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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO

SANTO
ENGENHARIA MECÂNICA

CIDMAR MOREIRA ANDRADE JUNIOR


ENZO VICTORIO ANDRADE
LUCAS SARTORIO DIIRR
THIAGO GOMES ZANETTE

PROJETO CICLO COMBINADO

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2020
CIDMAR MOREIRA ANDRADE JUNIOR
ENZO VICTORIO ANDRADE
LUCAS SARTORIO DIIRR
THIAGO GOMES ZANETTE

PROJETO CICLO COMBINADO

Trabalho apresentado à disciplina de Máquinas


Térmicas do curso de Graduação em Engenharia
Mecânica do Instituto Federal do Espírito Santo,
como critério parcial para avaliação.

Orientador: Prof. MsC. Hilton Moulin Caliman.

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2020
RESUMO
Este trabalho é de caráter teórico e tem como objetivo o projeto de uma Usina de
Geração de Potência que opere segundo um Ciclo Combinado Brayton-Rankine.
Foram abordados os seguintes assuntos: uma fundamentação teórica dos ciclos
Brayton e Rankine, os cálculos de projeto, juntamente das considerações utilizadas
nos cálculos de cada ciclo, que foram feitos separados, e por fim os cálculos de
rendimento dos ciclos individuais e o rendimento total do Ciclo Combinado. Esse
trabalho também tem a intenção de mostrar quão interessante é o uso de ciclos
combinados quando comparados com os ciclos individuais, para o aumento de
eficiência, e apresentar os dados de forma didática e simples, para fácil
entendimento.

Palavras Chave: Ciclo Combinado. Geração de Potência. Brayton. Rankine.


ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Ciclo Brayton ............................................................................................... 6
Figura 2 - Diagramas Brayton ..................................................................................... 7
Figura 3 - Ciclo Rankine .............................................................................................. 7
Figura 4 - Diagrama Rankine ...................................................................................... 8
Figura 5 - Sistema ....................................................................................................... 9
Sumário
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................. 4

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 5

2. DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 6

2.1. Fundamentação Teórica .............................................................................. 6

2.1.1. Ciclo Ar Padrão Brayton ....................................................................... 6

2.1.2. Ciclo De Rankine Ideal .......................................................................... 7

2.2. Sistema Considerado................................................................................... 8

2.3. Dimensionamento ........................................................................................ 9

2.3.1. Ciclo Brayton ......................................................................................... 9

2.3.2. Ciclo Rankine ....................................................................................... 16

2.4. Cálculo das Eficiências ............................................................................. 20

2.4.1. Eficiencia do Ciclo Brayton ................................................................ 20

2.4.2. Eficiência do Ciclo Rankine ................................................................ 20

2.4.3. Eficiência Total do Ciclo ..................................................................... 21

3. CONCLUSÃO ................................................................................................. 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 23


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1. INTRODUÇÃO

O ciclo Rankine consiste em uma caldeira que é aquecida por uma fonte de calor
externa, esse vapor irá ser utilizado na turbina, onde gerará trabalho, após isso irá
passar por um condensador que irá resfriar o fluido de trabalho, assim indo até a
bomba, onde será pressurizado, para que o ciclo se repita.
O ciclo Brayton se inicia no compressor, onde o ar irá ser comprimido para que se
eleve sua temperatura, esse ar chegará até o combustor, onde será misturado com o
combustível, esses gases em alta pressão e temperatura irão entrar na turbina para
transformar esses gases em potência mecânica.
Dos vários tipos possíveis de ciclo combinado, o ciclo Brayton/Rankine é o mais
utilizado. Pois possuem fluidos de trabalho de fácil acesso, como ar e água e por
utilizarem de equipamentos que são de tecnologias bem desenvolvidas, foi um ciclo
que obteve grande aceitação.
O ciclo combinado que será utilizado neste trabalho consiste em um ciclo
Brayton/Rankine. Este ciclo consiste na união destes dois ciclos visando obter uma
maior eficiência, pois se utiliza da temperatura de saída da turbina a gás, que é uma
alta temperatura para alimentar o ciclo Rankine, isso ocorre através de um trocador
de calor. O ciclo combinado é uma alternativa no ponto de vista econômico muto boa,
devido ao fato de que aumenta a eficiência sem elevar muito os custos, e esta
eficiência é superior à eficiência de cada ciclo quando operado individualmente.
Esse trabalho visa o projeto de uma usina de geração de potência que opere segundo
um ciclo combinado, na tentativa de obter a maior eficiência possível, levando em
consideração perdas de energia, escolha de parâmetros de projeto, como:
combustível, fluido de trabalho, entre outros.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Fundamentação Teórica

2.1.1. Ciclo Ar Padrão Brayton


Proposto por George Brayton em 1870, o ciclo Brayton foi inicialmente desenvolvido
para ser utilizado no motor alternativo, mas hoje é apenas usado em turbinas a gás
(ÇENGEL, 2013). No ciclo Brayton ocorre adição de calor a pressão constante.
Seguindo a Figura 1, o ar entra no compressor proveniente das vizinhaças e retorna
para ela depois de passar pela turbina, em uma temperatura maior que do a ambiente.
Depois de interargir com a vizinhança, ele volta para o compressor, fechando assim o
ciclo termodinamico.

Figura 1 - Ciclo Brayton

Fonte: ÇENGEL (2013)

Se observamos os Diagramas 𝑝 − 𝑣 e 𝑇 − 𝑠 do ciclo Brayton, localizados na Figura 2,


que se encontra abaixo, podemos perceber que ele se baseia em dois processos
isobáricos, que acontecem no combustor e na exaustão da turbina, e dois processos
isentrópicos, que se passam no compressor e na turbina.
7

Figura 2 - Diagramas Brayton

Fonte: ÇENGEL (2013)

2.1.2. Ciclo De Rankine Ideal


O ciclo Rankine tem como finalidade transformar calor em trabalho. Esse ciclo é ideal
para usinas de potencia a vapor e não envolve nenhuma irreversbilidade interna
(ÇENGEL, 2013).

Figura 3 - Ciclo Rankine

Fonte: ÇENGEL (2013)

Analisando a Figura 3, localizada acima, podemos observar que o ciclo Rankine


consiste de 4 processos, que são:
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1 − 2 Compressão isentrópica em uma bomba;

2 − 3 Fornecimento de calor a pressão constante em uma caldeira

3 − 4 Expansão isentrópica em uma turbina

4 − 1 Rejeição de calor a pressão constante

Figura 4 - Diagrama Rankine

Fonte: ÇENGEL (2013)

Ao se utilizar o ciclo Rankine, é possível eliminar vários dos problemas práticos do


ciclo de Carnot, por superaquecer o vapor na caldeira e condensá-lo completamente
no condensador, como é representado no diagrama 𝑇 − 𝑠, localizado acima.

2.2. Sistema Considerado


Vamos considerar um ciclo de potência combinado Gás-Vapor (Brayton–Rankine),
que se encontra na Figura 5, localizada abaixo. Esse tipo de ciclo possui um
rendimento mais alto que qualquer um dos ciclos executados individualmente
(ÇENGEL, 2013).
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Figura 5 - Sistema

Fonte: ÇENGEL (2013)

2.3. Dimensionamento

2.3.1. Ciclo Brayton

2.3.1.1. Compressor
Foram feitas as seguintes considerações:

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 → 308 𝐾;

𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 → 1 𝑏𝑎𝑟.

𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 → 1: 39.3

𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 → 75%

Prosseguindo para o cálculo de pressão do vapor de saturação:


10

𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟
𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 =
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜

𝑃𝑣 𝑃𝑣
𝜙= → 0,75 =
𝑃𝑣,𝑠𝑎𝑡 0,05628

𝑃𝑣 = 0,04221 𝑏𝑎𝑟

Calculando agora o número de mols de vapor de água para cada mol de ar seco:

Número de mols de vapor de água 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟


=
1 mol de ar seco 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜

𝑁𝑣 𝑃𝑣
=
𝑁 𝑃

𝑃𝑣
𝑁𝑣 = . (4,76 + 𝑁𝑣)
𝑃

𝑁𝑣 = 0,20977

Avaliando a Entropia do sistema (p/ um sistema isentrópico, entropia que entra =


entropia que sai, pela Segunda Lei da Termodinâmica):

∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝑆̅𝑖 ))𝑟 = ∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝑆̅𝑖 ))𝑝

Temos que:

𝑦⋅𝑃
𝑆̅ = 𝑆̅°(𝑇, 𝑃𝑜) − 𝑅 ⋅ ln ( )
𝑃𝑜

Onde:

𝑃𝑜 = Pressão de referência (1 𝑎𝑡𝑚);

𝑅 = Constante universal dos gases;

𝑦 = Fração molar;

𝑃 = Pressão da mistura.
11

A 308 K, a entropia absoluta dos componentes são:

𝑂2 = 205,9842̅̅̅
𝑠°(𝑘𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 ⋅ 𝐾);

̅ (𝑘𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 ⋅ 𝐾); ;
𝑁2 = 192,4468 𝑠°

̅ (𝑘𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 ⋅ 𝐾); ;
𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐻2 𝑂 = 189,8096 𝑠°

𝑃
(𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎) = 0,9869;
𝑃0

𝑃
(𝑠𝑎í𝑑𝑎) = 38,786.
𝑃0

Aplicando esses valores na equação, obtemos:

1121,099 = 𝑎 + 3,76 ⋅ 𝑏 + 0,209 ⋅ 𝑐

Onde:

𝑎 = 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜𝑝𝑖𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜;

𝑏 = 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜𝑝𝑖𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑛𝑖𝑡𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜;

𝑐 = 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜𝑝𝑖𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑎 á𝑔𝑢𝑎.

Pelo método de interação em: ∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝑆̅𝑖 ))𝑟 = ∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝑆̅𝑖 ))𝑝

∑ 𝑛. 𝑆̅(𝑘𝑗⁄𝑘𝑚𝑜𝑙. 𝑘°) 1119,25191 1121,18609

𝑇(𝐾) 830 840

Por interpolação:

𝑇 = 839,55𝐾

ℎ̅𝑂2 = 25,861 (𝑀𝐽/𝑘𝑚𝑜𝑙);

ℎ̅𝑁2 = 24,959 (𝑀𝐽/𝑘𝑚𝑜𝑙);

ℎ̅𝐻2𝑂 = 29,436 (𝑀𝐽/𝑘𝑚𝑜𝑙) .


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Seguindo o trabalho de Silva (2010), a eficiência isentrópica no compressor é de 83%.


A partir disso:

𝑊̇ 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙
= 0,83
𝑊̇ 𝑟𝑒𝑎𝑙

Temos que:

𝑊̇ 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = ∑(𝑛̇ 𝑖 ⋅ (𝐻
̅ 𝑖))𝑟 − ∑(𝑛̇ 𝑖 ⋅ (𝐻
̅ 𝑖))𝑝

Onde:

̅ f+∇ℎ̅
̅ = ℎ°
𝐻

Temos então:

95,842 = 𝑎 + 3,76 ⋅ 𝑏 + 0,209 ⋅ 𝑐

Pelo método de interação na equação de trabalho:

∑ 𝑛. ℎ̅(𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙. 𝐾) 94,387 95,929

𝑇(𝐾) 640 650

Por interpolação, obtemos que:

𝑇 = 649,43 K

ℎ̅𝑂2 = 19,525 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 );

ℎ̅𝑁2 = 19,057 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 );

ℎ̅𝐻2 𝑂 = 22,209 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 ).

Temos então que o trabalho de compressão no primeiro estágio é de:

𝑊̇ = −51,026 (𝑀𝑗/𝐾𝑚𝑜𝑙 . 𝐴𝑟)

2.3.1.2. Combustor
O gás natural escolhido como combustível tem a seguinte composição, segundo a
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Cegás, Companhia de Gás do Ceará:

𝐶𝐻4 4: 89,31%

𝐶2𝐻6: 7,86%

𝐶3𝐻8: 0,24%

𝐶𝑂2: 1,25%

𝑁2: 1,34%

Seguindo então com a estequiometria para a queima de 100% do combustível:

1𝐶𝐻4 + 0,88𝐶2 𝐻6 + 0,004𝐶3 𝐻8 + 0,014𝐶𝑂2 + 0,015𝑁2 + 𝑎(𝑂2 + 3,76𝑁2 + 0,209𝐻2𝑂)


⟶ 𝑏𝐶𝑂2 + 𝑐𝐻2 𝑂 + 𝑑𝑁2

E fazendo o balanço, temos que:

𝑎 = 2,328

𝑏 = 1,202

𝑐 = 2,766

𝑑 = 8,7683

Agora, realizando o balanço com 100% de excesso de ar:

1𝐶𝐻4 + 0,88𝐶2 𝐻6 + 0,004𝐶3 𝐻8 + 0,014𝐶𝑂2 + 0,015𝑁2


+ 4,656(𝑂2 + 3,76𝑁2 + 0,209𝐻2𝑂) ⟶ 𝑎𝐶𝑂2 + 𝑏𝐻2 𝑂 + 𝑐𝑂2 + 𝑑𝑁2

𝑎 = 1,202

𝑏 = 3,253

𝑐 = 2,328

𝑑 = 17,521

Fazendo agora o balanço de energia, a partir da temperatura adiabática de chama:


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̅ 𝑖))𝑝 − ∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝐻
𝑄 = ∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝐻 ̅ 𝑖))𝑟

̅ 𝑖))𝑝 = ∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝐻
∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝐻 ̅ 𝑖))𝑟

Obtemos então as entalpias e as entalpias de formação de cada componente:

Elemento ̅ f(𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙. 𝐾)
ℎ° ℎ̅(𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙. 𝐾)
𝐶𝐻4 74,850 0

𝐶 2𝐻 6 −84,680 0

𝐶 3𝐻 8 −103,850 0

𝐶𝑂2 −393,520 0

𝑁2 0 19,580

𝑁2 (𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙) 0 0

𝑂2 0 19,523

𝐻 2𝑂 −241,820 22,210

Substituindo na equação do balanço estequiométrico:

1,202. 𝑥 + 3,253. 𝑦 + 2,328. 𝑧 + 17,521. 𝑡 = 1.396.022

Pelo método de interação na equação, e após realizar a interpolação, obtemos:

𝑇 = 1700 K

Os valores de entalpia são:

ℎ̅𝐻2 𝑂 = 67,589 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝐶𝑂2 = 82,856 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝑁2 = 54,099 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝑂2 = 56,652 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )


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2.3.1.3. Turbina
A turbina escolhida para o projeto é a STG-A65 da empresa Siemens. As
especificações dela são as seguintes: 60 Htz de frequência, modelo WLE com ISI,
70,8 MW de potência, razão de pressão de 39.3, temperatura máxima de exaustão de
447ºC e vazão de saída máxima de 176 kg/s.

Fazendo a relação de entropia, sabemos que a entropia que entra no sistema deve
ser igual a entropia que sai (turbina isentrópica):

∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝑆̅𝑖 ))𝑟 = ∑(𝑛𝑖 ⋅ (𝑆̅𝑖 ))𝑝

Entropia absoluta a 1700 K:

𝐸𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑠̅°(𝑘𝐽 ⁄ (𝑘𝑚𝑜𝑙 ⋅ 𝐾))

𝐻 2𝑂 256,45

𝐶𝑂2 299,482

𝑂2 262,571

𝑁2 246,166

Avaliando o adimensional de pressão e substituindo os valores na equação de


estequiometria:

𝑃 39,3
= = 38,786 (𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎)
𝑃0 1,01325

𝑃 1
= = 0,9869 (𝑠𝑎í𝑑𝑎)
𝑃0 1,01325

1,202. 𝑥 + 3,253. 𝑦 + 2,328. 𝑧 + 17,521. 𝑡 = 5.376,687


Pelo método de interação na equação, e após realizar a interpolação:

𝑇 = 720 K

Os valores de entalpia são:


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ℎ̅𝐻2 𝑂 = 24,840 (𝑀𝑗⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝐶𝑂2 = 28,121 (𝑀𝑗⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝑁2 = 21,220 (𝑀𝑗⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝑂2 = 21,845 (𝑀𝑗⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

Calculamos agora então o trabalho:

𝑊𝑟𝑒𝑎𝑙
= 0,83
𝑊𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙
𝑊𝑟𝑒𝑎𝑙 = 102,416(𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

Substituindo agora na equação de balanceamento:

1,202. 𝑥 + 3,253. 𝑦 + 2,328. 𝑧 + 17,521. 𝑡 = 433.037,9


Fazendo novamente o método de interação na equação, e realizando a interpolação:

𝑇 = 590 K

Os valores de entalpia são:

ℎ̅𝐻2 𝑂 = 20,39 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝐶𝑂2 = 21,807 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝑁2 = 17,262 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

ℎ̅𝑂2 = 17,609 (𝑀𝐽⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 . 𝐶𝐻4 )

2.3.2. Ciclo Rankine

2.3.2.1. Considerações do Ciclo a Vapor

Com base em trabalhos consultados sobre o mesmo objeto de estudo, consideramos


uma eficiencia de 75% de troca térmica no regenerador. Foi adotado uma temperatura
de saida do regenerador dos gases de combustão de 310 K. Também foi adotado
que a água entraria como liquido comprimido a pressão de 100 bar e temperatura de
333 K saindo da bomba. A água entrará no regenerador como liquido comprimido a
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uma pressão de 100 bar e sairá dele como vapor superaquecido, à mesma pressão.
Seguindo o trabalho de Branco (2005), o menor título de razão vapor-liquido
recomendado na saída da turbina é de 87%, que foi o valor que adotamos para os
cálculos. Seguindo o trabalho de Silva (2010), a eficiencia isentropica na turbina é de
86% e a da bomba foi de 75%. Foi considerado também uma perda na turbina de 1%
de calor para o meio. A temperatura considerada de saída da turbina foi de 60º C.
Os valores de energia cinética e potencial foram desprezados, pois não há grandes
diferenças entre a velocidade e a altura de saida do fluxo massico no volume de
controle.

2.3.2.2. Cálculo da Transferencia de Calor

O cálculo da transferencia de calor do ciclo brayton para o rankine foi feito usando a
quantidade de mols e as entalpias de cada de cada elemento, a partir da primeira Lei
da Termodinamica.

𝑄̇ = ∑(𝑛̇ 𝑖 . ℎ̅𝑖 )𝑠𝑎𝑖 − (𝑛̇ 𝑖 . ℎ̅𝑖 )𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎

𝑄̇ = (𝑛̇ 𝐶𝑂2 . ℎ̅𝐶𝑂2 + 𝑛̇ 𝑁2 . ℎ̅𝑁2 + 𝑛̇ 𝑂2 . ℎ̅𝑂2 + 𝑛̇ 𝐻2 𝑂 . ℎ̅𝐻2 𝑂 )𝑠𝑎𝑖

− (𝑛̇ 𝐶𝑂2 . ℎ̅𝐶𝑂2 + 𝑛̇ 𝑁2 . ℎ̅𝑁2 + 𝑛̇ 𝑂2 . ℎ̅𝑂2 + 𝑛̇ 𝐻2 𝑂 . ℎ̅𝐻2 𝑂 )𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎

𝑄̇ = (1,202 . 9807 + 17,521 . 9014 + 2,328 . 9030 + 3,253 . 1030) − (1,202 . 21807
+ 17,521 . 17262 + 2,328 . 17609 + 3,253 . 20030

𝑄̇ = −210.583,581 𝐾𝑊 𝑜𝑢 − 210 𝑀𝑊

Como é considerado uma perda de 25% de calor, na transferência de calor de um


ciclo pro outro:

𝑄̇ = − 157.937,6858 𝐾𝑊
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2.3.2.3. Caldeira

Entrada:
• T = 333 K
• Liquido Comprimido
• Pressão de 100 bar
Saída:
• Vapor super aquecido
• T = 626, 037 K (essa temperatura foi encontrada pela entalpia abaixo, ao ser
interpolada na tabela A-4 do livro Shapiro).
• Pressão de 100 bar
Calculando pela Conservação de Energia aplicada ao volume de controle a entalpia do
fluido após sair da caldeira e ter recebido o calor do ciclo Brayon (W=0):

0 = 𝑄̇ + 𝑚̇𝑒 ℎ𝑒 − 𝑚̇ 𝑠 ℎ𝑠

− 157.937,6858 = 59,13 (259,605 − ℎ3 )

𝐾𝐽
ℎ3 = 2930,63
𝐾𝑔

2.3.2.4. Turbina a Vapor

Para calcular o trabalho da turbina, precisamos das entalpias do fluido de entrada e


de saida, dito isso:
Entrada:
𝐾𝐽
ℎ3 = 2930,63
𝐾𝑔
Saída:
• X = 0,87
• T = 333 K
• Pressão de 19,94 Kpa
A partir do titulo considerado:

ℎ4𝑠 = (1 − 𝑋). ℎ𝑓 + 𝑥. ℎ𝑔
19

ℎ4𝑠 = (1 − 0,87)251,13 + 0,87 . 2609,6


𝐾𝐽
ℎ4𝑠 = 2302,9989
𝐾𝑔
Utilizando o rendimento da turbina, podemos encontrar a entalpia:
𝑊̇𝑟𝑒𝑎𝑙
𝜂𝑡𝑣 =
𝑊̇𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙
𝑚̇(ℎ3 − ℎ4 )
𝜂𝑡𝑣 =
𝑚̇ (ℎ3 − ℎ4𝑠 )
2930,63 − ℎ4
0,86 =
2930,63 − 2302,9989
𝐾𝐽
ℎ4 = 2390,867
𝐾𝑔
Calculamos então o trabalho:
𝑊̇𝑡𝑣 = 𝑚̇(ℎ3 − ℎ4 )
𝑊̇𝑡𝑣 = 59,13 . (2930,62962 − 2390,867)
𝑊̇𝑡𝑣 = 31.908,36 𝐾𝑊

Baseado em outros trabalhos feitos sobre o mesmo tema, é recomendado considerar


uma perda de 1% no trabalho final da turbina, sendo assim:
𝑊̇𝑡𝑣 = 31.589,28 𝐾𝑊

2.3.2.5. Bomba

Ao sair do condensador, onde o fluido perde calor, é considerado o seguinte estado:


• Liquido Saturado
• Temperatura de 333 K
• Pressão de 19,94 KPa
Podemos calcular então o trabalho da bomba:

𝑊̇𝑏 = 𝑚̇(ℎ1 − ℎ2 )

𝑊̇𝑏 = 59,13. (251,13 − 259,605)

𝑊̇𝑏 = 501,12675 𝐾𝑊

Como a eficiencia isentropica da bomba é de 75%:


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𝑊̇𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙
𝜂𝑏 =
𝑊̇𝑟𝑒𝑎𝑙

501,12675
0,75 =
𝑊̇𝑟𝑒𝑎𝑙

𝑊𝑟𝑒𝑎𝑙 = 668,169 𝐾𝑊

2.4. Cálculo das Eficiências


Para encontrar a eficiencia, preicisamos calcular a razão do trabalho efetuado pelo
calor da fonte quente.

2.4.1. Eficiencia do Ciclo Brayton


𝑊̇𝑙𝑖𝑞
𝑛𝑔 =
𝑄𝑒𝑛𝑡
𝑊̇𝑇𝐺 + 𝑊̇𝐶
𝑛𝑔 =
𝑄𝑒𝑛𝑡
102,416 − 51,026
𝑛𝑔 =
176 . 1066,9
51,39
𝑛𝑔 =
187,7392
𝑛𝑔 = 0,2737
𝑛𝑔 = 27,37%
2.4.2. Eficiência do Ciclo Rankine
𝑊̇𝑙𝑖𝑞
𝑛𝑟 =
𝑄̇𝑒𝑛𝑡

𝑊̇𝑇𝑉 + 𝑊̇𝐵
𝑛𝑟 =
𝑄𝑒𝑛𝑡

31589,28 − 668,169
𝑛𝑟 =
157937,6858

𝑛𝑟 = 0,1957

𝑛𝑟 = 19,57%
21

2.4.3. Eficiência Total do Ciclo

𝑊̇𝑔 + 𝑊̇𝑟
𝑛𝑇 =
𝑄𝑒𝑛𝑡

Seguindo o trabalho de Silva (2010):

𝑄𝑒𝑛𝑡 = 𝑚̇𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 . 𝑃𝐶𝐼

𝐾𝐽
𝑃𝐶𝐼 = 1066,7
𝐾𝑔

Calculamos então a eficiencia:

𝑊̇𝑇𝐺 + 𝑊̇𝐶 + 𝑊̇𝑇𝑉 + 𝑊̇𝐵


𝑛𝑇 =
𝑚̇𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 . 𝑃𝐶𝐼

102,416 − 51,026 + 31589,28 − 668,169


𝑛𝑇 =
176 . 1066,7

𝑛𝑇 = 0,4384

𝑛𝑇 = 43,84%
22

3. CONCLUSÃO

Ao fim do trabalho, pode-se perceber a importância do estudo de ciclos de potência,


e como é interessante o uso de ciclos combinados para o aumento da eficiência
total do ciclo.
A pesquisa realizada ampliou o conhecimento sobre o tema, e possibilitou a
absorção de informação importantes para um estudante, sobretudo para estudantes
de cursos como engenharia mecânica, o qual estuda fortemente diversos processos
de geração de potência, e frequentemente vão para esse mercado de trabalho
depois de formados.
O trabalho foi interessante também, pelo fato do grupo de alunos se deparar com
diversos problemas teóricos durante os cálculos, como por exemplo na transferência
de calor de um ciclo para o outro. Isso mostrou que para projeteis reais, não há uma
formula pronta de cálculos que se deve seguir, existe na verdade uma grande gama
de opções que o aluno deve escolher qual seguir, e também se deve permanecer.
Além disso, muitas vezes foi usado o método de tentativa e erro, em que o grupo
seguia por certas equações na tentativa de fazer o cálculo correto das propriedades
do fluido.
Diante de tudo que foi abordado, fica claro o valor desse trabalho para o
conhecimento do aluno sobre ciclos de potência, visto que permitiu-nos assimilar
um novo foco de estudo, além de nos propiciar o desenvolvimento de novas
competências.
23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de termodinâmica para engenharia. 7.


ed., reimpressão: Rio de Janeiro: LTC, 2016.
ÇENGEL Y. A. E BOLES M. A. (2013). Termodinâmica, Editora McGraw Hill: 7ª
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