no
tempo, também conhecida como forma pontual da lei circuital de Ampère.
Este resultado de rotacional para coordenadas cartesianas pode ser escrito na forma de um
determinante,
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ 0
(𝑟𝑜𝑡 𝐸⃗⃗ )𝑁 = lim = lim =0
∆𝑆𝑁 →0 ∆𝑆𝑁 ∆𝑆𝑁 →0 ∆𝑆𝑁
então,
Como interpretação física do rotacional sugere-se que o mesmo seja testado por meio de uma
“roda propulsora de navio a vapor” bem pequena. Para testar um campo para o rotacional,
mergulhamos nossa roda propulsora em um campo, com os eixos dela alinhados com a direção da
componente do rotacional desejada, e observamos a ação do campo sobre a roda. Se nenhuma
rotação for observada significa que o rotacional é nulo; velocidades angulares elevadas significam
maiores valores do rotacional; reversão na direção de giro significa uma mudança no sinal do
rotacional. Observação: a direção do rotacional é ao longo do eixo da roda propulsora, como dada pela
regra da mão direita.
Como exemplo, considere o fluxo de água em um rio, conforme figura (a) abaixo. A velocidade
da água é praticamente zero no fundo e aumenta linearmente à medida que se aproxima da superfície.
Uma roda propulsora colocada na posição mostrada, com seu eixo perpendicular ao papel, irá girar no
sentido horário, mostrando a presença da componente do rotacional na direção da normal para dentro
da superfície da folha. Se a velocidade da água não varia se subimos ou descemos o rio e também não
mostra variação quando cruzamos o rio, então esta componente é a única componente presente no
centro da corrente em questão.
Na figura (b) acima são mostradas as linhas de força da intensidade de campo magnético em
um condutor filamentar extremamente longo. O medidor de rotacional posicionado neste campo de
linhas curvas mostra que um maior número de pás tem uma força no sentido horário exercida sobre
elas, mas que esta força é, em geral, menor que a força no sentido anti-horário exercida sobre o menor
número de pás mais próximas do fio. Então, é possível que o torque sobre a roda propulsora seja zero.
Na realidade a roda propulsora não gira neste caso, pois como 𝐻 ⃗⃗ = (𝐼/2𝜋𝜌)𝑎̂𝜙 obtemos um
rotacional nulo, como se segue,
𝜕𝐻∅ 1 𝜕(𝜌𝐻∅ )
⃗∇⃗ × 𝐻
⃗⃗ = − 𝑎̂𝜌 + 𝑎̂𝑧 = 0
𝜕𝑧 𝜌 𝜕𝜌
Este resultado se justifica pelo fato de não haver corrente elétrica naquela posição. 106
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
∮𝐻
⃗⃗ × 𝐻
= (∇ ⃗⃗ )
∆𝑆 𝑁
onde N novamente indica um vetor normal à superfície direcionado segundo a regra da mão direita.
O índice em 𝑑𝐿⃗⃗Δ𝑆 indica que o caminho fechado é o perímetro de uma área incremental Δ𝑆. Este
resultado pode também ser escrito como
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗∆𝑆
∮𝐻
⃗⃗ × 𝐻
= (∇ ⃗⃗ ) ∙ 𝑎̂𝑁
∆𝑆
ou
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗∆𝑆 = (∇
∮𝐻 ⃗⃗ × 𝐻
⃗⃗ ) ∙ 𝑎̂𝑁 ∆𝑆
e, ainda
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗∆𝑆 = (∇
∮𝐻 ⃗⃗ ) ∙ ∆𝑆⃗
⃗⃗ × 𝐻
107
onde 𝑎̂𝑁 é um vetor unitário na direção da normal a Δ𝑆 segundo a regra da mão direita.
Agora, vamos determinar ∮ 𝐻 ⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ para a superfície 𝑆 como um todo e não apenas para uma
superfície incremental Δ𝑆. Para tanto, basta fazer o somatório de (∇ ⃗⃗ ) ∙ Δ𝑆⃗ na superfície total 𝑆.
⃗⃗ × 𝐻
Tem-se, portanto,
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∫ (∇
∮𝐻 ⃗⃗ ) ∙ 𝑑𝑆⃗
⃗⃗ × 𝐻
𝑆
onde 𝑑𝐿⃗⃗ é tomado apenas no perímetro de 𝑆. Esta identidade é válida para qualquer campo vetorial e
é conhecida como teorema de Stokes.
Outra forma mais simples de se obter o teorema de Stokes para o campo magnético é
desenvolvida a seguir a partir da lei de Ampère. Temos que
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼
∮𝐻
𝐼 = ∫ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆
então,
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∫ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
∮𝐻
𝑆
⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∫ (∇
∮𝐻 ⃗⃗ ) ∙ 𝑑𝑆⃗
⃗⃗ × 𝐻
𝑆
⃗⃗ = 𝜇0 𝐻
𝐵 ⃗⃗
onde 𝐵⃗⃗ é medida em webers por metro quadrado (𝑊𝑏/𝑚2 ) ou, no Sistema Internacional de
Unidades, em tesla (𝑇). A constante 𝜇0 é conhecida por constante de permeabilidade magnética do 108
espaço livre e tem seu valor dado por
𝜇0 = 4𝜋10−7 𝐻/𝑚
O vetor densidade de fluxo magnético 𝐵 ⃗⃗ pode ser comparado com o vetor densidade de fluxo
⃗⃗, o qual foi visto anteriormente no estudo do campo elétrico.
elétrico 𝐷
Uma vez conhecido o vetor densidade de fluxo magnético, é possível calcular o fluxo
magnético (Φ) através da equação
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
Φ = ∫𝐵
𝑆
Fazendo-se um paralelo com o fluxo elétrico de uma superfície fechada, que pela lei de Gauss
é
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎
Ψ = ∮𝐷
𝑆
tem-se para o fluxo magnético de uma superfície fechada (aplicando-se a lei de Gauss):
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = 0
Φ = ∮𝐵
𝑆
O resultado é nulo porque não existe carga magnética separada, uma vez que não é possível
separar o pólo norte do pólo sul de um material magnético, diferentemente das cargas elétricas, onde
as cargas positivas e cargas negativas são facilmente separadas. Portanto, segue-se que a aplicação da
divergência para um campo magnético será
⃗∇⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = 0
esta é a quarta e última das quatro equações de Maxwell que se aplicam a campos elétricos estáticos
e campos magnéticos estacionários.
ELETROSTÁTICA MAGNETOSTÁTICA
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
Ψ = ∫𝐷 (𝐶) ⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
Φ = ∫𝐵 (𝑊𝑏)
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝑄𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
Ψ = ∮𝐷 ⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜
∮𝐻
𝑆
Lei Circuital de Ampère para o Campo Elétrico: Lei de Gauss para o Campo Magnético:
Divergência: Rotacional:
⃗⃗ ∙ 𝐷
∇ ⃗⃗ = 𝜌𝑣 ⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗
(forma pontual da Lei de Gauss) (forma pontual da Lei Circuital de Ampère)
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ (∇
∮𝐷 ⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗) 𝑑𝑣 = ∫ 𝜌𝑣 𝑑𝑣 = 𝑄𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 ⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∫ (∇
∮𝐻 ⃗⃗) ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 𝐼𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜
⃗⃗ × 𝐻
𝑆 𝑣𝑜𝑙 𝑣𝑜𝑙 𝑆 𝑆
⃗⃗ = −∇
𝐻 ⃗⃗𝑉𝑚
Essa definição não deve entrar em conflito com os resultados anteriores para o campo
magnético, e portanto,
⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗ = ∇
⃗⃗ × (−∇
⃗⃗𝑉𝑚 )
⃗∇⃗ × (−∇
⃗⃗𝑉𝑚 ) = 0
Portanto, vemos que se 𝐻⃗⃗ for definido como o gradiente do potencial magnético escalar,
então a densidade de corrente deve ser zero (𝐽⃗ = 0) através da região na qual o potencial magnético
escalar está definido. Temos, então,
⃗⃗ = −∇
𝐻 ⃗⃗𝑉𝑚 (𝐽⃗ = 0)
A unidade de medida do potencial magnético escalar é Ampère. Esse potencial escalar também
deve satisfazer a equação de Laplace. Por isso, no espaço livre,
⃗∇⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = 0 (4ª 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑥𝑤𝑒𝑙𝑙)
⃗∇⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = ⃗∇⃗ ∙ (𝜇0 𝐻
⃗⃗ ) = 𝜇0 ⃗∇⃗ ∙ 𝐻
⃗⃗ = 0
e, assim,
𝜇0 ⃗∇⃗ ∙ 𝐻
⃗⃗ = 𝜇0 ⃗∇⃗ ∙ (−∇
⃗⃗𝑉𝑚 ) = 0
ou
∇2 𝑉𝑚 = 0 (J⃗ = 0)
⃗∇⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = 0
⃗⃗ = ⃗∇⃗ × 𝐴⃗
𝐵
⃗⃗ × 𝐴⃗
⃗⃗ = ∇
𝜇0 𝐻
1
⃗⃗ =
𝐻 ⃗⃗ × 𝐴⃗
∇
𝜇0
1
⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗ = ⃗⃗ × 𝐴⃗
⃗⃗ × ∇
∇
𝜇0
O rotacional do rotacional de um campo vetorial não é zero e é dado por uma expressão
razoavelmente complicada
Em casos específicos para os quais a forma de 𝐴⃗ é conhecida, a operação rotacional pode ser
aplicada duas vezes para determinar a densidade de corrente.
𝜇0 𝐼 𝑑𝐿⃗⃗
𝐴⃗ = ∮
4𝜋𝑅
Notamos nesta equação que o vetor potencial magnético tem o mesmo sentido e direção que
𝐼 𝑑𝐿⃗⃗. A equação anterior pode também ser escrita em sua forma diferencial,
𝜇0 𝐼 𝑑𝐿⃗⃗
𝑑𝐴⃗ =
4𝜋𝑅
até que um caminho fechado completo no qual a corrente flui seja considerado.
𝜇0 𝐼 𝑑𝑧 𝑎̂𝑧
𝑑𝐴⃗ =
4𝜋√𝜌2 + 𝑧 2
ou
𝜇0 𝐼 𝑑𝑧
𝑑𝐴𝑧 = 𝑑𝐴𝜌 = 0 𝑑𝐴𝜙 = 0
4𝜋√𝜌2 + 𝑧 2
1 1 𝜕 𝑑𝐴𝑧
⃗⃗ =
𝑑𝐻 ⃗∇⃗ × 𝑑𝐴⃗ = (− ) 𝑎̂𝜙
𝜇0 𝜇0 𝜕𝜌
ou
𝐼 𝑑𝑧 𝜌
⃗⃗ =
𝑑𝐻 𝑎̂
4𝜋 (𝜌 + 𝑧 2 )3/2 𝜙
2
que é facilmente mostrada como sendo o mesmo valor dado pela lei de Biot-Savart.
𝐼 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐾
⃗⃗ 𝑑𝑆
No caso de uma corrente fluindo através de um volume com uma densidade 𝐽⃗, temos
𝐼 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐽⃗ 𝑑𝑣
⃗⃗𝑑𝑆
𝜇0 𝐾
𝐴⃗ = ∫
𝑆 4𝜋𝑅
𝜇0 𝐽⃗𝑑𝑣
𝐴⃗ = ∫
𝑣𝑜𝑙 4𝜋𝑅
Fica evidente, pela observação das equações dadas, que o potencial magnético vetorial tem
seu valor de referência zero no infinito, ou seja, 𝐴⃗ = 0 em 𝑅 = ∞, pois nenhum elemento de corrente
finito pode produzir qualquer contribuição quando 𝑅 → ∞.
114
𝐹⃗ = 𝑄 𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗
Conforme pode ser notado, a força é normal à trajetória, por isso ela não pode alterar a
magnitude da velocidade da partícula, em outras palavras, o vetor aceleração é sempre perpendicular
ao vetor velocidade, então a energia cinética da partícula permanece inalterada, e segue daí que o
campo magnético estacionário é incapaz de transferir energia para a carga em movimento. Por outro
lado no que tange ao campo elétrico, este exerce uma força sobre a partícula que é independente da
direção em que a partícula se desloca e, portanto, acarreta uma transferência de energia entre o
campo e a partícula, a mesma é encontrada, conforme já visto, pela expressão
𝐹⃗ = 𝑄𝐸⃗⃗
A força sobre uma partícula em movimento devida aos campos elétrico e magnético
combinados é facilmente obtida através da superposição, ou seja,
𝐹⃗ = 𝑄(𝐸⃗⃗ + 𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗)
Esta equação é conhecida como a equação de força de Lorentz, e sua solução é necessária
para a determinação do movimento de partículas carregadas sob a ação combinada dos campos
elétrico e magnético.
A figura (a) a seguir mostra um diferencial de carga contido em um diferencial de fio ou tira.
Este filamento é percorrido por uma corrente 𝐼, o mesmo tem largura 𝑤 e está submetido a uma
densidade de fluxo magnético 𝐵 ⃗⃗ entrando na folha. Este experimento foi primeiro implementado por
Edwin Hall em 1879, que mostrou que os elétrons de condução em movimento em um condutor
podem ser defletidos por um campo magnético. Esta constatação é conhecida por efeito Hall.
Percebe-se que ao aplicar um campo magnético, conforme figura, ocorre um acúmulo de carga
no lado direito da tira em questão. Este acúmulo de carga ao longo do lado direito da tira (e a
deficiência correspondente de carga deste sinal no lado esquerdo), produz um campo elétrico 𝐸⃗⃗𝐻 ao
longo da tira, conforme mostrado na figura (b). Este campo é conhecido por campo elétrico de Hall.
Desta forma, surge uma diferença de potencial 𝑉𝐻 = 𝐸𝐻 𝑤, chamada de potencial Hall (ou tensão Hall),
ao longo deste diferencial de tira. Esta tensão é factível de medição.
À medida que os portadores de carga (de sinal positivo ou negativo) se movimentam, eles são
defletidos, neste caso, para a direita da tira pela força magnética. E à medida que as cargas se
empilham no lado direito, elas estabelecem um campo elétrico que age dentro do condutor opondo-
se ao movimento (dos portadores adicionais) para os lados. O equilíbrio é rapidamente atingido e a
tensão Hall atinge o seu valor máximo; o diferencial de força magnética lateral é dessa forma
equilibrado pelo diferencial de força elétrica lateral. Em termos vetoriais, o diferencial de força de
Lorentz sobre os portadores de carga é nula, ou seja,
𝑑𝐹⃗ = 𝑑𝑄(𝐸⃗⃗𝐻 + 𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗) = 0
logo, 116
𝐸⃗⃗𝐻 = −𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝐽⃗ = 𝜌𝑣 𝑣⃗
𝑑𝑄 = 𝜌𝑣 𝑑𝑣
Assim,
𝑑𝐹⃗ = 𝑑𝑄 𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗ = (𝜌𝑣 𝑑𝑣)𝑣⃗ × 𝐵
⃗⃗
ou
𝑑𝐹⃗ = 𝐽⃗ × 𝐵
⃗⃗ 𝑑𝑣
𝐽⃗ 𝑑𝑣 = 𝐾
⃗⃗ 𝑑𝑆 = 𝐼 𝑑𝐿⃗⃗
𝑑𝐹⃗ = 𝐾
⃗⃗ × 𝐵
⃗⃗ 𝑑𝑆
𝑑𝐹⃗ = 𝐼 𝑑𝐿⃗⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝐹⃗ = ∫ 𝐽⃗ × 𝐵
⃗⃗ 𝑑𝑣
𝑣𝑜𝑙
𝐹⃗ = ∫ 𝐾
⃗⃗ × 𝐵
⃗⃗ 𝑑𝑆
𝑆
𝐹⃗ = ∮ 𝐼 𝑑𝐿⃗⃗ × 𝐵
⃗⃗ = −𝐼 ∮ 𝐵
⃗⃗ × 𝑑𝐿⃗⃗
𝐹⃗ = 𝐼 𝐿⃗⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝐹 = 𝐵𝐼𝐿 𝑠𝑒𝑛𝜃
onde 𝜃 é o ângulo entre os vetores que representam a direção do fluxo de corrente e a direção da
densidade de fluxo magnético.
𝐼1 𝑑𝐿⃗⃗1 × 𝑎̂𝑅12
⃗⃗2 =
𝑑𝐻 2
4𝜋𝑅12
𝑑𝐹⃗2 = 𝐼2 𝑑𝐿⃗⃗2 × 𝐵
⃗⃗2
e aplicando este resultado ao nosso problema, substituímos 𝐵 ⃗⃗2 por 𝑑𝐵⃗⃗2 (a densidade de fluxo
diferencial no ponto 2 causada pelo elemento de corrente 1) e simbolizamos a quantidade diferencial
de força diferencial no elemento 2 por 𝑑(𝑑𝐹⃗2 ), que é uma diferencial dupla:
𝑑(𝑑𝐹⃗2 ) = 𝐼2 𝑑𝐿⃗⃗2 × 𝑑𝐵
⃗⃗2
𝐼1 𝑑𝐿⃗⃗1 × 𝑎̂𝑅12
⃗⃗2 = 𝜇0 𝑑𝐻
𝑑𝐵 ⃗⃗2 = 𝜇0
2
4𝜋𝑅12
𝐼1 𝐼2
𝑑(𝑑𝐹⃗2 ) = 𝜇0 ⃗⃗ ⃗⃗
2 𝑑𝐿2 × (𝑑𝐿1 × 𝑎
̂𝑅12 )
4𝜋𝑅12
Conforme pode-se observar, a equação é um tanto quanto complicada. Isto deve-se ao fato de
que a força está sendo expressa de forma direta sem a determinação do campo magnético. O conceito
de campo magnético foi introduzido de modo a dividir em duas partes o problema da determinação
da interação de uma distribuição de corrente sobre uma segunda distribuição. Deve-se, portanto,
evitar formas diretas de representação de interações entre correntes em que não há o uso do conceito 118
intermediário de campo magnético.
⃗⃗ = 𝑅⃗⃗ × 𝐹⃗
𝑇
Suponhamos agora que duas forças, 𝐹⃗1 em 𝑃1 e 𝐹⃗2 em 𝑃2 , com braços de alavanca 𝑅⃗⃗1 e 𝑅⃗⃗2
respectivamente, se estendendo a partir de uma origem comum 𝑂, como mostrado na figura (b)
anterior, sejam aplicadas a um objeto de forma fixa e que este objeto não sofra translação. Então, o
torque em relação à origem é
onde
𝐹⃗1 + 𝐹⃗2 = 0
e, portanto,
O vetor 𝑅⃗⃗21 liga o ponto de aplicação de 𝐹⃗2 ao ponto de aplicação de 𝐹⃗1 e é independente da
origem dos dois vetores 𝑅⃗⃗1 e 𝑅⃗⃗2 . Portanto, o torque é também independente da escolha da origem.
Isto pode ser estendido para quaisquer números de forças. Observação: o ponto 𝑂 da origem, em
geral, é designado no eixo de rotação e no plano que contém as forças aplicadas, se as diversas forças
forem co-planares.
Uma vez feita a introdução do conceito de torque, consideremos agora o torque em uma espira
infinitesimal de corrente imersa em um campo magnético 𝐵 ⃗⃗. A espira pertence ao plano 𝑥𝑦, os lados
da espira são paralelos aos eixos 𝑥 e 𝑦 e são de comprimento 𝑑𝑥 e 𝑑𝑦, conforme figura abaixo. O valor
do campo magnético no centro da espira é dado por 𝐵 ⃗⃗0 . Como a espira é de tamanho diferencial, o
valor de 𝐵⃗⃗ em todos os pontos da espira pode ser tomado como sendo 𝐵 ⃗⃗0 , isto porque estamos
trabalhando com dimensões infinitesimais, diferentemente do desenvolvimento do rotacional, onde
tínhamos dimensões incrementais. A força total na espira será zero, pois o campo é o mesmo em todos
os lados desta, contudo, podemos fazer um estudo do torque na mesma, escolhendo-se, para tanto, o
ponto de origem do torque no centro da espira.
𝑑𝐹⃗ = 𝐼 𝑑𝐿⃗⃗ × 𝐵
⃗⃗
𝑑𝐹⃗1 = 𝐼 𝑑𝑥 𝑎̂𝑥 × 𝐵
⃗⃗0
Para este lado da espira, o braço da alavanca 𝑅⃗⃗ se estende da origem ao ponto médio do lado,
1
𝑅⃗⃗1 = − 2 𝑑𝑦 𝑎̂𝑦 , e a contribuição para o torque total é
1 1
⃗⃗1 = 𝑅⃗⃗1 × 𝑑𝐹⃗1 = (− 𝑑𝑦 𝑎̂𝑦 ) × [𝐼 𝑑𝑥 (𝐵0𝑦 𝑎̂𝑧 − 𝐵0𝑧 𝑎̂𝑦 )] = − 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐼 𝐵0𝑦 𝑎̂𝑥
𝑑𝑇
2 2
A contribuição para o torque no lado 3 é igual à contribuição dada pela expressão anterior
1 1
⃗⃗3 = 𝑅⃗⃗3 × 𝑑𝐹⃗3 = ( 𝑑𝑦 𝑎̂𝑦 ) × [−𝐼 𝑑𝑥 (𝐵0𝑦 𝑎̂𝑧 − 𝐵0𝑧 𝑎̂𝑦 )] = − 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐼 𝐵0𝑦 𝑎̂𝑥 = 𝑑𝑇
𝑑𝑇 ⃗⃗1
2 2
⃗⃗1 + 𝑑𝑇
𝑑𝑇 ⃗⃗3 = −𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐼 𝐵0𝑦 𝑎̂𝑥
⃗⃗2 + 𝑑𝑇
𝑑𝑇 ⃗⃗4 = 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐼 𝐵0𝑥 𝑎̂𝑦
A quantidade dentro dos parênteses pode ser expressa pelo produto vetorial,
⃗⃗ = 𝐼 𝑑𝑥 𝑑𝑦(𝑎̂𝑧 × 𝐵
𝑑𝑇 ⃗⃗0 )
ou
⃗⃗ = 𝐼 𝑑𝑆⃗ × 𝐵
𝑑𝑇 ⃗⃗
⃗⃗ = 𝐼 ∫ 𝑑𝑆⃗ × 𝐵
𝑇 ⃗⃗
𝑆
onde 𝑑𝑆⃗ é o vetor área da espira diferencial de corrente, conforme figura anterior, e o índice em 𝐵
⃗⃗0
foi omitido.
Definimos agora o produto da corrente da espira pelo vetor área da espira como o momento
⃗⃗⃗, com unidades de 𝐴. 𝑚2 . Assim,
de dipolo magnético diferencial 𝑑𝑚
⃗⃗⃗ = 𝐼 𝑑𝑆⃗
𝑑𝑚
⃗⃗ = 𝑑𝑚
𝑑𝑇 ⃗⃗
⃗⃗⃗ × 𝐵 121
Estas equações desenvolvidas são válidas para espiras diferenciais de qualquer formato e não
somente para formas retangulares. O torque em uma espira circular ou triangular é também dada em
termos do vetor área da superfície ou vetor do momento de dipolo.
⃗⃗ = 𝐼 𝑆⃗ × 𝐵
𝑇 ⃗⃗ = 𝑚 ⃗⃗
⃗⃗⃗ × 𝐵
Devemos notar que o torque em uma espira de corrente sempre tende a girar a espira de
modo a alinhar o campo magnético produzido pela espira com o campo magnético do meio, ou melhor,
com o campo que está causando o torque.
Uma terceira contribuição para o momento de um átomo é causada pelo spin do núcleo.
Embora este fator forneça um efeito desprezível sobre as propriedades magnéticas dos materiais, ele
é a base do procedimento de mapeamento com ressonância magnética nuclear atualmente fornecido
por muitos hospitais.
Assim, cada átomo contém muitas componentes diferentes do momento, e a sua combinação
determina as características magnéticas do material e permite sua classificação magnética geral.
Descreveremos, de modo breve, seis diferentes tipos de material, a saber:
Diamagnético;
Paramagnético;
Ferromagnético.
aquele em que o momento magnético permanente 𝑚 ⃗⃗⃗0 de cada átomo é zero. Neste material quando
é aplicado um campo magnético externo a este material, o alinhamento dos momentos magnéticos
de seus átomos é oposto às linhas do campo externo. O campo resultante é, portanto, menor que o
campo magnético externo aplicado. Exemplos de materiais diamagnéticos: bismuto metálico,
hidrogênio, hélio, cloreto de sódio, cobre, ouro, silício, germânio, grafite e enxofre.
cargas ligadas é chamada de corrente ligada 𝐼𝑏 ou mais comumente chamada por corrente de
magnetização.
Se existe 𝑛 dipolos magnéticos por unidade de volume e considerando um volume ∆𝑣, então
o momento de dipolo magnético total é determinado pela soma vetorial
𝑛∆𝑣
𝑚
⃗⃗⃗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝑚
⃗⃗⃗𝑖
𝑖=1
Cada um dos 𝑚 ⃗⃗⃗𝑖 pode ser diferente. Todavia, se houver um campo magnético externo,
observará um alinhamento de todos momentos de dipolo individuais para a mesma direção do campo
externo aplicado. Neste caso, estamos considerando que o material é isotrópico. Assim sendo,
𝑛∆𝑣
𝑚
⃗⃗⃗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝑚
⃗⃗⃗𝑖 = 𝑛 ∆𝑣 𝑚
⃗⃗⃗
𝑖=1
𝑛∆𝑣
1
⃗⃗⃗ = lim
𝑀 ∑𝑚
⃗⃗⃗𝑖
∆𝑣→0 ∆𝑣
𝑖=1
Para o caso de todos os momento de dipolo individuais estiverem alinhados para uma mesma
direção devido à aplicação de um campo magnético externo, teremos:
1
⃗⃗⃗ = lim
𝑀 𝑛 ∆𝑣 𝑚
⃗⃗⃗ = 𝑛 𝑚
⃗⃗⃗
∆𝑣→0 ∆𝑣
A figura abaixo mostra diversos momentos magnéticos 𝑚 ⃗⃗⃗ que fazem um ângulo 𝜃 com o
elemento do caminho 𝑑𝐿⃗⃗, cada momento consiste em uma corrente ligada 𝐼𝑏−𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 circulando em
torno de uma área 𝑑𝑆⃗. O elemento 𝑑𝐿⃗⃗ é uma pequena porção de um caminho fechado.
124
Considerando-se um pequeno volume de dimensões 𝑑𝑆⃗ e 𝑑𝐿⃗⃗, ou volume de 𝑑𝑆⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗, dentro
do qual há 𝑛 𝑑𝑆⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ dipolos magnéticos. Ao mudar de uma orientação aleatória para este
alinhamento parcial, a corrente ligada que atravessa a superfície limitada pelo caminho aumenta em
𝐼𝑏 para cada um dos 𝑛 𝑑𝑆⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ dipolos. Assim,
⃗⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
𝐼𝑏 = ∮ 𝑀
Esta equação tem alguma semelhança com a lei circuital de Ampère, e podemos agora
⃗⃗ e 𝐻
generalizar a relação entre 𝐵 ⃗⃗ de modo a aplicá-la a qualquer meio além do espaço livre. Assim
sendo, vamos escrever a lei circuital de Ampère em termos da corrente total, ligada mais livre,
𝐵⃗⃗
∮ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼𝑇
𝜇0
onde
𝐼𝑇 = 𝐼𝑏 + 𝐼
e 𝐼 é a corrente total livre envolvida pelo caminho fechado. Note que a corrente livre aparece sem
índice, uma vez que ela é o tipo mais importante de corrente.
Combinando essas três últimas equações, obtemos uma expressão para a corrente livre
envolvida,
𝐵⃗⃗ 𝐵⃗⃗
𝐼 = 𝐼𝑇 − 𝐼𝑏 = ∮ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ − ∮ 𝑀
⃗⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∮ ( − 𝑀⃗⃗⃗) ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
𝜇0 𝜇0
Vale ressaltar que a lei circuital de Ampère continua sendo escrita em termos da corrente livre,
125
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗
𝐼 = ∮𝐻
⃗⃗ em termos de 𝐵
Então, podemos definir 𝐻 ⃗⃗ e 𝑀
⃗⃗⃗:
𝐵⃗⃗
⃗⃗ =
𝐻 ⃗⃗⃗
−𝑀
𝜇0
esta relação é comumente escrita de um modo que evita frações e sinais de menos:
⃗⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗⃗ + 𝑀
⃗⃗⃗ )
⃗⃗ , 𝐻
A relação entre 𝐵 ⃗⃗ e 𝑀
⃗⃗⃗ pode ser simplificada para um meio linear isotrópico, onde a
susceptibilidade magnética 𝜒𝑚 é definida como
⃗⃗⃗ = 𝜒𝑚 𝐻
𝑀 ⃗⃗
⃗⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗⃗ + 𝜒𝑚 𝐻
⃗⃗ ) = 𝜇0 (1 + 𝜒𝑚 )𝐻
⃗⃗ = 𝜇0 𝜇𝑅 𝐻
⃗⃗
onde
𝜇𝑅 = 1 + 𝜒𝑚
𝜇 = 𝜇0 𝜇𝑅
⃗⃗ e 𝐻
e isto nos permite escrever a relação simples entre 𝐵 ⃗⃗,
⃗⃗ = 𝜇𝐻
𝐵 ⃗⃗
Materiais magnéticos anisotrópicos não podem ser descritos em termos dos parâmetros
susceptibilidade e permeabilidade como desenvolvido acima.
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 0
∮𝐵
𝑆 126
encontramos que
𝐵𝑁1 ∆𝑆 − 𝐵𝑁2 ∆𝑆 = 0
uma vez que a altura do cilindro é considerada próxima a zero e, conseqüentemente, sua área lateral
fica sendo nula.
Assim,
𝐵𝑁2 = 𝐵𝑁1
então,
𝜇1
𝐻𝑁2 = 𝐻
𝜇2 𝑁1
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼
∮𝐻
que é aplicada ao redor de um pequeno caminho fechado pertencente a um plano normal à superfície
da fronteira, como mostrada à direita da figura anterior. Considerando a fronteira conduzindo uma
⃗⃗ cuja componente normal ao plano do caminho fechado é K e fazendo a
corrente superficial 𝐾
integral no caminho com sentido horário, temos
ou 127
𝐻𝑡1 − 𝐻𝑡2 = 𝐾
⃗⃗1 − 𝐻
(𝐻 ⃗⃗2 ) × 𝑎̂𝑁12 = 𝐾
⃗⃗
onde 𝑎̂𝑁12 é o vetor unitário normal à fronteira dirigido da região 1 para a região 2.
𝐴. 𝑒 = “ampère-espiras”
Neste quadro anterior tem-se a definição de relutância magnética ℜ como a relação entre
força magnetomotriz (𝑉𝑚 ) e o fluxo magnético total (Φ). Outra observação a ser feita é relativa à
última linha da tabela, onde a integral de linha do campo magnético é igual à corrente total, que pode
ser considerada como 𝐼 fluindo através de um enrolamento de 𝑁 espiras.
𝑑
A equação para relutância ℜ = 𝜇𝑆 só pode ser aplicada em material magnético homogêneo
linear isotrópico de comprimento 𝑑 e de seção reta uniforme 𝑆, porém o único material com estas
especificações que aplicaremos esta relação em nosso curso será o ar.
A principal diferença entre análise de circuitos elétricos e análise de circuitos magnéticos está
na natureza não-linear das porções ferromagnéticas nesta última. Quando materiais ferromagnéticos
estão presentes no circuito a relação entre 𝐵 e 𝐻 deixa de ser linear.
Depois de 𝐻 atingir um valor de cerca de 100 𝐴. 𝑒/𝑚 , a densidade de fluxo cresce mais 129
suavemente e começa a saturar quando 𝐻 é de várias centenas de 𝐴. 𝑒/𝑚 . Tendo atingido uma
saturação parcial, passemos a outra figura que se segue abaixo, onde podemos continuar nossa
experiência a partir do ponto 𝑥 com a redução de 𝐻.
1
𝑊𝐸 = ∫ 𝐷 ⃗⃗ ∙ 𝐸⃗⃗ 𝑑𝑣
2 𝑣𝑜𝑙
⃗⃗ e 𝐸⃗⃗ .
onde se supõe uma relação linear entre 𝐷
Usando os conceitos vistos para campo magnético, podemos desenvolver uma expressão de
energia por métodos semelhantes àqueles usados na obtenção da relação de energia eletrostática. A
energia total armazenada em um campo magnético estacionário em que 𝐵 ⃗⃗ está linearmente
⃗⃗ é
relacionado com 𝐻
1 130
𝑊𝐻 = ∫ 𝐵 ⃗⃗ ∙ 𝐻
⃗⃗ 𝑑𝑣
2 𝑣𝑜𝑙
⃗⃗ = 𝜇𝐻
Considerando 𝐵 ⃗⃗ , temos as fórmulas equivalentes
1
𝑊𝐻 = ∫ 𝜇𝐻 2 𝑑𝑣
2 𝑣𝑜𝑙
ou
1 𝐵2
𝑊𝐻 = ∫ 𝑑𝑣
2 𝑣𝑜𝑙 𝜇
Suponha que temos um solenóide longo com um núcleo de aço-silício. Esse solenóide, quando
percorrido por uma corrente, gera nesse núcleo uma densidade de fluxo magnético chamada 𝐵𝑎ç𝑜 . Se
aplicarmos uma força mecânica 𝐹 para separar duas seções do núcleo enquanto mantemos a
densidade fluxo constante, estaremos aplicando uma força sobre uma distância 𝑑𝐿. Realiza-se assim,
um trabalho 𝐹 𝑑𝐿, então
2
1 𝐵𝑎ç𝑜
𝑑𝑊𝐻 = 𝐹 𝑑𝐿 = 𝑆 𝑑𝐿
2 𝜇0
Observa-se que o trabalho aparece como a energia armazenada no gap de ar que criamos. O
núcleo não sofre variação alguma de campo ou energia.
131
𝑁Φ
𝐿=
𝐼
Esta definição é aplicável somente a meios magnéticos lineares, de modo que o fluxo seja
proporcional à corrente. Se materiais ferromagnéticos estão presentes, não há uma definição única
para indutância que seja útil em todos os casos. A unidade de indutância é henry (𝐻).
Uma outra definição equivalente para indutância pode ser feita usando um ponto de vista de
energia,
2𝑊𝐻
𝐿=
𝐼2
No interior de qualquer condutor também contém fluxo magnético, e este fluxo envolve uma
fração variável da corrente total, dependendo de sua localização. Estes enlaces de fluxo levam a uma
indutância interna, que deve ser combinada com a indutância externa para obter a indutância total. A
indutância interna por metro de um longo fio reto de seção reta circular de raio 𝑎 e distribuição
uniforme de corrente uniforme é
𝜇
𝐿𝑎,𝑖𝑛𝑡 = (𝐻/𝑚)
8𝜋
132
Quando têm-se dois circuitos em um mesmo arranjo magnético, usualmente, define-se uma
indutância comum entre os mesmos, a qual é chamada de indutância mútua. A indutância mútua
entre os circuito 1 e 2, 𝑀12, em termos dos enlaces de fluxo mútuos (fluxos comuns aos dois circuito)
pode ser escrita como
𝑁2 Φ12
𝑀12 =
𝐼1
onde Φ12 significa fluxo produzido por 𝐼1 que envolve o caminho da corrente filamentar 𝐼2 e 𝑁2 é o
número de espiras do circuito 2.
A troca dos índices não muda os lados direito e esquerdo da equação anterior, portanto,
𝑀12 = 𝑀21
A indutância mútua também é medida em henrys, e devemos nos referir ao contexto para
conseguir diferençá-la da magnetização.
133
A corrente que surge neste experimento é chamada de corrente induzida e diz-se que é
formada a partir de uma força eletromotriz induzida – fem.
134
As espiras são posicionadas próximas e em repouso uma em relação à outra. Quando fechamos
a chave S, formando assim uma corrente contínua na espira à direita, o ponteiro do mostrador da
Como podemos perceber, por meio dos experimentos de Faraday, é a variação do fluxo
magnético na espira que induz uma fem na mesma. Faraday tornou esta afirmação quantitativa por
meio de uma equação, que é conhecida como lei de Faraday, a qual estabelece que
𝑑Φ
𝑓𝑒𝑚 = −
𝑑𝑡
Esta equação exige um caminho fechado, embora não necessariamente um caminho fechado
condutor; o caminho fechado, por exemplo, pode incluir um capacitor ou pode ser uma linha
puramente imaginária no espaço. O fluxo magnético é o fluxo que atravessa a superfície cujo perímetro
é o caminho fechado e 𝑑𝛷/𝑑𝑡 é a taxa de variação temporal deste fluxo. O sinal de menos advém da
chamada lei de Lenz que afirma que a tensão induzida age de modo a produzir um fluxo de oposição
à variação.
Um valor de 𝑑𝛷/𝑑𝑡 diferente de zero pode ser resultado de qualquer uma das seguintes
situações:
𝑑Φ
𝑓𝑒𝑚 = −𝑁
𝑑𝑡
Na eletrostática, esta integral de linha leva a uma diferença de potencial resultante nula.
Contudo, agora, considerando-se campos variantes no tempo, o resultado é uma fem ou uma tensão
135
induzida.
Para se chegar a uma equação que relaciona de forma direta esta variação de campo
magnético com o surgimento do campo elétrico, primeiramente, substitui-se a equação de definição
𝑑Φ 𝑑 ⃗⃗
𝜕𝐵
𝑓𝑒𝑚 = − = − (∫ 𝐵⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆) = − ∫ ∙ 𝑑𝑆
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑆 𝑆 𝜕𝑡
⃗⃗ × 𝐸⃗⃗ ) ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑓𝑒𝑚 = ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∫ (∇
𝑆
⃗⃗
𝜕𝐵
⃗∇⃗ × 𝐸⃗⃗ = −
𝜕𝑡
Esta é uma das quatro equações de Maxwell quando escritas na forma diferencial, ou pontual
(forma esta em que elas são comumente usadas), para campos variantes no tempo.
Considere a posição da barra dada por 𝑦, o fluxo que atravessa a superfície dentro do caminho
fechado em qualquer tempo 𝑡 é dado por
136
Φ = 𝐵𝑦𝑑
𝑑Φ 𝑑 𝑑𝑦
𝑓𝑒𝑚 = − = − (𝐵𝑦𝑑) = −𝐵 𝑑 = −𝐵𝑣𝑑
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
onde a fem está em função da velocidade, podendo então se notar que, tendo um campo estacionário
e um distância 𝑑 constante, a tensão gerada será apenas função da intensidade da velocidade. Quanto
maior a velocidade maior será a fem gerada e se invertemos o sentido de 𝑣, haverá também uma
inversão no sinal da fem medida.
⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗
Esta equação é inadequada para condições de campo magnético variante no tempo, conforme
será constatado a seguir.
⃗∇⃗ ∙ (∇
⃗⃗ × 𝐻
⃗⃗ ) = ⃗∇⃗ ∙ 𝐽⃗
0 = ⃗∇⃗ ∙ 𝐽⃗
pois a divergência de qualquer rotacional é zero. Contudo, temos que a equação da continuidade de
corrente afirma que
𝜕𝜌𝑣
⃗∇⃗ ∙ 𝐽⃗ = −
𝜕𝑡
Portanto, a afirmativa acima de que ⃗∇⃗ ∙ 𝐽⃗ = 0 só será verdadeira se 𝜕𝜌𝑣 /𝜕𝑡 = 0. Esta é uma
limitação que deve ser corrigida para o caso de campos variantes no tempo, onde 𝜕𝜌𝑣 /𝜕𝑡 ≠ 0. Para
tal, suponhamos que adicionemos um termo desconhecido 𝐺⃗ na equação em questão,
⃗⃗ = 𝐽⃗ + 𝐺⃗
⃗∇⃗ × 𝐻
Assim,
⃗∇⃗ ∙ 𝐺⃗ = −∇
⃗⃗ ∙ 𝐽⃗
𝜕𝜌𝑣
⃗∇⃗ ∙ 𝐺⃗ =
𝜕𝑡
𝜕 ⃗⃗
𝜕𝐷
⃗∇⃗ ∙ 𝐺⃗ = ⃗⃗ ∙ 𝐷
(∇ ⃗⃗ ) = ⃗∇⃗ ∙
𝜕𝑡 𝜕𝑡
⃗⃗
𝜕𝐷
𝐺⃗ =
𝜕𝑡
⃗⃗
𝜕𝐷
⃗∇⃗ × 𝐻
⃗⃗ = 𝐽⃗ +
𝜕𝑡
O termo adicional 𝜕𝐷⃗ /𝜕𝑡 tem dimensões de densidade de corrente (ampères por metro
quadrado). Como ele é resultado de uma densidade de fluxo elétrico variante no tempo, Maxwell o
denominou de densidade de corrente de deslocamento. Geralmente, denota-se esta densidade por
𝐽𝑑 , ou ainda:
⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗ + 𝐽𝑑
⃗⃗
𝜕𝐷
𝐽𝑑 =
𝜕𝑡
Em um meio não-condutor no qual nenhuma densidade volumétrica de cargas esteja presente,
𝐽 = 0 e, então,
⃗⃗
𝜕𝐷
⃗∇⃗ × 𝐻
⃗⃗ = (𝐽 = 0)
𝜕𝑡
⃗⃗
𝜕𝐵
⃗∇⃗ × 𝐸⃗⃗ = −
𝜕𝑡
A corrente total de deslocamento que atravessa qualquer superfície dada é expressa pela
integral de superfície,
138
⃗⃗
𝜕𝐷
𝐼𝑑 = ∫ 𝐽𝑑 ∙ 𝑑𝑆 = ∫ ∙ 𝑑𝑆
𝑆 𝑆 𝜕𝑡
e podemos obter a versão variante no tempo da lei circuital de Ampère integrando sobre a superfície
𝑆 a equação
⃗⃗
𝜕𝐷
⃗∇⃗ × 𝐻
⃗⃗ = 𝐽⃗ +
𝜕𝑡
⃗⃗
𝜕𝐷
⃗⃗ × 𝐻
∫ (∇ ⃗⃗ ) ∙ 𝑑𝑆 = ∫ 𝐽⃗ ∙ 𝑑𝑆 + ∫ ∙ 𝑑𝑆 = 𝐼 + 𝐼𝑑
𝑆 𝑆 𝑆 𝜕𝑡
⃗⃗
𝜕𝐷
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼 + 𝐼𝑑 = 𝐼 + ∫
∮𝐻 ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆 𝜕𝑡
Para ilustrar a natureza física desta composição de correntes, ou seja, corrente de condução e
corrente de deslocamento, observe a figura a seguir. A figura (a) mostra um capacitor circular de placas
paralelas. Uma corrente 𝐼 entra pela placa da esquerda e uma corrente igual 𝐼 deixa a placa da direita.
Uma espira amperiana envolve o fio nesta figura (a) e forma o contorno da superfície que é atravessada
pelo fio. A corrente no fio estabelece um campo magnético, cuja densidade de fluxo é indicada na
⃗⃗. Pode-se escrever para este caminho fechado que
figura por 𝐵
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼
∮𝐻
ou seja, que a integral de linha do campo magnético no caminho fechado é igual à corrente de
condução do fio.
139
Na figura (b), manteve-se a mesma espira, mas estendendo-a para o espaço entre as placas do
capacitor. Sabe-se que no espaço entre as placas do capacitor não existe corrente nenhuma de
condução porque nenhum fio condutor está presente interligando as superfícies do capacitor e,
conseqüentemente, se usássemos a equação anterior teríamos resposta zero para a integral de linha,
o que não é experimentalmente verdadeiro. Neste espaço entre placas, o campo elétrico é muito mais
intenso que o campo magnético, a corrente de condução não existe, contudo tem-se aí a chamada
corrente de deslocamento e podemos escrever
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼𝑑
∮𝐻
esta corrente de deslocamento, neste exemplo, possui o mesmo valor da corrente de condução.
Para algumas regiões, a corrente é quase toda de condução, mas para aquelas superfícies que
passam entre as placas do capacitor a corrente de condução é zero e é a corrente de deslocamento
⃗⃗.
que é igual à integral de linha de 𝐻
Equações de Maxwell
na Forma Pontual
⃗⃗
𝜕𝐵
1ª ⃗⃗ × 𝐸⃗⃗ = −
∇
𝜕𝑡
⃗⃗
𝜕𝐷
2ª ⃗⃗ × 𝐻
∇ ⃗⃗ = 𝐽⃗ +
𝜕𝑡
3ª 𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
⃗⃗ = 𝜌𝑣
4ª 𝛻⃗⃗ ∙ 𝐵
⃗⃗ = 0
140
A primeira equação foi desenvolvida a partir da lei de Faraday e relaciona variações de campo
magnético com surgimento de campo elétrico. A segunda equação é a forma pontual da lei circuital de
Estas quatro equações formam a base de toda a teoria eletromagnética. Elas são equações
diferenciais parciais e relacionam os campos elétricos e magnéticos um com o outro e às suas fontes,
densidades de carga e de corrente. As equações auxiliares são apresentadas no quadro abaixo.
Equações Auxiliares
⃗⃗ = 𝜀𝐸⃗⃗
𝐷 ⃗⃗ e 𝐸⃗⃗
Relaciona 𝐷
⃗⃗ = 𝜇𝐻
𝐵 ⃗⃗ ⃗⃗ e 𝐻
Relaciona 𝐵 ⃗⃗
⃗⃗ = 𝜀0 𝐸⃗⃗ + 𝑃⃗⃗
𝐷
Polarização
𝑃⃗⃗ = 𝜒𝑒 𝜀0 𝐸⃗⃗
⃗⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗⃗ + 𝑀
⃗⃗⃗)
Magnetização
⃗⃗⃗ = 𝜒𝑚 𝜇0 𝐻
𝑀 ⃗⃗
Os potenciais 𝑉 e 𝐴⃗ não foram incluídos acima porque não são estritamente necessários,
embora sejam extremamente úteis.
Equações de Maxwell
na Forma Integral
⃗⃗
𝜕𝐵
1ª ∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = − ∫ ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆 𝜕𝑡
⃗⃗
𝜕𝐷
2ª ⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = 𝐼 + ∫
∮𝐻 ∙ 𝑑𝑆⃗
𝑆 𝜕𝑡
3ª ⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ 𝜌𝑣 𝑑𝑣
∮𝐷
𝑆 𝑣𝑜𝑙
4ª ⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = 0
∮𝐵
𝑆
Teoremas do Eletromagnetismo
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗ = ∫ 𝛻⃗⃗ ∙ 𝐷
∮𝐷 ⃗⃗ 𝑑𝑣 Teorema da Divergência
𝑆 𝑣𝑜𝑙.
⃗⃗ ∙ 𝑑𝐿⃗⃗ = ∫ (∇
∮𝐻 ⃗⃗) ∙ 𝑑𝑆⃗
⃗⃗ × 𝐻 Teorema de Stokes
𝑆
Condições de Fronteira
𝐸𝑡𝑔1 = 𝐸𝑡𝑔2
Para Campo Elétrico
𝐷𝑁1 − 𝐷𝑁2 = 𝜌𝑣
𝐻𝑡𝑔1 − 𝐻𝑡𝑔2 = 𝐾
Para Campo Magnético 142
𝐵𝑁1 = 𝐵𝑁2