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Teoria do consumidor
Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2019
Abibo Momade
Emilia Fenias Covane
Inocêncio Cláudio Sentimane Manjor
Marta Fernando Jossias
Teoria do consumidor
Universidade Rovuma
Extansão de Cabo Delgado
2019
Índice
Introdução .........................................................................................................................................3
1. Teoria do consumidor ...............................................................................................................4
1.1. Principais conceitos ........................................................................................................................4
1.2. Excedentes do consumidor .............................................................................................................5
1.3. Excedentes do produtor ..................................................................................................................7
1.4. Restrição orçamentária .................................................................................................................10
1.4.1. Características da restição orçamentária ..........................................................................12
1.5. A curva da indiferença .................................................................................................................12
1.5.1. Características das curva de indiferença ......................................................................................15
Conclusão .......................................................................................................................................17
Referências bibliográficas ..............................................................................................................18
3
Introdução
Em Economia, o consumidor é o que tem acesso a várias opções de escolha de qualquer produto.
É toda e qualquer pessoa que visita ou somente procura a empresa com algum interesse em
adquirir produtos ou serviços no momento presente ou futuro. É nesta perspectiva que o presente
trabalho subordina-se ao tem: Teoria do consumidor. Pretende-se basicamente com este
trabalho debruçar acerca da teoria do consumidor. Para o alcance do objectivo geral, traçamos os
seguintes objectivos específicos: apresentar os principais conceitos; descrever a teoria do
consumidor, excedentes do consumidor e do produtor e, restrição orçamentária.
Para a materialização deste trabalho recorremos à revisão de literatura, que consistiu na pesquisa
em obras de autores que citamos no interior do trabalho e na última página. Este trabalho é de
relevante importância, na medida em que o mesmo fornece-nos subsídios teóricos para a
construção do nosso conhecimento, com vista a sua implementação no nosso quotidiano.
Para facilitar a compreensão dos conteúdos deste trabalho, organizamo-lo iniciando com o
delineamento dos principais conceitos, desenvolvimento do assunto em destaque, conclusão e por
fim apresentamos as referências bibliográficas.
Reconhecendo que em ciência nenhum trabalho é estanque, por isso, esperamos a apreciação
crítica desta edição para que as próximas possam se revestir de melhorias.
4
1. Teoria do consumidor
Na visão de FRANK & BERN (2003, p. 57), “Teoria do Consumidor ou Teoria da Escolha é
uma teoria que busca descrever como os consumidores tomam decisões de compra e como eles
enfrentam os tradeoffs 1 e as mudanças em seu ambiente”. Os factores que influenciam as
escolhas dos consumidores estão basicamente ligados à sua restrição orçamentária e preferências.
Segundo FRANK & BERN (2003, p. 56), utilidade “é a satisfação que cada ser humano tira do
uso do bem é o que dá valor às coisas”. Utilidade define-se como o grau de satisfação que os
bens dão às nossas necessidades. É forma de medir o “bem-estar” obtido pelos bens, materiais, ou
não.
Partindo da utilidade que atribui a cada bem, o agente, que é racional, vai escolher a combinação
de bens que lhe dá maior satisfação (optimizá-la), dadas as limitações que provêm da escassez.
b) Mapa de indiferença
Para PINDYCK (2002, p. 73), mapa de indiferença, “é o gráfico que contém um conjunto de
curvas de indiferença mostrando as cestas de mercado cuja escolha é indiferente para o
consumidor”.
c) Cesta
1
Trade-off ou tradeoff é uma expressão em inglês que significa o ato de escolher uma coisa em detrimento de
outra e muitas vezes é traduzida como "perde-e-ganha".
5
Tomemos como exemplo as preferências de três compradores diferentes, Julieta, Éden e Joaquim,
por um prato lula panada. Consideremos que, ao se perguntar a cada um deles quanto estariam
dispostos a pagar por um prato de lula panada, eles respondam, respectivamente, que estariam
dispostos a pagar 150,00 MT, 130,00 MT e 120,00 MT, conforme a tabela a seguir.
A noção de excedente do consumidor leva em conta essa disposição para pagar por um
determinado produto em relação ao valor efectivamente pago. Assim, temos a seguinte equação:
Dessa maneira, caso os três consumidores fossem a um restaurante e cada um consumisse, por
exemplo, um prato de lula panada no valor de 120,00 MT, teríamos como Excedente do
Consumidor: 30,00 MT para Julieta, 10,00 MT para Éden e 0,00 MT para Joaquim.
acima, com a relação existente entre o preço do prato, o número de potenciais consumidores e a
quantidade demandada do produto.
Acima de 150,00 MT 0 0
130,00 MT a 150,00 MT 1 1
120,00 MT a 130,00 MT 2 2
120,00 MT ou menos 3 3
Preço
150,00MT Disposição para pagar de Julieta
0 1 2 3 Quantidade
Vimos no gráfico anterior que podemos calcular o excedente do consumidor por meio da
diferença entre a disposição para pagar e o valor efectivamente pago por um produto.
Graficamente, também podemos medir o valor desse excedente por meio da área do polígono
formado entre a curva de demanda e um preço P determinado. Vejamos os exemplos abaixo para
compreender melhor.
7
150,00 MT
130,00 MT
120,00 MT Demanda
0 1 2 3 Quantidade
Para qualquer preço acima de 130,00 MT e abaixo de 150,00 MT, temos um consumidor disposto
a pagar pelo prato de lula panada (Julieta). O excedente do consumidor é, portanto, equivalente à
diferença entre 150,00 MT (disposição para pagar de Julieta) e o valor do prato. A 130,00 MT,
temos que o excedente do consumidor de Julieta será igual à área sombreada. Temos, assim, um
excedente do consumidor igual a 20,00 MT. Isso significa que Julieta pagou 20,00 MT a menos
pelo prato de lula panada do que estaria disposta a pagar.
De acordo com os exemplo acima, podemos afirmar que o excedente do consumidor mede
objectivamente o benefício que o consumidor recebe ao adquirir um bem, de acordo com o seu
próprio ponto de vista. O excedente do consumidor é, portanto, uma medida do bem-estar
económico, e quanto maior o seu valor, maior o benefício aos consumidores desse mercado.
Da mesma maneira como temos para os consumidores um excedente que indica a diferença entre
o preço que se estava disposto a pagar e o preço efectivamente pago, temos também essa relação
para os produtores, que indica a diferença entre o valor ao qual um determinado produto foi
vendido no mercado e o seu custo de produção. Neste sentido, de acordo com PINDYCK (2002,
p. 77),
O excedente então resulta do facto de, para quantidades oferecidas inferiores à que se acaba por
verificar no mercado, através do equilíbrio entre oferta e procura, um produtor estar disposto a
oferecer o seu produto a preços inferiores ao que acaba por conseguir obter. Neste sentido, o
conceito de excedente do produtor se cruza com a Teoria da Oferta e Demanda, que tem por
objectivo explicar os preços e as quantidades dos bens transacionados em uma determinada
economia de mercado, assim como suas determinadas variações.
O preço que determinado produtor está disposto a oferecer à primeira unidade do produto que
comercializa é por regra inferior ao preço a que oferece à segunda e assim sucessivamente. Desse
modo, quando este consegue operar um preço para a primeira unidade superior ao que
inicialmente estava disposto a aceitar, capta um benefício correspondente à diferença entre os
dois valores, ocorrendo o mesmo processo em relação a todas as unidades anteriores à última
oferecida, atingindo-se um preço que termina por prevalecer ante o mercado, sendo o benefício
de cada uma dessas diferenças decrescente.
Em termos gráficos, a representação da oferta é feita por meio de uma curva crescente da
esquerda para a direita, onde o eixo vertical representa a variável preço e o horizontal a variável
quantidade. O excedente do produtor surgirá no triângulo que apresenta como lados a própria
curva da oferta, sendo o eixo vertical e a linha horizontal correspondente ao preço de equilíbrio
do mercado, respectivamente.
Consideremos, por exemplo, a produção de pratos de lula panada por três diferentes restaurantes,
A, B e C. O custo de produção dos três restaurantes é, respectivamente, igual a 120,00 MT,
115,00 MT e 110,00 MT, conforme o quadro a seguir.
O excedente do produtor pode ser avaliado a partir da curva de oferta. Assim, imaginemos que o
quadro abaixo tenha por referência a produção desse prato de lula panada, com a relação
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Para melhor visualizar essa situação, vamos construir um gráfico que a ilustre.
Preço Oferta
0 1 2 3 Quantidade
Da mesma forma que o excedente do consumidor, o excedente do produtor também pode ser
calculado por meio do gráfico. Teremos, desse modo, que o excedente do produtor equivale à
área do polígono determinado pela curva de oferta e um determinado preço de comercialização.
Assim, temos que o valor mínimo para que haja excedente do produtor é igual ao menor custo de
produção dentre os três restaurantes (110,00 MT). Portanto, acima de 110,00 MT existe
excedente do produtor para quaisquer preços determinados. Vejamos a análise gráfica do
excedente do produtor.
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Preço Oferta
120,00 MT
110,00 MT
0 1 2 3 Quantidade
Ao preço de 115,00 MT, temos que há dois restaurantes dispostos a ofertar seus produtos no
mercado: B e C. Entretanto, o excedente do produtor para o restaurante B é igual a zero, visto
que, a esse preço, o preço ao qual o prato de lula panada é comercializado é igual ao seu custo de
produção. Portanto, nessa situação o excedente do produtor total diz respeito apenas ao excedente
do produtor do restaurante C. Assim, o excedente do produtor do restaurante C é igual à área
sombreada no gráfico, ou seja, igual a 5,00 MT.
Dessa maneira, o excedente do produtor mede objectivamente o benefício que o produtor recebe
ao vender um bem, de acordo com o seu próprio ponto de vista. O excedente do produtor também
é, portanto, uma medida do bem-estar económico, e quanto maior o seu valor, maior o benefício
aos produtores desse mercado.
GONÇLVES (2009, p. 22) diz que, “a expressão Restrição Orçamental designa o conjunto de
combinações de bens possíveis de ser consumidos por dado consumidor tendo em conta o seu
rendimento disponível”. Ou seja, restrição orçamentária é a fronteira do conjunto de
oportunidades, isto é, todas as combinações possíveis de consumo que alguém pode pagar, tendo
em conta os preços dos bens e a renda do indivíduo.
Numa representação gráfica simplificada em que num dos eixos é colocado um bem ( ) e num
outro eixo e outro bem ( ), a restrição orçamental surge como um espaço delimitado pelos eixos
e por uma recta que une os dois pontos de cada eixo que correspondem ao máximo que é possível
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consumir de cada um dos bens direccionando para ele todo o rendimento disponível ( ). A
inclinação dessa recta corresponderá ao rácio de preços entre os dois bens ( e ) sendo dada
por , o que significa que para comprar mais uma unidade do bem x2, teria que abdicar de
Graficamente:
Pode comprar
Uma alteração no preço de um dos bens originará uma alteração na inclinação da recta de
restrição orçamental, enquanto uma alteração do rendimento disponível originará um
deslocamento paralelo dessa mesma recta. Se, por exemplo, o preço do bem diminuir, para o
mesmo rendimento disponível, passa a ser possível consumir mais e vice-versa. Da mesma
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forma, se o rendimento disponível aumentar, mantendo-se constantes os preços dos bens, passa a
ser também possível consumir mais.
A renda e o preço dos bens são determinantes fundamentais para a configuraçao da restrição
(recta) orçamentária, abstraindo-se desse facto duas características importantes:
Variaçoes nos preços – uma variação nos preços dos produtos também provoca variações
na curva de restrição orçamentária, ou seja:
A curva de indiferença é uma curva que liga as várias combinações de consumo de vestuário e
alimentos que proporcionam igual utilidade. A expressão curva de indiferença deriva do facto de
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que cada ponto na curva rende a mesma utilidade, logo, o consumidor será indiferente sobre
qualquer cesta de consumo ao longo da curva.
Por exemplo, suponhamos que os dados abaixo representam as combinações entre dois bens:
carne bovina e carne de frango, que proporcionam a mesma satisfação e utilidade total a um
consumidor.
Combinações Carne bovina (kg) Carne de frango (kg)
A 2 8
B 3 5
C 5 3
Se transferirmos os dados da tabela acima para um plano cartesiano no qual registaremos no eixo
horizontal carne bovina e no eixo vertical carne de frango, estaremos a construir a curva da
indiferença para esse consumidor. Assim:
As curvas de indiferença têm por base a função de utilidade ordinal ou função de preferência que
estabelece, para cada nível de rendimento, um conjunto ordenado de preferências. Pode definir-se
uma curva de indiferença como o lugar geométrico das combinações de bens que proporcionam
ao consumidor o mesmo nível de utilidade total, ou seja, face a essas combinações o consumidor
é indiferente.
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As curvas de indiferença (IC) que se situam mais para a direita em relação à origem traduzem um
nível de satisfação, ou de utilidade, mais elevado. Deste modo, dado o princípio da maximização
da utilidade do indivíduo, traduzido no princípio da racionalidade e no seu corolário de que o
mais é preferível ao menos em tudo o que dá prazer ou utilidade, os indivíduos procuram estar
em níveis de satisfação maiores, o que é traduzido pelas curvas de indiferença mais elevadas, sem
ser necessário especificar o quantum dessa utilidade.
As curvas de indiferença traduzem a utilidade ordinal, ou as preferências, uma função que apenas
explicita a ordem pela qual o consumidor ordena os conjuntos de bens, traduzindo as suas
preferências, mas não indicam a intensidade para um consumo particular.
̅ ( )
Onde ̅ representa o mesmo nível de utilidade, evidenciada por uma curva de indiferença,
expressão que determina todos os conjuntos de bens de e que dão ao consumidor o mesmo
nível de utilidade.
Por exemplo, sendo a função utilidade dada por √ , a seguinte curva de indiferença
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√ ,
Importa compreender algumas características das curvas de indiferença. Se e são dois bens
compósitos, para os quais o mais é preferível ao menos, porque dão satisfação, as curvas de
indiferença, representadas num referencial ortogonal cartesiano, têm várias propriedades:
2
Gonçlves, 2009, p. 25.
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qualquer situação inicial, e para dois bens, é necessário sacrificar cada vez maiores
quantidades de um dos bens para compensar as sucessivas unidades do outro bem,
traduzindo, também, o custo relativo crescente;
3) Duas curvas de indiferença nunca se cruzam, pois tal poderia levar a paradoxos.
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Conclusão
A teoria do consumidor aborda o consumidor como um indivíduo racional, ou seja, ele calcula
deliberadamente, escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfação ou utilidade do
bem/serviço adquirido. Esta teoria é sustentada por hipóteses de racionalidade, que é dividida em
três partes (preferências, restrições e escolhas). É uma teoria que estuda as preferências do
consumidor analisando o seu comportamento, as suas escolhas, as restrições quanto a valores e a
demanda de mercado.
Referências bibliográficas
FRANK, Robert & BERN Bernanke. “Princípios de Economia”. 4 ed. Lisboa, McGraw-Hill,
2003.