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http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RBGA/index
ARTIGO CIENTÍFICO
Resumo: Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, possuindo uma natureza quantitativa, que tem por objetivo
avaliar a percepção dos alunos do Curso de Gestão Pública, do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido,
sobre o problema da degradação ambiental do semiárido nordestino. Por degradação entende-se toda e qualquer
alteração negativa produzida pelo homem ao meio ambiente. Entre os processos de degradação do solo induzidos pelo
homem, podem ser citados a compactação, a erosão acelerada, a desertificação, a salinização, a lixiviação e a
acidificação. Por outro lado, a degradação do solo pode ser vista como resultado de processos ambientais, que causam a
perda de produtividade ou o declínio da qualidade ambiental. No semiárido nordestino, a degradação dos solos pode ser
considerada um dos mais importantes problemas ambientais. No semiárido, o desmatamento constante e as queimadas
são apresentados com as principais causas da degradação ambiental, fato que se configura como sendo um grande
descaso para com a natureza, acarretando grandes prejuízos ambientais à sustentabilidade da região. Mediante a
realização da presente pesquisa pode-se constatar que os alunos do Curso de Gestão Pública, do Centro de
Desenvolvimento Sustentável do Semiárido possuem um bom conhecimento sobre o processo de degradação,
reconhecendo a importância das discussões em torno da referida temática, bem como conhecendo as causas e
consequências desse fenômeno. A análise dos dados coletados possibilitou concluir que várias medidas podem ser
colocadas em prática, visando reduzir o avanço da degradação no semiárido, sendo, para tanto, na concepção da maioria
dos entrevistados, preciso uma maior promoção das discussões sobre a temática ambiental, bem como uma maior
preocupação com a questão ambiental. E, que a Educação Ambiental pode dar uma grande contribuição nesse processo,
partindo do princípio de que ela auxilia a despertar/formar a conscientização sobre a necessidade de se preservar a
natureza.
Abstract: This is a descriptive research, with a quantitative nature, whose objective is to evaluate the students'
perception of the Public Management Course, of the Center for Sustainable Development of the Semiarid, on the
problem of the environmental degradation of the northeastern semi-arid region. Degradation means any and all negative
changes produced by man to the environment. Among man-induced soil degradation processes, compaction, accelerated
erosion, desertification, salinization, leaching and acidification can be cited. On the other hand, soil degradation can be
seen as a result of environmental processes that cause loss of productivity or decline in environmental quality. In the
northeastern semi-arid region, soil degradation can be considered one of the most important environmental problems. In
the semi-arid region, constant deforestation and fires are presented with the main causes of environmental degradation,
a fact that constitutes a great neglect of nature, causing great environmental damage to the region's sustainability. By
conducting the present research it can be seen that the students of the Public Management Course of the Center for
Sustainable Development of the Semiarid have a good knowledge about the degradation process, recognizing the
importance of the discussions around this theme, as well as knowing the causes and consequences of this phenomenon.
The analysis of the collected data made it possible to conclude that several measures can be put into practice in order to
reduce the progression of the degradation in the semiarid, being therefore, in the majority of the interviewees, a greater
promotion of the discussions on the environmental theme, as well as concern with the environmental issue. And, that
Environmental Education can make a great contribution in this process, assuming that it helps to awaken / raise
awareness about the need to preserve nature.
Gráfico 1. Distribuição dos participantes quanto às suas concepções sobre o termo degradação ambiental
35%
35% Quebra do equilíbrio ambiental
30% (n=4)
30%
Quando se analisa os dados apresentados no meio ambiente; 30% definem o referido termo como
Gráfico 1, verifica-se que segundo 20% dos entrevistados, sendo os impactos ambientais de diversas maneiras que
o termo degradação ambiental está relacionado à quebra impõem uma forte pressão sobre o ambiente e 15%,
do equilíbrio ambiental; 35% entendem como sendo entendem que se trata dos danos gerados ao meio
qualquer alteração negativa produzida pelo homem ao ambiente por atividades econômicas;
Segundo Menin (2000), toda e qualquer alteração entre as definições, neste estudo utilizam-se como
negativa produzida pelo homem ao meio ambiente, pode sinônimas as expressões degradação ambiental,
ser entendida como sendo uma degradação ambiental. A devastação ambiental e deterioração ambiental.
degradação dos solos pode ser considerada um dos mais
importantes problemas ambientais. A degradação ambiental pode ser apresenta como
Existem inúmeras definições para o termo um processo caracterizado por desmatamentos para
‘degradação ambiental’. No entanto, todas elas atender a demanda da população para novas áreas onde
relacionam o desequilíbrio e a destruição produzida ao possam fixar-se, a derrubada da floresta e a queima da
meio ambiente, pelo homem. Assim, o termo degradação vegetação tendo por objetivo aumentar as áreas limpas
ambiental pode ser entendido como sendo os danos para atender atividades econômicas como agricultura e
gerados ao meio ambiente por atividades econômicas, pecuária.
aspectos populacionais e fatores biológicos. Mediante o segundo questionamento perguntou-se
De acordo com Lemos (2001, p. 409): aos entrevistados se é possível afirmar que a degradação
ambiental é um processo caracterizado por
Degradação ambiental ou devastação ambiental desmatamentos para atender as demandas da população
significam a destruição, deterioração ou desgaste para novas áreas. Os dados colhidos foram apresentados
do meio ambiente. Em virtude dessa interface no Gráfico 2.
Gráfico 2. Distribuição dos participantes quanto ao fato se concordam ou não que a degradação ambiental é um
processo caracterizado por desmatamentos para atender as demandas da população para novas áreas
45%
45%
40% Concordo plenamente
(n=3)
35%
30% Concordo relativamente
(n=4)
25% 20% 20%
20% 15% Apenas concordo (n=9)
15%
10% Discordo (n=4)
5%
0%
Fonte: Pesquisa de campo (set./2017)
De acordo com os dados contidos no Gráfico 2, A degradação de uma área ocorre quando a
verifica-se que 35% dos entrevistados concordam vegetação nativa e a fauna forem destruídas,
plenamente que a degradação ambiental é um processo removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for
caracterizado por desmatamentos para atender as perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e
demandas da população para novas áreas; 15% regime de vazão do sistema hídrico for alterado.
concordam relativamente; 45% apenas concordam com Assim sendo, ocorre a degradação de uma área
essa afirmação e 20% discordam. quando há perda de adaptação às características
Sem dúvida alguma a degradação ambiental pode físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o
ser vista como um processo caracterizado por desenvolvimento socioeconômico.
desmatamentos para atender a demanda da população
para novas áreas onde possam fixar-se, a derrubada da A perda de adaptação a que se referem os autores,
floresta e a queima da vegetação tendo por objetivo diz respeito ao solo, sugerindo, então, que a degradação
aumentar as áreas limpas para atender atividades do solo conduz à degradação ambiental. A remoção da
econômicas como agricultura e pecuária. cobertura vegetal reduz a capacidade de produção de
Corroborando com essa afirmativa, acrescentam energia de biomassa e acelera a evaporação do solo. Esta
Willians et aI. (2003, p. 13) que: sinergia de impactos altera a composição da atmosfera, e
eventualmente conduz a mudanças de clima, que podem processo de degradação do solo induzido pelo homem. Os
manifestar-se sob a forma de seca. dados colhidos foram apresentados no Gráfico 3.
Mediante o terceiro questionamento, perguntou-se
aos participantes o que pode ser citado como exemplo do
Gráfico 3. Distribuição dos participantes quanto ao que pode ser citado como exemplo de processo de
degradação do solo induzido pelo homem
30%
30%
25%
A compactação (n=5)
25%
20% A erosão acelerada (n=4)
20%
15% A desertificação (n=6)
15%
10% A salinização (n=3)
10%
A lixiviação (n=2)
5%
0%
Fonte: Pesquisa de campo (set./2017)
Gráfico 4. Distribuição dos participantes quanto ao que mais tem contribuído para ampliar
as áreas degradadas no semiárido
Os dados apresentados no Gráfico 4 mostram que são queimados após serem encoivarados
segundo 30% dos entrevistados, o que mais tem (ALBUQUERQUE, 2013).
contribuído para ampliar as áreas degradadas no Observam Sousa et al. (2007), que no sertão
semiárido é a exploração excessiva das atividades paraibano, a exploração predatória dos recursos naturais,
agropecuárias; 35% citaram o desmatamento da caatinga; a falta de práticas adequadas das atividades agrícolas,
20% mencionaram o uso excessivo dos lençóis de água e aliada as condições climáticas do semiárido com longos
15% frisaram a falta de tecnologia e de políticas públicas períodos de estiagem, tem degradado a cobertura vegetal
voltadas para a região. e acarretado o assoreamento dos rios e reservatórios, pela
Sem sua cobertura vegetal, o solo torna-se mais erosão dos solos.
susceptível à erosão. Assim, exposto a luz solar, sua Os resultados desses processos (colonização e
matéria orgânica é facilmente oxidada, o que diminuiu a exploração econômica) são hoje visíveis e, algumas
fertilidade do solo, além de produz a perda do horizonte regiões já apresentam sinais de desertificação.
superficial. No semiárido nordestino ainda é muito Posteriormente, indagou-se aos entrevistados, no
comum a prática da broca e da queimada, que antecedem caso específico da Paraíba, qual a região que apresenta os
aos cultivos. Feita a broca, os troncos e ramos grossos maiores índices de degradação ambiental. O Gráfico 5 diz
destinam-se à construção de cercas, obtenção de lenha e respeito a esse quesito.
fabricação de carvão vegetal, enquanto que os ramos finos
35%
35% 30%
Cariri Ocidental (n=6)
30%
25% 20% Cariri Oriental (n=4)
20% 15%
Seridó Oriental (n=7)
15%
10% Seridó Ocidental (n=3)
5%
0%
Fonte: Pesquisa de campo (set./2017)
Os dados apresentados no Gráfico 5 mostram que nas áreas em torno das cidades, povoados, lugarejos e
segundo 30% dos entrevistados, a região do Estado da sedes de fazenda.
Paraíba que apresenta os maiores índices de degradação Acrescentam ainda Melo e Rodriguez (2004), que
ambiental é o Cariri Ocidental; 20% citaram o Cariri nessas áreas, a vegetação é esparsa e muito baixa,
Oriental; 35% mencionaram o Seridó Oriental e 15%, o predominando o xique-xique, o pinhão-bravo, o
Seridó Ocidental. marmeleiro e pereiro.
De acordo com Melo e Rodriguez (2004), tais Assim sendo, contata-se que no semiárido
sinais de desertificação já podem ser notados nas paraibano, a ação destruidora do homem, com práticas de
seguintes regiões do Estado da Paraíba: Cariri Ocidental; desmatamentos, queimadas e outros manejos inadequados
Cariri Oriental, Seridó Oriental, e o Seridó Ocidental, de explorar e cultivar as terras vem dizimando a cobertura
nessa ordem. vegetal.
Nessas regiões paraibanas, a caatinga sofreu uma Mediante o quinto questionamento, procurou-se
remoção de cerca de 70% de sua biomassa. No entanto, os saber dos entrevistados, o que, na opinião deles, é preciso
maiores efeitos da degradação ambiental são verificados ser feito para se reduzir o avanço da degradação no
semiárido. O Gráfico 6 condensa os dados coletados.
Gráfico 6. Distribuição dos participantes quanto ao que é preciso ser feito para se
reduzir o avanço da degradação no semiárido
Uma maior promoção das
30% discussões sobre a temática
30% ambiental (n=5)
25% 25%
25%
20% Uma maior preocupação com a
20% questão ambiental (n=6)
15%
Visando despertar/formar a conscientização pela aumentar os índices de degradação ambiental (IDA) nessa
preservação da natureza, pode-se priorizar as chamadas região do Nordeste brasileiro, onde, por sua natureza
aulas de campo. As visitas a áreas naturais podem e climática, predomina um ecossistema único no mundo: a
devem ser feitas da pré-escola à Universidade. No caatinga.
contexto escolar, a Educação Ambiental vem ganhando No semiárido, o desmatamento constante e as
importância e hoje vem sendo trabalhada dentro de vários queimadas são apresentados com as principais causas da
projetos, incluindo as disciplinas de Geografia, História, degradação ambiental, fato que se configura como sendo
Matemática, Ciências e Artes. um grande descaso para com a natureza, acarretando
A Educação Ambiental (EA) é um processo de grandes prejuízos ambientais à sustentabilidade da região.
educação política que possibilita a aquisição de Mediante a realização da presente pesquisa pode-
conhecimentos e habilidades, bem como a formação de se constatar que os alunos do Curso de Gestão Pública, do
atitudes que transformam necessariamente em práticas de Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido
cidadania que garantem uma sociedade sustentável. É (CDSA/UFCG) possuem um bom conhecimento sobre o
uma ideologia, que conduz à melhoria da qualidade de processo de degradação, reconhecendo a importância das
vida e ao equilíbrio do ecossistema para todos os seres discussões em torno da referida temática, bem como
vivos (PHILIPPI JUNIOR, PELICIONI, 2002). conhecendo as causas e consequências desse fenômeno.
Para Muller (1999) fazer educação ambiental é A análise dos dados coletados possibilitou concluir
também revelar os interesses de diversos grupos sociais que várias medidas podem ser colocadas em prática,
em jogo nos problemas ambientais. visando reduzir o avanço da degradação no semiárido,
No entanto, além do respeito à natureza e do sendo, para tanto, na concepção da maioria dos
conhecimento de seus mecanismos, é preciso aprender a entrevistados, preciso uma maior promoção das
consolidar os ideais com relação aos destinos da discussões sobre a temática ambiental, bem como uma
sociedade e do planeta. Através do último maior preocupação com a questão ambiental. E, que a
questionamento, indagou-se dos participantes se eles Educação Ambiental pode dar uma grande contribuição
acreditam que é possível reverter o quadro de degradação nesse processo, partindo do princípio de que ela auxilia a
atualmente presente em muitas regiões do semiárido despertar/formar a conscientização sobre a necessidade de
nordestino. A esse questionamento, todos os entrevistados se preservar a natureza.
responderam ‘sim’. E, em decorrência dessa única É importante destacar que a recuperação das áreas
resposta deixou-se de construir um gráfico representativo. degradadas do semiárido nordestino é algo possível. E,
No Brasil, vários estudos e pesquisas têm sido que deve ser promovido mediante a utilização de espécies
feitos com o intuito de apresentar métodos visando à nativas, na esperança de que a paisagem volte a ter os
recuperação de áreas degradadas, procurando torná-las aspectos característicos de outrora.
naturalmente mais próximas dos biomas naturais. Tais
estudos se intensificaram a partir da década de 1970 do 5 REFERÊNCIAS
século XX. No entanto, sabe-se que plantios visando ao
repovoamento de matas ciliares de forma heterogênea FERNANDES, A. A.; FERNANDES, A. A. A
foram realizados desde a década de 1950 (DAVIDE et. degradação ambiental no município de Condado-PB: uma
al., 2002). discussão necessária. REBES, v. 2, n.1, p. 22-26, jan.-
Melo e Rodriguez (2004), explicam que a dez., 2012.
recuperação natural da vegetação se dá por fases. Cada
uma é caracterizada pela predominância de um tipo de BRASIL. Ministério de Educação Secretaria de Educação
vegetação diferente. Assim, as espécies pioneiras são as Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
primeiras a aparecer e se constituem de arbustos de Meio Ambiente e Saúde. Brasília. 1997
pequeno e médio porte, com ciclo de vida curto. As
espécies de ciclo de vida mais longo e grande porte são DAVIDE, A. C. et al. O que fazer para conservar as
chamadas de ‘clímax’, aparecendo logo depois das nascentes nas propriedades rurais. In: Nascentes: o
espécies intermediárias. verdadeiro tesouro da propriedade rural. Lavras –
Ademais, que, com o processo de reflorestamento, MG, Editora UFLA, 2002, p 5-19, 2002.
acelera-se esse processo de sucessão, plantando-se
espécies pioneiras e clímax ao mesmo tempo de forma LEMOS, J. J. S. Níveis de degradação no Nordeste
equilibrada. Brasileiro. Fortaleza: Revista Econômica do Nordeste,
v. 32, n. 3 p. 406-429, jul-set., 2001.
4 CONCLUSÃO
MELO, A. S. T.; RODRIGUEZ, J. L. Paraíba:
Várias pesquisas mostram que a degradação desenvolvimento econômico e a questão ambiental. João
ambiental se constitui um grande problema na atualidade, Pessoa: Grafset, 2004.
principalmente, na região do semiárido nordestino. O
homem, de forma inconsciente, tem contribuído para