Você está na página 1de 35

17/10/2019

Geotecnia

Empuxo de terra e estrutura de


contenção
Professora: Graziella Maria Faquim Jannuzzi

email: jannuzzi@coc.ufrj.br; jannuzzi@macae.ufrj.br

Introdução
 São inúmeros casos em que as estruturas de Engenharia Civil interagem com maciços terrosos por meio
de paramentos (a face de uma estrutura ou elemento estrutural que interage com o solo) verticais, ou
próximos da vertical.

 Como resultado da referida interação, mobilizam-se sobre o paramento forças, normalmente


denominadas empuxos, de direção horizontal ou com componente horizontal predominante.

 Os problemas de interação referidos podem ser classificados em duas grandes categorias

1) O solo solicita a estrutura

2) O solo é solicitado pela estrutura

Notas de aula baseada no livro do Professor Manuel Mattos de Fernandes (2014)

1
17/10/2019

1) Exemplos de casos nos quais o solo exerce sobre a estrutura uma solicitação, o solo “empurra” a
estrutura e ela tenderá a experimentar um movimento maior ou menor, dependendo das suas condições
de apoio, no sentido contrário ao solo suportado.

Exemplo de estruturas nas quais o solo “ empurra” a estrutura: a) paredes periféricas de subsolo de um edifício; b) muro de 
gravidade de alvenaria; c)muro de gravidade de concreto armado (Fernandes, 2014)

2) Exemplos de casos nos quais o solo recebe uma solicitação, a estrutura é “empurrada” contra o solo,
sendo o empuxo que ele exerce sobre ela uma reação. Exemplo típico: caso de fundação que transmite
ao maciço forças de elevada componente horizontal.

Exemplo de estruturas em que as pressões do solo têm natureza reativa, Fernandes (2014)

2
17/10/2019

Existem inúmeras estruturas em que a interação com o solo engloba simultaneamente as duas
categorias. Exemplo: muro de gravidade que em uma parte da significativa da estrutura é enterrada.

Exemplo de estrutura em que ocorrem pressões dos dois tipos, tanto o solo 
solicitando a estrutura quanto sendo solicitado por ela (modificado de Fernandes, 
2014).

 Existem situações em que o dimensionamento pode ser efetuado de forma satisfatória com base na
avaliação da força mínima e ou da máxima de interação solo-estrutura, denominados mais adiante
empuxo ativo e passivo respectivamente.

 A avaliação essas forças é objeto de soluções cientificamente sustentadas, como a teoria de


Coulomb (1773) e a de Rankine (1857).

3
17/10/2019

Estados de Equilíbrio Limite Ativo e Passivo de Rankine


Apresentação do conceito:

Considere um maciço granular no estado de repouso e Imagine-se que parte deste maciço foi retirada,
com superfície horizontal. substituindo-se sua ação em relação à massa
remanescente por meio de um paramento
vertical rígido e liso, sem que nessa massa
fosse introduzida qualquer deformação,
portanto qualquer alteração do estado de
tensão.

Nessas condições, a tensão exercida pelo solo


sobre o paramento num ponto à profundidade
Z vale:
Condições iniciais para a mobilização dos estados ativo e passivo de
Rankine: (a) solo granular de superfície horizontal no estado de
repouso; (b) substituição da parte de esquerda do maciço por um
𝜎 ℎ𝑜 𝑘𝑜𝜎 𝑣𝑜
paramento vertical, rígido e liso sem introduzir deformações na Onde:
metade remanescente (Fernandes, 2014). 𝜎’vo e 𝜎’ho são as tensões efetivas vertical e
horizontal
Ko é o coeficiente do empuxo no repouso

𝜎 ℎ𝑜
𝑘0
𝜎 𝑣𝑜

Estado de repouso

4
17/10/2019

Suponha se que o paramento experimenta uma progressiva translação horizontal para a


esquerda.

As tensões principais máxima e mínima continuarão a ser as tensões vertical e horizontal,


respectivamente, mantendo-se constante a primeira, enquanto a segunda diminui
progressivamente

𝜎’ha  tensão horizontal


ativa

1 𝑠𝑒𝑛′
𝐾𝑎
1 𝑠𝑒𝑛′

Estado ativo

Empuxo ativo

5
17/10/2019

Suponha se que o paramento experimenta uma progressiva translação horizontal para a


direita, isto é, se aquele for empurrado contra o terreno, comprimindo-o, a tensão horizontal
aumentará, mantendo-se fixa a tensão vertical.

A tensão horizontal aumentará e a tensão vertical efetiva continuará a mesma.

𝜎’hp  tensão
horizontal passiva 1 𝑠𝑒𝑛′
𝐾𝑝
1 𝑠𝑒𝑛′

Estado passivo

Empuxo passivo

6
17/10/2019

Coeficientes de empuxo ativo e passivo segundo Rankine


 Coeficiente de empuxo representado em mecânica dos solos pela letra k.
𝜎 ℎ
𝑘
𝜎 𝑣
 Relembrando o coeficiente de empuxo no repouso Ko para solos normalmente adensados e sobreadensados

 Para solos normalmente adensados pela fórmula de Jaki (professor húngaro) ko vale:

𝑘𝑜 1 𝑠𝑒𝑛′)

 Para solos sobreadensados, ko é definido pela expressão abaixo, que é uma extensão da fórmula de Jaky, que
leva em consideração dados de diversos pesquisadores.

𝑘𝑜 1 𝑠𝑒𝑛′)OCR 𝑠𝑒𝑛′

Para argilas sobreadensadas, o atrito entre as partículas age para impedir o alívio da tensão horizontal quando as
tensões verticais são reduzidas. Ex. Resultados de compressão edométrica na fase de descarregamento.
 Ko é tanto maior, quanto maior o OCR.

7
17/10/2019

Coeficientes de empuxo ativo e passivo segundo Rankine


 Coeficiente de empuxo ativo ka, é o quociente entre a tensão efetiva horizontal no estado ativo e a
respectiva tensão efetiva vertical:

𝜎 ℎ𝑎
𝑘𝑎
𝜎𝑣
 Coeficiente de empuxo passivo kp, é o quociente entre a tensão efetiva horizontal no estado passivo e
a respectiva tensão efetiva vertical:

𝜎 ℎ𝑝
𝑘𝑝
𝜎𝑣

 Apenas no âmbito da teoria original de Rankine (tratada nesta seção) é que as tensões que
intervêm na definição de ka e kp são tensões horizontal e vertical.

  
𝐾𝑎 = 𝑡𝑔2

  
𝐾𝑝 = 𝑡𝑔2

8
17/10/2019

Empuxo ativo e passivo segundo Rankine

 O método de Rankine permite calcular a tensão horizontal sobre um paramento estrutural vertical que
interage com um maciço em estado de equilíbrio limite, de acordo com condições postuladas.

 O método de Rankine é baseado nas seguintes hipóteses:

1) O solo é granular.
2) O solo é homogêneo.
3) A superfície do terreno é horizontal.
4) O paramento é vertical e rígido.
5) O atrito entre o solo e o paramento é nulo.

 Sendo  o peso específico do solo, as pressões sobre o paramento à profundade Z valem :

𝜎 ℎ𝑎 𝑧 𝑘𝑎𝜎 𝑣 𝑧 𝑎𝑍 𝜎 ℎ𝑝 𝑧 𝑘𝑝𝜎 𝑣 𝑧 𝑝𝑍

 conclui-se, portanto, que, se o


maciço for homogêneo, os
diagramas de pressões são
triangulares.

9
17/10/2019


𝐸𝑎 𝑎𝜎 𝑣𝑑𝑧 𝑎zdz


𝐸𝑝 𝑝𝜎 𝑣𝑑𝑧 𝑝zdz

 O ponto de aplicação dos empuxos, caso o


maciço seja homogêneo, estará a uma
profundidade de h

 Os empuxos ativos e passivos representam,


portanto, respectivamente o limite inferior e
superior da força de interação entre o solo e
o paramento.

 Pode-se verificar, através das expressões de


ka e kp, que a grandeza do primeiro decresce
e a do segundo aumenta com o crescimento
do ângulo de atrito.

Deslocamentos associados ao estado Ativo e Passivo


 Experiências de Terzaghi (1929, 1934)

 Intuito: simular em laboratório os deslocamentos dos paramentos estruturais


para os quais, nos maciços adjacentes, os estados de equilíbrio ativo e passivo
são mobilizados

 Experiência: com uma caixa ou um tanque preenchido com areia, depositada


cuidadosamente em camadas, em que um dos paramentos laterais era
articulado na base e dotado de dispositivos, a várias alturas, que permitiam
medir a pressão do solo, logo, o empuxo.
Durante o enchimento do tanque com areia o paramento foi mantido na
posição vertical e ao final do enchimento registrou-se o empuxo de solo (Io)
Considerando que as pressões instaladas contra a parede de contenção serão
semelhantes às que se instalariam nesse plano vertical caso tal parede se situasse
a grande distância dele. Partindo deste pressuposto, em certos ensaios o
paramento (articulado na base) era deslocado contra o solo, registrava-se, então,
o crescimento do empuxo até um valor máximo (Ep). Em outro ensaio, o
paramento era deslocado no sentido oposto, o empuxo baixava para valores
menores do que o Io, até chegar no valor mínimo (Ea).

10
17/10/2019

Empuxo de Terra, de Terzaghi (1943)

 Os ensaios evidenciam nitidamente


que são necessários deslocamentos
muito grandes para a mobilização do
estado passivo.

 Ao contrário, deslocamentos muito


reduzido acarretam a mobilização do
estado ativo.

 A ordem de grandeza, obtida por


diversos autores, para a mobilização
do estado passivo podem exceder 5%
da altura do paramento, enquanto
para o ativo 0,1 a 0,2% da altura do
paramento.

11
17/10/2019

Generalização do Método de Rankine

1) Revisão e não generalização do método de Rankine.


Sendo  o peso específico do solo, as pressões sobre o paramento à profundidade Z valem :

2) Sobrecargas uniformes verticais na superfície do terreno

 Se existe uma sobrecarga vertical uniformemente distribuída, q, na superfície do terreno, a tensão


efetiva vertical em qualquer ponto do maciço aumentará de igual valor.

 Caso o maciço se encontre no equilíbrio


limite, a pressão (ativa ou passiva) sobre o
paramento na profundidade Z passa a ser:

Onde K vale ka ou kp, conforme o caso.

12
17/10/2019

3) Maciço Estratificado
 Cada camada tem o seu peso e ângulo de atrito especificado.

 A tensão no ponto imediatamente acima da superfície de separação das camadas é calculada.

 Camada 1
𝜎’h1 𝑘11ℎ1
Onde:
𝜎’h1 = pode ser a tensão efetiva horizontal
passiva ou ativa da camada 1,
𝑘1 = empuxo ativo ou passivo da camada 1

3) Maciço Estratificado (continuação)


 Camada 2
i) A camada 1 pode ser assimilada como uma sobrecarga uniformemente distribuída de valor (1ℎ1
dando origem a, na zona em questão, a um diagrama uniforme de valor
𝜎’h21 𝑘21ℎ1
Onde:
𝜎’h21 = pode ser a tensão efetiva horizontal passiva ou ativa da camada 1 na camada 2,
𝑘2 = empuxo ativo ou passivo da camada 2

ii) Tensão associada à camada 2


Ao diagrama da camada 2 que corresponde
à sobrecarga da camada 1 é somado o das
tensões associadas à camada 2, que vale
𝜎’h2 𝑘22ℎ2 à profundidade h2, abaixo da
superfície de separação das camadas 1 e 2.

13
17/10/2019

4) Maciço com nível freático

 Os maciços que englobam um nível freático estacionário, o problema pode ser encarado como se
existisse duas camadas: uma acima do nível freático de peso , e outra abaixo do nível freático, de peso
específico ’(peso específico submerso). O que significa que se o maciço estiver submerso, as pressões
de terra diminuem.
 Contudo, é preciso
adicionar as pressões
hidrostáticas a essas
pressões, sendo então o
empuxo total (solo
mais água)
substancialmente maior
do que no caso de o
nível freático não
existir no caso ativo,
ocorrendo o oposto no
caso passivo.

4) Maciço com nível freático (continuação)

i) Diagrama 1 – Referente aos solos acima do nível de água, crescendo desde a superfície do terreno até o
nível de água, mantendo-se a partir daí constante, já que aquele solo pode ser imaginado como uma
sobrecarga uniforme de valor (h-hw). No caso de ser o mesmo solo (mesmo , logo, mesmo k).
ii) Diagrama 2 – refere-se ao solo abaixo do nível freático.
iii) Diagrama 3 – é o das pressões hidrostáticas (na água o valor de k=1)

Como se trata do mesmo solo


(mesmo , logo, mesmo k,
acima e abaixo do nível
freático), o diagrama
resultante apresenta à
profundidade do nível freático
um ponto de quebra, mas não
uma descontinuidade.

14
17/10/2019

5) Extensão da teoria de Rankine a solos com coesão

 É possível verificar facilmente que as inclinações dos planos onde a resistência ao cisalhamento está
integralmente mobilizada em solos com coesão (figura da esquerda) coincidem com solos sem coesão
(figura da direita).

Círculos de Mohr nos estados de repouso, ativo e  Círculos de Mohr nos estados de repouso, ativo e 


passivo num solo com coesão e ângulo de atrito. passivo num solo somente com ângulo de atrito.

5) Extensão da teoria de Rankine a solos com coesão (continuação)


 A figura abaixo ilustra os círculos de Mohr que representam as tensões à profundidade Z num maciço
de superfície horizontal, com coesão, e ângulo de atrito e nas situações de equilíbrio limite de Rankine.

15
17/10/2019

5) Extensão da teoria de Rankine a solos com coesão (continuação)

 A dedução das expressões dos coeficientes de empuxo considerando solos coesivos são denominadas
equações de Rankine-Résal, são:

5) Extensão da teoria de Rankine a solos com coesão

 A dedução das expressões dos coeficientes de empuxo considerando solos coesivos são denominadas
equações de Rankine-Resél, são:

𝜎 ℎ𝑎 𝑘𝑎𝜎 𝑣‐2c’ 𝑘𝑎

𝜎 ℎ𝑝 𝑘𝑝𝜎 𝑣+2c’ 𝑘𝑝

Onde:
 
𝐾𝑎 𝑡𝑔2
 
𝐾𝑝 𝑡𝑔2
4 2

16
17/10/2019

Para solos “ puramente ” coesivos ou seja ’= 0, se a tensão horizontal for nula ( exemplo do que acontece
na face de uma escavação não suportada), tem-se:

𝜎 ℎ𝑎 𝑘𝑎𝜎 𝑣‐2c’ 𝑘𝑎

 Para 𝜎 ℎ𝑎 0

0  𝑘𝑎𝜎 𝑣‐2c’ 𝑘𝑎

𝑘𝑎 𝜎 𝑣 2c’ 𝑘𝑎

 Para ’=0

𝜎 𝑣 2c’
2c’
𝑍𝑜 2c’ logo, 𝑍𝑜

6) Extensão da teoria de Rankine para:

 maciço com superfície inclinada interagindo com paramento vertical


 maciço com superfície inclinada interagindo com paramentos não verticais

Ver Fernandes (2014)

Exercícios.

17
17/10/2019

Método de Coulomb
 A teoria de avaliação dos empuxos de terras em equilíbrio limite foram formuladas pela primeira vez por
Coulomb (1773).

 As designações de empuxo ativo e passivo, bem como os respectivos coeficientes de empuxo conforme
se conhece hoje, foram de fato introduzidos por Rankine quase um século mais tarde.

 O método original de Coulomb que ele próprio desenvolveu e usou enquanto engenheiro, consistia numa
avaliação das forças limite mínima e máxima de interação solo-paramento, logo numa determinação dos
empuxos ativo e passivo.

 Coulomb desenvolveu o método de avaliação dos empuxos de terras no âmbito do projeto de


fortificações enquanto engenheiro militar do Reino de França, e notabilizou-se também pelos seus
trabalhos científicos sobre eletricidade e magnetismo.

 Coulomb admite que a cunha de solo (solo não coesivo e homogêneo) que condiciona a força limite
de interação com o paramento estrutural é limitada por uma superfície plana que passa no pé do
paramento.

Para determinar a força, admite-se que a


cunha está em situação de deslizamento
iminente ao longo da superfície mencionada
e ao longo do próprio paramento.

Deslizamento poderá ter sentido:


 descendente (solo empurra a estrutura)
 ascendente (solo é empurrado pela
estrutura)

Sendo conhecido os ângulos de resistência


ao cisalhamento do solo e da interface solo-
paramento, a hipótese de deslizamento
iminente torna o problema estaticamente
determinado, permitindo terminar a força
limite de interação.

18
17/10/2019

 A identificação da cunha é feita por tentativas: a consideração de distintas cunhas de terra, limitadas por
outras tantas superfícies de deslizamento, permite obter uma série de forças de interação, E1, E2, ..., En.

 O método de Coulomb foi concebido como um método gráfico de tentativas.

 Pode-se verificar na figura cada um dos estados: ativo e passivo. Nota-se a orientação das forças, E e R
em cada um dos casos, determinada pelo sentido do movimento relativo da cunha com o terreno
remanescente e com a estrutura.

Construção de Culmann
 Culmann (1875) para o caso do empuxo ativo, descreve a seguinte sequência de construção:

i) traça-se uma reta horizontal bb’;


ii) traça-se a reta bg , que faz um ângulo ’ com a
anterior;
iii) traça-se a reta bf, que faz um ângulo  (ângulo
que a reação do empuxo ativo faz com a
vertical) com a anterior (bg);
iv) escolhe-se a primeira superfície de
deslizamento bc1, calcula-se o peso do solo ( e
sobrecargas) correspondentes e marca-se o
ponto d1 sobre a reta bg de modo que, numa
escala de forças escolhida arbitrariamente, o
seguimento bd1represente o peso da cunha
abc1( e das sobrecargas correspondentes);
v) O segmento e1d1, paralelo a bf, representa, na
escala de forças adotada, a reação que o
paramento precisa exercer para evitar o
deslizamento da cunha abc1

19
17/10/2019

 Repetindo a operação para outras cunhas, pode facilmente se determinar o ponto, correspondente à
maior força de interação, que será o empuxo ativo desejado. A determinação da superfície que
delimita a cunha crítica, abc, é então imediata.

 Essa construção tem como base um artifício que permite efetuar o cálculo muito mais rapidamente,
os polígonos de forças (bd1e1, bd2e2, etc) estão rodados no sentido contrário ao dos ponteiros do
relógio de um ângulo /2 +’ em relação à posição normal ilustrada abaixo.

Caso ativo

20
17/10/2019

Considerando:

W = peso da cunha de solo

R = força resultante das tensões normais e cisalhantes que faz um ângulo ’ com a normal ao plano
quando o atrito é mobilizado no caso ativo.

OBS: R fica na direção oposta à tendência ao deslizamento .

Ea = é o empuxo ativo
 = ângulo de atrito solo-muro depende da rugosidade do muro (= ’)
OBS: Ea faz uma ângulo  com a horizontal

Eu conheço w  R e Ea eu acho graficamente

 Caso ativo – considerando paramento vertical e c=0 e ≠0.

𝑤 𝐴ϴ 𝑠

Figura esquemática

21
17/10/2019

 Caso ativo – considerando paramento vertical e c≠0 e ≠0.

𝐶 𝑐 Lo
𝐻
𝐿𝑜
𝑠𝑒𝑛ϴ

Figura esquemática

Caso passivo

22
17/10/2019

Considerando:

W = peso da cunha de solo

R = força resultante das tensões normais e cisalhantes que faz um ângulo ’ com a normal ao plano
quando o atrito é mobilizado no caso ativo.

OBS: R fica na direção oposta à tendência ao deslizamento .

Ep = é o empuxo passivo
 = ângulo de atrito solo-muro depende da rugosidade do muro (= ’)
OBS: Ep faz uma ângulo  com a horizontal

Eu conheço w  R e Ep eu acho graficamente

 Caso passivo – considerando paramento vertical e c=0 e ≠0.

Figura esquemática

23
17/10/2019

 Caso passivo – considerando paramento vertical e c≠0 e ≠0.

Figura esquemática

(Fernandes, 2014)
Solução analítica

24
17/10/2019

Muro de gravidade
 O movimento do muro é essencialmente controlado pela
sua fundação . A fundação do muro recebe uma força, que
é resultante do peso e do empuxo, inclinada e com
determinada excentricidade.
 O equilíbrio dessa força vai exigir a mobilização de
tensões tangenciais e normais na base do muro.
 As tensões normais, com a distribuição indicada,
acarretam recalques crescentes da borda interior para a
borda exterior da fundação.
 As tensões tangenciais exigem deslocamentos tangenciais
(muito pequeno entre o muro e a fundação.
Resumo:
i) O movimento que o muro experimenta é essencialmente
devido à deformação do terreno de fundação;
ii) O movimento de fundação pode ser simplificadamente
caracterizado como a combinação de uma rotação com
uma translação horizontal, ambas dirigidas para ao lado
oposto às terras suportadas.

 O fato de o estado limite ativo se mobilizar para deslocamentos muito pequenos do paramento
estrutural permite que, no dimensionamento dos muros de gravidade, se adote como solicitação das
terras suportadas o valor do empuxo ativo.

 Muito antes de o muro sofrer colapso experimentará deslocamentos suficientes para que o empuxo
baixe para o valor do empuxo ativo. Isto significa que a resistência do solo atrás do muro se
mobilizará para deformações muito menores do que as correspondentes à mobilização da resistência
do maciço de fundação do muro. Se o empuxo exceder o ativo, isso é um bom sintoma: significa que
o maciço de fundação do muro é mais resistente do que o necessário.

25
17/10/2019

Tipos de muros de gravidade


São diversos os muros de gravidade no que diz respeito ao material construtivo, à forma e ao processo
construtivo.

 Muros de alvenaria de pedra de mão - mais antigas


estruturas de engenharia civil.

 Muros gabiões – constituídos por caixas de


paralelepípedos de tela de aço galvanizado
preenchida por brita, constituem a versão moderna
dos muros de alvenaria. Muito aplicado em obras
viárias, nas quais oferecem boa integração
paisagística.

 Muros de concreto

i) Concreto ciclópico para alturas modestas a


moderadas. Ex. os muros-cais de bloco. Os
blocos são pré-fabricados em estaleiros, levados
para o local e em seguida afundados, sendo sua
posição fixada com auxílio de mergulhadores.
Geralmente são assentes numa camada de
enrocamento previamente depositada no local.
ii) Concreto armado (e até protendido) para
maiores alturas.
OBS: Os muros de concreto armado, por meio do
prolongamento da sapata para o lado das terras
suportadas, são concebidos de modo a envolver
aquelas na estabilidade.

iii) Concreto armado com contraforte – que permite


reduzir a espessura e a armadura do paramento
vertical e também da própria sapata, embora
requeiram forma mais dispendiosa e envolvem
maiores dificuldades na execução.

26
17/10/2019

Casos típicos com relação ao procedimento construtivo.


 Aterro (a) - correspondem a obras que não
envolvem escavação significativa, sendo colocado,
após a construção, um aterro, para a realização de
um terrapleno horizontal ou inclinado.

 Escavação (b) – obras que envolvem


essencialmente a escavação para a obtenção de uma
plataforma em frente do muro, e este é construído
para a contenção das terras não escavadas cuja
resistência ao cisalhamento, ao longo prazo, será
insuficiente para, por si só, garantir a estabilidade.
Quando a inclinação da face da escavação se
aproxima do ângulo de resistência ao cisalhamento
do terreno escavado, o muro deixa de ter funções
estruturais, passando a ser muro de revestimento,
para proteção contra a erosão e intemperismo.

 Escavação (c) – a escavação do terreno é efetuada


de modo que o material possa ser colocado atrás
do muro.

Muros – Modo de ruptura (estado limite):

Modos de ruptura:

i) Deslizamento pela base;

ii) Ruptura do solo de fundação;

iii) Tombamento;

iv) Escorregamento global.

27
17/10/2019

 O efeito conjunto do empuxo ativo e do próprio peso do muro implica a transmissão à fundação de uma
força R inclinada e cujo ponto de aplicação se situa a uma distância, e, denominada excentricidade, do
centro de gravidade da sapata muro, G. A componente de R paralela à base, T, é considerada no estudo da
ruptura por escorregamento pela base.

 É fácil verificar que, para que toda a base do muro esteja carregada, é necessário que R, logo N, atue dentro do
terço central, o que corresponde a impor e  B/6.

 Quando isso não acontece, parte da base do muro fica descarregada, isto é, sem contato físico com o maciço de
fundação.

 Para condições estáticas, é recomendável impor como critério de dimensionamento que a resultante passe pelo
terço central da base do muro, a não ser que ele seja fundado num maciço rochoso de elevada resistência.

28
17/10/2019

Verificação da segurança.

Tabela 1 –Valores mínimos de coeficientes globais de segurança para muros de gravidade,


(modificado de Fernandes, 2014)

Modo de ruptura FS
Perda de estabilidade global 1,5
Ruptura da fundação 2,0 a 3,0
Deslizamento pela base 1,5 a 2,0
Tombamento 1,5

Muro de arrimo com as forças aplicadas

O coeficiente global à ruptura do solo de fundação é


representado pela equação

𝑉𝑅
𝐹
𝑉𝑠

Onde:
VR= representa a capacidade de carga vertical
VS= é a carga vertical aplicada à fundação do muro

Muro de arrimo gravidade com forças aplicadas na condição 
estática.

29
17/10/2019

Ênfase nesta aula será dada em dois tipos de ruptura:

 Deslizamento pela base

ç
FS = 
ç

FS 1,5 a 2,0

 Tombamento

FS = 

FS 1,5

Peso específico de alguns materiais
Material  (kN/m3)
Concreto simples 24
Concreto armado 25
Concreto ciclópico 22
Gabião 18

 O peso específico da rocha é em torno de 24kN/m3. O gabião tem aproximadamente 30%  de vazios o que resulta em 
um    de aproximadamente 18kN/m3.

30
17/10/2019

Exercícios

1 – Calcule a ruptura por deslizamento e tombamento do muro abaixo

0,30m

3,0m
 = 18kN/m3
’ = 30°

0,30m

1,80m

Exercícios

2 – Calcule a ruptura por deslizamento e tombamento do muro abaixo

0,30m

 = 18kN/m3
3,0m ’ = 30°

1,0m
0,30m

1,0m
2,80m

31
17/10/2019

Exercícios

3 – Calcule a ruptura por deslizamento e tombamento do muro abaixo

0,40m

 = 18kN/m3
3,0m
’ = 30°

0,60m
1,80m

Drenagem do maciço
 A drenagem do maciço suportado constitui aspecto crítico para a segurança do muro.

 A existência de um nível freático naquele maciço, como foi salientado nas aulas anteriores, é muito
desfavorável , agravando substancialmente o empuxo total.

32
17/10/2019

 Alguns esquemas de drenagem tradicionais são


apresentados a seguir. Pode-se verificar que
imediatamente atrás do muro o sistema de drenagem é
constituído por material de grande permeabilidade,
que podem ser naturais ou artificiais ( ex.
geocomposto de drenagem). Quando não há problema
em drenar as águas para a frente do muro, ele pode ser
dotado de drenos transversais ou barbacãs.

 A construção de tapetes de drenagem inclinados por


detrás do muro, intercalado (embora não
necessariamente) entre a superfície escavada do
maciço natural e o aterro granular.

 Nas três soluções representadas, junto à base do muro


e na parte de trás dele, coloca-se um tubo furado,
materializando desse modo um dreno longitudinal, de
onde a água é escoada por gravidade. A zona
adjacentes aos drenos deve ser dotada de um filtro de
modo a evitar não só a erosão interna no maciço mas
também a obstrução dos furos .

Muros de gravidade.

Cadegue, Rio de Janeiro. Novembro de 2016

33
17/10/2019

Bibliografia

Fernandes, M. de M. (2014). Mecânica dos solos introdução à


Engenharia Geotécnica. Vol.2. São Paulo: Oficina de Texto.

Bibliografia complementares:

Lambe, T. W.; Whitman, R. V. (1969). Soil Mechanics. New York: J. Wile.

Taylor, D.W. (1948). Fundamentals of Soil Mechanics, John Wiley e


Sons., New York.

34
17/10/2019

Fim!

35

Você também pode gostar