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ESPORTES COLETIVOS

VOLEIBOL

PROFESSORES

Me. Nayara Malheiros Caruzzo


Me. Suelen Vicente Vieira
Esp. Robson Florentino Xavier
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


CARUZZO, Nayara Malheiros; XAVIER, Robson Florentino;
VIEIRA, Suelen Vicente.
Esportes Coletivos: Voleibol. Nayara Malheiros Caruzzo; Robson Flo-
rentino Xavier; Suelen Vicente Vieira.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2016. Reimpressão - 2018
184 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Voleibol. 2. Fundamentos Técnicos. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0835-7
CDD - 22ª Ed. 701.1
CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência
de Produção de Contéudo Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila
de Almeida Toledo, Supervisão de projetos especiais Daniel F. Hey, Coordenador(a) de Contéudo
Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da
Silva, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Qualidade Textual Hellyery Agda, Revisão
Textual Alessandra Sardeto, Cintia Prezoto Ferreira, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Professora Mestre
Nayara Malheiros Caruzzo
Possui mestrado em Atividade Física e Saúde pela Universidade Estadual de Maringá-PR, especia-
lista em Treinamento Desportivo pelo Centro Universitário de Maringá (2011-2012) e Graduação
(Bacharel) em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (2007-2010). Atualmente
é membro do Grupo de Pesquisa Pró-esporte, docente do Departamento de Educação Física da
Fundação Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari (FAFIMAN) e docente no curso
de Educação Física da Faculdade Ingá.Tem experiência na área de Esporte e Desempenho humano,
atuando principalmente nos temas de desenvolvimento e aprendizagem motora, Psicologia aplicada
ao esporte, iniciação esportiva e treinamento de vôlei de praia.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse
seu currículo, disponível no endereço a seguir.
<http://lattes.cnpq.br/9293422406626348>.

Professora Mestre
Suelen Vicente Vieira
É mestre em Práticas Sociais em Educação Física pelo Programa de Pós-graduação Associado em
Educação Física UEM/UEL (2017), especialista em Metodologia do Ensino da Educação Física pela
Faculdade EFICAZ (2016). Possui graduação em Educação Física - Licenciatura (2013) e Bacharela-
do (2014) pela Universidade Estadual de Maringá. Atualmente é integrante do Grupo de Estudos
e Pesquisa em Motricidade Humana da Universidade Estadual de Londrina, professora da rede
municipal de ensino de Maringá e professora mediadora do curso de Licenciatura em Educação
Física (EAD- Unicesumar). Possui experiência na área de formação de professores, treinamento de
voleibol e educação física escolar.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse
seu currículo, disponível no endereço a seguir.
<http://lattes.cnpq.br/0695426170915616>.

Professor Especialista
Robson Florentino Xavier
Especialista em Psicologia do Esporte pelo Instituto Wanderley Luxemburgo (2006), graduado em
Educação Física Licenciatura Plena (2001-2004) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM),
foi Técnico da Seleção Paranaense de Vôlei de Praia 2005 a 2016, Técnico da Seleção Brasileira
Universitária 2014. Atualmente é Técnico da Seleção Brasileira de Vôlei de Praia Sub 21 (2017) e
Coordenador das equipes dos Jogos Olímpicos da Juventude (COB), em 2017.

6
apresentação

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL


Mestra Nayara Malheiros Caruzzo
Mestra Suelen Vicente Vieira
Especialista Robson Florentino Xavier

Olá, caro(a) aluno(a)! Nas últimas décadas, ficou evidente o desenvolvimento das
seleções masculina e feminina de voleibol, por meio dos títulos que elas trouxeram
para o Brasil e que foram instrumentos que popularizaram a modalidade. As con-
quistas das nossas seleções aumentaram, de forma significativa, a exposição dessa
atividade esportiva na mídia e ajudou a massificação da modalidade, bem como
no surgimento de ídolos, novas rivalidades e interesse comercial, proporcionando,
ao voleibol, espaço nos meios de comunicação.
À luz dos grandes ídolos, o voleibol passou a ser disputado em diferentes con-
textos, como no âmbito do lazer, da saúde e da competição, também passou a ser o
esporte motivo de orgulho e conquistas de suas seleções. Esses fatos contribuíram
para a consolidação do voleibol como o segundo esporte na preferência nacional.
Nesse processo de popularização, a Confederação Brasileira de Voleibol, em con-
junto com as Federações, foi determinante na difusão de algumas especificidades,
que apaixonam a todos que gostam do esporte.
Com todos os fatos citados e o momento incrível que o voleibol obteve na úl-
tima década, seu ensino na escola passou a ser tratado com mais responsabilidade
e tem recebido maior atenção. Vale a ressalva que essa modalidade tem grande
capacidade de aglutinação e características peculiares, e por isso, precisa que seja
ensinado com métodos claros e objetivos para que alcance o pleno desenvolvimento
da criança no período de ensino.
A partir de agora, você vai imergir em um livro que instrui de modo simples
e prático como ensinar o voleibol. Enquanto professores, vocês são desafiados a
transmitir os conhecimentos adquiridos de forma a contemplar todos os alunos.
Hoje, acreditamos que o voleibol tornou-se indispensável na Educação Física e
sua prática proporciona às crianças melhora na qualidade de vida e oportunidade
de adquirir destrezas motoras que podem ser meios de interação social e afetiva
entre os praticantes.
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
ASPECTOS PEDAGÓGICOS FUNDAMENTOS TÉCNICOS AVANÇADOS
14 Por que Estudar Voleibol? 126 Saque tipo tênis
18 Qual é a Idade Ideal para Aprender o Voleibol? 132 Bloqueio
24 Como ensinar voleibol? 138 Defesa em pé
34 Ordenamento de Ensino dos Fundamentos 142 Rolamento
36 Fases Pedagógicas: o Processo Progressivo- 146 Mergulho
-Associativo
UNIDADE V
UNIDADE II APRENDIZAGEM DO VOLEIBOL
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO VOLEIBOL
162 Minivoleibol
50 Histórico do Voleibol
170 Sistema de Jogo 6x0
54 Principais Regras do Voleibol
60 Capacidades motoras utilizadas no voleibol
64 Contribuições do Voleibol para o Desenvolvi-
mento da Infância e Adolescência 184 Conclusão Geral

UNIDADE III
FUNDAMENTOS TÉCNICOS BÁSICOS DO VOLEIBOL
78 Posição de expectativa e movimentação básica
86 Toque de bola por cima
96 Manchete
102 Saque por baixo
108 Cortada
ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Professora Me. Nayara Malheiros Caruzzo


Professor Esp. Robson Florentino Xavier

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Por que estudar voleibol?
• Qual é a idade ideal para aprender o voleibol?
• Como ensinar voleibol?
• Ordenamento de ensino dos fundamentos
• Fases pedagógicas: o Processo Progressivo-associativo

Objetivos de Aprendizagem
• Abordar o voleibol como instrumento pedagógico de
ensino dos esportes coletivos.
• Averiguar a fase ideal para aprendizagem do voleibol.
• Estudar os métodos de ensino do voleibol.
• Verificar um ordenamento para ensino dos fundamentos
do voleibol.
• Analisar as fases pedagógicas para o ensino do voleibol.
unidade

I
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), falaremos de uma modalidade que, atualmente, é mui-
to popular, apontada como a segunda modalidade mais praticada no
Brasil e sua prática é difundida em escolas, clubes, parques e ruas. Em
uma sociedade em que aproximadamente 45,9% dos sujeitos são consi-
derados sedentários (DIESPORTE, 2015, on-line)1, é essencial que nós, enquanto
professores de educação física, estimulemos a prática de atividade física adequa-
da - o esporte é uma ótima maneira de se fazer isso!
Nesta unidade, você terá o primeiro contato com a modalidade esportiva cole-
tiva que faz parte das diretrizes escolares e é um elemento muito importante para
os professores licenciados em Educação Física: o voleibol. É essencial para a prática
docente refletir sobre as ações adotadas em sala de aula, de modo que o ensino seja
baseado em evidências científicas e suas práxis devidamente justificadas.
Ao longo da unidade, iremos discutir sobre as dimensões em que o voleibol
está inserido, desmitificando a alta performance como instrumento inerente ao
esporte. Vamos embasar as razões pelas quais devemos dedicar estudos ao voleibol
e apontar em quais contextos essa modalidade será nosso instrumento de trabalho.
Além disso, ao final desta unidade, você será capaz de apontar qual é a melhor
idade para o início da prática do voleibol e como deve ser ensinado. Você já parou
para pensar como irá ensinar o voleibol? Será que podemos ensinar da mesma
forma que o handebol, já que os dois são jogados com as mãos? Definitiva-
mente, não! Cada modalidade tem suas especificidades e, por isso, os esportes
devem ser ensinados de forma peculiar. Temos uma ordem dos fundamentos
para serem apresentados, e isso você saberá no Tópico 4 desta unidade.
Por fim, vamos alicerçar o processo metodológico no processo progres-
sivo-associativo, de modo que você seja capaz de ensinar os fundamentos,
baseado em uma progressão que irá otimizar o aprendizado de seus alu-
nos. Desejamos que você tenha uma boa leitura e aproveite os conheci-
mentos adquiridos nesta unidade!
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Por que Estudar


Voleibol?

A
ntes de iniciarmos nossos estudos sobre des dos seus praticantes (GAYA, 2006). Desde 2003,
voleibol e aprendermos sobre suas carac- com a instituição do Ministério do Esporte (ME), o
terísticas e processos metodológicos de esporte começou a ser tratado de forma diferente,
ensino, devemos refletir sobre o porquê com incentivo aos programas, projetos e ações.
estudar essa modalidade. Inicialmente, o primeiro A partir de então, a organização interna do ME
pensamento que vem em nossas mentes se deve ao encontra-se dividida em secretarias que compreen-
fato de que ele é instrumento da Educação Física es- de o esporte em três dimensões: Esporte de alto ren-
colar. Porém, em quais outros campos de atuação o dimento, Educação e Lazer e Inclusão social (ME-
voleibol está inserido? ZZADRI et al., 2014). Ainda assim, adotaremos a
Nas diferentes manifestações do esporte, encon- proposta de Bojikian, J.; Bojikian, L. (2012), que alo-
tramos diversas intencionalidades e objetivos que ca o voleibol como instrumento da Educação Física
se diferenciam a partir das expectativas e necessida- nas áreas de: Saúde e Lazer; Educação e Competição.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

SAÚDE E LAZER
SAIBA MAIS

Quando visto sob esse aspecto, a prática esportiva


objetiva o bem-estar, buscando condicionamen- Você sabia que existe um jogo chamado Pu-
to físico que permite aos praticantes sentirem-se nhobol? Em que todas as jogadas são efetu-
adas com o punho fechado e as defesas são
mais aptos e dispostos para suas atividades cotidia-
realizadas com o antebraço? Muitas pessoas
nas (BOJIKIAN, J; BOJIKIAN, L., 2012). Ademais, acham que esse jogo é uma adaptação do vo-
o esporte relacionado à saúde busca qualidade de leibol, enquanto, na verdade, o punhobol tem
vida e atua com fins terapêuticos numa perspectiva seu jogo de forma organizada desde 1893, na
Alemanha. O voleibol, entretanto, surgiu em
preventiva e de reabilitação. Visa, assim, as diversas
1895, pelo americano William G. Morgan, em
possibilidades físicas, motoras e orgânicas dos in- Massachusetts, nos Estados Unidos. Dessa
divíduos, com significado relevante à promoção da forma, percebemos que o punhobol teve seu
saúde e à qualidade de vida (GAYA, 2006). início antes mesmo da criação do voleibol e
Além do aspecto relacionado à saúde, o espor- que esse pensamento está equivocado. Sendo
assim, o punhobol é considerado o precursor
te pode ser praticado como lazer, no qual é possí-
do voleibol e não o contrário.
vel minimizar o rigor e a cobrança sobre as regras No Brasil, a referência mais antiga que se
oficiais, oportunizando adaptações em busca de um tem do punhobol é de Maio de 1906, quando
volume maior de jogo (GAYA, 2006). Essas altera- o professor alemão Georg Black introduziu
o punhobol na Faculdade de Sogipa (RS).
ções podem ser em relação ao espaço, à altura da
Atualmente, o esporte está concentrado nas
rede, à bola, à dinâmica do jogo ou, ainda, quanto regiões de maior influência alemã, como Rio
à técnica, sempre com intuito de oportunizar maior Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e no
participação e aderência à prática. Rio de Janeiro, especificamente na cidade de
Nova Friburgo, contando com cerca de 100
O objetivo no aspecto saúde e lazer é oportuni-
equipes praticantes no país. No Paraná, as
zar alegria e prazer com a prática. Joga-se buscando cidades de Curitiba e Ponta Grossa mantém
autossuperação; de modo que a superação do ad- suas equipes em constante atividade. A Con-
versário fica em segundo plano. Pratica-se o esporte federação Brasileira de Desportos Terrestres
com perspectiva de autoconhecimento, pelo prazer é responsável pela representação da moda-
lidade no país.
de um corpo belo e saudável, privilegiando-se o
companheiro e a amizade. Portanto, prioriza-se a Fonte: adaptado de Confederação Brasileira de
Esportes Terrestres ([2017], on-line)2.
saúde e o bem-estar, em que utiliza-se como objeto
o lúdico (GAYA, 2006).

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ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

EDUCAÇÃO

O esporte escolar possibilita formar valores, atitudes Em relação ao aspecto cognitivo, Jean Pia-
e habilidades de conduta. O objetivo específico da li- get reconhece, em sua teoria, o importante papel
cenciatura em Educação Física é oportunizar a alfa- do movimento para o desenvolvimento cogni-
betização do corpo e a descoberta das possibilidades tivo, principalmente, durante os primeiros anos
de movimentos, transmitindo cultura esportiva a di- de vida. O domínio afetivo está direcionado aos
versas crianças e adolescentes para que esses cidadãos sentimentos e emoções dos indivíduos sobre si
sejam capazes de utilizar-se dessas práticas corporais mesmo e em relação aos outros, por meio do mo-
ao longo da vida (GAYA, 2006). Ressalta-se que esse vimento. Esses sentimentos podem ser quanto à
aspecto é o foco principal deste livro, que será dire- segurança nos movimentos (confiança do indi-
cionado ao esporte escolar, tendo em vista que futu- víduo na realização das tarefas); a competência
ramente vocês serão licenciados em Educação Física percebida (percepção do sujeito em seu potencial
e, assim, aptos a trabalhar no contexto escolar. de sucesso) e em relação ao autoconceito (consi-
Toda modalidade esportiva, quando bem tra- derada a avaliação do sujeito quanto ao seu valor)
balhada por profissionais competentes e capacita- (GALLAHUE et al., 2013).
dos, pode ser instrumento de educação de crianças No âmbito social, o esporte, como função
e jovens (BOJIKIAN, J; BOJIKIAN, L, 2012). Aqui, pedagógica que lhe cabe, ressalta a disciplina, o
evita-se a seletividade, a hipercompetitividade e tem respeito à hierarquia e às regras do jogo, além da
a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral solidariedade e espírito de equipe, inerentes ao
do indivíduo, com formação para cidadania (SAN- convívio coletivo, e são fatores que contribuem
TOS et al. 1997). Essa educação pode estar ligada para o desenvolvimento humano. O esporte, nes-
às diversas dimensões do comportamento humano, se aspecto, pode ser instrumento de resgate social
como o desenvolvimento físico-motor, cognitivo, e aliado na luta contra violência, por exemplo,
afetivo e social (GALLAHUE et al., 2013). como fez a Itália - quando organizou um progra-
No aspecto motor, o aprendiz desenvolve habi- ma de recuperação de jovens usuários de drogas,
lidades motoras especializadas, aumentando seu re- por meio do esporte - e os Estados Unidos - que
pertório de movimentos, bem como suas capacidades criou, em Nova Iorque, as ligas da meia-noite e
motoras, que serão base para o aprimoramento dos contribuiu para a diminuição do índice de crimi-
fundamentos específicos da modalidade (BOJIKIAN, nalidade na cidade (SANTOS et al., 1997; WHEE-
J; BOJIKIAN, L, 2012; SCHMIDT; WRISBERG, 2010). LOCK, HARTMANN, 2007).

16
EDUCAÇÃO FÍSICA

COMPETIÇÃO

O esporte de rendimento pode ser caracterizado


como profissional e não profissional, em que o pri-
meiro tem como principal característica remunera-
ção ou formas contratuais pertinentes. O não profis-
sional difere-se em esporte semiprofissional, expresso
pela existência de incentivos materiais que, no entan-
to, não têm vínculo empregatício remunerado; e o es-
porte amador, que não apresenta existência de remu-
neração ou incentivo material (SANTOS et al., 1997).
Sob esse aspecto do alto rendimento, o esporte
atinge sua expressão máxima da atividade física e
há uma busca pela excelência da execução técnica
e constante superação da performance, pelos profis-
sionais aqui inseridos (BOJIKIAN, J; BOJIKIAN, L,
2012). Esses profissionais buscam constante atuali-
zação profissional, visto que o mercado passa por
constantes inovações em busca de novos métodos
que visem o maior rendimento de seus atletas.
O objetivo no aspecto competitivo é buscar o máxi-
mo rendimento do indivíduo, o gesto milimetricamen-
te realizado, a definição e escolha da técnica adequada REFLITA
para obtenção do sucesso, bem como a tomada de deci-
são assertiva, aliada ao feedback, para, assim, culminar Você, com formação em licenciatura, atuará
em bom resultado. Prioriza-se a padronização, sincro- em quais áreas supracitadas? Pense em um
nização e maximização, por meio de exaustivas repe- possível campo de atuação, analisando a reali-
dade da sua cidade, para cada área apontada:
tições que buscam a perfeição e a superação de limites Saúde e Lazer; Educação e Competição. Como
(GAYA, 2006). É pressuposto o critério de qualidade e seriam as atividades referentes a cada uma
aceita-se a meritocracia em busca de uma vaga no time, dessas áreas?

na competição e, claro, no lugar mais alto no pódio.

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ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Qual é a Idade Ideal para


Aprender o Voleibol?

U
m dos grandes jargões da Educação Físi- Essa primeira fase do aprendizado, que ocorre
ca é que “a criança não é um adulto em dos 6 aos 10 anos (contemplada no Ensino Fun-
miniatura”. Ela apresenta características damental I da grade escolar, que compreende do
biológicas e psicológicas diferente dos 1º ao 5º ano), consiste em ampliar a base motora
adultos, e por isso, a experiência de prática para essa da criança, dando-lhe variadas possibilidades de
faixa etária não deve ser similar a dos adultos. Dessa movimento e desenvolvimento de suas capacida-
forma, tem sido proposto que a criança deve praticar des coordenativas. Para isso, recomenda-se que,
diversas modalidades esportivas e recreativas até os nessa fase, sejam trabalhadas as habilidades mo-
10 anos de idade. Dos 10 aos 13/14 anos é o mo- toras fundamentais, tais como correr, saltar, pu-
mento de escolha por uma modalidade específica, lar, arremessar etc., que servirão de base para os
porém, evita-se treinamentos unilaterais e especiali- esportes que futuramente a criança venha praticar
zação em determinada função tática (SILVA, 2012). (GALLAHUE et al., 2013).

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Para tanto, além da Educação Física escolar-se xual, basicamente, as diferenças biológicas entre
nessa fase os pais optarem por atividades em con- meninos e meninas são inexistentes. É a produção
traturno escolar - seria mais indicada uma escoli- hormonal (testosterona para os meninos e proges-
nha de esportes, do que uma escolinha específica terona e estradiol para as meninas) que promove as
de voleibol para essa faixa etária. Isso porque, em diferenças físicas e comportamentais, encontradas
média, as meninas deveriam entrar em contato es- nas fases posteriores. A partir desse momento, o
pecificamente com voleibol, no período de 11 a 13 adolescente poderia ser entendido como um adul-
anos e 12 a 14 anos para os meninos (BOJIKIAN, J; to, em termos biológicos e em relação às cargas de
BOJIKIAN, L., 2012). treinamento (SILVA, 2012).
Mas, porque essa idade? Porque, de acordo com Entretanto, a maturação não ocorre instanta-
o que veremos a seguir, é, em média, nessa idade que neamente, a partir dos primeiros sinais do avanço
ocorre a maturação sexual, considerada a principal qualitativo da composição bioquímica das células,
variável para determinação de quando os pratican- órgãos e sistemas (HAYWOOD; GETCHELL, 2010;
tes passarão a receber treinamento voltado à espe- SILVA, 2012). São necessários meses e anos para a
cialização, em detrimento dos treinamentos de base consolidação da maturidade óssea, alcance do po-
infantil (SILVA, 2012), que visam principalmente, a tencial máximo anabólico, por meio da testosterona
ampliação da base motora por meio da prática es- e amadurecimento das enzimas envolvidas nas ativi-
portiva global. dades anaeróbicas que, até a maturação, são pouco
pertinentes (SILVA, 2012).
ASPECTOS FÍSICOS E MATURACIONAIS
REFLITA
A criança é biologicamente distinta do adulto, até
a ocorrência da sua maturação sexual, basicamente
Sabendo disso, qual é a idade ideal para se-
porque não há produção de hormônios sexuais pelas pararmos meninos e meninas nas atividades
glândulas. O padrão psicológico também se difere, propostas nas aulas de Educação Física? Qual
de modo que a imposição de cargas de treinamento é o motivo para fazermos isso?

e competição nos moldes adultos para as crianças


serão infrutíferos e prejudiciais. Isso porque o or-
ganismo infantil não tem, ainda, maturidade para Até a idade maturacional, que compreende o perío-
adaptação às cargas de treinamento e isso pode gerar do do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, com idade
danos psicobiológicos futuros (SILVA, 2012). de 6 aos 10 anos, praticamente não existem diferenças
A maturação biológica é o marco da evolução relacionadas às capacidades motoras entre os sexos.
do organismo infantil para o organismo adulto, Porém, a partir do 6º ano, que corresponde, aproxima-
como citado anteriormente. Esta é determinada damente, dos 11 aos 12 anos, as meninas começam a
pela maturação sexual, em que as meninas passam passar pela menarca e, assim, atingem sua maturação
pela menarca e os meninos iniciam a produção de sexual. A partir dessa fase, diferenças quanto à força,
espermatozóides. Sendo assim, até a maturação se- resistência, capacidade cardiorrespiratória, entre ou-

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ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

tras, são observadas entre os sexos, motivo este que Para a avaliação da maturação sexual, existe o
justifica a separação da turma em grupos de meninas protocolo de teste de Tanner (1962), um meio pre-
e meninos para a realização de atividades que exigem ciso de avaliação, no entanto, não é usado frequen-
essas determinadas valências físicas (SILVA, 2012). temente por causa de fatores culturais e sociais e
Entretanto, duas crianças da mesma idade podem só pode ser realizada por um médico, em exame
diferir quanto ao status maturacional, de modo que clínico. A maturação sexual é determinada pelo
uma amadurece mais cedo do que a outra. Ou ainda, alcance variável de características sexuais primá-
duas crianças do mesmo tamanho, porém com dife- rias e secundárias (GALLAHUE; OZMUN; GOO-
rentes idades, podem estar em níveis semelhantes de DWAY, 2013). São considerados caracteres sexuais
maturação. Sendo assim, é difícil prever a maturação secundários, o aparecimento de mamas, pelos pu-
apenas pela idade cronológica ou pelo tamanho (al- bianos e axilares nas meninas, e nos meninos, o
tura) da criança. (HAYWOOD; GETCHELL, 2010). desenvolvimento dos genitais, além do surgimento
Dessa maneira, existem duas formas de distinção de pelos no rosto e engrossamento da voz (BOJI-
da maturação sexual: por meio dos pequenos ossos KIAN. J; BOJIKIAN. L, 2012).
que compõem a articulação do punho e pela avaliação Os primeiros anos de vida é o período de maior
da maturação sexual, que pode ser feita por meio de crescimento do indivíduo, sendo que até os 10 anos
dosagem hormonal ou pela avaliação do surgimento de idade, meninos e meninas apresentam curvas de
das características sexuais. O primeiro, pode ser ob- crescimento semelhantes (MARINHO et al., 2012).
servado por meio de radiografias do punho, que indi- A partir dessa fase, ocorre o estirão de crescimento
cam que a maturação já ocorreu quando os ossos estão nas meninas que, dois anos mais tarde, alcançam seu
totalmente calcificados. A dosagem hormonal avalia a pico de estirão para daí haver a desaceleração da ve-
concentração de hormônios no sangue, de modo que locidade de crescimento, até atingir sua altura máxi-
quanto mais próximo aos níveis dos adultos, maior é o ma aos 16 anos. Já os meninos tendem a ter seu esti-
indicativo de maturação sexual nos adolescentes (SIL- rão de crescimento por volta dos 12 anos, atingindo
VA, 2012; BOJIKIAN, J; BOJIKIAN, L, 2012). seu pico de velocidade de altura dos 13 anos e meio
Outra forma de indicação do status maturacional aos 14 anos, parando por volta dos 18 anos. (MARI-
é o surgimento de características sexuais secundárias NHO et al., 2012; HAYWOOD, GETCHELL, 2010)
durante o estirão de crescimento da adolescência. A velocidade de crescimento dos meninos é mais
As meninas, como entram no estirão de crescimen- rápida do que a das meninas (cerca de 9 cm por ano
to precocemente em relação aos meninos, também para meninos, comparado aos 8 cm por ano das me-
apresentam antes deles características sexuais secun- ninas), porém o grande responsável pela diferença
dárias, tais como aumento dos seios, dos pelos pu- de altura absoluta média entre homens e mulheres
bianos e aparecimento da menarca (primeiro ciclo é o período maior de crescimento que os meninos
menstrual). Em meninos, os testículos e os escrotos têm em relação às meninas, o que significa 10 a 13
aumentam e os pelos pubianos aparecem, porém eles cm de diferença (HAYWOOD, GETCHELL, 2010).
não têm nenhum marco referencial, como as meninas Em síntese, os homens passam dois anos a mais
têm a menarca (HAYWOOD; GETCHELL, 2010). crescendo, em relação às mulheres, porém, vale res-

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

saltar que essas idades são estimativas e elas podem As capacidades fisiológicas das crianças são fa-
variar entre os sujeitos. De qualquer forma, quanto tores característicos do processo de maturação e de-
mais tardiamente se atinge a maturação sexual, mais vem ser considerados no momento de preparação
tempo se passa crescendo (SILVA, 2012). de nossas aulas de Educação Física, como a capaci-
E como a maturação vai interferir nas nossas dade cardiorrespiratória, aeróbia, anaeróbia e força
aulas de Educação Física? Temos que considerar o da criança. O crescimento do coração é proporcio-
status de maturação como uma restrição estrutural nal ao tamanho em estatura, de modo que o débi-
que influencia no movimento. Os indivíduos mais to cardíaco do adolescente se desenvolva de modo
maduros são, provavelmente, mais fortes e mais similar ao de um adulto quando ocorre a cessação
coordenados do que os demais. Por isso, devemos do seu crescimento. Dessa forma, o menor débito
considerar a maturação do indivíduo no momen- cardíaco (e com isso, a elevação da frequência cardí-
to de planejarmos nossas aulas e estabelecermos as aca) faz com que a criança atinja seu pico de FC mais
metas de performance para os alunos (SCHMIDT; rapidamente e fadigue mais rápido em relação aos
WRISBERG, 2010). adultos, pois não tem capacidade de ofertar oxigênio
aos seus músculos ativos (SILVA, 2012).
A capacidade aeróbia, por causa da maturação
SAIBA MAIS
precoce das meninas, atinge sua maturação entre
os 12 e 15 anos, enquanto os meninos a fazem por
Metas de resultado x Metas de performance x volta dos 17 aos 21 anos de idade. Esta, é a única
Metas de processo
Segundo Schmidt e Wrisberg (2010) um pré- capacidade a qual as crianças e adolescentes estão
-requisito para uma aprendizagem satisfatória bem adaptados para atividades de longa duração,
é o entendimento das metas do aprendiz. porém, ainda devem ser evitados exercícios com
Algumas vezes os indivíduos estabelecem me-
tas de resultado, que enfatizam o resultado volumes elevados até a adolescência. Quanto aos
obtido por meio de comparação com terceiros exercícios que exigem capacidade anaeróbica, este
(ex: vencer um campeonato, perder para um é pouco proveitoso em crianças, visto que a capa-
amigo, ser o artilheiro da competição). Entre-
tanto, esse tipo de estabelecimento de meta cidade anaeróbia é determinada prioritariamen-
deveria ser pouco estimulada, pois pouco po- te pela atividade da enzima fosfofrutoquinase, a
demos controlá-las. Desse modo, sugerimos qual ainda não está bem desenvolvida nas crianças
que sejam estabelecidas as metas de perfor-
mance, que focam uma melhora em relação (SILVA, 2012).
ao próprio indivíduo (ex: antes acertava-se Assim como a capacidade anaeróbia, evidências
uma a cada cinco manchetes, hoje, acerta-se apontam que o treinamento de força não é capaz de
três a cada cinco) e as metas de processo, que
enfatizam a qualidade da produção do mo- promover o mesmo aumento da massa muscular nas
vimento (ex: estender o braço no momento crianças, quando comparado aos adultos. Isso per-
da manchete e flexionar as pernas na parte dura até que as alterações hormonais da puberda-
de preparação para o toque).
de ocorram (SILVA, 2012). Percebemos, assim, que
Fonte: adaptado de Schmidt e Wrisberg (2010). com as mudanças hormonais e estruturais que a pu-
berdade proporciona, ocorre uma série de mudan-

21
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

ças nas capacidades físicas, em que os meninos, ge- Nesse sentido, existe algum tipo físico ideal para
ralmente, apresentam ganhos em força, velocidade, o voleibol? Ao considerarmos o voleibol como ins-
resistência e potência, com perdas na flexibilidade e trumento da educação física na sua pluralidade de
equivalência no equilíbrio (MARINHO et al. 2012). dimensões (educacional, competitiva e recreacio-
Considerando o exposto até aqui, percebemos o nal) como já vimos, devemos especificar para qual
quão importante é o fator maturação, quando esti- dimensão estamos tratando. Ao falarmos do es-
vermos trabalhando com as crianças, certo? E, por porte, que é o foco deste livro, bem como o esporte
fim, mais um ponto, porém não menos importan- voltado à saúde e ao lazer, não teremos distinção de
te: é o estigma de que algumas determinadas mo- tipos físicos dos praticantes.
dalidades ajudam no crescimento da criança, como Entretanto, se o trabalho ocorrer em uma es-
é o caso da natação. Isso seria verdade ou mentira? colinha esportiva (em períodos contraturnos, em
Mentira! O fato é que as crianças iniciam a práti- atividades extras à educação física escolar) na-
ca da natação próximo de sua idade maturacional, turalmente, haverá uma seleção de sujeitos, com
em que está ocorrendo o estirão de crescimento, por tipos físicos mais adequados à modalidade. Bo-
volta dos 12 anos de idade para as meninas, 14 anos jikian, J; Bojikian, L, (2012) apontam que o tipo
para os meninos, conforme vimos anteriormente. longilíneo é o que tem melhor adaptação aos joga-
Então, a prática da modalidade coincide com dores de voleibol, pois o comprimento dos mem-
essa fase do pico de crescimento, o que fez, por bros prevalece sobre o do tronco. Por exemplo, em
muitos anos, os pais dos praticantes acreditarem saltos, uma maior alavanca (pernas) tem maior fa-
que seus filhos cresceram por influência da nata- cilidade em vencer uma menor resistência (tron-
ção. O mesmo acontece com a Ginástica artística, co); e em situações de ataque, uma boa enverga-
a qual muitos acreditam causar a interrupção do dura possibilita maior alcance. Vale ressaltar que o
crescimento. Mentira, mais uma vez! Nesse caso, o tipo longilíneo não é o mais alto, mas o que apre-
que acontece é que a modalidade seleciona sujeitos senta uma predominância do comprimento dos
com baixa estatura, por diversos motivos, mas, de membros em comparação ao tronco, podendo ser
forma alguma, interfere no crescimento da criança avaliado por meio da envergadura, que costuma
que a prática. ser maior que a estatura.

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 1 - Diferentes tipos físicos


Fonte: adapidado de Bojikian, J; Bojikian, L., (2012, p. 46).

23
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Como Ensinar voleibol?

N
este tópico será sugerido uma metodolo- pois esse método consegue elucidar clareza aos
gia para o ensino do voleibol. Não temos praticantes, trazendo bons resultados no processo
a pretensão de defender que essa é a me- ensino-aprendizagem.
lhor forma para o ensino da modalida- Veremos também que o caminho é aproveitar
de, pois reconhecemos que, hoje, há diversas meto- o nosso tempo, de modo que ninguém fique mui-
dologias referentes ao ensino dos esportes coletivos to tempo esperando para realizar a atividade. Sabe
e cada uma com sua grandiosidade. aquele modelo muito utilizado nas aulas de educa-
No entanto, entendemos que a realidade a qual ção física escolar, em sistema de colunas, em que
queremos aplicar o método aqui sugerido, baseado um realiza a atividade e os demais esperam sua vez,
em Bojikian, J. e Bojikian, L., (2012), tem a escola utilizando-se de duas ou três bolas? Pois então, este
como principal contexto alvo, a qual entendemos é o modelo que não queremos aplicar aqui. Por esse
por uma quantia elevada de alunos, professor úni- motivo, a metodologia que apresentaremos também
co e materiais em pouca quantidade, sendo este, poderá ser utilizada nas escolinhas de iniciação es-
às vezes, inadequado à sua prática. Ainda assim, portiva, em clubes e em turmas de treinamento es-
veremos que é possível realizar um bom trabalho, colar, nos períodos de contraturno.

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

O objetivo de todo professor é tornar seu aluno ber etc.), constituída, então, por várias habilidades
habilidoso, certo? Mas o que isso realmente signifi- motoras específicas que proíbem, por exemplo, a
ca? Podemos ver o conceito de habilidade motora retenção da bola e exigem um trabalho coletivo de
em termos que distinguem executantes altamente interdependência entre as ações.
habilidosos, daqueles poucos habilidosos. Assim, Essa característica de não retenção da bola exi-
Guthrie (1952, p. 136, apud SCHIMIDT; WRIS- ge do praticante diferentes processos cognitivos de
BERG, 2010, p. 31) define proficiência da habilidade tomada de decisão e tempo de reação em relação
como “[...] capacidade de atingir algum resultado aos demais esportes coletivos presentes na diretriz
final com o máximo de certeza e um mínimo de dis- curricular, como futsal, basquete e handebol. O que
pêndio de energia ou de tempo de e energia”. diferencia sua forma de ensino.
Nesse sentido, sempre que nosso objetivo for É necessário termos em mente o principal obje-
ensinar uma determinada habilidade motora, pode- tivo ao ensinar os fundamentos do voleibol, que é o
mos avaliar o processo ensino-aprendizagem, me- de aplicá-los na dinâmica do jogo. Isso porque, nada
diante três aspectos: máxima certeza de alcance do vale a criança aprender a dar uma manchete para
objetivo que o nosso aluno adquire, mínimo gasto que sua aplicação seja a realização da habilidade na
energético para a execução do movimento e o mí- parede ou exclusivamente em exercícios estáticos e
nimo tempo de movimento. Para isso, no momento dois a dois. Essa manchete (fundamento) é instru-
de ensinar, devemos nos fazer as perguntas certas, mento do jogo de voleibol e não o fim (BOJIKIAN,
encorajando à aprendizagem baseada na situação/ J; BOJIKIAN, L., 2012). Schmidt e Wrisberg (2010)
contexto sob a qual você quer que seus aprendizes esclarecem isso quando abordam metas de processo
sejam capazes de executar as habilidades que estão e performance, conceituando habilidade-alvo (habi-
sendo aprendidas (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). lidades que um indivíduo deseja ser capaz de reali-
O professor precisa obter o máximo de informações zar), comportamento-alvo (ações que as pessoas de-
que puder sobre os três aspectos da performance: vem ser capazes de produzir, a fim de que executem
a pessoa (quem é ela? É uma criança, adolescente, com sucesso as habilidades-alvo em contextos-alvo)
adulto ou atleta?), a tarefa (irá receber, lançar ou ata- e contexto-alvo (contexto ambiental no qual as pes-
car?) e o ambiente (onde está a pessoa que executa soas desejam ser capazes de realizar uma atividade).
ou aprende a tarefa? Educação física escolar ou trei- Dessa forma, o processo metodológico utilizado
namento esportivo, por exemplo?). deve nos permitir ensinar, ao praticante, com clare-
Ao considerar esses três fatores (pessoa, tare- za, mecanismos para se alcançar a habilidade deseja-
fa e ambiente), devemos fazer, também, a reflexão da, por exemplo, a manchete, e que esta seja capaz de
sobre as especificidades da modalidade que esta- realizar no ambiente que se almeja, como em aulas
mos ensinando. Com a consciência que estaremos de educação física ou jogos escolares e interclubes,
trabalhando com habilidades construídas, bem atingindo um comportamento alvo, que seria o bom
diferente das habilidades motoras fundamentais, desempenho da manchete nessas situações. Sendo
consideradas naturais ao desenvolvimento das assim, aqui iremos propor o método defendido por
crianças (como lançar, correr, arremessar, rece- Bojikian, J e Bojikian, L., (2012).

25
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

O PROCESSO METODOLÓGICO

Para que haja uma real aprendizagem do volei- pelas crianças desde o ensino infantil). Entretanto,
bol, os procedimentos metodológicos aqui ado- a etapa de aplicação do fundamento à mecânica do
tados englobam domínios cognitivos, afetivos e voleibol, insere-se o fundamento ensinado no jogo, o
motores. Este será pautado na execução do gesto que possibilita o trabalho do aspecto tático em cada
técnico por meio de orientação mecânica, com o fase, sem precisar aprender todos os fundamentos,
intuito de obter maior precisão dos movimentos, para, então, partir para o jogo.
visto as especificidades dos gestos técnicos da mo-
dalidade. Para tanto, a atuação do professor tor- Apresentação da habilidade motora
na-se fundamental nesse processo (BOJIKIAN, J; Aqui, o principal objetivo é dar ciência da impor-
BOJIKIAN, L.,2012). tância do que se vai aprender, da ideia geral do mo-
Isso porque, como dito anteriormente, o volei- vimento e sua aplicabilidade na dinâmica do jogo,
bol tem como característica a não retenção da bola, para, então, motivar o aluno à aprendizagem. É o
que o diferencia dos demais esportes coletivos. Por primeiro contato da criança com o movimento e ele
isso, sugere-se que o praticante tenha automatizado pode ocorrer de várias formas. Essa fase é essencial
o movimento para, então, experimentá-lo no jogo para melhorarmos o nível de prontidão e motivação
e utilizar-se do fundamento nas diversas dinâmicas do aluno para prática e aprendizagem do novo fun-
deste. Somente após a automatização do movimento damento que está sendo apresentado.
é que o aluno torna-se capaz de focar seu pensamen- Vamos refletir sobre a aprendizagem de novas
to nas ações de jogo (SCHMIDT; WRISBERG, 2010; habilidades. Pense em um esporte que você nunca
MAGILL, 2011). praticou. Como seria você receber instruções sobre
Desse modo, sugere-se que o processo metodoló- posição de mãos, braços e pernas, toque na bola ou
gico, que será aplicado para o ensino de cada funda- empunhadura da raquete, se você ao menos sabe
mento separadamente, seja composto de cinco etapas: qual é o movimento final que deve executar? Pois
• Apresentação do fundamento. é nesta fase que esse problema será sanado. O pro-
• Sequência pedagógica. fessor deverá mostrar o fundamento que será ensi-
• Exercícios educativos e/ou formativos. nado, a técnica correta de execução e sua utilidade
• Automatização. dentro do jogo.
• Aplicação do fundamento à mecânica do vo- Para isso, o professor pode utilizar de demons-
leibol. tração própria, de algum aluno ou especialista do
esporte, além de fotos, vídeos, filmes, recortes de
Ressalta-se que esse enfoque aos aspectos técnicos jornais ou revistas. Com postura e entusiasmo do
deve-se ao fato de o voleibol ser uma modalidade professor, nesse momento ele revela seu talento di-
composta por habilidades motoras construídas, que dático e deve fazer seus alunos acreditarem que, com
não foram vistas até o momento (não são embasadas empenho e dedicação, eles chegarão à boa execução
por habilidades motoras fundamentais, vivenciadas do movimento.

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

O alcance do bom desempenho dos fundamentos Como afirmado anteriormente, as habilidades


ensinados será possível se seguirmos a progressivida- motoras específicas do voleibol são classificadas
de de complexidade e organização da tarefa (elemen- como não naturais à criança, exigem manipulação
tos simples para o complexo). Contudo, o que seria de objeto, ainda que este fique sem sua retenção.
simples na execução do toque no voleibol, por exem- Com o intuito de obter excelência da performance,
plo? Devemos levar em consideração que os funda- busca-se técnicas bem executadas. Com essa finali-
mentos do voleibol são habilidades que requerem dade, aqui, aprofunda-se nos detalhes de cada ha-
manipulação de objetos. E segundo Magill (2011) ha- bilidade motora, recorrendo-se à estratégia meto-
bilidades de manipulação de objetos são mais difíceis dológica que privilegia as “partes”. Stallings (1973),
de desempenhar do que habilidades que não envol- apud Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012, p. 54) jus-
vem essa manipulação, porque a pessoa precisa fazer tifica que “a cada estágio sucessivo da habilidade
duas ações simultaneamente. Além de manipular o motora, a nova habilidade é construída sobre as
objeto corretamente, deve adequar sua postura cor- aprendizagens anteriores”
poral e adaptar-se ao desequilíbrio criado pelo objeto. Sequência pedagógica é, portanto, um processo
Sendo assim, para esse processo de ensino, pode- metodológico em que o movimento é ensinado em
mos seguir as indicações da Taxonomia bidimensional partes que vão sendo associadas progressivamente
de Gentile (2000) apud Magill (2011), considerado um entre si (BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012). Públio
guia para definir procedimentos de ensino da atividade e Tani (1993) afirmam que a aquisição de habilida-
profissional e pedagógica. Este inicia a aprendizagem des de alta complexidade e baixa organização é favo-
com exercícios de estabilidade corporal sem manipu- recida pela aprendizagem por partes. Em seu estudo,
lação de objetos, em condições estáticas e sem variabi- detectaram que a prática por adição sobressaiu-se
lidade entre tentativas, chegando a exercícios com exi- em relação à prática pelo todo. Assim, a prática em
gência de transporte corporal, manipulação de objetos que se utiliza o método do todo e das partes, cha-
em movimento e com variabilidade entre as tentativas. mada de prática por adição, representa a sequência
Sendo assim, Bojikian, J. e Bojikian, L., (2012) pedagógica aqui direcionada.
sugerem que, após apresentar o fundamento ao pra- Funcionaria da seguinte forma: um movimen-
ticante, o professor deve estimular que seus alunos to que pudesse ser dividido em quatro partes (A,
realizem o movimento sem a bola, para que possam B, C e D) seria ensinado por meio da prática por
sentir a sinergia provocada para realização do mo- adição, como: A, A+B, A+B+C, A+B+C+D. Vamos
vimento como um todo e, assim, entender melhor o pensar no movimento do toque do voleibol, como
movimento que está sendo ensinado. podemos dividi-lo em quatro partes? Poderia ser
em: posicionamento de mãos, posicionamento
Sequência pedagógica de braços, movimento de pernas e movimento de
Essa fase do ensino é realizada com um número mí- tronco. O ensino do fundamento toque então seria:
nimo de repetição para que a criança compreenda o Posicionamento de mãos; posicionamento de mãos
processo de associação do movimento, por meio de + posicionamento de cotovelos, posicionamento de
estimulações sensoriais e cinestésicas. mãos + posicionamento de cotovelos + movimento

27
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

de pernas e, por fim, posicionamento de mãos + prática e tarefa adequada, dependemos da individu-
posicionamento de cotovelos+movimento de per- alidade biológica do indivíduo, que inclui diferentes
nas + movimento de tronco. capacidades e experiências motoras (GALLAHUE;
Desse modo, ensina-se o fragmento da habili- OZMUN; GOODWAY, 2013).
dade motora, que, depois de aprendido, será conec- Assim, temos que ter em mente que alguns
tado a outro elemento e assim sucessivamente até de nossos alunos aprenderão o movimento mais
que a execução esteja completa. É o encaminhar do rapidamente que outros e ficarão ávidos pela pró-
simples para o composto, sem que seja confundido xima etapa, o que exige muito cuidado do pro-
com o desenvolvimento do fácil para o difícil. Isso fessor, que não deve passar para a próxima etapa,
porque, o que hoje é de execução difícil, depois de sem que grande parte da turma tenha dominado
aprendido será fácil ao executante e estará incor- o movimento ensinado, e também não se delon-
porado ao seu acervo motor (BOJIKIAN, J; BOJI- gar demais, desestimulando os mais coordenados
KIAN, L., 2012). até essa fase.
Um modelo de comparação da sequência peda- Ressalta-se a importância do professor corrigir
gógica colocada pelos autores é ao de um “pedaço” a execução de todos os seus alunos enquanto exe-
de corrente, em que cada elo representa uma parte cutam os movimentos, visto que só pode haver pro-
do movimento que, ao ser ensinado, é adicionado gresso da sequência pedagógica quando houver o
à corrente. aprendizado das partes anteriormente ensinadas.
Concluída a sequência pedagógica e tendo o
grupo mais homogêneo quanto for possível, exe-
cutando movimentos próximo do desejado, porém
ainda não mecanizado, visto que este nem era o ob-
jetivo dessa fase, mas sim a execução global do mo-
1 2 3 4 5 vimento, podemos avançar . A não mecanização do
Figura 2 - Modelo de corrente representando a seguência pedagógica movimento é fundamental, tendo em vista que isso
Fonte: Bojikian, J. e Bojikian, L., (2012, p. 55). possibilitará a correção dos erros mais comuns, ob-
jetivo da próxima fase.
Devemos ensinar o elo 1, ao qual, após apren-
dido o movimento, será acrescentado o elo 2, em Exercícios educativos e/ou formativos
que, quando retido o movimento 1+2, acrescenta- É importante perceber que os exercícios educati-
-se o elo número 3 e assim por diante até formar o vos e os exercícios formativos têm funções dife-
movimento final. rentes e, em alguns momentos, um ou outro será
Sabemos da importância da oportunidade de necessário, ou ainda, ambos se farão indispensá-
prática (ambiente) adequada para a aprendizagem. veis à correção dos fundamentos. De qualquer
No entanto, somente ela não fará com que seus pra- forma, esta é a fase em que os erros de execução,
ticantes tenham sucesso na execução dos movimen- que comumente surgem após a sequência peda-
tos ensinados. Isso porque, além de oportunidade de gógica, serão corrigidos.

28
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os exercícios educativos visam a correção da Isso porque, existem momentos em que as ca-
parte do movimento que não está permitindo que pacidades motoras apresentadas estão em níveis in-
o gesto técnico seja realizado satisfatoriamen- suficientes para confluir com o aprendizado e, por
te. Objetivam resolver as imperfeições causadas isso, devem ser desenvolvidas dentro da demanda
por erros motores e técnicos (BOJIKIAN, J; BO- exigida pelo esporte em questão. Ao término de
JIKIAN, L., 2012). Assim, o professor identifica, cada sequência pedagógica (ressaltando que para
analiticamente, qual parte do movimento não está cada fundamento, o professor passará pelas cinco
sendo bem executada e foca na correção desse as- fases do processo pedagógico, para, depois, avançar
pecto individual. a um novo fundamento), o professor constatará que
Por exemplo, vamos imaginar uma situação: seus alunos, em média, terão de cinco a seis erros,
estamos ensinando o fundamento toque, e como que normalmente são apresentados.
citamos ao retratar a sequência pedagógica, divi- Como devem ser feitas, então, essas correções? A
dimos o movimento do toque em quatro partes e sugestão é que o professor divida os alunos que apre-
nosso aluno não está conseguindo que seu toque sentem os mesmos desvios motores em grupos, de
atinja a distância necessária. Nesse caso, vamos modo que possa aplicar os exercícios educativos e/ou
analisar qual parte do movimento não está satis- formativos em formato de circuito, em que cada esta-
fatório (posicionamento de mãos; posicionamen- ção esteja destinada à uma correção específica, na qual
to de braços; movimento de pernas e movimento o professor pode adotar que todos passem por todas, ou
de tronco - se formos utilizar as mesmas quatro ainda, que fiquem somente na estação de maior dificul-
partes citadas anteriormente). Tendo em vista o dade. O importante é que todos estejam se exercitando
problema citado (distância alcançada pela bola), ao mesmo tempo, tirando proveito máximo do tempo
podemos inferir que, provavelmente, nessa situa- de aula destinado à prática. Desse modo, promovemos
ção, o problema esteja no movimento de pernas, ganho de desempenho a todos os alunos, igualitaria-
ou falta de movimentação da perna de trás, que mente, independente do equívoco motor apresentado.
fará a alavanca para o movimento. Então, os exer- Em consequência disso, uma vez que os alunos
cícios corretivos que seriam passados estariam apresentem execução adequada ou próximo do ide-
destinados especificamente para correção da mo- al, avançaremos com o grupo para a próxima etapa.
vimentação das pernas.
Entretanto, muitas vezes, determinada impre- Automatização
cisão no gesto motor é tido pela inadequação da Para falarmos sobre automatização, primeiro vamos
formação física do indivíduo em relação à espe- refletir: quais movimentos fazemos no dia a dia,
cificidade das capacidades motoras necessárias à que já estão automatizados? Por exemplo, por que
boa execução da técnica. Portanto, os exercícios não precisamos pensar sobre o que estamos fazen-
formativos visam o desenvolvimento de determi- do quando bebemos um copo d’água ou quando es-
nada capacidade motora, visando favorecer a boa covamos os dentes? Basicamente, porque isso já foi
execução da habilidade motora (BOJIKIAN, J.; repetido por nós tantas vezes, que já está automati-
BOJIKIAN, L., 2012). zado em nosso acervo motor.

29
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Automatismo é um conceito importante para o xos, que criam situações muito novas, podem exigir
entendimento do desempenho da habilidade moto- novos movimentos que ainda não são o objetivo des-
ra e do dispêndio de atenção para a realização do se determinado momento, vindo a interferir negati-
movimento. O termo automatismo é frequente- vamente no aprendizado. Sendo assim, Bojikian, J. e
mente utilizado para indicar o desempenho de uma Bojikian, L., (2012) sugerem que os primeiros exercí-
habilidade sem que haja exigência da capacidade cios de automatização devem ser mais simples, com
de atenção (MAGILL, 2011). Uma vez retido o mo- execução estática e individual e aos poucos aumentar
vimento, este passa a ser natural ao indivíduo, que a complexidade dos exercícios e inserir deslocamen-
terá uma execução harmoniosa e funcional. O enca- tos e exercícios em duplas, trios e em grupos.
minhamento para a automatização é a repetição da Uma vez que o movimento esteja automatizado,
habilidade motora, desde que realizada em alto grau o professor tomará a decisão de passar para a próxi-
de proficiência (BOJIKIAN, J; BOJIKIAN, L., 2012). ma e última etapa do processo de aprendizado, que
Sendo assim, esta é a fase destinada ao automa- é o objetivo real do processo, em que o executante
tismo dos movimentos. E para que isso aconteça, aplicará o comportamento-alvo ao contexto-alvo.
muitas repetições são destinadas a essa etapa. Po-
rém, o ponto-chave aqui é entender que muitas re- Aplicação do fundamento à mecânica do voleibol
petições são sim essenciais à performance habilido- A aplicação do comportamento-alvo ao contexto-al-
sa, porém a repetitividade na prática não é eficiente vo não pode ocorrer de forma brusca, visto que, na
(SCHMIDT; WRISBERG, 2010). fase anterior, o praticante realizava os exercícios de
Isso significa que a forma como vamos estruturar forma estática e agora o fará em situações comple-
essa prática é de fundamental importância para a reten- xas e direcionadas à dinâmica do jogo de voleibol
ção ou não em longo prazo. Estudiosos da aprendiza- (BOJIKIAN, J; BOJIKIAN, L., 2012). Nesse sentido,
gem motora defendem que a prática, quando realizada o ex-técnico Pete Carril, da Universidade de Prince-
em blocos, produz desempenho eficiente somente du- ton, citado por Schmidt e Wrisberg (2010, p. 291),
rante a prática inicial, não criando uma aprendizagem fez o seguinte comentário sobre a relação entre a es-
duradoura (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). Basica- trutura de prática e o contexto-alvo (basquete):
mente, isso ocorre porque a habilidade que está sendo
aprendida é executada fora do seu contexto-alvo. [...] existe toda uma gama de exercícios de dri-
ble, mas a minha reclamação sobre alguns deles
Cabe então ao professor organizar sua prática por
é que eles não estão conectados à habilidade e
meio de exercícios aos quais serão executados o mais à situação reais no jogo. Nenhum exercício tem
próximo possível das condições esperadas. Porém, qualquer valor a menos que seja utilizado de al-
em um primeiro momento, exercícios muito comple- guma forma no jogo.

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

Isso porque devemos nos atentar que, a todo mo- Fase 1: exercícios em forma de jogo
mento, as habilidades requerem tomadas de deci- São exercícios que possuem mecânicas de movimen-
sões, de acordo com as situações apresentadas, de tos semelhantes às situações reais de jogo, porém têm
modo que a tática e a estratégia formam uma parte fácil realização e baixa organização e devem conter a
importante para a boa execução das habilidades mo- sequência normal da aplicação dos fundamentos em
toras (BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012). Schmidt uma partida. As ações típicas são sempre compostas
e Wrisberg (2010, p. 291) citam um fisiologista rus- por três momentos: recepção ou defesa, levantamen-
so, N. I. Bernstein (1967 p. 134) que comenta sobre to e ataque (envio da bola para o campo adversário).
o processo de aprendizagem: Esse tipo de exercício pode ser realizado em peque-
nos ou grandes grupos, com a delimitação de qua-
[...] a prática, quando empreendida apropria- dra que for mais adequada. O importante é que seja
damente, não consiste em repetir os meios de
constituído pelos três toques de cada equipe.
solução de um problema motor uma vez após a
outra, mas no processo de resolver esse proble- Devemos estar atento ao fato de que alguns
ma repetidas vezes. alunos apresentarão maior dificuldade em rela-
ção a outros e para garantir que todos tenham
Basicamente, os autores demonstram o porquê não participação igual nas atividades, sugere-se que a
recomenda-se organizar a prática de forma meca- composição de pequenos grupos, com dois ou três
nizada nesta fase. Isso foi passado na fase anterior alunos em cada time, seja mais adequado nessa
(automatização) e, agora, devemos perceber que o fase. Assim, evita-se exclusão dos menos habilido-
início dessa etapa de aplicação deve começar de for- sos e garante envolvimento e comprometimento
ma simples, de modo a permitir ao praticante con- de todos. Vale lembrar que nem sempre os menos
centrar sua atenção tanto na habilidade quanto em habilidosos, hoje, apresentarão os piores desem-
seu emprego durante a dinâmica do jogo, tornando- penho futuramente. Eles podem simplesmente es-
-os progressivamente mais complexos e executáveis. tar passando por fases diferentes de crescimento e
Sendo assim, Bojikian, J.; Bojikian, L., (2012) divi- maturação, por exemplo, como vimos nos tópicos
dem essa última etapa da aprendizagem em três partes, anteriores.
de modo a garantir que o aumento da complexidade Para essas atividades, de dois contra dois ou três
seja atingido. Cabe ressaltar que a aplicação do fun- contra três, vale a improvisação de redes com elás-
damento ao jogo só acontecerá com os fundamentos ticos, divisão da quadra com giz e fitas ou, ainda, a
aprendidos. Caso esteja ensinando o toque, essa fase utilização de linhas pré-existentes das quadras po-
só acontecerá com a realização deste; em caso de estar liesportivas. Isso permite que se ocupe, de muitas
na manchete, então os fundamentos utilizados aqui crianças ao mesmo tempo, premissa para as aulas de
serão o toque e a manchete, e assim sucessivamente. educação física escolar.

31
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Fase 2: jogo adaptado penho (falta de padronização do programa motor)


São exercícios realizados, na maioria das vezes, na e variabilidade funcional (manutenção de um bom
mesma dinâmica do jogo, com as ações típicas dos nível de desempenho em adaptação às diversas si-
três toques, porém em uma dinâmica artificialmente tuações de jogo, tendo um padrão de movimento já
criada pelo professor. Aqui, prioriza-se a repetição bem definido).
das ações de jogo, em situações próximas da real, Manoel e Connolly (1995) apontam que, ape-
podendo-se utilizar uma ou duas equipes. sar da variabilidade de desempenho deva ser redu-
Por exemplo: vamos enfatizar a ação de ataque zida, a variabilidade funcional deve ser mantida.
(com bloqueio, porque queremos simular a situa- Isto é, devemos ter a preocupação em estabilizar
ção real de jogo). Para isso, preciso de um passador, o comportamento, porém, preparar nossos prati-
um levantador e alguém para sacar ou lançar a bola cantes para as adaptações que deverão ser feitas
que originará o passe. Desse modo, o exercício se às novas situações de jogo que irão surgir. O que
constituirá por passe, levantamento e ataque com nos remete ao comentário do fisiologista Berns-
bloqueio. É uma situação real na dinâmica do jogo, tein, citado anteriormente, em que articula sobre
porém, criada pelo professor, a fim de que haja repe- as situações problemas que devem ser colocadas
tições das ações. aos alunos.
Desse modo, conforme haja progressão na eta-
Fase 3: jogo (jogo de iniciação) pa de aplicação (exercícios em forma de jogo, jogo
Essa fase permitirá que a criança jogue, é este seu adaptado e jogo de iniciação), a variabilidade de
objetivo desde a primeira fase. Aqui, os alunos desempenho vai sendo sanada e a variabilidade
deverão jogar com a mecânica normal do esporte funcional vai sendo contemplada, garantindo, as-
e usar a aplicação das regras básicas (as quais fo- sim, estabilização e desempenho consistente, de
rem possíveis). forma a assegurar bom desempenho nos contextos
As características próprias do voleibol, especial- reais de jogo, em que apresenta-se variabilidade e
mente a de não retenção da bola, reiteram a neces- complexidade.
sidade de apoio da metodologia aqui empregada, na Ao momento em que o aluno é capaz de aplicar
teoria da aprendizagem, que afirma que a automa- o gesto técnico com naturalidade nas diversas situ-
tização de um comportamento tem como caracte- ações de jogo, apresentando estabilização, podemos
rística baixa variabilidade (ADAMS, 1971; FITTS, iniciar a aprendizagem do próximo fundamento.
POSNER, 1967; LOGAN, 1992 apud BOJIKIAN, Ideia que presume existir uma ordem dos funda-
J.; BOJIKIAN, L., 2012). Essa variabilidade pode ser mentos a serem ensinados e que será o tema do pró-
explicada de duas formas: variabilidade de desem- ximo tópico.

32
EDUCAÇÃO FÍSICA

33
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Ordenamento de Ensino
dos Fundamentos

E
xistem diversos ordenamentos dos funda- Essa ordem garante que o processo seja aplicado
mentos, que são atualmente adotados pelos de acordo com as etapas metodológicas apresenta-
professores que trabalham com o voleibol. das anteriormente (apresentação da habilidade +
Por isso, nosso objetivo, neste tópico, não é sequência pedagógica + exercícios educativos e/ou
defender a melhor ordem de ensino dos fundamen- formativos + automatização + aplicação à mecânica
tos, e sim, sugerir e justificar o porquê de nossa es- do voleibol - somente do(s) fundamento(s) aprendi-
colha. Para isso, seguiremos a proposta adotada por do(s)). Imaginem que, ao invés do toque, iniciásse-
Bojikian, J. e Bojikian, L., (2012). mos o ensino pelo saque, justificando nossa escolha
É importante ressaltar que o professor pode utilizar pela ordem que os fundamentos aparecem no jogo.
a sequência de ensino que melhor lhe couber, entretan- Conseguiríamos, ao chegar na última fase de apli-
to, é essencial que sua metodologia e proposta didática cação do fundamento ao jogo, executar um jogo
sejam fundamentadas e pautadas em bases científicas. adaptado somente utilizando o saque? Seria muito
Sendo assim, a sequência sugerida para o ensino mais difícil, certo? Então, a sequência aqui sugerida
dos fundamentos é: garante a aplicação de cada fundamento e o compi-
• Posição básica e movimentação. lamento das mecânicas e movimentos semelhantes
• Toque de bola. entre os fundamentos.
• Manchete. Aconselhamos a posição básica ser ensinada pri-
• Saque por baixo. meiro, visto que ela será a mesma para execução dos
• Saque tipo tênis (comumente chamado saque demais fundamentos e todas as movimentações ca-
por cima). racterísticas empregadas durante o jogo do voleibol.
• Cortada. E aí, vocês podem estar se perguntando: “mas fare-
• Bloqueio. mos a aplicação ao jogo, somente utilizando a movi-
• Defesa. mentação básica?”. Sim, é possível aplicar a posição

34
EDUCAÇÃO FÍSICA

básica para movimentação em exercícios em forma mecânicas para que ocorra, primeiro, o ensino do
de jogo e jogos adaptados, porém ainda sem toque saque por baixo para, depois de dominado, ensinar
e manchete, utilizando apenas lançamentos de bola o saque por cima. Isso geraria uma perda de tempo
(em que o aluno deve segurar e lançar a bola). Isso desnecessária, a menos que justifique-se pela pouca
contribuirá para melhoria da percepção espacial e idade das crianças e, então, por ainda não apresen-
temporal em relação à bola e das capacidades pri- tarem determinadas capacidades motoras.
mordiais para boa execução do toque e manchete. O saque tipo tênis, além da sua função própria,
Sendo assim, antes de ensinarmos a criança a dar to- facilitará o aprendizado da cortada, pela proximida-
que e manchete, devemos ensiná-la a chegar na bola de dos movimentos. E, logicamente, somente após a
(assim ela aprenderá quando usar o toque e em qual cortada é que se faz necessária a existência do blo-
situações de distância da bola utilizar a manchete). queio, o que justifica ser o próximo fundamento a
Em seguida, a opção é pelo toque de bola por cima, ser ensinado.
pois além dele fazer uso da posição básica, previa- Por fim, os fundamentos de defesa, como mer-
mente ensinada, uma vez que o praticante o tenha do- gulhos em pé e rolamentos etc., virão por último,
minado, é o fundamento que lhe garantirá maior pre- visto sua complexidade em relação aos demais.
cisão na situação dos jogos de aplicação. Assim sendo, Eles devem ser ensinados apenas pelos professores
os jogos propostos na última etapa do processo farão atuantes em clubes e escolinhas esportivas, pois na
uso da posição básica + toque de bola por cima. escola não temos tempo hábil para isso, nem con-
Para dar prosseguimento, o próximo fundamen- dições físicas e materiais, pois precisaríamos de jo-
to é a manchete. Alguns consideram a manchete elheiras para os alunos, plintos ou caixotes para os
mais fácil, por ter contato com o antebraço, porém, cortadores realizarem o ataque para aplicabilidade
essa é uma região com informação sensorial inferior da defesa, além de boa condição de quadra e quan-
à ponta dos dedos e, por isso, oferece menor preci- tidade elevada de bolas.
são. Isso poderia dificultar os jogos de aplicação, po- Assim sendo, o professor pode programar seus con-
rém, como é o terceiro fundamento a ser ensinado, a teúdos, seguindo essa ordem, utilizando-se o processo
criança poderá fazer uso de: posição básica + toque pedagógico para cada fundamento a ser ensinado.
de bola por cima + manchete.
Com a manchete dominada, o saque poderá ser
utilizado, agora, com um sentido prático. Indica- REFLITA
mos que o saque por baixo seja utilizado em aulas
de Educação Física, a considerar sua facilidade em Nas aulas de Educação Física Escolar são des-
relação ao saque tipo tênis. E, então, que este último tinadas, em média, oito aulas por bimestre e
seja utilizado por professores que trabalham com em cada bimestre ensina-se um esporte dife-
rente (a considerar cada ano). Então, em oito
a modalidade em clubes e escolinhas esportivas. aulas, tendo em vista que se deve contem-
Isso porque os movimentos não se assemelham, de plar as cinco fases do processo metodológico,
modo que o saque por baixo não é uma adaptação quantos fundamentos o professor ensinará?

do saque por cima, não havendo, fundamentações

35
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Fases Pedagógicas:
O Processo Progressivo-Associativo

A
primeira fase de aprendizagem denomi- Ensino Fundamental II, ou seja, 6º ano. É possível,
namos fase de estimulação, que corres- se o conteúdo for bem estruturado e as aulas bem
ponde do 1º ao 5º ano do Ensino Funda- planejadas, que o professor passe pelos fundamen-
mental, atendendo crianças da primeira tos básicos, como posição básica, toque de bola por
e segunda infância (Ensino Fundamental l). Nessa cima e manchete, neste primeiro ano de contato com
primeira fase, o envolvimento das crianças nas ati- a modalidade, e assim sucessivamente, até contem-
vidades devem ter o caráter lúdico, participativo e plar todos os fundamentos, possibilitando destinar
alegre, a fim de oportunizar o desenvolvimento das o Ensino Médio para o ensino e aplicação do sistema
habilidades motoras fundamentais para o desenvol- tático, que veremos nos capítulos que seguem.
vimento dos jogos em geral, contribuindo para seu Nesse sentido, vimos, no Tópico 4 que, uma vez
entendimento tático dos jogos esportivos coletivos criado o processo metodológico para a aprendiza-
(GRECO; BENDA, 2007). gem do fundamento selecionado para ensino, será
Desse modo, ao encontro com o exposto nos desenvolvido desde a etapa da apresentação da ha-
tópicos anteriores, sugere-se que o voleibol seja ini- bilidade até a última, denominada aplicação. Cabe-
ciado com crianças que estão no primeiro ano do rá ao professor criar exercícios de aplicação apenas

36
EDUCAÇÃO FÍSICA

com o fundamento ensinado, no caso, posição de ex- Ao realizar esse processo de ensino do funda-
pectativa e movimentação. Assim, quando os alunos mento, no momento da fase de aplicação, deverá
estiverem realizando a contento esse fundamento, o ser feita uma associação ao fundamento anterior,
professor pode partir para o ensino do próximo, que iniciando, assim, o processo de combinação com
é o toque, de acordo com a ordenação do ensino dos os fundamentos previamente apreendidos. Nessa
fundamentos, visto no Tópico 3. lógica, o ensino do fundamento manchete deve
O processo de ensino e aprendizagem deverá ser trabalhado da mesma forma que o toque, para
conter a sequência previamente apresentada. Lem- que na fase de aplicação os dois fundamentos se-
bra da qual estamos nos referindo? Vimos a sequ- jam reunidos para criarmos um mecanismo de
ência representada pela figura de uma corrente, em associação, demonstrando que existe uma lógica e
que os elos simbolizam cada fase que é acrescentada, aplicabilidade aos fundamentos anteriores. Além
formando o processo de ensino. Para refrescar sua disso, haverá um trabalho dinâmico no processo
memória, caso não se lembre: de aprendizagem e não permitiremos que os fun-
1. Apresentação da habilidade. damentos anteriores sejam desaprendidos ou per-
2. Sequência pedagógica. cam a sua eficiência.
3. Exercícios corretivos e formativos. Dessa maneira, ao término desse processo de
4. Automatização. ensino, se for utilizado o ordenamento de ensino
5. Aplicação do fundamento à mecânica do proposto, ao chegarmos na fase de aplicação do sa-
voleibol. que por baixo, o aluno estará jogando voleibol.

37
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Didaticamente, essa sequência foi proposta de- Quadro 1 - Classificação dos grupos das habilidades
vido às características dos movimentos se asseme- motoras
lharem. Assim, o professor poderá racionalizar me- GRUPO I GRUPO II GRUPO III
lhor todo o processo de ensino e aprendizagem. Isso Posição básica Saque tipo tênis Defesa em pé
porque movimentos similares utilizam-se capacida- Movimentação Cortada Rolamentos
des motoras parecidas para sua boa execução - como Toque Bloqueio Mergulho
força de pernas, equilíbrio estático, dinâmico e recu- Manchete Recursos
perado e elasticidade de quadríceps - ao pensarmos, Saque por baixo
por exemplo, no ensino da posição básica, do toque Fonte: Bojikian, J.; Bojikian, L. (2012, p. 62).
e da manchete (BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012).
Por conseguinte, segundo os mesmos autores, Vale destacar que, em contextos em que há pro-
com os fundamentos organizados nessa sequência, ximidade dos movimentos que estão sendo apren-
possibilitamos maior utilização das capacidades mo- didos, ocorre transferência de aprendizagem, que é
toras em relação às demandas de tempo e repetição. um conceito importante da área da aprendizagem
Isso porque, há de se considerar que as capacidades motora. Segundo Magill (2011), a transferência de
físicas não são rapidamente desenvolvidas, como a aprendizagem é a influência da experiência ante-
aprendizagem de alguns fundamentos (ex: posição rior, no desempenho de uma nova habilidade ou
básica, que pode ser ensinada em duas sessões). As- em novo contexto, o que justifica, mais uma vez,
sim, como demanda mais tempo de prática para que a importância do agrupamento dos fundamentos
haja melhora em seus índices de atuação, ao agrupar que utilizam capacidades motoras parecidas no
fundamentos semelhantes, garantimos maior tempo processo de ensino.
de utilização e, consequente, o desenvolvimento das
mesmas capacidades físicas.
Posto isto, seguimos a divisão feita por Bojikian,
J. e Bojikian, L. (2012), que separa os fundamentos
em três grupos, cada um aponta as capacidades mo-
toras inerentes aos fundamentos que as compõem.

38
considerações finais

O
conceito de esporte, no Brasil, está pautado na evolução do fenômeno
sócio-cultural esportivo, instaurado em nossa sociedade. Isso porque,
o esporte é tido como direito de todos. Desse modo, as formas de
manifestação desse direito norteiam a prática desse esporte como o
Esporte-educação; Esporte-lazer, no qual consideramos, também, os aspectos de
saúde; e o Esporte-desempenho.
Vimos, nesta unidade, que o esporte-desempenho não representa a totalidade
do esporte, ainda que, por vezes, seja visto como o todo e não como uma das ver-
tentes que representa. É importante que o professor de Educação Física conheça
o esporte em sua forma totalitária, para que possa utilizá-lo como ferramenta de
trabalho na realidade em que estiver inserido.
Estudamos a melhor idade para aprendizagem do voleibol, considerando os
aspectos físicos e maturacionais da criança, fatores que a distinguem biologica-
mente de adultos. Logo, a indicação do status maturacional da criança vai nos
ajudar a guiar melhor nossas aulas, conforme a faixa etária, e atender às suas
necessidades.
Nesse sentido, para que ocorra de fato a aprendizagem da modalidade a qual
estamos ensinando, faz-se necessário adotar alguns procedimentos metodológi-
cos, de acordo com as especificidades desta. O voleibol, em especial, tem algu-
mas características que o diferem das outras modalidades pois é uma modalidade
modalidade com rede e não permitir a retenção da bola. Tais elementos são de
suma importância para a construção da aprendizagem do entendimento do jogo
e dos fundamentos técnicos.
Do mesmo modo, tão importante quanto às cinco etapas que foram suge-
ridas para o ensino da modalidade, é a ordem em que serão apresentados esses
fundamentos às crianças. Devemos manter a progressividade deles, do simples
para o complexo, para que a aprendizagem dessa modalidade ocorra de forma
natural à criança e que ela possa utilizar os fundamentos, conforme aprenda,
para jogar voleibol!

39
LEITURA
COMPLEMENTAR

Importância do Esporte
A importância do esporte na sociedade pode ser de- do um antídoto à violência (em Nova Iorque, as ligas da
monstrada de diversas formas, como, por exemplo, a meia-noite contribuíram para a diminuição do índice de
preocupação dos governos em tornar o esporte obriga- criminalidade).
tório onde quer que a sua ação se faça sentir, principal- No âmbito econômico, o esporte envolve muitos recur-
mente no ensino, desde a primeira infância até os cursos sos financeiros; movimenta uma grande indústria diver-
universitários; a dedicação, por parte da imprensa diária, sificada e especializada na produção de equipamentos
em todo o mundo, de grande parte de seu tempo e es- esportivos, uniformes, equipamentos protetores, calça-
paço ao noticiário esportivo; a acirrada disputa entre os dos, entre outros.
países para sediar eventos esportivos de alcance interna- Constitui meio de vida para milhares de pessoas em todo
cional; e o esforço de muitos países em disseminar novas o mundo, pois é uma atividade de grande geração de em-
modalidades esportivas. pregos que envolve desde médicos, professores, técni-
Alguns aspectos que ressaltam a importância do esporte cos, dirigentes, fisiologistas, nutricionistas, dirigentes até
são que ele permite a aproximação e confraternização pessoal de apoio que trabalha em rouparia, lavanderia e
dos povos, como é o caso dos Jogos Olímpicos; possibilita comércio de artigos esportivos, entre outros. Além disso,
a divulgação de uma melhor imagem externa dos países, estimula o setor de construção, aumenta o fluxo turístico
já que os eventos mais importantes são vistos por mi- e propicia o surgimento de novos produtos e serviços.
lhões de pessoas em todo o mundo (não se pode ques- A atividade por si mesma pode apresentar retorno eco-
tionar a contribuição do futebol brasileiro para a criação nômico, deixando de ser considerada despesa e passan-
de uma marca Brasil); pode ser utilizado como elemento do a ser considerada investimento. No mundo, diversas
de motivação da educação tradicional e possibilita maior empresas do mercado financeiro estão comprando a
interação das pessoas com o meio ambiente. propriedade de times profissionais.
No âmbito social, o esporte tem função pedagógica no O interesse das TVs pela transmissão de eventos esporti-
processo de formação do indivíduo, ressaltando a dis- vos e o surgimento da televisão com programação paga
ciplina, o respeito à hierarquia e às “regras do jogo”, a em particular têm dado uma dimensão ainda maior ao
solidariedade, o espírito de equipe e outros fatores do esporte, contribuindo para o aparecimento e crescimen-
desenvolvimento humano. Pode ser utilizado como ins- to de novas modalidades esportivas e o surgimento de
trumento de resgate social (a Itália, por exemplo, organi- novos formatos para esportes já tradicionais.
zou um programa para recuperar dependentes químicos
Fonte: adaptada de Santos (1997).
por meio do esporte) e, também, vem sendo considera-

40
atividades de estudo

1. Em relação às dimensões do esporte, especi- I. Em média, as meninas deveriam entrar em


ficamente da modalidade voleibol, assinale contato com o ensino dos fundamentos do
apenas a alternativa correta. voleibol no período entre 11 e 13 anos e os
a. O esporte relacionado à educação busca meninos dos 12 aos 14 anos.
qualidade de vida e fins terapêuticos com II. Sugere-se que as técnicas sejam apresenta-
perspectiva preventiva e de reabilitação. Visa, das por classes (A, B e C), em que A significa as
assim, as diversas possibilidades físicas, mo- condições de execuções simples; B resulta nas
toras e orgânicas dos indivíduos, com signifi- condições variáveis, porém previsíveis e ante-
cado relevante à promoção da saúde e qua- cipáveis; e C as quais são situações reais de
lidade de vida. jogo, com condições variáveis e imprevisíveis.
b. No esporte voltado à saúde e lazer, evita-se III. Na fase de aplicação, apenas a habilidade que
a seletividade, a hipercompetitividade e tem foi aprendida é que deve ser inserida no jogo,
a finalidade de alcançar o desenvolvimento isolando as aprendidas anteriormente.
integral do indivíduo, com formação para ci-
IV. Recomenda-se que o ensino do voleibol seja
dadania.
realizado utilizando a metodologia de práti-
c. O esporte de rendimento pode ser caracte- ca por adição. Exemplo: na aprendizagem de
rizado como profissional e não profissional. um movimento que pudesse ser dividido em
O primeiro tem como principal caracterís- quatro partes; A, B, C e D. Seria representada
tica a remuneração ou formas contratuais como: A, A+B, A+B+C, A+B+C+D.
pertinentes.
V. O tipo normolíneo é o biótipo mais adequado
d. Quando sob aspecto do lazer e da saúde, o ao voleibol e sua avaliação pode ser realizada
esporte atinge sua expressão máxima da ativi- por meio da medida da envergadura que, em
dade física e há busca pela excelência da exe- indivíduos normolíneos, se aproxima do valor
cução técnica e constante superação da per- da estatura.
formance pelos profissionais aqui inseridos.
a. Apenas I e II estão corretas.
e. Todas as alternativas estão incorretas.
b. Apenas II e IV estão corretas.

2. Considerando a metodologia do ensino do c. Apenas I está correta.


voleibol, sugerida por Bojikian, J. e Bojikian, L. d. Apenas I, II e IV estão corretas.
(2012), leia as assertivas a seguir e assinale a
e. Nenhuma das alternativas está correta.
alternativa correta.

41
atividades de estudo

3. Sobre o processo metodológico de ensino dos 4. O processo metodológico para o ensino dos
fundamentos do voleibol, relacione as seguin- fundamentos do voleibol é composto por cinco
tes colunas. etapas. Quais são elas? Explique suas respec-
( ) Uma vez retido, o movimen- tivas características.
(a) Apresentação
to passa a ser natural para o
da habilidade
indivíduo. 5. Sobre a última fase de aprendizagem, a Aplica-
( ) Deve-se estimular o aprendiz ção do fundamento à mecânica do jogo, assi-
(b) Sequência a tentar realizar a atividade mo- nale a alternativa incorreta.
pedagógica tora sem a bola, para vivenciar a
a. Exercícios em forma de jogo aprensentam si-
sinergia do movimento global.
tuações reais de jogo, porém com nível fácil de
(c) Exercícios ( ) Quando grande parte do gru-
realização e atividades de baixa organização.
educativos e po atingiu o movimento deseja-
formativos do, avançam no processo. b. O jogo adaptado consiste em exercícios com
( ) Objetiva resolver imperfeições dinâmica de jogo, porém em uma dinâmica ar-
(d) Automatização causadas por equívocos motores tificial criada pelo professor.
e técnicos.
c. O jogo de iniciação ainda não permite que a
( ) Transição não pode ser
(e) Aplicação brusca: imobilidade a situações criança jogue com a aplicação das regras bá-
complexas. sicas.
a. A, D, B, C, E. d. Nos exercícios em forma de jogo sugere-se a
b. B, D, E, A, C. composição de pequenos grupos para facilitar
e garantir a participação de todos nas ações.
c. D, A, B, C, E.
e. No jogo adaptado prioriza-se a repetição das
d. D, A, C, B, E. ações de jogo.
e. A, C, D, E, B.

42
EDUCAÇÃO FÍSICA

Iniciação Esportiva Universal: da aprendizagem mo-


tora ao treinamento técnico.
Pablo Juan Greco e Rodolfo Novellino Benda
Editora: Editora UFMG
Ano: 1998
Sinopse: a resistência à prática de esportes verificada entre
crianças e jovens decorre, em boa parte, da maneira como a iniciação esportiva vem sendo
desenvolvida nas escolas, clubes e, mesmo, escolinhas de esportes.
Este livro apresenta uma filosofia de atuação adequada à melhor compreensão da atividade
física, da Educação Física e da iniciação esportiva, a partir de pesquisas nas áreas da coordena-
ção e da aprendizagem motora, dos treinamentos técnico e tático.

Duelo de Titãs
Ano: 2000
Sinopse: as vitórias da equipe do técnico Herman Boone (Den-
zel Washington) foram importantes; mas, a mais marcante foi a
superação do racismo, dos preconceitos e do ódio racial. Pode
ser utilizado como material para redação, história, geografia, so-
ciologia e ética, pois desperta para as dimensões em que o esporte pode abranger.
Comentário: vimos, no Capítulo 1. sobre as dimensões do esporte, especificamente do vo-
leibol. Esse filme vai mostrar os contextos que o esporte está inserido e como ele pode ser
influente em diversos assuntos sociais.

Ao falarmos das dimensões do esporte apresentadas no Tópico I desta unidade, falamos


sobre o esporte no âmbito do lazer. Vimos que as regras podem ser adaptadas, quando
olhamos para o voleibol sob este aspecto, mas como podemos adaptar? Neste vídeo, temos
um exemplo do voleibol indicado para a iniciação esportiva, voltada ao lazer. Aproveitem e,
a partir dele, tenham novas ideias! Acesse o site disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=3hut3y-9JHQr>.

43
referências

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Compreendendo o Desenvolvimento Motor. 3. ed. CIMENTO, J. V.; OLIVEIRA, A. A. B. Legados do
São Paulo: Phorte editora, 2013. esporte brasileiro. Florianópolis: UDESC, 2014.
GAYA, A. A reinvenção dos corpos: por uma peda- PÚBLIO, N. S.; TANI, G. Aprendizagem de habilida-
gogia da complexidade. Sociologias. Porto Alegre, des motoras seriadas da ginástica olímpica. Revista
ano 8, n. 15, p. 250-272, jan/jun, 2006. Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 7, p. 58-68,
GRECO, P. J.; BENDA, R. N. Iniciação esportiva 1993.
universal: da aprendizagem motora ou treinamento SANTOS, A. M. M. M. et al. Esportes no Brasil: situ-
técnico. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. ação atual e propostas para desenvolvimento, 1997.
HAYWOOD, K. M; GETCHELL, N. Desenvolvi- SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. Aprendizagem e
mento Motor ao longo da vida. 3 ed. São Paulo: performance motora: uma abordagem da aprendi-
Artmed, 2010. zagem baseada no problema. Porto Alegre: Artmed,
MAGILL, A. R. Aprendizagem e controle motor. 2010.
Conceitos e aplicações. 8. ed. São Paulo: Phorte. SILVA, A. S. Treinamento físico para crianças e ado-
______. Aprendizagem motora: Conceitos e aplica- lescentes. In: SILVA, F. M.; ARAÚJO, R. F.; SOARES,
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2017.

44
gabarito

1. C.
2. D.
3. C.
4.
• Apresentação da habilidade: tem a finalidade de dar ciência da importân-
cia do movimento;
• sequência pedagógica: realizado com um número mínimo de repetições;
• exercícios educativos e formativos: não deve ocorrer a automatização até
esse momento. Existência de engramas fracos que podem ser corrigidos
nessa fase.
• automatização: processo de fixação que exige repetições.
• aplicação: recomenda-se começar com habilidades fechadas para progre-
dir para as abertas, aumentando a variabilidade dos exercícios propostos.
5. C.

45
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO
VOLEIBOL

Professora Me. Nayara Malheiros Caruzzo


Professora Me. Suelen Vicente Vieira
Professor Esp. Robson Florentino Xavier

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Histórico do voleibol
• Principais regras do voleibol
• Capacidades motoras utilizadas no voleibol
• O desenvolvimento físico na infância e na adolescência

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o histórico do voleibol.
• Conhecer as principais regras da modalidade.
• Estudar as capacidades motoras utilizadas no jogo do
voleibol.
• Estudar o desenvolvimento na infância e na adolescência.
unidade

II
INTRODUÇÃO

Olá aluno(a), seja bem-vindo à segunda unidade do nosso livro! Na


unidade, anterior percebemos que esse esporte é utilizado em diversos
âmbitos e com diferentes intencionalidades; além disso, conhecemos os
aspectos pedagógicos da modalidade.
Nesta unidade, veremos algumas caracterizações do Voleibol. Para
melhor entendimento da modalidade na perspectiva atual, faremos um
breve histórico sobre o voleibol e a inserção de suas práticas no Brasil.
Dentre as diferentes práticas corporais presentes na Educação Física,
cada uma possui características específicas que foram construídas por
meio de seu desenvolvimento histórico. Com o Voleibol não é diferente.
Perceba você, aluno(a), como já foi estudado em disciplinas anteriores,
que o conhecimento histórico oferece subsídios para que possamos com-
preender a atualidade.
Elencaremos, também, algumas das principais regras que norteiam o
Voleibol. É importante destacar que as regras do voleibol, diferentemen-
te de outras práticas esportivas presentes na Educação Física, orientam,
além das ações táticas do jogo, também as ações técnicas, e consequente-
mente, as funções de cada jogador em quadra.
Por fim, estudaremos as principais capacidades motoras que a moda-
lidade exige para que, então, você, como futuro professor(a) de Educação
Física, saiba como trabalhá-las na infância e adolescência, respeitando o
período de crescimento e as diferenças que os seus futuros alunos apre-
sentarão.
Caberá a você, o olhar sensível para os diferentes estágios de cresci-
mento e desenvolvimento nos diversos aspectos de seus alunos. Vale des-
tacar que não estamos em busca de um atleta profissional de Voleibol e
sim de auxiliar na promoção de um desenvolvimento integral dos nossos
alunos por meio dessa modalidade.
Aproveite o conteúdo desta unidade e faça uma boa leitura!
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Histórico do
Voleibol

A
o pesquisarmos sobre a história e surgi- quicar no chão duas vezes antes de rebatê-la. Apesar
mento do voleibol, encontramos diversas disso, o voleibol foi criado com características pró-
leituras e interpretações sobre o assunto. prias, diferente de seus predecessores.
Por isso, vamos nos basear na história Basicamente, quando falamos em surgimento
contada por Bizzocchi (2004), que nos traz detalhes de algum esporte, devemos analisar a história da so-
sobre a criação e evolução da modalidade. ciedade naquele determinado momento, visto que
O voleibol é uma adaptação americana do jogo novas criações vêm para aclarar carências da socie-
italiano conhecido como faustball (faust em alemão dade da época. Desse modo, sabe-se que os norte-
significa punho), que era jogado por equipes de duas -americanos, no final do século XIX, dedicavam-se
a nove pessoas, que devolviam a bola sobre uma a esportes específicos, de acordo com as estações
rede, utilizando os punhos e poderiam deixar a bola do ano. Na primavera, o esporte praticado era o

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

beisebol; no outono, era vez do futebol americano da para beleza e vigor físico, praticada pelos associa-
e quando chegava o inverno e as nevascas, que não dos de meia-idade na época (BIZZOCCHI, 2004).
permitiam esportes ao ar livre, as pessoas se reu- Morgan aceitou o desafio e começou a idealizar
niam nos ginásios, onde havia prática da ginástica, o projeto de um novo jogo, sem imaginar que estava
que dominavam os programas de Educação Física prestes a criar um esporte que viria a ser olímpico e
da época (BIZZOCCHI, 2004). praticado em países espalhados por todos os con-
Nesse momento, em 1891, foi requerido ao tinentes. Para isso, baseou-se no basquetebol e no
professor James Naismith, da Associação Cristã de tênis, esportes populares nos Estados Unidos.
Moços (ACM), de Springfield, Massachusetts, que Assim, no inverno de 1895, Morgan apresentou
criasse algum esporte que pudesse ser jogado den- um jogo de rebater, batizado de minonette. A rede
tro do ginásio, por causa do rigoroso inverno, e que que era utilizada no tênis foi elevada a 1,98 (do chão
fosse menos agressivo que o futebol. Assim, surgiu o até o bordo superior), utilizou-se como bola, a câ-
basquetebol, esporte que foi aceito de imediato e em mara da bola de basquetebol e, inicialmente, foram
pouco tempo popularizou-se em todas as ACMs dos elaboradas 10 regras básicas. Apresentado aos alu-
Estados Unidos (BIZZOCCHI, 2004). nos da ACM de Holyoke, o minonette - como o es-
Naismith foi apresentado a um aluno que de- porte foi chamado inicialmente - foi bem aceito e
fendia a escola no momento, em um jogo de futebol recebeu algumas sugestões de mudanças após suas
americano, do qual era assistente técnico, e logo se primeiras exibições. Os alunos solicitaram que hou-
tornaram grandes amigos. Este aluno era William vesse substituição da bola, pois a utilizada, por ser
George Morgan, que nasceu em 23 de janeiro de muito leve, deixava o jogo lento. Desse modo, tes-
1870, na cidade de Lockport, Nova Iorque, e que saiu tou-se a bola de basquete, porém foi considerada
de casa aos 14 anos e foi para Escola Preparatória de pesada. Isso levou Morgan a pedir à empresa A. G.
Mount Hermon, onde conheceu Mary King, que vi- Spalding e Brothers, a fabricação de uma bola espe-
ria a ser, anos depois, sua esposa (BIZZOCHI, 2004). cial, com peso intermediário, que variava de 255 a
Morgan foi incentivado por Naismith a ingres- 340g, e que ficou muito parecida com a bola que te-
sar na Escola para Trabalhadores Cristãos da ACM mos atualmente (BIZZOCCHI, 2004).
de Springfield (atualmente, Springfield College), em Em 1896, Morgan foi convidado pelo diretor
1894, mesmo ano em que Morgan foi transferido Dr. Luther H. Gullickda da Escola para Trabalhado-
para a cidade de Auburn, Maine. Um ano mais tar- res Cristãos da ACM, de Springfield, para mostrar
de, ele foi transferido para Holyoke, Massachusetts o novo jogo, em uma Conferência de diretores dos
e assumiu o cargo de diretor do Departamento de Departamentos de Atividades Físicas das ACMs da
Atividades Físicas da ACM local. Foi lhe solicitado, região. Morgan, junto aos 10 voluntários, divididos
pelo pastor Lawrence Rinder, que desenvolvesse um em dois times de cinco pessoas, apresentaram-se e
jogo menos vigoroso que o basquetebol (visto que causaram impacto, despertando discussões entusias-
os alunos mais velhos não se adaptaram à modalida- madas. Nessa ocasião, Gullick sugeriu que alteras-
de em razão dos choques e lesões que ocasionava) e sem o nome do jogo, em que foi aceita a ideia de um
mais recreativo que a calistenia - ginástica promovi- docente da escola, A. T. Halstead. O professor pro-

51
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

pôs o nome volleyball, já que a bola ficava em cons- apontado como o segundo esporte mais praticado
tante voleio (volley, em inglês) sobre a rede. A ACM, pelas tropas norte-americanas, ficando atrás apenas
rapidamente adotou o voleibol em todas as unidades do softball (BIZZOCCHI, 2004).
dos EUA e Canadá, o que contribuiu para a difusão Devido à prática do voleibol pelos soldados nor-
do esporte (BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012). te-americanos, o mundo enxergou a modalidade
Em 1897, foram publicadas as primeiras regras, como um esporte vigoroso e dinâmico, conveniente
porém só em 1918 é que se fixou o número de seis também para os homens fortes. Isso porque, até a
participantes, assim como é atualmente. Em 1922, Segunda Guerra Mundial (1945), o voleibol era visto
limitou-se a quantidade de toques por equipe, em como esporte recreativo, praticado por mulheres e
no máximo três, visto que, até então, ambos eram pessoas de meia-idade. Assim, foi criada, em Paris, a
livres. Em abril de 1922, foi realizado, no Brooklyn, Federação Internacional de Voleibol (FIVB), em 20
Nova Iorque, o Primeiro Campeonato Nacional de de abril de 1947.
Voleibol entre as ACMs, reunindo 27 núcleos de 11 O Brasil foi um dos 14 países a participar do
estados norte-americanos. Em 1928, fundou-se uma congresso de fundação junto com França, Itália,
filiação com 22 associações, que promoveu torneios Checoslováquia, Estados Unidos, Bélgica, Egito,
e a Associação de Voleibol dos Estados Unidos (US- Hungria, Iugoslávia, Holanda, Portugal, Romênia,
VBA), presidida por George Fischer, que se manteve Uruguai, Líbano e Polônia. Dois anos mais tarde, a
no cargo por 24 anos. FIVB promoveu o I Campeonato Mundial, em Pra-
O voleibol chegou na América do Sul em 1910, ga, vencida, nesta edição, pelos soviéticos (FIVB).
e o Peru foi o país pioneiro na prática. No Brasil, Em 1954, houve a criação da Confederação Bra-
há duas prováveis datas de início do esporte, sendo sileira de Voleibol (CBV), momento em que a orga-
a primeira delas em Pernambuco, em 1915, no Co- nização da modalidade deixou de ser realizada pela
légio Marista de Recife. Outros estudiosos afirmam Confederação Brasileira de Desportos. Em 1955, o
que foi na ACM de São Paulo, em 1916. De qualquer voleibol estreou nos Jogos Pan-Americanos que teve
forma, o primeiro campeonato nacional foi dispu- sua edição no México e todos seus ingressos esgota-
tado somente em 1944 (BIZZOCCHI, 2004; BOJI- dos, antes mesmo do início dos jogos.
KIAN, J.; BOJIKIAN, L. 2012). Na década de 60, o voleibol foi apontado como
Em 27 de dezembro de 1942, aos 72 anos, o cria- o esporte mais popular em 25 países, dentre os 100
dor do voleibol, William George Morgan, faleceu em filiados à FIVB, sendo o terceiro esporte coletivo
sua cidade natal. Porém, conseguiu ver sua modali- mais praticado no mundo, chegando a ter mais de
dade se expandir pelo mundo, tomando forma com 60 milhões de praticantes. Em 1962, o Congresso
regras cada vez mais consolidadas. A National Re- Olímpico Internacional realizado em Sofia, Bulgá-
creation Associations (NRA), em 1946, considerou ria, aceitou o voleibol como esporte olímpico, após
o voleibol o quinto esporte mais praticado nos Es- ter feito uma demonstração prática. Desse modo,
tados Unidos, em uma publicação Recreation, com em Tóquio (1964), o voleibol estreou em Olimpí-
mais de 5 milhões de participantes, com aproxima- adas com 10 equipes masculinas e seis femininas
damente 1.210 cidades associadas à NRA. Ainda, foi (BIZZOCCHI, 2004).

52
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os Jogos Olímpicos de Munique (1972) apresen- meio de cursos que eram ministrados por técnicos
taram um voleibol que começava a evoluir taticamen- estrangeiros. Nesse momento, vários campeonatos
te, em que as equipes adotaram um padrão defensivo internacionais foram sediados no Brasil, fazendo
e levantamentos com maior alternância de ritmo (bo- com que grandes clubes e seleções viessem aqui
las mais baixas e mais rápidas). O destaque foi para competir. O intercâmbio contribuiu para o aumen-
a equipe japonesa masculina, que nesta edição revo- to do nível do nosso voleibol, o que despertou inte-
lucionou a forma de jogo. Em 1980, em Moscou, a resse do público e, consequentemente, da televisão.
União Soviética assumiu o lugar mais alto do pódio, A presença da televisão trouxe empresas patroci-
com a fusão entre o modo de jogar dos japoneses, nadoras, que possibilitaram a profissionalização do
aliado à sua superioridade na estatura dos jogadores. voleibol, permitindo que técnicos e atletas se dedi-
Em 1984, o mexicano Rubén Acosta assumiu a cassem exclusivamente ao esporte (BOJIKIAN, J.;
presidência da FIVB. Com ideias inovadoras, apro- BOJIKIAN, L., 2012).
veitou o bom momento do voleibol e sua popula- O constante estudo, especialização e dedica-
ridade para conseguir poderosas parcerias com as ção dos técnicos favorecia o aumento da qualida-
redes de televisão, vendeu eventos internacionais e de do trabalho oferecido. Enquanto isso, o mesmo
buscou patrocínios fortes, que distribuíram prêmios acontecia fora das quadras, quanto à organização e
milionários. Em suma, transformou o voleibol em infraestrutura. Hoje, as equipes são compostas por
um forte espaço para o marketing esportivo (BIZ- profissionais de várias áreas, compondo comissões
ZOCCHI, 2004). técnicas multiprofissionais, que trabalham em har-
Desse modo, em 1990, a Liga Mundial foi dis- monia e com base científica, buscando a excelência
putada pela primeira vez e distribuiu 1 milhão de da performance (BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012).
dólares em prêmios. Já em 2002, 15 milhões de dó- O Brasil é um dos poucos países a possuir des-
lares foram disputados por 16 seleções masculinas, taque no cenário mundial com as equipes do fe-
atestando o voleibol como exemplo administrativo minino e do masculino. Além disso, a força inter-
e empresarial. Perceba você que todo o desenvolvi- nacional do voleibol brasileiro é notada, também,
mento histórico do Voleibol contribuiu para tornar- nas equipes de base, bem como no voleibol de praia
-se a potência vista hoje. A TV é o veículo de maior adulto e juvenil.
importância para os patrocinadores do esporte, pois O fato do nosso voleibol ser o mais respeitado no
suas aparições são extremamente valiosas. O vôlei mundo deve-se ao empenho e à capacitação de pro-
de praia tem acompanhado o vôlei de quadra como fessores, técnicos, atletas e dirigentes. E, para isso, a
exemplo de investimento em marketing. CBV contribui para o processo de formação qualifi-
cada dos técnicos, que oferece cursos de atualização
VOLEIBOL NO BRASIL profissional e organiza-os por níveis (existem, atual-
mente, cinco níveis no voleibol de quadra e dois no
A partir da metade de 1970, a CBV, com a cola- voleibol de praia). Assim, preserva-se a qualidade e
boração de algumas federações, passou a investir a seriedade nas atuações que transformam o voleibol
na formação de técnicos e atletas brasileiros por do Brasil na potência que é hoje.

53
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Principais Regras Voleibol

N
este tópico serão apresentados as prin- REGRAS DO VOLEIBOL
cipais regras e características da moda-
lidade. Além de direcionar um jogo de Neste subtópico não vamos fazer uma descrição
voleibol, as regras orientam ações téc- detalhada de todas as regras de voleibol, mas sim,
nicas, táticas e também norteiam as funções dos explanar sobre as características do voleibol, bem
jogadores na quadra. Os fundamentos do Voleibol como as principais regras e funções dos envolvidos:
possuem algumas orientações presentes nas regras. professores e alunos.
O objetivo não é que você, aluno(a), memorize as Uma partida de voleibol pode ser disputada em
regras da modalidade, mas que compreenda a totali- quadras abertas e fechadas. O jogo é disputado por
dade que compõe um jogo de Voleibol. duas equipes, compostas por seis jogadores cada.

54
EDUCAÇÃO FÍSICA

Cada grupo é coordenado por um técnico e pos- atinge uma diferença de dois pontos. Exemplo: 25
sui outros seis jogadores reservas. O jogo acontece x 23. Quando essa diferença não é obtida, pros-
com a presença de dois árbitros, um apontador e segue-se o set até que uma das equipes consiga
quatro fiscais de linha. tal vantagem. A quadra oficial do voleibol dispõe
As partidas podem ter cinco sets; porém, vale de 18m x 9m de largura. É dividida por uma rede
ressaltar que a maior parte dos eventos escolares de 9,5m x 1m de largura, suspensa a uma altura
ou jogos de categorias menores, o jogo será em de 2,43 m para as equipes masculinas e 2,24 m
uma partida “melhor de 3 sets”, ou seja, a equipe para as femininas em jogos oficiais, podendo va-
que vencer dois sets é a vencedora. Se houver ne- riar em categorias infantis. A bola oficial tem cir-
cessidade, haverá a disputa de um terceiro set, até cunferência de 65 a 67cm e deve pesar entre 260
15 pontos. Cada set tem, pelo menos, 25 pontos, e 280g. (CBV, 2015-2016, on-line1; BOJIKIAN, J.;
de modo que o placar só é finalizado quando se BOJIKIAN, L., 2012).

LINHA
LATERAL FAIXA
F M
(5cm) 2,24m/2,43m 1m LATERAL REDE
1,7 ANTENA
3m
5m 3m
>3-8m ZON >3-5
ATA A DE m
ZONA DE QU
E
DEFESA 9m
9m

9m

LINHA DE MEIO
DE QUADRA
LINHA LINHA DA ZONA
FUNDO DE ATAQUE (3m)
ZONA DE
SAQUE (9m)
Figura 1 - Medidas da Quadra
Fonte: os autores.

55
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

REGRAS DO VOLEIBOL EM RELAÇÃO À


EXECUÇÃO DOS FUNDAMENTOS

Saque: fundamento que inicia a disputa de cada só pode ser feito com uma das mãos, geralmente
ponto. O objetivo do sacador é enviar a bola para o utilizado um ataque agressivo e veloz, porém tam-
lado do adversário. Ele posiciona-se atrás da sua li- bém temos as largadas ou “caixinhas”, golpes que
nha de fundo e saca, se a equipe adversária não con- quebram o sistema defensivo, (devido a imprevisi-
seguir efetuar o passe será computado ponto para a bilidade do golpe, geralmente utilizado com o atleta
equipe do sacador, o qual terá outra oportunidade empurrando a bola com a ponta dos dedos)
para sacar. Bloqueio: primeira ação defensiva da equipe.
Recepção: fundamento de característica defen- Utilizado para cessar o ataque adversário ou mesmo
siva, também denominado como passe. Utilizado amortece-lo. Pode ser simples (uma pessoa) duplo
para receber a bola que é lançada pela equipe ad- (duas pessoas) ou triplo (tres pessoas). Só pode exe-
versária no saque. A forma mais usual de efetuar cutar esse fundamento os jogadores que se encon-
esta ação é por meio da manchete, porém hoje tram nas posições 2, 3 e 4. Assim, saltam próximo
também pode-se efetuar a recepção com o toque. à rede com as palmas da mãos voltadas para o ad-
O objetivo do passador é evitar que a bola toque versário. É o movimento realizado na tentativa de
o chão de sua equipe, e recepcionar a bola para o defender o corte. Um ou mais jogadores (no limite
levantador de sua equipe. de três jogadores) saltam próximo à rede para inter-
Levantamento: fundamento também chama- romper a jogada do adversário e rebater a bola com
do de transição. Realizado antes do ataque, geral- as palmas das mãos.
mente é o segundo toque da equipe. O levantador Defesa: fundamento defensivo, utilizado para
é o responsável por preparar a jogada e distribuir a conter o ataque (corte) da equipe adversária. Por
bola para os seus atacantes, normalmente fazendo meio desse fundamento, busca-se evitar o ponto
uso do toque. ou criar oportunidade de contra-ataque, pode-se
Corte: movimento de ataque. Fundamento de utilizar qualquer parte do corpo para executar
característica ofensiva. Tem o objetivo de agredir a esse fundamento, porém o mais efetivo é a man-
equipe adversária desestruturando seu sistema de- chete (CBV, 2015-2016, on-line1; BOJIKIAN, J.;
fensivo transpondo o bloqueio e a defesa. O ataque BOJIKIAN, L., 2012).

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

QUANTO ÀS FUNÇÕES DE CADA REGRAS GERAIS PARA UM JOGO DE


JOGADOR VOLEIBOL

Líbero: recepciona o saque e defende o ataque. O jogo só se inicia ou continua com pelo menos 6
Lembramos que é proibido ao líbero efetuar o ata- jogadores em quadra. Portanto sem o número mí-
que, bem como levantar utilizando-se de toque nimo não se pode iniciar a partida. Cada professor/
dentro da linha de ataque. Uma das características técnico tem direito a 6 substituições durante um set.
principais do líbero é ter habilidade para conduzir Lembrando que o aluno/atleta substituído só pode
a bola em boas condições para o levantador (CBV, retornar no set no lugar do aluno/atleta que o subs-
2015-2016, on-line1). tituiu (CBV, 2015-2016, on-line)1.
Levantador: atleta que prepara a jogada para Cada equipe tem direito a dois tempos de um
o ataque. No sistema 5x1 (esse sistema consiste na minuto por set, que pode ser solicitado a qualquer
equipe com 5 atacantes e 1 levantador, utilizado momento, por meio de sinalização ao segundo árbi-
em equipes de rendimento), o levantador, quando tro. O professor/técnico é o responsável por deter-
encontra-se no fundo da quadra, não pode efetuar minar e preencher, em uma papeleta que lhe é en-
bloqueio nem mesmo atacar a bola para a quadra tregue pelos árbitros, a ordem inicial de sua equipe.
adversária quando a mesma estiver acima do bordo Essa papeleta de ordem inicial é entregue no início
superior da rede. de cada set de uma partida de voleibol, além da or-
Atacante ponteiro: seu principal objetivo é o dem inicial de saque de sua equipe, ela contém o es-
passe; responsável pelo sistema de passe da equipe, paço para designar o Líbero e também a assinatura
o atleta deve possuir força, velocidade e capacidade do técnico (CBV, 2015-2016, on-line)1.
para atacar a bola nas pontas ou atrás da linha dos
três metros. Equipe: Líbero:

Atacante central: é o jogador que tem como ca- IV III II


racterística física a altura e velocidade e sua prin-
cipal função é o bloqueio e o ataque pelo meio de
rede. Com o advento do líbero, atualmente o ata- V VI I
cante não atua no fundo da quadra. (CBV, 2015-
2016, on-line1; FEDÉRATION, [2017], on-line)2.

Ass. Téc.:

Figura 2 - Ordem inicial de Saque


Fonte: os autores.

57
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

A quadra de voleibol é dividida em seis posições O jogo tem início com o saque que, após auto-
e a rotação ocorre em sentido horário. Exemplo: rizado pelo árbitro, terá 8 segundos para ser reali-
sempre ao realizar o saque o jogador estará na po- zado pelo jogador, podendo lançar a bola para sua
sição 1. Cada posição possui um limite de espaço de execução apenas uma vez. Desse modo, é permitido
atuação que deve ser respeitado antes do saque, caso apenas uma tentativa de saque. Caso haja um erro
o posicionamento não seja respeitado ocorrerá um do sacador, o ponto é dado para outra equipe, que
erro de rodízio. Quando a bola está em jogo, os joga- passa a ter o direito de sacar.
dores podem atuar nos diversos espaços da quadra. Nesse momento, quando a equipe recebe o di-
reito de sacar, ela é obrigada a realizar um rodízio.
• Posição nº 1 - defesa direita e saque; É proibido que os jogadores de defesa (posições 5,
• Posição nº 2 - oposto ou saída de rede; 6, 1) ataquem na área de ataque (área dos 3m) e exe-
• Posição nº 3 - meio de rede ou central; cutem o bloqueio acima do bordo superior da rede,
• Posição nº 4 - ponta ou entrada de rede; visto que esse papel deve ser realizado pelos joga-
• Posição nº 5 - defesa esquerda; dores que estão na área de ataque, posições 2, 3 e 4,
de acordo com o rodízio (CBV, 2015-2016, on-line1;
• Posição nº 6 - defensor central ou defesa
central. BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012).
O jogador não pode tocar a bola duas vezes se-
guidas, exceto quando o primeiro toque foi prove-
niente do toque no bloqueio. No momento em que

3 2 a bola está no campo adversário, não é permitido a


1 tentativa de toque na bola, caso isso ocorra, haverá
4 6
uma falta de invasão. Durante o bloqueio, os atletas
5 podem tocar a bola além da rede, porém sem inter-
ferir no ataque do oponente, caso isso ocorra, é con-
siderada falta quando algum jogador toca a borda
superior da rede (CBV, 2015-2016, on-line)1.
Caso a bola toque o chão fora da delimitação das
linhas da quadra, os cabos, as antenas ou se passar
Figura 3 - Posições e sentido da rotação
pela área fora da delimitação das antenas, a bola é
Fonte: os autores. considerada fora e o ponto é marcado para a equipe
adversária. Nenhum jogador, sob hipótese alguma,
Dentro da quadra, o responsável é o capitão da pode tocar a rede, essa falta é considerada perda de
equipe, que tem a função de participar do sorteio ponto para a equipe que a executou. O jogador tam-
no início da partida e assinar a súmula no início e bém não pode adentrar a quadra adversária, essa
ao final do jogo, representando sua equipe junto ao falta é chamada de invasão e penalizada com ponto
técnico. (CBV, 2015-2016, on-line)1.

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

59
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Capacidades Motoras
Utilizadas no Voleibol

N
ão podemos falar de capacidades físicas O voleibol é considerado um esporte que possui
no voleibol sem antes discutirmos as uma alternância no ritmo e intensidade das ativida-
suas características e a sua aplicabilida- des durante um jogo, denominado de atividades di-
de. Faz-se necessário, para o desenvolvi- nâmicas acíclicas, as quais predominam os sistemas
mento do aluno nesta modalidade, que ele tenha um anaeróbios. A intensidade e o curto período em que
bom condicionamento físico, o qual caracteriza-se ocorrem as jogadas determinam que os alunos utili-
pela boa recuperação entre as sessões de prática, zem o esforço máximo para sua execução, como as
bem como a prevenção de lesões, como aspecto de corridas de rápida mudança de direção e os saltos
suma importância (KRAEMER; HAKKINEN, 2004; verticais para os ataques/bloqueios com curtos perí-
BOMPA, 2002). odos de recuperação.

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

CAPACIDADES COORDENATIVAS.
Sendo assim, existem dois tipos de capacidades • Agilidade: é a qualidade física que permite a
que podem ser trabalhadas na modalidade do volei- mudança na direção do corpo no menor tem-
bol: as capacidades físicas condicionais e as coorde- po possível. Conhecida como velocidade de
nativas, que serão sempre mais complexas na me- “troca de direção”. Para a agilidade, a flexibi-
lidade é importante.
dida em que o nível técnico dos alunos envolvidos
• Equilíbrio: adquirida por uma combinação
aumentar (GROSSER, 1983).
de ações musculares que objetiva sustentar o
Podemos classificar capacidade física como todas
corpo sobre uma base, contra a lei da gravi-
as qualidades físicas motoras passíveis de treinamento. dade. Pode ser de 3 tipos: dinâmico, estático
Weineck (2003) relata que as capacidades condicionan- e recuperado (GROSSER, 1983).
tes são mais diretamente voltadas para energia necessá-
ria a uma ação motora, enquanto as coordenativas são Em relação ao desenvolvimento das capacidades
mais relevantes à precisão delas, as quais são proprie- coordenativas, estas ocorrem entre os sete anos e o
dades qualitativas do nível de rendimento do indivíduo início da puberdade. É observado que nesta idade
que o capacitam a executar determinadas ações. ocorre o amadurecimento do Sistema Nervoso Cen-
Como Grosser (1983), outros autores corrobo- tral (SNC), que leva a uma melhoria do processa-
ram com a definição que classifica as capacidades mento de informações e da função acústica e ótica
motoras desportivas em: Capacidades Condicionais (WEINECK, 2003). Isso, como vimos no Tópico 2
(âmbito quantitativo) e Capacidades Coordenativas da Unidade I, facilita a execução de movimentos que
(âmbito qualitativo). A seguir podemos ver as defi- utilizam capacidades coordenativas, como as visuo-
nições de ambas. -manuais, por exemplo, como é o caso do toque de
bola por cima.
CAPACIDADES CONDICIONAIS. Perceba que todas essas capacidades elencadas
• Força: é a capacidade física que permite des- anteriormente são cabíveis para diversas modali-
locar um objeto, o corpo de um parceiro ou dades esportivas. É importante que você, futuro(a)
o próprio corpo por meio da contração dos professor(a), trabalhe essas capacidades motoras
músculos.
durante uma aula de Educação Física por meio de
• Velocidade: é a capacidade física que permite
atividades lúdicas e globais.
realizar movimentos no menor tempo possí-
Porque as capacidades motoras devem ser tra-
vel ou reagir rapidamente a um sinal.
balhadas dessa forma? Como posso trabalhar essas
• Coordenação Motora (destreza): é a capaci-
dade física que viabiliza a realização de uma atividades? É importante compreender que um dos
sequência de exercícios de forma coordenada. nossos propósitos na docência é propiciar ao aluno
• Flexibilidade: propicia a execução de movimen- o contato com a modalidade esportiva. A técnica dos
tos em grande amplitude (GROSSER, 1983). movimentos e as capacidades motoras devem ser tra-
• Resistência: proporciona realizar esforço du- balhadas sem a exigência de um alto nível técnico. O
rante um tempo, com suporte da fadiga e re- objetivo é trabalhar as capacidades necessárias para
cuperação após pouco tempo da prática. o voleibol de uma maneira prazerosa para o aluno.

61
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Sendo assim, sugerimos que as atividades para do praticante desenvolver por completo seu acervo
os jovens tenham as seguintes características: motor. Entretanto, é importante sempre se adequar
• Exercícios/atividades com grau de dificulda- ao planejamento e ao tempo destinado à modalida-
de relativamente baixo e médio. de do Voleibol, de maneira que o aluno consiga ter
• Exercícios/atividades com graus diferentes de uma compreensão total da modalidade. Cabe a você,
dificuldade, partindo do mais simples para os futuro(a) professor(a)/profissional de Educação Fí-
complexos. sica, utilizar toda a sua criatividade e entendimento
• Exercícios/atividades de baixa intensidade, do assunto, para planejar e criar atividades variadas
pois o nível de preparação física é pequeno e com exercícios e jogos, dando condições às crianças
o aluno ainda não possui capacidades técni-
vivenciarem o voleibol com toda a sua dinâmica.
cas de alto nível.
• Verificar nas atividades/exercícios a duração
SAIBA MAIS
e intensidade. Para a característica do Volei-
bol, indica-se atividades/exercícios de baixa
intensidade e curta duração. Existem diversas atividades que trabalham as
• Iniciar o trabalho com baixa intensidade e capacidades motoras das crianças. Por isso,
elencamos algumas formas de abordagem.
aumentando progressivamente, conforme • Capacidades Condicionais – Flexibi-
acontece a ampliação das capacidades técni- lidade: o trabalho de flexibilidade nas
co-táticas. aulas não deve ser extenuante. Você,
enquanto professor(a), pode trabalhar
no início das aulas um alongamento
Lembramos que Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012) com a turma. Além de prevenir lesões
dividem o processo de aprendizagem dos funda- e preparar o corpo para a realização de
mentos em três grandes grupos. Esses grupos foram uma atividade física, você trabalhará a
flexibilidade de seus alunos. Idade indi-
unidos observando as capacidades motoras seme- cada: todas as idades, o(a) professor(a)
lhantes exigidas para execução dos movimentos. deve adequar o alongamento para as
Vamos, então, retomar o exposto no Tópico 5 da diferentes idades.
• Capacidades Coordenativas – Equilí-
unidade anterior e utilizar como exemplo os funda- brio: atividade do Saci-Pererê. Indique
mentos do grupo l (posição básica, movimentação, aos alunos que todos estão em uma
toque, manchete e saque por baixo). Todos esses floresta e fazem parte de uma comu-
nidade em que todos são sacis-pere-
fundamentos do voleibol têm como características rês. Ao comando do (a) professor(a), os
a requisição de capacidades físicas, como equilíbrio, alunos devem realizar os movimentos
coordenação do aparelho locomotor, velocidade de indicados como saci-pererê (ou seja, com
apenas uma perna). Direcionamento
reação, coordenação viso-motora e coordenação es- do(a) professor(a): andar pela floresta,
paço-temporal para sua boa execução. saltar entre as pedras para atravessar
Observamos, nesta unidade, que os autores, em um lago e saltar em grupo. Idade indi-
cada: crianças de 6 a 9 anos.
todas as situações propostas, defendem ser de suma
importância o planejamento do trabalho em longo Fonte: adaptado de Slideshare.net ([2017], on-line)3.

prazo, para que, assim, possa oferecer condições

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

63
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Contribuições do Voleibol para o


Desenvolvimento da
Infância e Adolescência

A
prática de atividades físicas e esporti- Contudo você deve estar se perguntando: esta-
vas durante a vida, ocorridas no âmbi- mos falando de treinamento na no ensino do volei-
to educacional, do lazer, rendimento bol? A resposta é sim, e a justificativa para a utili-
ou iniciação esportiva, deve ser consi- zação desse termo é simples. Greco e Benda (1998)
derada como um momento importante da vida da defendem que um dos graves problemas na biblio-
criança. Por isso, Greco e Benda (1998) sugerem grafia sobre esportes no Brasil é a consideração de
que esse momento deve ser entendido como um treinamento como alta performance. Entretanto, o
processo mais amplo, denominado ensino-apren- termo treinamento é tido como um processo peda-
dizagem-treinamento (E-A-T), independente da gógico, inter-relacionado com o ensino que pode
esfera a qual estiver inserida. alcançar diferentes objetivos e significados.

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

3. Os professores devem evitar a especialização


Portanto, é com base nessa definição que usare-
precoce e priorizar atividades que envolvam
mos o termo treinamento nesta unidade. Sem reme- grande repertório motor e de caráter lúdico.
ter a um alto rendimento, mas sim a um processo 4. Deve-se evitar especialização em determina-
que visa buscar melhora nos padrões e nas capaci- da função tática (no voleibol não deve espe-
dades motoras. cializar por funções, todos devem passar pelas
No período de crescimento e desenvolvimento, posições dos atacantes, levantadores e defen-
predominantemente nas duas primeiras décadas de sores – por isso utiliza-se o sistema 6x0 nessa
fase de iniciação escolar, pois todos devem ser
vida, diversas são as mudanças que os jovens estão
estimulados a jogar em todas as funções).
sujeitos. Componentes como os de ordem social, es-
5. Na primeira infância, de 6 a 11 anos, meni-
truturais e morfológicos, que conduzem ao aumento
nos e meninas possuem a mesma capacidade
nas dimensões do corpo, na composição dos tecidos de força e resistência (por isso, meninas e me-
das suas partes específicas e também em mudanças ninos não precisam fazer atividades separa-
nas atitudes e comportamentos, produzem uma in- das nessa fase).
fluência no desenvolvimento do aluno.
Sendo assim, devemos ter em mente que as REFLITA
crianças não devem ser expostas à mesma carga e a
forma de treinamento dos adultos. Expor as crian-
Lembre-se que dentro de uma turma, você en-
ças a uma simples repetição de movimentos, sem contrará crianças que estão em fases diferen-
embasamento teórico-científico para idade, so- tes do desenvolvimento. Por isso é importante
uma constante mediação para compreender
mente imitando o modelo adulto, é prejudicial por
qual é o limite do seu aluno.
dois motivos: (1) o organismo infantil não tem ma-
turidade para adaptar-se às cargas de treinamento;
(2) pode gerar danos psicobiológicos que compro-
meterão o desenvolvimento motor e cognitivo des- A vivência na modalidade e a compreensão do fe-
sa criança (SILVA, 2012). nômeno esportivo devem ser transmitidas ao aluno
Desse modo, devemos salientar que é de suma durante seu percurso escolar. Desse modo, vistas
importância que a criança tenha um trabalho ela- às diferenças individuais entre crianças, adolescen-
borado de forma eficaz e correta. Assim, podemos tes e os adultos, fica claro que não podemos utili-
concluir os seguintes pontos: zar modelos de ensino destinados aos adultos para
1. As orientações de atividades são determina- aplicar às crianças. Além disso, é importante consi-
das pela idade, porém o professor deve ob- derar as diferentes crianças que você irá encontrar.
servar que o ritmo cronológico da criança, às Suas diferenças fisiológicas e morfológicas exigem
vezes, não representa o ritmo biológico.
um olhar sensível para o desenvolvimento integral
2. Evitar exercícios de alta intensidade.
de seus alunos.

65
considerações finais

Caro(a) aluno(a), durante esta unidade você pôde perceber que o desenvolvi-
mento histórico da modalidade, bem como suas principais regras são componen-
tes essenciais na compreensão de uma modalidade esportiva.
As práticas corporais podem contribuir e fortalecer na formação e no desen-
volvimento integral do jovem inserido em uma prática esportiva, devidamen-
te organizada. Cabe a nós, professores de Educação Física, entendermos nossos
alunos, suas especificidades e diferenças biológicas individuais. É necessário que
você, enquanto futuro(a) professor(a), compreenda que, em uma mesma turma,
terão indivíduos em estágios de maturação biológica bem diferentes, o que, con-
sequentemente, ocasionará em respostas diferentes aos estímulos dados em aula.
Por esses e outros motivos, é inaceitável a especialização do aluno em qual-
quer posição tática nessa fase. Isso porque, enquanto alguns alunos já estarão
alcançando seu pico máximo de desenvolvimento morfológico, outros ainda nem
estarão passando pela fase do estirão de crescimento. Assim, o entendimento das
capacidades motoras e do desenvolvimento do aluno é de suma importância para
a atuação docente.
Ainda assim, isso não impede que façamos trabalhos com exigências físicas,
que visam trabalhar e desenvolver as capacidades motoras que, mais tarde, servi-
rão de base para a prática esportiva em diversas modalidades. Contudo, fica aqui
expresso que o desenvolvimento das capacidades físicas não necessita de traba-
lhos com peso resistido, realizado exclusivamente em uma academia de muscula-
ção. Este deve ser inserido nas aulas de educação física, por meio de aquecimen-
tos, atividades lúdicas e globais; até porque, enquanto não atingir a maturação, os
ganhos de força específica são quase nulos nesta fase.
Lembre-se: o objetivo aqui é propiciar ao aluno a vivência e o contato com a
modalidade do Voleibol.

66
LEITURA
COMPLEMENTAR

Maturação Biológica

Franz Boas (1858-1942), um dos fundadores da Auxologia ção esquelética é o melhor sistema para avaliar a idade
Moderna, salientou, no seu tempo, que a idade cronoló- biológica e o estatuto maturacional de uma criança ou
gica não era o melhor indicador para identificar o timing jovem. São bem conhecidas as mudanças na forma, ta-
(momento em que ocorre um dado evento maturacio- manho e densidade do osso durante o crescimento, o
nal) e tempo (ritmo com que esse evento se manifesta) que permite a sua avaliação e atribuição de significado,
nas alterações que se verificam em diferentes caracterís- em termos de “distância”, relativamente ao estado adul-
ticas biológicas. É de entendimento generalizado que o to ou maturo. As mudanças que ocorrem em cada osso
timing e tempo dos diferentes indicadores de maturação desde o início do seu processo de ossificação até à mor-
biológica são independentes da idade cronológica. Num fologia adulta são uniformes e ocorrem de modo regular
grupo de crianças do mesmo sexo e mesma idade crono- e irreversível.
lógica ocorrem variações na idade biológica ou na matu- A estimação da idade óssea de uma criança ou jovem
ridade alcançada, i.e., as crianças apresentam trajetórias exige uma elevada precisão. Embora os métodos dis-
próprias em direção ao estado adulto, o que lhes confere poníveis apresentem alguma facilidade operacional, é
estatutos maturacionais distintos, comumente denomi- exigido do avaliador o conhecimento minucioso das es-
nados de ‘avançado’, ‘normal’ e ‘atrasado’ . pecificidades do método e fundamentalmente, uma con-
A avaliação da maturação biológica é uma prática co- siderável experiência prática. O controle e a qualidade
mum na área da Medicina e da Auxologia Desportiva. dos resultados de avaliação são os pilares de qualquer
No domínio das Ciências do Desporto, o seu uso tem pesquisa científica. Esta processologia não está publica-
sido variado, de que destacamos: identificar o timing do da em livros de texto nem artigos no espaço lusófono da
salto pubertário e idade no pico de velocidade da altu- Educação Física e Ciências do Desporto. Decorrem, da-
ra; estimar a velocidade de crescimento e previsão da qui, os objetivos do presente artigo: apresentar os pro-
estatura adulta; descrever e interpretar o significado da cedimentos metodológicos utilizados na estimação da
variação da maturação esquelética em função da idade idade óssea em crianças e jovens; descrever o método
cronológica. Tanner-Whitehouse 3 (TW3) e esboçar os resultados de
Na literatura, são referenciados os seguintes sistemas: um treinamento para a reprodutibilidade do método em
maturação esquelética, sexual, somática, dentária e bio- crianças e jovens.
química/hormonal. É unânime considerar que a matura- Fonte: Silva et al. (2012).

67
atividades de estudo

1. Nesta unidade aprendemos algumas caracte- I. Exercícios/atividades com grau de dificuldade


rísticas específicas do voleibol e quais são as relativamente baixo e médio.
habilidades e capacidades a serem desenvolvi-
II. Exercícios/atividades de baixa intensidade,
das no trabalho dessa modalidade. Em relação
pois o nível de preparação física é pequeno e
a esse conteúdo, leia as assertivas a seguir e,
o aluno ainda não possui capacidades técni-
em seguida, assinale a alternativa correta.
cas de alto nível.
I. Voleibol é uma modalidade que tem como
III. Exercícios/atividades de alta intensidade, para
características uma alternância de atividade
que o aluno compreenda as exigências da
estáticas cíclicas.
modalidade.
II. Segundo Grosser (1983), as capacidades mo-
IV. Verificar nas atividades/exercícios a duração e
toras são classificadas e subdivididas dentro
intensidade. Para a característica do Voleibol,
de um grupo nomeado de capacidades coor-
indica-se atividades/exercícios de baixa inten-
denativas.
sidade e longa duração.
III. As capacidades Condicionais se dividem em
V. Exercícios com graus diferentes de dificulda-
Força, Velocidade, Coordenação Motora, Fle-
de, partindo do mais complexo.
xibilidade e Resistência; as capacidades Coor-
denativas se dividem em Agilidade e Equilíbrio.
a. Apenas I e II estão corretas.
IV. O trabalho dessas capacidades (condicionais
b. Apenas II e III estão corretas.
e coordenativas) são fundamentais para o
aprendizado de diversas modalidades e devem c. Apenas I está correta.
ser trabalhadas de maneira lúdica e global. d. Apenas II, III e IV estão corretas.
V. Componentes de ordem social, estruturais e e. Todas as alternativas estão corretas.
morfológicas produzem influência na capaci-
dade de desempenho físico, nas mudanças de
3. Para introduzir a modalidade do Voleibol no
comportamentos e atitudes dos alunos.
ambiente o professor deve seguir algumas
orientações, como o nível de exigência, tipos
a. Apenas I e II estão corretas.
de atividades, entre outros. Em relação a essas
b. Apenas II e III estão corretas. orientações, assinale Verdadeiro (V) ou Falso
c. Apenas I está correta. (F).

d. Apenas IIl, IV e V estão corretas. ( ) Utilizar exercícios de alta intensidade (as


crianças apresentam um alto volume sanguíneo e
e. Nenhuma das alternativas está correta.
têm um coração como dos adultos).
( ) Evitar a especialização precoce.
2. Ao aplicar atividades para os alunos, você deve
trabalhar com exercícios lúdicos e globais. Além ( ) Atividades que envolvam grande repertório
disso, aprendemos, durante essa unidade, que motor e de caráter lúdico.
as atividade devem seguir algumas caracterís- ( ) Evitar especialização em determinada
ticas. Sobre essas características na aplicação função tática (no voleibol não deve especializar
de atividades, leia as assertivas a seguir e, em por funções, todos devem passar pelas posições
seguida, assinale a alternativa correta. dos atacantes, levantadores e defensores – por

68
atividades de estudo

isso utiliza-se o sistema 6x0 nessa fase de iniciação equipe é o capitão que também tem a função de
escolar, pois todos devem ser estimulados a jogar participar do sorteio no início da partida.
em todas as funções). ( ) O início do jogo e de cada ponto acontece
( ) Meninos e meninas podem realizar somente após o saque.
atividades juntos na primeira infância de 6 a 11 ( ) É aceita apenas uma tentativa de saque.
anos, pois eles possuem a mesma capacidade de Caso o jogador erre, o ponto e o direito de sacar
força e resistência. passam para a equipe adversária.

4. Em relação às regras do voleibol, sobre o rodí- 6. Nesta unidade, aprendemos sobre as diferen-
zio e posições dos jogadores, assinale a alter- tes capacidades (coordenativas e condicionais)
nativa correta. que são necessárias para a apreensão da mo-
a. O rodízio acontece em sentido anti-horário, dalidade. Nesse sentido, imagine-se enquanto
e os jogadores podem circular pela quadra futuro(a) professor(a) de Educação Física e ela-
livremente. bore 2 atividades lúdicas, uma para trabalhar
com a Agilidade (Capacidade coordenativa) e
b. Uma quadra de voleibol é divida em 6 posi-
outra para trabalhar com a Coordenação Mo-
ções, que define o local em que o jogador se
tora (Capacidade condicional).
posicionará. O rodízio sempre acontece em
sentido horário.
c. O jogador que está na posição 6 sempre rea-
lizará o saque.
d. Cada jogador deverá manter sua posição den-
tro de quadra, mesmo após o saque.
e. Nenhuma das alternativas apresentadas é
correta.

5. Sobre as regras do voleibol que aprendemos


no decorrer desta unidade, assinale Verdadei-
ro (V) ou Falso (F):
( ) O jogo só se inicia ou continua com pelo
menos 6 jogadores em quadra. Portanto, sem o
número mínimo não se pode iniciar a partida.
( ) Cada técnico tem direito a 6 substituições
durante um set. Lembrando que o atleta
substituído só pode retornar no set no lugar do
atleta que o substituiu.
( ) Cada técnico tem direito a um tempo por set.
( ) O técnico é o responsável por preencher a
ordem inicial de saque de sua equipe.
( ) Dentro da quadra o responsável pela

69
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Iniciação Esportiva
Francisco Martins da Silva, Rossini Freire de Araújo e Ytalo Mota
Soares
Editora: MedBook
Sinopse: o livro Iniciação Esportiva pretende atingir aqueles pro-
fissionais que estão iniciando na profissão ou aqueles que ainda
detêm pouca informação sobre o tema. Inicialmente, o livro se dedica às áreas correlatas,
como fisiologia, aprendizagem motora e psicologia. Posteriormente, são apresentadas as
modalidades esportivas, com seus respectivos referenciais históricos e os fundamentos téc-
nico-táticos. Para além dessas informações, os leitores poderão aproveitar as sugestões de
aulas para o início do trabalho nas diferentes modalidades esportivas.

Ouro, Suor e Lágrimas


Ano: 2015
Sinopse: o filme mostra os bastidores das seleções brasileiras
feminina e masculina e a trajetória dos técnicos na década mais
vitoriosa do Vôlei do Brasil. Acompanha os atletas, as vitórias e
derrotas, inclusive mostra como as derrotas impulsionaram a se-
leção feminina na conquista do ouro na olimpíada de 2008.
Comentário: este filme torna-se interessante para mostrar a rotina dos atletas e o trabalho
em equipe. Mostra o trabalho para se manter no topo do esporte mundial. Também mostra
como lidar com as derrotas e delas tirar força para recomeçar todos os dias e culminar com
o objetivo alcançado anos depois.

Este link traz todas as regras do voleibol indoor, interessante para os professores saberem as
regras e diminuírem suas dúvidas. Para conhece-lo, acesse o link disponível em: <http://2017.
cbv.com.br/pdf/regulamento/quadra/RegrasOficiaisdeVoleibol-2015-2016.pdf>.

70
referências

BIZZOCCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. Barueri:


Manole, 2004.
BOJIKIAN, J. C.; BOJIKIAN, L. P. Ensinando Voleibol. 5ª. ed. São Paulo: Phorte
Editora, 2012.
BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. Guaru-
lhos: Phorte Editora, 2002.
FREITAS, D. L.; BEUNEN, G. P.; MAIA, J. A. R. Maturação biológica: da sua
relevância à aprendizagem do método TW3. Revista Brasileira de Cineantropo-
metria Humana. v. 12, n. 5, p. 352-358, 2010.
GRECO, P. J.; BENDA, R. N. (orgs.). Iniciação esportiva universal: da aprendiza-
gem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
GROSSER, M. Capacidades Motoras. Treino Desportivo. 23, 23-32, 1983.
KRAEMER, W. J.; HAKKINEN, K. Treinamento de força para o esporte. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
SILVA, A. S. Treinamento físico para crianças e adolescentes. In: SILVA, F. M.;
ARAÚJO, R. F.; SOARES, Y. M (orgs.). Iniciação Esportiva. Rio de Janeiro: Me-
dBook Editora Científica, 2012. p. 1-18.
WEINECK, J. Treinamento ideal: instruções técnicas sobre o desempenho fisio-
lógico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9.
ed. São Paulo: Manole, 2003.

Referências On-line
¹ Em: <http://2017.cbv.com.br/pdf/regulamento/quadra/RegrasOficiaisdeVolei-
bol-2015-2016.pdf>. Acesso em: 25 maio 2017.
² Em: <http://www.fivb.org/EN/FIVB/FIVB_History.asp>. Acesso em: 25 maio
2017.
³ Em: <https://pt.slideshare.net/letymiura/atividades-de-equilibrio>. Acesso em:
25 maio 2017.

71
gabarito

1. D.
2. A.
3. F, V, V, V, V.
4. B.
5. V, V, F, V, V, V, V.
6. O importante é que você, futuro(a) professor(a), trabalhe essas capacidades moto-
ras durante uma aula de Educação Física por meio de atividades lúdicas e globais.
A técnica dos movimentos e as capacidades motoras devem ser trabalhadas sem a
exigência de um alto nível técnico. O objetivo é trabalhar as capacidades necessárias
para o voleibol de uma maneira prazerosa para o aluno. Agilidade: Pegando a cau-
da - Cada aluno receberá uma tira de jornal, que deverá ser colocado no cós da calça
nas costas, imitando uma cauda. Ao sinal do professor, cada aluno tentará roubar
a cauda dos colegas de turma e ao mesmo tempo proteger a sua. Ao final será feita
a contagem de quantas caudas cada um conseguiu pegar. Coordenação motora
(destreza): Estafeta - a turma formará uma fila. Será elaborado um percurso de ati-
vidades, primeira estação: pulos dentro de um caminho de arcos; segunda estação:
carregar uma bola com apenas uma mão se equilibrando em cima de uma corda
que estará no chão; terceira estação: correr entre os cones que estarão dispostos no
espaço em zigue-zague. O primeiro aluno da fila iniciará o percurso, ao voltar para a
fila, o próximo poderá sair, e assim sucessivamente, até todos participarem.

72
UNIDADE
III
FUNDAMENTOS TÉCNICOS BÁSICOS
DO VOLEIBOL

Professora Me. Nayara Malheiros Caruzzo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Posição de expectativa e movimentação básica
• Toque de bola por cima
• Manchete
• Saque por baixo
• Cortada

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o processo pedagógico de ensino da posição de
expectativa.
• Entender o processo pedagógico de ensino do toque.
• Estudar o processo pedagógico de ensino da manchete.
• Compreender o processo pedagógico de ensino do saque
por baixo.
• Estudar o processo pedagógico de ensino da cortada.
unidade

III
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), na Unidade l foram contemplados os aspectos pedagó-


gicos de ensino do voleibol. Você viu qual é a ordem dos fundamentos
que sugerimos aqui para o ensino e, portanto, é baseado nela que vamos
apresentar os processos pedagógicos dos fundamentos. Entretanto, o que
são fundamentos? Fundamentos são os gestos técnicos (motores) utiliza-
dos para prática do voleibol, isto é, a técnica aplicada ao jogo.
Desse modo, esta unidade se destina, especificamente, ao ensino dos
fundamentos, levando em conta a seriação em que utilizar-se-á o volei-
bol como instrumento de ensino e o número de aulas que, usualmente,
são destinadas à modalidade.
No entanto, o ordenamento de ensino proposto na Unidade l (Tópico
4) propõe que o saque por cima seja ensinado antes da cortada, pela si-
milaridade entre os movimentos. Porém, ao observar o contexto escolar
e os múltiplos conteúdos contidos nas diretrizes curriculares nacionais
da educação, há de se considerar que o tempo destinado às modalidades
dificilmente ultrapassará as 16 aulas por ano.
Dessa forma, tendo em vista que, na maioria das vezes, não há tempo
hábil para se trabalhar o saque por cima na Educação Física escolar, esta
unidade não contempla tal fundamento, mas sim os quais entendemos
serem essenciais para que o ensino da modalidade seja contemplado em
sua totalidade quando nesse contexto. Espero que aproveite o conteúdo
dessa unidade e o utilize em sua prática cotidiana.
Como já foi visto anteriormente, estaremos abordando os funda-
mentos técnicos da modalidade de forma sistemática, entretanto, sem
utilizar-se do método parcial. Isso porque acreditamos nas pesquisas re-
centes em que enfatizam a tática em detrimento da técnica. Nesse senti-
do, seguindo o processo progressivo associativo apresentado na Unidade
l, trabalharemos as etapas de ensino de cada fundamento e, ao final de
cada uma delas, a aplicação do fundamento na dinâmica do jogo.
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Posição de Expectativa e
Movimentação Básica
A posição de expectativa é um dos fundamentos do voleibol de mais
simples utilização e ensino. Deverá estar interligada ao ensino da movi-
mentação pela quadra, em um processo pedagógico único.

APRESENTAÇÃO DA HABILIDADE

Há três tipos de posição de expectativa: a) posição de expectativa alta


(na rede, que antecede a execução do bloqueio); b) posição de expec-
tativa média (que antecede a recepção da bola - passe ou defesa); e c)
posição de expectativa baixa (que antecede uma ação defensiva) (LER-
BACH; VIANA JÚNIOR, 2006; FIVB, 2011).

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 1 - Expectativa Alta Figura 2 - Expectativa Média


Fonte: UniCesumar. Fonte: UniCesumar.

Figura 3 - Expectativa Baixa


Fonte: UniCesumar.

79
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Visto que temos a intenção de trabalhar com a ini- dar, para distâncias curtas, para todas as dire-
ciação do voleibol, nos ateremos apenas à posição ções e quando a bola não está em jogo.
de expectativa dos jogadores que farão a recepção b. Deslocamentos: para troca de posição na
da bola (posição de expectativa média). Isso por- quadra, sem mudar, no entanto, a posição de
que os conteúdos dos fundamentos, bloqueio e expectativa do jogador (média, alta), utiliza-
do em todas as direções.
defesa, provavelmente não serão ministrados nes-
se contexto, tendo em vista o tempo disponibiliza- c. Passo cruzado: utilizado para percorrer
maiores distâncias e necessita de prática.
do para a modalidade no plano de ensino escolar.
d. Salto: pode ser utilizado com ou sem deslo-
Sendo assim, ao falarmos da posição de expectati-
camento prévio, para alcançar bolas altas ou
va, estaremos nos referindo à posição média.
muito distantes.
Na posição de expectativa média, as pernas
e. Corrida: com a finalidade de cobrir distân-
devem estar flexionadas levemente, com o quadril
cias maiores, é utilizada com passos peque-
próximo à altura dos joelhos e braços semiflexio- nos e rápidos.
nados na altura da cintura e à frente do corpo. Os
pés devem estar afastados na largura do ombro, Partindo da posição básica, o aluno realiza des-
com um pé ligeiramente à frente do outro. O peso locamentos em direção à bola que podem ocorrer
do corpo deve estar deslocado para frente, tanto em várias distâncias, porém muito raramente, isso
quanto for possível, de modo que os calcanhares acontecerá acima de 4,5 metros. Em média, os des-
não estejam apoiados no chão e o peso deve es- locamentos variam de 1,5 a 2m de distância. Como
tar apoiado na planta do pé de forma equilibrada os deslocamentos para trás são mais difíceis de se-
(LERBACH; VIANA JÚNIOR, 2006; FIVB, 2011). rem executados, recomenda-se que os professores
A posição de expectativa deve ser aprendida em posicionem seus alunos de forma que tenham maior
conjunto com as movimentações, que no terreno área de cobertura à frente, do que para trás (BOJI-
de jogo são classificadas em função do trabalho dos KIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012).
pés. Esse deslocamento pode ocorrer em direção à É importante entendermos que as movimenta-
bola ou para uma posição na quadra. São reconheci- ções e a posição de expectativa terão sido estimula-
das as seguintes movimentações (LERBACH; VIA- das na fase de iniciação ao voleibol mediante do Mi-
NA JÚNIOR, 2006): nivoleibol, por meio de alguns jogos. Dessa forma,
a. Passo simples: utilizado normalmente no an-

80
EDUCAÇÃO FÍSICA

esse fundamento será rapidamente contemplado em parados para a realização do movimento. Basica-
aula (talvez um ou dois encontros), de modo que, ao mente, os alunos devem ter em mente que: primeiro
perceber que os alunos estão realizando o movimen- chega-se na bola, para depois realizar o movimento.
to satisfatoriamente, o professor deverá avançar para Como vimos, para distâncias curtas, devemos
o próximo fundamento. estimular os deslocamentos (que ocorrem sem per-
Nesse momento, o professor irá corrigir alguns der a posição de expectativa) e podem ser realiza-
aspectos do deslocamento, de modo a tornar mais dos com passos cruzados ou com passos laterais (os
eficaz a movimentação durante o jogo. Nessa fase, professores podem fazer analogias com os passos de
os alunos costumam tocar na bola ainda em movi- caranguejos).
mento, ou então, sem estar à uma distância correta
da bola. Também é essencial enfatizarmos que, para
tocarem na bola, o deslocamento já deve ter ocorri-
do, de modo que os alunos estejam completamente

81
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MANCHETE


COM ANDAR CRUZADO
Link: https://vimeo.com/214841669/55426d5346

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MANCHE-


TE COM DESLOCAMENTO
Link: https://vimeo.com/214841917/9e38ef53ef

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MANCHETE


COM DESLOCAMENTO CORRIDA
Link: https://vimeo.com/214842086/4a8300fd25

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MANCHETE


COM SALTO
Link: https://vimeo.com/214842207/8fbb077c82

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MANCHETE


LATERAL
Link: https://vimeo.com/214842352/ab2fda86b7

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MANCHETE


LATERAL COM DESLOCAMENTO
Link: https://vimeo.com/214842418/8e0da481e9

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MANCHETE


PASSO SIMPLES
Link: https://vimeo.com/214842501/2c10d8ac0a

82
EDUCAÇÃO FÍSICA

SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA Exercícios educativos


• Executar o posicionamento dos pés, joelhos • Em duplas, um aluno segura uma bola baixa,
e pernas. na altura dos joelhos, para o outro encostar
• Acrescentar à posição anterior, o posiciona- as mãos na bola, em deslocamento para fren-
mento de tronco e braços. te, mantendo a posição de expectativa. Após
• Em duplas, um aluno corrige o posiciona- algumas execuções determinadas pelo pro-
mento do outro. fessor, troca-se os pares.

• Em duplas, realizam movimentação para di- • Mesmo exercício anterior, fazendo os deslo-
reita e esquerda, comandada por um aluno, camentos laterais. Após algumas execuções
enquanto o outro executa. Após algumas re- determinadas pelo professor, troca-se.
petições, alterna-se quem está executando. • Individualmente, os alunos fazem desloca-
• Mesma coisa, mas agora com deslocamentos mentos, em posição de expectativa, segu-
frente e trás. rando uma bola na altura do quadril, com os
braços semiflexionados.
• Alunos executam deslocamentos para todas
as direções, agora, em comando do professor. • Com a rede mais baixa que a altura oficial,
os alunos executam os deslocamentos frente
e trás, tocando na bola que seu companheiro
EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS está segurando do outro lado da quadra (isso
os forçará a realizar o deslocamento manten-
do a posição de expectativa).
Agora, após realizados os movimentos em algumas si-
tuações (diversas direções), começam aparecer alguns Exercícios formativos
erros de execução. Nesse momento, antes que os alu- • Vale reforçar que os exercícios formativos são
nos automatizem o movimento errado, o ideal é corri- referentes às capacidades motoras e visam
girmos o que não está satisfatório no movimento. Para desenvolver aspectos de força, flexibilidade,
isso, surgem alguns erros comuns aos executantes: velocidade etc.
• Não flexionar as pernas, mas sim o tronco. • Nesse caso da posição de expectativa e mo-
• Posicionar os braços muito baixo, para frente vimentação básica, são recomendados exer-
ou muito abertos. cícios que estimulam o desenvolvimento da
elasticidade e resistência dos quadríceps, co-
• Realizar os deslocamentos sem manter a po-
ordenação bilateral do aparelho locomotor.
sição de expectativa.

83
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

AUTOMATIZAÇÃO
• Em duplas, um aluno lança enquanto o outro Devemos lembrar que, de acordo com o que vimos
realiza deslocamentos para direções variadas na Unidade l, a automatização remete à repetição
(frente, trás, direita e esquerda), lançadas em nas mais variadas situações. Portanto, você, profes-
altura baixa, para que o aluno que a realiza sor(a), deve criar variações e novos exercícios, a par-
faça os deslocamentos e mantenha a posição
tir destes aqui apontados.
de expectativa. Após determinadas repeti-
ções ou tempo de exercício, o professor tro-
ca-se as funções. APLICAÇÃO
• Em grupos de duas pessoas, um lança e os de-
mais, em posição de expectativa, realizam o Jogos de iniciação (adaptados de GONZÁLEZ; DA-
deslocamento e devem pegar a bola antes que RIDO; OLIVEIRA, 2014).
caia no chão.
• Os alunos do lado B lançam a bola para os 1. Voos e chegadas:

alunos do lado A, que devem se deslocar para Ficar em grupos de 5 a 6 alunos, em círculo, espaça-
frente e manter a posição de expectativa ao dos a aproximadamente 1m de distância. O objetivo
segurar a bola. é lançar a bola de um para o outro, tentando man-
ter a bola no ar o maior tempo possível. Mover-se
enquanto observam a bola, chegar em boa posição
para pegar a bola antes que caia no chão. A fim de
criar maior competição entre os alunos, o professor
pode determinar uma competição entre os grupos.
Quem mantiver a bola no ar por maior tempo, ven-
ce. Pode variar a distância entre os alunos, aumen-
tando gradativamente.

2. Fogo cruzado:

Em grupos de quatro alunos, o jogo acontecerá de


2x2. As duas duplas estarão trocando lançamentos
a b de bola entre si. O objetivo é acertar a bola da outra
dupla no ar, se deslocando em posição de expec-
Figura 4 - Exercício de automatização tativa.
Fonte: adaptado de Bojikian, J.; Bojikian, L. (2012, p. 72).

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

Exercícios em forma de jogo


• Os alunos entram de 3 em 3 na quadra, agora • Times de 6 alunos, agora posicionados na
utilizando-se os 9m de largura, até a linha dos quadra oficial (9mx9m), realizam jogo idem
3m (9mx3m). O objetivo é derrubar a bola ao anterior, com o início de jogo sendo re-
no campo adversário e não deixar que a bola alizado por bola lançada do professor. En-
caia em seu campo, somente segurando e re- fatizar que os alunos devem esperar em po-
alizando lançamentos, mantendo a posição sição de expectativa e que devem realizar 3
de expectativa durante os deslocamentos. O toques, sendo a segunda bola para o jogador
professor que determina o mínimo de toques da posição 3, e o terceiro toque deve ser re-
para se passar a bola para o outro lado e se os alizado pelos jogadores posicionados na po-
alunos devem sair após realizar a ação para sição 2 ou 4.
que outros entrem e continuem o rally, ou se
esperam na quadra até que alguma equipe Jogo
efetue o ponto. Essa determinação pode va- • Visto o que fora exposto na Unidade l, não
riar de acordo com o número de alunos na indica-se a execução dos fundamentos ainda
turma. não ensinados. Desse modo, o jogo acontece-
Jogo Adaptado rá ainda segurando e lançando a bola, enfati-
zando a posição de expectativa e movimenta-
• Times de 4 alunos, dispostos na quadra de
ção, porém com aplicação das regras básicas
4,5mx9m (divide-se a quadra em duas partes,
(pisar na linha no momento do saque, toque
utilizando-se os 9m de extensão da quadra
na rede, invasão por baixo, contagem de pon-
por 4,5 de largura). Realiza-se uma compe-
tos, rodízio etc.).
tição entre duas equipes apenas segurando e
lançando a bola. No entanto, agora, determi-
na-se que deve ser realizado 3 toques em cada
equipe e que a segunda bola deve ser passada
para o jogador que encontra-se posicionado
na rede, para que este, por sua vez, escolha
um dos jogadores posicionados na linha de
frente (“atacantes”) e, então, estes passem a
bola para o outro lado da quadra.

85
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Toque de Bola
por Cima
Após ensinada a posição de expectativa e movimen-
tação básica, vamos seguir para o toque de bola por
cima, novamente passando pelas cinco fases do ensino.

APRESENTAÇÃO DA HABILIDADE

O toque de bola por cima é o fundamento mais ca-


racterístico do jogo (LERBACH; VIANA JÚNIOR,
2006). É realizado na altura da cabeça ou acima dela,
em que as mãos são flexionadas para trás, a fim de
encaixar-se na bola para que seja imediatamente en-
viada ao local desejado. Apresenta maior precisão
no controle da bola, comparado à manchete e é uti-
lizado principalmente em levantamentos (BIZZOC-
CHI, 2004).
Ainda assim, o professor deve mostrar aos alu-
nos a importância de se aprender a realizar o toque.
Isso porque, quando um grupo inicia a aprendiza-
gem do voleibol, ainda não sabemos quais serão
as crianças que futuramente atuarão como levan-
tadores. Além disso, os demais jogadores também
se utilizam deste fundamento durante o jogo, para
recepções altas (BIZZOCCHI, 2004; BOJIKIAN, J.;
BOJIKIAN, L., 2012).
O toque de bola pode ser dividido em três fa-
ses: Entrada sob a bola, Execução e Término do
Movimento.

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

Entrada sob a bola


Nesta primeira fase, as pernas e os braços devem es-
tar semiflexionados, com a bola acima da cabeça. As Os dedos polegares e indicadores formarão uma fi-
pernas flexionadas com afastamento lateral na lar- gura aproximada de triângulo.
gura do ombro, com um pé ligeiramente à frente do
outro. O tronco inclinado para frente, de modo que
os braços estajam posicionados acima da altura dos
ombros, com os cotovelos abertos lateralmente em
relação ao tronco.

Figura 6 - Posição de mãos toque de bola


Fonte: UniCesumar.

Execução
Todo o corpo participa da execução do toque. O
contato será realizado com a parte interna dos de-
dos, realizando uma pequena flexão de punhos. Os
braços e as pernas deverão se estender, efetuando,
Figura 5 - Entrada sob a bola toque de bola assim, uma transferência de peso do corpo da perna
Fonte: UniCesumar.
de trás para a da frente.

87
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Término do movimento
Ao final do movimento, o corpo terminará todo es- É importante destacar que, em um primeiro mo-
tendido e o impulso procede do movimento de per- mento da aprendizagem, recomenda-se que os alu-
nas, que continua por meio da extensão do corpo até nos aprendam apenas o toque de frente, para depois
transmitir o toque na bola. aprenderem suas variações.

SAIBA MAIS

As variações de toque, na maioria das vezes,


utilizados para execução do levantamento,
podem ser executados em qualquer das pos-
turas básicas: alta, média ou baixa.
Esses tipos são: 1. Para frente; 2. para trás; 3.
Lateral; 4. com rolamento e 5. em suspensão
(com 1 ou 2 mãos). Este último, muito utilizado
pelos levantadores nos times de alto rendi-
mento e chamado por alguns, de recurso.

Fonte: a autora.

SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA
• Lançar a bola para cima e para frente, correr e
agarrar a bola na posição do toque.
• Em duplas, um lança a bola alta em diferentes
direções, para que o outro aluno corra e agar-
re a bola na posição do toque.
• Ficar de cócoras, atrás de uma bola parada no
solo, com um dos pés ligeiramente à frente
do outro.
• Idem ao posicionamento anterior, colocar as
mãos sobre a bola de modo que forme o tri-
ângulo com o posicionamento dos dedos.
• Idem ao anterior, elevar a bola sobre a testa
(cerca de um palmo da testa).
• Idem ao anterior, acrescentar extensão de
pernas e braços (terminando o movimento
Figura 7 - Término do movimento toque de bola em pé, com os braços estendidos à frente do
Fonte: UniCesumar.
corpo, segurando a bola).

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Repetir o movimento anterior, agora lançan-


do a bola para cima, no momento em que es-
tiver realizando a extensão de pernas.
• Semelhante ao exercício anterior, mas após
lançar a bola para cima, realizar, na sequên-
cia, um toque, com movimentos de extensão
e flexão de braços e pernas.
• Idem ao anterior, realizando uma sequência
de dois toques.
• Em duplas, um lança bola para o outro rea-
lizar toques (o professor determina número
de repetições ou de tempo de exercício, para
troca de funções).
• Em duplas, ambos alunos realizam toques.
Trocam toques entre si.
• Forma-se 4 colunas de cada lado da rede para
trocarem toques com as respectivas colunas
(após execução, vai para o final da fila e o
próximo aluno executa o movimento).

EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS

Após as primeiras tentativas nas práticas delibera-


das, começam a surgir os erros de execução. Nes-
se momento, devemos identificar os mais comuns
para, então corrigi-los.

Erros mais comuns:


• Não se posicionar embaixo da bola.
• Não coordenar extensão de braços e pernas.
• Posicionamento incorreto de mãos e cotovelos.
• Falta de força para enviar a bola (corrigido
com exercícios formativos).

89
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Figura 8 - Erros comuns - Toque

Toque 4 - Mãos muito baixas

Toque 5 - Mãos separadas

Toque 2 - Mãos Deselinhadas

Toque 6 - Cotovelos muito afastados

Toque 7 - Dedos unidos

Toque 3 - Mão muito à frente

Toque 1 - Corpo e pernas mal posicionadas Toque 8 - Cotovelos muito unidos

Fonte: Unicesumar.

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

Exercícios educativos
• Em duplas, um aluno lança a bola em dife- se levantar e realizar o movimento de exten-
rentes direções para que o outro se desloque são de braços, enquanto realiza a extensão e
e, ao chegar embaixo da bola, agarre em posi- transferência de peso de pernas (se observar-
ção inicial do toque. mos atentamente, o movimento de se levan-
• Individualmente, os alunos realizam toques tar é muito similar ao movimento de transfe-
para cima, dentro de um círculo que eles rência de peso que queremos ensinar).
mesmos desenharam no chão (com diâmetro
Você, enquanto professor(a), decidirá quais exercí-
aproximado de 1,5m).
cios aplicará em sua turma. A seleção dos exercícios
• Individualmente, os alunos realizam toques
vai depender de quais erros seus alunos estiverem
deixando quicar a bola no chão entre um to-
que e outro, para que tenham que entrar em- apresentando.
baixo da bola para realizar o movimento.
• Em duplas, um aluno fica sentado, com a Exercícios formativos
bola nas mãos em posicionamento indicado • Sentados, utilizando-se de medicine ball (ou
(dedos formando um triângulo), enquanto caso não tenha disponível na escola esse ma-
o outro aluno segura a bola, de modo a não terial, podemos utilizar bolas de basquete), os
deixar que a bola saia das mãos do aluno que alunos devem realizar o movimento do toque
está realizando o movimento e oferecendo para cima.
uma pequena resistência (sobrecarga). Isso • Em pé, realizar toques para cima ainda com
permite que o aluno que executa, aumente a bola de medicine ball.
percepção do trabalho muscular necessário • Individualmente, a uma distância próxima da
para realização do movimento, o que auxilia parede, realizar toques na parede com bola de
na correção e automatização do movimento, basquetebol.
por meio da cinestesia proporcionada.
• Exercício igual ao anterior, mas agora em pé,
para que o aluno possa vivenciar o movimen-
to de braços e pernas (por meio da transfe-
REFLITA
rência de peso).
• Em duplas, um aluno começa sentado (em
uma cadeira, banco de reservas, arquibanca- Refletindo sobre sua futura prática peda-
da) com um pé encostado no banco e o outro gógica: como oportunizar aos seus alunos
posicionado a frente, enquanto o outro terá experiências positivas na Educação Física Es-
colar? Como planejar as aulas para atender à
a função de lançar a bola. O aluno lançará a
diversidade de alunos?
bola para cima, próximo de quem estará sen-
tado, de modo que o aluno que executa deve

91
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

AUTOMATIZAÇÃO APLICAÇÃO

JOGOS DE INICIAÇÃO
Nessa fase, o importante é ter grande volume de prá-
tica. Para isso, você deve adaptar os exercícios aqui 3. Jogadas confiáveis:

sugeridos à realidade em que atua, como a quanti- Os alunos devem preparar-se para receber a
bola (posição de expectativa), e retornar para sua
dade de bolas, disponibilidade de paredes, número posição original após a rebatida, assim, sugerimos
de alunos etc. realizar a atividade em um espaço de 3m x 3m, uti-
• Repetição na parede em séries longas (20 a 30 lizando a linha dos 3m como linha de fundo. Desse
modo, é possível fazer 3 quadras de cada lado, de
repetições), à uma distância de aproximada-
modo que as crianças jogarão contra as respecti-
mente 1m. vas “quadras” de frente da sua. O objetivo é tentar
• Em duplas, trocas de passes, à uma distância manter a bola no jogo, concentrando-se em jogá-la
de 2m aproximadamente. por cima da rede e dentro da quadra.
Caso tenham muitos alunos na turma, pode pedir para
• Idem ao anterior, ir aumentando a distância que o aluno execute a ação e saia para que o próximo
progressivamente. da fila receba e envie a bola, e assim por diante.
• Ainda em duplas, posicionados a 4m de dis- Variação: idem ao anterior, porém o aluno fica na
quadra até a finalização do ponto, em que o objeti-
tância aproximadamente na linha de fundo, vo da atividade é, agora, fazer com que a bola toque
trocar toques e ir se movimentando lateral- a quadra adversária.
mente, em direção à rede. Realizar dos dois
4. Longe e perto, lado e lado:
lados da quadra (para que mais alunos reali-
zem o movimento ao mesmo tempo). Delimitar o tamanho da quadra conforme o professor
julgar adequado, tendo em vista que o jogo será de
• Três alunos estarão posicionados na rede (po- 1x1. O professor determinará alvos na quadra (que
sição 4, 3 e 2), de frente para a quadra em que pode ser desenhado ou demarcado com objetos,
estão, para lançarem bolas às posições 5, 6 e como cordas, cones e colchonetes). Esses alvos estarão
1, respectivamente. Os alunos que irão exe- dispostos na quadra na frente e atrás ou um em cada
lado da quadra, em que o objetivo é acertar o alvo
cutar estarão em colunas ao final da quadra adversário com o toque da bola no chão (que deve ser
e se deslocarão para realizar o toque de uma enviada por meio do toque de bola sobre a rede).
bola que será lançada pelos alunos que estão Variações: jogo 2x2, 3x3 e quanto à pontuação (exem-
posicionados na rede. Após realizar o movi- plo: só vale ponto, se a bola cair no alvo. Caso caia fora
mento, vai para o final da fila, revezando en- do alvo, não conta ponto para a equipe).
tre as colunas. O exercício deve ser realizado
do mesmo modo, do outro lado da quadra.
• Semelhante ao anterior, porém, agora realiza-
-se o toque de bolas lançadas nas três posições
(1, 6 e 5), utilizando de deslocamento lateral
(caranguejo). De mesmo modo, do outro
lado da quadra o exercício deve ser realizado.
• Idem ao anterior, mas agora inverte-se a
ordem das posições (5, 6 e 1). De mesmo
modo, o exercício deve ser realizado do outro Figura 9 - Jogo de rede
lado da quadra. Fonte: adaptado de Brasil ([2017], on-line)1.

92
EDUCAÇÃO FÍSICA

Exercícios em forma de jogo


• Os alunos da coluna A lançam para os alu- • Idem ao anterior, mas agora os alunos que
nos da coluna B que, por sua vez, realizam o estão na posição do levantador (B), se des-
levantamento para os da coluna A, os quais o locam para realizar o levantamento. Após a
ataque para outro lado. Todos os movimentos realização das ações, os alunos trocam de co-
devem ser realizados de toque. Após a reali- luna no sentido da bola.
zação das ações, os alunos trocam de coluna
no sentido da bola.

B
A

B
A
B

C
A

Figura 10 - Exercício de aplicação, com ação completa: passe, levanta- Figura 12 - Exercício de aplicação, de uma ação completa
mento e ataque (realizados por meio de toque de bola por cima) Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012).

Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012).

• Idem ao anterior, com deslocamento do “le-


• Os alunos da coluna A, lançam a bola para a vantador” para realizar o movimento. Porém,
coluna B, que realizam o levantamento para agora, o professor lança a bola para a coluna
os alunos da coluna C realizarem o “ataque” A iniciar a ação, que passará para coluna B,
para o outro lado sobre a rede. Todos os que enviará a bola para a C dar o toque sobre
movimentos devem ser realizados de toque. a rede, para o outro lado da quadra. Após a
Após a realização das ações, os alunos trocam realização das ações, os alunos trocam de co-
de coluna no sentido da bola. luna no sentido da bola.

B
C

A
B
A

B
A C

C
Figura 13 - Exercício de aplicação, de uma ação completa, com
Figura 11 - Exercício de aplicação, de uma ação completa lançamento de bola para execução do passe
Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012). Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012).

93
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

• Similar ao exercício anterior, porém com os • Exercício de continuidade: o primeiro aluno da


alunos da coluna B se deslocando até a rede coluna A lança a bola em direção à coluna A
para efetuarem o levantamento após a execu- do lado oposto. O primeiro aluno dessa coluna
ção do passe pelos colegas da coluna A. Após recepcionará, realizando um passe (utilizando
a realização das ações, os alunos trocam de o toque) para a coluna B, que efetuará um le-
coluna no sentido da bola. vantamento para a coluna C, que atacará a bola
(por meio de toque) para a coluna A do outro
lado da quadra, que dará continuidade do exer-
B cício da mesma forma do que fora realizado.

B
A
B
A
C
A
B

Figura 14 - Exercício de aplicação, de uma ação completa, com lança-


C
mento de bola para execução do passe e deslocamento do levantador
Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012).
Figura 16 - Exercício de aplicação com ação de continuidade
Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012).
• O professor lançará uma bola para a coluna
A ou B, alternando de forma aleatória. Se o • Exercício de 6x6. A quadra deve ser dividida
lançamento for em direção da coluna A, os ao meio, demarcada com giz ou corda. O saque
alunos da coluna B, se deslocam até a rede, é realizado por meio de toque e os três toques
onde receberão o passe e realizarão o levanta- são obrigatórios, de modo que o primeiro toque
mento para o aluno que efetuou o passe. Caso deve ser direcionado ao aluno que encontra-se
o professor lance a bola para a coluna B, os na rede, para que este realize o “levantamento”
papéis se invertem. Executadas as tarefas, os para um dos alunos que estão nas posições de
alunos devem trocar de coluna. ataque. O jogo acontece de dois contra dois, e
a rotação acontece para quem perder o ponto.
Levantador
corre
A

Figura 17 - Exercício de aplicação com ação completa de continuidade


Figura 15 - Exercício de aplicação, com alternância de lançamento/sa- Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012).
que do professor para as colunas
Fonte: adaptada de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012). • Idem ao exercício anterior, porém com equi-
pes de 4x4.

94
EDUCAÇÃO FÍSICA

JOGO ADAPTADO Jogo


• Os alunos estarão posicionados na quadra, Nessa etapa, os alunos jogarão em time de seis joga-
de acordo com o jogo formal. O professor dores, porém algumas regras devem ser adaptadas,
lança uma bola para os alunos que ocupam visto que o jogo será realizado apenas com o toque
as posições 2, 1, 6, 4 ou 5, para que estes rea- de bola (pois ainda não aprenderam os demais).
lizem o toque direcionado à posição 3. O alu-
• O saque será efetuado por lançamento ou por
no que estiver nessa posição, efetuará o toque
toque, de dentro da quadra, na posição 1, em
direcionado às posições 2 ou 4, para que estes
lugar determinado pelo professor.
ataquem a bola, utilizando-se do toque.
• Pode ser exigido ou não os três toques para cada
• Igualmente ao exercício anterior, porém após
equipe, sendo determinado pelo professor.
a realização dos três toques (finalização do
ataque - com toque, enviando a bola para o • O professor pode determinar que o ataque
outro lado), os alunos realizam um rodízio seja direcionado para zona de defesa (posi-
(6x0), para que todos vivenciem a posição 3, ções 1, 6 e 5).
destinada ao levantador. • Regras como contagem dos pontos, toque na
rede, invasão por baixo e rodízio devem se-
• Similar ao exercício anterior, porém, os três
guir as regras oficiais.
alunos que tocaram na bola devem sair e
outros três entrarem em seu lugar. Esse mo- • Para que mais alunos participem, o professor
delo de exercício é ideal quando há muitos pode determinar a substituição dos alunos
alunos em uma aula. Isso permite que mais que cheguem a uma determinada posição
alunos participem da aula, tornando-a mais (por exemplo: sempre que chegarem na po-
dinâmica. sição 1, entra em quadra um aluno que esta-
va de fora para realizar o saque e continuar
• Colocar dois times em quadra. O professor
o rodízio, até chegar novamente na posição
lançará a primeira bola, devendo as equipes
1. Assim, em cada rodízio, entrará um novo
trocar bolas, até que uma delas faça o pon-
aluno em quadra).
to. Os alunos que tocaram na bola ainda
devem sair e outros três entrarem em seu Lembre-se que o nível de complexidade do exercício
lugar. Ainda, sempre após a bola ser envia- indicado dependerá de qual turma você irá aplicar
da ao lado oposto, a equipe deve realizar as atividades. As turmas mais novas têm dificulda-
um rodízio (mesmo com a bola em movi-
des de assimilar muitas regras e informações, neces-
mento no rali).
sitando de exercícios mais simples.

95
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Manchete

A
manchete é o fundamento que utiliza, para sua execução, os
dois braços unidos, normalmente utilizado para recepções
de saques e defesas de cortadas, e também utilizado como re-
curso no levantamento. O aluno executa uma ação de ataque
à bola, que toca em seu antebraço e, por isso, suporta melhor os fortes
impactos, comparado aos dedos, utilizados no toque, por exemplo (BI-
ZZOCCHI, 2004; LERBACH; VIANA JÚNIOR, 2006).

APRESENTAÇÃO DA HABILIDADE

É um fundamento defensivo, realizado com os braços estendidos à fren-


te do corpo, em que a bola toca no antebraço, normalmente à altura do
quadril.

96
EDUCAÇÃO FÍSICA

Entrada sob a bola


As pernas devem estar como no toque, semiflexio-
nadas, afastadas lateralmente a uma distância seme-
lhante à largura dos ombros, com um pé ligeiramen-
te à frente do outro. Os braços estarão estendidos e
unidos à frente do corpo. Os dedos (unidos) de uma
mão devem estar sobrepostos aos da outra, de forma
que quando fecharmos as mãos, os polegares estarão
paralelamente estendidos.

Figura 18 - Mãos da Manchete Figura 19 - Posição de entrada na bola (Manchete)


Fonte: UniCesumar. Fonte: UniCesumar.

97
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Ataque à bola SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA


No movimento de ataque à bola, as pernas se esten-
Exercícios preparatórios
derão, o peso do corpo é transferido para a perna
da frente e os braços permanecem sem movimento, • Utilizando apenas um braço, manter a bola no ar,
fazendo o contato desta com seu antebraço, em
firmes e com a musculatura contraída. O impacto movimento de ataque similar ao da manchete.
da bola ocorre nos antebraços que devem estar es- • Idem ao exercício anterior, utilizando o braço não
tendido. dominante.
• O aluno deve trocar passes entre seus braços, fa-
zendo o ataque na bola com seu antebraço, man-
Término do movimento
tendo a bola no ar.
Os braços ainda estendidos e unidos permanecem • Em duplas, de mãos dadas, os alunos devem tro-
após o contato com a bola, podendo ser elevado até car passes, utilizando apenas um deles para tocar
a altura aproximada dos ombros. A perna de trás fi- a bola, que deve ser atacada com seu antebraço,
similar ao exercício anterior.
naliza o momento estendida, de modo a obter uma
transferência de peso para a perna da frente. Obs: esses exercícios podem ser utilizados em forma
de competição e sobre a rede. A partir destes, você,
É sugerido que, aos poucos, a manchete lateral
enquanto professor, pode fazer as variações confor-
seja introduzida, de forma que com a sua utilização, me queira.
o atleta possa cobrir grandes áreas da quadra (LER- Exercícios para aprendizagem:
BACH; VIANA JÚNIOR, 2006; BOJIKIAN, J.; BO- 1. Sentados no chão, com as pernas afastadas, os alu-
JIKIAN, L., 2012). nos devem executar o posicionamento de mãos.
2. Ainda sentados, com o posicionamento correto de
mãos, os alunos devem realizar o posicionamen-
to de braços, paralelamente ao solo, procurando
200m aproximar os cotovelos e extensão dos punhos
(em direção ao solo).
140m 3. Idem, fazendo a movimentação da manchete (do
Movimento solo até a altura dos ombros).
em pé 4. Em pé, realizar o movimento coordenando braços
e pernas, ainda sem a bola.
5. Em posição fundamental média, o companheiro
pressiona a bola contra a superfície de contato da
2x2
manchete com os antebraços, fazendo pequena
150m 120m 120m 150m com bola
presa pressão sobre a bola, de modo que fique presa no
antebraço do colega e este realize o movimento
de manchete.
6. Colocar a bola sobre os braços, largá-la no chão,
0,50m
2x2 com deixá-la quicar e, novamente, tocá-la executando
100m
lançamento o movimento de manchete.
7. 2x2: um lança a bola para que o outro execute a
120m
manchete, a uma distância aproximada de 3m.
Enfatizar a posição de expectativa enquanto es-
Figura 20 - Possível abrangência total da manchete pera a bola.
Fonte: adaptado de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012).

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS Exercícios educativos


• Em duplas, um lança a bola por baixo da rede,
Erros mais comuns: para que o outro aluno execute a manchete por
• Flexionar os braços na realização do movi- baixo da rede, de modo que, ao finalizar a man-
mento. chete (aproximadamente na altura do ombro),
os braços toquem no bordo inferior da rede.
• Não flexionar as pernas.
Enfatizar que os braços devem permanecer es-
• Tocar as mãos na bola. tendidos e as pernas devem estar flexionadas.
• Flexionar o tronco e não os joelhos. • Similar ao anterior, porém a bola será lança-
• Não coordenar movimentos de braços com da por cima da rede, de modo que o aluno
os da perna. que executa deva rebater a bola bem baixa,
devolvendo-a por baixo da rede. Enfatizar a
Figura 21 - Erros mais comuns aos flexão de pernas. Ainda em duplas, alunos
aprendizes do fundamento trocam manchetes por baixo da rede. Enfati-
zar a flexão de pernas e transferência de peso
da perna de trás para a perna da frente, além
da manutenção dos braços estendidos.
• Em duplas, um aluno iniciará a atividade
sentado em uma cadeira (banco, arquibanca-
da etc.), e receberá uma bola lançada à sua
frente, para que realize a manchete e termine
o movimento em pé.
• Realizar manchetes na parede à uma distân-
cia de, aproximadamente, 1m.
• Realizar manchetes dentro de um círculo de-
1 - Flexionar o
senhado no chão, com raio aproximado de
tronco e não os joelhos 2 - Pernas unidas 2m, controlando sucessivos passes para cima.
• Repetir o movimento de manchete, com so-
brecarga de um companheiro, que fará pres-
são no antebraço do colega com uma bola,
permitindo, assim, sentir o trabalho dos
músculos mais solicitados.

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL -


EXERCÍCIO EDUCATIVO MANCHETE
3 - Tronco flexionado
e pernas extendidas 4 - Braço flexionado Link: https://vimeo.com/214842604/42e252f51a

Fonte: UniCesumar.

99
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Exercícios formativos
• Similar ao último exercício apontado, reali-
zar o movimento da manchete, enfatizando
as pernas flexionadas e os braços estendidos,
segurando uma bola de medicine ball de 1
ou 2 kg (caso não tenha disponível, utilize
uma bola de basquete e aumente o volume do
exercício).

AUTOMATIZAÇÃO

Todos os exercícios sugeridos para automatização


do toque de bola por cima podem ser utilizados ago-
ra usando a manchete.
Individualmente na parede:
• Em duplas, realizando manchetes na parede,
de forma alternada.
• Realizar manchetes em 2 a 3 pontos da quadra.
• Em duplas, realizar manchete andando na
lateral da quadra, percorrendo toda quadra,
em uma distância aproximada de 4m.

APLICAÇÃO

Nesta fase do processo metodológico, devem ser


utilizados os mesmos exercícios apontados para o
toque de bola. Torna-se importante ressaltar que,
para garantir a eficiência do método progressi-
vo-associativo, sugere-se que nos exercícios de
aplicação seja orientado aos alunos realizarem a
primeira bola de manchete, a segunda (referente
ao levantamento), de toque e a última (ataque) de
toque ou manchete.
Para o jogo adaptado e o jogo, utilizar-se prio-
ritariamente apenas desses dois fundamentos (além
da posição de expectativa), visto que foram os úni-
cos aprendidos até o momento.

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

101
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Saque por Baixo


O saque do voleibol é o primeiro fundamento exe-
cutado no jogo e é o único classificado como habi-
lidade fechada, pois depende, exclusivamente, do
executante e não tem interferência ambiental dos
adversários. Na escola recomenda-se seu ensino, em
detrimento do saque por cima (ou tipo tênis), tendo
em vista sua complexidade de execução.

APRESENTAÇÃO

O jogo de voleibol inicia-se com o saque, pelo jo-


gador que ocupar a posição 1 e que estará atrás da
linha de fundo, podendo ocupar qualquer lugar na
zona de saque.

Fase preparatória
O jogador de frente para rede, pés afastados em po-
sição de passo, pernas ligeiramente flexionadas em
posição contralateral, corpo equilibrado, com tron-
co inclinado para frente. O braço que segura bola
(braço não dominante) deve estar à frente do corpo
e um pouco ao lado, na direção do braço batedor. A
mão do impacto ficará atrás do quadril, em forma de
concha ou copinho.

102
EDUCAÇÃO FÍSICA

Posição 1 Posição 2

Posição 3 Posição 4

Posição 4
Figura 22 - Saque por baixo - Posição
Fonte: UniCesumar.

103
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Execução Término do movimento


O braço batedor faz o movimento de pêndulo, que Com o golpe na bola e a transferência do peso do
deve alcançar a bola por baixo, enquanto o peso do corpo para a perna da frente, há uma tendência
corpo é transferido para a perna da frente. A batida natural de a perna de trás ser lançada para frente, a
acontecerá na altura do quadril e o movimento deve qual deve ser aproveitada para realizar o passo que
ser contínuo, sem pausas entre as fases. introduzirá o jogador na quadra novamente.
Recomendamos o não lançamento da bola no
momento da batida, e sim uma rápida substituição
da mão que sustenta, pela mão que golpeia. Isso por-
que lançamentos muito altos geram imprecisões, as
quais levam a erros.

Figura 24 - Saque por baixo - Término do movimento


Fonte: UniCesumar.

SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA
• Em duplas, um aluno lança para o outro, uma
bola rasteira, semelhante ao movimento do
boliche, de modo que ela seja lançada com
o braço estendido, vindo de trás para frente,
acompanhado de flexão e extensão das per-
nas, com transferência de peso da perna de
trás para perna da frente.
• Idem ao exercício anterior, com o aluno
acentuando a flexão das pernas e lançando o
braço para frente e para cima, de modo que a
Figura 23 - Saque por baixo bola realize uma parábola alta.
Fonte: UniCesumar.

104
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Realizar o movimento de saque por baixo, te o trabalho de pernas e bata na bola (por
sem a bola. O professor deve questionar os baixo da rede), mantendo o braço estendido
alunos sobre qual a semelhança do movi- até o final do movimento. O aluno que segura
mento completo do saque que realizaram não deve permitir que a bola saia de sua mão
sem a bola, com os exercícios que estavam quando golpeada pelo colega.
realizando (enfatizar o movimento de per- • Sacar ao lado de uma parede, procurando
nas e a transferência de peso de uma perna movimentar o braço paralelamente à ela.
para outra).
• A uma distância próxima à rede (1 a 2m), em
• Efetuar saques contra uma parede, a diferen- duplas, os alunos sacam fazendo a bola pas-
tes distâncias (aumentar a distância, confor- sar por cima da rede e cair na zona de ataque
me o aluno adquirir segurança). da outra quadra.
• Efetuar saques em direção a um companhei-
ro, a diferentes distâncias. Exercícios Formativos
• Efetuar saques por cima da rede, aumentan- Realizar os dois primeiros exercícios da sequência
do gradativamente a distância (podendo ser pedagógica com bolas de medicine ball ou bolas de
iniciado a partir da linha dos 3m). basquete (caso a escola em que você trabalhe não
• Sacar buscando um objetivo no campo possua esse material).
contrário.
AUTOMATIZAÇÃO
EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS • Dispostos em colunas, sacar por cima da
rede, para coluna respectiva, iniciando a cur-
Erros mais comuns: tas distâncias, aumentando gradativamente.
• Flexionar o braço no momento da batida. • Sacar na parede, procurando atingir um alvo
• Não utilizar a transferência de peso das per- ou alguma altura predeterminada.
nas para sacar. • Sacar livremente, em direção à quadra con-
• Não lançar o braço para frente, em direção ao trária.
seu objetivo. • Sacar procurando acertar alvos colocados
em diferentes pontos da quadra oposta (co-
locar alvos de ambos os lados, para que os
Exercícios Educativos
alunos possam ser distribuídos para realizar
• Em duplas, por baixo da rede, um aluno se- o saque. Os alvos podem ser cones, arcos,
gura firme a bola do seu lado da quadra, pró- coletes espalhados pelo chão ou qualquer
ximo a rede, para que o outro aluno execu- material disponível).

105
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

APLICAÇÃO
Exercícios em forma de jogo
• Os alunos da coluna A sacam para os alu- • Igual ao anterior, mas o aluno que recebeu a
nos da coluna B, que receberão de toque ou bola (coluna B) faz o deslocamento para ata-
manchete. A frente dos receptores haverá car a bola que será levantada pela coluna C.
um aluno (um para cada fila) que será res-
ponsável por segurar a bola recepcionada
A B
e passá-la à fila do saque. Os sacadores vão
aumentando a distância, a medida que se C
sentirem confiantes. As três colunas sacam,
para suas respectivas colunas da frente, re- A C B

cepcionar a bola.

Com recepção Figura 27 - Exercício de aplicação de ação completa: saque, passe, levan-
tamento e ataque (realizados por meio de toque ou manchete).
Fonte: adaptado de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012, p. 87)

Jogo adaptado
Podem ser utilizados os mesmos exercícios indi-
A B cados para a aplicação do toque de bola por cima
e da manchete, com os alunos utilizando o saque
por baixo, em substituição do lançamento de bola
de professor. Nos exercícios em que os alunos lan-
Figura 25 - Exercício de aplicação do saque
Fonte: adaptado de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012, p. 87). çam a bola para iniciar o jogo, eles passam a sacar
por baixo.
• Os alunos da coluna B recepcionam a bola de
saque dos alunos da coluna A. Os alunos da
coluna C levantam a bola para que os alunos Jogo
da coluna D ataquem para o outro lado, de Os mesmos exercícios sugeridos à aplicação do
toque ou manchete. toque e manchete, com os alunos utilizando o sa-
que por baixo para substituir o envio da bola do
D A professor e o lançamento dos alunos para iniciar
B C a partida.
C

A D

Figura 26 - Exercício de aplicação do saque, de uma ação completa


Fonte: adaptado de Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012, p. 87).

106
EDUCAÇÃO FÍSICA

107
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Cortada

A
cortada é o fundamento mais frequentemente utilizado para execu-
ção do ataque por ser um fundamento de grande efetividade. Dentre
as crianças, comumente é o fundamento pelo qual elas mais anseiam
aprender, visto seu destaque perante os demais. Podemos fazer uma
analogia ao “gol” do futebol, por exemplo.

APRESENTAÇÃO

A cortada é o fundamento que finaliza a maioria das ações ofensivas e visa enviar,
por meio de um golpe forte, realizado durante um salto, a bola no solo adversário, de
forma que, geralmente, encerra o rali. É considerada o gesto técnico mais complexo
do voleibol, devido às dificuldades de execução das várias fases em conjunto (coorde-
nação de vários movimentos). As cortadas exigem, para seu domínio, força, velocida-
de, destreza e precisão e, normalmente, é composta por cinco etapas: deslocamento,
chamada, salto, fase aérea e queda.

108
EDUCAÇÃO FÍSICA

Fases da cortada 1 Fases da cortada 2

Fases da cortada 3 Fases da cortada 4

Fases da cortada 5 Fases da cortada 6

Fases da cortada 7 Fases da cortada 8

Figura 28 - Fases da cortada


Fonte: UniCesumar.

109
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Deslocamento a ajuda do tronco que, ao final do movimento, está


Geralmente realizado em duas ou três passadas de flexionado para frente. A batida na bola é tida aci-
corrida, definidas em função do levantamento, com ma do seu eixo horizontal, pela palma da mão. A
os braços semiflexionados ao lado do corpo. Quan- articulação do punho deve flexionar, para imprimir
do realiza as três passadas, o início é com o pé es- rotação na bola e aumentar as chances de acertar a
querdo à frente, a primeira passada é com o pé di- quadra adversária.
reito, depois, uma dupla (simultânea), de forma que
a esquerda chegue à frente da direita. Quanto maior Queda
a aceleração, maior a probabilidade de boa impulsão Após a batida na bola, com o corpo flexionado à
(BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L., 2012). frente, a queda ocorre com a ponta dos pés tocando
o solo primeiro, com as pernas flexionadas, a fim de
Chamada amortecer o queda e recuperar o equilíbrio.
Após o deslocamento, ambos os pés em contato com Nas bolas levantadas distantes da rede, o atacan-
o solo (com o esquerdo mais a frente, no caso dos te deve encurtar as passadas ou diminuir sua quan-
destros), com afastamento lateral pouco menor que tidade para não passar da bola.
a largura dos ombros. O tronco estará inclinado
para frente, com os braços estendidos para trás do
corpo, pernas flexionadas a aproximadamente 90º,
de modo que os quadris fiquem posicionados atrás ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - CORTADA
dos calcanhares. Link: https://vimeo.com/214842689/e43e01fb6c

Salto
É executado com rápida extensão das pernas e ajuda
dos braços e tronco, que são lançados para cima. Os Jogador canhoto
pés tocam o chão primeiro com os calcanhares e a Como não são a maioria da população, em alguns
última parte a perder o contato com o solo são as momentos, os canhotos são esquecidos, ao planejar-
pontas dos pés. mos as atividades, de modo que o jogo é baseado na
facilidade para o destro. Por isso, devemos nos aten-
Fase aérea tar a isso e fazer algumas adaptações para os canhoto.
Os braços são lançados para cima. O braço bate- A principal delas é na fase da chamada da cor-
dor continua seu movimento para trás da cabeça, tada, em que o canhoto deve iniciar com a perna
semiflexionado, passando sobre a linha do ombro, direita a frente, de modo que posicione o ombro es-
na máxima amplitude escapuloumeral. O braço de querdo mais distante da rede. Além disso, se para os
equilíbrio se mantém estendido à frente do corpo e destros a melhor posição para o ataque é a posição
ocorre uma hiperextensão do tronco. 4 (entrada de rede), para os canhotos a melhor po-
O ataque deve ocorrer no ponto mais alto do sição é a 2, na saída de rede, pois recebem a bola
salto, aproveitando os movimentos dos braços, com levantada da esquerda para a direita.

110
EDUCAÇÃO FÍSICA

SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA
• Os alunos realizam sem a bola o movimen- • fazer a chamada após ter finalizado as passadas;
to dos braços da cortada, sem a chamada de • não flexionar as pernas para realizar a chamada;
braços. • não estender os braços para trás na execução
• Em pé, com a perna esquerda ligeiramente à da chamada;
frente, os alunos realizam, ainda sem a bola, o • não elevar os braços pela frente do corpo na
movimento de braços da cortada, com a cha- armada dos braços para cortar;
mada de braços.
• atacar com o braço flexionado;
• Idem ao anterior, com flexão e extensão de per-
• não utilizar o braço de equilíbrio, utilizando
nas, tronco flexionado à frente, mas sem salto.
apenas o braço batedor durante a cortada;
• Realizar mesmo movimento do item anterior, • desequilíbrio, que proporciona queda na rede;
agora com salto, porém sem deslocamento.
• dificuldades no tempo de bola, saltando antes
• Realizar mesmo movimento do item anterior, ou depois do momento adequado para me-
realizando o movimento da cortada, com lhor alcance da bola;
chamada de braços, realizando, agora, duas
• falta de precisão no contato da mão com a bola,
passadas que precedem a chamada de braços
realizando o contato da bola com o punho;
para o salto.
• falta de potência do braço.
• Dispostos em três colunas, os alunos farão
o movimento completo de ataque e tocarão
em uma bola que estará sendo segurada por Exercícios Educativos
alunos voluntários, que estarão em cima de • Sem bola, em duplas, de mãos dadas, realizar
um banco (cadeiras, plintos etc.), na altura da o movimento de deslocamento e chamada de
rede. Enfatizar que os alunos iniciem o movi- braços;
mento em cima da linha dos 3m. • sem bola, realizar o deslocamento pisando
• O professor lança bolas (levanta) para que dentro de círculos desenhados no chão, com
os alunos possam cortar. Eles devem iniciar chamada de braços e salto;
o deslocamento após o lançamento da bola. • realizar a chamada de braços após o deslo-
Neste, o professor pode fazer uma, duas ou camento, de modo que, no momento de ele-
três colunas para ataque, dependendo do nú- vação dos braços, as costas da mão toquem
mero de alunos na turma. no solo;
• no momento da chamada, os alunos batam
EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E/OU FORMA- palma, atrás da panturrilha;
TIVOS
• o aluno se desloca segurando uma bolinha
na mão não dominante. No momento da
A seguir, é possível ver os erros mais comuns duran- chamada, a bolinha é passada para a mão do-
te a realização dos exercícios: minante, por trás da panturrilha, para que o
• Não coordenar as passadas com a chamada aluno realize o movimento da cortada, com
de braços; salto e lance a bolinha para a outra quadra;

111
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

AUTOMATIZAÇÃO
• o professor lança uma bola para que os alu- • Ataque de bola lançada (levantada) nas posi-
nos se desloquem, façam a chamada de bra- ções da entrada e saída de rede.
ços com salto, mas a segurem em seu ponto • Deve ser realizado igualmente ao movimento
mais alto (segurar com as duas mãos); anterior, no entanto, é necessário que haja al-
• os alunos estarão posicionados em cima da li- vos na quadra a serem acertados.
nha dos 3m. O professor lança uma bola nessa • Os alunos iniciam a ação com toque, abrem
mesma direção, para que, sem deslocamento, fora da quadra e realizam o deslocamento
apenas com chamada de braços, flexão e exten- para ataque.
são de pernas, os alunos realizem o movimen-
to da cortada, buscando tocar na bola em seu
ponto mais alto com os braços bem estendidos;
• realizar o movimento da cortada contra uma
parede (paredão).

Figura 30 - Exercício para automatização do ataque


Fonte: Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012, p. 102).

• O professor levanta uma série de três ou qua-


tro bolas consecutivas, para que o aluno ata-
que seguidamente (fazendo o movimento de
“abrir” na quadra).
Figura 29 - Educativo do ataque “paredão” • Séries de quatro bolas, alternando as trajetó-
Fonte: Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012). rias (predeterminadas pelo professor).
• Dispostos em três colunas, realizar ataque nas
Exercícios Formativos três posições (após realizar o ataque, ir para
• Na posição ajoelhado, de frente para uma pa- o final da outra coluna - em sentido horário).
rede, o aluno deve lançar uma medicine ball Ataque nas
(ou bola de basquete) contra a ela, a uma dis- 3 posições

tância de 1,5m, com a maior potência pos-


sível, acentuando o trabalho de extensão e
flexão do tronco.
• O aluno deverá realizar os mesmo movimen-
tos do item anterior, na posição em pé.
• Realizar o movimento da cortada, seguran-
do uma medicine ball (ou bolas de peso com
areia utilizadas no atletismo), lançando-a so- Figura 31 - Exercício para automatização do ataque nas 3 posições
bre a rede. Fonte: a autora.

112
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Alunos dispostos em três colunas, em que um


fará o passe para o levantador, que levantará
a bola para o aluno da terceira coluna que,
por sua vez, realizará o ataque. Após realizar
a ação, trocar de coluna.

Figura 32 - Exercício de automatização de ataque, com ação completa de


passe, levantamento e ataque
Fonte: Bojikian, J. e Bojikian, L. (2012, p. 102).

APLICAÇÃO

Nas três fases (exercícios em forma de jogo, jogo


adaptado e jogo), realizar os mesmos exercícios su-
geridos na aplicação dos fundamentos anteriores,
em que os alunos agora realizam a cortada no mo-
mento do ataque, em que antes era realizado por to-
que ou manchete.
No início da aprendizagem, para facilitar o pro-
cesso de ensino, a altura da rede pode ser menor
que a oficial da categoria do aprendiz (BOJIKIAN, J;
BOJIKIAN, L., 2012).
Esses são os fundamentos básicos do jogo do
voleibol que apresentamos à você de forma sucinta,
com exercícios práticos e testados em anos de tra-
balho. Espero que tenha gostado do conteúdo e que
faça bom proveito em sua prática educacional!

113
considerações finais

C
hegamos ao final de mais uma unidade, em que vimos o processo de
ensino dos fundamentos básicos da modalidade de voleibol. Adotamos
aqui, essa nomenclatura porque entendemos que, ao dominar, mesmo
que de forma rudimentar, os fundamentos apresentados nesta unidade,
torna-se possível a realização do jogo a nível de iniciação.
Apesar de enfatizarmos os gestos técnicos no ensino dos fundamentos da
modalidade, vale expressar que entendemos a importância do jogo para o apren-
dizado. Por isso, estimulamos que na fase de aplicação, ao final de cada processo
de ensino, o professor tenha autonomia de escolher quantos encontros destinará
à tal fase, baseado nas necessidades específicas de seu grupo. Sabemos que o pra-
zer pela atividade é o que motiva a criança em participar da atividade, entretanto,
quando não há manutenção da bola no ar, o jogo fica monótono e desmotivante.
O voleibol, normalmente, é o único esporte com rede que os alunos experien-
ciam, já que todas as demais modalidades usualmente trabalhadas como conteú-
do no contexto escolar são esportes de invasão (futsal, handebol e basquetebol).
Isso pode ser o motivo gerador de algumas dificuldades que encontramos ao en-
sinar a modalidade e podem ser sanadas, se forem desenvolvidas outras modali-
dades com rede divisórias (exemplo: tênis, badminton, pádel, peteca, punhobol
etc.). Isso ocorre porque sabemos que é possível transferir os conhecimentos de
um contexto para o outro.
Novas formas de jogar devem ser inventadas com base nessa lógica e quere-
mos dar liberdade para criação de novos exercícios, além dos aqui propostos. Os
professores devem criar variações e novos exercícios, podendo utilizar (ou não)
os exemplos citados nesta unidade. Mesmo se as condições não forem as mais
adequadas em seu local de trabalho, não deixe de criar e experimentar novos
jogos com rede divisória. Isso auxiliará o ensino do voleibol posteriormente.

114
LEITURA
COMPLEMENTAR

A seguir, leia o texto retirado dos Parâmetros Curricula-


res Nacionais da Educação Física que objetiva instruir o
professor quanto à organização dos alunos dentro das
atividades.

COMPETIÇÃO & COMPETÊNCIA


Nas atividades competitivas as competências individuais de Educação Física, para alcançar todos os alunos, deve
se evidenciam, e cabe ao professor organizá-las de modo tirar proveito dessas diferenças ao invés de configurá-las
a democratizar as oportunidades de aprendizagem. É como desigualdades. A pluralidade de ações pedagógicas
muito comum acontecer, em jogos pré-desportivos e pressupõe que o que torna os alunos iguais é justamente
nos esportes, que as crianças mais hábeis monopolizem a capacidade de se expressarem de forma diferente. Ao
as situações de ataque, restando aos menos hábeis os longo da escolaridade fundamental ocorre, em paralelo
papéis de defesa, de goleiro ou mesmo a exclusão. O com a possibilidade de ampliação das competências cor-
professor deve intervir diretamente nessas situações, porais, um processo de escolha cada vez mais indepen-
promovendo formas de rodízio desses papéis, criando dente por parte do aluno, de quais competências satisfa-
regras nesse sentido. Por exemplo, a cada ponto num zem suas necessidades de movimento para a construção
jogo de pique-bandeira, o grupo de crianças que ficou de seu estilo pessoal. O que se quer ressaltar é que as
no ataque deve trocar de posição com o grupo que fi- atividades competitivas realizadas em grupos ou times
cou na defesa, ou simplesmente observando a regra do constituem uma situação favorável para o exercício de
rodízio do voleibol, que foi instituída exatamente com diversos papéis, estilos pessoais, e, portanto, numa situ-
esse propósito. Cabe ainda ao professor localizar quais ação que promove um melhor conhecimento e respeito
são as competências corporais em que alguns alunos de si mesmo e dos outros. Essa construção, que envolve
apresentem dificuldades em promover atividades em estilos e preferências pessoais, torna-se mais complexa à
que possam avançar. É utópico pretender que todos os medida que as possibilidades de reflexão sobre as com-
avanços de aprendizagem sejam homogêneos e simultâ- petências pessoais e coletivas se ampliam e as situações
neos entre os alunos, uma vez que a diversidade traduz competitivas sejam compreendidas como um jogo de co-
uma realidade de histórias de vivências corporais, inte- operação de competências.
resses, oportunidades de aprimoramento fora da escola
Fonte: Brasil, PCN (1997).
e o convívio em ambientes físicos diferenciados. A aula

115
atividades de estudo

1. Durante essa unidade, aprendemos que a posição de expectativa é um dos


fundamentos mais simples do Voleibol. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso
(F), em relação aos tipos de posição de expectativa.

( ) A posição de expectativa alta, antecede o passe ou defesa.


( ) A posição de expectativa baixa antecede uma ação defensiva.
( ) A posição de expectativa média, antecede a execução do bloqueio.
( ) A posição de expectativa baixa antecede o passe ou defesa.
( ) A posição de expectativa média antecede a recepção da bola.

2. O toque de bola por cima é um dos fundamentos ensinados na fase de ini-


ciação ao Voleibol e é um dos mais utilizados pelos aprendizes. Em relação
à execução do toque de bola por cima:
I. O toque de bola por cima apresenta maior precisão no controle da bola,
comparado à manchete.
II. O contato será realizado com a parte interna dos dedos, realizando uma
pequena flexão de punhos.
III. Os braços e as pernas deverão se estender, alternadamente durante a
execução do toque.
IV. Ao final do movimento, o todo terminará estendido e o impulso procede
do movimento de braços.
a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c. Apenas a afirmativa III está correta.
d. Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
e. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.

3. Na aprendizagem do Voleibol, diversos são os fundamentos que devem


ser ensinados aos alunos, entre eles temos: toque de bola por cima, man-
chete, saque por baixo, entre outros. Em relação aos fundamentos do
voleibol, assinale a afirmativa correta.
a. O correto no movimento da cortada é fazer a chamada após ter finalizado
as passadas.

116
atividades de estudo

b. O aluno executa uma ação de ataque à bola, que toca em seu antebraço,
e, por isso, suporta melhor os fortes impactos ao executar uma manchete.
c. A cortada é considerada o gesto técnico muito simples do voleibol, pois a
coordenação do movimento não exige diversas habilidades.
d. O saque é realizado pelo jogador que ocupar a posição 3 e que estará
atrás da linha de fundo, podendo ocupar qualquer lugar na quadra.
e. O toque de bola por cima é realizado com a palma da mão e pode ser
dividida em duas fases.

4. Você é um professor recém-contratado na escola e pegou turmas do Ensi-


no Médio. Você não sabe e não conhece o trabalho que foi realizado pelo
professor nas séries anteriores do ensino fundamental. Com qual funda-
mento do voleibol você trabalharia primeiro? Em qual fase de ensino,
provavelmente, você iniciaria os ensinamentos aos alunos?

5. Durante a aprendizagem de um fundamento no Voleibol, os alunos apre-


sentam alguns erros comuns. Sobre os erros mais comuns apresentados
nas fases iniciais dos fundamentos do voleibol, assinale a alternativa
correta.
a. Coordenar movimentos dos braços com os das pernas é um erro comum
na aprendizagem do fundamento manchete.
b. Não flexionar o braço no momento da batida e utilizar a transferência de
peso das pernas para sacar são erros comuns aos aprendizes do saque
por baixo.
c. Flexionar os braços e não flexionar as pernas são erros comuns na apren-
dizagem da manchete.
d. Estender os braços para trás na execução da chamada é um dos erros
mais comuns aos iniciantes aprendizes do fundamento Cortada.
e. Entrar debaixo da bola é um erro comum à execução do toque.

117
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Ensinando Voleibol
João Crisóstomo Marcondes Bojikian e Luciana Peres Bojikian
Editora: Editora Phorte
Sinopse: a quarta edição do livro teve a preocupação em fazer
com que os seus conteúdos pudessem continuar a ser úteis, não
só aos técnicos que trabalham diretamente com a iniciação do
voleibol, mas principalmente à esfera acadêmica em todo o país. É gratificante saber que
muitos Cursos de Educação Física adotam sua metodologia, e que ele tem sido referência
em inúmeros trabalhos acadêmicos. Esperamos que o Ensinando Voleibol continue a dar sua
contribuição neste processo de qualificação do nosso esporte, e que contribua, especialmen-
te, nas possibilidades da utilização do voleibol como instrumento de educação, colaborando
na formação de bons cidadãos.

Meu nome é rádio


Ano: 2003
Sinopse: o filme mostra como uma simples atitude pode mudar
uma comunidade inteira. São lições de amor e de amizade que
reverberam pela cidade, gerando reflexão e ensinando novos va-
lores àqueles que estavam presos a suas convicções distorcidas
e preconceituosas. Tudo isso graças à inserção de um jovem, com capacidades limitadas, ao
contexto esportivo. O esporte realmente mudou a vida deste jovem.

Essa é uma palestra do professor Pablo Juan Greco (muito citado ao longo das unidades) em
um encontro multiesportivo de treinadores formadores, realizado em Saquarema, na Confe-
deração Brasileira de Voleibol, com o tema Formação Esportiva. Em uma fala interativa e des-
contraída, ele mostra uma metodologia de se trabalhar as habilidades esportivas e modelos
de ensino técnico e tático nos esportes.

Para conferir a entrevista, acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?-


v=hgphQYOP1xU&t=2117s>.

118
referências

BIZZOCCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. São Paulo:


Manole, 2004.
BOJIKIAN, J. C.; BOJIKIAN, L. P. Ensinando Voleibol. 5. ed. São Paulo: Phorte
Editora, 2012.
FIVB.: Federation Internationale de Volleyball. Top Volley Manual: Technical
Booklet, Lausanne - Switzerland, 2011. 30 p.
GONZÁLEZ, F. J.; DARIDO, S.; OLIVEIRA, A. A. B. Esportes de marca e com
rede divisória ou muro/parede de rebote (Cartões de Recurso Pedagógico). IN:
______. Práticas corporais e a Organização do Conhecimento. Eduem, Marin-
gá, 2014.
LERBACH, A. M.; VIANNA JUNIOR, N. S. Apostila do Curso de Voleibol - Ní-
vel I. Federação Mineira de Voleibol/SENAC MG, Belo Horizonte, 2006.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: Ministério da Educação,
v. III, 1997.

Referências On-Line
1
Em: <http://www.esporte.gov.br/arquivos/snelis/segundoTempo/maisEduca-
cao/redeParede07102010.pdf>. Acesso em: 26 maio 2017.

119
gabarito

1. F, V, F, F, V.
2. A.
3. B.
4. Provavelmente, após uma avaliação por meio de jogo adaptado ou jogo formal, você
entraria com seus alunos na fase de exercícios educativos, a fim de corrigir alguns
equívocos técnicos, e seguiria a partir destas para as demais fases, até chegar na fase
de aplicação e nesta permanecer.
5. C.

120
UNIDADE
IV
FUNDAMENTOS TÉCNICOS
AVANÇADOS

Professora Me. Nayara Malheiros Caruzzo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Saque tipo tênis
• Bloqueio
• Defesa em pé
• Rolamento
• Mergulho

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o processo pedagógico de ensino do saque tipo
tênis do voleibol.
• Estudar o processo pedagógico de ensino de bloqueio do
voleibol.
• Conhecer o processo pedagógico de ensino da defesa em
pé do voleibol.
• Estudar o processo pedagógico de ensino dos rolamentos
do voleibol.
• Conhecer o processo pedagógico de ensino dos mergulhos
do voleibol.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

N
esta unidade, você verá os fundamentos do voleibol, que aqui
chamaremos de avançados. Consideramos assim, pois enten-
demos que possivelmente (tendo em vista a estruturação das
diretrizes curriculares atualmente) esses fundamentos ge-
ralmente não serão vivenciados na Educação Física Escolar. Então, você
deve estar se perguntando: “por que não?”, ou então “por que está aqui
contido, se não é conteúdo da Educação Física Escolar?”. Estas são ques-
tões legítimas ao nosso ver.
Desse modo, vamos responder à sua primeira questão (já falamos so-
bre isso na Unidade I, quando estudamos a sequência pedagógica de en-
sino, porém, ainda assim, pensamos ser importante retomar aqui). Pois
bem, o voleibol é um dos instrumentos da Educação Física escolar e,
por isso, divide espaço com outras quatro modalidades regulares (futsal,
handebol, basquetebol e atletismo), que é um dos diversos conteúdos es-
truturantes da cultura corporal (junto com: Jogos e Brincadeiras; Lutas;
Dança e Ginástica). Por isso, julgamos que não haverá tempo hábil para
que o professor trabalhe tais fundamentos na Educação Física.
Contudo, então, por que esses fundamentos estão contidos neste li-
vro? Isso se dá pelo fato de que consideramos o professor em sua totali-
dade, de modo que este deve estar preparado para trabalhar nos diversos
campos de atuação da Educação Física e na pluralidade das dimensões
em que o esporte se apresenta. Se em sua escola, sua diretora lhe propõe
atuar com o voleibol em tempo contraturno, então você precisará ter co-
nhecimento mais avançado sobre a modalidade. De mesma forma, se
você tiver oportunidade de trabalhar com escolinha voltado ao esporte
de rendimento dentro ou fora da escola.
Por esses motivos, apresentaremos, aqui, alguns fundamentos que,
neste livro, chamamos de avançados pelos motivos apresentados, mas
que, no entanto, são comuns ao jogo de voleibol. Faça bom proveito do
conteúdo e tenha uma boa leitura!
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Saque Tipo
Tênis

A
aprendizagem do saque tipo tênis de-
veria anteceder à da cortada, visto a
similaridade do movimento de braço e
tronco. Porém, pelo motivo “tempo” e
estruturação do plano de ensino escolar, optamos
por considerar o saque por cima, mesmo sendo tão
comum à prática do voleibol, como um fundamen-
to avançado.

APRESENTAÇÃO

O saque por cima é conhecido como saque tipo


tênis, pela semelhança que apresenta com o mo-
vimento de smach do tênis. É um saque mais po-
tente que o saque por baixo pela velocidade que o
braço pode atingir. Existem duas formas em que o
saque por cima se apresenta: saque com rotação e
saque flutuante (BIZZOCCHI, 2004; LERBACH,
VIENNA JUNIOR, 2006; BOJIKIAN, J.; BOJI-
KIAN, L., 2012).

126
EDUCAÇÃO FÍSICA

Saque com rotação Execução


Tem esse nome pela rotação que é imprimida à bola, A bola é lançada com uma das mãos, acima da cabe-
por meio da flexão de punho que é realizada no ins- ça (aproximadamente 1,5 m). Os braços são lançados
tante do golpe. É utilizado tanto para realizar saques para cima, o braço batedor passa acima da linha do
dirigidos, como saques fortes, de acordo com a velo- ombro, em sua máxima amplitude escapuloumeral.
cidade que o jogador imprime à bola. O outro braço (braço que lançou a bola para
cima) encerrará seu movimento para o alto, um
pouco acima da linha do ombro, estendido à frente
do corpo. Quando a bola atingir seu pico de altu-
ra, o tronco fará uma hiperextensão. No momento
em que a bola descer a uma altura apropriada, será
golpeada com o braço dominante, bem estendido,
Figura 1 - Saque por cima - Mãos
seguida de uma flexão do tronco. A mão iniciará o
Fonte: Unicesumar. contato com a bola, enquanto faz a flexão de punho.

Fase preparatória
O jogador estará com as pernas em posição ânte-
ro-posterior e ombros paralelos à rede, em posição
equilibrada. A bola será segura com uma ou duas
mãos, com os braços estendidos à frente do corpo.

Figura 2 - Saque por cima - Fase preparatória Figura 3 - Saque por cima - Execução
Fonte: Unicesumar. Fonte: Unicesumar.

127
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Término do movimento Fase preparatória


Depois da batida há uma transferência de peso do O arremesso deverá ser realizado com uma mão,
corpo para a perna da frente, o que faz com que, na- apesar de, no início do movimento, a bola ser segura
turalmente, a perna de trás seja lançada para frente, com as duas mãos (uma sob e a outra sobre a bola).
permitindo ao jogador estar em movimento e reto- As pernas estarão em afastamento ântero-posterior,
mar seu lugar na quadra. O braço termina paralelo contralateral às mãos. O braço que lançará deverá
ao corpo, em posição natural. estar estendido à frente do corpo.

Figura 5 - Saque por cima - Flutuante - Fase preparatória


Fonte: Unicesumar.

Execução
A bola é lançada para cima-, um pouco acima da
linha do tronco-, a uma altura igual ao alcance do
Figura 4 - Saque por cima - Término do movimento
braço de ataque do executante. Ao lançar a bola, o
Fonte: Unicesumar. braço de ataque é lançado para cima do ombro, até
sua máxima amplitude, estendido, com a palma da
SAQUE FLUTUANTE mão voltada para a bola.
No momento em que atingir seu ponto mais
Essa técnica de saque possui esse nome porque a alto, a bola deverá ser golpeada pelo braço de ataque,
bola percorre sua trajetória sem rotação, devido ao com a mão firme, realizando uma hiperextensão de
tipo de batida que não flexiona o punho. Esse tipo de punho. O braço que lançou a bola é que dá equilí-
golpe faz com que a bola execute uma trajetória flu- brio ao movimento, e quando ocorre a batida, o co-
tuante e irregular. Este saque é de preferência entre tovelo e o punho travam-se, evitando o movimento
os jogadores iniciantes, pela facilidade de execução. que proporciona a rotação na bola.

128
EDUCAÇÃO FÍSICA

Término do movimento
O braço de ataque é lançado em direção à rede, em
extensão máxima, terminando seu movimento qua-
se paralelo ao solo. O peso do corpo é transferido
para a perna da frente.
Para professores que fazem uso da transferência
de aprendizagem, sugere-se que primeiramente seja
ensinado o saque tipo tênis com rotação, pelo fato
de possuir movimentos de braço e tronco, realmente
iguais ao da cortada. Destaca-se que ambas as for-
mas (com rotação e flutuante) podem ser executa-
Execução 1
dos com o jogador saltando. O saque com rotação
(saltando) é conhecido popularmente como saque
viagem, originalmente chamado de saque viagem ao
fundo do mar.

Execução 2

Execução 3

Figura 6 - Saque por cima Flutuante - Execução Figura 7 - Saque por cima Flutuante - Término do movimento
Fonte: Unicesumar. Fonte: Unicesumar.

129
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

SAIBA MAIS SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA


• Individualmente, sem bola, simular o movi-
mento de saque: em movimento contralate-
Transferência de Aprendizagem ral, com a mão não dominante voltada para
Transferência de aprendizagem é a influência cima e a mão dominante apoiando a bola,
de experiências anteriores na performance sobrepostas (como se estivesse segurando a
(ou na aprendizagem) de uma nova tarefa. bola); o aluno simulará o lançamento da bola
Se a experiência anterior for benéfica à apren- para cima e a “armada” para o ataque da bola.
dizagem de uma nova tarefa, ocorre uma
transferência positiva. Caso a experiência • Idem ao movimento anterior, com o lança-
anterior seja prejudicial ou sem influência mento de bola (sem ataque à bola).
alguma para a nova tarefa, há transferência • Idem ao anterior, com lançamento de bola; o
negativa ou nula.
aluno, no momento da batida, irá segurar a
Caso haja transferência positiva, existem dois
tipos de demonstrações mais frequentes em bola com o braço dominante.
que essa situação ocorre: transferência pró- • Similar ao exercício anterior, mas o aluno
xima ou generalização, caracterizada como estará próximo a uma parede, de frente para
um tipo de transferência de aprendizagem
ela. Ao lançar a bola, projete seu tronco para
que ocorre de uma tarefa para outra, em
situação muito semelhante (ex: produzir o frente e realiza a batida, prensando a bola
mesmo movimento que aprendeu, mas sob contra a parede.
um diferente conjunto de condições ambien- • Ainda de frente para a parede, a uma distân-
tais, como exercícios educativos, que depois
cia maior, de aproximadamente 4m, o aluno
são executados no jogo). E transferência para
longe, definida como um tipo de transferência saca contra ela.
que ocorre de uma tarefa para outra tarefa • Em duplas, efetuar saques para o companhei-
ou em situação muito diferente (ex: smash do ro, em diferentes distâncias.
tênis e saque do voleibol).
• Dispostos em colunas, os alunos sacam sobre
Fonte: adaptado de Schmidt; Wrisberg (2010). a rede, para suas respectivas colunas de frente
à sua. Aumentar a distância gradativamente
(ex: a cada cinco saques).

130
EDUCAÇÃO FÍSICA

• sacar a uma distância muito próxima à rede


SAIBA MAIS
(ex: 2m), de modo que a bola só passe sobre
ela, caso o aluno esteja com o braço estendido;
Movimento contralateral • em duplas, sacar em direção ao companheiro,
O termo contralateral, a qual muito nos re- travando o pé atrás de alguma linha pré-de-
ferimos durante esta unidade, descreve uma terminada, impedindo que o tronco rotacione.
atividade ou localização de um segmento posi-
cionado no lado oposto de determinado pon-
Exercícios Formativos
to de referência (HAMILL; KNUTZEN, 2012).
Exemplo: se o aluno saca com a mão direita, • Lançar medicine ball (ou bolas de basquete)
qual perna deve estar posicionada à frente de 1 ou 2 kg a distâncias máximas, realizando
para que esse movimento seja contralateral? movimento semelhante ao saque;
Acertou, caso você tenha respondido a per-
na esquerda! Em resumo, quando temos a
• realizar movimento do saque, tracionando
realização de um movimento em que a mão uma corda elástica.
que realiza é a contrária da perna que vai a
frente, temos um movimento contralateral.
AUTOMATIZAÇÃO
Fonte: adaptado de Hamill; Knutzen (2012).
• Alunos dispostos em três colunas posiciona-
das na zona de defesa da quadra, sacar em
direção aos alvos dispostos em colunas, de
EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS frente à sua respectiva.
• A medida que forem acertando, tornar os
alvos mais distantes (manter a distância en-
Erros mais comuns durante a realização do exercício:
tre o aluno e a rede para garantir que a bola
• Lançar a bola de forma imprecisa (muito
passe sobre a rede - que é o julgamento de
atrás, muito à frente ou para os lados).
sucesso que os alunos fazem sobre seu mo-
• Bater na bola com o braço flexionado. vimento).
• Realizar a rotação do tronco lançando a bola • Todos os exercícios sugeridos na automatiza-
muito para a esquerda (no caso dos destros). ção do saque por baixo podem ser utilizados
• Não ter potência muscular que faça com que com o saque por cima.
a bola passe sobre a rede.
APLICAÇÃO
Exercícios Educativos
• Lançar a bola sem deixá-la cair sobre uma Podem ser repetidos os exercícios anteriormente
marca feita no solo; passados no processo pedagógico do saque por bai-
• lançar a bola de frente (e de lado) para uma xo, substituindo pelo saque tipo tênis.
parede, de modo que ela suba paralela a esta
e na altura correta;

131
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Bloqueio

O
bloqueio é o fundamento que gera um dos pontos mais gra-
ciosos do voleibol, tendo, inclusive, um jingle muito conhe-
cido no voleibol como “Paredão”. Requer uma estatura mí-
nima que permita o alcance do bordo superior da rede com
os braços estendidos e é realizado na tentativa de atrapalhar o ataque
adversário.

APRESENTAÇÃO

O bloqueio é um movimento realizado acima do bordo superior da rede


e objetiva impedir o ataque adversário. É considerado uma habilidade
defensiva, que, no entanto, pode se tornar ofensiva quando envia a bola
contra o solo do adversário.

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

Fase preparatória bola com extensão dos punhos. Neste, a intenção é


Nesta fase preparatória, é necessário ficar em pé, amortecer a bola para que os demais integrantes da
em posição de expectativa (alta), pés em afastamen- equipe possam fazer a defesa.
to lateral, aproximadamente aberto na largura dos
ombros e com as pernas flexionadas. Os braços esta- Queda
rão semiflexionados com a palma das mãos voltadas Realizado o bloqueio, com uma retirada rápida dos bra-
para frente. ços, ocorre a queda, que deve ser feita com equilíbrio,
de forma amortecida e girando para o lado em que a
bola se dirigiu, quando ela não for totalmente retida.

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - BLOQUEIO


Link: https://vimeo.com/214842777/7c103161b5

ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - BLOQUEIO


VISTO DE FRENTE

Figura 8 - Bloqueio - Visão Frontal e Lateral Link: https://vimeo.com/214842851/467ffb6351

Fonte: Unicesumar.

Execução
SPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - BLOQUEIO
O salto pode ser precedido, ou não, de um desloca- COM DESLOCAMENTO VISTO DE FRENTE
mento. Ele deve ser realizado de frente para a rede, Link: https://vimeo.com/214842916/5d8cc15a96

em que, por um rápido abaixar de quadris, o jogador


salta em velocidade, estendendo-se para cima. Ape- Classificação dos bloqueios
sar da ação do salto ser maior nas pernas, os braços Em relação à classificação dos bloqueios, eles podem
ajudam, com um movimento de alavanca, dirigin- ser ofensivos ou defensivos.
do-se para cima do bordo superior da rede. No mo- Os bloqueios ofensivos são realizados com blo-
mento do bloqueio, o corpo deverá estar totalmen- queadores de grande capacidade de alcance, para
te contraído para suportar o forte impacto da bola, que suas mãos possam invadir o espaço aéreo do
sem desequilibra-se. adversário. O bloqueio é utilizado como resultado
Nos bloqueios ofensivos, as mãos invadem o tático para proteger uma área da quadra que os de-
espaço aéreo do adversário e se posicionam aber- fensores utilizam como referência para o posicio-
tas, estendidas e firmes, uma ao lado da outra. No namento de defesa, pois sabem que não precisam
bloqueio defensivo, as mãos não invadem o campo cobrir este espaço, porque bolas cortadas não caem,
adversário e são colocadas junto à rede, na frente da desde que bem realizado o bloqueio.

133
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

O bloqueio defensivo visa impedir que o ata- Também, podemos classificar os bloqueios quanto
cante corte bolas junto à rede, protegendo uma ao número de participantes, em bloqueio simples
área referencial. Sugere-se esse tipo de bloqueio (um jogador), duplo (dois jogadores) e triplo (três
para alunos com menores estaturas e com alcance jogadores).
mais baixo.
Tempo de bloqueio
Para haver um bloqueio efetivo, há necessidade
da sincronização do tempo de bloqueio, em rela-
ção ao cortador. O bloqueador deve antecipar ou
retardar a subida, em virtude de levantamentos
mais rápidos ou mais lentos feitos pelo levanta-
dor adversário.

SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA
• De frente para uma parede, bem próximo a
Posição 1
ela, o aluno deve flexionar os braços, posi-
cionando as mãos na altura dos ombros, com
as palmas paralelas à parede. Os pés devem
estar em afastamento lateral na largura apro-
ximada dos ombros.
• Realizar o mesmo movimento anteriormente
descrito, mas agora saltando e tentando bus-
car uma altura máxima.
• Idem ao movimento anterior, saltando, com
desenhos de giz no chão, de modo que o alu-
no tente cair dentro do círculo, do mesmo
Ofensivo 2
lugar que saltou.
• De frente para rede, adotar a posição funda-
mental correta.
• Os alunos formam colunas e, frente a frente,
um de cada lado da rede, saltam simultane-
amente e tocam as palmas das mãos sobre a
borda superior da rede.

Defensivo 3

Figura 9 - Bloqueio
Fonte: Unicesumar.

134
EDUCAÇÃO FÍSICA

EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS

Erros mais comuns durante a realização do exercício:


• tocar na rede ao saltar, projetando o corpo
para frente;
• bater na bola, lançando os braços primeiro
para trás e depois para frente;
• unir ou afastar demais as mãos;
Figura 10 - Processo pedagógico do bloqueio simples
Fonte: Bojikian, J.; Bojikian, L. (2012). • flexionar o tronco ao invés de flexionar os jo-
elhos para saltar;
• Nesse mesmo posicionamento, passam
• dificuldades quanto ao tempo de bola (saltar
uma bola sobre a rede para o companheiro.
antes ou depois do ataque);
Enfatizar que o salto de ambos deve acon-
tecer sincronizado, para que pegue a bola • falta de potência de salto.
ainda no ar.
• A partir da posição fundamental, realizar o Exercícios Educativos
movimento de bloqueio em função da bola • Fazer um círculo com giz para que a queda
que um companheiro esteja segurando do seja realizada no mesmo lugar do salto;
outro lado da rede. • um elástico deve ser esticado acima do bordo
• Iniciar da posição 3, realizar deslocamento da rede (aproximadamente 30cm dela), po-
lateral para a posição (ponta ou saída) que dendo ser amarrado nas duas antenas;
vai ser feito o bloqueio, adotar a posição • os alunos devem fazer o bloqueio, passando
fundamental e realizar o movimento de blo- as mãos entre a rede e o elástico;
queio simples. • o professor põe suas mãos como em um blo-
• Igualmente ao item anterior, fazer o bloqueio queio defensivo, em seu próprio lado. Os alu-
de uma bola lançada por um companheiro. nos, em colunas, realizam o bloqueio ofensivo,
• Sem bola, o aluno, agora, fará bloqueio duplo encaixando suas mãos sobre as do professor;
(com um aluno já está na posição 2 e outro na • ao flexionar as pernas para o salto, os alunos
4). O aluno que está na posição 3, se desloca encostam o quadril em um banco posiciona-
para compor o bloqueio duplo na posição 2, do atrás deles, sem perder o contato visual
volta para a posição 3 e se desloca para reali- com a bola;
zar o bloqueio duplo na 4. • os alunos realizam dois (ou mais) bloqueios
• Igualmente ao idem anterior, fazendo blo- sucessivos, fazendo deslocamentos laterais de
queio de bola lançada. uma passada entre eles;
• utilizar um elástico ou tecido costurado em
• Para exercício avançado, ao invés de bola
círculo, com aproximadamente 30 a 40 cm de
lançada, o bloqueio pode ser realizado com
diâmetro, de modo que o aluno encaixe suas
bola cortada.
mãos nesse círculo e realize o bloqueio sus-
tentando ele em suas mãos (com espaçamen-
to suficiente das mãos para que este não caia).

135
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Exercícios Formativos APLICAÇÃO


• Os alunos devem saltar segurando uma me- Exercícios em forma de jogo:
dicine ball (ou uma bola de basquete) junto
ao peito, invadir e colocá-la do outro lado da • Exercício com: saque, recepção (manchete),
quadra, fazendo com que caia rente a rede, do levantamento (toque), ataque (cortada) e
lado adversário. bloqueio. Fazer em ambos lados da quadra
• Exercícios que fortaleçam músculos das (ataque pela posição 4 e pela posição 2);
mãos, cintura escapular, abdômen e dorso • idem ao exercício anterior, porém com blo-
são considerados formativos para o bloqueio. queio duplo;
• idem ao anterior, porém o mesmo aluno que
fizer a recepção “abre” para atacar;
AUTOMATIZAÇÃO • idem ao anterior, porém com o aluno que
• Dispostos em três colunas, os alunos próxi- fará o bloqueio duplo se deslocando da posi-
mos à rede receberão uma bola (de três alu- ção 3 para a posição de bloqueio;
nos que estarão em frente à cada respectiva • ficam posicionados na quadra dois passa-
coluna), para que o aluno bloqueador com- dores, um levantador e dois atacantes (que
plete o movimento com flexão de punhos, esperam fora da quadra, próximos à linha).
direcionando a bola contra o solo adversário. Algum aluno saca, direcionado a um dos
• Mesmo movimento do exercício anterior, passadores, que fará a recepção para o levan-
mas o aluno que estava lançando, ataca a bola tador, que escolherá a qual atacante levantar.
(direcionado ao bloqueio, sem saltar). Os alunos farão o bloqueio com deslocamen-
• Idem ao exercício anterior, juntamente com o to, de acordo com o levantamento.
bloqueio duplo.
• Igualmente ao anterior anterior, o atacante Jogo adaptado:
direciona a bola, em alguns momentos para • Times de seis alunos, com o saque partindo
paralela, em outros para a diagonal. apenas de um dos lados. A equipe que recebe
o saque organiza o ataque e a outra organiza
• Três jogadores iniciam nas posições 4, 3 e 2.
o bloqueio, dando continuidade ao jogo.
Dois atacantes estão posicionados na quadra
adversária, nas posições 2 e 4 e um levan- Jogo:
tador na 3. O professor lança a bola para o • Joga-se normalmente, agora, podendo execu-
levantador, que escolhe para qual posição le- tar todos os fundamentos contidos no jogo,
vantar. Então, o jogador da posição 3 se des- aplicando-se as regras oficiais.
loca para realizar o bloqueio de acordo com
o levantamento.
• Idem ao anterior, com o aluno que não está
participando do bloqueio, se posicionar na
diagonal menor para defesa.

136
EDUCAÇÃO FÍSICA

137
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Defesa em Pé

A
defesa em pé é uma ação defensiva utili- canismos para o aluno compreender o fundamento e
zada no voleibol empregando a manche- entender que para executa-lo ele deve partir sempre
te, porém esta se difere da manchete do da posição de expectativa baixa.
passe. Esse fundamento é utilizado para Outra característica importante para o aluno na
parar o ataque adversário, impedindo, assim, que a execução desse fundamento é que ele deve procu-
bola toque o solo. Porém, entre os fundamentos é o rar se posicionar de frente para o atacante, buscando
que apresenta um maior número de recursos. estar com o pé mais próximo da linha lateral mais
Uma das principais características de um defen- a frente. Quando houver contato com a bola, o jo-
sor é que o ele deve partir de uma posição de expec- gador de defesa deve procurar amortecer a bola ou
tativa baixa, apoiado na ponta dos pés para facilitar fazer com que ela vá o mais alto possível, de forma
um possível deslocamento. Para a execução deste que outro componente da equipe possa dar prosse-
fundamento, cabe ao professor estimular e criar me- guimento ao jogo.

138
EDUCAÇÃO FÍSICA

POSIÇÃO DE EXPECTATIVA SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA

A posição de expectativa é a postura adotada pelo Para a sequência pedagógica podem ser utilizados
aluno que o permita agir prontamente, assim que a os mesmos exercícios propostos para manchete, po-
situação exigir, em condições ideais de velocidade e rém, ao invés da posição de expectativa média, os
qualidade de movimento. Sua importância no con- alunos deverão estar em posição de expectativa bai-
texto do jogo de voleibol se justifica pela imprevisi- xa (como visto na Unidade 3).
bilidade e rapidez das ações. Quanto mais rápida a
resposta a uma situação de jogo, maior a possibili- EXERCÍCIOS EDUCATIVOS FORMATIVOS
dade de sucesso (BIZZOCCHI, 2004).
Erros mais comuns que ocorrem durante os exercícios:
APRESENTAÇÃO DA HABILIDADE • Ficar na posição de expectativa alta;
• deixar a manchete próxima ao corpo;
Devemos salientar que no momento da defesa, os • não colocar o corpo atrás da bola;
alunos devem ter a seguinte postura, partindo da • movimentar o braço sem deslocar o quadril e
Postura Fundamental de Expectativa Baixa: o ombro simultaneamente;
• As pernas devem estar semiflexionadas, o • ficar com os pés paralelos;
tronco ligeiramente flexionado em relação • deixar o pé, à frente, contrário ao da sua lateral;
à bacia e os braços unidos confortavelmente
• ficar atrás do bloqueio da sua equipe.
à frente.
• A bola deve estar acima dos joelhos e dentro Exercícios Educativos
de um triângulo formado por eles e pela pelve. • Fazer as crianças andarem meia quadra aga-
• Em defesas de bola que vão ao lado do defen- chadas segurando o tornozelo.
sor, este deve movimentar a pelve e o ombro • Colocar a criança sentada em um banco bai-
para o mesmo lado, ficando atrás da bola e xo com um pé ligeiramente à frente do outro
tendo como base os joelhos. e lançar bolas em sua direção.
• De dois em dois, um aluno segura a bola e o
seu parceiro, em posição de expectativa bai-
xa, desloca-se à frente, faz a defesa e retorna à
posição anterior.
• Dois a dois, uma criança entre dois arcos co-
locados no chão, um do seu lado direito e ou-
tro do lado esquerdo, o parceiro executa se-
quência de ataque para o lado direito e depois
para o lado esquerdo. O defensor desloca-se
com apenas uma das pernas para dentro de
um arco, levando perna, pelve e ombro em
Figura 11 - Defesa em pé direção à bola, depois para o outro lado, fa-
Fonte: UniCesumar. zendo o mesmo trabalho.

139
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

APLICAÇÃO

• O professor coloca os alunos em uma fila Exercícios em forma de jogo:


e marca a posição inicial em que os alunos • Enquanto o professor está sobre uma mesa no
devem chegar em posição de expectativa; centro da quadra, os alunos entram de dois a
os mesmo devem entrar e executar a defesa dois, o professor ataca em um e o aluno que
da bola em direção ao professor e ir para o não recebeu o ataque levanta para o parceiro.
final da fila. • Três colunas, sendo que o professor pode fa-
• Ataque e defesa dois a dois: um ataca, en- zer ataque nas colunas das extremidades; o
quanto o parceiro defende a bola para o aluno do centro levanta a bola para um dos
companheiro que efetuou o ataque, que le- defensores.
vanta em direção ao defensor, o qual ataca • Ao serem formadas três colunas, conforme o
novamente em direção ao levantador e as- mesmo sistema anterior, o levantador agora
sim consecutivamente. tem que executar o levantamento para o atle-
• O professor, posicionado sobre uma mesa, ta que não efetuou a defesa.
efetua ataque em direção aos alunos que de-
vem colocar a bola para o alto na direção do Jogo adaptado:
levantador. • São formados times com 4 alunos, sendo 3
no fundo da quadra e um na rede como le-
Exercícios Formativos vantador, o professor, do outro lado da qua-
• Os alunos seguram uma medicine ball com dra, “ataca” os alunos do fundo da quadra, os
os braços estendidos, e em posição de expec- quais têm que defender em direção ao levan-
tativa baixa devem ficar em isometria por 20 tador, o qual tem a função de efetuar o levan-
segundos. tamento para os atacantes de sua equipe.

• Partindo da posição anterior, ainda com a Jogo:


bola de medicine ball, o aluno deve, em posi-
• Dois time compostos por 4 alunos no mes-
ção de expectativa, caminhar com o coman-
mo sistema do jogo adaptado, porém com a
do do professor, ora para a direita, ora para a
quadra reduzida (quadra poderá ser marcada
esquerda.
com um giz, faixa ou cones). No jogo, os atle-
tas jogam de forma livre, executando todos os
fundamentos.

140
EDUCAÇÃO FÍSICA

141
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Rolamentos

A
s defesas tornam o voleibol mais emocionante, deixando os
rallys mais longos e disputados. Os rolamentos são recursos
utilizados pelos jogadores quando fazem defesas de longas
distâncias, como forma, até mesmo, de proteção às quedas.

APRESENTAÇÃO

O rolamento é uma ação defensiva utilizada quando a bola está fora do


alcance da manchete, na qual o aluno cobre a distância razoável em um
curto espaço de tempo.
São características do rolamento:
• o aluno deve estar na posição de expectativa baixa;
• deve realizar um “afundo” lateral;
• defender a bola com uma das mãos ou com a manchete;
• tocar a parte lateral do tronco ou quadris;
• rolar sobre o tronco e voltar à posição inicial.

142
EDUCAÇÃO FÍSICA

Posição 1 Posição 2

Posição 3 Posição 4

Posição 5 Posição 6

Posição 7 Posição 8

Figura 12 - Rolamento
Fonte: UniCesumar.

143
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA • Colocar o aluno de joelhos, em frente ao col-


• Em um colchonete, solicitar aos alunos que chonete. O indivíduo deve estender o braço
coloquem o queixo próximo ao peito. direito no prolongamento do corpo, encos-
• Para a execução do rolamento frontal, os alu- tando o braço direito e mantendo o braço es-
nos serão motivados a praticá-los, primeira- querdo na lateral do corpo.
mente, de uma superfície mais alta para outra • Agora, na posição de expectativa baixa, reali-
mais baixa, como em um degrau. zar o movimento anterior ainda sobre o col-
chonete, projetando-se para a frente.
• Na sequência, realiza-lo em uma rampa in-
clinada. • Realizar o mesmo movimento anterior com o
braço direito estendido, braço esquerdo jun-
• Na última fase, realizar no solo, sem o apoio
to ao corpo, projetando quadril e pernas por
de nenhum aparato (Figura 13).
cima do ombro esquerdo, assim, completan-
do o rolamento.
Sequência 1 • Realizar a sequência anterior, mas com um alu-
no segurando a bola próxima ao chão para o
aluno que estiver realizando o rolamento bata
na bola por baixo, fazendo com que ela suba.
• Executar o rolamento ainda sobre o colchão
com o professor lançando bolas.
• Repetir toda a sequência anterior sem o colchão.

EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS


Sequência 2

Erros mais comuns durante a realização dos exercícios:


• dar pouca impulsão com os membros in-
feriores;
• abrir o ângulo tronco/membros inferiores
demasiadamente cedo;
• flexionar o braço que rebate a bola;
• rolar sobre o ombro contrário;
Sequência 3 • apoiar as mãos contrárias no solo.

Exercícios Educativos
• Executar o rolamento sobre o colchonete; no
instante da queda, o professor lança a bola
para o aluno golpear;
• executar o mesmo exercício, porém peça ao
aluno para deixar a cabeça sobre o braço que
Figura 13 - Sequência pedagógica - Rolamento
pega a bola e olhe em direção a sua mão.
Fonte: UniCesumar.

144
EDUCAÇÃO FÍSICA

Exercícios Formativos Jogo adaptado:


• Exercícios de flexibilidade geral e agilidade. • O professor começa os ralis lançando bolas
para os atletas recuperarem em rolamentos,
AUTOMATIZAÇÃO alguns momentos para a direita, em outros
• Executar rolamentos sem bola para a sua di- para a esquerda, com os demais alunos par-
reita e esquerda; ticipando do jogo, a partir da defesa segue o
contra-ataque para a sua equipe.
• atravessar a quadra de jogo realizando rola-
mentos para a direita e para a esquerda;
• professor lançando bola para uma coluna de
alunos primeiro para a direita e depois para
a esquerda.
ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL -
ROLAMENTOS
APLICAÇÃO Link: https://vimeo.com/214842990/f081bb4bc3

Exercícios em forma de jogo:


• o professor, do outro lado da rede, lança a
bola para o atleta recuperar e o levantador
tem que distribuir para os atacantes;
• o professor faz duas bolas: primeiro de um
ataque na posição, na sequência lança uma
bola para executar a defesa com rolamento, o
atleta defende em direção ao levantador, que
executa o levantamento para os atacantes.

145
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Mergulho

O
mergulho faz parte dos recursos defensivos que são utiliza-
dos pelos jogadores de alto nível em defesas de distâncias
mais longas que não permitem a defesa em pé. Não será vi-
venciada no contexto escolar pelos motivos já explicitados.
Ainda assim, o conhecimento acerca dessa temática se faz importante
para que o acadêmico de Licenciatura tenha o conhecimento aprofun-
dado sobre a modalidade.

146
EDUCAÇÃO FÍSICA

Posição 1 Posição 2

Posição 3 Posição 4

Posição 5 Posição 6

Posição 7 Posição 8

Figura 14 - Mergulho
Fonte: Unicesumar.

147
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

APRESENTAÇÃO SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA


• O aluno deve partir da posição ajoelhado
O mergulho é mais uma técnica defensiva do volei- com quatro apoios, colocando as mãos no
bol, porém realizada por atletas de um nível mais solo com os braços estendidos, deve descer e
alto. Essa técnica é utilizada para defender bolas subir várias vezes.
cujo o ângulo de trajetória, muito rasante, só permi- • Repetir o movimento anterior, mas agora os
braços deverão ser flexionados até o peito to-
te ao atleta defender mergulhando em sua direção.
car o solo e fazer um pequeno deslizamento,
Para sua execução deve ser levado em consi-
repetir várias vezes esse movimento.
deração:
• Repetir o movimento anterior, porém, quan-
• Após um deslocamento, o jogador deve se
do o corpo estiver sendo projetado à fren-
apoiar sobre uma perna semiflexionada e
te, haverá uma simulação de um golpe para
“mergulhar” em direção à bola. Ela pode ser
apanhar a bola, com as costas da mão e com
recuperada com as costas da mão fechada,
o braço estendido, antes do contato da mão
por meio de uma flexão dos braços e com
com o solo.
o contato progressivo do peito e do peso do
• Repetir o movimento anterior, porém, após
corpo no solo, o atleta realiza uma remada,
pegar a bola com as costas da mão, puxe os
ou seja, puxada das mãos para trás, para que
braços para trás logo após o contato das mãos
o corpo deslize no solo (BOJIKIAN, L.; BO-
com o solo, apoie-se sobre o peito e deslize,
JIKIAN, J., 2012).
repetir várias vezes esse movimento.
• Para evitar acidentes, antes de amortecer a
• Agachado, levar a perna direita à frente, apoi-
queda, logo após tocar a bola, o atleta deve
á-la e projetar o corpo para frente. Amortecer
flexionar os joelhos e elevar o queixo, para
a queda com os braços, lentamente.
que eles não se choquem contra o solo (BO-
JIKIAN, L.; BOJIKIAN, J., 2012). • Faça o mesmo movimento anteriormente
apresentado, mas agora com a perna esquerda.
Quanto ao “peixinho”, essa é uma técnica que segue
• Sentado, levantar (quadril baixo) com a per-
os mesmos princípios do mergulho, no entanto é uti- na direita, apoiá-la e projetar o corpo para
lizada mais pelas mulheres, pois somente o ângulo de frente. Amortecer a queda com os braços,
queda é menos acentuado e, assim, o deslize do corpo lentamente. Depois, faça o mesmo com a per-
no solo faz-se sobre o abdômem e não sobre os seios. na esquerda.
• Realizar as mesmas ações apresentadas ante-
riormente, iniciando a movimentação deita-
do em decúbito ventral.
• Repetir a sequência de exercícios, dando um
ESPORTES COLETIVOS: VOLEIBOL - MERGULHO
pequeno salto e mergulho.
Link: https://vimeo.com/214843081/00a9f00cad

148
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Repetir a sequência de exercícios, dando uma Exercícios Educativos


passada e o mergulho. Novamente realizar • Realizar os exercícios da sequência pedagógi-
o mesmo movimento com duas passadas e ca sempre lembrando do comando, o qual diz
mais o mergulho. que os alunos devem olhar para o teto.
• Repetir a sequência de exercícios, correndo e • Na posição de decúbito ventral com as pernas
dando o mergulho. semiflexionadas, efetuar puxadas do corpo
• Aluno na linha final da quadra. Uma passada, com as mãos, realizando, assim, o desliza-
levanta com as mãos uma bola colocada no mento e projetando o corpo a frente.
chão (como se estivesse cavando) e mergulha
Exercícios Formativos
(fazer foto).
• Alunos de 2x2 realizam “carrinho de mão”,
• Idem, com duas passadas.
ou seja, um segura as pernas do companheiro
• Idem, com corrida. que vai até a metade da quadra de voleibol
• Jogador na linha final da quadra. Uma pas- por meio do apoio de mão.
sada, mergulha e levanta (cava) a bola (fazer • Mantendo em dupla, o parceiro segura as
foto ou desenhos). pernas do companheiro na altura do joelho e
• Idem, com duas passadas. o mesmo realiza flexão dos braços.
• Idem, com corrida.
• Professor no chão lançando bolas para os jo-
AUTOMATIZAÇÃO
gadores, que partem das posições de defesa.
• Executar várias vezes o mergulho sem a bola.
• Idem, com o treinador do lado oposto da
quadra. • Professor lança uma bola para o alto e o alu-
no deixa ela quicar uma vez no solo. Depois
EXERCÍCIOS EDUCATIVOS E FORMATIVOS do quique, o aluno executa o mergulho para
recuperar a bola. Professor lança várias bolas
A seguir são apresentados os erros mais comuns du- para a recuperação do aluno.
rante a realização dos exercícios. • Professor, do outro lado da quadra, próximo
à rede, lança bolas para a recuperação.
• Não elevar o queixo no momento do contato do
corpo com o solo, causando impacto no queixo Situações de Jogo em que são utilizados:
e, consequentemente, ocasionando lesão. • Bolas “largadas”.
• Não estender o tronco. • Bolas atacadas a meia força.
• Não realizar a puxada de braços após o amor- • Bolas ricocheteadas no bloqueio, que se diri-
tecimento, podendo acarretar lesão no pulso. gem para fora da quadra.
• Não flexionar os joelhos causando impacto • Bolas tocadas na 1ª ação por outro defensor.
na rótula quando ocorre a queda.
• Não amortecer a queda com os braços.

149
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

APLICAÇÃO

Nessa fase, realize os mesmos exercícios do rola-


mento, somente utilizando o mergulho para iniciar
as atividades.
Face ao que foi exposto, você tem conhecimento
sobre os processos pedagógicos de todos os funda-
mentos do voleibol, o que te dá a possibilidade de
trabalhar com a modalidade, em qualquer contexto
esportivo em que esteja inserido: educação física es-
colar, escolinha esportiva e escolinha esportiva vol-
tada ao alto rendimento.

REFLITA

Para realizar os recursos de mergulho e rola-


mento, a segurança é fundamental. Por isso,
sempre verifique o ambiente de realização
dos exercícios, a vestimenta e as orientações
passadas aos alunos.

150
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade, na qual vimos o pro-
cesso de ensino dos fundamentos da modalidade de voleibol intitulados “avança-
dos”. Entendemos que os fundamentos apresentados nesta unidade tornam pos-
sível a realização do jogo em nível técnico superior ao contemplado na Educação
Física Escolar.
Ainda que os fundamentos Saque por cima e Bloqueio pareçam muito co-
muns e usuais à prática do voleibol, foram contemplados, nesta unidade, justi-
ficados pelos motivos já explicitados anteriormente. Basicamente, o tempo de
prática destinado ao voleibol escolar é insuficiente para que se contemple ambos
os fundamentos na prática pedagógica da Educação Física. Entretanto, em qual-
quer âmbito da prática esportiva fora do contexto escolar, seja visando saúde ou
lazer, especificamente esses dois fundamentos devem ser vivenciados por seus
praticantes.
Os fundamentos avançados exigem dos professores e alunos um certo grau de
amadurecimento dos fundamentos básicos e de experiência com a modalidade.
Isso porque há maior complexidade de execução e risco de lesões, caso não se-
jam realizados corretamente. Além disso, há necessidade de boa estrutura física e
material, como condições adequadas da quadra de voleibol da escola e aparatos,
como joelheiras, respectivamente, que possibilitem quedas com maior segurança
aos aprendizes.
Certamente, a partir do conhecimento aqui exposto, assegura-se que o em-
prego dessas habilidades ao ensinamento da modalidade voleibol, trará aos alu-
nos maior motivação e os conduzirá ao melhor nível de jogo, estimulando as
crianças à prática esportiva, além daquela oferecida pela Educação Física Escolar.
A inserção dos fundamentos saque por cima, bloqueio e defesas em pé e com uti-
lização dos recursos rolamentos e mergulhos, tornam a modalidade mais atrativa
aos praticantes que, muitas vezes, acompanham o voleibol de alto nível e querem
reproduzir os movimentos vistos nos jogos.

151
LEITURA
COMPLEMENTAR

Na prática docente, o maior desafio é propor ativida- fazer adaptações, criar situações de modo a possibilitar
des que englobem todos os alunos com suas diferenças a participação dos alunos com necessidades especiais.
maturacionais, biológicas, afetivas e emocionais. Nesse Uma criança na cadeira de rodas pode participar de uma
sentido, alunos deficientes constantemente são excluí- corrida se for empurrada por outra e, mesmo que não
dos desse processo. O que você, aluno, fará em sua prá- desenvolva os músculos ou aumente a capacidade car-
tica pedagógica para atender a esses alunos? A seguir, é diovascular, estará sentindo as emoções de uma corrida.
apresentado um texto retirado dos Parâmetros Curricu- Num jogo de futebol, a criança que não deve fazer muito
lares Nacionais, em que essa temática é abordada. Boa esforço físico pode ficar um tempo no gol, fazer papel de
leitura! técnico, de árbitro ou mesmo torcer. A aula não precisa
se estruturar em função desses alunos, mas o professor
Alunos com deficiências físicas pode ser flexível, fazendo as adequações necessárias.
Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a Outro ponto importante é em relação às situações de
maioria dos alunos com deficiências físicas foram (e são) vergonha e exposição nas aulas de Educação Física. A
excluídos das aulas de Educação Física. A participação maioria das pessoas portadoras de deficiências tem tra-
nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crian- ços fisionômicos, alterações morfológicas ou problemas
ças, particularmente em relação ao desenvolvimento das de coordenação que as destacam das demais. A atitu-
capacidades afetivas, de integração e inserção social. de dos alunos diante dessas diferenças é algo que se
É fundamental, entretanto, que alguns cuidados sejam constrói por meio da convivência e dependerá muito da
tomados. Em primeiro lugar, deve-se analisar o tipo de atitude que o professor adotar. É possível integrar essa
necessidade especial que esse aluno tem, pois existem criança ao grupo, respeitando suas limitações, e, ao mes-
diferentes tipos e graus de limitações, que requerem mo tempo, dar oportunidade para que desenvolva suas
procedimentos específicos. Para que esses alunos pos- potencialidades.
sam frequentar as aulas de Educação Física é necessário A aula de Educação Física pode favorecer a construção
que haja orientação médica e, em alguns casos, a super- de uma atitude digna e de respeito próprio por parte
visão de um especialista em Fisioterapia, um Neurolo- do deficiente e a convivência com ele pode possibilitar a
gista, Psicomotricista ou Psicólogo, pois as restrições de construção de atitudes de solidariedade, de respeito, de
movimentos, posturas e esforço podem implicar riscos aceitação, sem preconceitos.
graves. Fonte: Brasil, PCN (1997).
Garantidas as condições de segurança, o professor pode

152
atividades de estudo

1. Ao estudarmos o saque tipo tênis (saque por cima), verificamos a existên-


cia de duas formas como este saque pode ser apresentado. Sendo assim,
responda quais são elas e descreva os respectivos movimentos.

2. Nesta unidade, aprendemos que o bloqueio caracteriza-se como uma ação


defensiva que objetiva impedir o ataque adversário. Sobre o bloqueio e
suas características, assinale a alternativa correta.
a. Nos bloqueios defensivos, as mãos invadem o espaço aéreo do adversário
e se posicionam abertas, estendidas e firmes, uma ao lado da outra.
b. Nos bloqueios ofensivos, as mãos não invadem o campo adversário e são
colocadas junto à rede, na frente da bola com extensão dos punhos e tem
o objetivo de amortecer a bola para facilitar a defesa da equipe.
c. Para um bloqueio efetivo, o bloqueador deve sempre antecipar a subida
em relação ao atacante.
d. Tocar na rede ao saltar, projetando o corpo para a frente e, para saltar, e
flexionar o tronco ao invés dos joelhos são erros comuns aos iniciantes.
e. Para ter maior alcance em altura, recomenda-se que os atletas saltem e
projetem apenas um dos braço para cima.

3. A defesa em pé é uma das ações defensivas em que se utiliza a manchete.


Entretanto, esse tipo de defesa apresenta algumas características diferen-
ciadas comparada à manchete convencional (que aprendemos na unidade
anterior). Em relação à defesa em pé, é correto o que se afirma em:
I. A postura fundamental para esse tipo de defesa é a posição de expectativa
baixa.
II. Ficar na posição de expectativa alta e não colocar o corpo atrás da bola são
erros comuns aos principiantes.
III. O fundamento defesa em pé deve ser ensinado como se fosse um funda-
mento novo para o aluno, pois este não possibilita que haja transferência
de aprendizagem de nenhum fundamento.
IV. Defesa em pé é realizada na recepção de saques muito fortes, como os
saques viagens.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c. Apenas a afirmativa I está correta.
d. Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
e. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.

153
atividades de estudo

4. No decorrer desta unidade, aprendemos sobre a importância da realiza-


ção correta e segura do rolamento para o voleibol. As defesas feitas com
rolamentos tornam o jogo mais emocionante. Sobre esse fundamento,
responda (V) para Verdadeiro e (F) para Falso.
( ) O rolamento é uma ação defensiva, utilizada após a recepção de um
saque.
( ) Para realização do fundamento, o aluno deve estar na posição de
expectativa média.
( ) É utilizado quando a bola está fora do alcance da manchete.
( ) É necessário impulso com os membros inferiores para realização do
rolamento.
( ) O praticante pode defender a bola com uma das mãos ou com a
manchete antes de realizar o rolamento.

5. Um dos recursos do Voleibol é o mergulho que, em geral, é utilizado por


jogadores de alto nível para realizar algumas defesas. Em relação a esse
fundamento, analise as afirmativas a seguir e, em seguida, assinale a
alternativa correta.
I. O mergulho pode ser utilizado, também, como um fundamento ofensivo.
II. O atleta projeta seu corpo para frente, com as pernas unidas ao peito.
III. Para evitar acidentes, o atleta deve flexionar os joelhos e elevar o queixo,
para que eles não se choquem contra o solo.
IV. Não flexionar os joelhos causando impacto na rótula quando ocorre a
queda e não amortecer a queda com os braços são dois erros comuns à
execução.
V. A brincadeira infantil “carrinho de mão” pode ser utilizada como um exer-
cício formativo no processo pedagógico de ensino.
a. Apenas as afirmativas I, ll e lV estão corretas.
b. Apenas as afirmativas l, ll e lll estão corretas.
c. Apenas as afirmativas Il, lll e V estão corretas.
d. Apenas as afirmativas lll, IV e V estão corretas.
e. As afirmativas I, II, III, IV e V estão corretas.

154
EDUCAÇÃO FÍSICA

Voleibol: do aprender ao especializar


Afonso Antonio Machado
Editora: Guanabara Koogan
Ano: 2006.
Sinopse: o voleibol brasileiro é carente de bibliografia específica e
qualificada. Essa obra deixa evidente a preocupação do autor com o relacionamento entre: o
treinador e o atleta, e professor e aluno. Também, preocupa-se com a importância da simpli-
cidade e da precisão das informações transmitidas aos alunos.

Desafiando os gigantes
Ano: 2006
Sinopse: em seis anos como técnico de futebol americano de uma
escola, Grant Taylor nunca conseguiu levar seu time Shiloh Eagles a
uma temporada vitoriosa. E ao ter que enfrentar crises profissionais
e pessoais aparentemente insuperáveis, a ideia de desistir nunca lhe pareceu tão atraente.
É apenas depois que um visitante inesperado o desafia a acreditar no poder da fé que ele
descobre a força da perseverança para vencer.
Comentário: dificuldades profissionais, todos nós enfrentamos diariamente. A Educação Físi-
ca Escolar é cheia de desafios, pois estamos trabalhando todos os dias com a educação de mi-
lhares de jovens, aliado às condições estruturais, que, na maioria das vezes, não são as mais
adequadas. Por isso, quando as dificuldades lhe parecerem invencível, lembre-se deste filme.

A seguir, por meio do vídeo, são mostrados exercícios pedagógicos que ensinam o mergulho
e o rolamento do voleibol de uma forma simplificada e que possibilita o ensino desses fun-
damentos na escola. Tais atividades possivelmente não serão realizadas durante as aulas de
Educação Física Escolar, mas podem ser executadas em atividades de contraturno.
Para conferir os exercícios pedagógicos, acesse o site disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=4JmZfe5ek4s>.

155
referências

BIZZOCCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. São Paulo:


Manole, 2004.
BOJIKIAN, J. C.; BOJIKIAN, L. P. Ensinando Voleibol. 5. ed. São Paulo: Phorte
Editora, 2012.
CAMPOS, L. A. S. Voleibol “da” Escola. São Paulo: Fontoura, 2006.
SUVOROV, Y. P.; GRISHIN, O. N. Voleibol: iniciação. 5. ed. Rio de Janeiro:
Sprint, 2004.
LERBACH, A. M.; VIANNA JUNIOR, N. S. Apostila do Curso de Voleibol - Ní-
vel I. Federação Mineira de Voleibol/SENAC, Belo Horizonte, 2006. 67 p.
SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora:
uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4. ed. Porto Alegre: Art-
med, 2010.
HAMILL, J.; KNUTZEN, K. Bases biomecânicas do movimento humano. São
Paulo: Manole, 2012.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: Ministério da Educação,
v. III, 1997.

156
gabarito

1.
Saque com rotação
Tem esse nome pela rotação que é imprimida à bola, por meio da flexão de punho
que é realizada no instante do golpe. É utilizado tanto para realizar saques dirigidos,
como em saques fortes, de acordo com a velocidade que o jogador imprime à bola.
O jogador estará com as pernas em posição ântero-posterior e ombros paralelos à
rede, em posição equilibrada. A bola será segura com uma ou duas mãos, com os
braços estendidos a frente do corpo.
A bola é lançada com uma das mãos, acima da cabeça (aproximadamente 1,5 m).
Os braços são lançados para cima, o que braço batedor, passar acima da linha do
ombro, em sua máxima amplitude escapuloumeral.
O outro braço (braço que lançou a bola para cima) encerrará seu movimento para o
alto, um pouco acima da linha do ombro, estendido à frente do corpo. Quando a bola
atingir seu pico de altura, o tronco fará uma hiperextensão. No momento em que a
bola descer a uma altura apropriada, será golpeada com o braço dominante, bem
estendido, seguida de uma flexão do tronco. A mão iniciará o contato com a bola,
enquanto faz a flexão de punho.
Depois da batida, há uma transferência de peso do corpo para a perna da frente, o
que faz com que, naturalmente, a perna de trás seja lançada para frente, permitindo
ao jogador estar em movimento e retomar seu lugar na quadra. O braço termina
paralelo ao corpo, em posição natural.

Saque flutuante
Essa técnica de saque possui esse nome porque a bola percorre sua trajetória sem
rotação, devido ao tipo de batida que não flexiona o punho. Esse tipo de golpe faz
com que a bola execute uma trajetória flutuante e irregular. Este saque é de prefe-
rência entre os jogadores iniciantes, pela facilidade de execução.
O arremesso deverá ser realizado com uma mão, apesar de no início do movimento
a bola ser segura com as duas mãos. A bola é lançada para cima um pouco acima da
linha do tronco, a uma altura igual ao alcance do braço de ataque do executante. Ao
lançar a bola, o braço de ataque, estendido, é lançado para cima do ombro, até a sua
máxima amplitude, com a palma da mão voltada para a bola.
No momento em que atingir seu ponto mais alto, a bola deverá ser golpeada pelo
braço de ataque, com a mão firme, realizando uma hiperextensão de punho. O braço
que lançou a bola dá equilíbrio ao movimento e quando ocorre a batida, o cotovelo e
o punho travam-se, evitando o movimento que proporciona a rotação na bola.
O braço de ataque é lançado em direção à rede, em extensão máxima, terminando
seu movimento quase paralelo ao solo. O peso do corpo é transferido para a perna
da frente.
2. D.
3. A.
4. F, F, V, V, V.
5. D.

157
APRENDIZAGEM DO VOLEIBOL

Professora Me. Suelen Vicente Vieira


Professor Esp. Robson Florentino Xavier
Professora Me. Nayara Malheiros Caruzzo

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Minivoleibol
• Sistema de Jogo 6x0

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a aplicabilidade do Minivoleibol.
• Entender o rodízio 6x0 como progressão ao jogo formal.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a), chegamos à última unidade do nosso livro, na qual


falaremos sobre o voleibol visto sob um aspecto tático. Nas unidades
anteriores, sugerimos processos pedagógicos dos fundamentos em uma
perspectiva técnica, por motivos já antes explícitos. Entretanto, você pode
estar se perguntando: “o voleibol só deve ser trabalhado com enfoque téc-
nico por meio do jogo formal? Ou deve ser ensinado nas idades anterio-
res?”. Estas são questões legítimas, visto o conteúdo até aqui apresentado.
Desse modo, essa unidade apresentará o voleibol com um olhar tá-
tico sobre o jogo, sem enfocar os gestuais técnicos como ponto de parti-
da. Isso porque, aqui, o voleibol será inserido nas séries iniciais (Ensino
Fundamental l - 1º ao 5º ano), que contempla as crianças com idade de
6 a 10. Sabemos que, nessa fase, há o desenvolvimento das habilidades
motoras fundamentais, as quais, porém, não constituem a modalida-
de enfocada. Por esse motivo, nessa fase é importante que as crianças
desenvolvam o entendimento do jogo de forma geral, não importando
muito como farão, e sim o que farão (elementos táticos, em detrimento
dos aspectos técnicos).
Nesse sentido, o Minivoleibol é uma excelente estratégia para ini-
ciarmos a aprendizagem do voleibol com as crianças. Outro importante
aspecto é introduzir o esporte com rede para essa faixa etária, por meio
de atividades lúdicas, que também serão sugeridas nesta unidade. Isso
justifica-se porque o jogo é tido como elemento essencial à aquisição de
habilidades motoras.
Além disso, têm-se em vista que, ao inserirmos os alunos ao jogo
formal, 6x6 (a partir do 6º ano), faz-se necessário que essa prática seja
devidamente organizada. Para tanto, um sistema de rodízio torna-se ne-
cessário, a medida que é elemento constituinte, inclusive, das regras que
regem o esporte. O sistema de jogo mais adequado ao contexto escolar
é 6x0, em que evita-se a especialização precoce, já que todos os alunos
passam por todas as posições e funções da quadra. Boa leitura!
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Minivoleibol
Segundo Gonçalves (1998), a competição não pode O Minivoleibol parte do pressuposto que o jogo
deixar de ser considerada um instrumento pedagó- deve sempre estar inserido em todas as fases de
gico importante no processo de estimulação para a aprendizagem do voleibol, pois, segundo Mesqui-
prática do voleibol. Cabe ao professor transmiti-la em ta (1998), ele constitui um meio pedagógico fun-
cunho educativo e dela extrair os efeitos indispensá- damental ao possibilitar a obtenção de prazer e de
veis à orientação da sua intervenção pedagógica. êxito - condições indispensáveis para a obtenção de
De acordo com o mesmo autor, antes de tudo, a sucesso em qualquer atividade.
criança gosta de brincar e de jogar. Isso fica muito É do conhecimento geral, e defendido pela
evidente ao analisarmos que estas são as únicas ati- maioria dos autores especialistas no assunto, que
vidades em que elas se engajam livremente. O jogo a prática do jogo formal (modelo 6x6), ao nível
permite à criança afirmar a própria individualidade da iniciação, se constitui inadequada. Tal cons-
ao mostrar que participação na atividade resulta em tatação ocorre porque a ruptura do jogo é uma
sua capacidade de saber fazer, dando a ela a oportu- constante devido à dificuldade de sustentar a bola
nidade de responder às suas motivações. no espaço aéreo (por causa, fundamentalmente,

162
EDUCAÇÃO FÍSICA

da grande extensão do espaço de jogo), sendo que dimensões do espaço de jogo e do número de joga-
a criança tem contato muito reduzido com a bola dores por equipe).
(BAACKE, s.d.) Desse modo, a proposta dos jogos reduzidos
Ao encontro dessa ideia, Buck, Harrison e Bryce em suas diferentes variações (1x1, 2x2, 3x3, 4x4)
(1990) constataram que, na situação de jogo formal, evita os exercícios analíticos e faz do jogo reduzido
os alunos têm pouco contato com a bola, isto é, em um meio de excelência do aprendizado do volei-
média, menos de uma vez por minuto. Isso confir- bol. Por meio desses argumentos, surge o Mini-
ma que a utilização dessa forma de jogo enquanto voleibol, que apesar de não ser classificado como
meio de aprendizagem do Voleibol não é considera- um esporte, ou uma modalidade, é entendido
da adequada para iniciantes. como um método de trabalho (SANTOS, 2011).
Parece ser lógico e necessário encontrar uma Para você, futuro(a) professor(a) de Educação Fí-
fórmula que proporcione, aos pequenos praticantes, sica, que irá trabalhar com a iniciação do voleibol,
o maior contato com a bola, para que obtenham êxi- consideramos o Minivoleibol adequado para uma
to na execução da tarefa. Utiliza-se para tal situações assimilação mais rápida por meio de um iniciação
facilitadoras da sustentação da bola (diminuição das lúdica na modalidade. (SANTOS, 2011)

163
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Para isso, a Federação Internacional de Voleibol - Tabela 1 - Referências para o Minivoleibol


FIVB - (2014, on-line)1 propõe ao Minivoleibol alguns CORDEIRO (1996. p. 61)
objetivos básicos, como, por exemplo, tornar o Volei- indica como referência as seguintes medidas:
bol mais simplificado. Ao fornecer possibilidades de IDADE 9/11 anos 10/12 anos 11/13 anos
adaptação, atendendo as necessidades da fase na qual
Equipe 2x2 3x3 4x4
a criança se encontra, o aluno entende a modalidade
Quadra 3x9m 6x9m 8x12m
de uma maneira simplificada e atrativa. Conforme já
4,5x9m 6x12m 9x12m
foi mencionado nas unidades anteriores, nesta idade
o medo de rejeição e a busca de aceitação pelos pares Altura de rede2 210 ± 5cm 210 ± 5cm 220±5cm
pode inibir o engajamento do aluno no esporte, em Fonte: Cordeiro Filho (1997, p. 61).

que ele pode não perceber-se competente.


Sem exigir do aluno um acúmulo físico e men- Alguns princípios básicos do Voleibol mantém-
tal, o Minivoleibol favorece a estimulação da criança -se, tais como o toque na rede e as invasões tanto por
em alguns pontos fundamentais para a inserção dela cima da rede quanto por baixo dela. Porém, quanto
em uma modalidade esportiva (BAACKE, s.d; FRA- à condução de bola e aquisição de técnicas não há
GA, 1990; RODRIGUES, 1990). A grande vantagem cobrança, o que permite a fluência do jogo.
é que o esporte apresenta regras adaptadas: Vale ressaltar que as normas para o jogo de fundo
[...] O número de jogadores por equipe: é joga-
de quadra, substituições e posição inicial são mol-
do com menos de seis jogadores por equipe, dadas para a especificidade de cada local. Contudo,
permitindo um maior número de contatos com devemos manter o rodízio nas equipes e a restrição
a bola por jogador, fácil cooperação entre joga- do ataque e do bloqueio somente aos jogadores que
dores, táticas mais simples e grande interesse.
estão na posição de ataque (frente), assim, consegui-
Normalmente, as equipes de minivôlei são for-
madas por dois, três ou quatro jogadores, de- mos evitar a especialização precoce entre os alunos
pendendo da idade e do nível do jogo. (SANTOS, 2011).
Tamanho da quadra: é jogado em uma quadra Você deve estar se perguntando: como devemos,
que requer menor força e movimentos, redu- efetivamente, iniciar o trabalho do Minivoleibol?
zindo o número de interrupções e promovendo
longos rallies. Normalmente, as medidas da
quadra são adaptadas de acordo com o número
de jogadores, idade, nível de jogo.
Altura da rede: é jogado com uma redução na
altura de rede, o que proporciona às crianças
atacarem e defenderem, de acordo com sua es-
tatura e habilidade de salto.
Tamanho e peso da bola: é jogado com uma bola
mais leve e de menor circunferência, adaptado
às mãos e força das crianças. Para iniciantes, em
idade menor, é conveniente usar bolas de bor-
racha ou de plástico (SANTOS, 2011, p. 14-15).

164
EDUCAÇÃO FÍSICA

165
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Voleibol
Algumas dicas da Federação Internacional de Voleibol
(2014, on-line)1 sobre o processo de aprendizagem desta
modalidade.

1º etapa
Indicada para 8 – 10 anos: base para o Minivoleibol

Trabalhar com pequenos jogos, transpor a bola por cima da rede, jogos
de 1x1. Exercitar a cooperação, antecipação e o movimento na direção
da bola e algumas regras básicas.

2º etapa
Indicado para 9 – 11 anos: preparação para o Minivoleibol

Trabalhar com pequenos jogos, transpor a bola por cima da rede, de


2x2. Exercitar a cooperação com a observação do adversário, a ante-
cipação da bola e continuar com as regras básicas.

3º etapa
Indicado para 10 – 12 anos: introdução do Minivoleibol

Trabalhar com pequenos jogos de Minivoleibol de 3x3. Iniciar o uso tá-


tico dos fundamentos, de algumas táticas básicas de equipe e regras
básicas do Minivoleibol.

166
EDUCAÇÃO FÍSICA

4º etapa
Indicado para 11 – 13 anos: aperfeiçoamento do Minivoleibol

Trabalhar o Minivoleibol 4x4, com o uso de táticas individuais, forma-


ção de equipe e sistemas de ataque e defesa.

5º etapa
Indicado para 12 -14 anos: transição para o voleibol

Diversos jogos com bola e o trabalho do voleibol 6x6. A formação de


equipes e sistemas, a tática individual e as regras do voleibol já podem
ser inseridas.

É importante destacar que a criança não deve ser cobrada pela exe-
cução perfeita do movimento. A intenção é provocar e instigar a re-
alização dos movimentos fundamentais básicos (que já abordamos
na Unidade III e IV), pois além de vivenciar a modalidade do voleibol,
devemos lembrar que a base motora para desempenhos futuros,
em geral, é trabalhada nesta primeira fase. Reitera-se que todas as
faixas etárias estão em estreita interdependência, o que salienta a
importância de um bom trabalho nas fases iniciais do aprendizado
desta modalidade.

167
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

MATERIAIS ALTERNATIVOS

O ideal seria se tivéssemos materiais adequados disponíveis à prática pedagógica.


Entretanto, na maioria das vezes, isso não é possível. Então, como permitir que
um grande número de alunos participe das atividades, se só teremos disponíveis
uma quadra e uma rede?
Como visto, o Minivoleibol pode ocorrer com o número de participantes que
pode variar de 1x1 a 4x4. Nesse sentido, podemos adaptar nossa quadra de vo-
leibol formal (9mx9m) e transformá-la em 3 quadras de Minivoleibol. Dessa for-
ma, permitiremos que ao menos 24 alunos participem da aula ao mesmo tempo,
como é apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Formas de Trabalho do Minivoleibol


Fonte: Portal do Professor (2010, on-line)2.

168
EDUCAÇÃO FÍSICA

Para que a quadra seja adaptada, sugerimos que as três quadras sejam realiza-
das no sentido transversal da quadra oficial. Assim, as miniquadras, ficarão com
as medidas de 5m x 12m, tendo 1,5m de espaçamento entre elas (Figura 2).

1,5m

5m 1,5m

12m
9m

1m

18m

Figura 2 - Adaptação da quadra para o Minivoleibol


Fonte: os autores.

Contudo, você deve estar se questionando: “como farei, se não tenho três redes
para serem montadas em cada quadra?”. Evidente que, ao usarmos essas dimen-
sões, o ideal é utilizar os kits de Minivoleibol, que, no entanto, são escassos nas
escolas. Para tanto, utilizaremos materiais adaptados, como elásticos e materiais
similares. Para fixar, normalmente, se a quadra utilizada for poliesportiva, pode-
mos fazer as amarrações nas traves dos gols, cruzando a quadra até o outro lado,
fazendo, assim, a rede das três miniquadras.
A criatividade do professor fará a diferença e possibilitará que ele realize as
adaptações necessárias à sua realidade. Além disso, vale explorar outras ativida-
des, não necessariamente relacionadas ao voleibol, mas nessa logística da quadra,
para trabalhar atividades com a rede divisória. Isso ajudará na aprendizagem da
modalidade.

169
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

Sistema de Jogo 6X0


Caro(a) aluno(a), tendo em vista a premissa de que devem ter para poderem buscar um desempenho
o jogo é extremamente motivador para as crianças, compatível à sua idade e nível de desenvolvimento
como visto no Minivoleibol, devemos dar sequência dentro do esporte.
à aprendizagem do jogo do voleibol. Assim, faz-se O sistema 6x0 é o mais indicado para as crian-
necessário a organização do jogo formal, de modo ças assimilarem suas funções dentro de quadra,
que garanta o revezamento dos alunos nas diversas lembrando que elas ainda não estão com os funda-
posições da quadra, assegurando um meio efetivo mentos automatizados. Então, exigir das crianças
para que isso aconteça. desempenho na execução dos fundamentos aliados
No voleibol, chamamos esse método de rodízio, às funções táticas tornará a tarefa ainda mais difícil.
que se manifesta de diferentes maneiras; a mais sim- Porém, o ensino da tática será de suma importância
plificada denomina-se como 6x0 (comumente apli- para as crianças aplicarem, de forma sistematizada,
cada ao contexto escolar). os fundamentos do voleibol nas fases posteriores ao
Assim, de forma simples, abordaremos, a seguir, Minivoleibol.
alguns aspectos da tática que as equipes iniciantes

170
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS

Ainda, existem outros tipos de sistema de


jogo (rodízio) no voleibol como o 3x3, 4x2,
5x1, 6x2. É por meio do sistema de jogo que
as equipes montam e organizam sua tática
de jogo. Contudo, o que significa dizer que
determinada equipe adotou um rodízio 4x2?
Quer dizer que o sistema de jogo adotado
contém 4 jogadores atacantes e 2 jogadores
levantadores. O mesmo ocorre para os outros
tipos de rodízio: 3x3 (3 atacantes e 3 levanta-
dores); 5x1 (5 atacantes e 1 levantador); e 6x2
(4 jogadores só atacam e 2 jogadores atacam
e levantam).

4 3 2
Fonte: adaptado Bojikian, J.; Bojikian, L. (2012).

Para saber mais sobre o rodízio, acesse o links


disponível em: <http://educacaofisicanamente.
blogspot.com.br/2012/05/taticas-basicas-do-volei-
bol.html>.

O SISTEMA DE JOGO 5 6 1
O sistema de jogo conhecido como 6x0 ou mesmo
6x6 consiste no sistema que não tem jogadores es-
pecializados em cada posição, o que garante que
todos os alunos participem do ataque, do levanta-
mento e das recepções e defesas. O levantador será Figura 3 - Posições da quadra
sempre aquele que ocupar a posição 3 da quadra Fonte: adaptada de Educação Física na Mente (2017, on-line)3.

(Figura 3).

171
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

FUNÇÕES DOS JOGADORES NAS RESPECTIVAS POSIÇÕES

POSIÇÃO Nº 1
Chama-se defesa direita. Tam-
POSIÇÃO Nº 2 bém é nessa posição que o atle-
Denomina-se oposto ou saída ta fica responsável pelo saque.
de rede.

POSIÇÃO Nº 3
Denominada de meio de rede
ou central.

2
3 1
6
4

POSIÇÃO Nº 4
Denominada de ponta ou entrada
de rede. POSIÇÃO Nº 6
Denomina-se como defensor
POSIÇÃO Nº 5
central ou defesa central
Conhecida como de defesa es-
querda, normalmente é a posi-
ção que atua o líbero nas equi-
pes com nível mais avançado.

Fonte: adaptado de Educação Física na Mente, ([2017], on-line)3.

172
EDUCAÇÃO FÍSICA

Podemos observar na Figura 3 que há uma clara divisão na quadra entre as po-
sições 5, 6 e 1 e as posições 4, 3 e 2. As ações dos atletas nessas determinadas
posições são diferentes.
As posições 4, 3 e 2 se encontram dentro da linha dos 3 metros, essa linha
delimita e permite que os jogadores dessas posições fiquem responsáveis pelas
ações de ataque da equipe, em que somente eles podem bloquear e atacar dentro
dessa zona. Também são conhecidos como jogadores da rede ou de ataque.
Os jogadores que se encontram nas posições 5, 6 e 1, que ficam na posição
de fundo de quadra são os responsáveis pelas ações defensivas da equipe, eles
não podem bloquear e nem atacar dentro da linha dos 3 metros, a ação de ata-
que só pode ser feita se for efetuada atrás dessa linha limite. Os alunos dessas
posição são conhecidos como jogadores de fundo da quadra ou jogadores da
zona de defesa.
Os jogadores da linha de ataque (posições 2, 3 e 4) podem participar normal-
mente das jogadas de rede (ataque e bloqueio). Os jogadores de defesa (posições
5, 6 e 1), caso ultrapassem os pés na zona de ataque, não poderá efetuar ataques
com a bola estando a uma altura superior à borda da rede. Para tanto, ele deverá
saltar de trás - antes da linha, ainda na zona de defesa - da linha de ataque, sem
pisar nela. Em nenhuma hipótese, os jogadores dessa posição poderão realizar
bloqueios (Educação Física na Mente, [2017], on-line)3.
O posicionamento dos alunos, no voleibol, ocorre da seguinte forma:

3 2
1
4 6
5

Figura 4 - Posicionamento dos alunos


Fonte: os autores.

173
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

POSICIONAMENTO DOS ALUNOS

POSIÇÃO Nº 2
Deverá se posicionar à frente da
posição 1 e à direita da posição 3.

POSIÇÃO Nº 1
POSIÇÃO Nº 3 Deverá estar atrás da posição 2
Deverá se posicionar entre as po- e à direita da posição 6.
sições 4 e 2 e à frente da posição 6.

2
1
3
6
4

POSIÇÃO Nº 4
Se posicionará à esquerda da
posição 3 e à frente da posição 5. POSIÇÃO Nº 6
Estará entre as posições 5 e 1 e
atrás da posição 3.

POSIÇÃO Nº 5
Deverá estar atrás da posição 4
e à esquerda da posição 6.

174
EDUCAÇÃO FÍSICA

RODÍZIO DAS POSIÇÕES


Vale ressaltar que o jogador da posição 3 sempre
O rodízio das posições ocorre no sentido horário, é o responsável pelo levantamento das bolas para a
em sentido de regressão numérica das posições. Por equipe que se encontrará na posição 4 e 2 (Figura 6).
exemplo: o jogador que inicia na posição 6, no pró-
ximo rodízio vai para a posição 5, posteriormente FORMAÇÃO DEFENSIVA
para 4, depois para 3, 2, 1 e assim sucessivamente,
até finalizar o set (Figura 5). Como já dissemos anteriormente, enquanto uma
equipe está se estruturando para as ações ofensi-
2
vas, a outra deve estar se organizando para as ações
3 1
4 6 defensivas. Nas ações táticas defensivas, temos as
5 ações de bloqueio, defesa em pé, rolamento e mer-
gulhos (já aprendidas na Unidades III e IV). O obje-
tivo principal das ações defensivas é impedir que o
Figura 5 - Rodízio das posições do voleibol ataque adversário se transforme em ponto, visando
Fonte: adaptado de Educação Física na Mente, ([2017], on-line)3. propiciar um contra-ataque.

FORMAÇÃO PARA A RECEPÇÃO DO SAQUE SAIBA MAIS

Uma equipe é composta por ações defensivas e ofen- O contra-ataque nada mais é do que a ação
sivas e no sistema 6x0 todos participam dessas ações. defensiva executada pela minha equipe após
A formação para a recepção de saque mais utilizada o ataque do adversário. Por exemplo: minha
equipe saca, o adversário executa o passe,
por equipes iniciantes é a que chamamos de W, pois levantamento e o ataque. Meu time conse-
coloca o maior número possível de alunos partici- gue realizar a defesa e já organiza a transi-
pando da ação de recepção, dificultando o sucesso ção para o ataque. Essa ação é denominada
contra-ataque.
do saque adversário.
Fonte: os autores.
2
1

Nas Figuras 7 e 8, veremos a forma que a equi-


3
6

pe deve estar disposta em quadra para a defesa, até


5

que o levantador da equipe adversária defina para


4

onde vai o levantamento. Como aqui utilizaremos o


sistema 6x0, analisaremos apenas o posicionamento
Figura 6 - Formação de recepção em W
para bolas nas extremidades sem ataque pelo meio
Fonte: adaptado de Educação Física na Mente ([2017], on-line)3. de rede.

175
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

a defesa das bolas que são atacadas com mais força.


Ao mesmo tempo, os jogadores das posições 3 e 1

1
(respectivamente atacante de centro e defesa direi-
ta) aproximam-se do bloqueador para dar cobertu-

6
ra. Por fim, o jogador que ocupa a posição 6 (defesa
central) se prepara para defender os ataques que são
lançadas no fundo da quadra.

5
Por outro lado, na Figura 9, você pode observar
que o ataque vem da posição de saída de rede (lado es-
Figura 7 - Sistema defensivo sem bloqueio
querdo da quadra), assim, ocorre o bloqueio simples
Fonte: adaptado de Professor Educação Física (2014, on-line)4. do jogador atacante da entrada de rede (posição 4).
2

1
3

6
4

5
Figura 8 - Defesa com ataque pela entrada de rede e bloqueio simples na Figura 9 - Defesa com ataque pela saída de rede e bloqueio simples na
saída de rede (posição 2) entrada de rede (posição 4)
Fonte: adaptada de Professor Educação Física (2014, on-line)4. Fonte: adaptada de Professor Educação Física (2014, on-line)4.

No contexto escolar e de iniciação esportiva, va- Dessa forma, as funções se alteram um pouco: os
mos trabalhar, a maior parte das vezes, com o blo- jogadores de defesa direita (posição 1) e de ataque
queio simples. Observe pela Figura 8 como o ata- direito (posição 2) ficam responsáveis por defender
que partiu do lado direito da quadra, o atacante da os ataques mais fortes. Para a cobertura ao bloque-
posição de saída de rede (posição 2) fez o bloqueio. ador, os responsáveis são os jogadores das posições
É necessário, então, que os jogadores se organizem 3 e 5 ( atacante de centro e defesa esquerda, respec-
para conter a bola que vem do ataque. O jogador da tivamente). Para as bolas atacadas mais ao fundo da
posição defesa esquerda e ataque esquerdo (respec- quadra, o responsável é o jogador de defesa central
tivamente posições 5 e 4) se preparam para realizar (posição 6).

176
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS Caro(a) aluno(a), certamente o sistema 6x0 é o


mais empregado e se adequa à realidade que você
Nos jogos de voleibol, sempre temos aquela vivenciará no âmbito escolar.
velha máxima que já se tornou clássico “a Os planos ofensivos e defensivos que foram pas-
primeira não roda”. Esse mito difundido lar- sados são básicos e voltados para crianças que estão
gamente não procede, pois deve-se prestar
atenção no que diz a regra!! no processo de transição para uma competição. Isso
“Quando a equipe receptora ganha o direito se dá porque, nesse contexto de competição escolar,
de sacar, os jogadores avançam uma posição faz-se necessário noções de rodízio, ações defensivas
no sentido dos ponteiros do relógio: jogador
na posição 2 avança para a posição 1 para e ofensivas básicas para o desenvolvimento do jogo
sacar, jogador da 1 retorna para a posição 6 como um todo.
e assim por diante” (CONFEDERAÇÃO BRASI-
LEIRA DE VOLEIBOL, 2015, on-line)5.
REFLITA
Portanto, se a equipe que ganhou o direito de
sacar não efetuar o rodízio ela comete falta
penalizada acarretando a perda do ponto.
Lembre-se que antes de iniciar com a apren-
Fonte: os autores. dizagem do sistema de jogo 6x0, o Minivolei-
bol pode auxiliar na assimilação de rodízios
e formas de rotação de uma maneira mais
simplificada.

177
considerações finais

P
rezado(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa última unidade, na qual
apresentamos o Minivoleibol, uma metodologia que defendemos como
a mais eficaz e adequada para o processo de aprendizagem inicial da
modalidade. Após isso, como progressão a essa fase, faz-se necessário
a compreensão do jogo de 6x6 ou 6x0. Você pôde aprender que para organizar
este jogo, utiliza-se o rodízio 6x0, no qual todos os alunos passam por todas as
posições, evitando-se, assim, a especialização precoce e permitindo que todos
vivenciem os diferentes posicionamentos do Voleibol.
Cabe a você, futuro(a) professor(a) de Educação Física, elaborar ferramentas
para dar suporte organizacional à sua turma, para, assim, amparar os alunos com
ações pautadas dentro de uma sistema proposto para o ensino do voleibol. Tam-
bém é importante criar estratégias para que os seus diferentes alunos vivenciem
a modalidade.
Lembramos, mais uma vez, que a aprendizagem do sistema 6x0 será facilitada
se, no processo anterior a essa fase, o professor estiver fazendo uso do método
Minivoleibol e de atividades lúdicas desportivas com rede divisória. Isso dará
condições para os alunos interagirem e entenderem que o voleibol é um esporte
competitivo, e também cooperativo (entre as equipes, que devem manter a bola
no ar), premissa importantíssima para o entendimento pelas crianças sobre a
dinâmica da modalidade.
Ao final dessa trajetória, esperamos ter contribuído para o seu crescimento
profissional e pessoal. A modalidade do Voleibol é mais uma dentre as diferen-
tes práticas corporais trabalhadas da Educação Física e deve ser transmitida aos
alunos. Esperamos que seus estudos sobre o Voleibol não se encerrem aqui, e
destacamos, ainda, que o estudo das práticas corporais da Educação Física são
fundamentais para transmitir ao seu aluno o mais rico repertório motor.

178
LEITURA
COMPLEMENTAR

Além do Minivoleibol, existem outras atividades que auxiliam no trabalho lúdico dessa
modalidade com as séries iniciais. As atividades envolvem fundamentos do voleibol e
também outros materiais que não são característicos da modalidade, mas que ofere-
cem princípios, como a organização de equipe e reconhecimento do espaço de jogo,
que são fundamentais no voleibol. A seguir, citamos algumas dessas atividades.

Voleibol Lençol
A atividade é realizada dentro da quadra de voleibol. Os alunos serão divididos em duas
equipes, que serão separadas pela rede. Dentro de cada equipe, os alunos serão dividi-
dos em grupos de quatro alunos. Distribua para cada grupo um lençol ou toalha. Cada
integrante da equipe irá segurar em uma ponta do objeto. Ao iniciar o jogo, a bola só
poderá ser lançada utilizando o lençol ou toalha, para isso, será necessário que todos
os integrantes façam o movimento com o adereço escolhido, para lançar a bola e trocar
passes. Adaptações referentes ao tamanho da quadra, número de alunos e altura da
rede podem ser realizadas atendendo à realidade.

Basquetevôlei
A atividade acontece na quadra de basquetebol. Divida os alunos em duas equipes.
O objetivo da atividade é realizar a cesta (basquetebol), entretanto, os movimentos e
fundamentos utilizados na troca de passes da equipe devem ser fundamentos do vo-
leibol (toque, manchete, saque, cortada). Algumas regras podem ser inseridas, como a
retenção da bola com mãos por apenas 3 segundos.

Voleibol com bexigas


Os alunos devem ser divididos em duas equipes. Cada equipe se posicionará de um
lado da quadra. Distribua uma bexiga/balão para cada aluno. Cada aluno deverá en-
cher a bexiga/balão. Ao sinal, cada aluno deverá lançar sua bexiga/balão ao campo
adversário, ao mesmo tempo em que tenta devolver as que foram lançadas para o seu
campo, por cima da rede. Após algum tempo, o professor dará um sinal de término.
Marca ponto a equipe que possuir menos bexigas/balões em seu campo.

Fonte: adaptada de Blog da Educação Física Foz ([2017] on-line)6.

179
atividades de estudo

1. Nesta unidade, aprendemos o sistema de jogo 4. Sobre o sistema de jogo 6x0 (ou 6x6) e o posi-
6x0 que deve ser aplicado nos alunos após o cionamento dos jogadores em quadra, analise
Minivoleibol. Sobre esse sistema e suas ações as afirmações a seguir e, em seguida, assinale
defensivas, analise as assertivas a seguir e, em a alternativa correta.
seguida, assinale a alternativa correta. I. O sistema de jogo 6x0, ou 6x6 é voltado para
I. Na recepção para equipes iniciantes, a posi- o alto rendimento.
ção W é a mais indicada.
II. O sistema de jogo necessita de jogadores es-
II. Para receber faz-se necessário apenas 3 joga- pecializados.
dores em equipes iniciantes.
III. No sistema de jogo 6x0 o levantador sempre
III. No sistema 6x0, todos os jogadores desempe- está na posição 3.
nham as funções de atacantes e levantadores,
IV. Os jogadores da posição 5, 6 e 1 são chama-
não existindo jogadores especializados.
dos de jogadores de fundo de quadra ou joga-
a. Apenas as afirmativas I e III estão corretas. dores da zona de defesa.
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
c. Apenas a afirmativa I está correta. b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d. Apenas a afirmativa II está correta. c. Apenas a afirmativa I está correta.
e. As afirmativas I, II e III estão corretas. d. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
e. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
2. Porque é interessante iniciar o voleibol primei-
ramente com a aprendizagem do Minivoleibol?
5. Sobre as posições de ataque e defesa na qua-
dra, as ações defensivas e rodízio, assinale
3. A FIVB apresenta algumas etapas e orientações
Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as alterna-
para o trabalho do Minivoleibol até chegar ao
tivas a seguir.
jogo formal (6x6). Na 1º etapa (indicado para
( ) Posição 2, 3, 4 na quadra são conhecidas
8 – 10 anos), aprendemos que o importante é
como posição de ataque.
trabalhar com pequenos jogos que realizem o
movimento de transposição da bola por cima ( ) As posições 4, 3, 2 não podem bloquear
da rede, trabalhando a antecipação e direção e nem atacar dentro das linhas dos 3 metros
da bola. Com base nessa 1º etapa e em suas ca- quando a bola estiver em uma altura superior à
racterísticas indicada pela FIVB, cite e explique borda da rede.
duas atividades que as contemplem. ( ) Nas ações táticas defensivas, temos as
ações de bloqueio, defesa em pé, rolamento e
mergulhos.
( ) O objetivo principal das ações defensivas é
impedir que o ataque adversário se transforme
em ponto, visando propiciar um contra-ataque.
( ) O rodízio dos alunos na quadra dar-se-á no
sentido horário.

180
EDUCAÇÃO FÍSICA

Voleibol Escolar: da iniciação ao treinamento


Joarez Santini e Luiz Delmar da Costa Lima
Editora: Editora Ulbra
Sinopse: o voleibol, tanto nas aulas de Educação Física quanto na
formação de equipes de competição, é um dos esportes mais pro-
curados pelos alunos. Para ensiná-lo, o professor ou treinador deve ter em mente a preocu-
pação de passar todas as informações possíveis de forma a garantir ao aprendiz a realização
com sucesso dos fundamentos básicos do jogo. Conhecer a metodologia adequada desse
esporte, por meio dos exercícios educativos para a manutenção da habilidade e exercícios
alternativos para a correção imediata de erros comuns na aprendizagem, torna-se funda-
mental para o seu bom desenvolvimento.

O grande desafio
Ano: 2007
Sinopse: inspirado em uma história real, o filme conta a jornada do
brilhante, mas volátil, professor Melvin Tolson (Denzel Washington)
que usa de seus métodos pouco convencionais, de sua visão políti-
ca radical e do poder das suas palavras para motivar um grupo de alunos do Wiley College,
do Texas, a participar de um campeonato de debates na Universidade de Harvard.
Comentário: um filme que nos inspira a trabalhar, mesmo quando as situações parecem
ser desfavoráveis. Dificuldades serão iminentes à nossa prática pedagógica cotidiana, ainda
assim, temos que saber que os bons professores podem fazer uma diferença significativa na
vida de seus alunos.

Esse vídeo traz opções de exercícios para iniciação do Minivoleibol por meio de exercícios
pedagógicos, aumentando progressivamente o grau de dificuldade destes. O interessante é
que todos eles são realizados sob a rede, principal característica da modalidade.

Para conferir o vídeo, acesso o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Zj-


CBBUKD0G0>.

181
referências

BAACKE, H. (s.d.) Manual do treinador. Confederação Brasileira de VolleyBall. s.d.


BOJIKIAN, J. C. ; BOJIKIAN, L. P. Ensinando Voleibol. 5. ed. São Paulo: Phorte
Editora, 2012.
BUCK, M.; HARRISON, J. M.; BRYCE, G. R. (1991). An analysis of learning
trials and their relationship to achievement in volleyball. Journal of Teaching in
Physical Education. (Champaign, Ill). v. 10. n. 2, 134-152, 1991.
CORDEIRO FILHO, C. Apostila Técnica do Curso de Treinadores nível 1. Porto
Alegre: CBV, 1997.
FRAGA, F. O. Minivoleibol. Horizonte - Revista de Educação Física e Desporto,
v. 7, n. 38, p. 61-67. Portugal, 1990.
RODRIGUES, J. J. O ensino do jogo de voleibol. Horizonte - Revista de Educa-
ção Física e Desporto, Portugal, n. 40, p. 111-114, 1990.
GONÇALVES, C. A. O desenvolvimento do jovem praticante - Manual do Mo-
nitor. Oeiras: DGD, 1998.
MESQUITA, I. O ensino do voleibol. Proposta metodológica. In: GRAÇA, A;
OLIVEIRA, J. (Ed.). O ensino dos jogos desportivos. 3. ed. Universidade do Por-
to, 1998.
SANTOS, V. M. O minivôlei como ferramenta para o desenvolvimento psico-
motor em crianças de 7 a 10 anos. 2011. Monografia (Especialização em Psico-
motricidade), Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2011.
KREBS, R. J. Da estimulação à especialização: primeiro Esboço de uma teoria da
especialização motora. Revista Kinesis, n. 9, 29-44, 1992.

Referências On-line
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Em: <http://www.fivb.org/EN/FIVB/FIVB_History.asp>. Acesso em: 01 jun.
2017.
2
Em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25589>.
Acesso em: 01 jun. 2017.
3
Em: <http://educacaofisicanamente.blogspot.com.br/2012/05/taticas-basicas-
-do-voleibol.html>. Acesso em: 01 jun. 2017.
4
Em: <http://professor-educacao-fisica.blogspot.com.br/2014/08/voleibol-siste-
ma-t-defensivo.html#more>. Acesso em: 01 jun. 2017.
5
Em: <http://www.cbv.com.br/v1/vivavolei/mini_regras.asp>. Acesso em: 01 jun.
2017.
6
Em: <http://educacaofisicafoz.do.comunidades.net/jogos-ludicos-para-volei-
bol>. Acesso em: 02 jun. 2017.

182
gabarito

1. A.
2. Iniciar o voleibol por meio do método Minivoleibol (MV), além de facilitar o desenvol-
vimento motor na execução das tarefas táticas, aos iniciantes, obtêm-se a vantagem
de distribuir diferentes responsabilidades durante o jogo e também de transmitir
uma visão geral das funções do voleibol.
3. Atividade 1: ficar em grupos de 3 a 4 alunos, em círculo, espalhados em um espaço
de aproximadamente 1m de distância. O objetivo é lançar a bola de um para o outro,
tentando manter a bola no ar o maior tempo possível. Mover-se enquanto observam
a bola, chegar em boa posição para pegar a bola antes que ela caia no chão. Pode
variar a distância entre os alunos, aumentando gradativamente. Variações: utilizar
de bolas mais leves como bola de vinil (gigantes), bolas de borracha ou até bexigas.
Atividade 2: conforme a Leitura Complementar da Unidade V - Voleibol com bexigas,
os alunos devem ser divididos em duas equipes. Cada equipe se posicionará de um
lado da quadra. Distribua uma bexiga/balão para cada aluno. Cada aluno deverá en-
cher a bexiga/balão. Ao sinal, cada aluno deverá lançar sua bexiga/balão ao campo
adversário, ao mesmo tempo em que tenta devolver as que foram lançadas para
o seu campo, por cima da rede. Após algum tempo, o professor dará um sinal de
término. Marcará ponto a equipe que possuir menos bexigas/balões em seu campo.
4. D.
5. V - F - V - V - V.

183
ESPORTES COLETIVOS VOLEIBOL

conclusão geral
Caro(a) aluno(a)! Chegamos ao final do nosso livro, ao qual construímos conhe-
cimentos acerca de uma modalidade tão comum à prática esportiva: o voleibol.
Por meio dos pontos apresentados em cada unidade, esperamos ter contribuído
para sua formação acadêmica e lhe proporcionado conhecimento científico que
embase a sua atuação segura na prática escolar e não escolar.
Até o presente momento, vimos o voleibol nos diversos contextos em que se
apresentam como instrumento da Educação Física, contemplado nas áreas da
Saúde e do Lazer; da Educação e da Competição. Para que a aprendizagem acon-
teça de forma significativa, sugerimos uma idade ideal para que a criança tenha
condições mínimas para ser introduzida à modalidade. Logo, faz-se necessário o
método de ensino, que foi apresentado em forma de processo metodológico e é
constituído por cinco etapas, explanando-se a importância de uma ordem espe-
cífica dos fundamentos para o processo de ensino.
Para que haja o entendimento satisfatório sobre a modalidade, foi apresen-
tada uma breve história, seguida das principais regras norteadoras do esporte
e que limitam o que é permitido em sua dinâmica. Ainda, para aprofundar a
compreensão sobre o voleibol, algumas capacidades motoras necessárias aos par-
ticipantes, bem como os estudos sobre o desenvolvimento físico na infância e
adolescência foram apontadas, com o intuito de entender os jovens e podermos
organizar melhor a prática de ensino.
Assim, foram sugeridos processos pedagógicos para o ensino de todos os fun-
damentos da modalidade e como forma metodológica, com o objetivo de facilitar
o entendimento da modalidade pelas crianças, sugeriu-se a prática do Minivoleibol
como elemento facilitador da aprendizagem. Dessa forma, temos mais chance de
garantir o prazer da criança e seu engajamento pela modalidade nas idades poste-
riores. Por meio das unidades, o ensino do voleibol foi contemplado nos aspectos
técnicos, táticos e pedagógicos. Agora, o ensino do voleibol depende de você.
Boa prática!

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