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123: - O fator comum de tais movimentos: o autor ressalta que é o ódio dos homens ordinários
contra a sociedade que os solapava entre aquilo que ele nomeia de “grande empresa” e os crescentes
movimentos trabalhistas, da mesma maneira que tal coletividade os tirou da posição respeitável que
tinham dentro da ordem social, posição que seria devida a eles, ou do status social dentro de uma
sociedade dinâmica na qual podiam aspirar. Neste sentido, tais sentimentos ou emoções foram
expressos no anti-semitismo, o qual começa a criar movimentos políticos particulares com base na
ojeriza aos judeus na ultima metade do XIX em inúmeros países. Os judeus poderiam servir como
ícones do odiado capitalista/financista, do revolucionário, da influencia negativa dos “intelectuais sem
raizes”, dos novos meios de comunicação, da concorrência, essa ultima que lhes proporcionava uma
grande soma de empregos que demandavam instrução, do estrangeiro, além da fama de terem matado
Jesus Cristo entre os cristãos antiquados.
- O anti-semitismo na Europa: O autor explica que o ódio os judeus era algo difundido no ocidente,
enquanto que a posição dos hebreus era dúbia, mas quando alguns grupos atacavam judeus ou
manifestavam posições anti-semitas (a classe operária e os intelectuais de Bloomsbury são exemplos
do autor), isso não quer dizer que eram radicais de direita, ao passo que o ódio aos judeus do
campesinato da Europa oriental, mais permanente e explosivo, ficara ainda mais assim no momento
em que as coletividades rurais eslavas, magiares e romenas sofreram com as grandes mudanças
incompreensíveis do mundo moderno, e tais grupos soturnos ainda acreditavam em narrativas de
judeus sacrificadores de criancinhas, e os momentos de caos social originaram os denominados
pogroms (violentos ataques físicos da coletividade contra os hebreus), estimulados pelos
conservadores czarianos, especialmente depois da morte do tsar Alexandre II em 1881 causada por
revolucionários sociais. Em seguida, o autor explica que a repulsa aos judeus de base deu forma aos
movimentos fascistas orientais europeus que tiveram base popular ou de massa, tais como a Guarda de
Ferro romena e a Cruz em Seta húngara, na medida em que nos antigos locais dominados pelos
Romanov e Habsburgo tal elo foi mais nitido ou explicito do que na Alemanha Nazista, cuja ojeriza
rural e local, mesmo forte e antiga, poderia ser vista como tolerante.
Com isso, o autor ressalta a surpresa dos judeus fugidos de Viena, que acabara de ser ocupada em
1938, ao verem a falta de anti-semitismo nas ruas de Berlim, na qual a agressão vinha por meio de
decretos do governo, como em novembro daquele mesmo ano. Porém, o autor salienta que não se pode
comparar o barbarismo casual e descontinuo dos pogroms e o que haveria se de ser feitos contra os
hebreus alguns anos mais tarde, bem como os mortos em 1881 e os quarenta ou cinqüenta do ataque
de Kishinev em 1903 chocaram o mundo, em virtude do barbarismo que matava pessoas num mundo
que aguardava o progresso da civilização, enquanto aqueles pogroms maiores que ocorreram junto dos
levantes camponeses na Revolução de 1905 tiveram um numero de mortes moderado,
aproximadamente 800 óbitos, em comparação com os 3800 judeus assassinados em 1941, em Vilna,
pelos lituanos durante a invasão nazista na URSS.
P.124: Os movimentos da direita radical: tais grupos que apelavam para essas tradições antigas de
intolerância, e as mudavam, angariavam camadas inferiores e médias da sociedade européia, bem
como eram usados como discursos e pensamentos por intelectuais nacionalistas que apareceram como
uma moda durante a década de 1890, além disso, o engajamento da classe média e da baixa classe
média se inclinou para a direita radical em lugares nos quais os ideários do liberalismo e da
democracia não eram preponderantes, ou em entre grupos que não tinham muita identificação com
essas ideologias, ou seja, eram países que não haviam feito uma Revolução Francesa ou algo parecido,
da mesma forma que nos países mais importantes do liberalismo ocidental, como a Inglaterra, França e
EUA, a preponderância da tradição revolucionária coibiu quaisquer manifestações de movimentos
fascistas de massa.

Velhos ideais que se ligavam às novas propagandas políticas: Eric H. explica que a situação anterior
não queria dizer que, quando a força dos lemas revolucionários franceses (Liberdade, Igualdade e
Fraternidade) não fosse mais um estorvo, os velhos instintos não pudessem se aliar com as novas
propagandas políticas, então usa o exemplo inquestionável dos recrutados ao nazismo nos Alpes
Suíços, em sua maioria compostos dos profissionais liberais localizados, como os veterinários e
engenheiros topográficos, que eram um grupo de liberais locais, uma minoria ilustrada e autônoma
dentro de um meio dominado pelo clericalismo camponês. Igualmente, o autor cita o caso dos
trabalhadores tomados pelo racismo e pelo chauvinismo em virtude do desaparecimento dos
movimentos proletários e socialistas no fim do século XX, ao passo que desde os anos 1960, a
xenofobia e o racismo se manifestarem entre a classe trabalhadora braçal, porém, na época da gestação
do fascismo, tais comportamentos radicais não eram manifestados por trabalhadores.

P.125: O alicerce dos movimentos fascistas europeus: o autor coloca as classes médias e baixa classe
média enquanto a base desses movimentos durante todo o periodo da ascensão do fascismo, e usa
como respaldo as pesquisas de filiação e apoio dos movimentos radicais na Áustria durante o intervalo
entre as duas guerras mundiais: percebe que entre os nazistas eleitos em 1932, 56% deles continha
trabalhadores de escritório e funcionários públicos contra 14% de operários.
A ligação dos fascistas com os trabalhadores pobres: essa situação não impedia os fascistas de
mobilizarem apoio dos trabalhadores pobres, visto que os membros da Guarda de Ferro romena
vinham dos camponeses pobres, enquanto que os eleitores da Cruz em Seta húngara eram em sua
maioria operária, e com a derrota dos sociais-democratas austríacos em 1934, os operários vão aderir
ao Nazismo, especialmente nos estados austríacos. Porém, devido à dificuldade dos fascistas em atrair
para si verdadeiros elementos tradicionais da sociedade rural bem como sua fobia a partidos e ideários
comprometidos com as classes trabalhadoras organizados, os seus eleitores principais estavam entre as
classes médias européias.
O apelo fascista dentro da classe média: traçar seu caminho do seu apelo original entre as camadas
médias é algo ainda não concluído, mas o autor coloca como o apelo entre a juventude de classe
média, especialmente entre os universitários da Europa continental, que ganharam notoriedade,
durante o intervalo entre as guerras, por seu ultra-direitismo ou extrema direita. Assim vemos que 13%
dos membros do movimento fascista italiano em 1921, um ano antes da Marcha Sobre Roma, eram de
estudantes, enquanto que na Alemanha, entre 5% a 10% de todos os estudantes eram membros do
Partido Nazista em 1930, ainda antes dos futuros nazistas esboçarem interesse em Adolf Hitler.

P.126: Continuando a questão anterior: O autor coloca que o apelo da direita radical seria mais forte
conforme fosse maior a ameaça, real ou oportunamente esperada, contra a posição de algum segmento
profissional da classe média (um burocrata), e conforme a estratégia de conservar seus status quo
entrava em declínio. Então vemos o caso da Alemanha, a qual fora atingida com o duplo golpe da
inflação no pós-guerra, que fez com que sua moeda fosse reduzida a zero, e ainda sofreria com a
Grande Depressão, responsável por radicalizar os grupos da classe média, tais como os altos e médios
burocratas, com a sua posição social aparentemente segura e que numa realidade menos caótica, já se
dariam por satisfeitos em se manter como patriotas a moda antiga, e mesmo nostálgicos quanto ao rei
Guilherme, iriam cumprir com seus deveres na República chefiada por Hindenburg, se a mesma não
estivesse ruindo diante de seus olhos. O autor então ressalta que durante os anos 1960, quando grande
parte da coletividade alemã percebera que aqueles anos eram os melhores de sua história, 42% dos
alemães com mais de 70 anos viam a Alemanha pré Primeira Guerra (uma monarquia) como superior
aos momentos atuais, enquanto que apenas 32% que tinham aderido ao Milagre econômico pelo qual
os alemães passavam. Com isso, vemos que os eleitores dos partidos de centro e de direita burgueses
aderiram aos montes ao Nazismo entre 1930 e 1932, contudo, não foram eles os arquitetos do
fascismo.
A ameaça ao regime liberal: o autor aponta que tais classes médias conservadoras eram potenciais
defensoras ou adeptas do fascismo, em virtude da maneira pela qual as linhas de combate político se
formaram nos anos entre guerras, assim, ele explica que a ameaça a sociedade burguesa liberal e seus
valores e princípios vinha da direita, enquanto que a ameaça a ordem social vinha da esquerda. Em
seguida, ele explica que os agentes históricos escolhiam sua politica de acordo seus medos, assim, ele
usa o caso dos conservadores convencionais, que em geral simpatizavam com os demagogos fascistas
assim como estavam dispostos a uma aliança com eles contra um inimigo comum, e então, o autor
conta que os fascistas italianos tinham uma presença relativamente favorável nos anos 1920 e nos
1930, menos entre a imprensa que ia de liberal até socialista. Também vemos que Hitler chegou ao
poder em 1933 por meio de uma coalizão da direita tradicional, sufocada pelo mesmo futuramente, da
mesma maneira que F. Franco inseriu o partido fascista pouco relevante Falange em sua frente
nacional em virtude desse general ser a união de todos os direitistas contra os “fantasmas” de 1789
(Revolução Francesa) e 1917 (socialismo bolchevique), que Franco não distinguia um do outro.
P.127: Continuando o raciocinio anterior: Franco não chegou a lutar ao lado de Hitler na Segunda
Guerra, mas enviou um grupo de voluntários, a Divisão Azul, para lutar com os alemães contra os
comunistas ateus russos, e o Marechal Philipe Pétain, líder da República de Vichy, não era fascista
tampouco simpático ao nazismo, e assim, o autor defende que uma das dificuldades de se diferenciar,
depois da guerra, os franceses fascistas convictos e colaboradores dos nazistas dos apoiadores do
regime de Vichy era a ausência de uma linha ou limite que separasse ambos os grupos. Com isso, ele
ressalta que as pessoas cujos pais tinham destilado ódio ao oficial Dreyfus no fim do século XIX, aos
judeus e a Terceira República Francesa viraram defensores fanáticos de uma Europa segundo os
moldes de Hitler sem se darem conta, e, então, salienta que a origem da aliança da direita no periodo
entre guerras passava pelos conservadores convencionais, os reacionários a moda antiga até chegar aos
extremos da “patologia fascista”, bem como explica que, da mesma forma que o dinamismo comunista
atraiu a esquerda desnorteada depois de 1933,

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