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O presente poema, originário da tradição oral, relata as dificuldades alimentares por que

passavam os marinheiros portugueses nos primeiros tempos da epopeia marítima, face


a um mar poderoso que era visto como uma força demoníaca que apenas a fé religiosa
poderia dominar.

Ao fim de um ano e um dia de viagem, já sem alimentos, os corajosos marinheiros


lançam à sorte quem haveriam de matar para servir de refeição. A pouca sorte recai
sobre o próprio capitão do navio que pede a um marujinho que suba ao mastro real para
ver se avista «terras de Espanha, as praias de Portugal!».

O marujo assume aqui o papel de diabo, a quem o capitão oferece o que tem de mais
precioso para se salvar deste trágico destino.

Por ordem ascendente de que ele considera mais precioso, começa por oferecer a sua
filha mais formosa, depois muito dinheiro, a seguir o seu cavalo branco e, por último, a
sua maior preciosidade, a Nau Catrineta.

O demónio recusa todas estas ofertas, pois só está interessado na alma do capitão. A
este só resta lançar-se ao mar para morrer com a dignidade própria de um marinheiro.
Um anjo, porém, ampara-o, poupando a sua vida.

E na noite daquele mesmo dia, tudo acaba em bem, com a Nau Catrineta «em terra a
varar».

Existe no Brasil uma outra versão deste poema a que foi atribuída a designação de Nau
Catarineta.

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