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1.

Conceito

ICMS é a sigla para Imposto sobre Operações relativas à Circulação


de Mercadorias, Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal
e de Comunicação, que incide sobre a comercialização de mercadorias em geral, a
prestação onerosa de serviço de transporte e de comunicação.

Para Paulsen (2020) trata-se de um dos impostos mais complexos da


do sistema tributário brasileiro com uma legislação extensa, começando pelo art. 155,
II e seus longos §§2º a 5º, passando por resoluções do senado, a título exemplificativo:
as alíquotas interestaduais, passando ainda Pela Lei Complementar n. 87/96,
envolvendo também convênio entres estados, sem falar inda, nas leis instituidoras do
tributo em cada Estado e, por fim, nos variados regulamentos infralegais que detalham
a aplicação desse imposto.

Vale mencionar, por oportuno, que o ICMS não é cumulado com


demais impostos, podendo, contudo, ser seletivo, aplicando-se, dessa maneira,
alíquotas diferenciadas, de acordo com o critério da essencialidade da operação
tributada, art. 155, §2º, I e III da CF.

2. Competência e Alíquota interestadual

Conforme disposição constitucional, art. 155, II, compete aos Estados


e ao Distrito Federal instituir impostos sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior, trata-se, desse modo, de imposto estadual, podendo cada Estado-Membro
instituir a alíquota que lhes seja conveniente, em Goiás, a alíquota é de 17%, variando
de 12% a 20% entre os demais estados.

Nesse toar, importa dizer que existem operações que ocorrem dentro
de um mesmo estado, incidindo nesse caso a alíquota interna de cada ente federado,
e existem operações interestaduais, que se iniciam num Estado e se encerram em
outro distinto, conjuntura essa muito comum devido ao comércio eletrônico que
permite a comercialização de produtos de diferentes localidades do Brasil.
Em versando sobre circulação interestadual, a alíquota incidirá da
seguinte forma, conforme art. 155, §2º, CF: ao Estado de origem é pago a sua alíquota
regional, já ao Estado destino é realizada a diferença entre a alíquota interna do
estado para onde se envia o produto e a alíquota interestadual, estabelecida por
resolução do Senado, conforme art. 155, §2º, IV da Constituição Federal.

A alíquota interestadual pode variar entre 4, 7 e 12%, a depender do


trânsito desse produto ou serviço, que ocorre da seguinte maneira:

 A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação


de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, nas
operações e prestações interestaduais quando forem
inicialmente realizadas a partir das Regiões Norte, Nordeste,
Centro-Oeste ou do Estado do Espírito Santo para qualquer
que seja a localidade do destinatário, será aplicada a alíquota
interestadual de 12% (RESOLUÇÃO Nº 22, DE 1989);

 Aplica-se também a alíquota de 12% quando a prestação ou


serviço se iniciar nas Regiões Sul e Sudeste e o destinatário
também estiver localizado nessas regiões, exceto no Estado
do Espírito Santo;
 Nas operações e prestações realizadas nas Regiões Sul e
Sudeste, destinadas às Regiões Norte, Nordeste e Centro-
Oeste e ao Estado do Espírito Santo, a alíquota será de 7%
(RESOLUÇÃO Nº 22, DE 1989);
 A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), nas
operações interestaduais com bens e mercadorias importados
do exterior, será de 4% (RESOLUÇÃO Nº 13, DE 2012).

A atual dinâmica do ICMS interestadual se deu pela Emenda


Constitucional nº 87, de 2015, para se dar maior isonomia entre os Estados da
Federação, tendo em vista que pela sistemática anterior, o ICMS somente era devido
ao Estado destinatário, caso o adquirente não fosse consumidor final.
3. Base de Cálculo, Fato Gerador e Incidência

Conforme mencionado anteriormente, o ICMS incide sobre a


comercialização de mercadorias, prestação onerosa de serviços de transporte e de
comunicação, para uma melhor compreensão se passará à análise separadamente
de cada situação.

3.1 ICM (Imposto sobre Circulação de Mercadoria)

No que tange ao ICMS sobre operações relativas à circulação de


mercadorias, o art. 12 da Lei Complementar 87/96 considera ocorrido o fato gerador
no momento da saída da mercadoria do estabelecimento, devendo, para tanto, que
ocorra a transferência de titularidade do bem, Ataliba (1983) explica que, para o direito,
circular significa transferir a titularidade.

Nesse sentido, o STF através do AgR 131941 de Relatoria do Ministro


MARCO AURÉLIO, diz que o simples deslocamento de coisas de um estabelecimento
para outro, sem transferência de propriedade, não gera direito à cobrança de ICM. O
emprego da expressão "operações", bem como a designação do imposto, no que
consagrado o vocábulo "mercadoria", são conducentes à premissa de que deve haver
o envolvimento de ato mercantil.

Mais a mais, a base de cálculo do ICM (imposto sobre operações de


mercadorias), segundo o art. 13 da Lei Complementar n. 87 de 1996, é o valor da
operação, ou, em outras palavras, base de cálculo é o preço da mercadoria.

3.2 ICMS sobre serviço

No tocante ao ICMS que incide sobre serviços de transporte, são


tributáveis os diversos tipos de transporte: de passageiros, de valores, de bens ou de
mercadorias, nota-se que não é devido por conta do transporte, mas sim devido à
prestação do serviço de transporte, de maneira que o transporte realizado por uma
empresa em veículo próprio para levar bens ou mercadorias de uma a outro
estabelecimento seu ou mesmo para entregar mercadorias aos clientes que tenham
as adquirido não são sujeitam à incidência do imposto.

O art. 12 da Lei Complementar n. 87 de 1996 diz que o fato gerador


do ICMS sobre o serviço de transporte ocorre no momento do início da prestação do
serviço, ainda, de acordo com a mesma lei, em seu art. 13, §1º, II, a base de cálculo
será o valor correspondente à prestação do serviço.

Por fim, de acordo com o item 16 da lista anexa da LEI


COMPLEMENTAR Nº 116, DE 31 DE JULHO DE 2003 o serviço de transporte que
ocorre restrito ao território de um único município não está sujeito ao ICMS, se
sujeitando, contudo, ao ISS (Imposto Sobre Serviços).

3.3 ICMS sobre comunicação

Referente ao imposto que incide sobre a prestação de serviços de


comunicação, é preciso ter em mente que a Constituição Federal, art. 155, §2º, X, d,
concede imunidade desse imposto nas prestações de serviço de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita.

Incidindo, contudo, o imposto em análise, sobre a cobrança de


assinatura básica residencial, que se constitui em verdadeira remuneração do serviço
de telefonia, já que sua previsão legal é de estabelecer valor mínimo que
justifique a viabilidade econômica do serviço com a contrapartida de
franquia de utilização, conforme o STJ no REsp 1022257/RS de relatoria do Ministro
CASTRO MEIRA.
Assevera-se, outrossim, que a transmissão do sinal, quando realizada
de maneira onerosa pelas empresas de TV a cabo, é considerada serviço de
comunicação, nos termos do art. 2º da LC 87/1996, e se submete à tributação
estadual, nesse sentido o STJ através do AgRg no REsp 1064596/SP de relatoria do
Ministro HERMAN BENJAMIN.
Nessa esteira, o serviço de TV via satélite DTH, também é
considerado serviço de telecomunicação, seja do ponto de vista material,
disponibilização de modo oneroso, de meios (ou canais) necessários à comunicação
à distância seja por expressa disposição legal, artigos 60 e 170 da
Lei 9.472/97 e Resolução nº 220/2000, o que implica na incidência de
ICMS, conforme o REsp 677.108/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 28/10/2008, DJe 01/12/2008.
Por outro lado, O ICMS não incide no serviço dos provedores de
acesso à Internet, nessa esteira a súmula 334 do STJ, bem como, não há que se falar
em ICMS sobre os serviços acessórios à prestação do serviço de comunicação,
vejamos o que diz Paulsen (2020, p. 434):
Importa considerar que a base econômica é o serviço de comunicação
propriamente, e não as atividades-meio realizadas e cobradas com
autonomia, assim considerados os serviços preparatórios, acessórios ou
auxiliares que configurarão serviços comuns, não sujeitos ao ICMS.
Vem de encontro com esse pensamento o STJ, que através da
súmula 350 diz que O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone
celular.
Anota-se, em arremate, que a base de cálculo do ICMS sobre serviço
de comunicação é o valor do serviço contratado e o seu fato gerador é a prestação do
serviço de comunicação.
4. Conclusão

O ICMS é um imposto estadual que incide sobre a comercialização de


mercadorias, prestação onerosa de serviço de transporte como: de passageiros, de
valores, de bens ou de mercadorias e sobre o serviço de comunicação.

REFERÊNCIA

Leandro, Paulsen. Curso De Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2020.

Revista de Direito Tributário<


file:///C:/Users/Gabriel/Downloads/ATALIBA,%20Geraldo%3B%20GIARDINO,%20Cl
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em 04 de Out. 2020.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: senado, 1988.

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Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1996. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm>. Acesso em: 02 out. 2020. Brasília,
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Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2003. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm>. Acesso em: 02 out. 2020. Brasília,
DF: Senado, 2003.

BRASIL. RESOLUÇÃO Nº 22, DE 1989. Brasília, DF: Senado Federal, 1989. Disponível
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BRASIL. RESOLUÇÃO Nº 13, DE 2012. Brasília, DF: Senado Federal, 2012. Disponível
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