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UNIDADE CURRICULAR: Metodologia das ciências Sociais- Métodos quantitativos

CÓDIGO: 41039

DOCENTE: Ana Isabel Silva

A preencher pelo estudante

NOME: SANDRA CRISTINA GOMES DE CARVALHO

N.º DE ESTUDANTE: 1200516

CURSO: CIENCIAS SOCIAIS

DATA DE ENTREGA: 01/04/2020

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Interessa começar por definir o que são métodos qualitativos e métodos quantitativos:

Os métodos quantitativos recolhem dados concretos: números. São estruturados, numerais e trabalham
com a estatística. Aqui, é feita uma pesquisa com dados exatos. Representam a base de trabalho através
da qual se vai poder tirar conclusões gerais da pesquisa que está a ser efetuada.

Os métodos qualitativos fazem a recolha de informações a utilizar na analise e avaliação de um tema


especifico, descrevendo-o, usando impressões, opiniões e pontos de vista. Esta forma de pesquisa é menos
estruturada que a pesquisa qualitativa, procura elementos para aprofundar um tema a estudar, sendo este
o meio de obtenção de informações acerca das motivações, ideias e atitudes da população alvo de estudo.

Esta abordagem facilita a compreensão detalhada das questões colocadas na pesquisa, embora não seja
fácil interpretar a análise dos resultados sem os projetar no método quantitativo.

Podemos, assim, dizer que existe uma interdependência entre estes dois métodos de pesquisa.

Os métodos quantitativos ajudam a fazer uma observação generalizada do tema em estudo. Os dados
qualitativos, bastante detalhados proporcionam uma perspetiva humanizada aos resultados da pesquisa
efetuada.

Segundo Flick (2002), “Em muitos casos, os métodos qualitativos foram desenvolvidos no âmbito de uma
critica dos métodos e estratégias de investigação quantitativa (ver Kohli 1978, …).”. Esta “discussão” ainda
continua sem ter chegado a uma conclusão embora, ambos os métodos se tenham desenvolvido bastante
na pratica da investigação e se tenham, cada vez mais, combinado e complementado. Ainda segundo Flick
(2002), “as relações entres estes dois métodos de investigação podem der discutidas e estabelecidas a
diferentes níveis:

 Epistemológico e metodológico;
 Planos de pesquisa que combinam ou integram a utilização de dados ambos os métodos de
pesquisa;
 Métodos de pesquisa que são, simultaneamente, qualitativos e quantitativos;
 Ligação das descobertas de ambas as pesquisas;
 Generalização dos resultados;
 Avaliação da qualidade da investigação: aplicação de critérios de uma a outra e vice-versa.”

Ao lermos Günther (2006) renovamos a ideia da dicotomia existente entre estes dois tipos de pesquisa pois,
elas contrapõem-se reciprocamente. Para verificarmos as suas semelhanças e contradições são
considerados os seguintes aspectos: características da pesquisa qualitativa; postura do pesquisador;
estratégias da recolha de dados; estudo de caso; papel do sujeito; aplicabilidade e usos dos resultados de
pesquisa.

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Günther (2006) faz referência a uma afirmação clássica de Dilthey “explicamos a natureza, compreendemos
a vida mental” (citado por Hoffstätter, 1957, p.315) e, esta afirmação, pode ser entendida como a base para
as diferenças entre as pesquisas qualitativa e quantitativa. A excelência do “compreendemos a vida mental”
está patente em todas a discussões acerca do método qualitativo.

Flick, von Kardorff e Steinke (2000) trazem-mos quatro bases teóricas acerca da natureza e dos
pressupostos da abordagem qualitativa:

 A realidade social é representa a construção e atribuição social de significados;


 Enfatização do caracter processual e da reflexão;
 As condições reais de vida tornaram-se relevantes através dos seus significados subjetivos;
 O caracter comunicativo da realidade social permite que o refazer do processo de construção das
realidades sociais se torne ponto de partida da pesquisa.

Eles desmembram estas bases teóricas em 12 características da pesquisa qualitativa e Mayring (2002) trás,
também, 13 bases desta pesquisa. Juntando todos estes elementos chega-se a cinco grupos de qualidades
da pesquisa qualitativa:

 Características gerais - a primazia da compreensão como princípio do conhecimento é apontada por


Flick e cols. (2000) pois, dá prevalência ao estudo de relações complexas em vez de as explicar
através do isolamento das variáveis que as caracterizam. A construção da realidade. Esta pesquisa
é entendida como um ato subjetivo de construção pois, entendem que a descoberta e a construção
de teorias são objetos de estudo da abordagem qualitativa. Por ultimo, defendem que esta pesquisa
se baseia em textos, isto é, a recolha de dados transforma-se na produção de textos que depois têm
uma interpretação hermenêutica.
É salientado aqui o facto de um pesquisador de perfil quantitativo nunca excluir o interesse em
perceber as relações complexas. Ele defende, sim, é que a forma de chegar a essa compreensão se
faz através da explicação ou compreensão das relações entre as diferentes variáveis.
 Coleta de dados: é considerado, pelos autores anteriormente referenciados, como o ponto de partida
ou o elemento essencial da pesquisa qualitativa. Todos evidenciam o principio da abertura, o que
ultrapassa a formulação das perguntas abertas. Isto é, nenhum fundamento já concebido ou pré-
concebido deve impedir a visão de aspectos essências do objeto de pesquisa. Tal não é sinonimo
de falta de um controle constante pois, é imperativa a presença da explicitação, a documentação e
das regras fundamentais a uma pesquisa responsável e de qualidade. O principio da abertura está
patente no facto da pesquisa qualitativa ser caracterizada por possuir inúmeros métodos e técnicas
de pesquisa adaptados à especificidade de cada caso e não apenas um método único e normalizado.
 Objeto de estudo: para a sua conceção é sempre tida em conta a sua historicidade. É importante a
aplicação do principio de Gestalt, ou seja, o foco no individuo como um todo é essencial para a
pesquisa qualitativa. Tudo o que respeito ao individuo deve ser tido em conta. Mayring e Plick e cols.
(2000) destacam a importância do ponto de partida de um estudo ser centrado num problema e que
não deve haver distinção entre as pesquisas básica e aplicada. Ressalvam, também, que são

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importantes e pertinentes as perspetivas de todos os participantes na pesquisa e não só a do
pesquisador.
 Interpretação dos resultados - a contextualidade deve ser uma constante na pesquisa pois, todos os
elementos, internos e externos, são importantes e pertinentes. Este fio condutor deve contrastar com
a abstração nos resultados para que seja fácil generaliza-los. O pesquisador deve ter uma postura
de reflexão continua sobre o seu comportamento assim como, uma interação dinâmica entre este e
o seu objeto de estudo.
 Generalização de resultados - este evento passa por quatro fases:
1. A Generalização argumentativa ou a argumentação explicita apontando quais generalização serão
factíveis para circunstancias específicas - introduzido por Mayring (2002);
2. O Processo indutivo que parte de elementos individuais para chegar a hipóteses e generalizações;
3. As Regras a seguir, no processo anterior, especificas cada caso;
4. A Quantificação embora, a função importante da abordagem qualitativa é a de permitir uma
quantificação com propósito, ainda segundo Mayring.

Outros fatores contam para caracterizar a pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa, como por exemplo:

 A postura pessoal do pesquisador, diferente numa e noutra e com uma postura bastante mais rígida
na pesquisa quantitativa;
 A estratégia de coleta de dados. A pesquisa quantitativa trabalha com variáveis exatas enquanto que
a pesquisa qualitativa tem uma postura de abertura e dinâmica;
 O estudo de caso que deve ter em conta o referencial: qualitativo ou quantitativo;
 O papel do sujeito, isto é, até que ponto é que este e a sua opinião influenciam o caso em estudo
pois, este é parte integrante da pesquisa;
 A aplicabilidade e uso da pesquisa. A pesquisa aplicada é atribuída à pesquisa qualitativa e a
pesquisa básica é aplicada à pesquisa quantitativa.

Além de todos os elementos característicos já aqui mencionados, a pesquisa qualitativa engloba uma serie
de possibilidades de combinar elementos vários das muitas técnicas de pesquisa que utiliza. São eles: o
delineamento da pesquisa qualitativa; o estudo de caso; a análise de documento; a pesquisa-ação; a
pesquisa de campo; o experimento qualitativo e a avaliação qualitativa; a coleta de dados; a transcrição de
dados; a representação de dados; a transcrição de dados; a construção de sistemas descritivos; a analise
de dados na pesquisa qualitativa.

Esta pesquisa, para ser uma pesquisa de qualidade, bem-feita obedece a critérios de qualidade de pesquisa
como por exemplo, a formulação das perguntas, o delineamento da pesquisa ou as regras especificas
adotadas.

Importa esclarecer que H. Günther não concorda com a afirmação de Dilthey pois, esta torna a investigação
bastante rasa, limitada, tendo em conta que o ser humano é parte integrante da sua natureza envolvente,

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tal como o seu pensamento, mas, deve partir-se para a investigação com espirito de abertura, sem
influencias de estudos ou pré-conceitos estabelecidos.

Comparativamente a outras pesquisas, dou o exemplo do que afirma Amélia Augusto (2014), as abordagens
quantitativas e qualitativas diferem nos seus fundamentos filosóficos e meta teóricos a respeito da natureza
da realidade (…), do conhecimento (…), dos princípios que inspiram e governam a investigação científica
(…) e nos instrumentos relativos à implementação prática de uma pesquisa (métodos e técnicas de
investigação) (Gelo, Braakmann e Benetka, 2008).

Assim, ainda de acordo com Amélia Augusto (2014), podemos identificar três visões do mundo: o objetivismo
(em que a realidade é entendida como única e tangível, existindo independentemente da consciência), o
subjetivismo (em que a experiência subjetiva é fundamental para qualquer processo de conhecimento) e o
construtivismo (que entende o conhecimento como uma construção resultante da interação entre indivíduos
e o seu mundo social).

Concluindo, as duas formas de pesquisa - qualitativa e quantitativa – são dois métodos que se
complementam e cujos dados de recolha podem combinados por forma a obter resultados mais
aprofundados e o mais abrangentes possível.

 BIBLIOGRAFIA:
 D’Ancona, M. (2001). Metodología cuantitativa estratégias e técnicas de investigação social. Madrid:
Editorial Síntesis S. A.
 Flick, U, 2005, Métodos Qualitativos na Investigação Científica, Lisboa, Monitor
 Günther, H., (2006). Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão?
Seminário em Psicologia: Metodologia Qualitativa. Departamento de Psicologia Social e do
Trabalho, Universidade de Brasília, DF, Brasil 70910-000.
 Amélia Augusto, «Metodologias quantitativas/metodologias qualitativas: mais do que uma
questão de preferência», Forum Sociológico [Online], 24 | 2014, posto online no dia 01
novembro 2014, consultado o 01 abril 2020. URL:
http://journals.openedition.org/sociologico/1073; DOI:
https://doi.org/10.4000/sociologico.1073
 https://pt.surveymonkey.com/mp/quantitative-vs-qualitative-research/

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