Você está na página 1de 10

EXAME FÍSICO NEONATAL

Fabiana Moreira Pontes


Capítulo do Livro ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO DE RISCO, Editado por
Paulo R. Margotto, Editora Pórfiro, Brasília, 2002, pg 69-75

Antes de receber o RN, o neonatologista deve preencher a História Materna para


avaliar o grau de risco da gravidez e parto. Acompanhar a evolução do parto (ficar
atento às manobras obstétricas e o uso de medicamentos), oferecer apoio emocional e
efetivo à parturiente e seus familiares se presente na sala de parto.
Logo após a assistência imediata (vide Capítulo de ASFIXIA PERINATAL) o
RN deverá ser mantido em ambiente aquecido até a estabilização da temperatura.
Diminuir o máximo possível o período de separação mãe – filho, liberando o RN para o
Alojamento Conjunto, tão logo as condições clínicas permitam. O objetivo é que o bebê
vá direto da sala de parto para o Alojamento Conjunto.
Neste período inicial, observar rigorosamente o RN (o ritmo respiratório,
palidez, cianose, tremores, gemidos, hipo ou hipertonia, mal formações, tipo de choro,
etc.). Avaliar a idade gestacional, pesar e classificar o RN, assim como a placenta,
estimando o risco patologias (monitorização da glicemia com fitas reagentes para RN
PIG, GIG, sorologia para infecção congênita, etc..). Aplicar 1 mg IM de vitamina K 1
(Kanakion) para prevenção da doença hemorrágica do RN. Instilar uma gota de nitrato
de prata a 1% em cada um dos olhos tanto no RN de parto normal como cesariana e 2
gotas na vagina para a prevenção da gonococcia neonatal. Aplicar o Engerix B (0,5
ml IM) para todos os RN na prevenção da Hepatite pelo vírus B.
Fazer o exame físico completo após o nascimento. Este exame deverá ser
minucioso e tem, como objetivos:
- Detectar anormalidades anatômicas
- Determinar estado de saúde do RN
Histórico materno
Paridade, antecedentes maternos (uso de drogas, tabagismo, álcool),
informações sobre gestações, trabalho de parto e partos anteriores, intercorrências no
pré-natal.
Histórico familiar
Enfermidades atuais e significantes em membros da família, consangüinidade.
Histórico neonatal
Ocorrências no pré-parto e sala de parto, Boletim de Apgar, necessidade de
reanimação, amamentação.
Placenta
Peso, coloração, odor, relação do peso da placenta com peso do
RN( classificação da placenta e do RN ), cordão umbilical.
Avaliação da idade gestacional (consulte capítulo de AVALIAÇÃO DA
IDADE GESTACIONAL)
Medidas ao Nascer
* Peso
* Comprimento: RN deitado sobre a régua e a medida feita do calcanhar à
protuberância occipital
* Perímetro cefálico: deverá ser a maior medida da circunferência craniana. É cerca de
2 cm maior na apresentação pélvica. Até 32 semanas é maior que o perímetro
abdominal, de 32 a 36 semanas são aproximadamente iguais, e após 36 semanas será
menor.
Lembrar sempre de Classificar o RN (consulte capítulo de AVALIAÇÃO DA IDADE
GESTACIONAL)
EXAME FÍSICO
* Iluminação e aquecimentos adequados
* Inspeção cuidadosa do RN e avaliar sempre: estado geral: fácies, atitude
espontânea, postura e choro.
- Coloração da pele: palidez, icterícia, cianose e pletora.
- Esforço respiratório: ritmo, profundidade, utilização de músculos acessórios,
batimento de asa de nariz (BAN), sons emitidos. Caso necessário determinar o
Boletim de Silverman Anderson
- Sinais vitais: temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória, pressão
arterial.
Pele
Textura, cianose, icterícia (Zonas de Krammer), palidez.
Descamação fisiológica em pós maturos (pés e mãos) e escamas endurecidas na
ictiose congênita.
Nevos pigmentosus (mancha mongólica): assemelha-se à pequena equimose.
Mais comum na região sacra. Desaparece na segunda infância.
Linfomas císticos: presentes em qualquer parte do corpo.
Escleredema: edema endurecido, mais freqüentemente visto em infecções
neonatais graves e cardiopatias com débito cardíaco diminuído. Não depressível.
Petéquias e púrpuras: não desaparecem a digito-pressão. São de etiologia
mecânica (tocotraumatismo), fragilidade capilar (infecção) e plaquetopenia.
Localização ao nível do pescoço e cabeça não têm maiores repercussões; em tronco e
membros deve-se investigar.
Hemangioma: são manchas vermelho-violáceas mais comumente observadas na
nuca região frontal e pálpebras superiores. Desaparecem em alguns meses.
Crânio
Medida e classificação nos gráficos
Pode ocorrer micro, macro, hidro, e hidranencefalia.
Craniossinostose: fechamento precoce das suturas.
Céfalo-hematoma: consistência mais elástica aparece em horas e desaparece em
meses. Localização parietal.
Bossa serossanguínea: cacifo positivo, limites imprecisos, involução rápida.
Fontanelas: anterior mede de um a quatro cm. A posterior está presente em 3%
dos RN normais e deve medir até 0,5 cm. Abaulamentos estão presentes na meningite,
hipertensão intracraniana, hemorragia intracraniana, hidrocefalia, edema cerebral e
insuficiência cardíaca congestiva.
Crânio-tabes: diminuição da consistência dos ossos do crânio. A palpação assemelha-se
a uma bola de ping-pong.
Ruídos intracranianos: raros em RN, mesmo quando há sopro cardíaco audível.
Se presentes sugerem fístulas arteriovenosas.
Encefalocele: exteriorização de tecido nervoso por defeito nos ossos crânio,
mais comum a nível occipital.
Face
Observar simetria, aparência sindrômica, implantação das orelhas, distância entre os
olhos (hiper ou hipotelorismo – aumento ou diminuição da distância), tamanho do
queixo, nariz e língua.
Olhos
Abrir as pálpebras, palpar globo ocular, pregas epicânticas, verificar o reflexo
vermelho normal usando oftalmoscópio, hemorragia subconjuntival, estrabismo
(freqüente no RN), pupila branca (catarata congênita, retinoblastoma, fibroplasia
retrolental), opacificação da córnea (glaucoma congênito, rubéola congênita, rutura
membrana de Descement), secreção ocular: até 48 horas (credeização) e após, infecção.
Ouvidos
Forma, tamanho, implantação da orelha, audição, apêndice pré-auriculares. Alterações
na forma e implantação da orelha se relacionam à agenesia renal.
Nariz
Forma, tamanho, permeabilidade, canal nasolacrimal, secreção nasal (se
serossanguinolenta, pensar em sífilis congênita).
Boca
Coloração dos lábios, integridade (lábio leporino), palato (fenda palatina), língua,
dentes congênitos, rânula (tumoração cística no assoalho da boca, sem indicação de
exéreses e imediata), pérolas de Epstein (pontos brancos no palato), úvula bífida. A
posição da mandíbula (retrognatia) e o arqueamento do palato (ogival) dependem da
não atividade motora na vida intra-uterina da língua contra o palato e o relaxamento da
mandíbula.
Pescoço
Pesquisar massas, fístulas, mobilidade, excesso de pele.
Torcicolo congênito: contratura do músculo esternocleidomastóideo na segunda semana
de vida. Resolução espontânea na maioria dos casos podendo evoluir para assimetria
facial e posição viciosa da cabeça.
Teratoma cervical: grande tumoração cervical na parte mediana do pescoço.
Possibilidade de malignização. Pode causar obstrução respiratória.
Higroma cístico: tumoração cística de tamanho variado. Crescimento rápido. Invade o
assoalho da boca, o mediastino a as axilas. Pode causar obstrução respiratória.
Bócio congênito: causa idiopática ou filho de mãe que recebe iodo na gestação.
Consistência elástica em forma de colar cervical, pouco móvel, podendo causar
obstrução respiratória.
Tórax
Perímetro torácico em RN a termo é em média de 1 a 2cm menor que o cefálico.
Simetria, maior dimensão é a antero-posterior. Discretas retrações sub e intercostais
são comuns em RN sadios pela elasticidade das paredes torácicas. Retrações
supraclaviculares são sempre patológicas.
Clavículas
Ausência de clavículas, disostose cleido craniana (cleidocrâniodisostose), ou fraturas (a
maioria e do tipo galho-verde, que podem causar pseudoparalisia do plexo braquial). A
conduta é conservadora (não requer imobilização, atadura) a não ser nos casos de
fratura completa com diminuição ou ausência de movimentação do braço no lado
afetado.
Mamas
Verificar assimetria e distância intermamilar. Ao nascer é comum o aumento das
glândulas mamárias com a secreção leitosa ou sanguinolenta. Podem observar a
presença de mamilos extranumerários.
Exame cardiovascular
Inspeção: cianose, padrão respiratório (taquipnéia, dispnéia, amplitude respiratória),
abaulamento precordial, turgência jugular, ictus (mais propulsivo em sobrecarga de
volume e persistência do canal arterial (PCA)).
Palpação: pulsos nos quatro membros, comparação dos superiores com os inferiores
(sincronia, ritmo e intensidade). Palpação do precórdio (ictus, sua impulsividade,
frêmitos).
Pressão arterial: no braço e perna direitos. Pressão pulsátil (pressão arterial sistólica -
diastólica): normal em RN a termo de 25 a 30 mmHg e em RN prematuro de 15 a 25
mmHg. Se estiver estreitada significa falência miocárdica ou colapso vascular. Se
alargada, malformação arteriovenosa, truncus arteriosus, PCA. Aguardar queda da
pressão arterial pulmonar para avaliação.
Ausculta:
identificar B1:
 bordo esternal esquerdo superior (BEE). Definir sua intensidade e presença de
desdobramento (Anomalia de Ebstein). Sua intensidade diminui na insuficiência
cardíaca congestiva (ICC) e condução atrioventricular prolongada.
 bordo esternal esquerdo inferior. Aumenta de intensidade com o aumento de fluxo
pela valva atrio-ventricular, PCA, insuficiência mitral, retorno venoso pulmonar
totalmente anômalo (RVPTA) etc.
Identificar B2: no bordo external esquerdo BEE superior. Hiperfonese sugere
hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar. Desdobramento amplo, pensar em estenose
pulmonar, anomalia de Ebstein, RVPTA e Tetralogia de Fallot (T 4F).
Identificar B3 e B4: na base ou ápice. O B 3 surge com o aumento de fluxo pela valva
átrio-vantricular, PCA e ICC. O B4 surge em miocardiopatias com menor elasticidade
do ventrículo esquerdo (VE).
Estalido: é patológico após a fase de transição. Audível em dilatações de grandes
vasos: truncus arteriosus, T4F, obstrução na saída do ventrículo esquerdo (VE) ou
ventrículo direito (VD).
Sopro: identificar como sendo sistólico, diastólico ou contínuo. Quantificar de 1+ a 6+.
Identificar se é proto, meso, telessistólico ou diastólico. Quanto ao timbre, informar se
suave, rude ou aspirativo. Poderão estar ausentes ao nascimento mesmo em
cardiopatias graves; 60% dos RN normais terão sopro nas primeiras 48 h de vida
Exame pulmonar
Inspeção: é o ítem semiológico de maior valor no exame pulmonar. Avaliar o padrão
respiratório quanto à freqüência, amplitude dos movimentos, tiragem, retração
xifoidiana, batimentos de asas do nariz, estridor expiratório, gemido. Utilizar o Boletim
de Silverman-Anderson.
Sinal da “dançarina do ventre” – avalia paralisia diafragmática unilateral. Na expiração
completa o umbigo deve tocar uma caneta situada sobre o mesmo. Na inspiração o
umbigo se deslocará para cima e para o lado paralisado.
Ausculta: deve ser bilateral e comparativa. Auscultar as regiões axilares. Avaliar a
presença de creptos roncos e diminuição do murmúrio vesicular.
Abdome
Inspeção: observar a forma do abdome; se escavado (hérnia diafragmática), se houver
abaulamento supra umbilical (atresia duodenal ou distensão gástrica ), abaulamento infra-
umbilical (distensão de bexiga e graves retardos de crescimento intra- uterino –
RCIU - ), circulação colateral, ondas peristálticas.
Palpação: diastáse de músculos reto abdominais, ascite, fígado, baço, rins, bexiga e
massas. São 3 as principais causas de distensão abdominal no RN: ascite,
visceromegalias e distensão gasosa.
- Massas abdominais: cerca de metade são de origem genitourinárias. Nos rins podem
ocorrer hidronefrose, nefroblastoma, cisto solitário, rins policísticos e trombose de veia
renal. No fígado, hematoma, hemangioma, cisto hepático, de colédoco, de ovário. No
trato gastrointestinal, duplicação de duodeno, de jejuno, ou de íleo, volvo, teratoma e
neuroblastoma.
-Técnicas para palpação de rins: 1-) com o braço esquerdo, coloque o RN em posição
semi-sentada e com a mão direita, palpar o hipocôndrio, estendendo o polegar
anteriormente e os dedos na face posterior. 2-) eleve os membros inferiores do RN com
a mão esquerda e com a direita palpe o hipocôndrio com os dedos posteriormente e o
polegar anteriormente realizando movimentos de báscula.
Ausculta: procurar ruídos hidroaéreos. Sua ausência é significativa para íleo paralítico.

Genitália
Masculina: comprimento do pênis, orifício uretral (hipo ou epispádia), prepúcio,
testículos (na bolsa escrotal ou canal inguinal), presença de hérnias e hidroceles
(transiluminação).
Feminina: tamanho do clitóris, fusão dos grandes lábios, orifício da vagina e uretra,
distância anovulvar e fístulas. Quase 100% dos RN apresentam excesso de tecido
himenal ao nascimento que desaparece em semanas.
Fimose: é comum no RN a aderência do prepúcio à glande.
Hidrocele: aumento dos testículos com transiluminação positiva e não redução com as
manobras habituais.
Hipospádia: meato uretral na face perineo-escrotal do pênis; excesso de pele dorsal.
Associam-se a alterações dos testículos como criptorquidia.
Epispádia: falha no fechamento da uretra na parede dorsal. Pode acometer toda a
uretra, inclusive com extrofia vesical.
Ectopia testicular: 5% dos RN apresentam testículos não palpáveis ao nascimento.
Verificar os canais inguinais.
Imperfuração himenal: pode levar à retenção de secreções uterinas e vaginais e causar
abaulamento himenal e às vezes retenção urinária por compressão extrínseca.
Hérnias
Genitália ambígua
Anomalias anonetais: estenose anal, ânus perineal anterior, fístula anocutânea, ânus
vulvar, fístula anovulvar, fístula anovestibular, fístula retrovestibular, atresia retal,
imperfuração anal, estenose anal membranosa.
Coluna
Colocar RN em decúbito ventral. Procurar tumores, hipertricose, manchas
hipercrômicas, seio pilonidal. Correr os dedos pela coluna.
Meningomielocele e mielocele: tumorações planas ou pedunculadas decorrentes de
falha óssea no canal raquidiano (espinha bífida). Mais comum na região sacral e
lombar. Fazer avaliação do nível de sensibilidade, avaliação motora e esfincteriana.
Fossetas ou hipertricose podem indicar espinha bífida oculta.
Teratoma sacrococcígeo: tumorações arredondadas, de tamanho variado podendo ser
gigante. Pele que o recobre é, em geral, íntegra. Passíveis de malignização.
Membros
Realizar com o RN em decúbito dorsal. Verificar simetria e proporções, examinar
articulações à procura de luxações.
Fraturas
Paralisias: as paralisias braquiais podem ser de 3 tipos – total, da parte superior do
braço (Duchenne) e do antebraço (Klumke). O braço permanece em adução (encostado
no tórax). Na paralisia de Erb-Duchenne as perturbações sensitivas são pequenas e
localizadas na parte superior do ombro.
Paralisia de membros inferiores é rara e se deve a tocotraumatismos graves ou anomalia
congênita da medula espinhal.
Artrogripose (imobilidade articular): pode ser congênita ou devido a déficits
neurológicos, déficits musculares, compressão fetal por oligoidrâmnio. Problemas
neurológicos parecem ser a causa mais comum: meningomielocele, deficiência das
células motoras da medula anterior, espasticidade pré-natal, anencefalia, hidranencefalia
e holoprosencefalia. Na história, verificar movimentos fetais, oligohidrâmnios e
exames radiológicos.
Pé torto congênito: é a anomalia congênita de membros mais comum. Diferenciar entre
pé torto congênito e posicional.
Prega palmar única: uni ou bilateral, está presente em 2,5% dos nascimentos normais.
Osteocondrodisplasia: evidente encurtamento dos membros (nanismo diastrófico).
Luxação congênita do quadril: o diagnóstico deve ser o mais precoce possível, pela boa
resposta ao tratamento. Pesquisá-lo em todas as oportunidades do exame físico do RN,
pois poderá estar ausente em alguns momentos. Verificar simetria das pregas cutâneas.
Raio X.
Manobra de Ortolani: articulações coxo-femurais em flexão e joelhos em flexão.
Seguram-se as pernas e as coxas com as mãos, colocando-se os dedos sobre o grande
trocanter e realizando-se a adução a abdução da articulação. Positivo quando se
percebe um click com os movimentos.
Manobra de Barlow: flexionar joelhos e quadris. Seguram-se pernas e coxas coma as
mãos colocando-se os dedos sobre o grande trocanter, mantendo as articulações em
abdução média, realizando-se movimentos pressionando o grande trocanter
anteriormente e sentindo-se o deslocamento da articulação.
Mecônio e Urina
99% dos RN urinam nas primeiras 48 h de vida, sendo que 23% o fazem na sala de
parto. O volume urinário nas primeiras 24 h de vida é de cerca de 15 ml.
As causas mais comuns de incapacidade de urinar nas primeiras 24 h são: prepúcio
imperfurado, estenose de uretra, valva de uretra posterior, bexiga neurogênica,
ureterocele, tumores renais, rins multicísticos, hipovolemia, baixa ingesta, agenesia
renal bilateral (Síndrome de Potter), necrose tubular (secundária a hipóxia), trombose
de veia renal, síndrome nefrótica congênita e pielonefrite congênita; 90% dos RN tem a
primeira eliminação de mecônio nas primeiras 24 h de vida. Causas de atraso na
eliminação são: obstrução intestinal, mucoviscidose, hipermagnesemia, doença de
Hirsprung.
Exame Neurológico
Exame do crânio e da face: fontanelas, suturas, edema em couro cabeludo, alterações no
perímetro cefálico e paralisias faciais.
Comportamento: realizar o exame com a criança despida, longe das refeições, acordada.
Verificar a postura, reação à luz, nistagmo e estrabismo constante. “Sinal do sol poente”
pode ser manifestação transitória sem qualquer correlação com patologias ou sinal de
hipertensão intracraniana. Pupilas (tamanho e forma), reflexo cócleo-palpebral
(frente a um estímulo sonoro verificar o piscar –resposta normal). Observar a
movimentação espontânea, paralisias, tremores, abalos, convulsões, movimentos
contínuos de sucção e mastigação.
Tremores: geralmente são de causa metabólica – hipoglicemia, hipocalcemia, hipo ou
hipernatremia, deficiência de piridoxina, aminoacidopatias-hemorragia intracraniana
(HIC), hipóxia, dependência de drogas. Cessam ao se segurar o membro do RN.
Crises convulsivas: são atípicas. As causas mais comuns são: as metabólicas, HIC,
encefalopatia hipóxico-isquêmica, meningite e dependência de drogas.
Letargia: presente na hipotermia, hipóxia e infecções.
Postura: a postura normal do RN é a de flexão dos 4 membros. Poderá ocorrer hipo ou
hipertonia. Hipotonia pode ser secundária a prematuridade, anestesiam materna e
drogas utilizadas na mãe, hipóxia, tocotraumatismo, infecções e HIC.
Ângulo calcanhar-orelha: decúbito dorsal elevam-se os membros inferiores em direção
à cabeça sem retirar o quadril da mesa. Normal de 80 a 100 graus. No pré-termo é
maior.
Ângulo poplíteo: decúbito dorsal, flexione as coxas sobre o quadril até que o joelho
toque o tórax. Mantendo esta posição, eleve apenas as pernas e observe o ângulo entre
a coxa e a panturrilha. Normal entre 80 e 100 graus.
Manobra do cachecol: decúbito dorsal, flexione o braço sobre o antebraço e leve o
cotovelo ao lado oposto. Hipotonia, quando o cotovelo ultrapassa a linha axilar anterior
contralateral (normal no pré-termo).
Tônus ativo
1) retificação do corpo: segurando-se o RN verticalmente pelas axilas,
ele flexiona as pernas e ao se apoiar seus pés há uma extensão das pernas
tronco e cabeça.
-2) sustentação da cabeça: suspensão do RN pelas mãos e pulsos até a posição sentada.
O RN é capaz de segurar a cabeça por alguns segundos e após ela cai para frente.
Reflexo da sucção e deglutição: sincronia, força e rítmo.
Reflexo de Piper (pontos cardinais): ao se tocar as comissuras labiais e os lábios
superior e inferior o RN move a cabeça na tentativa de sugar.
Reflexo da prensão palmar e plantar: o RN é capaz de segurar firme o dedo do
examinador a ponto de poder ser elevado do plano horizontal, e ao se tocar os pés há
uma flexão dos dedos e pés.
Reflexo de Moro: assemelha-se a um abraço espasmódico.
Reflexo de extensão cruzada: extensão passiva de uma das pernas faz-se um estímulo
doloroso no pé. Deverá haver ligeira flexão seguida de extensão contralateral. Este
reflexo estará ausente nos partos pélvicos e espinha bífida.
Reflexo de Galant: decúbito ventral, cabeça centrada, faz-se um estímulo paravertebral
de cima para baixo e como resposta espera-se um encurtamento do tronco no lado
estimulado. Deverá ser pesquisado bilateralmente.
Engatinhamento: espontâneo ou após apoio na planta dos pés.
Reflexo da marcha: sustentando-se o RN pelas axilas, ao se tocar os pés na mesa, ele
reage com passos.
Reflexo da colocação: RN seguro pelas axilas, ao se tocar o dorso dos pés na mesa, ele
suspenderá o pé sobre a mesa como se subisse degraus.
Maturidade neuromuscular:
Janela quadrada: flexão do pulso, avalia-se o ângulo mínimo entre a palma da mão e a
superfície dos músculos flexores do antebraço. O ângulo diminui com o progredir da
gestação.
Prova da gravata: avaliação do tônus superior axial e escapular. Avalia-se puxando a
mão do RN em frente ao tórax, envolvendo o pescoço, semelhante a uma gravata.
Cuidado em RN pré-termo, em fratura de clavículas, úmero curto e lesão do plexo
braquial.
Recuo do braço: decúbito dorsal dobra-se o cotovelo sobre o braço por 2 a 5 segundos,
e após avalia-se o recuo do braço à posição de flexão.
Angulo poplíteo: já descrito.
Calcanhar-orelha: seguram-se as duas pernas juntas em direção à orelha sem retirar a
pelvis da mesa. Avalia-se o ângulo entre a superfície da mesa e o calcanhar. Maturidade
física
Com o desenvolvimento a pele torna-se espessa, opaca e queratinizada. Avalia-se a
visibilidade dos vasos e sulcos. Lanugem: são pelos finos sobre o corpo, estão em
menor proporção em região de atrito. Surgem por volta da 19ª a 20ª semana e têm
máxima aparição entre 27ª a 28ª semana de vida intra-uterina.
Superfície plantar: avaliam-se as rugas que se dirigem dos dedos para o calcanhar.
Quando há oligoidrânmio, acentuam-se as rugas.
Aréola e glândula mamária: tamanho, diâmetro e coloração
Cartilagem da orelha e pálpebras: a cartilagem da orelha torna-se mais firme com o
decorrer da gestação. O descolamento da pálpebra tem inicio na 22ª semana e sua
abertura completa por volta da 28ª semana. Genitália externa: a descida testicular para a
bolsa escrotal ocorre por volta do 3º trimestre e a bolsa escrotal se toma mais enrrugada
próximo ao termo. O tamanho final do clítoris é adquirido bem antes da deposição de
gordura nas estruturas vizinhas e por isso aparenta falsamente hipertrofiado.

Boletim de Silverman - Anderson:


Parâmetros
0
1
2

Gemência
Ausente
Audível com estetoscópio
Audível sem estetoscópio

Batimento de asa de nariz


Ausente
Discreto
Acentuado

Tiragem intercostal
Ausente
3 últimas intercostais
Mais de 3 intercostais

Retração esternal Ausente Discreta Acentuada

Balancim Ausente Discreto acentuado

BIBLIOGRAFIA
1)Fletcher M A. Avaliação física e classificação. IN: Avery G B, Fletcher M A,
McDonald M G. Neonatologia- Fisiopatologia e tratamento do Recém-Nascido, 4ª
Edição, MEDSI, Rio de Janeiro, pg 269, 1999
2)Cakushausky J. Semiologia Básica do RN. Interamericana, Rio de Janeiro, 1979
3)Margotto PR. Fratura de clavículas: experiência nacional e internacional. Boletim
Informativo Pediátrico – BIP (Brasília), Nº 60, pg 121, 1997.
4)Joaquim MCM, Correa Filho L, Jácomo AJD, Diniz EMA, Kopelman BI, Lopes
JMA, Oliveira ND, Nader PO, Margotto PR. Anamnese e Exame Físico do Recém-
Nascido. Manual de Assistência ao Recém-Nascido, Ministério da Saúde, pg 25, 1994

Você também pode gostar