HABILIDADES
O ponto de partida para que se possa efetuar o registro contábil de todo e qualquer fato está
nas contas contábeis.
Qual o significado de conta para a contabilidade?
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Ao longo do tempo, algumas teorias foram criadas para explicar a finalidade das contas
contábeis. Essa diversidade de teorias se justifica pelo fato de que a realidade empresarial (assim
como a cultura, a tecnologia e as concepções sobre o mundo e a sociedade) está em constante
evolução.
Dentre as Teorias das Contas, três serão destacadas:
Teoria Personalista;
Teoria Materialista; e
Teoria Patrimonialista.
Teoria Personalista
Essa teoria parte da perspectiva de que as contas contábeis estão associadas às pessoas.
Tanto as contas que representam direitos das organizações, como as que indicam obrigações são
chamadas de contas dos agentes correspondentes. Os bens são relacionados pelas contas dos
agentes consignatários e o patrimônio líquido ou suas variações, pelas contas dos proprietários.
(FERRARI, 2011).
1. O proprietário – pessoa que entregou ao administrador o capital e que por isso tem
direito sobre aquela parcela e suas variações. As contas do proprietário compreendem o
patrimônio líquido inicial e suas alterações, como receitas e despesas. Exemplos: capital,
reservas, provisões, lucros, ordenados, aluguéis, receitas diversas etc.
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2. Os agentes consignatários – pessoas encarregadas pelo administrador de guardar os
bens existentes (corpóreos) no patrimônio. Essas pessoas possuem responsabilidades
perante o administrador, pelos valores que lhes foram entregues. A cada espécie desses
bens, corresponde uma conta. Exemplos: caixa, móveis e utensílios, imóveis etc.
3. Os correspondentes – pessoas que mantêm relações jurídicas com o administrador.
Essas relações, que representam transações feitas com a empresa, podem ser de ativo,
quando representarem direitos, ou de passivo, quando representam obrigações.
Exemplos: Duplicatas a Receber, Clientes, Fornecedores, Duplicatas a Pagar etc.
Teoria Materialista
As contas são divididas em: contas diferenciais (ou contas de resultado) e contas integrais
(ou contas patrimoniais). As primeiras são as que provocam implicações na situação líquida do
patrimônio. As segundas, as que integram o patrimônio. (FERRARI, 2011).
A situação líquida patrimonial (SLP) pode ser entendida como a diferença numérica entre o
ativo (composto por bens e direitos) e o passivo (obrigações para com terceiros).
Podem ser encontradas três situações:
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Segundo Crepaldi (2013, p.68), as contas integrais, ao representarem bens, direitos e
obrigações, são subdivididas em dois grupos:
Teoria Patrimonialista
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O patrimônio é observado como um objeto que necessita de controle.
As três teorias apresentam nomenclaturas distintas, apesar de possuírem o mesmo intuito,
que é classificar as contas contábeis.
Resumidamente, tem-se:
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Atualmente, todas essas teorias são utilizadas na contabilidade brasileira e mundial?
São aquelas que representam os elementos patrimoniais de uma entidade (bens, direitos e
obrigações). Compõem o patrimônio organizacional em um dado momento, em certa data.
(RIBEIRO, 2013). Subdividem-se em:
ativas; e
passivas.
2.1 Ativos
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Os ativos representam benefícios futuros esperados. São direitos adquiridos pela empresa
em uma transação ocorrida no passado. Há uma relação direta entre o potencial do ativo em relação
ao direito adquirido. Esses ativos devem ser registrados nas contas e relatórios financeiros,
independe de terem sido obtidos por investimentos dos proprietários, dos credores ou de outro meio,
pois a existência dos ativos independe dos meios utilizados para a sua aquisição. (SPROUSE;
MOONITZ, 1962).
“Ativos são benefícios econômicos futuros prováveis, obtidos ou controlados por uma
entidade em consequência de transações ou eventos passados.” (HENDRIKSEN; VAN BREDA,
1999, p. 283).
A capacidade de geração de serviços futuros à entidade a qual detém sua propriedade (de
forma individual, adicionado a outros ativos ou a outros fatores de produção), mediante a
transformação em fluxos líquidos de entradas de caixa, é característica fundamental dos ativos.
(IUDÍCIBUS, 2010).
Encontra-se no CPC 00 R1 (2011, item 4.4) e na NBC TG Estrutura Conceitual (2011, p. 23)
a seguinte definição: “[...] ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos
passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade”.
Percebem-se claramente alguns pontos em comum na descrição dos conceitos sobre ativo,
que foram elaborados por autores distintos no decorrer do tempo:
Qual a estrutura dos ativos? Onde essa estrutura pode ser encontrada?
A legislação brasileira, à luz da teoria contábil, apresenta a estrutura das contas que
compõem os ativos, expressas no balanço patrimonial (LEI n. 6.404. 1976 e atualizações):
Note que a estrutura patrimonial dos ativos efetua separação dos elementos corpóreos dos
incorpóreos. Também especifica a ordem de liquidez que deve ser observada na classificação dos
ativos: ordem decrescente de liquidez.
2.2 Passivos
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há responsabilidade presente em liquidação futura pela transferência de bens ou uso de
ativos;
compromete a entidade a honrar sacrifício futuro;
o evento gerador ocorreu no passado; e
é mensurável monetariamente.
para que os passivos existam é necessário que a entidade tenha obrigações presentes
(oriundas de contratos, exigências estatuárias, práticas usuais do negócio, usos e costumes
ou boas relações comerciais);
obrigação presente e compromisso futuro são conceitos distintos (a decisão em adquirir ativos
não se caracteriza obrigação presente, mas no momento da entrega do produto ou ao se
firmar acordo irrevogável; compromisso futuro tem natureza irrevogável, havendo
consequências econômicas futuras e a necessidade de desembolso);
a liquidação de uma obrigação requer a utilização de recursos (dotados de benefícios
econômicos – ativos);
resultam de transações ou eventos passados (como no caso dos ativos); e
alguns elementos do passivo são mensurados por meio de estimativas (provisões).
Liquidação Pode ser realizada por: (a) pagamento em caixa; (b) transferências de outros
ativos (exceto caixa); (c) prestação de serviços; (d) substituição da obrigação por outra; (e)
conversão da obrigação em item do patrimônio líquido; (f) renúncia do credor; ou (g) perda de
direitos (por parte do credor).
Da mesma forma que ocorrem com as contas dos ativos, a estrutura dos passivos segue
regulamentação contábil e pode ser encontrada na Lei n. 6.404/1976 e atualizações:
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III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital,
ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em
tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de
2009)
[...]
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no
passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no
passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior,
observado o disposto no parágrafo único do art. 179 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
receitas; e
despesas.
3.1 Receitas
O CPC 30 R1 (2012, item 7) traz conceito bastante semelhante, definindo receita como “[...]
o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades
ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de
patrimônio líquido relacionados às contribuições dos proprietários”.
Nota-se que, quando a norma menciona o “ingresso bruto de benefícios econômicos”, deixa
explícita a não necessidade do recebimento imediato da receita.
As entradas de montantes monetários originados dos sócios ou acionistas não são
consideradas receitas (figuram no patrimônio líquido).
Receitas são benefícios econômicos ocorridos:
Os ganhos representam aumentos nos benefícios econômicos. Podem não ser gerados em
atividades usuais. Tem-se como exemplos: o resultado da venda de ativos não circulantes; a
reavaliação de títulos e valores mobiliários negociáveis; e os aumentos no valor contábil de ativos de
longo prazo. Devem ser apresentados separados na demonstração de resultado, pois são
informações úteis para tomadas de decisão econômica. Em geral são expressos de forma líquida às
suas respectivas despesas.
3.2 Despesas
Alguns gastos podem ser ativados, sendo necessária a certeza da geração de benefícios
(receitas) em períodos futuros. Não havendo essa certeza, os gastos devem ser registrados como
despesas do período.
As despesas acarretam diminuição do ativo ou aumento do passivo e a redução do
patrimônio líquido. Ocorrem em atividades normais da entidade ou podem ser imprevisíveis
(denominadas perdas).
O CPC 00 R1 (2011, item 4.25 b) define despesas como os “decréscimos nos benefícios
econômicos durante o período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos
ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam
relacionados com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais”.
As características das despesas (CPC 00 R1, 2011; NBC TG Estrutura Conceitual, 2011),
são as seguintes:
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abrangem tanto as despesas propriamente ditas (surgem no curso de atividades usuais da
entidade), como das perdas;
incluem: custos das vendas, salários, depreciações; e
geralmente provocam desembolso ou redução de ativos (como: caixa ou equivalente de caixa,
estoques e ativos não circulantes);
As perdas representam itens que podem, ou não, ter sua origem em atividades usuais. São
decréscimos nos benefícios econômicos, incluindo os decorrentes de sinistros de incêndios e
inundações e das vendas de ativos não circulantes. Também englobam as perdas não realizadas
(aumento da taxa de câmbio de empréstimos em moeda estrangeira). São apresentadas
distintamente na demonstração do resultado, sendo normalmente reportadas de forma líquida das
respectivas receitas.
Nota-se que, mesmo sendo as despesas e custos apresentados conceitualmente de forma
similar, tanto as práticas contábeis como as fiscais e tributárias exigem a sua distinção.
esteja associado a uma probabilidade de benefício econômico futuro que flua para a entidade
ou flua da entidade; e
tenha custo ou possa ter valor mensurado com confiabilidade.
Os principais métodos de mensuração comumente usados para atribuir valores aos diversos
ativos e passivos são: custo histórico, custo corrente, valor realizável e valor presente. Dependendo
de cada situação, um método distinto pode ser indicado.
Na sequência, serão apresentados os principais métodos de mensuração dos elementos
patrimoniais.
Custo histórico
Segundo este método, os ativos são mensurados “[...] pelos montantes pagos em caixa ou
equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos entregues para adquiri-los na data da
aquisição”, enquanto que os passivos, “[...] pelos montantes dos recursos recebidos em troca da
obrigação [...].” (CPC 00 R1, 2011, item 4.55).
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Em certas circunstâncias, como no imposto de renda, por exemplo, os passivos são
mensurados pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que se espera serem necessários
para a liquidação do passivo no curso normal das operações.
O valor justo é entendido como o valor monetário que seria recebido por ocasião da venda
de um elemento do ativo ou valor que seria pago pela transferência de um passivo em uma
determinada operação (não forçada) entre participantes do mercado na data de mensuração. (NBC
TG – 46, 2013).
A mensuração pelo valor justo é baseada em variáveis do mercado, e não de condições
específicas da entidade. Em geral há informações ou transações observáveis no mercado. Mesmo
não havendo essas informações ou transações observáveis, o valor justo busca estimar o preço da
venda de um ativo ou da transferência de um passivo entre participantes de um mercado na data da
mensuração dos elementos. Seria o preço de saída (mais vantajoso) na data da mensuração de um
ativo ou de um passivo, sob o ponto de vista do participante do mercado detentor desses elementos,
presumindo-se ações para o seu melhor interesse econômico. As premissas para precificar o ativo
ou o passivo, inclusive sobre riscos, e suas características (estado de conservação, localização,
restrições de venda ou uso) devem ser utilizadas.
Custo Corrente
Neste método, os ativos têm seus registros “[...] mantidos pelos montantes em caixa ou
equivalentes de caixa que teriam de ser pagos se esses mesmos ativos ou ativos equivalentes
fossem adquiridos na data do balanço.” (CPC 00 R1, 2011, item 4.55).
O reconhecimento dos passivos ocorrerá “[...] pelos montantes em caixa ou equivalentes de
caixa, não descontados, que se espera seriam necessários para liquidar a obrigação na data do
balanço.” (CPC 00 R1, 2011, item 4.55).
Basicamente, o custo corrente consiste na manutenção dos valores na data do balanço
patrimonial.
Valor Realizável
Valor Presente
Também conhecido como valor recuperável. Os ativos têm seus registros “[...] mantidos pelo
valor presente, descontado, dos fluxos futuros de entradas líquidas de caixa que se espera seja
gerado pelo item no curso normal das operações.” Os passivos, por sua vez, “[...] são mantidos pelo
valor presente, descontado, dos fluxos futuros de saídas líquidas de caixa que se espera serão
necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações.” (CPC 00 R1, 2011, item 4.55).
A NBC TG 01 (R1) (2013, item 6) define o valor recuperável de um ativo ou de uma unidade
geradora de caixa, como o maior valor (montante) entre o seu valor justo líquido de despesa de
venda e o seu valor em uso.
Uma unidade geradora de caixa é o menor grupo identificável de ativos que gera entrada
de caixa de forma independente a outros ativos. Uma máquina, por exemplo, pode ser definida como
uma unidade geradora de caixa de uma indústria. Para não se criarem volumes extremamente
numerosos, normalmente as empresas estabelecem suas unidades analisando os segmentos de
mercado.
Valor justo líquido de despesa de venda é obtido pela subtração das despesas estimadas
de venda, do montante obtido na transação de venda que fora efetuada entre partes conhecedoras e
interessadas.
Valor em uso consiste no valor presente de fluxos de caixa futuros esperados, ou seja, é o
valor atual atribuído a um ativo (ou a uma unidade geradora de caixa) com base montante a ser
requerido em perspectiva de sua venda futura.
Assim, o valor recuperável de um ativo é o maior montante, comparando-se o valor justo
líquido de despesa de venda e o valor em uso.
As receitas devem ser mensuradas “[...] pelo valor justo da contraprestação recebida ou a
receber.” (CPC 30 R1, 2012, item 9). Lembre-se que o valor justo é o valor gerado por uma venda
realizada entre participantes do mercado que agem para seu melhor interesse econômico. (NBC TG
– 46, 2013). Nesse caso, devem ser deduzidos da receita total os descontos comerciais e as
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bonificações concedidas pela empresa vendedora ao seu comprador. O montante da receita é
geralmente determinado entre as partes (vendedor e comprador – ou usuário do ativo) por ocasião
de uma transação.
As contraprestações das receitas são geralmente feitas na forma de caixa ou equivalente de
caixa, sendo as receitas, nesses casos, os valores recebidos em caixa ou equivalentes de caixa.
Porém, em operações onde os ingressos de valores monetários ocorrerão no futuro, o valor justo da
contraprestação pode ser menor do que seu valor nominal. Isso ocorre quando uma empresa
vendedora concede ao seu comprador crédito isento de juros, ou recebe montante abaixo do que
estabelece a taxa de juros de crédito praticada pelo mercado.
Em casos de transações de financiamentos, “[...] o valor justo da contraprestação deve ser
determinado por meio do desconto de todos os futuros recebimentos previstos, tomando por base a
taxa de juros imputada.” (CPC 30 R1, 2012, item 11). Conforme determina o CPC 38 (2009), devem
ser reconhecidas como receitas de juros as diferenças apuradas entre os valores justos e os valores
nominais das contraprestações correspondentes.
A melhor medição das despesas ocorre no exato momento em que os bens ou serviços são
utilizados ou consumidos pela entidade.
Reconhecimento de Ativos
Para que um ativo possa ser reconhecido no balanço patrimonial, inicialmente deve
proporcionar provável benefício econômico futuro. Benefício esse que fluirá para a entidade.
Também é condição essencial que seu custo ou valor monetário possa ser mensurado com
confiabilidade.
Todo ativo em que os gastos relacionados a ele não proporcionarem uma expectativa futura
de prováveis benefícios econômicos para a empresa, além do período contábil corrente, não deve
ser reconhecido no balanço patrimonial. Nesse caso, os valores mensurados devem ser
reconhecidos como despesa na demonstração do resultado.
Para que os ativos possam ser reconhecidos no balanço patrimonial, necessitam:
Reconhecimento de Passivos
Obrigações originadas de contratos que até o momento não foram integralmente cumpridos,
habitualmente não são reconhecidas como passivos. Pedidos de compras de produtos e
mercadorias ainda não recebidos são exemplos típicos de contratos ainda não totalmente realizados
e que não devem ser reconhecidos no balanço patrimonial.
Em certos casos, essas obrigações podem ser enquadradas na definição de passivos,
atendendo aos critérios de reconhecimento e qualificando-se para isso. Porém, há a necessidade de
que ativos ou despesas correspondentes também sejam reconhecidas.
Reconhecimento de Receitas
Reconhecimento de Despesas
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resultar em diminuição dos benefícios econômicos futuros;
relacionar-se com um decréscimo de ativos ou com um aumento de passivos; e
ser mensurada com confiabilidade.
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