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Universidade Católica Portuguesa

Faculdade de Ciências Humanas


Mestrado em Estudos de Cultura

Fantasias Lusitanas: A
globalização imaginada

Disciplina: Globalização e Cultura


Docente: Prof. Doutora Adriana Martins
Discente: Joana Costa

2010/2011
Vós que lá do vosso império
Prometeis um mundo novo
Lembrai-vos que pode o povo
Q’rer um mundo novo a sério.
António Aleixo (1943)

Da Pangeia ao Pós-modernismo, quo vadis globalization?

A ideia de que o planeta possa ser vivido a uma escala global não parece ser tão distante
quanto possa parecer, e apesar da utopia, as mudanças dão-se a uma velocidade nunca
antes atingida. As alocuções à teoria científica da deriva continental trazem ao
imaginário planetário a ideia de que o território planetário possa voltar a estar junto
como possivelmente, na origem, em Pangeia. A tecnologia tem tido um contributo
sobre determinante para que esta aproximação se tenha tornado uma realidade. Se de
algum modo a barreira temporal diminuiu com a redução do tempo da viagem, não
diminuíram, de forma tão acentuada os conflitos sociais e culturais.

Da globalização talvez possamos começar por afirmar que as origens que sustentam o
fenómeno têm um passado comum na história do ser humano, mas apenas com o
surgimento pós-modernismo, nos permitam entender as profundas transformações
sociais e culturais que o planeta possa atingir?

Este ensaio tem então como objectivo tentar posicionar, relacionar e questionar os
conceitos de globalização no mundo pós-moderno tomando como paralelo e ponto de
partida para o debate de ideias sobre o fenómeno de globalização e de que forma este
fenómeno poderá estar presente no documentário de João Canijo (2010), Fantasia
Lusitana, e, consequentemente, de que forma estaria presente na sociedade portuguesa
dos anos quarenta.

Em primeiro lugar analisaremos o conceito de globalização em alguns autores, com


especial ênfase para Appadurai e Canclini que foram os autores mais debatidos ao longo
do seminário, mas também o seu posicionamento face aos impactos da globalização no
panorama cultural.

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Da Globalização

Para posicionar o conceito de Globalização poderemos começar por partir de algumas


questões que foram levantadas logo no inicio do seminário como: Será a globalização
um fenómeno antigo ou recente? Irá a globalização tornar-nos todos “iguais” com um
efeito nivelador? Qual será o próximo futuro, e estará próximo este futuro?

Em relação à primeira questão tanto Appadurai como Canclini parecem concordar que
da forma como é hoje discutida a globalização trata-se de um fenómeno recente:

La globalización se desarrolla en la segunda mitad del siglo XX, cuando la


convergência dos processos económicos, financieros, comunicacionales y
migratórios acentua la interdependência entre casi todas las sociedades y genera
nuevos flujos y estructuras de interconexion supranacionales.

(Canclini, 2002: 2)

Implícita neste livro está uma teoria de ruptura que toma os meios de
comunicação social e a migração como os dois diacríticos principais e
interligados, e explora o seu efeito conjunto sobre a obra da imaginação como
característica constitutiva da sociedade moderna. (Appadurai, 2004: 13-14)

Desta forma entendemos que a globalização se distingue, como é descrita nas obras dos
autores referidos, dos processos de colonização, imperialistas que tiveram origens muito
remotas. Existem vários factores que podem ser analisados neste contexto. Um deles é
que, para o senso comum e o imaginário colectivo, depois da “queda do muro” o mundo
seria americanizado. Contudo e apesar de o imaginário norte-americano possa ser o
mais mediatizado são vários os exemplos para demonstrar como por norma a um grupo
dominante ou hegemónico se opõe um grupo contra-hegemónico. Veja-se a criação do
Fórum Social Mundial realizado pela primeira vez em Porto Alegre e que teve o cunho
de Boaventura de Sousa Santos por oposição ao Forum Económico Mundial que se
realiza em Davos, todos os anos, onde os países mais poderosos do globo se reúnem
para debater e consertar lógicas de mercado.

Mais como indica Canclini «En esa competencia inequitativa entre imaginários se
percebe que a globalizacíon es y no es lo que promete. Muchos globalizadores andan
pelo mundo fingiendo la globalizacíon.» (1999: 12)

A expressão «mala malfeita» que Canclini (1999) usa para descrever de alguma forma o
uso que tem sido dado ao termo globalização ilustra bem, por um lado as confusões que

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o termo tem sido sujeito, servindo como uma espécie de chapéu-de-chuva sempre que
se queira falar da inevitabilidade da mudança, dos avanços tecnológicos, das alterações
climáticas, das catástrofes naturais, dos processos migratórios, da economia ou até dos
conflitos, e ainda que a palavra globalização tenha tomado as mais diversas formas e
feitios persiste ainda por outro lado alguma dificuldade em defini-la.

Assim como o entendimento da questão cultural que como afirma Canclini não é o
espaço em que se sabe que dois mais dois são quatro mas resulta de imaginar como se
vai posicionar a quantidade de informação que circula de forma um pouco aleatória e
como se vão encontrar os dois movimentos:: hegemónicos e contra-hegemónicos.

Un sector de la cultura produce conocimientos en nombre de los cuales puede afirmar-se


con certeza, contra poderes políticos o eclesiásticos, lo que efectivamente suma dos más
dos: es el saber que há hecho posible entender “lo real” con certa objectividade,
desarrollar tecnologias de comunicacíon globalizadas, medir los consumos de las
industrias culturales y diseñar programas mediáticos que anplían o conocimiento
massivo y crean consenso social. Otra parte de la cultura, desde la modernidade, se
desrrolla en la medida en que se siente insatisfacción com el desorden y a veces com el
orden del mundo: además de conocer y planificar, interessa transformar e inovar
(Canclini, 1999:11)

A questão cultural é também primordial no trabalho de Appadurai ele posiciona-a como


parte central e que não pode ser esquecida quando falamos de globalização, fazendo o
principal enfoque por um lado no conceito de diference do filósofo Jaques Derrida e
por outro lado o do ideário do grupo e os processo de identificação.

Ao resistir à ideia de cultura que nos tenta pensar grupos sociais existentes como
culturas, resisti também à forma substantiva cultura e sugeri uma abordagem
adjectiva da cultura que reforça as suas dimensões contextual, heurística e
comparativa e nos orienta para a ideia de cultura como diferença, diferença
especialmente no domínio da identidade de grupo. Sugiro, portanto, que a cultura é
uma dimensão penetrante do discurso humano que explora a diferença para gerar
diversas concepções da identidade de grupo. (Appadurai, 2004: 27)

Parece de algum modo que no campo cultural, a oposição entre local e global, não tem
resultado numa polarização entre os dois mas sim como postula Canclini nas produção
de culturas hibrídas a forma como o global não pertende anular o local, mas pode e
deveria ser uma forma de encontrar um equilíbrio, já que não podemos mudar o facto de

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habitarmos todos o mesmo planeta, tendo presente que não o habitamos todos da mesma
forma.

As paisagens portuguesas no Estado Novo.

A partir da nomenclatura que Appadurai (2004) utiliza: paisagens, far-se-á uma breve
análise do filme partindo de algumas questões. Appadurai lança mão desta
terminologia para problematizar e explorar aquilo que se apresentam como disjunturas
entre economia, cultura e política. Esta proposta vai também ao encontro de uma
reflexão sobre os mundos imaginados que os vários grupos que então se encontraram no
mesmo espaço territorial.

De que forma sentiram os portugueses a II Guerra Mundial em Portugal e de que forma


imaginavam fora das suas fronteiras “protegidas”.? Como se afirmava a cultura
portuguesa perante os milhares de refugiados que inundavam as ruas da capital? De que
forma o poder instrumentalizava e utilizava os recursos mediáticos e culturais para a
propaganda? De que forma os portugueses produziam manifestações contra-
hegemónicas, nomeadamente ao nível do imaginário popular? Serão algumas das
questões que pretendemos abordar.

Começemos pela Etnopaisagem no príncipio dos anos 40 Portugal estava inundado por
um mundo em deslocação, milhares de pessoas fugiam da guerra e enchiam as ruas da
capital portuguesa e algumas das principais cidades. São impressionantes as imagens da
época da movimentação das pessoas nas ruas.

Portugal era na altura visto como um país periférico, com pouco desenvolvimento, com
uma tradição católica conservadora, muito rural e que contrastava em certa medida com
os ideias de progresso e desenvolvimento que se iniciaram com o processo de
revolução e que faziam parte, não só do imaginário mas também da realidade com que
os grupos que recebíamos faziam parte.

Portugal e particularmente Lisboa passaram a constituir, nomeadamente após a


invasão da França pela Alemanha, em Maio de 1940, o refugio e o ponto de destino
dos europeus que fugidos do avanço da guerra na Europa, procuravam a segurança
da neutralidade portuguesa ou os seus portos marítimos como trampolim para as
Américas. Os refugiados que vieram a confluir em Portugal, além de provocarem,

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indirectamente, o aumento dos montantes das divisas e metais preciosos no Banco
de Portugal, trouxeram novos hábitos, costumes e novas práticas nos
comportamentos e no relacionamento social, o que acabou por trazer ao conjunto
dos portugueses uma lufada de ar fresco e de mudança social. Os refugiados – cuja
presença e influência em Portugal está por estudar – trouxeram para Portugal
hábitos e costumes que não existiam na sociedade portuguesa. Entre eles
assinalaremos o hábito de frequência de esplanadas, a presença de senhoras em
cafés, o consumo de tabaco por senhoras em público, uma maior liberdade no
vestuário, o aumento do consumo de certos produtos como o iogurte, a
liberalização no relacionamento entre os sexos, uma maior liberdade na vida
nocturna lisboeta, etc. (Oliveira, 1992: 44)

Aqui de alguma forma conseguimos perceber de que forma o imaginário e a cultura


portuguesa foi alterada , de alguma forma Lisboa encontrava-se neste campo como o
paradigma da última cidade europeia. E se de alguma forma conseguimos ter uma ideia
do efeito que os refugiados tiveram na paisagem portuguesa, é um pouco mais difícil
indagar sobre o efeito contrário. Sabemos que algumas das pessoas que passaram por
Lisboa acabaram por ficar, mas sabemos também que a maioria partiu no navio que
seguia para as Américas.

Relativamente à financiopaisagem, o Estado Novo está nos seus anos de maior


capacidade financeira, tinha conseguido recuperar os efeitos da I Guerra Mundial e da
Guerra Civil Espanhola que teve também um forte impacto em Portugal. A neutralidade
de Portugal vai permitir uma cooperação com os dois lados da guerra aumentando
significativamente as exportações e equilibrando a balança comercial. A política
económica veiculada pelo Estado Novo é de alguma forma hegemónica, no sentido em
que quer dominar os dois lados do mundo (Alemães e Aliados), mas o efeito contra-
hegemónico vai sentir-se, ainda durante a guerra com a fome nas camadas mais
desfavorecidas, que eram a maioria em Portugal.

Relativamente à financiopaisagem a questão do imaginário é central, já que a mensagem


veiculada pela propaganda salazarista era de que a pobreza, a fome eram inevitáveis
para que Portugal fosse uma paraíso de paz e Salazar a sua figura protectora, quase
divina. A sua célebre expressão «Livro-vos da guerra, mas não vos livro da fome»
ilustra bem como se descreve na sinopse do filme, «a propaganda, elevada a extremos
nas crónicas do Jornal Português, ajudou a criar uma espécie de inconsciência
protectora que seria cómica se não fosse trágica.»

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A tecnopaisagem vai ser também um aliado, não tanto pela industrialização , já que
Salazar afirmava o seu gosto pela ruralidade, mas sobretudo pelas grandes obras
públicas levadas a cabo nesta altura, escolas, pontes, renovação arquitectónica de
espaços paradigmáticos como a casa da moeda, o Instituto Superior Técnico, ponte
Salazar e claro está a Exposição do mundo português .

A Exposição do Mundo Português quer afirmar Portugal como uma nação civilizada e
civilazadora fazendo uso da etnicidade das culturas e das suas práticas sociais,
profissionais e culturais. Quer afirmar também, em plena guerra, a paz em Portugal,
demonstrando à nação o génio e poder de António de Oliveira Salazar. «A Grande
Exposição Histórica do Mundo Português, - uma síntese da nossa acção civilizadora, da
nossa acção na história do mundo, de todas as pegadas e vestígios de Portugal no mundo
(Salazar in Ó, 1992: 431)»

Mas mais do que um espaço de afirmação tecnológica a Exposição do Mundo Português


vai servir o ideário nacional, como refere Augusto Castro, comissário geral da
exposição, a transformação de Portugal num país novo e moderno, contudo esta
modernidade anunciada contrastava com uma grande maioria da população analfabeta
ou com a ruralidade clamada por Salazar:

O certame é o resultado de um facto moral que se pode resumir neste milagre: a


ressurreição da fé colectiva, num país que a tinha perdido. (…) Há aqui dentro um
Portugal Novo que se encontra reconciliado e aproximado, numa aspiração ideal
com um Portugal Velho. Dessa reconsideração de alma deriva, pode dizer-se o
próprio estilo da exposição: fusão de motivos modernos e de hierática presença da
tradição histórica e arquitetónica do Passado. Portugal não procura apenas reviver:
procura viver. (Augusto de Castro in Ó, 1992: 435)

Chegamos então às ideopaisagens e às mediapaisagens onde a propaganda vai ser um


factor determinante para a prossecução dos objectivos, políticas e ideais do Estado
Novo. Assim as mediapaisagens vão servir de instrumento para a criação das
ideopaisagens.

Ao nível das mediapaisagens toda a informação fosse ao nível da rádio e dos jornais da
época, já que a televisão surgiu apenas em 1955 fosse em espectáculos, cinema, livros,
era previamente objecto de análise por parte da censura que se consubstanciava na
entidade da Sociedade de Propaganda Nacional. É muito curioso o episódio da «Nau
Portugal» que é, provavelmente, desconhecido para a grande maioria dos portugueses e

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ilustra bem o esforço que era feito para omitir ou que procurava mascarar qualquer
incidente ou falhanço que pudesse ser associado ao regime.

A Emissora Nacional e a rádio foi o principal meio de comunicação para as massas e


como meio contra-hegemónico podemos ter como exemplo as transmissões da BBC que
chegavam a Portugal através por exemplo do ilustre jornalista português Fernando
Pessa, mas que obviamente não tinha a difusão e o peso da Emissora Nacional.

Não obstante a sua política em relação aos media apresentar características


distintas quando comparada com os regimes totalitários, para o Estado Novo a EN
devia desempenhar um importante papel como meio de propaganda do seu ideário.
Por esta razão, no primeiro ano de emissões oficiais as palestras fizeram eco de um
Portugal simples, de matriz católica, e que valorizava a sua História grandiosa,
indo desta forma ao encontro dos ideais que o chefe do Governo defendia para o
país. Existiu igualmente uma especial preocupação em apresentar o Estado Novo
como o responsável pelo ressurgimento nacional, que levaria Portugal de volta às
glórias do passado de que se havia afastado na sequência da instabilidade política
gerada pela Primeira República. (Ribeiro, 2007: 192)

O ideário de Salazar consubstanciava-se, no meu entender, em duas máximas, por um


lado a tríade: Deus, Pátria e Família e por outro: Tudo pela Nação, Nada Contra a
Nação. Estas máximas materializavam-se em três fenómenos que são simultaneamente
religiosos, sociais e culturais, e que de alguma forma persistem no imaginário
português: Fátima, Futebol e Fado. Este imaginário continua a ser o mais mediatizado,
se não pensemos no espaço televisivo ou nas figuras mais mediáticas além fronteiras
como Marisa, José Mourinho ou Cristiano Ronaldo.

Segundo Bouaventura Sousa Santos este esvaziamento cultural está associado a uma
grande falta de cultura democrático e de séculos de repressão do imaginário:

A partir do século XVII, Portugal entrou num longo período histórico dominado
pela repressão ideológica, relativa estagnação científica e obscurantismo cultural,
um período que teve a sua primeira (e longa) manifestação na Inquisição e a última
(assim esperamos) nos quase cinqüenta anos de censura salazarista. A violação
recorrente das liberdades civis e a atitude hostil frente à razão crítica fizeram com
que acabasse por dominar a crítica da razão, geradora dos mitos e esquecimentos
com que os portugueses teceram os seus desencontros com a história. O
desconhecimento de Portugal é, antes de mais nada, um auto-desconhecimento. O
Encoberto é a imagem da ignorância dos portugueses a respeito de si próprios
refletida num espelho complacente. (Santos, 1993: 16)

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Santos ainda no mesmo artigo afirma que o estado e no entendimento das afirmações
nacionalistas do sec.XIX, em que o estado nação é determinante, não existiu uma elite
capaz de levar a cabo as funções que lhe cabiam

[…]. O fato de o Estado português não ter desempenhado cabalmente nenhuma das
duas funções — diferenciação face ao exterior e homogeneização interna — teve
um impacto decisivo na cultura dos Portugueses, o qual consistiu em as espácio-
temporalidades culturais local e transnacional terem sido sempre mais fortes do que
a espácio-temporalidade nacional. (Santos, 1993: 47)

Por exemplo numa das últimas campanhas levadas a cabo pelo Turismo de Portugal que
representou um investimento muito significativo e onde podemos encontrar um
problema não só ligado à translation turn, mas também à cultural turn é a campanha
que ficou, polémicas à parte, conhecida além fronteiras como: Portugal a casa de
banho da Europa, em versão original: Portugal: Europe’s WC (West Coast). Faço uso
desta campanha como paradigma da representação social face à Europa central, mas
também para o facto de alguns rostos associados à campanha estavam associados ao
Fado e ao Futebol.

Para terminar e partindo da questão que nos trás a este ensaio, quo vadis globalization
considero que a globalização é de alguma forma um processo inerente à condição
humana, porquanto pelo simples facto de fazermos parte do mesmo planeta. Da mesma
forma as mudanças e as diferenças fazem parte da mesma condição e portanto a
globalização será sempre um work in progresso, contudo penso que um dos principais
beníficios são as relações simbióticas e os exemplos de equilíbrio que podemos
encontrar neste encontro/desencontro entre plural e singular, hegemónico e contra-
hegemónico, global e local.

Considero ainda que seria importante analisar de uma forma mais intensa o imaginário
social português de forma a poder transformá-lo num imaginário mais participativo,
justo e democrático. A rapidez dos processos mediáticos que trouxeram para a ordem do
dia a questão da globalização carece de tempo para a reflexão, para o conhecimento
social e individual. É necessário e urgente entendermos de onde partimos para
posicionar o caminho que queremos encontrar, será que falta imaginação? Ou vontade?
Como Sebastião da Gama termino com um dos seus poemas mais enigmáticos como
voz de um dos vários imaginários que sobrevoam Portugal.

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O SONHO

Pelo sonho é que vamos,


Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.


Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

-Partimos. Vamos. Somos.

Bibliografia

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