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C A P Í T U L O

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

5
GRAVITAÇÃO

5.1 INTRODUÇÃO

Por volta de 1666, Newton formulou e verificou numericamente a lei gravitacional que ele publicou
em seu livro Principia em 1687. Newton esperou quase 20 anos para publicar seus resultados
porque ele não podia justificar seu método de cálculo numérico no qual ele considerou a Terra e
a Lua como pontos de massa. Com a formulação matemática do cálculo (que Newton mais tarde
inventou), temos mais facilidade para provar hoje o problema que Newton encontrou com mais
dificuldade no século dezessete.
A Lei de Newton para gravitação universal declara que cada partı́cula puntual de massa atrai
todas outras partı́culas no universo com uma força que varia diretamente com o produto das massas
e inversamente com o quadrado da distância entre elas. Na forma matemática, escrevemos a lei
como
mM
F = −G 2 er (5.1)
r
onde a uma distância r da partı́cula de massa M uma segunda partı́cula de massa m experimenta
uma força atrativa (ver Figura 5-1). O vetor unitário er aponta de M para m, e o sinal de menos
garante que a força é atrativa—isto é, que m é atraı́da para M .
Uma verificação laboratorial da lei e uma determinação do valor de G foi feita em 1798 pelo
fı́sico inglês Henry Cavendish (1731-1810). O experimento de Cavendish, descrito em muitos textos
elementares de fı́sica, usou uma balança de torção com duas pequenas esferas fixas nas extermidades
de uma barra leve. As duas esferas foram atraı́das

FIGURA 5-1

por outras duas grandes esferas que podiam ser colocadas em qualquer dos lados das pequenas
esferas. O melhor valor para G que foi encontrado até hoje é 6, 6726 ± 0, 0008 × 10−11 N · m2 /kg2 .

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É interessante, embora G é talvez a mais antiga constante fundamental conhecida, conhecemos ela
com menos precisão que conhecemos outras constantes modernas fundamentais como e, c e ~.
Na forma da Equação 5.1, a lei rigorosamente aplica-se somente para partı́culas puntuais. Se
uma ou ambas partı́culas são substituı́das por um corpo com uma certa extensão, devemos fazer
uma hipótese adicional antes de calcularmos a força. Devemos assumir que o campo de forças
gravitacionais é um campo linear. Em outras palavras, assumimos que isso é possı́vel para calcular
a força gravitacional lı́quida sobre uma partı́cula devido as muitas outras partı́culas, simplesmente
tomando a soma vetorial de todas as forças individuais. Para um corpo consistindo de uma
distribuição contı́nua de matéria, a soma vem a ser a integral (Figura 5-2):
ρ(r0 )er 0
Z
F = −Gm dv (5.2)
V r2
onde ρ(r0 ) é a densidade de massa e dv 0 é o elemento de volume na posição definida pelo vetor r0
apartir da origem (arbitrária) até um ponto no interior da distribuição de massa.

FIGURA 5-2

Se ambos, o corpo de massa M e o corpo de massa m têm extensão finita, uma segunda
integração sobre o volume de massa irá ser necessário para calcular a força gravitacional total.
O vetor campo gravitacional g é o vetor representante da força por unidade de massa
exercida sobre uma partı́cula no campo de um corpo de massa M . Assim,
F M
g= = −G 2 er (5.3)
m r
ou
ρ(r0 )er 0
Z
g = −G dv (5.4)
V r2
Observe que a direção de er varia com r0 (na Figura 5-2).
A grandeza g tem dimensões de força por unidade de massa, também igual a aceleração.
De fato, próximo da superfı́cie da Terra, o valor de g é apenas uma grandeza que chamamos de
aceleração gravitacional constante. Medida com um pêndulo simples (ou com alguma variação
mais sofisticada) é suficiente para mostrar que |g| é aproximadamente 9, 80 m/s2 (ou 9, 80 N/kg)
na superfı́cie da Terra.

5.2 POTENCIAL GRAVITACIONAL

O vetor campo gravitacional g varia com 1/r2 e por isso satisfaz a condição ∗ que permite g ser
representado como o gradiente de uma função escalar. Portanto, podemos escrevê-la
g ≡ −∇Φ (5.5)
∗ Isto é, ∇ × g ≡ 0.

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5.2. POTENCIAL GRAVITACIONAL --- 49

onde Φ é chamado potencial gravitacional e tem dimensões de (força por unidade de massa) ×
(distância) ou energia por unidade de massa.
Como g tem somente uma variação radial, o potencial Φ pode ter no máximo uma variação
com r. Portanto, usando a Equação 5.3 para g, temos

dΦ M
∇Φ = e r = G 2 er
dr r
Integrando, obtemos
M
Φ = −G (5.6)
r
A possı́vel constante de integração foi suprimida, porque o potencial é indeterminado a menos
de uma constante aditiva; isto é, somente diferenças no potencial são significativas, e não valores
particulares. Normalmente, retiramos a ambigüidade do valor do potencial requerendo arbitrari-
armente que Φ → 0 como r → ∞; então, a Equação 5.6 nos dá corretamente o potencial para essa
condição.
O potencial devido a uma distribuição contı́nua de matéria é:

ρ(r0 ) 0
Z
Φ = −G dv (5.7)
V r

Da mesma forma, se a massa é distribuı́da somente sobre uma casca fina (isto é, uma distri-
buição superficial), então: Z
ρs 0
Φ = −G da (5.8)
S r

onde ρs é a densidade superficial de massa.


Finalmente, se existe uma fonte linear, com uma densidade linear de massa ρl , então
Z
ρl 0
Φ = −G ds (5.9)
Γ r

O significado fı́sico da função potencial gravitacional torna-se mais claro se considerarmos o


trabalho por unidade de massa dW 0 , o qual deve ser feito por um agente externo, em um campo
gravitacional para deslocar o corpo uma distância dr. Nesse caso, o trabalho é igual ao produto
escalar da força e do deslocamento. Então, para o trabalho feito sobre um corpo por unidade de
massa, temos

dW 0 = −g · dr = (∇Φ) · dr
X ∂Φ
= = dΦ (5.10)
i
∂xi

como Φ é uma função somente das coordenadas do ponto no qual é medido: Φ = Φ(x1 , x2 , x3 ) =
Φ(xi ). Portanto a quantidade de trabalho por unidade de massa que deve ser feita sobre um
corpo para move-lo de uma posição para outra em um campo gravitacional, é igual a diferença de
potencial entre os dois pontos.
Se a posição final está mais afastada da fonte de massa M do que a posição inicial, o trabalho
foi feito sobre a unidade de massa. As posições dos dois pontos são arbitrárias, e podemos fazer um
deles tender ao infinito. Se definirmos o potencial para ser zero no infinito, podemos interpretar
Φ em qualquer ponto para como sendo o trabalho por unidade de massa requerido para trazer o
corpo do infinito até tal ponto. A energia potencial é igual a massa do corpo multiplicada pelo
potencial Φ. Se U é a energia potencial, então

U = mΦ (5.11)

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50 --- 5 / GRAVITAÇÃO

e a força sobre um corpo é dada pelo negativo do gradiente da energia potencial de tal corpo,

F = −∇U (5.12)

a qual é justamente a expressão que havı́amos usado anteriormente (Equação 2.88).


Notamos que ambos, o potencial e a energia potencial, aumentam quando o trabalho é feito so-
bre o corpo. (O potencial de acordo com a nossa definição, é sempre negativo, e somente aproxima-
se do valor máximo, o qual é zero, se r tender para o infinito.)
Uma certa energia potencial existe sempre que um corpo é localizado em um campo gravi-
tacional de uma fonte de massa. Essa energia potencial reside no campo,∗ mas é usual, conforme
essas circunstâncias, falar da energia potencial “do corpo”. Continuaremos essa prática aqui. Po-
demos também considerar a própria fonte de massa como tendo uma energia potencial intrı́nseca.
Essa energia potencial é igual a energia gravitacional liberada quando o corpo foi formado ou, de
modo oposto, é igual a energia que deve ser fornecida (isto é, o trabalho que deve ser feito) para
dispersar a massa ao longo da esfera até o infinito. Por exemplo, quando um gás interestelar é
condensado para formar uma estrela, a energia gravitacional liberada vai em grande quantidade
para o aquecimento da estrela. Assim, a temperatura aumenta, a energia é irradiada da estrela,
como radiação eletromagnética. Em todos os problemas que tratamos, consideramos a estrutura
dos corpos inalterados durante o processo que estamos estudando. Então, não existe mudança na
energia potencial intrı́nseca, e essa pode ser desprezada em qualquer cálculo que estamos fazendo.

Os resultados do Exemplo 5.1 são muito importantes. A Equação 5.19 condiciona que o po-
tencial em qualquer ponto fora da distribuição esfericamente simétrica de matéria (casca ou sólida,
porque os sólidos são compostos por muitas cascas) é independente do tamanho da distribuição.
Portanto, para calcular o potencial externo (ou a força), consideramos toda a massa concentrada
no centro. A Equação 5.20 indica que o potencial é constante (e a força é zero) em qualquer ponto
do interior de uma casca de massa com simetria esférica. E, finalmente, nos pontos internos de
uma casca de massa, o potencial dado pela Equação 5.21 é consistente com ambos os resultados
anteriores.

∗ Ver, contudo, o comentário do final da Seção 9.5 considerando a energia em um campo.

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5.2. POTENCIAL GRAVITACIONAL --- 51

FIGURA 5-3

A magnitude do vetor campo g pode ser calculada de g = −dΦ/dR para cada uma das três
regiões. Os resultados são
g(R < b) = 0


!

3
4πρG b



g(b < R < a) = 2
− R
3 R 


GM 

g(R > a) = − 2 
R
Notamos que não somente o potencial mas também o campo vetorial (e portanto, a força ) são
contı́nuos. A derivada do vetor campo, porém, não é contı́nuo através da superfı́cie interna ou
externa da casca.
Todos esses resultados para o potencial e o vetor campo podem ser resumido como na Figura
5-4.

EQUAÇÃO DE POISSON

É útil comparar estas propriedades do campo gravitacional com alguns resultados familiares da
eletrostática que foram determinados na formulação das equações de Maxwell. Consideramos uma
superfı́cie arbitrária como na Figura 5-4 com uma massa m localizada internamente em algum
lugar. Similar ao fluxo elétrico, vamos achar o fluxo gravitacional Φm proveniente da massa m
através da superfı́cie arbitrária S. Z
Φm = n · g da (5.13)
S

onde a integral é sobre toda a superfı́cie S e o vetor unitário n é normal a superfı́cie a diferencial
de área da. Se substituirmos g da Equação 5.3 para o vetor campo gravitacional para uma massa
m, teremos um produto escalar n · g,
cos θ
n · g = −Gm
r2

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FIGURA 5-4

onde θ é o ângulo entre n e g. Substituindo este na Equação 5.13 obteremos


Z
cos θ
Φm = −Gm 2
da
S r

A integral é sobre um ângulo sólido da superfı́cie arbitrária e tem valor 4π radianos, dando o fluxo
de massa Z
Φm = n · g da = −4πGm (5.14)
S
Note que não existe matéria onde a massa está localizada dentro da superfı́cie S. Podemos ge-
neralizar este resultado para várias massas mi dentro da superfı́cie S somando sobre todas as
massas. Z X
n · g da = −4πG mi (5.15)
S i

Se mudarmos para uma distribuição continua de massa dentro da superfı́cie S, temos


Z Z
n · g da = −4πG ρ dv (5.16)
S V

onde a integral no lado direito é sobre o volume V encerrado por S, ρ é a densidade de massa, e
dv é a diferencial de volume. Usamos o teorema da divergência de Gauss para escrevermos este
resultado. O teorema da divergência de Gauss, Equação 1.130 onde da = n da, é
Z Z
n · g da = ∇ · g dv (5.17)
S V

ent Se igualarmos os lados direito das Equações 5.16 e 5.17, teremos


Z Z
(−4πG)ρ dv = ∇ · g dv
V V

e por causa da superfı́cie S, este volume V , é completamente arbitrário, as duas integrações devem
ser iguais.
∇ · g = −4πGρ (5.18)
Este resultado é semelhante a forma diferencial de Gauss para lei do campo elétrico, ∇ · E = ρ/,
onde ρ neste caso é a densidade da carga.
Inserindo g = −∇Φ na Equação 5.18 e obtemos ∇ · g = −∇ · ∇Φ = −∇2 Φ. A Equação 5.18
torna-se
∇2 Φ = 4πGρ (5.19)
a qual é conhecida como a equação de Poisson e é útil em certas aplicações de teoria de potencial.
Quando o lado direito da Equação 5.19 é zero, o resultado ∇2 Φ = 0 é uma equação chamada de

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5.3. LINHAS DE FORÇA E SUPERFÍCIE EQUIPOTENCIAL --- 53

equação de Laplace. A equação de poisson é útil no desenvolvimento das funções de Green, consi-
derando que nós muitas vezes encontramos a equação de Laplace quando usamos vários sistemas
de coordenadas.

5.3 LINHAS DE FORÇA E SUPERFÍCIE EQUIPOTENCIAL

Vamos considerar uma massa que num campo gravitacional que pode ser descrito pelo vetor campo
g. Vamos desenhar uma linha externa saindo da superfı́cie da massa tal, que a direção da linha
em cada ponto é mesma direção de g no ponto. Esta linha se estenderá da superfı́cie da massa até
o infinito. Tal linha chamada de linha de força.
Desenhando linhas similares para todo pequeno aumento de área da superfı́cie da massa,
podemos indicar a direção do campo de força em algum ponto arbitrário no espaço. As linhas
de força para um ponto de uma única massa são todas linhas retas prolongadas da massa até o
infinito. Definido desse modo, as linhas de força estão informando somente a direção do campo de
força num dado ponto. Podemos considerar, porém, que a densidade de tais linhas – que é, número
de linhas passando por unidade de área orientada perpendicular com as linhas – é proporcional a
magnitude da força pela área. As linhas de força desenhadas é desse modo adequado para visualizar
tanto a magnitude quanto a direção ( isto é, a propriedade do vetor) do campo.
A função potencial é definida para todo ponto no espaço ( exceto para posição do ponto de
massa). Logo, a equação

Φ = Φ(x1 , x2 , x3 ) = constante (5.20)

define uma superfı́cie no qual o potencial é constante. Tal superfı́cie é chamada uma superfı́cie
equipotencial. O vetor campo g é igual ao gradiente de Φ, assim g não pode ter componente
ao longo da superfı́ce eqüipotencial. Portanto, segue que cada linha de força deve ser normal para
cada superfı́cie eqüipotencial. Assim, o campo não realiza trabalha sobre um corpo movendo-se
ao longo da superfı́ce equipotencial. Como a função potencial é única em cada ponto calculado,
duas superfı́cies eqüipotenciais não podem se cruzar ou tocar-se. As superfı́cies de igual potencial
que circundam um único, isolado ponto de massa (ou qualquer massa esfericamente simétrica) são
todas esféricas. Considere dois pontos de massa M que são separados por uma certa distância. Se
r1 é a distância de uma massa até algum ponto no espaço e se r2 é a distância de outra massa até
o mesmo ponto, então
 
1 1
Φ = −GM + = constante (5.21)
r1 r2

define superfı́cies eqüipotenciais. Várias destas superfı́cies são mostradas na Figura 5-5 para este
sistema de duas partı́culas. Em três dimensões, as superfı́cies são geradas pela rotação deste
diagrama ao redor de uma linha conectando as duas massas.

5.4 QUAL É O CONCEITO ÚTIL DE POTENCIAL ?

O uso de potenciais para descrever o efeito de forças com “ação à distância” é uma técnica extre-
mamente importante e poderosa. Não devemos, entretanto, perder de vista o fato que a

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54 --- 5 / GRAVITAÇÃO

FIGURA 5-5

justificativa fundamental para usar um potencial é fornecer um meio conveniente para calcular
a força sobre um corpo (ou a energia para o corpo em um campo)– para isto é a força (e energia)
e não o potencial que é a quantidade fı́sica significativa. Assim, em alguns problemas pode ser
mais fácil de calcular diretamente a força, do que achar o potencial e então tomar o seu gradiente.
A vantagem de usar o método do potencial é que o potencial é uma grandeza escalar∗ . Não
necessitamos estar de acordo com as complicações adicionadas na seleção dos componentes de um
vetor até que a operação do gradiente seja realizada. Em cálculos diretos da força, os componentes
devem ser carregados durante todo o cálculo. Algum conhecimento, então, é necessário na escolha
de uma aproximação para se usar. Por exemplo, se um problema tem uma simetria particular
que, de considerações fı́sicas, nos permita descobrir que a força tem uma certa direção, então a
escolha de tal direção é uma das direções que reduzirá o cálculo do vetor para um cálculo de um
simples escalar. Em tal caso, o cálculo direto da força pode ser suficientemente simplificado que
será óbvio o uso do método potencial. Cada problema requer uma força que deve ser examinada
para descobrir o método mais simples para calculá-lo.

∗ Iremos ver no capı́tulo 7 outros exemplos de função escalar das quais podemos obter resultados vetoriais. É o

caso da Função Lagrangiana, a qual, para enfatizar a analogia, é algumas vezes (principalmente em tratamentos
mais antigos) chamada de potencial cinético.

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5.5. MARÉS OCEÂNICAS --- 55

5.5 MARÉS OCEÂNICAS

As marés oceânicas, há muito desperta o interesse dos humanos. Galileu tentou sem êxito explicar
as marés oceânicas, mas não podia explicar o tempo de aproximadamente duas marés altas por dia.
Newton finalmente deu uma explicação adequada. A maré é causada pela atração gravitacional do
oceano entre a lua e o sol, mas existem vários fatores complicadores.
O cálculo é complicado pelo fato que a superfı́cie da Terra não ser um sistema inercial.
A rotação da Terra e da Lua em torno de seus centros de massa (e ainda movem-se ao redor
do sol), assim devemos considerar que a água mais próxima da lua sendo “puxada” para fora
da terra, e a Terra como sendo puxada para fora da água, para os pontos mais afastados da
Lua. Entretanto, a Terra gira em trono de seu eixo enquanto a Lua gira em torno da Terra.
Vamos inicialmente considerar somente o efeito da Lua, acrescentando o efeito do sol mais tarde.
Assumiremos um modelo simples pelo qual a superfı́cie da Terra é completamente coberta por
água, e iremos adicionar o efeito de rotação da Terra num tempo apropriado. Iremos considerar o
sistema de referência inercial x0 y 0 z 0 como mostrado na Figura 5-6a. Consideraremos Mm como a
massa da Lua, r como o raio circular da Terra, e D a distância do centro da lua até o centro da
Terra. Consideramos o efeito da atração gravitacional da Lua e da Terra, numa pequena massa
m localizada na superfı́cie da Terra.Como mostrado na Figura 5-6a, o vetor posição da massa m
0
a partir da Lua é R, e do centro da Terra é r, e de outro sistema inercial rm . O vetor posição a
0
partir do sistema inercial até o centro da Terra é rE . Como é medido a partir do sistema inercial,
a força em m, devido a Terra e a Lua, é

GmME GmMm
mr̈ 0m = − 2
er − eR (5.22)
r R2

Similarmente, a força sobre o centro de massa da Terra causada pela Lua é

0 GME Mm
ME r̈E =− eD (5.23)
D2

FIGURA 5-6

Queremos encontrar a aceleração r̈ medida num sistema não inercial localizado no centro da

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Terra. Portanto, queremos


0 0
0 mr̈m
0 ME r̈E
r̈ = r̈m − r̈E −
=
m ME
GME GMm GMm
= − 2 er − eR + eD
r R2 D2
GME  eR eD 
= − 2 er − GMm − 2 (5.24)
r R2 D
A primeira parte é devido a Terra, e a segunda parte é a aceleração da força devido a maré, a
qual é responsável pela produção das marés oceânicas. Ela é devida a diferença entre aatração
gravitacional da lua no centro da Terra e a superfı́cie da terra.
Encontramos a seguir um efeito da força devido a maré em vários pontos da terra como
mostra a Figura 5-6b. Mostramos uma visão polar da Terra com o eixo polar ao longo do eixo-z.
A Força devido as marés FT sobre a massa m sobre Superfı́cie da Terra é
e eD 
R
FT = −GmMm − (5.25)
R2 D2
onde usamos apenas a segunda parte da Equação ??. Olhamos primeiro no ponto a, o ponto mais
afastado entre Terra e Lua. Ambos vetores unitários eR e eD apontam ao longo da mesma direção
externa da lua ao longo do eixo-x. Como R > D, o segundo termo da equação 5.25 predomina, e
a força devido às marés ao longo do eixo-x+ é mostrada na Figura 5-9b. Para o ponto b, R < D
e a força devido as marés tema a mesma magnitude do ponto a, mas está ao longo do eixo-x−. A
magnitude da força devido as marés ao longo do eixo-x, FT x , é
   
1 1 1 1
FT x = −GmMm − = −GmM m −
R2 D2 (D + r)2 D2
 
GmMm  1
=− − 1

D2
 r 2
1+
D
Expandimos o primeiro termo em parênteses usando a expansão (1 + x)−2 na Equação D.9.
  r 2 
GmMm r 2GmMm r
FT x = − 1 − 2 + 3 − · · · − 1 =+ (5.26)
D2 D D D3

onde devemos tomar cuidado com o termo mais elevado não-nulo da expansão, porque r/D = 0.02.
Para o ponto c, o vetor unitário eR (Figura 5-9b) não é completamente igual ao comprimento
eD , mas o componente do eixo-x aproximadamente cancela-se, porque R ' D e o componente-x de
eR e eD são similares. Então será um pequeno componente de eR ao longo do eixo-y. Aproximamos
o componente-y de eR por (r/D)j, e a força devido as marés no ponto c, chamada de FT y, é ao
longo do eixo-y e tem sua magnitude
 
1 r GmMm r
FT y = −GmMm =− (5.27)
D2 D D3

Observe que a força ao longo do eixo −y tende para o centro da Terra no ponto c. Achamos
similarmente no ponto D a mesma quantidade, mas o componente eR será ao longo do eixo −y,
assim a própria força, com o sinal da Equação 5.27, será ao longo do eixo +y na direção do centro
da Terra. Indicamos que as forças devido as marés nos pontos a, b, c and d da Figura 5-7a.
Determinamos a força num potno arbitrário e observando que os componentes x− e y− da
força devido as marés podem ser encontrdas por substituição de x e y para r em FT x e FT y,

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5.5. MARÉS OCEÂNICAS --- 57

respectivamente, na Equação 5.26 e 5.27.

2GmMm x
FT x =
D3
GmMm x
FT y = −
D3

FIGURA 5-7

Então num ponto arbitrário tal como em e, fazemos x = r cos θ e y = r sin θ, assim teremos

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58 --- 5 / GRAVITAÇÃO

2GmMm r cos
FT x = (5.28)
D3
GmMm r sin
FT y = − (5.29)
D3
Equações 5.28 e 5.29 concedem uma força devido as marés ao redor da Terra para todos os ângulos
θ. Note que eles possuem os resultados corretos dos pontos a, b, c, and d.
A Figura 5-7a mostra a representação da força devido as marés. Em seu modelo simples, as
forças se orientam ao longo da água no eixo-y fazendo maior sombra do que ao longo do eixo-x.
Mostramos um resultado exagerado na Figura 5-7b. A terra realiza uma revolução sobre um eixo
a cada 24 horas, observamos duas marés altas por dia.
Um cálculo rápido mostra que a atração gravitacional do sol é aproimadamente 175 vezes mais
forte do que a da lua sobre a superfı́cie da Terra, assim devemos esperar forças devido as marés
por influência do Sol. O cálculo da força devido as marés é similar ao realizado apenas devido a
lua. O resultado (Problema 5-18) da força devido as marés devido ao sol é 0.46 do da lua, um
efeito considerável. A despeito da forte atração devido ao sol, o gradiente da força gravitacional
sobre a superfı́cie da Terra é muito pequeno, porque existe uma distância muito grande até o sol.

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5.5. MARÉS OCEÂNICAS --- 59

As marés mais altas (chamadas marés elásticas) ocorre quando a Terra, Lua e Sol estão
alinhados (Lua nova e Lua cheia), e as marés mais baixas (chamado marés baixas) ocorre no
primeiro e terceiro quarto da Lua quando o sol e a lua possuem ângulos reto entre si, cancelando
parcialmente seus efeitos. A máxima maré, ocorre a cada 2 semanas, devendo ser 1.46h = 0.83 m
de maré alta.
Um observador que permaneça muito tempo perto do oceano relatará marés tı́picas das praias
são maiores do que as calculadas no Exemplo 5.4. Muitos outros efeitos jogam um papel importante.
A terra não esta completamente coberta por água, os continentes possuem um papel significativo,
especialmente bancos de areia (recifes) e estuários estreitos. Os efeitos locais podem ser dramáticos,
conduzindo a marés de vários metros. As marés no meio do ocenao, todavia, são similares ao que
foi calculado. Ressonâncias podem afetar a oscilação natural dos corpos de água e causa alterações
nas marés. A fricção das marés entre s água e a Terra levam a uma quantidade significativa de
energia perdida na Terra. A Terra não é rı́gida, e ela também distorcida pelas forças devido as
marés.
Em adição aos efeitos récem discutidos, lembre que a rotação da Terra, a Lua também orbita
ao redor da Terra. Isto leva a resultados que não são exatamente de duas marés por dia, porque
ocorrem uma vez a cada 12 h e 26 mim (Problema 5-19). O plano da órbita da Lua também não
é perpendicular ao eixo de rotação da Terra. Isto causa uma grande maré a cada dia levemente
maior que outro. A fricção das marés entre a terra e a água mencionada anteriormente resulta no
“arraste” do oceano terrestre como na rotação da Terra.

FIGURA 5-9

Isto é o motivo porque as marés altas não serem exatamente ao longo do eixo Terra-Lua, mas
separado alguns graus como mostra a Figura 5-9.

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