INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas os povos do campo têm lutado por terra que garante o
trabalho, pelo acesso à educação de qualidade e buscado influir nas propostas
educacionais que estejam em acordo com as demandas e o modelo de desenvolvimento
compatível com uma vida digna no campo. Nasce, então, uma nova proposta educativa
caracterizada como EDUCAÇÃO DO CAMPO. Data de 1998 a realização da primeira
conferencia conferência por uma educação básica do campo, onde foi cunhado o
conceito e a proposta educativa Educação do Campo. Para Caldart, o termo surgiu
como denúncia e como mobilização organizada contra a situação atual do meio rural:
situação de miséria crescente, de exclusão/expulsão das pessoas do campo; situação de
desigualdades econômicas, sociais, que também são desigualdades educacionais,
escolares. Seus protagonistas são as famílias e comunidades de camponeses, pequenos
agricultores, sem-terra, atingidos por barragens, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, e
muitos educadores e estudantes das escolas públicas e comunitárias do campo,
articulados em torno de Movimentos Sociais e Sindicais rurais.
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O ideário da Escola Nova tem suas raízes no liberalismo e representou uma reação à Escola
Tradicional. Muitas destas ideias pedagógicas já eram colocadas em prática no final do século XIX
em plena ascensão do capitalismo. As ideias básicas são: a centralidade da criança nas relações de
aprendizagem; respeito às normas higiênicas; disciplinarização do corpo e dos gestos; a
cientificidade da escolarização de saberes e fazeres sociais; exaltação do ato de observar, de intuir,
na construção do conhecimento. Tal ideário encontra ressonância no Manifesto dos Pioneiros, em
1932. (WebArtigos, 2009, online).
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A educação rural foi um modelo proposto pelos setor agrícola brasileiro buscando unir os
interesses da burguesia nacional os setores agrícola e industrial.
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O PRONACAMPO constituiu um conjunto de ações articuladas visando assegurar a melhoria do
ensino nas redes escolares do campo, bem como, a formação dos professores, produção de material
didático específico, acesso e recuperação da infraestrutura e qualidade da educação no campo em
todas as etapas e modalidades em acordo com o Decreto nº 7.352/2010.
São estas escolas as responsáveis pela iniciação escolar de grandes
contingentes de brasileiros, ainda hoje. Não fossem elas, os altos índices de
analfabetismo que sempre marcaram a história da educação nacional seriam
ainda mais alarmantes. Assim, as escolas de classes multisseriadas, assumem
uma importância social e política significativa nas áreas em que se situam,
justificando, portanto, a realização de estudos sobre a forma como se
configuram. (MOURA & SANTOS, 2012. p. 71).
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O Curso iniciou em 2014, com 750 inscritos, em seis polos – Campo Alegre de Lourdes, Campo
Formoso, Euclides da Cunha, Feira de Santana, Vitoria da Conquista, Xique-Xique – e foi
concluído em dezembro de 2015. Destes professores inscritos para a capacitação, 383 apresentaram os
requisitos para integralização do currículo de Especialização em Pedagogia Histórico-Crítica para as
Escolas do Campo, Salas Multisseriadas. Os demais 367 obtiveram a certificação em Aperfeiçoamento.
histórico-cultural, como possibilidades para formação humana, sendo estas essas teorias
de inspiração marxista. Portanto, buscaremos em forma de síntese desenvolvê-las aqui:.
a) Dermeval Saviani - Constata-se no PPP, a aproximação à Pedagogia
Histórico-Crítica por meio das elaborações e significativas contribuições do citado autor
para o Programa Escola da Terra, MEC/UFBA/SEC – BAHIA, no curso de formação de
professores no Estado da Bahia. Conforme o projeto analisado,
Esta abordagem vem sendo discutida e implementada no Nordeste do Brasil,
em especial na Bahia, como uma alternativa que nasce da crítica à realidade,
às tendências idealistas da Educação e à atual organização do trabalho
pedagógico na escola do campo, buscando avanços na base teórica de
formulação e intervenção dos professores que atuavam com o Programa
Escola Ativa, hoje denominado de Escola da Terra, na sua implementação
nas escolas ou na formação de formadores para a Educação do Campo
(UFBA, 2014, p.3)
A autora destaca que o psiquismo humano, não é outra coisa senão “unidade
material e ideal expressa na subjetivação do objetivo, isto é, na construção da imagem
subjetiva do mundo objetivo”. É material na medida em que é estrutura orgânica e é
ideal posto ser o reflexo da realidade, a ideia que a representa subjetivamente. oO
psiquismo, que é a unidade material ideal (ideias), possibilita a formação da imagem
subjetiva da realidade objetiva, por meio do sistema funcional. O sistema funcional
identifica-se com o próprio desenvolvimento e com a própria formação da consciência
humana – sendo que a consciência humana é produto desse sistema.
Outro fator é a introdução do conceito de signos. Martins (2013) o apresentou
como salto qualitativo no desenvolvimento, das funções psíquicas superiores, além de
ampliar consideravelmente o papel da transmissão do conhecimento, da mediação e da
função social da Educação Escolar, como instrumento de ampliação do conhecimento
científico visando o desenvolvimento das funções psíquicas superiores.
O ato mediado por signo provoca profundas transformações no psiquismo
humano, modificando radicalmente a relação sujeito objeto, ou resposta do
sujeito aos estímulos do meio. O signo, interpondo-se entre ambos, retroage
sobre o psiquismo, mais precisamente sobre as funções psíquicas,
transformando suas manifestações imediatas e espontâneas em expressões
mediatas e volitivas (MARSIGLIA &; MARTINS. 2015, p. 21).
Martins & Marsiglia (2015), advertem que os estudos de Jean Piaget, têm seus
fundamentos nas bases filosóficas no pensamento idealista de Emanuel Kant, bem como
o suporte de ciência no método positivista lógico-formal, acrescentam que “[…]
conserva seu significado como fundamento do conhecimento dedutivo, não obstante
promover a apreensão da realidade como dado estático e parcial”. (IBIDEMIdem, p.
10). Neste Nesse sentido, afirmam as referidas autoras que a Epistemologia genética de
Jean Piaget, defende a naturalização do desenvolvimento humano. O processo de
adaptação se dá nesta relação intrínseca homem e meio ambiente, não estabelecendo
claramente o meio ambiente e o meio social.
O ponto nodal entre esses dois pesquisadores assenta-se, especialmente, na
transposição do modelo explicativo biológico para os fenômenos
psicológicos, posto que para o estudioso genebriano não haveria. Essa
compreensão de Piaget evidencia-se claramente no disposto por ele em uma
das entrevistas que concedeu: “minha convicção é de que não há nenhuma
espécie de fronteira entre o vital e o mental ou entre o biológico e o
psicológico. (IBIDEM, p. 13).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MOURA, Terciana Vidal; SANTOS, Fábio Josué Souza dos. A Pedagogia das classes
multisseriadas: Uma perspectiva contra-hegemônica às políticas de regulação do
trabalho docente. Debates em Educação. Maceió, v. 4, n. 7, Jan./Jul. 2012.
Disponível em:
http://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/658/403http://www.see
r.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/658/403. Acesso em: 15 janeiro 2018.
SAVIANI, Dermeval, Histórias das Ideias Pedagógicas no Brasil. 4ª. Edição ed. –
2013 Editora Autores Associados.Campinas, SP: Autores Associados, 2013.
TAFFARELI , Celi Nelza Zulke &; SANTOS JÚNIOR, Cláudio de Lira, . Pedagogia
Histórico-Crítica e Formação de Docentes para a Escola do Campo. Educação &
Realidade, Porto Alegre, v. 41, n. 2, p. 429-452, abr./jun. 2016. Acesso em: 19 maio
de 2019.