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RITA CELSO ADRIANO Estudante número: 708195660

RESUMO

À luz dos princípios da epidemiologia, é importante distinguir os enfoques estratégicos


básicos para a prevenção e o controle de doenças: o enfoque de nível individual e o enfoque
de nível populacional. Essa distinção fundamental em saúde pública, originalmente proposta
por Rose (1981), ganha importância sob o modelo de determinantes da saúde, no qual, a
doença na população é um produto de uma complexa interação de fatores proximais e distais
ao indivíduo, em interdependência com seu contexto biológico, físico, social, econômico,
ambiental e histórico. Como o próprio nome indica, o enfoque individual enfatiza a
prevenção e o controle das causas da doença nas pessoas, em particular, naquelas com alto
risco de adoecer, enquanto que o enfoque populacional enfatiza as causas das doenças na
população. Isso implica em reconhecer que um fator que seja causa importante de doença nas
pessoas, não é necessariamente o mesmo fator que determina primariamente a taxa de doença
na população. Rose fez a distinção entre as “causas dos casos” e as “causas da incidência” de
uma doença na população. No enfoque individual, a intervenção de controle está voltada a
esse grupo de alto risco e seu sucesso total envolve o truncamento da distribuição de risco em
seu extremo.A frequência de exposição e o risco de adoecer do resto da população, que é a
grande maioria, não se modificam. Por outro lado, no enfoque populacional, a intervenção de
controle está voltada a toda a população e seu sucesso total envolve o deslocamento para a
esquerda da distribuição em conjunto. A frequência de exposição e o risco de adoecer do
resto da população diminuem coletivamente.

O conhecimento epidemiológico sobre as doenças permite classificá-las e obter uma


medida de sua importância e possibilidade de prevenção. O conhecimento da história natural
de uma doença nos permite prevenir e, portanto, a possibilidade de intervir efetivamente
sobre ela. Na mesma medida, a organização, estrutura e capacidade de resposta atual e
potencial do próprio sistema de serviços de saúde estabelece a capacidade de controlar e obter
impacto favorável sobre a saúde da população. Em sentido amplo e com fins práticos, a
prevenção geralmente é classificada em quatro categorias ou níveis, relacionadas com as
diferentes fases de desenvolvimento da doença

• Prevenção primordial: voltada a evitar o surgimento e a consolidação de padrões de vida


sociais, econômicos e culturais que contribuem para elevar o risco de adoecer; esse é o nível
de prevenção mais recentemente reconhecido e tem grande relevância no campo da saúde
populacional; as medidas contra os efeitos mundiais da poluição atmosférica, ou o
estabelecimento de uma dieta nacional baixa em gordura animal saturada são exemplos de
prevenção primordial.

• Prevenção primária: voltada a limitar a incidência de doença mediante o controle de suas


causas e fatores de risco; envolve medidas de proteção da saúde, em geral através de esforços
pessoais e comunitários; a imunização, a pasteurização do leite, a cloração da água, o uso de
preservativos ou a modificação de fatores e comportamentos de risco são exemplos de
prevenção primária. Os enfoques estratégicos individual e populacional revisados fazem
referência básica à prevenção primária.

• Prevenção secundária: voltada à cura das pessoas enfermas e à redução das consequências
mais graves da doença mediante a detecção prévia e tratamento precoce dos casos; seu
objetivo não é reduzir a incidência da enfermidade, mas sim, reduzir sua gravidade e duração
e, consequentemente, reduzir as complicações e a letalidade da doença. Os programas de
triagem ou rastreamento populacional, como as campanhas massivas de exame de
Papanicolau ou para detecção e tratamento precoce do câncer de colo de útero, são exemplos
de prevenção secundária.

• Prevenção terciária: voltada à redução do progresso e das complicações de uma doença já


estabelecida mediante a aplicação de medidas orientadas a reduzir sequelas e deficiências,
minimizar o sofrimento e facilitar a adaptação dos pacientes a seu ambiente; é um aspecto
importante da terapêutica e da medicina reabilitadora. A prevenção terciária envolve uma
atenção médica de boa qualidade e é difícil de separar do próprio tratamento da doença.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais causas de


morbimortalidade no mundo. Em países da América Latina e Caribe, os óbitos causados por
essas enfermidades nas últimas décadas corresponderam a 72% do total das causas de
mortes . Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam que, para o ano de
2020, as mortes por DCNT representarão 73% dos óbitos no mundo .

Os custos diretos das DCNT para os sistemas de saúde em todo o mundo representam
impacto crescente. Segundo o World Economic Forum, a carga global das perdas econômicas
por DCNT entre 2011 e 2030 é estimada em até 47 trilhões de dólares, o que equivaleria a
5% do produto global bruto no período considerado. Além disso, estima-se, para a economia
brasileira, que a perda de produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar
resultantes de apenas três DCNT — diabetes, doença cardiovascular e acidente vascular
encefálico — irão gerar um custo de US$ 4,18 bilhões até 2015.

Apesar da gravidade das DCNT e do aumento de sua incidência, grande parte dessas doenças
poderia ser evitada. Como as DCNT mais frequentes (doença cardiovascular, diabetes e
câncer) compartilham vários fatores de risco, a OMS propõe uma abordagem de prevenção e
controle integrados, focada em todas as idades e baseada na redução dos seguintes problemas:
hipertensão arterial, tabagismo, uso de álcool, inatividade física, dieta inadequada, obesidade
e hipercolesterolemia .

Contudo, apesar da possibilidade de prevenção, as DCNT permanecem como um dos maiores


desafios enfrentados pelos sistemas de saúde nos dias atuais. Caso não sejam adequadamente
gerenciadas, as condições crônicas não só serão a primeira causa de incapacidade em todo o
mundo até o ano 2020 como também se tornarão o problema mais dispendioso para os nossos
sistemas de saúde.

Nesse contexto, programas de intervenção de base comunitária que integrem promoção de


saúde e prevenção de doenças e agravos têm sido introduzidos em diferentes países desde o
início da década de 1970, com o intuito de diminuir a morbidade e a mortalidade por DCNT
por meio da redução dos fatores de risco nas comunidades .

a OMS recomenda para prevenção primária actividades de promoção da saúde com ênfase na
prática regular de actividade fisíca e promoção de hábitos alimentares saudáveis. Rastreio e
manuseio dos factores de risco através da mudança de estilos de vida e utilização de drogas
profiláticas.

Neste momento a principal estratégia de prevenção e controle do cancro baseiase no rastreio


tendo com vista à detecção e tratamento precoce. Assim, para o cancro do colo do útero é o
rastreio de massa por citologia (teste de Papanicolau), através da detecção precoce e
tratamento das lesões préinvasoras . A detecção da infecção por HPV através de técnicas
moleculares tem sido igualmente sugerida como possível método de rasteio primário em
substituição do teste de Papanicolau, uma vez que o custo-eficácia é menor que o teste de
Papanicolaou. O aumento da morbimortalidade por causas externas que tem atingido,
principalmente, jovens e a população em idade produtiva - sejam nos acidentes de trânsito,
nos conflitos, nos homicídios ou suicídios, o predomínio das doenças crônicas não
transmissíveis como causa de morte, o recrudescimento de antigas doenças com novas
características - se configuram questões atuais de saúde da população para as quais o
instrumental científico-tecnológico, por si só, não é suficiente para respondê-las, dada a sua
complexidade. Questões significativas e que desafiam a se pensar saúde sob a ótica do
desenvolvimento e da condição humana.

Evidências mostram que a saúde está muito mais relacionada ao modo de viver das pessoas
do que à idéia hegemônica da sua determinação genética e biológica. O sedentarismo e a
alimentação não saudável, o consumo de álcool, tabaco e outras drogas, o frenesi da vida
cotidiana, a competitividade, o isolamento do homem nas cidades são condicionantes
diretamente relacionados à produção das ditas doenças modernas. Há que se destacar a
desesperança que habita o cotidiano das populações mais pobres e que também está
relacionada com os riscos dessas enfermidades. As últimas décadas, mostrou avanços em
indicadores de saúde. A melhoria do saneamento das cidades, das condições de trabalho e de
um maior acesso aos serviços contribuíram para a queda significativa na mortalidade infantil
e no aumento da expectativa de vida

A 51 . Assembléia Mundial da Saúde, ocorrida em 2000, aponta o desafio de saúde para


todos no século XXI , reafirma o compromisso da saúde ser um direito fundamental dos seres
humanos e enfatiza a relação entre saúde e os preceitos éticos de equidade, solidariedade e
justiça social. Nela, os países assumiram um compromisso de abordar os determinantes
básicos e os pré-requisitos para a saúde e reconheceram que a saúde é fruto de um trabalho
interdependente de todas as nações, comunidades, famílias e indivíduos. A promoção da
saúde leva a refletir sobre o objeto saúde. Sem ter a pretensão de finalizar esta discussão,
propomos que saúde é um conceito em construção, em movimento, dependendo de valores
sociais, culturais, subjetivos e históricos. Podemos dizer que é a busca de uma relação
harmoniosa que nos permita viver com qualidade, que depende de um melhor conhecimento e
aceitação de nós mesmos, de relações mais solidárias, tolerantes com os outros, relações
cidadãs com o Estado e relação de extremo respeito a natureza, em uma atitude de
responsabilidade ecológica com a vida sobre a terra e com o futuro. Estas relações significam
construir saúde em seu sentido mais amplo, radicalizar na luta contra as desigualdades e
participar na construção de cidadania e da constituição de sujeitos. Sujeitos que amam,
sofrem, adoecem, buscam suas curas, necessitam de cuidados, lutam por seus direitos e
desejos.
Referencias Bibliográficas

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