Você está na página 1de 64

2013 Fatec

São Paulo

PROF. EDSON G. PEREIRA

PROFa. TANIA G. PEREIRA

ELETRICIDADE APLICADA II

Revisão Técnica

Prof. Armando Lapa Júnior

Colaboradores

Prof. Norberto Nery

Prof. Nelson Kanashiro

Prof. Salvador Sampaio


ELETRICIDADE APLICADA II

SUMÁRIO
1. POTÊNCIA EM CORRENTE ALTERNADA ............................................................................................................3
1.1 Potência instantânea ............................................................................................................................................3
1.2 Potencia ativa ..........................................................................................................................................................5
1.3 Potencia reativa .....................................................................................................................................................5
1.4 Potência aparente ................................................................................................................................................6
1.5 Potência complexa ................................................................................................................................................7
1.6 Triângulo de potências........................................................................................................................................9
1.7 Fator de potência ................................................................................................................................................ 10
1.8 Potência de um conjunto de cargas em paralelo ................................................................................... 10
2. CORREÇÃO DO FATOR DE POTENCIA ............................................................................................................... 18
2.1 Introdução ............................................................................................................................................................. 18
2.2 Desvantagens de um baixo fator de potência ......................................................................................... 19
2.3 Elaboração da correção do fator de potência ......................................................................................... 20
2.4 Vantagens da correção do fator de potência ........................................................................................... 22
2.5 Dimensionamento do capacitor para correção do Fator de Potência .......................................... 24
2.6 Exercícios de correção do fator de potência ........................................................................................... 26
3. TRANSFORMADOR MONOFÁSICO ...................................................................................................................... 32
3.1 Introdução ............................................................................................................................................................. 32
3.2 Configuração básica de um transformador ............................................................................................. 32
3.3 Funcionamento do transformador sem carga (em vazio)................................................................. 33
3.4 Funcionamento do transformador com carga ........................................................................................ 35
3.5 Exercícios de transformador ......................................................................................................................... 38
4. CIRCUITOS TRIFÁSICOS .......................................................................................................................................... 41
4.1 Introdução ............................................................................................................................................................. 41
4.2 Vantagens do Sistema Trifásico.................................................................................................................... 41
4.4 Gerador Trifásico................................................................................................................................................ 41
4.5 Carga Trifásica ..................................................................................................................................................... 44
4.6 Ligações estrela e triangulo ........................................................................................................................... 45
4.7 Valores de Fase e de Linha ............................................................................................................................. 46
4.8. Relações entre valores de fase e linha ...................................................................................................... 49
4.9 Exercícios de circuito trifásico ...................................................................................................................... 53
5.POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS ............................................................................................................ 57
5. 1 Exercícios de Potência Trifásica .................................................................................................................. 59

2
ELETRICIDADE APLICADA II

1. POTÊ
POTÊNCIA EM CORRENTE ALTERNADA

1.1
1.1 Potência instantânea

Seja uma carga passiva, representada por sua impedância complexa: =Z φ

alimentada por um gerador que fornece uma tensão v (t) = V sen (ωt + ∝). A

corrente resposta será do tipo i (t) = I sen (ωt + ∝ െ φ).

i (t)

v (t)

A potência instantânea consumida pela carga é:

p(t) = v (t) x i (t), ou seja:

p(t) = V sen (ωt + ∝) x I sen (ωt + ∝ െ φ)

p(t) = 2 VI sen (ωt + ∝) x sen (ωt + ∝ െ φ)

Chamando:

A = ωt + ∝

B= ωt + ∝ െ φ

e lembrando que:

sen A x sen B = 1/2 [ cos (A – B) െ cos (A + B)

teremos :

p(t) = 2VI (sen A x sen B)

p(t) = 2 VI x 1/2 [cos (ωt + ∝ െ ωt െ ∝ + φ) െ cos (ωt + ∝ + ωt + ∝ െ φ)]

p(t) = VI cos φ െ VI cos (2 ωt + 2 ∝ െ φ)

onde:

a) VI cos φ, é constante no tempo;

3
ELETRICIDADE APLICADA II

b) VI cos (2 ωt + 2 ∝ െ φ), é uma cossenoide com o dobro da frequência da tensão e da


corrente.

Podemos também obter a potência instantânea graficamente, multiplicando-se o valor


de v (t) por i (t) ponto a ponto.

p(t)

p(t)

v (t)
i (t)

0 π/2 π 3π/2 2π ωt

Podemos observar pela figura que, em p(t) existem trechos positivos onde a área
definida pela função significa absorção de energia pela carga e trechos negativos onde a
área significa quantidade de energia devolvida para a linha de alimentação.

Portanto, note que:

Se o ângulo φ for igual a zero, tensão em fase com a corrente, nenhuma energia é
devolvida a linha, toda ela será convertida em trabalho pela carga. Característica esta
inerente a todos os bipolos puramente resistivos.

Se o ângulo φ for igual a 90° ou -90°, a quantidade de energia absorvida pela carga no
semiciclo positivo da potencia será totalmente devolvida à linha de alimentação no seu
semiciclo negativo, não havendo, portanto nenhuma realização de trabalho em um
período completo da potência. Característica esta inerente a todos os bipolos puramente
indutivos e capacitivos respectivamente.

Se o ângulo φ for maior que zero e diferente de ± 90°, uma parcela da energia absorvida
pela carga será devolvida para linha e a restante será utilizada na realização de trabalho.

4
ELETRICIDADE APLICADA II

1.2
1.2 Potê
Potência ativa (P)

Parcela de potência que efetivamente realiza trabalho, ou seja, transforma energia


elétrica em outra forma de energia, por exemplo, térmica, luminosa, mecânica etc.
Correspondendo, portanto ao valor médio da potencia instantânea.

Para calcular a potência média deveríamos, aplicando a definição, calcular a integral:

P=

Por ser essa integração muito trabalhosa lançaremos mão do Teorema das Médias, onde:

p(t) médio = p1(t) médio + p2(t) médio

Portanto:

p(t) médio = (VI cos φ) médio െ VI [cos (2 ωt + 2 ∝ െ φ)]médio

Observamos que VI cos φ é constante no tempo, consequentemente seu valor médio


coincide com seu valor numérico e o termo VI cos (2 ωt + 2 ∝ െ φ) é uma função
cossenoidal cujo valor médio é nulo. Teremos então que:

P = VI cos φ

Unidades de P

Como esta potência será responsável pela realização de trabalho, sua unidade será a
mesma utilizada em tensão contínua.

No sistema SI: U (P) = watt (W), bem como seus múltiplos (kW, MW respectivamente
103 e 106 W).

1.3
1.3 Potê
Potência reativa (Q)
(Q)

Parcela de potência devolvida à linha de alimentação. Essa parcela pode ser calculada
por:

Q = VI sen φ

5
ELETRICIDADE APLICADA II

No caso das máquinas indutivas tais como motores, geradores, transformadores, essa
parcela é utilizada para manter os campos eletromagnéticos necessários para o
funcionamento destes equipamentos.

Este campo eletromagnético é formado pela passagem da corrente nos enrolamentos.


Quando os equipamentos são alimentados em corrente alternada, a energia armazenada
em forma de campo magnético tende a se opor à variação da intensidade da corrente,
causando um atraso da corrente em relação à tensão. Como consequência uma parcela
da corrente não realiza trabalho útil, produzindo o que se chama de energia reativa.

Campo
M Magnético
do Motor

No caso de cargas capacitivas é a quantidade de energia que fica armazenada sob a


forma de campo elétrico nos capacitores e é trocada com a linha de alimentação.

Unidade de Q

Como a potência reativa não é responsável pela realização de trabalho, não poderíamos
conferir a unidade watt, mas podemos indicar sua unidade como sendo o volt . ampère –
reativo.

No sistema SI: U (Q) = Var, bem como seus múltiplos (kVAr, MVAr, respectivamente 103
e 106 VAr)

Em particular:

para cargas indutivas – Vari (volt ampère reativo indutivo)

para cargas capacitivas – Varc (volt ampère reativo capacitivo)

1.4
1.4 Potência aparente (Pap ou S)

Potência fornecida pela concessionária de energia elétrica. A potência aparente é a soma


fasorial das potências ativa e reativa, ou seja, é a potencia total absorvida pela instalação.

6
ELETRICIDADE APLICADA II

Essa potencia é dada pelo produto dos valores eficazes da tensão e da corrente aplicada
na carga, ou seja:

S= V x I

Tendo em vista que este produto não é responsável pelo trabalho realizado, a exceção de
cargas puramente resistivas onde a potencia reativa é nula, razão pela qual é
denominada de Potência Aparente.

Unidade de S

Indica-se a unidade de Potencia Aparente ao produto das unidades das grandezas


envolvidas, ou seja, o volt . ampère.

No sistema SI: U (S) = VA, bem como seus múltiplos (kVA, MVA, respectivamente 103 e
106 VA).

Para uma melhor visualização dessas três potencias, tomemos como exemplo um motor
elétrico conforme figura a seguir:

Potência Reativa - Q
I (Campo eletromagnético)

Potência Ativa - P
Potência Aparente - S (saída de energia sob a forma de
movimento – Energia mecânica)

1.5
1.5 Potê
Potência complexa ( ou )

A potência complexa é apenas uma forma simbólica de nos permitir agrupar, em uma só
expressão, as potências ativa e reativa.

7
ELETRICIDADE APLICADA II

Define-se nas condições do item 1.4 que:

= x *

Onde:

- Potência complexa;

- Tensão complexa aplicada ao bipolo;

* - Conjugado da corrente complexa.

Considerando o circuito abaixo

=I αെ φ

=V α =Z φ

e substituindo e * pelos seus valores na forma polar temos:

= (V α ) x (I αെ φ )*

= V α x I φെα

=VI α

=S α

Transformando em notação cartesiana (ou retangular), obtemos:

= V I cos ∝ + j V I sen ∝

=P+jQ

Convém observar que o ângulo de fase da potência complexa será sempre igual ao ângulo
da fase da impedância envolvida no circuito o que representa a defasagem entre a tensão
e a corrente.

8
ELETRICIDADE APLICADA II

Unidade de

Por ser um número complexo, não apresenta unidade de medida. Porém seu módulo e

suas partes constituintes, por serem grandezas físicas, serão acompanhados pelas
unidades de medidas correspondentes: VA, bem como seus múltiplos (kVA, MVA,
respectivamente 103 e 106 VA).

1.6
1.6 Triângulo de
de potências

As equações que exprimem as potências ativa, reativa e aparente podem ser


representadas geometricamente por um triângulo retângulo, onde a hipotenusa
representa a potência aparente e os catetos representam as potências ativa (cateto
adjacente) e reativa(cateto oposto).

P

Q
S Q
Q>0 Q<0
S


P

Das relações trigonométricas do triangulo retângulo, podemos obter:

P = S . cos φ

Q = S . sen φ

S=

Q/P = tg φ

9
ELETRICIDADE APLICADA II

1.7
1.7 Fator de potê
otência (FP)

Define-se o Fator de Potência como sendo a relação entre a potência ativa e a potência
aparente. Ele indica a eficiência do uso da energia. Um alto fator de potência indica uma
eficiência alta e inversamente, um fator de potência baixo indica baixa eficiência.
Sendo o fator de potência, um conceito parecido com rendimento, procura-se trabalhar
com um FP próximo de um, o que significa que toda potência colocada em jogo no
circuito é potência ativa.

O FP pode ser obtido por:

FP = P/S = cos ૎

Lembre-se que quando a carga for indutiva, φ e Q serão positivos e quando a carga for
capacitiva, implica que φ e Q serão negativos. Pelo exposto, verifica-se que não é
possível especificar o fator de potência unicamente pelo cosseno do ângulo, isto porque,
da trigonometria tem-se: cos (φ) = cos (-φ).

Para contornar esta ambiguidade, adota-se dizer que:

• quando φ é positivo : fator de potência atrasado, lagging ou indutivo;


• quando φ é negativo; fator de potência adiantado, leading ou capacitivo;

Em outras palavras, fator de potência atrasado significa que a corrente está atrasada em
relação à tensão, são, portanto, os circuitos indutivos, e, fator de potência adiantado
significa que a corrente está adiantada em relação à tensão, indicando, portanto, os
circuitos capacitivos.

1.8
1.8 Potê
Potência de um conjunto
conjunto de cargas em paralelo

Consideremos um conjunto de cargas ligadas em paralelo conforme esquema a seguir:


t

1 2 N
1 2 N

10
ELETRICIDADE APLICADA II

Nessas condições temos:

t= x( i* )

t= ( 1* + 2* + .....+ N* )

t= 1* + 2* + .......... + N*

t= 1 + 2 +..........+
+ N

Como = P + j Q temos:

t = (P1 + j Q1) + (P2 + j Q2) +............ + (PN + j QN)

t = St
૎t

Pt = P1 + P2 + ......... + PN = i

Qt = Q1 + Q2 + ......... + QN = i

St = =

St = Vg x It

É importante lembrar que:

St ് S1 + S2 +........+ SN
૎t്૎1+૎2+........+ ૎N

11
ELETRICIDADE APLICADA II

1.9 Exercícios

1. Para o circuito abaixo são conhecidos:

I I1 I2 I3

L1 L1 R2

40 V
35 Hz
Hz
R1 C1 C2

Capacitâncias µF

C1 200

C2 350

Indutâncias mH

L1 31

L2 25

Resistências Ω

R1 12

R2 60

Determine:

a) as impedâncias nos ramais 1, 2 e 3;

b) as potências: ativa, reativa e aparente nos ramais 1, 2 e 3;

c) as potências: ativa, reativa e aparente do circuito;

d) o fator de potência do circuito;

12
ELETRICIDADE APLICADA II

2. Para o circuito mostrado abaixo, determinar:

a) o fator de potencia visto pelo gerador;

b) a potencia complexa total;

c) o fasor da tensão do gerador;

d) o fasor da corrente do gerador.

Dados: Vab = 230V;

1= 2=4 + J2

Carga A: 10 kW; FP=0,7 (atrasado);

Carga B: 10 kVA; FP=0,9 (adiantado);

Carga C: 18 kW; FP= 0,6 (atrasado).

a
Z1

I
A B C
Vg

Z2
b

3. Numa instalação elétrica alimentada por rede de 220/127V existem 3 motores


especificados na tabela que se segue:

Motor P (CV) FP Rendimento (%)

1 20 0,9 atrasado 85

2 10 0,87 atrasado 85

3 15 0,78 avançado 90

13
ELETRICIDADE APLICADA II

Supondo que os motores estão operando simultaneamente e a plena carga, determinar:

(a) a corrente de linha total da instalação;

(b) as potencias ativa, reativa, aparente e complexa;

(c) o FP total da instalação.

Dado 1CV = 735 W

4. Um consumidor possui as seguintes cargas, alimentadas em 220 V:

Carga 1: cinco lâmpadas incandescentes, cada uma de 100 W, FP = 1;

Carga 2: dez lâmpadas fluorescentes, cada uma consumindo 50 W (já incluído o reator),
FP= 0,5 (atrasado).
I

220 V 1 2

Determine:

a) as potências: ativa, reativa e aparente de cada uma das cargas;

b) o fator de potência do circuito;

c) o valor eficaz da corrente I absorvida pelo circuito.

5. Um gerador de 100 V eficazes e 60 Hz alimenta o seguinte conjunto de cargas:

Um motor de indução de 1,5 kVA e 1,2 kW;

Dez lâmpadas fluorescentes de 60 W cada uma, FP = 0,6 atrasado.

Determine:

a) as potências: ativa, reativa e aparente de cada carga e da instalação;

b) o fator de potência da instalação.

14
ELETRICIDADE APLICADA II

6. Um gerador de 100 V eficazes e 60 Hz alimenta as seguintes cargas em paralelo:

1- Dez lâmpadas fluorescentes de 60 W cada uma, FP = 0,6 atrasado;

2- Uma carga de impedância Z = (12 + j6) Ω;

3- Um motor de indução de 1,2 kW e 2 kVA.

Determine:

a) As potências: ativa, reativa e aparente do conjunto de cargas;

b) O fator de potência da instalação;

c) o valor eficaz da corrente da instalação.

7. Uma instalação elétrica monofásica com tensão de 440 V possui as seguintes cargas
ligadas em paralelo:

Carga 1: P = 45 kW e FP = 0,8 atrasado;

Carga 2: I = 40 A e Q = 10 kVAR (capacitivo);

Carga 3: S = 35 kVA (indutivo) e P = 28 kW;

Carga 4: I = 25 A, carga puramente resistiva.

Determinar:

a) o esquema elétrico da ligação dessas cargas;

b) as potências: ativa, reativa e aparente da instalação;

c) admitindo-se a tensão de linha com ângulo de fase = 0 (zero), determinar a corrente


(fasor) total na linha;

d) o fator de potência total da instalação.

8. Uma propriedade rural possui as seguintes cargas monofásicas, alimentadas por 220V
e funcionando simultaneamente:

Carga 1 – Iluminação: 6 lâmpadas incandescentes de 100W/220V cada;

Carga 2 – Picadeira de cana: 5 cv, FP = 0,8 em atraso;

Carga 3 – Debulhadeira: 3 cv, FP = 0,7 em atraso.

15
ELETRICIDADE APLICADA II

Se os transformadores disponíveis no comércio têm potência nominal de 5, 10, 15, 25 ou


37,5 kVA, determinar:

a) qual o mais adequado para a alimentação das cargas;

b) o FP da instalação.

9. Os dados relativos às cargas que funcionam simultaneamente em uma instalação


alimentada por rede de 220V são dados no quadro que se segue. Pede-se:

a) preencher o quadro com os dados que faltam;

b) determinar a potência aparente total das cargas;

c) achar a corrente total solicitada;

d) determinar o FP total da instalação.

Carga P (kW) S (kVA)


(kVA) Q (kVAr) FP I(A)

1 3,0 0,5 atrasado

2 12 8,0 indutivo

3 4,5 5,0 capacitivo

10. Numa indústria, alimentada por rede monofásica de 220 V, operam as cargas dadas
no quadro que se segue:

Carga Potencia (kW) FP

1 5,0 1,00

2 8,0 0,75 atrasado

3 6,0 0,60 atrasado

4 6,0 0,85 atrasado

Os processos de fabricação usados exigem que o funcionamento dessas cargas num dia
típico de operação se dê nos horários apresentados no quadro abaixo:

16
ELETRICIDADE APLICADA II

HORA
CARGA
8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00

Determinar:

a) a mínima potência aparente que deve ter um transformador para alimentar a


instalação;

b) o maior valor de corrente solicitado pelas cargas;

c) o menor FP obtido ao longo do dia;

d) quantos kVAr capacitivos são necessários para que o FP da instalação não seja nunca
inferior a 0,92 em atraso.

11.
11 Um transformador de 10kVA está operando a 85% da plena carga para alimentar,
com 127V, uma carga monofásica cujo FP = 0,6 em atraso. Será possível acrescentar
uma segunda carga de 3kW e FP = 0,8 em atraso?

12. Determinar a corrente fornecida por um transformador de 5kVA que alimenta uma
carga com 220V, utilizando 80% de sua potência nominal e operando com um FP = 0,6
em atraso.

13. Dado um gerador monofásico de 15kVA, 220V/60Hz, pergunta-se:

a) qual a máxima corrente que pode fornecer?

b) poderá este gerador alimentar uma carga de 8kW e FP = 0,8 em atraso?

17
ELETRICIDADE APLICADA II

2. CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊ


POTÊNCIA

2.1
2.1 Introdução
Introdução

A maioria das cargas dos modernos sistemas de distribuição de energia elétrica são
indutivas. Exemplos incluem motores, transformadores, reatores de iluminação e fornos
de indução, dentre inúmeros outros. A principal característica destas cargas é que
necessitam de dois tipos de energia para funcionar: a ativa que será transformada em
trabalho e a reativa que será utilizada somente na formação e manutenção dos seus
campos eletromagnéticos.

Apesar de necessária, a utilização de energia reativa indutiva deve ser limitada ao


mínimo possível, por não realizar trabalho efetivo.

A ocorrência de energia reativa em circuitos elétricos sobrecarrega as instalações, ocupando uma


capacidade de condução de corrente que poderia ser mais bem aproveitada para realizar trabalho
útil. Isto é válido tanto para a concessionária que entrega energia elétrica ao consumidor como
também para o próprio consumidor em seus circuitos de distribuição.

A concessionária protege-se contra a ocorrência de energia reativa elevada em suas linhas


impondo ao consumidor um fator de potência mínimo (na legislação brasileira, o fator de potência
mínimo é de 0,92). Quando o consumidor apresenta um fator de potência abaixo do mínimo é
cobrado o excedente de energia reativa, a título de ajuste. Assim sendo, a correção do fator de
potência de uma instalação representa não apenas uma melhor utilização dos circuitos de

18
ELETRICIDADE APLICADA II

distribuição de uma empresa, como também uma forma de reduzir as despesas com o
fornecimento de energia caso ele esteja abaixo do mínimo regulamentado.

2.2
2.2 Desvantagens de um baixo fator de potê
potência

Para melhor exemplificar as desvantagens de um baixo fator de potência, tomemos o exemplo de


uma instalação industrial que apresenta o seguinte quadro representado pelo seu triângulo de
potências, conforme figuras a seguir:

M M M
S


M - Motor
P

Fazendo uma análise da situação atual verificam-se as seguintes ocorrências:

• Baixo FP;
• Potencia Reativa alta;
• Potencia Aparente alta;

Como S = V x I e sendo V de valor constante por ser a tensão da rede, a medida que a
potência aparente aumenta , a corrente se torna mais alta.

As principais consequências desse baixo fator de potencia são:

• Acréscimo na conta de energia elétrica por se estar operando com baixo fator de
potência;
• Limitação da capacidade dos transformadores de alimentação;
• Quedas e flutuações de tensão nos circuitos de distribuição;
• Sobrecarga nos equipamentos de manobra, limitando sua vida útil;
• Aumento das perdas elétricas na linha de distribuição pelo efeito Joule;
• Necessidade de aumento da seção nominal dos condutores;

19
ELETRICIDADE APLICADA II

• Necessidade de aumento da capacidade dos equipamentos de manobra e proteção.

Portanto para melhoria dessa situação, somos levados a efetuar a correção do fator de
potência.

2.3
2.3 Elaboração da correção do fator de potência

Uma forma econômica e racional de se obter energia reativa necessária para a operação
dos equipamentos consiste na instalação de bancos de capacitores próximos a esses
equipamentos. A instalação de capacitores, porém, deve ser precedida de medidas
operacionais que levem à diminuição da necessidade de energia reativa, como o
desligamento de motores e outras cargas indutivas ociosas ou superdimensionadas.

Com os capacitores funcionando como fontes de energia reativa, a circulação dessa


energia fica limitada aos pontos onde ela é efetivamente necessária, reduzindo perdas,
melhorando condições operacionais e liberando capacidade em transformadores e
condutores para atendimento a novas cargas, tanto nas instalações consumidoras como
nos sistemas elétricos da concessionária.

20
ELETRICIDADE APLICADA II

Os bancos de capacitores devem ser total ou parcialmente desligados em conformidade


com o uso dos motores e transformadores para não haver excesso de energia reativa
capacitiva, causando efeitos adversos ao sistema elétrico da concessionária.

Onde corrigir o baixo fator de potência?

A correção pode ser feita instalando os capacitores de cinco maneiras diferentes, tendo
como objetivo a conservação de energia e a relação custo/beneficio:

a) Correção na entrada da energia de alta tensão: corrige o fator de potência visto pela
concessionária, permanecendo internamente todos os inconvenientes citados pelo baixo
fator de potência.

b) Correção na entrada de energia de baixa tensão: Permite uma correção bastante


significativa, normalmente com bancos automáticos de capacitores. Utiliza-se este tipo
de correção em instalações elétricas com elevado numero de cargas com potências
diferentes e regimes de utilização pouco uniformes. A principal desvantagem consiste
em não haver alívio sensível dos alimentadores de cada equipamento.

c) Correção por grupos de cargas: o capacitor é instalado de forma a corrigir um setor ou


um conjunto de pequenas máquinas (<10CV). É instalado junto ao quadro de
distribuição que alimenta esses equipamentos. Tem como desvantagem não diminuir a
corrente nos alimentadores de cada equipamento.

d) Corrente localizada: é obtida instalando-se os capacitores junto ao equipamento para


o qual se pretende corrigir o fator de potência. Representa do ponto de vista técnico, a
melhor solução, apresentando as seguintes vantagens:

21
ELETRICIDADE APLICADA II

• Reduz as perdas energéticas em toda a instalação;

• Diminui a carga nos circuitos de alimentação dos equipamentos;

• Pode-se utilizar em sistema único de acionamento para a carga e o capacitor,


economizando-se um equipamento de manobra;

• “Gera” potência reativa somente onde é necessário.

e) Correção Mista: no ponto de vista "Conservação de Energia", considerando aspectos


técnicos, práticos e financeiros, torna-se a melhor solução. Usa-se o seguinte critério
para correção mista:

• Instala-se um capacitor fixo diretamente no lado secundário do transformador;

• Motores de aproximadamente 10 CV ou mais, corrige-se localmente (cuidado com


motores de alta inércia, pois não se deve dispensar o uso de corrente para manobra dos
capacitores sempre que a corrente nominal dos mesmos for superior a 90% da corrente
de excitação do motor);

• Motores com menos de 10 CV, corrige-se por grupos;

• Redes próprias para iluminação com lâmpadas de descarga, usando-se reatores de


baixo fator de potência, corrige-se na entrada da rede;

• Na entrada instala-se um banco automático de pequena potência para equalização


final.

2.4 Vantagens da correção do fator de potência

Retomando o exemplo anterior da instalação industrial só que agora com o fator de


potência corrigido.
Q

Q cap
S
M M M C

Q’
S’

૎’
P
22
ELETRICIDADE APLICADA II

Observando o novo triângulo de potência, após a colocação do capacitor, pode se


verificar as seguintes alterações:

Fator de Potencia aumentou;

Potencia Reativa diminuiu;

Potencia Aparente diminuiu;

Corrente diminuiu.

As principais consequências após essa correção são:

• Diminuição na conta de energia elétrica por estar operando com fator de potência de
acordo com as normas da concessionária;
• Liberação da capacidade dos transformadores de alimentação;
• Diminuição de flutuações de tensão nos circuitos der distribuição;
• Eliminação de sobrecarga nos equipamentos de manobra limitando sua vida útil;
• Diminuição das perdas elétricas na linha de distribuição pelo efeito Joule;
• Uso de condutores de menor diâmetro;
• Diminuição da capacidade dos equipamentos de manobra e proteção.

É importante lembrar que:

• A potência ativa não se altera;


• A corrente na carga não se altera, somente a corrente nos condutores de alimentação
do circuito, agora constituído pela carga e capacitor.

Cuidado! É preciso dimensionar corretamente os capacitores que serão utilizados na


correção para que não se ultrapasse a necessidade de fornecimento de energia reativa,
pois se isso acontecer, a instalação que inicialmente apresentava características
indutivas, passará a ter característica capacitiva, fazendo com que a potencia aparente e
a corrente voltem a aumentar.

O triângulo abaixo demonstra a ocorrência:

23
ELETRICIDADE APLICADA II

Q1 cap
S

Q’

૎ Q2 cap
P
૎’
S’

2.5 Dimensionamento do capacitor para correção do Fator de Potência

Para dimensionamento correto do capacitor devemos:

a) calcular a quantidade de Potência Reativa que precisaremos “fornecer” para atingir a


situação desejada, isto é, a alteração de φ para φ’. Observando o triangulo de potências
após a colocação do capacitor, teremos que:

Qcap = Q – Q’

Qcap = P. tg ૎ – P. tg ૎’

Portanto:

Qcap = P (tg φ – tg φ’)

b) calcular a capacitância do capacitor

Para a determinação da capacitância, deve-se lembrar que para cargas puramente


capacitivas, a potência reativa é igual a potencia aparente, uma vez que a potência ativa
é nula (P=0). Assim:

Qcap = Scap

Sendo Scap = V. Icap

24
ELETRICIDADE APLICADA II

e como pela Lei de Ohm: Ic = V/ = V/Xc

como Xc = 1/ωC , temos:

Ic = V/1/ω C = ω C V

Portanto

Scap/૑ V2 ou P (tg φ – tg φ’)/


C = Scap/૑ ’)/ ૑ V2

25
ELETRICIDADE APLICADA II

2.6 Exercícios

1. A instalação de uma pequena empresa alimentada com tensão de 220V/60 Hz é


composta de uma associação de um motor M1 que consome 10kVA com fator de
potencia 0,7 (atrasado); outro motor M2 que consome 1kVAR com fator de potencia de
0,6 (adiantado) e por uma estufa E que consome 1,5 kW com fator de potencia 0,9
(atrasado). Determinar:

a) as potencias totais, ativa, reativa e aparente consumidas pelo conjunto e o fator de


potencia do mesmo;

b) a corrente da linha de alimentação;

c) o capacitor a ser ligado em paralelo com o conjunto para que o fator de potencia do
mesmo seja 0,95 (atrasado);

d) a nova corrente da linha de alimentação após colocação do capacitor.

g = 220 0° E
M M

2. Ua instalação industrial alimentada por uma tensão de 220V/50Hz é constituída por


uma associação em paralelo das seguintes cargas:

1 motor de indução que consome 10 kVA com FP= 0,6 atrasado;

1 motor síncrono que consome 2kW com FP= 0,8 adiantado;

1 motor síncrono que consome 2kVA com FP= 0,6 adiantado;

1 estufa resistiva que consome 1kW.

Determinar:

a) o fator de potencia do conjunto e a corrente na linha de alimentação;

b) as potencias ativa e aparente consumidas pelo conjunto;

26
ELETRICIDADE APLICADA II

c) a nova corrente na linha de alimentação quando um capacitor é ligado em paralelo


com o conjunto a fim de aumentar o seu fator de potencia para 0,92 atrasado;

d) a capacitância do capacitor.

g = 220 0° E
M M M

3. Em um circuito tem-se uma potencia instalada de 15 kVA, com fator de potencia 0,6
atrasado, em 200V. A este circuito será acrescentado um motor de 2,5HP com
rendimento de 62,17% e fator de potencia 0,7 atrasado. Para que não seja necessário
trocar os condutores de alimentação do circuito devido ao aumento da corrente, pode
corrigir o FP do conjunto de modo que o valor eficaz da corrente nos condutores do
alimentador não se altere. Nestas condições pede-se:

a) valor eficaz da corrente do circuito inicial e atual;

b) valor eficaz da corrente com o motor acrescentado ao circuito;

c) dimensionar o capacitor de modo a manter o mesmo valor da corrente inicial (adotar


ω = 500 rd/s);

d) potencia aparente e fator de potencia visto pelo gerador após instalação do motor e
do capacitor.

4. Uma instalação alimentada com uma tensão de 220V é constituída pelas seguintes
cargas: um motor de indução de 10 HP com fator de potencia de 0,71 atrasado e
rendimento de 0,746 e um formo de indução de 10kVA e 5kW. Determinar:

a) potencia ativa, reativa, aparente e corrente total da instalação;

b) determinar o capacitor a ser instalado para corrigir o fator de potencia para 0,92;

c) refazer o item a após a instalação do capacitor.

27
ELETRICIDADE APLICADA II

220 V F
M

5. No circuito abaixo, sabendo-se que o fator de potencia da carga 2 é igual a zero,


determinar

a) o valor eficaz da corrente total;

b) o fator de potência do circuito;

c) o capacitor a ser instalado em paralelo com as cargas para corrigir o fator de potencia
do circuito para 0,92;

d) o valor eficaz da corrente após instalação do capacitor.

Dados do Motor (M): 3CV, rendimento de 80% e fator de potencia de 0,707.

1CV = 735W

It 5A

440 V 2
M

6. Um transformador com capacidade para fornecer a potencia aparente máxima de 25


kVA está alimentando a seguinte carga: um motor (A) que consome 4,8 kW com fator de
potencia 0,8 atrasado, um motor (B) que consome 6kW com fator de potencia 0,6
atrasado e por um motor (C). Determinar:

a) a parcela de potencia (em %) de plena carga que o transformador esta fornecendo


quando a chave K esta aberta e o fator de potencia da carga que esta sendo alimentada;

28
ELETRICIDADE APLICADA II

b) a potencia ativa consumida pelo motor C e o seu fator de potencia quando a chave K
esta fechada, sabendo que nessa situação o transformador passa a funcionar em regime
de plena carga, sendo agora o fator de potência do conjunto igual a 0,75;

c) a diferença entre a corrente na linha após fechar a chave K e a corrente antes do


fechamento da mesma.

220 V 6 0 Hz
A B C

7. Um transformador tem capacidade para fornecer 50 kVA sob tensão eficaz de 440V.
Quando o transformador estiver fornecendo 30 kW com fator de potencia 0,8 para uma
carga indutiva, qual a porcentagem de sua potencia de plena carga que ele estará
fornecendo?

Que carga resistiva deverá ser adicionada à carga existente do sistema para ele entrar
em plena carga e qual o fator de potencia do sistema nesta nova situação?

8. Um motor de indução que consome uma potencia de 2kW, com fator de potencia 0,6
atrasado, está associado em paralelo com um motor síncrono de 0,5 kVA com fator de
potencia 0,8 adiantado. O conjunto é alimentado com tensão de 220V/60Hz. Determinar:

a) o fator de potencia do conjunto;

b) o valor do capacitor a ser ligado em paralelo com o conjunto para corrigir o fator de
potencia para 0,92;

c) a corrente na linha de alimentação após a colocação do capacitor;

g = 220 0° M M

29
ELETRICIDADE APLICADA II

9. Uma carga, alimentada com tensão de 220V/60Hz, é constituída por uma associação
em paralelo de um motor de indução de 15 kVA com fator de potencia 0,7 atrasado, um
motor síncrono de 2kW com fator de potencia de 0,8 adiantado e um forno resistivo de
1kVA. Determinar:

a) o fator de potencia do conjunto;

b) as potencias ativa, reativa e aparente consumidas pelo conjunto;

c) o capacitor a ser ligado em paralelo com o conjunto para que seu fator de potencia
seja 0,92.

220 0° E
g = M M

10. Deseja-se corrigir o fator de potência de uma planta industrial de 2.400 kVA em um
fator de potencia de 0,67 para 0,92 atrasado. Determine:

a) a potencia reativa do capacitor em kVAr necessária para a correção;

b) o valor do capacitor (em µF) necessário para a correção;

c) a nova potencia em kVA após a correção.

11. Uma fábrica possui três máquinas indutivas ligadas em paralelo e alimentadas por
uma fonte de tensão alternada de valor eficaz 100 V e frequência 60 Hz. Sabe-se que a
máquina 1 absorve 600 W e 10 A, a máquina 2 absorve 1600 W e 20 A e a máquina 3
absorve potência reativa de 1732 VAr e 20 A. Pede-se determinar:

a) o valor dos capacitores que ligados em paralelo com cada máquina torna o fator de
potência de cada uma delas unitário;

b) o valor do capacitor que ligado em paralelo com a fonte torna unitário o fator de
potência da instalação;

c) o valor da corrente fornecida pela fonte antes e depois da correção do fator de


potência.

30
ELETRICIDADE APLICADA II

12. Um gerador de 100 V eficazes e 60 Hz alimenta as seguintes cargas em paralelo:

Dez lâmpadas fluorescentes de 60 W cada uma, FP = 0,6 atrasado.

Uma carga de impedância Z = (6 + 12 j)Ω;

Um motor de indução de 1,2 kW e 2 kVA.

Determine:

a) as potências: ativa, reativa e aparente fornecidas pelo gerador;

b) o fator de potência da instalação elétrica (isto é, do conjunto de cargas);

c) o valor do capacitor que conectado em paralelo com as cargas transformam o fator de


potência em 0,92;

d) a redução porcentual da corrente fornecida pelo gerador após a correção do fator de


potência.

13. Uma linha de 100V/60Hz (tensão eficaz) alimenta duas cargas em paralelo: um
motor de 1,2 kW e 1,5 kVA e lâmpadas fluorescentes com 2000W, FP = 0,6 atrasado

Determine:

a) o fator de potência do conjunto de cargas;

b) o capacitor que conectado em paralelo ao conjunto corrige o fator de potência.

31
ELETRICIDADE APLICADA II

3. TRANSFORMADOR MONOFÁSICO

3.1 Introdução

A Terminologia Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o


transformador como: “Um dispositivo que por meio da indução eletromagnética,
transfere energia elétrica de um ou mais circuitos (primário) para outro ou outros
circuitos (secundário), usando a mesma frequência, mas, geralmente, com tensões e
intensidades de correntes diferentes”.

Os transformadores são equipamentos eletromagnéticos que apresentam rendimento


elevado (baixas perdas), principalmente aqueles de grande porte utilizados em sistema
de potência. Assim, para muitas análises podemos admiti-los como sendo ideal (sem
perdas), o que será objeto de nosso estudo. Isso implica em algumas simplificações no
modelo, ou seja:

• não há fluxo de dispersão: o fluxo está todo contido no núcleo e se concatena


totalmente com as espiras do primário e do secundário;

• as resistência ôhmicas dos enrolamentos não são consideradas;

• as perdas no ferro (núcleo) são consideradas desprezíveis;

• a permeabilidade do núcleo é considerada elevada.

A figura a seguir mostra uma representação de um transformador ideal

Enrolamento Enrolamento

Núcleo

3.2 Configuração básica de um transformador

Um transformador é constituído basicamente por um núcleo de chapas laminadas


(material ferromagnético) empacotadas de tal maneira a formar um bloco único e
enrolamentos disposto em cada uma das pernas desse núcleo. (Esses enrolamentos

32
ELETRICIDADE APLICADA II

recebem o nome de: primário (entrada de energia) por ele circula a corrente de
magnetização ou excitação) e secundário. Entretanto qual dos dois deva ser excitado é
uma questão puramente de conveniência e qualquer dos dois pode ser primário ou
secundário.

Núcleo
Laminado

Enrolamento Enrolamento
Primário Secundário

Para transformadores projetados para a frequência da rede elétrica CA (60Hz, 50Hz), o


núcleo é obrigatoriamente laminado (chapa em geral de ferro-silicio) de modo a se
minimizar as perdas de energia, que ocorrem pela indução de correntes parasitas na
massa do núcleo (correntes de Foulcaut)

3.3 Princípio de Funcionamento

3.3.1 Funcionamento do transformador sem carga (em vazio)

઴im(t)
i m(t)

v 1 (t) N1 N2 v 2 (t)

Ao aplicarmos uma tensão v1 (t) na bobina primária do transformador irá aparecer uma

corrente im(t) que recebe o nome de corrente de magnetização. Essa corrente dará

33
ELETRICIDADE APLICADA II

origem a um campo magnético que promoverá a circulação de fluxo ઴im (t) que induzirá
em qualquer enrolamento por ele atravessado uma tensão v (t) dada por:

v (t) = N (Lei de Faraday)

Considerando a tensão no enrolamento primário

v1 (t) = V sen (ωt + ∝), representada pelo seu fasor =V α

Para que o sistema entre em equilíbrio dinâmico a corrente im(t) que se estabelece deve
ser tal que o fluxo por ela criado cause o aparecimento de uma força eletromotriz no
enrolamento primário igual a v1 (t), ou seja:

N1 = V1 sen (ωt + ∝)

Ou seja:

N1 = v1 (t) (1)

Observando a expressão podemos concluir que:

Fixada a geometria do transformador, o fluxo depende exclusivamente da tensão


aplicada.

O fluxo varia senoidalmente no tempo, assumindo o valor máximo de V1

Levando-se em conta que o enrolamento secundário é percorrido pelo mesmo fluxo, a


tensão no secundário será dada por:

v2 (t) = N2 (2)

dividindo membro a membro (1) e (2) temos:

34
ELETRICIDADE APLICADA II

v 1 (t) N1
=
v2 (t) N2

Portanto
(t)

v 1 (t) N1
=
v2 (t) N2

Sendo válida a relação entre os valores instantâneos, também será valida entre seus
fasores representativos.

N1
=
N2

3.4.2
3.4.2 Funcionamento do transformador com carga

઴im(t) + ઴a(t) ઴i2(t)


i m(t) +ia(t) i2(t)

v 1 (t) N1 N2 v 2 (t)

Consideremos agora um transformador monofásico em cujo secundário ligamos uma


carga qualquer representada por sua impedância . A tensão v2 (t) aplicada a fará

35
ELETRICIDADE APLICADA II

aparecer uma corrente i2(t). Pela Lei de Lenz1, podemos afirmar que a corrente i2(t) irá

causar o aparecimento de um fluxo oposto ao que lhe deu origem ઴im(t).

Portanto, se o fluxo total diminuir, a força contraeletromotriz por ele produzida, no


primário, tornar-se-á menor que v1 (t), aparecendo então uma corrente adicional ia(t).

Essa corrente adicional irá aumentar até que seja reconstituído o fluxo original, ou seja:

઴im(t).= ઴im(t). െ ઴i2(t) + ઴a(t)

Nessas condições podemos afirmar que:

a) O fluxo no núcleo quer o transformador esteja em vazio ou em carga, é o mesmo.


Portanto, lembrando que as tensões dependem apenas do número de espiras e do fluxo,
serão válidas as expressões deduzidas no estudo do transformador em vazio.

N1
=
N2

b) Como o transformador é um equipamento que altera os níveis de tensão e ou corrente


nos elementos secundários mantendo sua potência constante, podemos afirmar que a
potencia do primário, para um transformador ideal, será sempre igual a potencia do
secundário.

Com isso temos que:

1= 2

sendo:

= x *

temos :

x * = x * (1)

1
Lei de Lenz diz que a tensão induzida em um enrolamento é dada por: e(t) = - N

36
ELETRICIDADE APLICADA II

como:

N1 (2)
= .
N2

Substituindo (2) em (1), temos:

N1 . * = N2 . *

Sendo válida a relação entre os valores fasoriais, também será valida entre seus valores
eficazes.

N1 . I1 = N2 . I2

c) A potência absorvida por uma carga não se altera quando sua alimentação for feita
por meio de um transformador, portanto, todos os estudos feitos nos capítulos
anteriores (1 e 2) são os mesmos para instalações alimentadas por transformadores.

37
ELETRICIDADE APLICADA II

3.4
3.4 Exercícios de transformador

1. Considerando a tensão do gerador, v1 (t) = 220 sen (377t + 45°), determinar os

valores indicados nos circuitos abaixo:

2: 4 20 : 10

2. Considerando a tensão primária dos transformadores abaixo igual v1 (t) = 282,84 sen
377t determinar as relações de transformação indicadas abaixo.
N1 : N2 N1 : N2

400 V 100 V

3. Considerando a tensão dos secundários dos transformadores abaixo igual a v1 (t) =


622,25 sen 377t, determinar suas tensões primárias.

50 : 100 12 : 4

4. Para o circuito abaixo determinar o valor da corrente do gerador, dados: v1 (t) =


622,25 sen 377t ; R1 = 20Ω; R2 = 40Ω
2:1 10 : 20

R1 R2

38
ELETRICIDADE APLICADA II

5. Um transformador é constituído por N1 espiras no primário, N2 espiras no secundário


e um núcleo (usualmente de material ferromagnético). Se V1 é a tensão aplicada no
primário, qual será a tensão de saída, admitindo-se o caso ideal?

b) Suponha que N1 = 500, N2 = 10 e que a tensão eficaz aplicada seja de 120 V. Qual é a
tensão no secundário (sem carga)?

c) Se o secundário for ligado a uma carga resistiva de 15 Ω, obtenha o valor eficaz da


corrente no enrolamento primário e no secundário.

6. No conjunto abaixo, calcular:

a) O capacitor (C) e a Potência aparente do capacitor (Sc), para corrigir o fator potência
(FP) para 0,92 na freqüência f = 60 Hz;

b) Onde deverá ser instalado esse capacitor para que a capacitância seja máxima;

c) Idem para a capacitância mínima.

Dados:

Carga1: 10 kVA; FP = 0,5

Carga2: 20 kVA; FP = 0, 707

1:5 2:1

1 2
500
V

7. Para o circuito abaixo, determine:

a) Os triângulos de potências das cargas 1, 2, 3 e do gerador;

b) As correntes das cargas 1, 2, 3 e do gerador.

39
ELETRICIDADE APLICADA II

g 2 3 5 6
2:3 3:4

g = 100 0° 1 2
1 4 3

Z1 = 10 3 0° Z2 = 45 -6 0° Z3 = 80 60°

8. Para o circuito abaixo pede-se:

a) A corrente eficaz do gerador;

b) A potência aparente do gerador;

c) Corrigir o fator de potência para 0,92;

d) O S após a correção

e) A nova corrente após a correção

Dados

Carga 1- 10HP, rendimento 80%, FP=0,85

Carga 2 – potencia complexa 20kVA fase 0º

1:20 10:1

g = 200 0° 1 2 1 3 4 2

40
ELETRICIDADE APLICADA II

4. CIRCUITOS
CIRCUITOS TRIFÁSICOS
TRIFÁSICOS

4.1
4.1 Introdução

Circuitos trifásicos constituem um caso particular de circuitos de corrente alternada.


Das máquinas que funcionam em corrente alternada as mais simples construtivamente
são as que funcionam em regime trifásico.

Em função disto no Brasil, todos os sistemas de geração, transmissão e distribuição de


energia elétrica trabalham em regime trifásico. Daí a necessidade deste estudo.

4.2
4.2 Vantagens do Sistema Trifásico

• As máquinas girantes trifásicas (motores e geradores) são de construção mais


simples, menores e mais econômicas que as máquinas monofásicas, bifásicas ou de
corrente contínua;
• A manutenção das máquinas trifásicas é geralmente mais simples e menos
dispendiosa do que outras;
• O fluxo de energia que chega ao consumidor é mais estável, pois enquanto nos
sistemas monofásicos passa pelo valor máximo 60 vezes por segundo, em sistemas
trifásicos, isto acontece 180 vezes por segundo;
• Para transmissão de uma mesma potência, os sistemas trifásicos utilizam uma menor
quantidade de cobre (ou outro condutor) que outros sistemas;
• De um sistema trifásico pode, utilizando transformadores especiais, obter um maior
número de fases (sistema hexafasico, por exemplo) o que é conveniente para circuitos
retificadores de alta potência.

4.3
4.3 Gerador Trifásico

Associação de três geradores monofásicos de tensão alternada com as seguintes


características:

a) mesma frequência angular;

b) mesmo valor eficaz;

c) defasados entre si de 120°.

41
ELETRICIDADE APLICADA II

+ + +
v 1 (t) v 2 (t) v 3 (t)
− − −

onde:

v 1 (t) = V sen ( ωt + ∝ )

v 2 (t) = V sen( ωt + ∝ − 120° )

v 3 (t) = V sen ( ωt + ∝ − 240°)

Utilizando a representação fasorial temos:

1= V ∝ 2= V ∝ − 120° 3= V ∝ − 240°

120°

120°
1

120°

Convêm observar que se as tensões forem definidas desta forma, em função do tempo
passarão pelo ponto de máximo positivo (inicio da função senoidal) na sequência V1, V2 e
sequ
V3, esta sequência é denominada sequência positiva ou direta.

42
ELETRICIDADE APLICADA II

v (t)
v 1 (t) v 2(t) v 3 (t) v 1(t)
V

360°

120°
ωt
60° 180° 240° 300°

sequ
A sequência negativa ou inversa seria V1, V3 e V2.

120° 1

120°

v (t)
v 1 (t) v 3 (t) v 2 (t) v 1(t)
V

360°

120°
ωt
60° 180° 240° 300°

43
ELETRICIDADE APLICADA II

Em nosso estudo trabalharemos com a sequência positiva ou direta.

Na pratica, normalmente as tensões são obtidas a partir de um gerador trifásico, que


pode ser entendido pela montagem abaixo.

v 1( t )
t)

v 2( t )
s

v3( t )

As defasagens de 1200 entre si são obtidas no espaço entre as bobinas que as produzem

120° 120°

120°

4.4 Carga Trifásica

Associação de três cargas monofásicas interligadas.

1 2 3

44
ELETRICIDADE APLICADA II

Quando as três impedâncias forem iguais a carga é dita equilibrada: = = =

4.5 Ligações estrela


estrela e triangulo

4.5.1 Ligação estrela ou ípsilon –

Os geradores e/ou cargas monofásicas são interligados entre si de forma a constituir um


ponto comum chamado de neutro. Os outros terminais são denominados fase.

F1

V ∝ 1

N
3 2
V ∝ − 240° V ∝ − 120°

F2

F3

F – terminal fase

N – terminal Neutro

Observe que o sistema apresenta 04 terminais acessíveis.

A ligação estrela também pode ser representada da seguinte forma:

F1 F2 F3 N F1 F2 F3 N

+ + +
1 2 3
1 2 3

− − −

45
ELETRICIDADE APLICADA II

4.5
4.5.2 Ligação Triângulo ou Delta –

Os geradores são interligados entre si de maneira a formar um triângulo.

F1

V ∝ − 240° V ∝ 3 1

2
V ∝ − 120° F2

F3

F – terminal fase

Observe que o sistema não possui o neutro e apresenta 3 terminais acessíveis

A ligação estrela também pode ser representada da seguinte forma:

F1 F2 F3 F1 F2 F3

+ + +
1 1 2 3
2 3

− − −

4.6
4.6 Valores de Fase e de Linha

4.6.1 Tensão de fase

Valor de tensão medido entre os terminais de cada gerador e/ou carga monofásica.

4.6
4.6.2 Corrente de Fase

Valor de corrente medido entre os terminais de cada gerador e/ou carga monofásica.

46
ELETRICIDADE APLICADA II

Montagem Estrela

fg1 fg1 fc1 fc1

fg3 fc3
fg2 fc2

fc3 fc2
fg3 fg2

Gerador Linha Carga

Montagem Triângulo

fg3 fg1 fc3 fc1


fc1
fg3 fg1 fc3

fg2 fc2

fc2
fg2

Gerador Linha Carga

4.6
4.6.3 Tensão de Linha

Valor de tensão medido entre duas fases quaisquer

47
ELETRICIDADE APLICADA II

4.6
4.6.4 Corrente de Linha

Valor de corrente medido nas linhas de alimentação

Montagem Estrela
L1

Lg3 Lg1 Lc3


Lc1
Lc1

L3

L2
Lg2 Lc2
Lc2

Gerador Linha Carga

Montagem Triângulo
L1

Lg3
Lg1
Lg1 Lc1
Lc3

L3

Lg2
Lg2 L2 Lc2

Gerador Linha Carga

48
ELETRICIDADE APLICADA II

4.7
4.7 Relações entre valores de fase e linha

4.7
4.7.1 Na ligação estrela
L1

V
fg1 fg1 fc1 fc1
Lg1
Lg1
Lg3
N

fg3 fc3
fg2 fc2

fc3 fc2
fg3 fg2

L3

Lg2
Lg2 L2

Gerador Linha Carga


V

Relação
Relação de Corrente

Convém observar que na ligação estrela a corrente que sai do gerador é a mesma que
circula na linha e na carga, não existindo nenhum nó para derivação das mesmas,
portanto podemos concluir que na estrela:

L= f

Corrente de Neutro

N = f1 + f2 + f3

Para um sistema equilibrado a corrente de neutro é igual a zero.


zero

Relação de Tensão
ensão

Podemos observar que a tensão de linha na estrela é diferente da tensão de fase


estabelecendo entre si a seguinte relação:

49
ELETRICIDADE APLICADA II

Lg1 = fg1 – fg2

Lg2 = fg2 – fg3

Lg3 = fg3 – fg1

Se adotarmos

fg1 = V 0°

teremos por conta da defasagem de 120º entre as fases

fg2 = V −120°
Portanto:

Lg1 =V 0° − V −120

Lg1 = V – (– V/2 – j /2 V)

Lg1 = V + V/2 + j /2 V

Lg1 = 3/2 V + j /2 V

Lg1 = 30°

Utilizando o mesmo raciocínio pode se demonstrar as mesmas relações entre as outras


tensões de fase e de linha correspondentes.

Generalizando, na ligação estrela temos que:

L = f 30°
30°

50
ELETRICIDADE APLICADA II

4.7
4.7.2 Na ligação Triângulo

L1

Lg3 fg3 fg1 Lg1


Lg1 fc3 fc1
fc1
fg3 fg1 fc3

fg2 fc2

fc2
fg2 L3

Lg2
Lg2 L2

Relação de Tensão

Como se pode observar a ligação triângulo possui apenas 3 terminais e não apresenta a
linha de neutro, portanto a tensão de fase e a de linha são medidas nos mesmos pontos,
onde se conclui que no sistema triângulo:

L= f

Relação de Corrente

Podemos observar pela figura que tanto os terminais de cada gerador monofásico como
os de entrada da carga monofásica apresentam nós de corrente, portanto as correntes de
fase e de linha não são as mesmas guardando a seguinte relação:

Lg1 = fg1 – fg3

Lg2 = fg2 – fg1

Lg3 = fg3 – fg2

51
ELETRICIDADE APLICADA II

Se adotarmos

fg1 =I 0°

teremos por conta da defasagem de 120° entre as fases

fg3 = I – 240°

Portanto:

Lg1 =I 0° − I – 240°

Lg1 = I – (− I/2 + j /2 I)

Lg1 = I + I/2 – j /2 I

Lg1 = 3/2 I – j /2 I

Lg1 = I –30°

Utilizando o mesmo raciocínio pode se demonstrar as mesmas relações entre as outras


correntes de fase e de linha correspondentes.

Generalizando, na ligação estrela temos que:

L = f –30°°

52
ELETRICIDADE APLICADA II

4.8
4.8 Exercícios de circuito trifásico

1. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: fg1 =100 60° e = 10 45°

L1

fg1 fg1 fc1 fc1


L1
L3
N

fg3 fc3
fg2 fc2

fc3 fc2
fg3 fg2

L3

L2 L2

2. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: fg1 =200 60° e =40 60°

L1

L3 fg3 fg1 L1 fc3 fc1


fc1
fg3 fg1 fc3

fg2 fc2

L3 fc2
fg2

L2 L2

53
ELETRICIDADE APLICADA II

3. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: L1 =173,21 0° e =17,32 30°

L1

fg1 fg1

L1
L3
fc3 fc1
fc1
fg3 fc3
fg2

fc2
fg3 fg2

L3
fc2
L2 L2

4. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: L1 =381,5 45°e =22 60°
L1

fc1 fc1

L3 fg3 fg1 L1

fg3 fg1
fc3 fc2

fg2 fc3 fc2

fg2 L3

L2 L2

54
ELETRICIDADE APLICADA II

5. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: fg1 = 127 0° =10 45° = 10 45°

L1 L4

fg1 fg1 fc4 fc4


1

fc3 fc1
fc1
fc3
fc6 fc5

fc2 fc6 fc5

L3 fc2 L6

L2 L5

6. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: fg1=173,21 0° = 10 60° = 17,32 30°

L1 L4

fc1 fc1

fg1
fc6 fc4
fg1 fc4
fc6
fc3 fc2

fc3 fc2 fc5

L1 L6 fc5

L2 L5

55
ELETRICIDADE APLICADA II

7. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: fg1=127 0° = 10 45° = 10 45
°
L1 L4

fg1 fg1 fc1 fc1


1

fc6 fc4
fc4
fc3 fc6
fc2

fc3 fc2 fc5

L3 L6 fc5

L2 L5

8. Para o circuito abaixo determinar todas as tensões e correntes complexas indicadas,


dados: fg1=173,21 0° = 17,32 30° = 10 60°

L1 L4

fc4 fc4

fg1
fc3 fc1
fg1 fc1
fc3
fc6 fc5

fc2
fc6 fc5

L3 fc2 L6

L2 L5

56
ELETRICIDADE APLICADA II

5.POT
5.POTÊ
POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS

Considerando que cada fase de um circuito trifásico, equilibrado ou não, constitui-se um


circuito monofásico independente, podemos afirmar que a potencia total do sistema é
dada pela soma das potencias monofásicas das respectivas fases, isto é:

Pt = P1 + P2 + P3

Onde P1; P2 e P3 são as respectivas potencias de cada uma das fases.

Nas condições de equilíbrio onde:

P1 = P2 = P3

temos que

Pt = 3 Pf

onde Pf é a potência por fase dada pela expressão de potencia monofásica:

Pf = Vf x If x cos φ

Convém lembrar que Vf é a tensão por fase, If a corrente de fase e φ é o ângulo entre a
tensão e a corrente (ângulo da impedância). Assim, para o sistema trifásico:

P3∅ = 3 x Vf x If x cos φ

Adotando um raciocínio análogo para as potencias reativa e aparente, temos:

Q3∅ = 3 x Vf x If x sen φ

S3∅ = 3 x Vf x If

Observando o triângulo das potencia podemos concluir:

57
ELETRICIDADE APLICADA II

P3∅ = 3 x Vf x If x cos φ

Q3∅ = 3 x Vf x If x sen φ
3∅
Q3∅ S3∅ = 3 x Vf x If

3∅ = P3∅ + j Q3∅
S3∅
Q3∅ φ
3∅ = S3∅

3∅ =3x f x f*

P3∅ FP3∅ = cos φ

Ainda podemos calcular a potencia a partir dos valores de linha.

Como P3∅ = 3 x Vf x If x cos φ,

Para a conexão estrela onde, VL = Vf e IL = If temos:

P3∅ = 3 x (VL/ ) x IL x cos φ = VL x IL x cos φ

Para a conexão triângulo onde, VL = Vf e IL = If temos:

P3∅ = 3 x VL x (IL/ ) x cos

P3∅= VL x IL x cos φ

De forma similar podemos determinar as outras potencias:

Q3∅ = VL x IL x sen φ

S3∅ = VL x IL

3∅ = x f x f*

58
ELETRICIDADE APLICADA II

5. 1 Exercícios de Potência Trifásica

1. O secundário de um transformador trifásico ligado em estrela apresenta um sistema


de quatro fios com tensão de linha de 208 V conforme figura. Deverão ser ligadas em
cada fase 10 lâmpadas, cada uma de 120 V e 2 A. Determine a potência consumida por
fase e a potência consumida pelo sistema. (suponha que as lâmpadas sejam resistivas).

10 lâmpadas

10 lâmpadas

10 lâmpadas

2. O Edifício Happy Tower de três andares conta com seis apartamentos, dois por andar.
Cada apartamento tem uma potência instalada de 4,8k VA com fator de potência de 0,8
(capacitivo). A rede trifásica que alimenta o prédio tem por característica 220/127V e
freqüência de 60 Hz. Considerando o esquema abaixo Determine:

a) a corrente de linha;

b) a corrente de fase;

c) a corrente de fase para cada apartamento;

d) as potencias ativas, reativa e aparente do edifício.

101 102 201 202 301 302

F1
1
F2

F3

59
ELETRICIDADE APLICADA II

3. Considere os dados do exercício 2 e suponha que por erro do eletricista o


apartamento 301 foi ligado na fase B. Para esta situação determine:

a) as correntes de linha;

b) as correntes de fase;

c) a corrente fase neutro (IN).

101 102 201 202 301 302

F1
1
F2

F3

4. O secundário de um transformador alimenta um sistema trifásico de quatro fios com


tensão de linha de 208 V. A carga do sistema é formada por um motor trifásico de 72 kW
com FP=1, e tensão de 208 V; três circuitos de iluminação monofásicos de 12 kW com
tensão de 120 V e três motores monofásicos de 10 kVA, FP=0,8 indutivo com tensão de
208 V. Calcule:

a) a carga total do circuito em kVA;

b) a corrente de linha do secundário do transformador;

c) o FP do conjunto.

M M M M

Iluminação Iluminação Iluminação

60
ELETRICIDADE APLICADA II

5. Uma instalação industrial é constituída pelas seguintes cargas: um motor trifásico de


10 HP, rendimento igual a 0,8 e FP=0,8 e um conjunto de motores monofásicos de 4,5
kW cada e FP=0,9. Calcular:

a) a corrente de linha da instalação;

b) a potencia ativa da instalação;

c) a potencia reativa da instalação;

d) a potência aparente da instalação;

e) o FP da instalação.

M M M M

IL

120 V

6. Para a instalação abaixo pede-se determinar:


a) a corrente de linha da instalação;

b) a potencia ativa da instalação;

c) a potencia reativa da instalação;

d) a potência aparente da instalação;

e) o FP da instalação.

61
ELETRICIDADE APLICADA II

Motor de 70 kW 4 Motores de 5 HP
FP=0,7 atrasado FP=0,8 atrasado, η = 0,85

M M

208 V

Iluminação Iluminação Iluminação

Lâmpadas incandescentes, 20 kW cada, FP = 1

7. Para a instalação abaixo pede-se determinar:


a) a corrente de linha da instalação;

b) a potencia ativa da instalação;

c) a potencia reativa da instalação;

d) a potência aparente da instalação;

e) o FP da instalação.

Motor de 8HP 3 Motores monofásicos de Motor de 6 kW


FP=0,7 atrasado, η=0,90 2,5 kW cada, FP=0,80 FP=0,7 atrasado

M M M M M

IL

120 V

62
ELETRICIDADE APLICADA II

8. Para a instalação abaixo pede-se determinar:


a) a corrente de linha da instalação;

b) a potencia ativa da instalação;

c) a potencia reativa da instalação;

d) a potência aparente da instalação;

e) o FP da instalação.

3 Motores monofásicos de 5 HP cada,


FP=0,90, η=0,875

M M M

IL

Iluminação Iluminação Iluminação

Lâmpadas incandescentes cada conjunto


com 5kW, FP=1

63
ELETRICIDADE APLICADA II

Referências Bibliográficas

Pagliaricci, Mario
Eletrotécnica Geral

Nery, Norberto
Eletricidade Básica

Edminister, Joseph
Circuitos Elétricos

Ferrara, Arthemio
Circuitos Elétricos I

Gussow, Milton
Eletricidade Básica

Bartkowiak, Robert
Circuitos Elétricos

Eletrobrás
Manual de Tarifação

64

Você também pode gostar