2.1- Queixa:
A paciente diz ser bipolar e estar com dificuldade de levantar para trabalhar, tendo
muitas faltas ficando envergonhada com a equipe de trabalho, já que a mesma passa a
maioria das noites acordada, sente-se ora agitada ou sonolenta, hostil e intolerante. Não quer
fazer higiene pessoal e se alimentar. Em outros momentos chora e tem desejo de se matar.
Traz como causa dessa crise um problema do casamento que era muito abusivo.
2.2- Anamnese:
se separou duas vezes e por ameaça do companheiro teve que voltar por medo de
ser morta pelo companheiro, agora se encontra separada e tentando manter sua decisão, mas
tem medo do quê o ex possa fazer com ela. O marido (heteroagressivo) sofria de delírio, de
ciúme e chegou a colocar pessoas para vigiá-la nos lugares que frequentava até mesmo no
ambiente de trabalho, vivia em uma relação conturbada, a mesma passava noites em claro
com medo de ser morta pelo companheiro enquanto casada.
Ela no momento faz acompanhamento com psiquiatra, mas suspende o uso dos
medicamentos por vários dias e retoma por conta própria, muitas vezes ingerindo uma
grande dosagem. Não conseguiu dá sequência ao atendimento psicológico devido não
encontrar um profissional pelo plano de saúde que a fizesse sentir segura.
3- PROCEDIMENTO
A paciente é selecionada mediante uma seleção feita pela Clínica Escola e
encaminhada ao estagiário, às sessões são de 50min, uma vez por semana mediante
agendamento e confirmação com o paciente e estagiário. As supervisões são semanalmente
com sugestões de estudos e troca de experiências, sendo utilizada a Associação livre e
interpretação.
3.1- Frequência:
Data de início do atendimento: 05/10/2020
Data de encerramento do atendimento: 23/11/2020
Número de sessões realizadas: 08
Número de faltas: 0
Número de sessões desmarcadas: 0
Interpretação
“A interpretação define uma maneira de tratar um elemento singular do material,
tal como uma associação ou um lapso. Mas é uma construção que fazemos quando expomos
ao sujeito um fragmento de sua pré-história...” (Freud, 1937/1985, p. 273).
Segundo a concepção freudiana, a interpretação visa essa liberação do sentido latente que
estaria presente na fala do paciente durante a sessão analítica, explicitando o conflito
defensivo ligado ao desejo inconsciente. Este modelo é teorizado na Interpretação do
sonho (Freud, 1900/2004). Em seguida, o modelo é expandido para as diversas formações do
inconsciente (os atos falhos, os lapsos, os esquecimentos, os chistes, o cômico, etc.).
Enfim, as palavras do analista são elementos constituintes da situação analítica e
poderíamos considerar muitas vezes que a interpretação ideal só se fará quando os processos
inconscientes já tiverem perdido sua imperiosa necessidade. A interpretação seria então como
formulou Diatkine: “A conclusão desse trabalho a dois que é a perlaboração, muito mais do
que o veículo de uma verdade que acabaria por ser convincente” (Diatkine, 1994, p. 82).