MOREIRA
PRÓLOGO
A Biologia progrediu lentamente devido a complexidade do
~êr vivo. No século XVIII ganhou decisivo impulso com Leeu-
ll'enlwek, que ulilizou len/es no estudo do mundo microscó·
pico; com Réawnur e Spallanzani, que aplicaram o método ex·
perintenlal aos fenômenos vitais, e com Linneu, que, pela no-
11/l!ttcla/ura binâria, ordenou o grar1de número de animais e
Licenciado em História vegelais descritos. Criaram, em cot1junto, uma nova forma de
focalizar o es/udo do sê.r vivo.
Esla nova mentalidade, que hoje chamaríamos "científica",
preparou a chegada do século XI X, no qual a Biologia alcan-
çott grande desenvolvimento, apoiando-se em gloriosos twmes,
como Lamark, fundador das doutrinas transformistas; Cuvier,
a que se devem as bases da anatomia comparada e criador da
paleonlo logia; Schleide11 e Schwann, pioneiros no lançamento da
leorio celular; Pasleur, que eslabeleceu os princípios da bacte-
riologia, e Claude Bernard, que fundou os métodos da moderna
fisiologia. Por ou/ ro lado, Mendel iniciou o estudo da herança
biológica, enquanlo Darwin, com a teoria da evolução, tentou
proporcionar uma visão unitária do fenômeno vida.
E.sles e ou/ros ilu"stres homens tornaram possível o flores-
cimenlo da Biologia atual, que situa os processos vitais no
plano físico-químico, de /ai sorte que, com os c011hecimentos de
ltoje sôbre os âcidos nucleicos, aborda a hereditariedade ao
nível molecular, exib it1do uma intri11cada e ao mesmo tempo
promissora problemática.
Nesle Atlas descortina-se, a todos os interessados pela Bio-
EDIÇÃMSPECIAl REVISADA PARA ... logia, uma visão panorâmica dos fenômenos vitais, e, particular-
mente, aos j ovens que se destinam às Universidades, uma pe-
.IVRO IBERO-AMERICANO, LTDA. quena mostra do frondoso bosque das ciências biológicas, ainda
não lotalmen/e explorado , a fim de que, assim estimulados,
possam ir além, orientados pela frase de Ramón y Cajal: "o mar
RIO DE JANEIRO /em misleriosos abismos, a terra guarda em suas entranhas o
passado da vida e o organismo humano oferece em cada cé-
lula 11111a incógnita e em cada pulsação um tema de eterna
meditação".
0 AUTOR
PRÓLOGO
à Primeira Ediçao Portuguêsa
Esle é o segundo ATLAS que temos o prazer de traduzir
para a Edilora Ibero-Americana.
Como o de Bolânica, contém um conjunto de ensinamentos
lllÍ.1icos, indispensáveis, portanto, aos nossos estudantes do pri·
111 •iro e segrmdo ciclos secundários, apresentados de ma11eira
simples, clara e apràpriadamente ilustrados.
olaboramos, em alguns capítulos, introduzindo exemplos
lJYasileiros ou acrescentando as explicações que julgamos ne-
© cessárias.
De modo gera l, porém, foram mantidos os conceitos emiti-
dos pelo awor, embora, por vêzes, nos tivéssemos permitido
fazer pequenas relificações.
A. X. MOREIRA
Licenciado em História Natural
Rio, julho de 1966.
clltfaJ& BIOLOGIA
OBJETO E MÉTODOS próprios de ou tras Ciências Natura is,
1 OR A. DE HARO VERA CATEDRATICO D.A. FACULDADE DE CltNCIAS DE SAL.A.MANCA
DA BIOLOGIA como, por exemplo, a Física e a ~ftVA
Química. A aplicação do microscóp io
Estamos rodeados de sêr es nos ao estudo dos sêres vivos repre-
quais distinguimos características pro- sentou um avanço gigantesco no conhe-
prias: rochas, árvores, animais; outros cimento dos organismos. A p artir do
são semelhantes a nós mesmos. Fala- holandês Leeuwenhoek , no século xvnr,
mos também de corpos sem vida, como observaram-se as pequ enas estruturas
uma rocha, e igualmente de sêres vivos, vivas. O microscópio composto, anos
como um inseto, embora muitas vêzes depois, permitiu exames mais minu-
não saibamos dizer, com precisão, as ciosos, e, finalmente, o microscópio
razões de tal separação. A Biologia electrônico de nossos dias possibilita
se destina, exatamente, a esclarecer as observação de estrutu ras delicadíssimas
causas pelas quais um determinado a t ravés de aumentos de 100.000 vêzes
sêr possue esta complexa atividade de partículas protoplasmáticas. O avan-
que denominamos vida. ço da Química propiciou, por o u tro
Conforme os diversos aspectos pe- lado, a análise precisa das substâncias
los quais abordemos o estudo dos sê- integrantes da matéria vivente e, con-
res vivos, a Biologia subdivide-se nos sequentemente, um conhecimento mais
seguintes ramos: profundo dos constituintes protoplas-
Anatomia: estuda a constituição e máticos, bem como uma melhor com- A n l o nl vc111 L11 uw nhoek (1 632- 1723) é o pri me ir o
estrutura gerais dos sêres vivos. preensão dos fenômenos íntimos da quto u i lll'o o microscóp i o si m p l es p ara o es tudo do
Histologia: trata dos tecidos ani- atividade celular. que hnmou d "onimá lcul os".
mais e vegetais. E lementos b iogenéticos. -Acreditou-
Citologia: estuda as células que for- se, em princípio, que os sêres vivos
mam os organismos. seriam constituídos por matéria dife-
Embriologia: analisa o desenvolvi- rente da que integra o. mundo mine-
mento dêstes últimos (desde a célula ral. Pouco a pouco, todavia, a intro-
ôvo até a aquisição da forma especí- dução dos métodos químicos de aná-
fica). lise demonstrou que os sêres organiza-
Fisiologia: considera as funções do dos compõem-se dos mesmos elementos
sêr vivo. químicos encont rados no mun do inor-
Genética: dedica-se ao estudo da he- gânico. Além disso, evidenciou-se um
rança e variação dos caractéres bio- surpreendente fato: a matéria viva,
lógicos. com a extraordinária quantidade de
Taxonomia: agrupa e classifica os substâncias que a integram, é funda-
sêres vivos segundo suas afinidades mentalmente constituída por uns pou-
naturais. cos elementos químicos, os elementos
Paleontologia: estuda os fósseis (sê- biogenéticos. Dentre êstes, o Zi nco (Zn),
res que habitaram a Terra antes do o Cobre (Cu), o Ferro (Fe) e o Man-
homem). ganês (Mn) representam-se por peque-
Morfologia: observa -e interpreta as níssimas quantidades, razão por que
formas orgânicas em função das uni- são chamados oligoelementos; os de-
dades de que são constituídas. mais formam a <<trama>> da matéria
Ecologia: analisa e pesquisa · as re- viva, e por isso denom inam-se ele-
lações dos organismos entre si bem mentos plásticos.
Cl
como dêstes com o meio em que Um fato que nos chama a atenção
vivem. é a posição dêsses elementos na tá-
O conjunto de dados fornecidos por bua periódica de Mendeleieff: os mais Co Fe
eslas diferentes facetas da Biologia abundantes, o Oxigênio (0), Carb o-
proporciona uma visão do organismo no (C), Hidrogênio (H) e o Nit rogê-
vivo omo um todo que, no estado nio (N), têm baixo pêso atômico e si-
:tlit:tl dos ronhecimcnto humanos, tuam-se no primeiro e segundo perío-
IIPI'I'SI'III 11 s1· sw Pl'l'L' nd ·ntemcnlc com- dos da tábua, o que implica dizer q u e a
pino , IIH'SIIIO riOS lliVl' iS maiS Simp]CS matéria viva é formada por elementos
dt• OI ;illl/;1~,11) leves. Outro aspecto interessante é a
!I llioluvi11 PIOr.lll'dilt lentamente, posição central do carbono e nitrogê-
11111.1 1'1'/ 11111' I'IIIPH' dl'IH'IIII\-11 d' ll1C· nio, constituintes básicos do protoplas- O microscópio el e ctrônico p e r
1111 I 111 ,1111111111111s I' lOIIhl'liiiiCiliOS ma . Em face desta posição combinam- mite aum e ntar 100.000 vê ze s a Na tábua de Mend e leieff pode ser observada a escasso
imag e m do objeto, p o d e ndo-se
proporçã o dos elementos biogenético s em rela ção ao nú -
e studar a s estrutura s ma is d e li -
mero d e e lementos químicos e xistente s .
cad as do protoplasma .
cllttaJdc BIOLOGIA
se quer com elementos positivos (hi- madas princípios imediatos, tais como POR A. DE HAROVERACATEDRATICODAFACULDADE DE CIÊNCIAS DE SALAMANCA.
drogênio , por exemplo), quer com ele- água, sais minerais e substâncias or-
mentos negativos (oxigênio, por exem- gânicas chamadas glucídios, lipídios e
plo). E igualmente possível que o car- protídios, assim como vitaminas e hor- SAIS MINERAIS E COMPOSTOS DE CARBONO
bono e o nitrogênio se unam entre si, mônios, todos êles constituintes do edi-
estabelecendo ligamentos -C-N; por fício vivo.
o utro lado, o carbono combina con- Importância da água. - A proporção
sigo mesmo. Por tudo isso compreen- de água varia nos diferentes organis- H2 O
de-se a complexidade das substâncias mos. Pilema pulmo é uma medusa que
orgânicas, estruturadas a partir dos tem uns 95,39% de água, enquanto a
-C-C-N-C-C, base do edifício vivo. semente de cevada tem somente uns
Observe-se que o Silício (Si), disposto 16%. Sódio Célcio
na mesma ·coluna do Carbono , porém Dentro de um mesmo organismo Carbonatos
com maior pêso, não participa da es- observa-se que os tecidos possuem mais Bicarbonatos Fosfatos
trutura viva e que, em contraposição, água à medida que aumentam a ativi-
é a base do reino inanimado . dade fisiológica . Os músculos do corpo
O Fósforo (P), situado na mesma humano têm uns 74 % e, fato surpre-
coluna que o Nitrogênio (N), compor- endente, a substância cinzenta do cé-
ta-se diferentemente, já que tem maior rebro, centro da sensibilidade e da in-
pêso atômico e sempre se combina teligência, é constituída por uns 85% Me1gnésio Cloretos
Potássio H
com o Oxigênio (0). Tem grande im- de água. Sulfatos
portância na captação de energia pela A função da água é variada: I) é
célula. o meio de transporte das substâncias
O Enxofre (S) e o Oxigênio têm que entram e saem dos sêres vivos, no Principais sais minerais encontrados nos organismos .
como função primordial organizar pon- qual hão de estar dissolvidas; 2) con- N o ma téri a viv o há
tes d~ união entre as moléculas, de fere estrutura e rigidez aos tecidos, rn a nd o qua ntidad e
d óg ua.
modo a se formarem arcabouços mais tornando-os plásticos; 3) é a substân-
complexos. Os elementos alcalinos, Só- cia que necessita mais calor para au-
d-i o (Na) e Potássio (K), e os alcalino- mentar a temperatura em um grau
o
terrosos, Magnésio (Mg) e Cálcio (Ca). por centímetro cúbico (calor específi-
juntamente com o Cloro (Cl), inter- co), razão porque permite armazenar
0- o
vêm, em razão da capacidade de ioni- calor e amortecer as mudanças brus-
zação, nos fenômenos de hidratação da cas de temperatura, tão nocivas aos or-
matéria viva. ganismos. Metano
O Hidrogênio (H) é muito impor- · Importância dos sais minerais. -
tante pelo poder de combinação com Além da água evidenciam-se também,
(,)- -o v - - .)
outros ele mentos, e também por in-
terferir nos processos respiratórios .
nos organismos, os sais mine rais, cons-
tituídos por Cloretos (Cl), Fosfatos b
Aldeído
o
Finalmente, são também de relevância ( PO, ), Carbonatos (CO,), Bicarbonatos Amoníaco Âcido ocético
o Cobre, Zinco, Ferro e Man ganês em (CO ,H) e Sulfatos (50,} de Sódio, Po- - )
Cetono
de te rminadas fun ções dos sê res vivos tássio, Cálcio e Magnésio, principal-
(como a respiração , por exemplo). mente. A quantida de dos citados sais
é baixa no organismos, aproximada- Algumas combinações de carbono e hidrogênio .
COMPOSIÇÃO QUIMICA mente uns íÍ.3% nas células animais · e .
DOS SI:RES VIVOS uns 2,5 % nas vegetais, embora de im-
portância extraordinária, já que: I) al-
Princípios imediatos.- Quando se gumas proteínas são apenas solúveis
aquece m carnes ou e nt ão fô lh as em um em dissoluções salinas; 2) regulam a A qut~ctu Hi o fo rt e me nt e um órgão
co d rnn l ou V(lfJü fo l ê l o se re duz a
o
tubo de e nsaio, obse rva-se que nas pa-
redes do mes m o depos it a-se uma le ve
acidez e o conteúdo de água dos hu-
mores orgânicos, e 3) constituem for-
Onl p O!i i O" tn lnurois.
oI
cam ada de água, indi ca ndo s ua pre-
s ·nça na m a l ' ri a viva. Se 'c ontinua-
mações esqueléticas (ossos e cara-
paças) .
o
m os aqu ·ce nd o, res ta , fin a lm e nt e, um Combinações do carbono. - Cada
n· s fduo d l' c inza s co mpos to de sa is á to mo de ca rbono tem a capacidade de
lllll\l' l' : ti ~. unir-se a quatro átomos de hidrogê- o o
Da 111:11<"'1 ia viv;• podl' ~ • ~ L·parar. po 1· nio. O ca rbono pode substituir numa
I
• ~o
IH on·" o' ""'il''''· p111 :tlll<' lliL' fí s icos, ·x tre mid a de de um a cadeia carbonosa
'0111o ,, 11111 . 1 ~· "' · 111 -." il" ~·a o ,. pr •c ipi do is hidrogê nios por um oxigê nio, for-
l il~"il l> , lilll llillllllliO dt • ' "l " l l iiH li ", ' 11:1 mand o uma substâ ncia chamada a/- o
Âlcoo l mon ov ol e nt e
Aml nu I I
o o
Ál cool oolivolente
c/_ff;fuJ de BIOLOGIA
deído, ·enquanto que, se a substituição si, com separação de uma molécula POR A. DE HARO VERA CATEDRATICO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SALAMANCA
teve lugar em um carbono interior da
cadeia, então o corpo resultante é uma
de água, formando um dissacarídeo.
A reação inversa consegue-se por
Num.3
cetona. Se substituirmos o hidrogênio meio de fermentos, obtendo-se as
por um radical NH, o corpo é uma ami- hexoses de constituição, fenômeno cha- GLUCÍDIOS
na. Uma cadeia carbonosa constituir mado hidrólise. Entre os dissacarídeos
um ácido orgânico quando tem a fun- mais importantes estão a sacarose, lac-
ção carboxila -COOH, e se substitue tose, maltose e celobiose, todas deriva-
um hidrogênio por um radical -OH o das de hexoses e portanto de fórmula
corpo resultante será um álcool mono- empírica comum C.,H,O, ,. São doces,
valente, chamando-se álcool polivalente cristalizáveis e solúveis em água.
se a substituição ocorreu em vários hi- Sacarose. - t:. o açúcar da cana ou
drogênios. Tais as funções químicas de beterraba, originada da umao de
mais frequentes na matéria orgânica. uma molécula de glicose e outra de.
Glucídios.- Incluem-se neste grupo frutose. Ri base
Desoxiribose
os açúcares e as substâncias derivadas Lactose.- t:. o açúcar presente no {).glucopiranose
dos mesmos. Os açúcares fundamen- leite, ao qual empresta o sabor adoci-
tais ou mais simples são as ases, ou cado. Compoem-se de uma molécula de
monossacarídeos, constituídos por uma glicose e outra de galactose.
cadeia de átomos de carbono, cujo Mal tose e celobiose.- Não se en-
número determina o nome do açúcar. contram livres na natureza porque são
Se há cinco átomos de carbono, a produtos de hidrólise do amido, a pri-
ose denomina-se pentose, e se há seis, meira, e da celulose, a segunda.
hexose. As hexoses são as mais im-
portantes e frequentes. Do ponto de A ma/tose é formada pela união de
vista quimico, as oses são aldeídos ou duas moléculas de a-glicose, enquanto 'X· 91,ucopiranose Fruto se
:t-glucofu ranose
cetonas de álcoois polivalentes. que na celabiose a glicose é a (3.
Dentre as hexoses está a glicose, Polissacarídeos ou poliholósides.-
ou açúcar de uva, e a frutose, pre- f.stes glicídios compõem um conjunto
sente juntamente com a anterior no de substâncias com propriedades físi-
mel e em muitas frutas. cas que as diferenciam dos ·açúcares.
São insípidos, insolúveis em água e
Monossacarídeos ou oses.- As he- não cristalizam. Entre os mais impor-
xoses são as mais importantes. Tô- tantes estão o amido, glicogênio e a
das têm a mesma fórmula empírica, celulose, todos êles de forma geral
C,,H.,O,, e a diferença entre elas con- (C,H. ,O, )". Socaros e
siste em que tenham um grupo aldeído Amido. -Substância que se forma A celobiose é um dissacarídeo obtido
ou cetona e na posição dos álcoois, em por hidrólise da celulose.
nos vegetais, consequência da fotossín-
ambos os lados dos carbonos centrais. tese. A frio é insolúvel em água, e
São substâncias de sabor adocicado, aquecido produz um líquido opalescen-
solúveis em água e cristalizáveis, não te, a goma de amido. Com o iôdo dá
se podendo desdobrar, por hidrólise, uma côr azul característica. Encontra-
em substâncias mais simples. se como reserva nas batatas, sementes,
Estrutura cíclica dos monossacarí- frutos, etc. É constituída pela polime-
deos.- O grupo aldeído dos monossa- rização de moléculas de a-glicose. Por
carídeos pode hidratar-se, substituindo hidrólise parcial do amido obtêm-se
um oxigênio por dois radicais -OH e dextrinas, conjunto de substâncias que,
constituindo-se um ciclo com ponte de com água de iôdo, dão colorações va- r~,, utura mol ecular do amido.
oxigênio entre o primeiro e o quinto riáveis do violeta ao vermelho. O ami-
carbono (anel hexagonal do pirano), ou do apresenta-se formando os grãos de
entre o primeiro carbono e o quarto amido, típicos dos vegetais.
(anel pentagonal do furano). Há duas Glicogênio. - J:: a substância de re-
glicofuranoses e duas glicopiranoses, serva animal. Encontra-se no fígado e
chamadas a e (3, segundo a posição do nos músculos para ser utilizado no mo-
hidrogênio e do grupo -OH do pri- mento necessário. Por hidrólise total
rneiro carbono. proporciona glicose. Dá uma côr pardo-
Dissacarídeos ou diholósides. - Dois avermelhada com iôdo. Sua molécula
monossacarídeos podem reagir entre é mais ramificada que a do amido.
A estrutura molecular do glicogênio é
s_e f'!lelhante à do__amido, porém com co-
clltl!aJJde BIOLOGIA
Celulose.- É a substância esqueléti- picas dos lipídios, tais como insolubi-
ca dos vegetais, constituindo grande lidade na água e solubilidade nos dis-
parte das membranas de suas células. solventes lipídicos. Entre elas são es-
O algodão é quase celulose pura. Suã pecialmente importantes os fosfolipí -
molécula tem constituição linear e por dios, como a lecitina; as esterinas,
hidrólise dá celobiose e, finalmente, como a co/esterina, e os carotenóides,
~-glicose. A unidade estrutural da ce- representados pelo caroteno e xantofila
lulose é a celobiose. dos vegetais.
Polissacarídeos heterósides. - Éstes Protídios.- Neste grupo reune-se
glucídios se caracterizam porque dão um conjunto de substâncias nitroge-
por hidrólise açúcares e outras subs- nadas que são os componentes funda-
M o l éc ula da l eci t ina
tâncias não glucídicas. Entre as mais mentais da matéria viva, da qual for- e m forma d e garfo.
interessantes, por suas propriedades es- mam 50% do pêso sêco. Nelas há sem-
truturais, estão a quitina e a pectina; pre C, O, H, N e também, geralmen-
,
a primeira forma o esqueleto dos Ar- te, S e P, junto a outros elementos. ~----Q'v >" '- ., -..
..,.. ,
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clltl!aJde BIOLO GI A
POR A. DE HARO VERA CATEDRATICO DA FACULDADE DE CltNCIAS DE SALAMANCA
dais de aspecto característico opales- Ácidos nucleicos. - Constituintes
cente. Coagulam-se pelo calor e pelos fundamentais do núcleo são os nucleo-
ácidos. Entre as proteínas mais notá- proteideos, formados pela união de
veis estão as protaminas, histonas, es- proteínas (protaminas e histonas) e um
cleroproteínas, albuminas e globulinas. grupo prostético: os ácidos nucleicos.
-·
, rosfoto
Protaminas. - São proteínas de pêso Estes ácidos dão por hidrólise, ácido
molecular baixo (2.000 a 4.000) e de ortofosfórico, pentose e uma base nitro-
carácter básico. genada. A união, seguindo esta mesma
=fÍ~
Combinam-se com os ácidos nuclei- ordem, proporciona um corpo cha- -· o
cos, dando os nucleoproteidos, que são mado mononucleótide; a ligação de vá- I
---·-·
juntivo. As queratinas se encontram
•=••=
nos pêlos, penas e unhas, aos quais ribonucleico ou ARN, abundante no ci-
dão resistência. toplasma e nucléolo. A molécula de ADN
tem: extensão de uns 5.000 A; pêso
Albuminas.- São proteínas típicas.
Coagulam pelo calor e são solúveis na
molecular, da ordem de um milhão.
/
ttf g
água destilada e em soluções salinas. Estrutura molecular do ADN. - O
biólogo Watson e o físico Crick pro-
, 11\
... -·-f( •
Entre elas há a ovoalbumina da clara
do ôvo, a seroalbumina do sôro san-
guíneo e a lactoalbumina do leite.
Globulinas. - Também coagulam
puseram uma imagem da estrutura
molecular de ADN na qual êste ácido
se compõe de duas cadeias de polinu-
cleotides enroladas em espiral em re-
,-~.s ~uonino
pelo calor e, embora não solúveis em dor de um eixo comum. Cada molécula
água pura, o são nas soluções salinas. de desoxirribose comporta uma base /
!i
I
d""'C)\ i.ul.• (Collclue na lâmh1a C/1.) f I \\ i ;: I
I
N11 duplltoçao do ADN, cada cadei a forma Mo d o d e dupli caçã o do AND, pro p orcionan do
ti f ump l nmontor, mantendo-se o l iga m e nto a m o lécula mã e uma ca d e ia a ca d a m o l éc u lr...!
Hclnnluu timino o citosina-guanino. filh a .
o'lttaJ& BIOLOGIA Sér.e
FENóMENOS OCASIONADOS
PELAS MEMBRANAS
mina. As soluções que apresentam o
fenômeno da diálise chamam-se ver-
POR A. DE HARO VERA CATEDRATICO DA. FACULilliDE DE CIÊl'lCIAS DE SALAMANCA B
O comportamento celular não fica dadeiras; as que não o apresentam se PROPRIEDADES FÍSICAS DO PROTOPLASMA Num.l
explicado suficientemente tendo ape- denominam pseudosoluções.
Cristalóides e colóides. -As subs- · DIFUSÃO E OSMOSE. SOES E GEIS
nas em conta a composição química do
protoplasma, mas também devem-se ter tâncias que dão· soluções verdadeiras,
presentes certos aspectos físicos, como como o açúcar, formam cristais por
o tamanho das moléculas e as rela- evaporação da água; daí o nome de
ções que se podem estabelecer entre cristalóides como se denominam; ao
êla, assim como as propriedades das contrário, a solução de albumina, por
membranas celulares. O estudo das evaporação de água, converte-se numa
·.. ·,.,. ,·:Q .· Q
propriedades físicas do protoplasma, massa pegajosa de aspecto parecido a
cola; daí o nome de coloides que têm
~· .. ·.··
.. ·.• .... ....
. .
objeto da biofísica, constitue um ramo
muito promissor da biologia, que traz estas substâncias, chamando-se à solu- :-:·o:..: .- · - .
novas luzes sôbre o trânsito de subs-
tâncias no organismo.
ção coloidal.
Osmose. - O comportamento das so- :< Ô.:·:: :-~ ; :.:::~..
Formação de soluções.- Se tomar- luções frente às membranas depende
mos um torrão de açúcar e se o dei- do tamanho de suas partículas em re-
xamos cair no fundo de um vaso· lação com o tamanho dos poros da A diálise torna -se efe-
tiva porque as partícu -
com água, ao cabo de certo tempo membrana. Nos casos já vistos ao ex- las dissolvidas são me -
tôda água estará açucarada. A clara plicar a diálise, a membrana tem poros nores do que os poros
de ôvo misturada também com água de tamanho tal que permitem a pas- Por dlfusao, os partículas ocupam As membranas permeá · da membrana.
to d o o volumo liquido. veis deixam passar a
torna este líquido albuminoso, límpido sagem das partículas de açúcar, mas substância dissolvida .
e transparente. Em ambos os casos ob- não permitem a passagem das de al-
tem-se um líquido que, observado ao bumina. Em uma membrana de poros
microscópio, mostra-se homogêneo e tão finos que não permitam passar o
atravessa o papel de filtro juntamente corpo dissolvido, porém apenas as mo-
com as partículas de açúcar e albu- léculas de água, como ocorre com be-
mina; êste líquido forma uma solução. xiga de porco, somente haverá passa-
O deslocamento das partículas no gem da água através dela; êste é o fe-
seio de um líquido sem atravessar obs- nômeno chamado osmose, e a referida
táculo ou membrana constitue um membrana semipermeável. Os fenôme-
exemplo do fenômeno chamado di- nos osmóticos têm grande importância
fusão. O oxigênio penetra no sangue, e nos líquidos biológicos. Introduzindo
o gás carbônico dele sai por simples umas gotas de sangue em uma solução
difusão. :€. a diferença de concentra- de cloreto de sódio a 0,5 %, os glóbulos
vermelhos arrebentam por penetração As partículas de albu- A membrana semiper-
ção que determina o sentido do deslo- meável só deixa passdr
mina não podem atra -
camento que vai do meio mais concen- da água por endosmóse, já que dita vessar os poros. a águo.
trado para o menos concentrado. O fe- solução salina é hipotônica em relação
nômeno da difusão é o mais simples ao plasma do glóbulo vermelho. A tt l hurfilnu (C"umo umo A pressão o smótica faz
dos que ocorrem nos meios biológicos. Soes e géis.- O estado coloidal pode il • ud o ~o l., ~do om o com que suba o nível
da água na so lução.
Diálise.- Coloquemos soluções de apresentar aspectos distintos. Se diluir- ó '""·
açúcar e de albumina em recipientes mos gelatina em água quente obtém-se
uma solução líquida chamada sol. Se
fechados com duas aberturas opostas e
obstrua-se a abertura inferior com uma deixarmos esfriar, a massa adquire um . . ..
fôlha de papel de celofane não enver- a~pecto sólido chamado gel, que volta
nizado. Introduzindo-se o recipiente ao estado fluido de sol por aqueci-
com água açucarada numa vasilha com mento; sol e gel são dois estados re-
água pura, esta tornar-se-á açúcarada versíveis da solução coloidal. Existem
ao cabo de um certo tempo, o que casos em que o gel não volta ao es-
indica que a sacarose atravessou a tado de sol; chama-se então coágulo,
membrana de celofane. J:.ste fenômeno como sucede com a clara de ôvo fer-
em virtude do qual o açúcar atravessa vida, que se transforma em gel irre-
a membrana chama-se diálise, e as versível. O gel reversível ao estado de
membranas q ue o permitem são per- sol tem o nome de coacervado.
meáveis. Colocando tamhl-m a solução O protoplasma é constituído por
de albumina nunw v:~sillw com água grandes moléculas de materiais protei-
pura observn Sl' qul' a IIH'lllhr:tna 11cw cos no estado de gel coloidal, o qual
deiw passar :1' parttculas <k alhu é reversível ao estado de sol.
des formam os sêres vivos e recebem verde por possuir clorofila. Estes últi-
o nome de células. mos, além da clorofila, têm um pig- ·
Foi Robert Hooke quem introduziu mento alaranjado, ou caroteno, e outro
esta palavra em sua Micrographia, pu- amarelo, ou xantofila, que é o que dá Mitocôndria
blicada em Londres em 1665, onde des- a côr amarelada às folhas das árvores
creve uma seção fina de cortiça na no outono. Muitas flores e frutos, como
qual se vê uma série de poros ou ca- o girassol, o tomate, o pimentão, etc.,
vidades (células). devem as suas cores aos cromoplastos:
Morfologia celular.- A forma e o Aparêlho de Golgi. - :e. um «Órgão» Membrana
citoplasmático
tamanho das células são variáveis con- bem diferenciado da célula animal, si-
forme as funções que realizam. O ta- tuado nas proximidades do núcleo, de
manho oscila entre 8(.1, para as células aspecto variável, desde a forma espiral
sanguíneas, até I m . para certas células até a de barrete.
nervosas, embora o tamanho corrente Citoplasma fundamental. - :e. consti- Centrosfero
seja de uns 50(.1, podendo-se dizer, de tuído pela massa citoplasmática que Célula vegetal típica,
com um g rande va-
modo geral, que as células vegetais são exclue os órgãos anteriormente descri- Centríolo cúolo c e ntral.
maiores que as animais. tos. Oferece diferenciações diversas,
Núcleo. - O conteúdo celular recebe como a formação de miofibrilas na cé-
o nome de protoplasma. Nesta mas~a lula muscular, de neurofibrilas no neu-
protoplasmática há uma esfera central rônio, e também pode originar cílios e
ou núcleo em cujo interior se distin- flagelos para a locomoção da célula.
guem um ou vários corpúsculos cha- Membranas. - O protoplasma está
mados nucléolos. Em certos momentos separado do meio ambiente por uma
da vida celular, o conteúdo nuclear des- membrana çitoplasmática ativa, que
dobra-se em filamentos curtos chama- não é mais que uma diferenciação do
dos cromossomas. citoplasma. Às vêzes esta membrana se-
Citoplasma e elementos figurados.- grega uma membrana celular, de fun-
O resto do protoplasma sem o núcleo ção inerte, esquelética, e que nos ve-
recebe o nome de citoplasma. Tem as- getais é composta típicamente de celu-
pecto hialino, e nele se reconhecem di- lose.
versos elementos, dentre os quais des- Paraplasma. - Além dos <<Órgãos» ce-
taca-se, próximo do núcleo, na célula lulares que acabamos de considerar
animal e nas células vegetais de orga- deve-se ter em conta as substâncias
nismos inferiores, o centrossoma, no inertes do protoplasma formadas por
qual se observam três partes: um grâ- êle próprio durante sua atividade e Va so le nhoso se m
nulo central, ou centríolo; uma massa que se acumulam em cavidades cha- Tubo criv o so . p roto p lasma .
esférica hialina, ou centrosfera, e uns madas vacúolos, ou então nos con-
filamentos radiais que constituem o driossomas e plastos; têm formas de Camada protetora
áster, originados no momento da di- cristais e grãos de secreção, consti-
visão celular. tuindo o paraplasma. Nos vegetais, o
Condrloma e plastos.- Outros ele- conteúdo vacuolar é uma solução aquo-
mentos importantes são os condriosso- sa, como no càso da sacarose da be- Célula ne rvo sa .
mas, disseminados em grande número terraba, enquanto nos animais o con-
pelo citoplasma, e cujo conjunto cons- teúdo é lipídico, como a gordura do
titue o condrioma. Elementos caracte- tecido adiposo. ·
(Continuação da lâmina A/5.) cadeia recém sintetizada. Esta dupli-
cação da matéria cromossômica é a que
ma a cadeia complementar; assim, a explicaria a transmissão dos caractéres
molécul:1 de ADN, para duplicar-se, hereditários, ao passo que a manuten- epitelial
proporcionn unu\ c:1d •in a cada molé- çã0 (I'! sequência de bases nitrogena-
cula filha, as qunis scrao um híbrido das asseguraria a constância dos men-
de uma ('adl·ia llHIIl'I'IH\ nnli~a c outra cionados caractéres.
As rickettsias são sêr es inte rmediário s
entre os virus e a s bactérias.
cfltfaJde BIOLOGIA
POR A. DE HARO VERA lATEDRATICO DA. FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SALA.JAAHCA
ESTRUTURA DOS ELEMENTOS trônico põe em evidência um sistema
FIGURADOS de vesículas de tamanhos diversos e um
conjunto de membranas dispostas em
Condrioma.- Com o microscópio de séries paralelas no aparelho de Golgi. ELEMENTOS FIGURADOS DO CITOPLASMA
contraste de fase aparece o condri- As vesículas parece formarem-se por di- Aparelho de Golgi
oma com o aspecto de corpúsculos de- latação das lâminas ao aumentar o
nominados mitocôndrias, ou então de conteúdo entre êlas, originando-se con-
forma alongada, chamando-se então tinuamente e desaparecendo · no cito-
condriocontos. Com o microscópio ele- plasma. O aparêlho de Golgi é, pois,
trônico os mitocôndrias são vistos como um «ÓrgãO>> de intensa atividade se-
esferas ou elipsóides limitados por uma cretora.
membrana dupla, cuja camada inter- Retículo endoplásmico e ribossomas.
na parece apresentar tabiques que di- Em quase todas as células. o cito-
videm o interior em uma série de Aparelho de Golgi de célula
plasma é percorrido por um sistema do ganglio espinhal do cavalo .
compartimentos. Esta estrutura é ca- de membranas dispostas nas três di-
racterística dos elementos do condrio- mensões do espaço e que limitam uns
ma. f:.ste é um aparelho secretor que tubos ou vesículos : f:.ste sistema em
fabrica gotas de gordura e tem um forma de rede recebe o nome de re-
papel muito importante na respiração tículo endoplásmico. Tais membranas
celular. Os condriossomas formam-se têm na face externa uns grânulos, des-
por divisão de outros precedentes. critos por Palade em 1955 e chamados
Plastos.- São de interêsse os leu- ribossomas, de tamanho de 100 A. O
copias tos, que atuam frequentemente nome de ribossomas deriva do alto
como armazém de amido ( amiloplas- teor de ácido ribonucleico (ARN); são
tos), de a'zeite (elaioplastos) ou de pro- sintetisadores de proteínas. Os ribosso-
teínas (aleurona-plastos). Os cromoplas- mas podem estar também espalhados
tos mais importantes são os cloroplas- pelo citoplasma. Provavelmente o nu-
tos, que fabricam clorofila e são rela- cléolo intervem na formação do retícu-
cionados à fotossíntese. Nas danofi- lo endoplásmico. Os ribossomas são
ceas e em algumas bactérias aparecem constituídos por ARN e proteínas.
os pigmentos fotossintetisadores disper- Não se pode confundir o retículo
sos no citoplasma e em forma de grãos endoplásmico com os dictiosomas, já
ou vacúolos, chamando-se cromató- que estes não possuem grânulos asso-
foros. ciados na membrana (ribossomas) e
O cloroplasto típico é um corpo ademais são específicos para a redu-
ovóide limitado por uma membrana ção do tetróxido de ósmio.
dupla que encerra uma matriz homo-
gênea denominada estrômio, na qual Centrossoma.- Verificou-se que o
há uns grânulos. Vistos ao microscópio centríolo dos espermatozóides ciliados
eletrônico, os grânulos mostram estru- vegetais pode transformar-se em grâ-
tura laminar e apresentam-se ligados nulos basais dos cílios mostrando-se
entre si por meio de membranas de então como órgão locomotor. Por isto,
dupla parede. Os plastos formam-se o fato de que as Fanerógamas careçam
por divisão de outros preexistentes. Ao de cílios nos espermatozóides expli-
conjunto de plastos dá-se o nome de caria a ausência de centrossomas.
plastidoma. O microscópio eletrônico dá-nos a co-
Aparelho de Golgi.- f. constituído nhecer que os flagelos são constituídos
por um sistema de condutos em for- por um cilindro que tem na periferia
ma de rêde complexa e irregular que 9 pares de fibras longitudinais e um
rodeia o núcleo , ou então por elemen- par de fibras no centro, ao passo que
tos separados à m aneira de escamas na base do flagelo êste cilindro carece
ou bastões chamados dictiossomas. de fibras centrais, sendo a estrutura do
O aparêlho de Golgi , de aspecto re- centríolo a mesma que a da base
ticular, é próprio da célula animal en- do flagelo . O centrossoma se apresen-
quanto qu ' a forma difu sa a parece na ta, pois, como indutor da formação
célula v •geLai, embora também os dic- de cílios e flagelos para a locomoção,
tiossoma s ocorrnm na s tlulas anim a is. além de incitar também a formação do
i?.sl · apnrl'lho l ' OI' Il st· s 'I ·tivamentc aparêlho fibrilar para o deslocamento
pelo 1/cido th mlm . O mic ros ópio ele- dos cromossomas na mitose.
clfttaJd.R_ BIOLOGIA
POR A. DE HARO VERA CATEDRA.TICO DA FACULDADE DE C!tNCIAS DE SALAMANCA
CROMOSSOMAS E MEMBRANAS terminada. A êste fator se conhece com
o nome de ge11. Do ponto de vista quí- MORFOLOGIA E ESTRUTURA DA CELULA
Estrutura de um cromossoma. - mico, os gens são constituídos por áci-
Se examinarmos um núcleo celular do desoxirribonucleico, ADN, e são os CROMOSSOMAS E MEMBRANM
devidamente corado veremos uns fi- portadores dos caraeteres hereditários. Cromonemo simples helicoidal
Centrômero
lamentos chamados cromossomas, em «Puffs>> e gens. - Ao longo dos cro- Centrômero ~
seu interior. Se corarmos um cromos- mossomas gigantes e ao nivel das fai-
soma, observamos que é constituído xas ha umas dilatações designadas
por uma massa ou matriz em cujo «puffs>> pelos autores da língua ingle-
centro há um filamento muito corável sa, e que se provou representarem lu-
chamado cromonema, que pode con- gares de síntese de ARN (ácido ribo-
ter uns grânulos denominados cromô- nucleico). O maior ou menor desenvol-
meros. O cromonema pode estar enro- vimento destas dilatações determina a
lado em espiral, sendo os cromômeros maior ou menor atividade sintetizadora
zonas do cromonema em que o en- dos gens localizados nelas, pelo que
rolamento é maior. Na interfase, ou representam ótimo material para o es- romossoma gigante d e Drosophila. Em destaque,
o faixas de que são constituídos.
fase de núcleo em repouso, é que a tudo da ação genética. A, esquema de um cromossomo, segundo P.
a desespiralização é total; daí a difi- Núcleo das bactérias. - A partir do Grassé. B, croniossoma em anáfase, com dois
culdade em observar os cromossomas ano 1946, em que J . Lederberg e cromonemas.
como unidades independentes em um E. L. Tatum comprovaram o emparelha-
núcleo em repouso. Nos espermato- mento e recombinação do material ge-
zóides do caracol ( Helix), os cromos- nético na bactéria Escherichia coZi,
somas se apresentam desenvolvidos e tem-se pesquisado com insistência o
sem cromômeros. O cromonema pode conteúdo do material genético. O «nÚ-
ser duplo, encontrando-se então os dois cleO>> bacteriano portador do material
filamentos unidos entre si pelo cen- genético não se encontra diferenciado
trômero. em cromossomas, senão que, como
Os cromossomas são percorridos em ocorre nos virus , é formado por uma
tôda a sua extensão por umas faixas grande molécula de ADN. Na micro-
transversais que delimitam zonas de grafia eletrônica anexa pode-se apre-
topografia determinada e perfeitamen- ciar uma parte de ADN de uma bacté- ~.
de Solvia scloreo, em
MúSCULO ESTRIADO, dos, distingue-se um meio líquido, o
REDE NERVOSA, SANGUE plasma, em que estão incluídos uns
glóbulos formados por células e com-
Fibras musculares. - Existem dois postos de hemácias, leucócitos, e pla-
tipos de células ou fibras musculares, MÚSCULO CARDÍACO , REDE NERVOSA E SANGUE
quetas. O plasma sanguíneo é uma so-
tanto por seu aspecto como por sua lução aquosa de várias substâncias;
fisiologia. A de fibra lisa caracteriza- entre elas merecem atenção os sais
se pela forma de fuso e por pos- minerais, a glicose e as proteínas. As
suir um núcleo ovóide no centro. proteínas do plasma sanguíneo são o
O citoplasma encontra-se diferenciado
em grande número de fibrilas longitu- fibrinogênio, a seroalbumina e as sero-
globulinas. Ao fibrinogênio, solúvel no
dinais e contráteis, chamadas miofibri- plasma, deve-se a coagulação do san-
las. A contração das fibras lisas é lenta
e involuntária em geral, encontrando-se gue, por transformar-se em fibrina,
nos órgãos da vida vegetativa, como os que é insolúvel. A seroalbumina e as
seroglobulinas não coagulam espontâ-
intestinos e as artérias. Forma múscu-
los de côr rosa pálido. O tecido muscu- nueamente. Entre as seroglobulinas es-
lar de fibra estriada é formado por tão os anticorpos produzidos pelo or-
fibras muito longas, com numerosos ganismo ante as invasões microbianas.
núcleos próximos da membrana, e Soro sanguíneo é o plasma sem fibri-
umas fibrilas estriadas transversalmen- nogênio, razão porque não se coagula.
te, constando de zonas claras, chama- Os glóbulos vermelhos ou hemácias são
das faixas I, e de outras escu- células que no homem e demais ma-
ras, denominadas faixas A. No centro míferos perderam o núcleo. Têm forma
da faixa A existe outra de tom claro de lente bicôncava no homem, e o pro-
chamada zona H. A fibra estriada en: toplasma é impregnado de hemoglo-
contra-se também no músculo cardíaco bina, pigmento que dá a côr vermelha
formando o miocárdio, e representa ~ ao sangue. Em um milímetro cúbico de
maior parte das paredes do coração. sangue existem cinco milhões de hemá-
Tecido nervoso. - A relação do orga- cias. Os glóbulos brancos ou leucócitos
nismo animal com o meio ambiente são células com núcleo bem diferen-
fica assegurada por umas células in- ciado e, no homem, maiores que as
A flbro muscu la r ca rdíaca t e m um único núcleo
deformáveis, diferenciadas para trans- hemácias. Existem uns 7.000 por milíme- t nl rCI I , ovô lto po r cito plasma indiferenciado;
Células nervosas da parede do corpo do hi d ra .
~
se reunfrem vários deles, o nervo, o
qual está protegido por uma bàinha propaga-se a uma velocidade de uns
de tecido conjuntivo fibroso, chama- 90 m.js. nos mamíferos. No caracol, a
da perineuro. A fibra nervosa termina velocidade do influxo, ou corrente ner-
em uma arborização terminal. vosa, é de 0,5 m./s.
Existem dois tipos de fibras nervo- A neuróglia.- Nos centros nervosos,
Células de neuróglia. sanguíneo Contato entre dois neurônios.
sas: I) fibras mielínicas, caracterizadas os espaços entre as células e fibras são
Ram1ficacõo
por terem o cilindro-eixo envolvido por ocupados por um tecido de sustenta- Mie tino terminal
uma bainha constituída por um fos- ção especial: a neuróglia, formada por
folipídio, a mielina, que dá a côr branca células pequenas às quais se atribue
característica dos nervos. A mielina papel de nutrição do tecido nervoso.
aparece contraída de trecho em trecho As células de Schwann das fibras ner-
devido as células de Schwann, que vosas desempenham -note-se bem- Bainha de Schwonn
formam outra bainha citoplasmática ex- uma missão análoga . Substância bronca
Nervo
~u h t l d n clo ci nz e nta
Esquema de neurônio.
ctltfaJde BIOLOGIA
POR A. DEHARO VERA CATEDRA.TICO DA FACULDADE DE CltNCIAS DE SALA.MANCA.
TECIDO EPITELIAL E DE TIPO outros que não os do sangue e linfa
CONJUNTIVO extravasados, de tamanho pequeno e
núcleo grande.
Tecido epitelial.- Do ponto de vis- As fibras conjuntivas são de dois TECIDOS NERVOSO, EPITELIAL E CONJUNTIVO
ta morfológico, o tecido epitelial ca- tipos : colágenas e elásticas. As fibras Chapa
--
.
r acteriza-se por ser formado por célu-
··~ •• •• .
colágenas constituem faixas estreitas ' ~ "):C
las em contacto umas com as outras,
e, do ponto de vista fisiológico, o te-
cido epitelial tem como missão reco-
e flexíveis que percorrem a substân-
cia intercelular; são formadas pela es-
cleroproteína colágena, que, por cocção,
:~ .
,t/:r,1 Suhst8ncio de Niul
•
I
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'u ~~·
u é
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brir uma superfície, externa, como no dá gelatina. As fibras elásticas são ge-
caso da pele, interna, como ocorre na ralmente muito finas, e percorrem a 'r I i
NeurBnío o
cavidade intestinal, modificando-se as
vêzes no sentido glandular e adotando
substância intercelular, à qual confe- ( ../ . ~ ~
.I
I~•" .-G~·.
rem elasticidade. O tecido conjuntivo cílios
uma função secretora. Segundo a dis-
posição e forma das células podemos
desempenha, ademais, muito importan-
te papel na defesa do organismo frente .
~~
..,. ~
,r,..
d istinguir: 1) Epitélio de células pla- aos agentes patog~nicos estranhos. · '~·\ v
'·r:J~
nas, caracterizados por células pla- Tecido adiposo.- O tecido adiposo
nas. Podem dispor-se formando uma pode considerar-se como uma varie-
só camada ou ordenando-se várias dade do tecido conjuntivo. As células Neuróglio
camadas ou estratos, como na par- fixas são os adipoblastos; carecem de ;J.
te externa da pele, onde ongmam prolongamentos e armazenam gordura. OM'!~. b
um epitélio tegumentar. 2) Epitélio pa- No princípio os adipoblastos possuem . .CA .
vimentoso, constituído por uma só ca- no interior umas gotas de gordura, I Hd d norv oso : membra nas, ci- Epitél io d e cél ul as
mada de células prismáticas e situado 1 /) ltl rn o c o m sub stância d e planos.
que logo se juntam e formam uma gota N ~• 1 , o nouróg lio .
no intestino. 3) Epitélio vibrátil, com maior no centro da célula.
a peculiaridade de que as células pos- No tecido adiposo distinguem-se to-
suem cílios vibráteis. Encontra-se-o na dos os elementos celulares e interce-
traquéia, onde há também células mu- lulares do conjuntivo. Na diálise dos
cosas que mantêm úmida a superfície. ossos encontra-se uma variedade de te-
4) Epitélio glandular, cuja finalidade é cido adiposo que forma o tutano, ou
fabricar determinados produtos que medula amarela, e que nos extremos
chegam ao exterior (glândula aberta) ou epífises dos ossos ongma a
ou ao próprio sangue (glândula fechada medula vermelha. Embaixo da pele, o
ou de secreção interna: endócrina). tecido adiposo apresenta-se em camada
Tecido conjuntivo. - Os tecidos de contínua, chamada panículo adiposo, o
sustentação, que são: o conjuntivo, adi- qual é muito desenvolvido nas pessoas
poso, cartilanigoso e ósseo, caracteri- gordas e que no porco dà lugar ao tou·
zam-se por possuírem elementos celu- cinho. O panículo adiposo é, além de
lares separados por uma substância in- uma grande reserva de gordura, uma
tercelular. O tecido conjuntivo forma proteção muito eficaz contra o frio.
a trama dos órgãos, e nele se distin- Tecido cartilaginoso. - Suas células
se chamam condroblastos, e estão alo- I tH d o f lljuntlvo d o rato : o, fi br o bl as to; b, ma Tecido adiposo com gordura corada em negro
gue, além das células, uma substância ' i t't ll lj i OI (( t lulo e v a do; d, leu cóci to; e, colá- pelo ácido ósmico. Vári os adip loblastos em
intercelular com fibras entrecruzadas. jadas numas cavidades ou cápsulas car- li 11 111 I, fi l 1C1 t i6 Sii co s. desenvo lvimento.
Entre as células do tecido conjuntivo tilaginosas. A substância intercelular é
estão os fibroblastos, que são as cé- sólida e elástica, observando-se neles
lulas conjuntivas típicas. Sâo de gran- feixes colágenos e fibras elásticas .
de tamanho, às vêzes em forma de Tecido ósseo.- Suas células são os
estrêla, e a elas se atribue a forma- osteoblastos, e estão alojadas em la-
ção das fibras conjuntivas . Os macró- cunas ósseas. A substância intercelular
fagos sâo células com expansões pseu- têm feixes conjuntivos e uma matéria
dopódicas e citoplasma com granula- interfibrilar petrificada por carbonato e
ções: nas inflamações possuem movi- fosfato de cálcio. Tôda a massa óssea
mentos amebóides e grande atividade acha-se percorrida por uma rêde de
fagocitária . As células cevadas caracte- canais, chamados canais de Havers,
rizam-se por ter o citoplasma com por onde passam os vasos sanguíneos
grossos grâ nulos que se tingem meta- e nervos . As lacunas ósseas, situadas
cromà ticam ente, quer dizer , com uma em redor dos canais de Havers, relacio-
côr difere nte da do cor ante utilizado. nam-se com êles, como também entre
Há, a lém di sso, Ii11{ócitos, que não são si, por meio dos canais calcóforos.
t tll ll lnu nm ld cdlno do t e rneiro ven do-se a s Tecido ósseo humano: o, conducto de Hav ers;
1Hl ~- ~~~~ u í Utlllu ul noso s com um o u v ário s con- b, lacuna óssea ; c, conduto s calcóforos.
dt • tlllo t~ l o,
ENZIMAS (aves e mamíferos) têm um ótimo en-
PROPRIEDADES tre 36 graus e 41 graus centígrados.
Águo
lJ1J-.. ~ Ácido clorídrico
Ág ua
ll
O amido não
e'Udigerido/
lJ
plo, atuam nas transformações dos terminam a especificidade enzimática Gêlo a 37° C ct 37° C •
alimentos no tubo digestivo da mesma e sua estrutura química é que assinala
se o enzima atua como desidrogenase, A p t lolino (omilose do saliva) torno -se inati - O pH influye na ação da amilase.
maneira que os . catalizadores inorgâ- vo o O'' C, e à 37" C, dig ere o amido.
nicos. Os enzimas participam das rea- descarboxilase, etc. A especificidade do
ções químicas sem, contudo, aparece- substrato é indicada pelo apofenhen- Amido digerido
to. Começamos agora a conhecer a Am1lose O amido não Amido
rem nos produtos finais . A especifici-
I.L lf::;
é digerido
dade é um característico importante da natureza e modo de agir dos cofer-
ação enzimática, em virtude do que mentos: o do coenzima ou codehidra-
cada fermento age sôbre uma substân- se I, chamado difosfopiridinenucleóti-
cia (substrato) ou grupo de substân- de (DPN), intervém na glicólise. Um
~ Gêlo
cias afins; assim a invertase atua ape- mesmo cofermento pode unir-se a dife-
nas sôbre a sacarose. Por outro lado, rentes apofermentos (constituindo en-
alguns enzimas têm especificidade para tão diferentes enzimas) para dar ori-
determinados ligamentos químicos ca- gem à mesma ação em diversos subs- A ~ o lt os t ompero turo s destroem a amilase Com pH neutro, a amilase digere o amido
racterísticos de um conjunto de subs- tratos. Muitos cofermentos são inte- qvf, mo smo à 37° C, ja não atuo.
tâncias, como é o caso das proteases, grados por vitaminas
que hidrolizam as proteínas através do Classificação. - Distinguem-se dois
ligamento peptídico. Não são, todavia,
os enzimas os iniciadores das reações,
grandes grupos conforme o modo de •
mas tão somente ativadores das mes-
atuar: hidrolíticos e respiratórios. Os
/
'Q\
primeiros decompõem (hidrólise) os
mas, que, por isso mesmo, podem rea- princípios imediatos nas unidades ele-
lizar-se sem o seu concurso, natural- mentares de que são formados; as
mente de maneira bem mais lenta. A carbohidrases desdobram os polissa-
saponificação dá espontâneamente gor- carídeos em monossacarídeos (exem-
duras neutras em fraca proporção; sob plo: a· pepsina do estômago, que dá
a ação da lipase o processo é extra- peptonas). A tripsina do suco pan-
ordinàriamente acelerado. Encarada creático e a erepsina do suco intestinal,
como catálise, a ação enzimática é re- que dão, respectivamente, peptídeos e •
1 - tr~llvto m o l ec ular do DPN (difosfopiridinenucleótide), o denominado coênzima I, integrante
versível; por esta razão a maltase, que
desdobra a maltose em duas moléculas aminoácidos. <IU II CI1 Hi h1d109 no scs.
tt
Propriedades físico-químicas dos en- de catalizar os processos respiratórios
zimas. - São solúveis na água e se pre- celulares; entre eles encontram-se as
cipitam pelo álcool, como, de regra, deshidrogenases, que desprendem pares
acontece com as proteínas. Cada fer- de átomos de hidrogênio das substân-
mento tem um pH no qual há <<ótimo» cias orgânicas, bem como os fermen-
de atividade. A pepsina do estômago tos ativadores de oxigênio, que desdo-
atua em meio ácido e a tripsina do
suco pancreático em meio alcalino.
bram a molécula de oxigênio em
átomos que depois se podem com- -~ '. ···-:)
A temperatura também influi no pro- binar com a hidrogênio para formar
água. As descarboxilases separam os
T: -0--d
I \
cesso enzimático; as baixas tempera- v-Q- '-'
turas inativam, sem destruir, os en- grupos carboxílicos dos ácidos orgâni-
zimas. A proporção que à temperatura cos sob forma de CO,. Uma das deshi-
drogenases melhor conhecidas é o fer- -~- ~-o-
sobe aumenta a atividade catalítica, até
atingir um valor ótimo, a partir do qual mento amarelo de Warburg (enzima
flavínico), que retira dois átomos de
. . -o-----+
decresce, sendo que aos 65 graus cen-
tígrados destroem-se os fermentos. Os hidrogênio do substrato e os transfere
ao oxigênio.
v-0-
fermentos dos animais homotermos
M• • 1111 \mo d., um o hidl'ólise, mostrando a ação enzimática: o enzima encaixa perfeitamente no
1 111 1" 1111111 , o qut t xp li co s ua es pecificidade.
ciJlfaJáe BIOLOGIA
AS VITAMINAS drogenases; a carência dessa vitamina
PROPRIEDADES acarreta a pelagra, doença caracteri-
zada pela inflamação da pele e apa-
Um organismo alimentado apenas recimento de manchas cutâneas, acom-
com os principJOs imediatos necessá- panhadas de perturbações nervosas que
rios ao provimento energético mostra, podem levar à demência. VITAMINAS
em pouco tempo, sintomas de subnu-
trição. Dêsse modo são indispensáveis, Vitamina C (ácido ascórbico). - A
ainda que em pequenas quantidades, as carência da vitamina produz o escor-
substâncias denominadas vitaminas. Foi
o médico holandes Eijkman o desco-
bridor dessas substâncias. Tratava,
buto, temível doença dos antigos na-
vegadores. Os pacientes mostravam face
pálida e inchação das gengivas, com
1
-•••o-O=· . "' J \) u
~
-·- .-·-J ,) ~·
·:·
em 1897, dos doentes de beri-beri da hemorragias, produzindo-se finalmente
prisão de Java. Mostravam os doentes a morte por colapso cardíaco. Esta L I
sintomas nervosos que conduziam a vitamina é abundante nas frutas e ver- • <.'
Vitamina A : ontixeroftólmico Vitamina D2 :
paralisia ou à morte. Realizando expe- duras.
sim que o beri-beri não era enfermi- se considera como provitamina A. O fí- • )a/ 1 ' ' ' ' ' .:, ' '
- I • -
dade contagiosa, mas tão somente gado dos vertebrados desdobra os ca- Q=•-1
doença de carência de substâncias nor-
malmente contidas nos tegumentos da-
rotenos em vitamina A através da ca-
rotenase. A carência determina a xe- '
Vitamina E: tocoferol
. . -o-ca g
quela gramínea. Em 1912, Funk extraiu
de 50 kg. de cascas de arroz uns cen-
tigramas de uma mistura de substân-
roftalmia, doença caracterizada por ul-
cerações da córnea. A vitamina em foco
intervem na formação da púrpura re-
u-0-~
v-Q-
I
cias capazes de impedir o beri-beri . Q v
Dentre essas substâncias estavam as
tiniana.
-e-:.f.r .. -g Q- -Q -.:0 v -
1
(Continuação da lâmina D/2.) minados órgãos ou tecidos animais foi Cic lo do carbono, Ciclo da nitrogênio.
o ponto de partida para uma tentativa
volvem-se no núcleo das células, en-
de classificá-los. Como virus causado-
quanto que os virus poliédricos cito-
plasmáticos apenas se formam no cito- res de doençâs no homem citamos: o
plasma, e até hoje só foram encontra- do · sarampo, varíola, gripe e poliomie- ulfobo ctérias
I \
dos nas células intestinais.
A seletividade dos virus por deter- ou bacteriófagos.
I
lll
citos dividem-se em três classes con- atuantes na coagulação do sangue e
forme as respectivas granulações se são considerados por alguns como ft·ag-
tinjam com corantes neutros, ácidos mentos de células gigantes da medula
ou básicos: neutrófilos, acidófilos e ba- vermelha.
7
Plontos e
animais O fósfo<o ;nleg<e o dele sob o lo< mo /-
I
de fosfolos .
Apotita, fonte
Mt)rlf) n t t;s tos de de fosfnlos
oulnHIII e plcrntos
-··
preende-se que existam mecanismos que
nadas do organismo através dos pul-
mões (respiração, CO, ) e dos rins.
tmpeçam sua saída em caso de feri-
mento. Esses mecanismos são variados.
t:m alguns casos o ferimento é fechado •
• Plaquetas
Formação dos glóbulos sanguíneos.- Megocoriódtos
pelo acúmulo de células do líquido
-
Esta função está entregue, nos verte- circulante, formando-se uma massa ho- Formação e origem dos glóbulos sanguíneos.
.. .
brados, ao sangue, que, igualmente, de- mogênea que evita a hemorragia, como
fende o organismo de invasões micro-
bianas. Nos invertebrados cabe à hemo-
no caso dos Equinodermas; outras vê-
zes são os músculos próximos da lesâo Co ++
•b
0
I......
d
4 •
linfa papel semelhante. A vida dos gló-
bulos vermelhos é, em média, de 46
dias, enquanto que a dos leucócitos e
que se contraem, fechando-a (nos Mo-
luscos), embora o líquido se coagule
em contacto com a superfície trauma-
f r ::mboquinase
Co +++ : : • -
Cá lcio
•
Tror:bogênio •.• + - - -
Trombina - ,...
Fibrinogênío l
Fb
1 ·
nno
plaquetas é de 3 a 4 dias. Compreende- tizada (nos Vertebrados). As plaquetas
Cdoagulação do sangue: a, plaqueta com tromboquinase· trombogênio; c, fibrinogênio;
, rutura de uma plaqueta. '
se então que êstes elementos hão de transportam um sensibilizador, a trom- Sôro de coelho,
m
se formar continuamente, como tam- boquinase, que se liberta quando aque-
antipinto
bém continuamente são destruidos. De- las atingem os bordos do ferimento; a
nomina-se hematopoese à síntese dos tromboquinase combina-se com o trom-
glóbulos sanguíneos, que, como se de- bogênio do plasma sanguíneo, bem
preende, abrange a eritropoiese (for- como com o cálcio, dando origem a
J · ~::~~· o·
mação de glóbulos vermelhos ou he- trombina que, por sua vez, transfor-
mácias) e a leucopoiese (formação ma o fibrinogênio em fibrina. Esta é ;:~
de glóbulos brancos ou leucócitos). insolúvel e se precipita, fechando a fe-
A hematopoiese realiza-se na medula ·.··
rida.
óssea. Anàlogamente, hematólise é a I 2 3
destruição dos glóbulos mortos, e se Antlcorpos sanguíneos. - Quando o 1, o sôro de pin-
organismo é invadido por agentes es- to precipita;
realiza principalmente no fígado e
baço. tranhos, quer patogênicos ou não, vale- 2, o de cão, com
menor intensi-
'--L--•• ~ AS
se da defesa química, encarregada de l1n o, strao-se o sõro de pinto dade e o de Modo de determinar
Os linfócitos, ao contrário dos de- precipitar ou destruir as substâncias • l11l lo -so no coelho b· êste pombo, 3, sem Formação
o grupo sanguíneo
de onti-R:h no
mais glóbulos brancos, formam-se no danosas, além da defesa celular a car- •'lnhoro anticorpos. ' reação
organismo humano.
baço e gânglios linfáticos . O baço é go dos leucócitos. A defesa química é Kh -
um órgão de côr vermelho-escura si- efetuada pelos anticorpos, que perten-
tuado no abdômen, na altura do rim cem ao grupo das globulinas do plasma
esquerdo. sanguíneo e que se opõem às substân-
Na medula óssea há celulas primá- cias danosas citadas, ou antígenos. Em
rias ou hemucitoblastus que dão ori- presença dêstes. os anticorpos provo-
gem aos granulócitos, eritrócitos e me- cam aglutinação, e inclusive lise (disso-
gacariócitos. No fígado destroem -se os lução) dos mesmos. Quando se injeta
glóbulos vermelhos com liberação de sôro de pinto em coelho provoca-se a
colesterina, integrante das membranas formação de anticorpos anti-pinto .
daqueles glóbulos. Essa substância é Quando se introduz o sôro do coelho
eliminada pela hile. A hemoglobina no de pinto, êste precipita. O sôro de
transforma-se no pigmento /?i/irubina, peru apenas turva ligeiramente, ao
que igualmente é eliminada pela bile, passo quP o de pombo permanece
ao passo que o ferro fica armazenado transparente. Há, pois, grande especifi-
no fígado . cidade dos anticorpos.
c •u twumto om que os dois Se a mulher é Rh negati-
":_0 e o marido posit ivo, os Na segunda gestação
• "Kh '" untlvo s. Nenhum pode haver abôrto.
I''""''""' para os filhos. folhas Rh positivos té m
pouca chance de sobrevi-
vência (exceto o primeiro}.
clltfaJ de BIOLOGIA
Grupos sanguíneos.- Os anticorpos importância nos casamentos em que a POR A. DE HARO VERA CATEDRATICO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SALA.MANCA
armazenados no plasma sanguíneo são, mulher é Rh negativa e o marido Rh . • . ,., . . ': v . :~ . -\.~- -~~ ~. '.
em geral, produt.:> da ação de um an- positivo. O fator Rh + é o dominante
tígeno sôbre o organismo. Há, sem dú- e, consequentemente, os filhos daquel~ CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA E LINFÁTICA
vida, os anticorpos naturais, normal- matrimônio serão positivos. Durante Vaso dorsal
mente elaborados, como se viu em a primeira gestação, alguns eritrócitos Cavidade
pulmonar
alguns casos de transfusão sanouínea do filho, portadores do antígeno Rh,
nos quais poderiam ocorrer c conse: passam ao sangue materno, provocando Coração
quências nefastas. A incompatibilidade com
a formação, nêste, de anticorpos Rh sangue
sanguínea deve-se ao fato de que o (anti Rh). Mesmo assim, o filho so- oxigenado
receptor (o plasma) possue um anti- brevive. Na segunda gestação os anti-
corpo, ou aglutinina, que reage com corpos maternos atravessam a placenta
um antígeno, ou aglutinógeno das he- e entram na circulação do feto, des-
mácias do doador. Nos eritró,citos hu- truindo-lhe as hemácias, com conse-
manos dois são os aglutinógenos en- quências geralmente mortais e abôrto
contrados: A e B; no plasma pode (eritroblastose). ~oso dorsal
haver duas aglutininas: a (ou anti A) t"t-'RH<t.---
e b (ou anti B). Uma pessoa que te- Circulação
nha nas hemácias o aglutinôgeno A Nos animais inferiores (como na
não pode ter no plasma a aglutinina a. minhoca) o aparêlho circulatório cons-
Esta condição possibilita a existência ta de um vaso dorsal contrátil, no O sa.ngue oxigen~do tem cõr azul devido
de quatro grupos sanguíneos humanos, qual a circulação se efetua de trás para ao p•gmento respiratório hemocionino.
frente. Neste vaso há dilatações que
a saber: grupo O (zero), sem aglutinó-
genos, mas com as duas aglutininas no servem de coração. Há também um ..... . - --'-~ ~~1hu~ ~:ck
plasma; grupo A, com aglutinógeno A vaso ventral no qual o líquido circula
nas hemácias e aglutinina b no plas- da frente para trás. O coração vai se Nos vormes poli-
Nódulo de Taworo
ma; grupo B, com aglutinógeno B nas diferenciando na escala zoológica, apa- '1 v tos h6 dois va-
recendo nos Moluscos como órgão bem OJ 1 o n g u rn e os
hemácias e aglutinina a no plasma; prln lpais.
Fascículo de His
grupo AB, com os dois aglutinóge- definido, de paredes musculosas, ao
nos A e B nas hemácias e sem aglu- mesmo tempo que se observa um sis-
tininas no plasma. No quadro anexo tema de vasos com uma aorta que sai
pode-se observar que as pessoas do do ventrículo. Nos vertebrados desen-
grupo O (zero) são doadoras univer- volve-se o sistema linfático ~o Iai:lo
sais, pois seus glóbulos vermelhos não do vascular sanguíneo. Aquêle recolhe
se aglutinam em nenhuma hipótese; ao o plasma intersticial, que, enriquecido
contrário, não podem receber sangue pelos elementos celulares fagocitários,
de outro grupo por possuírem as duas banha os tecidos. O sistema linfático
aglutininas a e b no plasma. As pes- desemboca em veias.
soas do grupo AB são receptoras uni- O coração humano, já bastante di-
versais, embora só possam doar sangue ferenciado (o dos Vertebrados em ge-
as pessoas de seu grupo. ral), também é dotado de automatis-
O antígeno Rh ou rhesus é assim mo graças ao tecido nodal, represen-
denominado em virtude de ter sido o tado pelos nódulos de Keith e Flack
correspondente anticorpo descoberto na aurícula direita e pelo de Tawara
· em coelhos e cobaias nos quais se in- no tabique interauricular, pelos quais
jetou eritrócitos do macaco Rhesus. contrae-se espontâneamente.
As hemácias das pessoas Rh + agluti- Distribuição dos alimentos. - A cir-
nam-se em presença da aglutinina anti- culação sanguínea encarrega-se de dis-
Rh do sôro sanguíneo do macaco tribuir os alimentos absorvidos no in·
Rhesus. Quando se m)etam antíge- testino. Na própria mucosa intestinal
nos Rh num indivíduo Rh negativo, são sintetizadas as gorduras às expen- Mesentérica
isto é, em pessoa carente destas pro- sas da glicerina e ácidos graxos, que superior
ções aproveitadas pela planta (função mas ramificações estão em contacto 7"'""" -~·•~ co,_
clorofiliana.) f.ste tipo de respiração de- com as células, onde se dá o intercâm- ~~~
nomina-se aeróbia. Há determinados or- bio gasoso. As traquéias abrem-se no
ganismos que liberam a energia contida exterior por orifícios, ou estigmas. Sâo
nos alimentos por outras vias dife- próprias de animais de respiração
rentes, como, por exemplo, no caso aérea, como os insetos e aracnídeos.
das leveduras e vermes intestinais (tê- A ventilação é feita por cont~ações rít-
nia). f.stes organismos prescindem do micas dos músculos do corpo.
oxigênio para viver, decompondo os ali-
Os pulmões são dilatações vesicu- respiram por
mentos por processo de fermentação,
isto é, processo respiratório sem oxi- losas da parede da faringe, mais ou
gênio: é a respiração anaeróbia. menos ramificadas. Os gastrópodos ter-
restres, como o caramujo, têm a cavi-
dade paJeai tão vascularizada que pode
funcionar como pulmão. Os pulmões
Respiração nos animais. - Nos ani- permitiram aos vertebrados a conquis-
mais inferi01·es não há órgãos especiais ta do meio aéreo.
destinados a absorção do oxigênio: tô-
das as células corpóreas retiram-no
indistintamente da água em que está Aparelho respiratório humano. -
dissolvido, na qual também lançam Inicia-se com a laringe, órgão fona-
o CO, resultante. A falta de aparelho dor; continua-se com a traquéia, que
respiratório implica na ausência de sis- desce ao lado do esôfago. A traquéia
tema circulatório. Nos Anelídeos, a pele bifurca-se em brônquios, cada um dos
está adaptada ao intercâmbio de gases: quais penetra em um pulmão, onde se
é ricamente vascularizada, propiciando estende em várias direções, formando
uma intensa respiração cutânea. Esta a árvore brônquica. Os últimos brôn-
modalidade respiratória é muito impor- Slott mo t r a que a I
quios ramificam-se em bronquíolos, em d u(lfonhala.
tante no reino anima l; as rãs têm-na cujas extremidades aparecem dilata-
tão desenvolvida que até pOdem viver ções, ou vesículas pulmonares. As pa-
sem pulmões por tempo relativamente redes destas, em forma de racimos,
longo .
constituem os alvéolos pulmonares.
Representação de 2 vesículas com
A traquéia leva o 0 2 diretamente Caracol cam cavidade respectivos alvéolos em cuja su-
<oaJ tocldas. pulmonar aberta (a)- perfície o s-anQue se oxigena.
cl1liaJ de BIOLOGIA
Metabolismo ção de mais duas moléculas de ATP e POR A. DE HARO VERA CATEDRÃTICO DA. FÃCULDADE DE.CIÊNCIÃS DE SÃLA.MANCA
passagem do DPN a DPNH,; a se-
A digestão desintegra as partículas gunda compreende dois caminhos: se
alimentares, e a circulação desobriga-se há oxigênio no meio (fase aeróbia), o
de levá-las até as células, fazendo com METABOLISMO
ácido pirúvico é totalmente oxidado, 11 oso 16 CJ
que penetrem no citoplasma, ficando a formando-se CO, e H,O e produzindo
respiração encarregada de proporcio- 36 ATP; se não há oxigênio (fase .anaé- \
A I <:I • Ido f o• fog l icérico 13 C)
nar o oxigênio necessário à liberação róbia) o hidrogênio do DPNH, passa
de energia contida nos elementos nu- ao ácido pirúvico, que assim se trans- I)PN -~
tritivos. A célula utiliza êstes alimen-
Á~o
forma em ácido lático (CH,-CHOH-
tos na manutenção ou aumento de sua COOH) no caso da célula animal. Na OPN fi ) pirúvi co 13 C)
própria substância, assim como para 2 "'?w M
célula vegetal o ácido pirúvico passa
realizar as suas atividades; do mesmo a aldeído acético (CH,CHO) e a álcool C 0 2 . . . ) - - - Acetil coênzima (2 C) õCl ";
,_,_o
o :r :r";
n :r o o o ã2
8
modo, por degradação, libera deles
a energia. O conjunto dessas transfor-
etílico (CH,CH,OH), como se verifica ~ ~~ u u u u u u 'ô Q.
Á Ido o•alo cético
na estampa G2. CSw
mações da matéria constitue o meta- ~ DPN H Ácido c i t \ 16 CJ u..o:r
N O :Z: J:
:r
N ::i O
:r C> ... :r
bolismo, caracterizado sempre pelos en- Oxidação completa da glicose.- Na 2 õ o:r o
zimas. Os fenômenos de destruição ou
degradação compõem o catabolismo, e
fase aeróbia o hidrogênio do DPNH,
transfere-se ao oxigênio e o ácido pi-
f--. OP N
~u
o
u
:r
os de construção-síntese compõem o rúvico combina-se com o coenzima A, Á·hf ..,611co (4 C) Q.
o
U..
oo
N
anabolismo. Entre os dois estabelece-se dando acetilcoenzima A, com interven- < 'ii:i
um equilíbrio que justifica a frase de
Claude Bernard: «A vida é a morte>>.
ção do DPN, que passa a DPNH,. O
acetilcoenzima A penetra então no ci-
ti d o fum 6rl o (4 C)
M
Q.
....
...<o
Metabolismo dos glucídios. -A gli-
cose que entra no organismo é arma-
zenada no fígado sob forma de glico-
clo alimentado pelo ácido cítrico -ciclo
de Kreb s, onde é completamente oxi-
dado-. Na oxidação da glicose origi-
namse 12DPNH, , e a oxidação de cada
'Ç",:: "9:1l :r o
oo o
<
o
:r :r"; ~
N
Q.
gênio. Conforme as necesidades, o fí- DNPH, produz 57 cal. (DPNH, +' / ,0,->
gado cede-a ao sangue. A glicose é o !:(5 :r" D :r O 0 O-~
alimento hidrocarbonado por excelên-
... DPN+H,0+57 cal.). Cada DPNH, oxi- ~~ u u u u u u ~
dada origina 3 ATP, com perda de Ow 0 <'<(!)
cia, e sua degradação, ou catabolismo, 27 calorias sob forma de calor. "-o :r :r :r :r Oa.
em presençã do oxigênio, obedece à
seguinte reação: C,H,0, +60, -> 6C0, +
Cic lo d e Kre bs ou do ácido cítrico. o~o.. :r oÔ
Metabolismo de lipídios e protídios. !!::Z: o li
+6H,0+674 Cal. Esta é a representa- As gorduras são catabolizadas e in- ou u u
ção global do processo que se realiza corporadas ao ciclo de Krebs . No seu <"!:r
por etapas. É a reação inversa à fo- anabolismo intervem o coenzima A N
~~
é absorvido pelos capilares sanguíneos da função glicogênica) converte-se em
das vilosidades intestinais . Daí passa glicogênio. o
0 N U
o
l2 :r -"-
11
1
- 0 11 1- CoA - S - C - R2 .I! ü O·~ O a. Õ
:r :r :r o... ·< " 9~
u ..J :z:"'0 OI
O:rOO:r ·<C>u uu
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uuuuu
11
2
Ç- 0 H + Co A - S - C- R3 :rox:r:r
:r ....
lt t od um lipíd io a partir da glicerina. Fermentação da glicose.
clltlaJd-e BIOLOGIA se'ri e
~.,.1-
sentido mais adequado a sua vida. Con-
forme o agente estimulante, distingui- Deslocamentos de organismos unice-
mos: fototropismo, provocado pela luz; lulares.- Quando os estímulos deter- •• (o(, moooro ""'"' o
geotropismo, pela gravidade; hidrotro- minam que o organismo se aproxime bra-se e segue a vertical. Se a macete
pismo, pela água, e quimiotropismo, ou se afaste do centro estimulante, te- <ou lu crosce verticalmente gira sô?re um eixo horizontal (b), o Movimentos fotonásti·
Hn1 ; ntldo oposto ao da gravi- cau_le nao s~ dobra; se o giro é sôbre
pelas substâncias químicas. mos as taxias ou tactismos. As quimio- cludt . o e1xo vertical, o caule curva-se na di-
cos das flores.
Os caules têm fototropismo positivo. taxias têm grande importância na na- reção do eixo (c).
Quando iluminamos lateralmente o co- tureza, posto que tornam possível o I' '
leóptilo de aveia, observamos que êle encontro de gametos, uma vez que a
dirige a extremidade para a luz. Se concentração de substâncias químicas
nele traçarmos pequenos sinais com secretadas pelo óvulo atrai os esperma-
tinta nanquim comprovaremos que o tozóides. A excitabilidade nos Metazoá-
movimento resulta de crescimento: o rios alcança grande desenvolvimento
lado exposto à luz cresce mais lenta- com a diferenciação de células espe-
mente que o voltado para a sombra, cializadas em captar diferentes estímu-
provocando uma curvatura no sentido los, formando, em conexão com o sis-
e direção da fonte luminosa. Esta rea- tema nervoso, os órgãos sensoriais, re-
ção fototrópica de crescimento produz- ceptores do estímulo. Estas células pro-
se por alteração do hormônio de cres- piciam as relações com o mundo exte-
Galvanotactismo negativo
cimento, ou auxina. Evidencia-se êste rior, cuja base é o movimento reflexo, do Paromoecium.
fenômeno iluminando lateralmente um ato involuntário produzido pela trans-
coleóptilo de aveia e cortando-lhe o formação de uma excitação em reação, ~ ..(_.J4. Médula espinhal
ápice. Coloca-se o coleóptilo sôbre um com a intervenção de vários neurônios
bloco de agar, com uma lâmina de (dois pelo menos). Quando inconscien-
mica que o divide em dois, assim como temente tocamos um objeto que quei-
o ápice do coleóptilo, separando dêste ma, produz-se imediatamente a con-
modo a parte iluminada da que havia tração dos músculos do braço, que
ficado na obscuridade. Retirando a me- retiram a mão do objeto: é um mo-
tade do bloco de agar em contacto vimento reflexo. O reflexo representa
com a parte não iluminada, e pondo o grau mais simples de coordenação
Neurônio
à esquerda do ápice de um coleóptilo nervosa, segundo Sherrington, e é a c l nlloo io o 6r motor
decapitado, porém não exposto à luz, base da atividade dos Metazoários.
!Jrl" qun r ti
• n • 11111ulo
Células sensoriais: Arco reflexo
lumlrHJ4n . Re tin o
a, primá r i as; b,
neurosensoriais.
cilliaJde BIOLOGIA Serre " [
1
Nu~lJ
mas (chamados olhos) que, por desen- I'OI A. DE HARO VERA CATEDRATICO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SALAMANCA
REPRODUÇÃO ASSEXUADA
volvimento, dão nascimento a uma L __ _ _ __ _ FUNÇÕES DE REPRODUÇÃO
Chega um momento em que as fun- nova planta.
ções vitais dos indivíduos decrescem REPRODUÇÃO ASSEXUADA
e êles caminham para a morte. As Multiplicação dos Metazoários. -
funções de reprodução permitem que Esta modalidade apenas se verifica nos
uma parte do indivíduo escape à des- organismos cujas células são pouco di-
truição, assegurando assim a sobre- ferenciadas, ou então, nos que pos-
vivênci& da espécie. Tôdas as células suem células embrionárias totipoten-
dos organismos inferiores são capazes tes. Condições semelhantes encontra-
de se reproduzir. A' medida, porém, que mos nas esponjas, celentéreos, vermes
as células se diferenciam, com a divi- e equinodermas, assim como nas for-
são do trabalho, aparecem os órgãos mas embrionárias de todos os animais,
reprodutores, aos quais fica adstrita a inclusive dos mamíferos. A multipli-
formação das células germinativas , as cação vegetativa pode ser por gema-
quais separam-se do organismo forma- ção, ou gemiparidade, e por escição, ou
dor e originam novos indivíduos. f.stes eis si paridade.
gérmens são unicelulares, e podem ser Germinação
de esderócio
gametas ou esporos. Em determinadas 1111'"'' '\ o d o Divisão da alga Spirogyra.
Gemiparidade.- Nos Celentéreos há 1!1 11 pfH 'I IIln d ~
condições é possível aos órgãos vege-
muitas espécies que produzem gomos dint o nHtn n .
tativos adquirir capacidade reprodutiva enteio ataco-
ou gemas que se desprendem e vivem da pelo "espo·
através da constituição de germens plu-
ativamente (exemplo: hidra da água rão" .
ricelulares formados, portanto, por um
doce). O poliqueta Syllis ramosa for-
conjunto que se desprende e inicia
ma gomos laterais que se convertem
um nôvo sêr. Em vista do exposto até
em outros poliquetos, dando a impres-
aqui temos que a reprodução pode ser:
são de uma rede de finos filamentos. Corte de um soro.
assexuada ou sexuada. Na assexuada
o nôvo sêr vivo procede ou de con- Também se constituem, às vêzes,
juntos de células vegetativas que têm gemas que permanecem aderentes ao
vida independente (reprodução vegeta- organismo formador. Organizam-se as-
tiva) ou de esporos (esporulação) . sim as colônias de Celentéreos e Brio-
zoários.
Multiplicação vegetativa das plantas. l nl h11 d tl ''t o r rn fsporôngios
Todos os vegetais possuem reprodução Cissiparidade.- O animal divide-se 11 1 11 1111 lnc t, do r solta ndo es-
vegetativa, sendo que nos inferiores em duas partes, cada uma das quais, ••1 poros.
esta facultade é mais acentuada. Os por regeneração, recupera o tamanho
musgos produzem, por exemplo, pro- inicial do animal. A divisão dos em-
págulos, constituídos por várias células briões, ou poliembriomia, descoberta
vegetativas que se desprendem e for- por P. Marchai, em 1898, num himenóp-
mam um nôvo musgo. Os líquens que tero cujos ôvos se desenvolvem nas
recobrem as rochas e árvores consti- larvas de determinadas mariposas, é
tuem sorédios, conjuntos enovelados um fato de grande interêsse biológico.
de hifas do cogumelo com gonídios de Um único embrião se transforma em
certas algas unicelulares ; alguns cogu- muitos outros por estrangulamentos su- Of minoçõo
melos, como o <<esporão do centeiO>> cessivos, dando cada um dêles um in- d o 9 ê muI a Galho !estaca)
originam esclerócios, que nada mais divíduo. Todo conjunto desenvolve-se dt o~ p o nja .
são que massas condensadas de hifas dentro do mesmo ôvo. A mesma coisa
com vida latente e a espera do término acontece no tatú (Tatusia) e na espé-
do inverno adverso à sua germinação. cie humana; os gêmeos idênticos tem
As fanerógamas têm na gema ou esta origem.
gomo o elemento destinado a repro-
dução vegetativa. Ela é constituída por Esporulação. - Só ocorre nos ve-
tecido meristemático, embrionário, to- getais e nos Protozoários. O esporo é
tipotente, não diferenciado, e protegido uma célula resistente às condições am-
por brácteas . A batata inglêsa e a chufa bientais desfavoráveis, sendo formado
formam dilatações feculentes ( tubércu- nos esporângios (nos vegetais). Quan-
los) nas extremidades de caules sub- do móvel por flagelos, denomina-se
terrâneos. Nos tubérculos estão as ge- zoósporo.
~. \111 ''" do do
pu lqu u lu ~yllrs
Cissiparidade dos
llflll ll \fl
Poliembrionio do equinodermas.
totú .
o1tl!aJ de BIOLOGIA Séri e
~')).
.
C~·
~ Espermotogônios
"~ e)
culino e feminino, são morfologica- minhoca e a sanguessuga, produzem os
t ' ..9
Ovogônias
mente iguais, a reprodução é por dois tipos de garnetos, e são herma-
isogamia (isogametos são as células que froditas, como de resto também algu-
se fusionarn). ~ste tipo de reprodu- mas fanerógarnas. r,.,,,, \ \ \ \,
ção ocorre em alguns protozoários e
em determinadas algas <:: cogumelos. Gametogênese.- Nas gônadas há o
Quando os garnetos são diferentes, a
reprodução é por anisogamia. A um
epitélio germinativo, onde estão as gô-
nias, morfologicamente iguais nos dois
, .
.. Espermatócito I Ovócito· l
~
dêles, o maior, denomina-se macro- sexos (espermatogônias nos machos e
gameta, ou garneto feminino, e ao de
grande rnotilidade, e menor, denomina-
se rnicrogarneto ou gameta masculino.
ôvôgonias nas fêmeas). Estas células
dão origem aos garnetos pelo processo
chamado gametogênese (espermatogêne-
f f Espermatócito li ...
A anisogarnia extrema, caso em que o
garneto masculino é muito desenvolvido
e sedentário por ausência de organelas
locomotoras, denomina-se oogamia, e
se e ovogênese). Aínbos são processos
homólogos e envolvem uma fase de
multiplicação, outra de crescimento e
uma terceira de maturação.
M lm
I \
(., (j c "\,
I \
Espermátides
Ovócito 11
,,1\,,
ocorre nas plantas superiores e rneta- Na fase de multiplicação, que se ini-
.b,.. b ~, ~
Polócitos
zoários. cia no período embrionário, e, às vêzes, Óvulo
Morfologia dos garnetos. - Os rnicro- termina com êle, as gônias dividem-se Espermatozóides ó v u ro circundado
por células folicula-
garnetos são denominados espermato- ininterruptamente por meio de mitoses res e por 6 esper-
zó.ides, ao passo que os rnacrogarnetos, normais. I''""'"'I
!11111ldH . p ormotogênese. Ovogêne se .
matozóides.
ó1•ulos. ~stes últimos são de maior ta- Na fase de crescimento as gônias
manho devido a grande quantidade de aumentam de volume e transformam-se
substâncias de reserva que armaze- em citas primários ou de primeira or-
nam. Em alguns casos alcançam volu- · dem (espermatócitos e ovócitos). Já
me extraordinário; assim os óvulos das aqui observam-se difererwas entre os
aves são as gemas dos ovos. Os rni- espermatócitos e ovócitos: os primeiros
crogarnetos são típicarnente flagelados, são menores e os segundos têm mais Óvulo
vendo-se os mais primitivos nas algas citoplasma e maior quantidade de vi-
e musgos; com freguência têm mancha teto nutritivo.
ocular e cloroplastos, sendo, pois, ver- O período de maturação caracteriza-
dadeiras células livres com capacidade se pela redução à metade do número de
fotossintética, corno na alga parda cromossornas. Os citos de primeira or-
Fucus. Os espermatozóides das Pteri- dem são células com número par de cro- ' "'11" "' '' no olgo Ulo thri x. Anisogamia na Oogamio e m Fucus .
dófitas têm muitos flagelos dispostos rnossomas (diplóides) dando cada um, alga Cytlerio.
em espiral, enquanto que os das algas em duas divisões meióticas sucessivas,
vermelhas e Fanerógamas são carentes quatro células haploides com a metade
o1ttaJde BIOLOGIA série
Óvulo
' •) Espermatozóide
.,
~~Óvo pe rdurável
durante a gametogênese, imediatamente fecundado -
razão por que, no final de cada avó-
cito primário, diploide, obtem-se quatro
células haploides, das· quais três dege-
neram. As quatro espermátides, haploi-
antes da fecundação, como acontece,
salvo poucas exceções, em todos os
Metazoários, assim como em certas al-
gas, entre as quais o Fucus. Nos sêres
~',',,, ~
' -
\
f\0 "'v ~O
des transformam-se em espermato- haplodiplontes a meiose está separada b"'e\~
zóides pelo processo da espermiogê- da fecundação e da gametogênese. O zi- \O"' o'< Fêmea
nese. "-...;,.~ Óvulo nõo fecundado porteno-
gôto, como no feto, origina uma ge- ''oe..\ gênética.
ração diploide (esporófito) que, em lu-
Meiose.- O zigôto tem o dôbro de gar de gametócitos, produz esporócitos,
l'(n I nogênese. i>"'' \
cromossomas dos gametas uma vez que
rY \
ou seja células mães dos esporos. Cada \
resulta da fusão dos mesmos. Cada esporo dá, por germina-ção, uma gera- \
éspécie animal ou vegetal possue um ção haploide (protalo) sôbre a qual se \
número fixo e determinado de cromos- Óvulo dipfoide
, ~ ........
formam diretamente os gametas (ga- (ôvo eativol)
somas, motivo pelo qual forçosamente m~tófito ). A maioria dos vegetais é
a meiose é o mecanismo inverso ao da haplodiplonte.
fecundação, que mantém aquela cons-
tância cromossômica. A meiose consta Fecundação. - A fusão dos gametas
de duas fases: a primeira, reducional, pode realizar-se no interior do orga- Ciclo biolôgico do rotífero dulciaquícola
Feto (2 n) Pteroilina.
nismo feminino, como nos Mamíferos
•ÁÀ
e a segunda, equacionai. Na prófase os (i;(1 m a toa
cromossomas homólogos dispõem-se (fecundação interna), ou na água, na
aos pares (um de origem materna e
outro de origem paterna) ao mesmo
qual as células sexuais, muito nume-
rosas, são deixadas em liberdade como Protolo In)
•• • Esporos ·
clfttaJde BIOL·OGIA
Embrião dos vegetais. -Nas angios- é muito desenvolvido, pois contém a
permas, o ovário é parte componente gema que alimenta o embrião até a
da flor. No interior do ovário há um eclosão. Nos mamíferos êste saco é va-
número variável de grânulos ou prz- zio é fechado, já que o organismo ma-
terno se encarrega da alimentação; a Mlrrópll o DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E PÓS - EMBRIONÁRIO
mórdios seminais (com o saco embrio-
nário). Quando o tubo polínico pe-
netra no óvulo, através da micrópila, os
outra forma uma bolsa, a alantóide,
que nos répteis e aves funciona como ~:~~~;H•u'ttoa Siné rg id o s ~ ::~:~:ermo
dois núcleos espermáticos ou esper- bexiga urinária do embrião e também
matozóides têm destinos diferentes: como membrana respiratória. Nos ma-
um fecunda a oosfera e o outro fe- míferos põe-se em contacto com a Embrião Co ti lédone
cunda o núcleo do saco embrionário. placenta e possui vazos sanguíneos que
O óvulo fecundado dá origem ao permitem o intercâmbio de substâncias Ponto vegetativo
com as paredes do útero materno. Rodfculo
embrião, enquanto que da segunda fe-
cundação surge o endosperma, ou te- Além destas, desenvolve-se também o O endosperma
cido nutritivo. O óvulo transforma-se coríon, que envolve todas as demais e nvolve o
então em semente. O embrião, a prin- estruturas. Em contacto com a parede Emeb'!l~~i~oÕ I
cípio, é um corpo arredondado e pluri- do útero aparece a placenta, formada
Endospermo {3 n) Cotilédone
celular; mais tarde diferencia-se em tanto por tecido embrionário como
radícula, cotilédones e gêmula, ficando por tecido materno. O sangue materno
em estado de vida latente. circula abudantemente pela parte ma-
terna da placenta, enquanto que uma Embrião Se me nte se m
Metamorfose.- Conforme a conti- artéria conduz o sangue dó embrião e ndospe rma
nuidade da alimentação, distinguem-se seguindo a alantóide e capilariza-se na
nas larvas dois tipos de metamorfose: parte embrionária da placenta, de tal Du p la fec undação no Tipos de sementes conforme o desen-
simples, quando a larva passa a adul- sa~o embrio nário. volvimento do endosperma.
modo que as duas circulações, a ma-
to sem interromper a alimentação e terna e a fetal (chama-se o embrião de
sem passar por um período de inati- feto) aproximam-se, sem que se mis-
vidade (como nas râs e gafanhotos), e turem, trocando substâncias, tôda vez
complexa, em que há uma fase inter- que o sangue materno cede oxigênio e
mediária entre a larva e o imago. alimentos, carreando gás carbônico e
Ovo e anexos nos vertebrados. - os produtos de excreção. Uma veif! se
O ôvo de certos vertebrados se desen- encarrega de conduzir o sangue ao em-
volve sem formações embrionárias ane- brião. A artéria, a veia, o saco vitelino
xas, como nos peixes e anfíbios, razão e a alantóide, envolvidos por tecido
pela qual são designados anamniotas. conjuntivo, formam o cordão umbilical;
Ao contrário, nos répteis, aves e mamí- êste representa a ponte de união en-
feros o ôvo é protegido por membranas tre a placenta e o embrião. Após o nas-
especiais, em face do que êstes ani- cimento, a cicatriz deixada pelo cordão Me tamorfose completa dos lepidópteros.
mais são ditos amniotas. umbilical constitue o umbigo.
Logo que o óvulo entra em contacto A placenta especializa-se como ór-
com a parede uterina, penetra na mu- gão endócrino. No homem, durante as
cosa que a reveste, formando mem- doze primeiras semanas, ela fabrica
branas protetoras que o implantam na quantidades pequenas, mas érescentes,
referida parede. O ectoderma do em- de estrógeno, progesterona e outros
brião produz na face ventral uma mem- hormônios, secreção que maqtêm du-
brana que o envolve completamente rante este tempo a atividade do ovário.
-o âmnios-, deixando uma cavidade Depois disto é a própria placenta que,
amniótica entre ela e o embrião, ca- após desenvolver-se, controla, pela pro-
vidade cheia de um líquido que serve dução de progesterona, a progressão da
para amortecer os traumatismos. Tam- gravidez. Daí o perigo de abôrto nos
bém, na futura região abdominal ori- três primeiros meses quando, por qual-
ginam-se duas membranas devidas prin- quer razão, o ovário não produza pro-
cipalmente ao endoderma: uma forma gesterona e a placenta retarda-se um
o saco vitelino, que nos répteis e aves pouco em atingir a maturidade.
y
cruzamento. Quando, no caso de plan- p
isso entra-se na noção de espécie. Há tas fanerógamas, queremos cruzar p lan-
caracteres específicos que se transmi- tas de flôres vermelhas com plantas
tem hereditariamente de pais a filhos,
de flores azuis, cortamos os estâmês
tendo-se certeza de que um par de de umas, por exemplo vermelas, e co-
ratos dará sempre ratos e que a des- brimos o pistilo com gaze a fim de
cendência de um par de môscas será evitar a fecundação por pólen estranho.
formada por môscas. Cabe aqui per-
Coleta-se pólen maduro da flor azul
guntar: que base material há nos por meio de um pincel e, levantando a
organismos que explica a herença bio-
gaze, poliniza-se a flor vermelha, atri-
lógica? tando o estigma ( polinizaçüo artificial).
Os caracteres transmitidos por um Quando o cruzamento é entre animais
indivíduo podem ser específicos, isto
(pássaros, insetos, etc.) isolam-se as
é, peculiares da espécie a que perten- fêmeas de raça pura e, uma vez que
ce; podem ser também raciais, ou seja atinjam a maturidade sexual, une-se-as
pertencentes a um grupo determinado
com o macho, também de raça pura.
dentro da mesma espécie, e, finalmen-
Quando nâo há ato sexual. como nas
te, podem ser individuais, ou seja, pró-
abelhas, efetua-se uma inseminação
prios de um determinado indivíduo.
artificial, introduzindo-se os esperma-
No século XIX, Gregorio Mendel rea-
tozóides nas vias genitais da fêmea com
lizou cruzamentos entre indivíduos per-
tencentes à mesma espécie, fixando-se micropipeta.
Diversos pesquizadores, trabalhando
na transmissão hereditária de uns pou- com a hibridação e fixando-se em uns
Segundo geração, f 2 O aparecimento de moscas com asas vesti -
cos caracteres ractats, simplificação is, transmissíveis aos descedentes cons·
poucos caracteres, lançaram-se ao es- mutação. · '
esta que lhe permitiu ver com cla- A 1• H•Ç o 6 pura para cor do pelagem.
tudo dos problemas de herança bioló-
reza os fenômenos hereditários.
gica, construindo dest'arte a Genética,
Raça pura e raça híbrida. - Quando importantíssimo ramo da Biologia. A
cruzamos entre si cobaias de pelagem partir do norte-americano Th. H. Mor-
negra, vemos que os filhos têm todos gan, os resultados foram espetaculares.
pelagem negra, e que êstes, cruzados Aquêle cientista realizou experiências
também entre si, dão origem ainda a com a môsca Drosophila melanogaster,
cobaias de pêlo negro: as primeiras material de fácil obtenção, pois podem
cobaias cruzadas constituem uma raça ser criadas em pequenos frascos e se
pura para o carácter côr da pelagem. alimentam de substâncias variadas (ma-
Evito -se o fec und a ção talh a ndo os est o me s
Diz-se que dois indivíduos são de raça çãs, plátanos, etc.). É, ao mesmo tem-
pura quando, sendo da mesma espécie, po, excelente material, já que tem gran-
apresentam, uma vez cruzados entre de poder de reprodução, conseguindo-
si, descendência uniforme para um ou se uma geração de 12 em 12 dias, tra-
vários caracteres. O par tomado como balhando-se na temperatura de 20 graus
ponto de partida das experiências cons- Celsius.
titue a geração paterna (P) que dá ori- Monohibridismo.- O cruzamento de
gem à primeira geração filha (F,). Os dois indivíduos que diferem entre si
netos representam a segurida geração apenas por um carácter (comprimentos
filha (F,). Raça híbrida é aquela na de asas, côr da semente, etc.) constitue
qual a descendência não é uniforme. o monohibridismo. O carácter é repre-
Mutações.- Às vêzes, na descendên· sentado por duas potencialidades opos-
cia de indivíduos de raça pura, apa- tas, de tal modo que cada indivíduo de
recem indivíduos com qualquer carác- raça pura não possue mais do que
ter d iferente que. por sua vez, é trans- uma potencialidade.
•· M o nd I (1 8 22 • 1884), pioneiro dos estudos
•llho • loo ra nço bio lóg ica. Modo de efectuar a polinização
artificial .
dlttaJ de BIOLOGIA ·sene
Leis de Mendel por sua vez, da fusão dos gametos),
terão consequentemente o par Aa, com
l'OH A. DE HARO VERA CATEDRA.TICO DA FACULDADE DE CltNCIAS DE SALAMANCA
HERANÇA BIOLÓGICA
L Num.2
Consideram-se dois casos no mono- um gen para o carácter dominante e
hibridismo: os dois híbridos exibem o o outro para o carácter recessivo.
carácter de um dos pais, ou carácter Tôda geração F, terá, pois, o mesmo LEIS DE MENDEL
dominante (o carácter que não se ma- genótipo Aa. Os híbridos (F,) têm por-
nifesta é o recessivo), ou então os dois
têm aspecto intermediário entre os
pais, devido a equipotência dos carac-
tanto as duas potencialidades (liso e
enrugado), mas, em virtude da domi-
nância do liso, apenas esta se realiza.
rI
teres; no primeiro caso a herença é
alternativa, e no segundo, interme-
diária.
Daí o fenótipo liso dos integrantes des-
ta F, ainda que portadores da poten-
cialidade enrugada (pelo gen a).
I
Monohibridismo com dominância.-
Cruzemos, como fêz Mendel, duas ra- Composição da F,.- Quando cruza-
çãs de ervilhas ( Pisum sativum); uma mos entre si ervilhas da geração F,
com sementes lisas e outra com se- obtemos uma descendência F,, que nâo
mentes enrugadas: a geração híbrida é homogênea, porque compõem-se de
resultante, F,, têm todas as sementes ervilhas lisas e enru'gadas, evidenciando
de superfície lisa, como um dos pais; o carácter híbrido dos pais. Nesta F, Mucho Fras co de cultivo f ê mea
conclue-se que o liso é o carácter do- separam-se os caracteres dos pais, um A 111111141 Uto ophllo molonogoster é muito usada, em laboratório, para estudos da herança biológica.
minante. dos quais, o enrugado, parecia haver
Quando cruzamos ervilha de flo- desaparecido. A geração F, mostra 75 %
res vermelhas com ervilha de flores de sementes lisas e 25 % de sementes
enrugadas: de cada quatro sementes,
p~
brancas, a F, têm flores vermelhas:
vermelho é o carácter dominante, en- uma é enrugada e três são lisas. Quando
quanto branco é o carácter recessivo. plantadas, as sementes enrugadas produ-
zem plantas tôdas com sementes en-
Monohibridismo intermediário. - Ao rugadas (raça pura). Nas sementes Óv ulos ®
cruzarmos maravilha ( Mirabilis jalapa) lisas, de cada três, uma dá sempre se-
mentes lisas (raça pura), enquanto as \
de flores brancas com outra de flores Hlbrldos iguais
vermelhas, obtemos, em F,, maravilhas duas restantes originam na geração
de flores róseas, côr intermediária en- seguinte (F,), 75% de sementes lisas
tre as dos progenitores. e 25 % de enrugadas, evidenciando o
carácter de hibridismo . Em resumo, a
Primeira lei de Mendel.- Dos fatos geração F, é formada por três cate-
que acabamos de expor deduz-se a gorias de ervilhas: 1/4 lisas e puras,
primeira lei de Mendel, ou lei da uni- metade lisas híbridas e 1/4 enrugadas
formidade da primeira geração filha: puras. No caso da maravilha, os hí-
«quando cruzamos dois indivíduos de bridos são indistintos pela côr rósea. Descendência no monohibridis-
..
Cromossomos e gens no mono-
raça pura, os híbridos resultantes são A F, de ervilhas compõe-se de dois hibridismo. mo intermediário.
todos iguais entre si>>. fenótipos (liso e enrugado) e de três Gametas do mocho
Esta lei é perfeitamente compreen- genótipos (AA, Aa e aa); na mara- I~''''\~; 9 d'
~
~~ ~
dida à luz da teoria cromossômica da vilha (herença intermediária) a F, é " ?,._ .• Raça s p uro s
herança Se um progenitor tem a su- composta por três fenótipos (branco, /
perfície das sementes lisa é porque pos- rosa e vermelho) e por três genóti-
º
-
sue um par de cromossomas homólo- pos (AA, Aa e aa). Na herença com
1 ~ ~~~~ ~~~~ ~~~~ ~~~~
gos, portadores dos gens para o carác- dominância o genótipo AA têm a mes-
ter liso. Na formação dos gametos, por
meiose, separam-se os elementos do
ma expressão fenótipica que Aa. Os
indivíduos que têm gens idênticos com ,, Ge roçõo
unifor me
par homólogo, e assim cada célula se-
@ ~~~~ D~~~ ~~~~ ~~~~
vistas a um carácter são denominados
...
/\
xual resultante têm apenas um cro- homozigotos ( AA-aa) e os que têm gens
mossoma do par; portanto o gen opostos ( Aa) são chamados heterozi-
.. ..
dominante, que podemos chamar de A gotos. Homozigoto equivale à raça pura,
J'
dos gametos do outro progenitor, dando autores de língua inglêsa chamam lin-
um total de 16 combinações. kage a êste fenômeno, ampliação da I G • •G n b'O n
~~
terceira lei de Mendel, que supõe que II
Entrecruzamento e herança ligada meiro pertencem a espeCie humana e I'OR A. DE HARO VERA CATEDRATICO D.A. FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAL.A.MANCA L
ao sexo a grande maioria dos animais; ao se-
gundo correspondem, entre outros,
HER~NÇA BIOLÓGICA Num.4
Exceção à vinculagem de gens: o aves, répteis e lepidópteros.
entl;ecruzamento. Cruzemos uma ENTRECRU~~p~\~~l O E HERANÇA LIGADA AO SEX.O
mõsca híbrida femea (Gn Lv) de cor- Vejamos a herança ligada ao sexo asa s vestigiais
po cinza e asas longas (fenótipo) com no caso das aves, efetuando o cruza- f
um macho de raça pura recessivo mento galinha ne·gra de raça Langhan n o o·.
( nv nv). A descendência será consti- com galo de plumagem tigrina Ply- . , X
tuída de 41,5% de moscas de corpo mouth Rock.. A geração F, é composta lí
')) Corpo cinza
" .,
cinza e asas longas, 41,5% de corpo de galos e galinhas todos tigrinos; ( ) asas longos ' Ó
negro e asas vestigiais, 8,5 % de cor- na F, por outro lado, vemos 75% de
l 1 1\""'~
po negro e asas vestigiais e 8'5 % de aves tigrinas e 25 % de aves negras,
corpo negro e asas longas . A ligação
que havíamos visto entre os gens cin-
zento-longo e negro-vestigial rompeu-se
proporções típicas do monohibridismo
com o carácter tigrino dominante.
Acontece ainda que tôdas as aves ne-
'.;'/ 41 ,5 o;. 41,5 o;.
em 17% dos casos durante a forma- gras são do sexo feminino, e as tigrinas
ção dos óvulos do híbrido. Compreen- são femininas e masculinas. Para ex-
de-se êste fato supondo que no de- plicar o fato havemos de admitir que
correr da meiose tivesse ocorrido o sexo heterogamético é o feminino,
um entrecruzamento dos cromosso- sendo o galo tigrino da geração pa-
mas (crossing-over dos autores ingle- terna portador de um gen tigrino do- Explicação do entrecruzamento de
ses), do seguinte modo: durante a minante em cada cromossoma X. cromossomos ou 11
Crossing-over".
metáfase da mitose reducional os cro-
mossomas homólogos distribuem-se aos Herança mendeliana no homem. - v ' Mu lher sadia
li
do gen n, constituindo-se C.est'arte um
nôvo cromossoma com os gens Ln. têm sido valiosíssimos. Em razão disto
Igualmente, o outro cromossoma for- conhecem-se, hoje em dia, numerosas
mado será portador dos gens Gv. anomalias e doenças hereditárias. Den-
Herança ligada ao sexo. - Posto que tre as ligadas ao sexo, está a acroma-
o sexo é determinado pelos hetero- topsia, ou cegueira para as cores. Por
cromossomas, todos os caracteres cujos ela tôdas as cores são vistas acinzen-
gens estejam neles ser·ã o automàtica- tadas; uma de suas formas é o dal- • •
~I
mente ligados ao sexo. O cromosso- tonismo, que se apresenta nos homens
ma Y é, geneticamente, quase vazio, numa frequência de 4 % e nas mulheres
e, na realidade, é um cromossoma em é muito raro (0,5 % ). O gen determinan-
fase de regressão. Ao contrário, o cro- te do daltonismo é recessivo e localiza-
mossoma X comporta grande número se no cromossoma X; em consequên- Fêmea
de gens. Assim, entende-se que a he- cia, se o homem · é portador desse gen ·• portadora • O
rança vinculada aos heterocromosso- a doença se manifesta, ao passo que
mas assume aspectos particulares , e a mulher, para ser doente, terá que
é distinta da proporcionada pelos apresentar o gen em dose dupla (combi-
demais cromossomas, ou autossomas. nação homozigótica), e deve, portanto,
Quando os caracteres são devidos a recebê-los dos dois prÕgenitores. A he-
mofilia, ou incapacidade de coagulação
I
gens do cromossoma X (e não Y), os
machos recebem de suas progenitoras do sangue, manifesta-se apenas nos ho-
o único cromossoma X; as fêmeas re- mens; a transmissão é igual a do dal-
ceberão das mães um X, e dos pais tonismo; o gen é igualmente recessivo,
o outro X (considerando-se o sexo mas- e quando presente em dose dupla (caso
culino heterozigótico ou heterogaméti- das mulheres), o ôvo não é viável. Por
co ), dois cromossomas diferentes. esta razão não há mulheres hemofíli-
Distinguem-se dois tipos de heran- cas uma vez que não chegam a nascér.
ça ligada ao sexo conforme estejam Também são doenças hereditárias a
representados os dois cromossomas X: sordomudez, a deficiência mental, a
b raquidactilia (dedos curtos), polidac- .• o
tipo Drosophila (fêmea XX) e tipo
Abraxas (fêmea XY) , como nas bor- tilia (mais de cinco dedos) e a sin-
• +
boletas (do gênero Abraxas ). Ao pri- dactilia (dedos unidos). Sadio Portador(! Hemofílico Morre
lt•H hnço llgad.a ao sexo na~ aves, nas quais 0 indiw TranSmissão da hemofilia no homem.
vftlu o h t rozogoto é o femonino.
dlttalJde BIOLOGIA Sene
O s tub é rculos, orgãos subterrãneos, Conforme a composição da fauna , disti nguem- se cinco
suportam o f r io, e nquanto os órgãos regiões zoogeográficas.
a é r e os mo rre m .
cllttaJ~ BIOLOGIA Serie
estômatos (como na alfarrobeira, loen- iguais (como nos corais e madréporas) POR A. DE HAROVERA CATEDRATICO DA. FACULDADE DE CWCIA.S DE SA.LA.MA.NCA M
dro, oliveira e loureiro). As vêzes esses ou então cada qual ter a seu encargo
estômatos mergulham em criptas es- uma atividade fisiológica diferente, uma
ADAPTAÇAO AO MEIO E ECOLOGIA Num 2
tomatíferas, como na espirradeira. Na· divisão de trabalho que implica em
oliveira e louro observam-se aquelas diversificação morfológica. Exemplo in-
ASSOCIAÇÕES DE SÊRES VIVOS
adaptações, e na gramínea Stipa ca- teressantíssimo é o que nos propor-
pillata, própria das dunas, observa-se cionam os sifonóforos, celentéreos pe-
enrolamento do limbo; os estômatos lágicos, cujos indivíduos são tão espe-
situam-se apenas na região dos feixes. cializados e de tão estreitas relações
A redução do limbo é outra manifesta- fisiológicas entre si que a colônia aca-
ção de xerofilia, com se constata no ba funcionando como um único indi-
tomilho, alecrim e pinheiro; há casos víduo.
inclusive em que as fôlhas desapare- Outra modalidade de associação é a
cem, como na gilbardeira, sendo nesta sexual, na qual os componentes têm
emergência os ramos e caules res- finalidades de proci:iação; na assexual,
ponsáveis pelas funções daqueles, para ou assexuada, em contraposição, os in-
o que achatam-se e carregam-se de clo- divíduos agrupam-se para fins diversos,
rofila, e são denominados cladódios. excluindo o de procriação e cria da
As vêzes, e sobretudo nas zonas desér- prole. Há diversos tipos dessa associa-
ticas, as raízes ganham incremento ou ção, sendo o gregarismo o mais notável,
exibem um parênquima aquífero muito já que os animais que o integram,
desenvolvido, destinado à reserva de todos da mesma espécie, exercem fun-
água. São as plantas chamadas sucu- ções de nutrição e defesa. Não atin-
lentas, ou carnosas, como o cactus e a gem um grau elevado de organização
<<chumbera>>. na atividade geral; tal é o caso dos
Muitos animais inferiores enquis- cardumes (sardinhas e outros peixes).
tam-se em face da sêca. O caso dos Nos herbívoros, o rebanho esboça ja
peixes Dipnoicos é curioso. f:stes pei- um comêço de subordinação a um
xes vivem em rios sujeitos a sêca, e As " te rmitasll ou 0 cupins" constituem uma asso-
ou mais machos de maior experiên- ciação com el e vado grau de organ ização.
por ocasião da estiagem escondem-se cia. Nas associações estatais existe
no lôdo, que escavam, e passam a elevado grau de organização, bem como
respirar o ar atmosférico através da divisão de trabalho, o que conduz ao
bexiga natatória que funciona como surgimento das castas, morfo-fisiolà-
pulmão: é o sono estiva!. gicamente distintas; estas associações
Adaptações à luz.- As adaptações à formam os estados ou sociedades, ex-
luz diferenciam, nos vegetais, dois ti· clusivos de abelhas, vespas, formigas
pos de fôlhas, conforme a planta seja e cupins.
de luz ou de sombra. A própria si- Nas assoçiações interespecíficas, de
metria dorsiventral é uma das adap- gradação variada, contam-se em ordem
tações à luz. crescente: o comensalismo, o inquili-
Nos animais, de modo geral, há nismo, a simbiose e o parasitismo. No
maior pigmentação na face dorsal do comensalismo, o indivdíduo vive sôbre
corpo, esposta à luz, enquanto que nos o hóspede ou no seu interior, alimen-
cavernícolas não há pigmentação, ao tando-se dos restos de alimentos, como
mesmo tempo em que são cegos, na no caso das bactérias das f~zes intes-
maioria das vêzes. tinais. No inquilinismo, o indivíduo
busca guarida ou proteção, como o
ASSOCIAÇõES BIOLóGICAS peixe-agulha, Fierasfer acus, que, ao
presentir perigo, aloja-se dentro de ho-
Os sêres vivos não estão isolados lotúrias, e determinados caranguejos,
mas, pelo contrário, mantem relações que se refugiam nos mexilhões. A sim-
de natureza diversa entre os da mes- biose consiste na associação de dois
ma espécie (associações interespecífi- indivíduos com benefício mútuo, como
cas). Nas primeiras inclue-se a colô- nos líquens (associação entre algas ver-
nia, forma primária constituída pela des e cogumelos), em que a alga sinte-
união de ind ivíduos que nasceram de tiza materia orgânica que, em parte,
um primitivo por gemiparidade. Os in- cede ao cogumelo, enquanto êste pro-
tegrantes da corônia podem ser todo porciona à alga umidade e sais. A união
lltt'tll!il at.htt rocha sêca e ensolarada; é uma Simbiose de caranguejo ermitão com anêmo-
ll'•t•lu• d11 grande eficácia. na s do mor.
ciJ1:ilMde BIOLOGIA Ser1e
é tão eficiente que cada um dos inte- vive no fígado, retirando o alimento POR A. DE HARO VERA CATEDR.ATICO D.A. FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAL.A.MAJCA M
grantes isoladamente só poderia viver
em solos úmidos e sombrios, ao passo
por uma ventosa bucal. A primeira ge-
ração, que é hermafrodita, tem auto-
ADAPTAÇAO AO . MEIO E ECOLOGIA Num.3
que o líquen pode viver sôbre rochas fecundação, saindo os ovos através da
escarpadas, sêcas e ensolaradas. As sim- biles e das fezes; ao chegarem à água PARASITISMO
bioses digestivas constituem uma va- desenvolvem-se em larvas ou mirací-
riedade de grande interêsse, e é reali- dios, revestidas de cílios. Dirigem-se
zada entre animais herbívoros e certas estas larvas em busca do caramujo de
bactérias e protozoários; os mamífe- água doce Limnae, onde, na <<Cavidade
ros herbívoros são incapazes de di- pulmonar>>, transformam-se numa se-
gerir a celulose; as bactérias por outro gunda geração, o esporocisto, que não
lado, digerem-na. A simbiose entre os tem tubo digestivo. Ao atingir a ma-
dois determina a diferenciação de turação, o esporocisto produz, por par-
autênticas câmaras de fermentação no tenogênese, a terceira geração, consti-
tubo digestivo do herbívoro e permite tuída por indivíduos denominados ré-
ao mamífero a transformação daquele dias, com tubo digestivo fechado. Ao
polissacarídeo em ácidos graxos . sairem do esporocisto, as rédias diri-
gem-se ao fígado do molusco, onde, ain-
Parasitismo_ - A associação de duas da por partenogênese, formam larvas
espécies, em que uma (parasito) obtem cercárias, de organização semelhante a
alimentos da outra, com prejuízo desta do adulto e com uma espécie de cauda
(hóspede), constitue o parasitismo. As de que se servem para deixar a limnea
vêzes o parasito nutre-se de tecidos, e nadar até as margens do rio, lago,
sangue, seiva, etc., do hospedeiro. Con- etcétera, local em que se fixam e se
forme se depreende, há, nessa associa- enquistam, perdendo a cauda, e onde
çãú, uma parte beneficiada e outra, também aguardam o gado que, no A erva de passarip
como dissemos, prejudicada. A vida pasto, comerá as ervas e com elas nho tem clorofila-
parasitária têm grande influência na as cercanas. É pois, um parasito
organização dos sêres; a abundância com dois hospedeiros. A tênia ou solitá- Minúcias dos haustórios
de alimentos acarreta a atrofia dos sê- ria (Taenia solium) é um platelminto que se apoderam da sei-
A "cusculo" é planta parasita e sem folhas. va bruta.
res parasitos, e inclusive desaparecem segmentado que vive no tubo digestivo Proglótide
órgãos locomotores, por desnecessários , humano. Na extremidade anterior do
bem como os dos sentidos, pela mesma corpo há uma dilatação muito peque- Intestino
humano
razão; desse modo, a maior parte dos na, à guiza de cabeça, o escólex, com
parasitos internos, como as tênias, são quatro ventosas e uma coroa de gan-
cegos. chos. O escólex dá origem a segmen-
Nos vegetais, o parasitismo esta- tos ou prog/ótides, em número de 600,
belece-se em todos os graus: muito di-
fundido nas plantas inferiores (bacté-
rias e cogumelos patogênicos), nas fa-
nerógamas é, todavia, escasso; a erva
de passarinho, que vive sôbre árvores e
que dão um comprimento total de
cêrca de 3 m . O proglótide é hermafro-
dita. A tênia não têm tubo digestivo,
absorvendo o quilo intestinal humano
através da pele, e, como é anaeróbia,
I
é clorofilada (côr verde), é semipara- utiliza apenas uma pequena parte do
sita em virtude de ser apenas capaz que absorve. Têm autofecundação, e
de absorver a seiva bruta (realiza fo- os proglótides (chamados pivides) , con-
tossíntese). Retira-a utilizando órgãos tendo cada um 50.000 ovos, são elimi-
sugadores, chamados haustórios, que nados com as fezes humanas. Em cada
penetram nos vasos condutores (vasos ôvo há um embrião que pode ficar
lenhosos) do hospedeiro. em vida latente até que o porco o en-
Dentre os animais, conhecemos ver- gula. Êste embrião desenvolve-se en-
mes parasitos da espécie humana, como tão na larva ou oncosfera, que, atra-
\
1 ""',, ,
a Fascio!a hepática, que com mais fre- vessando as paredes do estômago, cai Ovos
-
quência vive nas vias biliares de cor- na corrente circulatória e chega aos
deiros e vacas . É hermafrodita e têm músculos . Aí a larva progride em cis-
um ciclo biológico dos mais curiosos do ticerco (escólex invaginado). Quando o
reino animal, já que é constituido por homem come uma carne infestada, o O ncosfera
três gerações inteiramente diferent es . cisticerco transforma-se no escólex,
Pertence ao grupo dos Plat elmint os , origem de nova tênia.
BlóTOPOS E BIOCENOSES biótopos concretos, caracterizados por POR A. DE HARO VERA CATEDRATICO DA FACULDADE DE Crf:NCI.A.S DE SALJ\MANCA M
condições particulares que determi- ADAPTAÇAO AO MEIO E ECOLOGIA
As condições ambientais apresen- nam adaptações específicas . Conforme
tam-se de mane ira determi nada e em esses biótopos, os animais serão: ter- BIÓTOPOS E BIOCENOSES
local definido, compondo o q ue de- rícolas, que vivem no solo, com desen-
nominamos biótopo ou ambiente bio- volvimento das patas para o salto
lógico. Exemplo: a zona litorânea ca- (canguru) ou para a corrida (cavalo);
racteriza-se pelo constante bater das aquícolas, que habitam as margens das
vagas, pela intensa luminosidade e por águas: as aves são dotadas de mem-
grandes oscilações térmicas. branas interdigitais para nadar (patos)
Tipos de biótopos.- Consideram-se, ou, então, membros alongados que per-
geralmente, dois grandes biótopos: o mitem caminhar sôbre o fundo (ce-
aquático e o terrestre; no primeiro dis- gonhas e flamengos). Os mamíferos
tinguem-se o ambiente marinho e as aquícolas, como o castor, têm pelagem
águas continentais; no segundo, dis- densa. Os animais aerícolas passam
tingue-se o ambiente da superfície grande parte da vida no ar, como os
terrestre, ou epigeu, e o subterrâneo, insetos, aves e morcegos, razão por
ou hipógeo. :e.stes biótopos condicio- que são dotados de asas. Os animais
nam formas de vida: os habitantes do hipógeos têm vida subterrânea e ca-
biótopo aquático possuem respiração racterizam-se por apresentar morfo-
cutânea ou branquial típicas e têm fe- logia adequada à penetração na terra
cundação externa; os do biótopo ter- -patas anteriores em pá (toupeira) e
restre respiram por traquéias ou pul- corpo alongado vermiforme.
mões e têm fecundação interna. Na flora terrestre, as condições am-
Conhecem-se três regiões biológicas bientais determinam três tipos básicos
nos oceanos: a região litoral, a região de conjuntos vegetais: o bosque, a
pelágica e a região abissal. mata (ou capoeira), de plantas lenhosas
A região litoral está sujeita ao con- e o campo, principalmente de gramíneas.
tínuo embate das ondas; em razão de Biocenose. - Os sêres vivos de um
que os organismos que nela vivem ne- determinado biótopo estão intimamen-
cessitam de fortes carapaças de pro- te relacionados entre si: há, por exem-
teção (ouriços e estrêlas do mar; mo- plo, interdependência nos habitantes de
luscos e crustáceos); outros aderem à uma lagoa, de tai sorte que os vege-
rocha, como as actínias e os cefaló- tais servem de alimento aos animais
podos; um terceiro grupo vive dentro de herbívoros (moluscos, peixes, insetos),
tubos autofabricados, como os vermes. e êstes, por sua vez, alimentam os ani-
mais carnívoros (rãs, serpente). Os car-
A região pelágica é tranquila e cor- nívoros, através de excrementos ou do
responde à zona de alto mar; os or- próprio corpo, após á morte, devolvem
ganismos próprios desta zona têm es- à lagoa todo o patrimônio mineral sub-
queleto pouco desenvolvido e órgãos traído aos vegetais, de modo que por
de flutuação. êstes últ imos reenceta-se o ciclo. Há
A região abissa1 é a das grandes um trânsito contínuo da matéria mi-
profundidades, caracterizada pela au- neral dos sêres autótrofos aos hete-
sência de luz, baixa temperatura e rótrofos, e vice-versa. Denomina-se
grande tranquilidade; os seus habi- biocenose ao conjunto de organismos
tantes, em consequência, alimentam-se interdependentes próprios de um de-
dos restos de vegetais e animais da terminado biótopo.
superfície das águas. B iogeografia.- As espec1es distri-
No ambiente terrestre os organis- buem-se em regiões def inidas, fora das
mos dispõem de organização apropria- quais não serão encontradas. Estas
da de modo que se possam defender áreas de dispersão podem ser mais ou
da secura, ao mesmo tempo em que menos extensas. Conforme a composi-
apresentam formações esqueléticas que ção faunística, dist ingu imos cinco re-
lhes dão certa rigide<;. As plantas têm giões terrestres (vide estampa L/1): ín-
raízes que as fixam ao solo; os ani- dica, etiópica, neotrópica, holártica No Oq ull lbrío b i6ce n6tico, a quantidade de material qu e pa ssa ao estado or!;Jânico por fotossíntese
mais têm órgãos locomotores que su- (com duas sub-regiões, paleártica e 11 o mesma qu e re torno à lagoa por d e composição 1dos organismos; a energra que 'desencadeio êst~.
c 1 lo proced e do sol.
portam e deslocam o corpo. neártica) e australiana, que está sepa-
O meio terrestre compreende outros rada da índica pela linh a de Wall ace.
íNDICE DE ASSUNTOS lNDICE DAS SÉRIES
OBJETO E M~TODOS DA BIOLO- Hipófise ou corpo pituitário, para- F/3.- Nutrição dos organismos.
GIA . . . . . . A/ 1 tireóides, timo e epífise F/4
Elementos biogenéticos ESTUDO DA FOTOSSíNTESE . q111mica da ma- F/4.-
F/5.- )} ))
COMPOSIÇÃO QUíMICA DOS SE- CICLOS DO C, N, S, P F/5
RES VIVOS . . . . . A/ 2 química da ma- F/6.- ))
APARELHO DIGESTIVO F/ 6
Princípios imediatos. Importância Vacúolos, cavidade e tubos diges- F/7.-
da água e dos sais minerais. tivos. Aparelho digestivo humano. >> F/8.-
Combinações do carbono quunica da ma- ))