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Geotecnia
Introdução
São inúmeros casos em que as estruturas de Engenharia Civil interagem com maciços terrosos por meio
de paramentos (a face de uma estrutura ou elemento estrutural que interage com o solo) verticais, ou
próximos da vertical.
Notas de aula baseada no livro do Professor Manuel Mattos de Fernandes (2014)
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1) Exemplos de casos nos quais o solo exerce sobre a estrutura uma solicitação, o solo “empurra” a
estrutura e ela tenderá a experimentar um movimento maior ou menor, dependendo das suas condições
de apoio, no sentido contrário ao solo suportado.
Exemplo de estruturas nas quais o solo “ empurra” a estrutura: a) paredes periféricas de subsolo de um edifício; b) muro de
gravidade de alvenaria; c)muro de gravidade de concreto armado (Fernandes, 2014)
2) Exemplos de casos nos quais o solo recebe uma solicitação, a estrutura é “empurrada” contra o solo,
sendo o empuxo que ele exerce sobre ela uma reação. Exemplo típico: caso de fundação que transmite
ao maciço forças de elevada componente horizontal.
Exemplo de estruturas em que as pressões do solo têm natureza reativa, Fernandes (2014)
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Existem inúmeras estruturas em que a interação com o solo engloba simultaneamente as duas
categorias. Exemplo: muro de gravidade que em uma parte da significativa da estrutura é enterrada.
Exemplo de estrutura em que ocorrem pressões dos dois tipos, tanto o solo
solicitando a estrutura quanto sendo solicitado por ela (modificado de Fernandes,
2014).
Existem situações em que o dimensionamento pode ser efetuado de forma satisfatória com base na
avaliação da força mínima e ou da máxima de interação solo-estrutura, denominados mais adiante
empuxo ativo e passivo respectivamente.
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Considere um maciço granular no estado de repouso e Imagine-se que parte deste maciço foi retirada,
com superfície horizontal. substituindo-se sua ação em relação à massa
remanescente por meio de um paramento
vertical rígido e liso, sem que nessa massa
fosse introduzida qualquer deformação,
portanto qualquer alteração do estado de
tensão.
𝜎 ℎ𝑜
𝑘0
𝜎 𝑣𝑜
Estado de repouso
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1 𝑠𝑒𝑛′
𝐾𝑎
1 𝑠𝑒𝑛′
Estado ativo
Empuxo ativo
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𝜎’hp tensão
horizontal passiva 1 𝑠𝑒𝑛′
𝐾𝑝
1 𝑠𝑒𝑛′
Estado passivo
Empuxo passivo
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Para solos normalmente adensados pela fórmula de Jaki (professor húngaro) ko vale:
𝑘𝑜 1 𝑠𝑒𝑛′)
Para solos sobreadensados, ko é definido pela expressão abaixo, que é uma extensão da fórmula de Jaky, que
leva em consideração dados de diversos pesquisadores.
𝑘𝑜 1 𝑠𝑒𝑛′)OCR 𝑠𝑒𝑛′
Para argilas sobreadensadas, o atrito entre as partículas age para impedir o alívio da tensão horizontal quando as
tensões verticais são reduzidas. Ex. Resultados de compressão edométrica na fase de descarregamento.
Ko é tanto maior, quanto maior o OCR.
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𝜎 ℎ𝑎
𝑘𝑎
𝜎𝑣
Coeficiente de empuxo passivo kp, é o quociente entre a tensão efetiva horizontal no estado passivo e
a respectiva tensão efetiva vertical:
𝜎 ℎ𝑝
𝑘𝑝
𝜎𝑣
Apenas no âmbito da teoria original de Rankine (tratada nesta seção) é que as tensões que
intervêm na definição de ka e kp são tensões horizontal e vertical.
𝐾𝑎 = 𝑡𝑔2
𝐾𝑝 = 𝑡𝑔2
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O método de Rankine permite calcular a tensão horizontal sobre um paramento estrutural vertical que
interage com um maciço em estado de equilíbrio limite, de acordo com condições postuladas.
1) O solo é granular.
2) O solo é homogêneo.
3) A superfície do terreno é horizontal.
4) O paramento é vertical e rígido.
5) O atrito entre o solo e o paramento é nulo.
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𝐸𝑎 𝑎𝜎 𝑣𝑑𝑧 𝑎zdz
𝐸𝑝 𝑝𝜎 𝑣𝑑𝑧 𝑝zdz
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Generalização do Método de Rankine
Onde K vale ka ou kp, conforme o caso.
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3) Maciço Estratificado
Cada camada tem o seu peso e ângulo de atrito especificado.
Camada 1
𝜎’h1 𝑘11ℎ1
Onde:
𝜎’h1 = pode ser a tensão efetiva horizontal
passiva ou ativa da camada 1,
𝑘1 = empuxo ativo ou passivo da camada 1
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Os maciços que englobam um nível freático estacionário, o problema pode ser encarado como se
existisse duas camadas: uma acima do nível freático de peso , e outra abaixo do nível freático, de peso
específico ’(peso específico submerso). O que significa que se o maciço estiver submerso, as pressões
de terra diminuem.
Contudo, é preciso
adicionar as pressões
hidrostáticas a essas
pressões, sendo então o
empuxo total (solo
mais água)
substancialmente maior
do que no caso de o
nível freático não
existir no caso ativo,
ocorrendo o oposto no
caso passivo.
i) Diagrama 1 – Referente aos solos acima do nível de água, crescendo desde a superfície do terreno até o
nível de água, mantendo-se a partir daí constante, já que aquele solo pode ser imaginado como uma
sobrecarga uniforme de valor (h-hw). No caso de ser o mesmo solo (mesmo , logo, mesmo k).
ii) Diagrama 2 – refere-se ao solo abaixo do nível freático.
iii) Diagrama 3 – é o das pressões hidrostáticas (na água o valor de k=1)
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É possível verificar facilmente que as inclinações dos planos onde a resistência ao cisalhamento está
integralmente mobilizada em solos com coesão (figura da esquerda) coincidem com solos sem coesão
(figura da direita).
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A dedução das expressões dos coeficientes de empuxo considerando solos coesivos são denominadas
equações de Rankine-Résal, são:
A dedução das expressões dos coeficientes de empuxo considerando solos coesivos são denominadas
equações de Rankine-Resél, são:
𝜎 ℎ𝑎 𝑘𝑎𝜎 𝑣‐2c’ 𝑘𝑎
𝜎 ℎ𝑝 𝑘𝑝𝜎 𝑣+2c’ 𝑘𝑝
Onde:
𝐾𝑎 𝑡𝑔2
𝐾𝑝 𝑡𝑔2
4 2
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Para solos “ puramente ” coesivos ou seja ’= 0, se a tensão horizontal for nula ( exemplo do que acontece
na face de uma escavação não suportada), tem-se:
𝜎 ℎ𝑎 𝑘𝑎𝜎 𝑣‐2c’ 𝑘𝑎
Para 𝜎 ℎ𝑎 0
0 𝑘𝑎𝜎 𝑣‐2c’ 𝑘𝑎
𝑘𝑎 𝜎 𝑣 2c’ 𝑘𝑎
Para ’=0
𝜎 𝑣 2c’
2c’
𝑍𝑜 2c’ logo, 𝑍𝑜
Exercícios.
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Método de Coulomb
A teoria de avaliação dos empuxos de terras em equilíbrio limite foram formuladas pela primeira vez por
Coulomb (1773).
As designações de empuxo ativo e passivo, bem como os respectivos coeficientes de empuxo conforme
se conhece hoje, foram de fato introduzidos por Rankine quase um século mais tarde.
O método original de Coulomb que ele próprio desenvolveu e usou enquanto engenheiro, consistia numa
avaliação das forças limite mínima e máxima de interação solo-paramento, logo numa determinação dos
empuxos ativo e passivo.
Coulomb admite que a cunha de solo (solo não coesivo e homogêneo) que condiciona a força limite
de interação com o paramento estrutural é limitada por uma superfície plana que passa no pé do
paramento.
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A identificação da cunha é feita por tentativas: a consideração de distintas cunhas de terra, limitadas por
outras tantas superfícies de deslizamento, permite obter uma série de forças de interação, E1, E2, ..., En.
Pode-se verificar na figura cada um dos estados: ativo e passivo. Nota-se a orientação das forças, E e R
em cada um dos casos, determinada pelo sentido do movimento relativo da cunha com o terreno
remanescente e com a estrutura.
Construção de Culmann
Culmann (1875) para o caso do empuxo ativo, descreve a seguinte sequência de construção:
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Repetindo a operação para outras cunhas, pode facilmente se determinar o ponto, correspondente à
maior força de interação, que será o empuxo ativo desejado. A determinação da superfície que
delimita a cunha crítica, abc, é então imediata.
Essa construção tem como base um artifício que permite efetuar o cálculo muito mais rapidamente,
os polígonos de forças (bd1e1, bd2e2, etc) estão rodados no sentido contrário ao dos ponteiros do
relógio de um ângulo /2 +’ em relação à posição normal ilustrada abaixo.
Caso ativo
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Considerando:
R = força resultante das tensões normais e cisalhantes que faz um ângulo ’ com a normal ao plano
quando o atrito é mobilizado no caso ativo.
Ea = é o empuxo ativo
= ângulo de atrito solo-muro depende da rugosidade do muro (= ’)
OBS: Ea faz uma ângulo com a horizontal
𝑤 𝐴ϴ 𝑠
Figura esquemática
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𝐶 𝑐 Lo
𝐻
𝐿𝑜
𝑠𝑒𝑛ϴ
Figura esquemática
Caso passivo
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Considerando:
R = força resultante das tensões normais e cisalhantes que faz um ângulo ’ com a normal ao plano
quando o atrito é mobilizado no caso ativo.
Ep = é o empuxo passivo
= ângulo de atrito solo-muro depende da rugosidade do muro (= ’)
OBS: Ep faz uma ângulo com a horizontal
Figura esquemática
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Figura esquemática
(Fernandes, 2014)
Solução analítica
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Muro de gravidade
O movimento do muro é essencialmente controlado pela
sua fundação . A fundação do muro recebe uma força, que
é resultante do peso e do empuxo, inclinada e com
determinada excentricidade.
O equilíbrio dessa força vai exigir a mobilização de
tensões tangenciais e normais na base do muro.
As tensões normais, com a distribuição indicada,
acarretam recalques crescentes da borda interior para a
borda exterior da fundação.
As tensões tangenciais exigem deslocamentos tangenciais
(muito pequeno entre o muro e a fundação.
Resumo:
i) O movimento que o muro experimenta é essencialmente
devido à deformação do terreno de fundação;
ii) O movimento de fundação pode ser simplificadamente
caracterizado como a combinação de uma rotação com
uma translação horizontal, ambas dirigidas para ao lado
oposto às terras suportadas.
O fato de o estado limite ativo se mobilizar para deslocamentos muito pequenos do paramento
estrutural permite que, no dimensionamento dos muros de gravidade, se adote como solicitação das
terras suportadas o valor do empuxo ativo.
Muito antes de o muro sofrer colapso experimentará deslocamentos suficientes para que o empuxo
baixe para o valor do empuxo ativo. Isto significa que a resistência do solo atrás do muro se
mobilizará para deformações muito menores do que as correspondentes à mobilização da resistência
do maciço de fundação do muro. Se o empuxo exceder o ativo, isso é um bom sintoma: significa que
o maciço de fundação do muro é mais resistente do que o necessário.
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Muros de concreto
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Modos de ruptura:
iii) Tombamento;
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O efeito conjunto do empuxo ativo e do próprio peso do muro implica a transmissão à fundação de uma
força R inclinada e cujo ponto de aplicação se situa a uma distância, e, denominada excentricidade, do
centro de gravidade da sapata muro, G. A componente de R paralela à base, T, é considerada no estudo da
ruptura por escorregamento pela base.
É fácil verificar que, para que toda a base do muro esteja carregada, é necessário que R, logo N, atue dentro do
terço central, o que corresponde a impor e B/6.
Quando isso não acontece, parte da base do muro fica descarregada, isto é, sem contato físico com o maciço de
fundação.
Para condições estáticas, é recomendável impor como critério de dimensionamento que a resultante passe pelo
terço central da base do muro, a não ser que ele seja fundado num maciço rochoso de elevada resistência.
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Verificação da segurança.
Modo de ruptura FS
Perda de estabilidade global 1,5
Ruptura da fundação 2,0 a 3,0
Deslizamento pela base 1,5 a 2,0
Tombamento 1,5
𝑉𝑅
𝐹
𝑉𝑠
Onde:
VR= representa a capacidade de carga vertical
VS= é a carga vertical aplicada à fundação do muro
Muro de arrimo gravidade com forças aplicadas na condição
estática.
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ç
FS =
ç
Tombamento
FS =
FS 1,5
Peso específico de alguns materiais
Material (kN/m3)
Concreto simples 24
Concreto armado 25
Concreto ciclópico 22
Gabião 18
O peso específico da rocha é em torno de 24kN/m3. O gabião tem aproximadamente 30% de vazios o que resulta em
um de aproximadamente 18kN/m3.
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Exercícios
1 – Calcule a ruptura por deslizamento e tombamento do muro abaixo
0,30m
3,0m
= 18kN/m3
’ = 30°
0,30m
1,80m
Exercícios
2 – Calcule a ruptura por deslizamento e tombamento do muro abaixo
0,30m
= 18kN/m3
3,0m ’ = 30°
1,0m
0,30m
1,0m
2,80m
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Exercícios
3 – Calcule a ruptura por deslizamento e tombamento do muro abaixo
0,40m
= 18kN/m3
3,0m
’ = 30°
0,60m
1,80m
Drenagem do maciço
A drenagem do maciço suportado constitui aspecto crítico para a segurança do muro.
A existência de um nível freático naquele maciço, como foi salientado nas aulas anteriores, é muito
desfavorável , agravando substancialmente o empuxo total.
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Muros de gravidade.
Cadegue, Rio de Janeiro. Novembro de 2016
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Bibliografia
Bibliografia complementares:
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Fim!
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