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ABORDAGEM CONSTITUCIONAL DOS

DIREITOS

PROFESSOR: ALEXSANDRO DA SILVA MSc


Prof. MSc. ALEXSANDRO DA SILVA
Bacharel em Direito
Bacharel em Administração
Pós-Graduação em Direito Constitucional Aplicado
Pós-Graduação em Direito Administrativo
Pós-Graduação em Gestão e Direito Ambiental
Pós-Graduação em Direito Penal e Processo Penal
Pós-Graduação em Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Previdenciário
Pós-Graduação em Direito Tributário
Pós-Graduação em Direito Corporativo e Compliance
MBA Internacional em Gestão Executiva
Pós Graduação em Gestão Pública
Mestre em Administração
Doutorando em Direito Constitucional
PROFESSOR: ALEXSANDRO DA SILVA MSc

Contato:
Email: alexsandrodasilva3@gmail.com
Whatzapp: (48)984422502
PLANO DE ENSINO

Unidade de Aprendizagem: 013740-Abordagem Constitucional dos Direitos


Carga Horária: 60Hora(s)
Modalidade: Presencial
Curso: Direito BC M TB 3050
Ciclo Letivo: 2019 - 2º Semestre
Campus: Campus Univ. de Tubarão
Unidade: Unid. Univ. Tubarão
Turma: 3050
EMENTA
Direito Constitucional. Constitucionalismos. Constitucionalismo
brasileiro. Poder constituinte. Principiologia constitucional.
Direitos fundamentais. Direitos fundamentais individuais e
coletivos. Direitos fundamentais sociais. A Ordem Social.
Direitos de nacionalidade. Direitos políticos. Hermenêutica
constitucional
OBJETIVOS
1. Objetivo Geral:

Proporcionar fundamentos, a partir do estudo do Direito Constitucional e


teorias afins, para que o estudante construa conhecimento sobre a estrutura e
funcionamento do Estado brasileiro erguido na lei fundamental, bem como os
direitos e garantias fundamentais inseridos na Carta Política e princípios
basilares do sistema normativo pátrio e a interpretação das normas.

2. Objetivos específico:

- Abordar o Direito Constitucional e compreender a sua importância dentro do


ordenamento jurídico brasileiro; - Conhecer os princípios da hermenêutica
constitucional; - Analisar a evolução do constitucionalismo, dos direitos e das
garantias individuais e coletivas; - Estudar as constituições e a evolução
histórica; - Conhecer os direitos políticos e da nacionalidade e compreender o
porquê de sua importância para a garantia da supremacia constitucional.
HABILIDADES

- Manejar as ferramentas garantidoras de direitos fundamentais (de todas as


dimensões) com eficiência e em perspectiva contextual;
- Facilitar as relações dos cidadãos com a democracia representativa (direta
e semidireta), participativa e com outras formas difusas de controle
político;
- Interpretar e julgar a atividade legislativa, executiva e jurisdicional
vinculadas formal e materialmente ao texto constitucional;
- Identificar condicionantes do sistema constitucional brasileiro, tanto na
dimensão político-ideológica, quanto cultural;
- Dominar o sistema de princípios, direitos e garantias forjados no processo
constitucional ocidental e especificadas no modelo brasileiro;
- Dominar a organização do Estado Brasileiro e suas funções legislativas,
executiva e judiciária.
METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO

CONTEÚDOS

1 – CONSTITUCIONALISMO E DIREITO CONSTITUCIONAL


a) Acepções da palavra constitucionalismo
b) Evolução histórica
c) Constitucionalismo contemporâneo
d) Neoconstitucionalismo
e) Características do Neoconstitucionalismo
f) Direito Constitucional
f.1) Conceito de Constituição
f.2) Objeto da Constituição
2 - CONCEPÇÕES SOBRE AS CONSTITUIÇÕES
a) Sentido Sociológico
b) Sentido Político
c) Sentido Jurídico

3 - CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES


a) Quanto à forma
b) Quanto à origem
c) Quanto ao modo de elaboração
d) Quanto à estabilidade
e) Quanto ao conteúdo
f) Quanto à extensão
g) Quanto à finalidade
h) Quanto à correspondência com a realidade
i) Quanto à Ideologia
j) Quanto à Função
4 - CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

5 - TEORIA DO PODER CONSTITUINTE


5.1 - TITULARIDADE X EXERCÍCIO
5.2 - PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (ou de 1º grau)
5.3 - PODER CONSTITUINTE DERIVADO (ou do 2º grau)
5.4 - LIMITAÇÕES AO PODER DE EMENDA

6 - FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL


a) Revogação global
b) Recepção
c) Repristinação
d) Desconstitucionalização
7 - AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS - A EVOLUÇÃO POLÍTICO
CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

1) A Constituição de 1824
2) A Constituição de 1891
3) A Constituição de 1934
4) A Constituição de 1937
5) A Constituição de 1946
6) A Constituição de 1967
7) A Constituição de 1988
8 - HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

9 - DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

10 - DA ORDEM SOCIAL

11 - DIREITO DA NACIONALIDADE

12 - DIREITOS POLÍTICOS
Atividades Formativas:
Aula expositiva e dialogada.
Pesquisa com base na legislação.

Ambientes de Aprendizagem:
Sala de aula
Biblioteca Internet
AVALIAÇÃO

De acordo com o Regimento Geral da UNISUL, Art. 89, o processo de


avaliação do estudante será realizado por disciplina ou unidade de
aprendizagem, com base nas competências por ele desenvolvidas e na
frequência.
§ 1º O aproveitamento será verificado através do desempenho progressivo do
estudante, frente aos objetivos propostos no Plano de Ensino.
§ 2º Será considerado aprovado o estudante que obtiver frequência igual ou
superior a 75% (setenta e cinco por cento) e aproveitamento igual ou superior
a:
a) sete (7,0) numa escala de zero a dez (0 a 10), resultante do processo
avaliativo, desenvolvido durante o ciclo letivo;
b) seis (6,0) numa escala de zero a dez (0 a 10), quando submetido a uma
avaliação final por não ter alcançado o previsto na alínea "a" deste
parágrafo.
§ 3º O professor registrará no Diário de Classe:
I - a frequência do estudante;
II - as notas atribuídas ao estudante, em cada disciplina ou unidade de
aprendizagem, resultantes do processo de avaliação, conforme se expressa a
seguir: a) AD/UA = (SA/NA) >= 7 AD/UA = Aproveitamento Disciplina ou
Unidade de Aprendizagem SA = Somatório de Avaliações NA = Número de
Avaliações b) RF = (AD/UA + PF)/2 >= 6 PF = Prova Final RF = Resultado Final
§ 4º O número de notas registradas no diário de classe não poderá ser inferior
a 2 (duas), independente do peso atribuído a elas e exceto o previsto no § 5º.
§ 5º O aproveitamento do estudante nas disciplinas ou unidades de
aprendizagem de tratamento diferenciado ou certificações específicas deverá
ser igual ou superior a 7,0 (sete), condição mínima para a aprovação, não
cabendo a estas a realização de prova ou avaliação final, sendo admissível o
registro de nota única.
§ 6º Na modalidade de educação a distância, o controle da frequência far-se-á
conforme previsto na legislação.
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

1. A avaliação será realizada progressivamente por meio de duas avaliações


formais, atendendo o disposto no Regimento Interno da Universidade e na
resolução da Congregação do Curso de Direito que disciplina a matéria,
nos seguintes termos:
a) Avaliações formais:
a.1 As avaliações serão realizadas de forma escrita individual.
a.2 Nas avaliações constarão regras e orientações para sua realização.
a.3 As avaliações serão realizadas nas seguintes datas:
avaliação I: 07/10/2019;
avaliação II: 18/11/2019;
e avaliação final: 09/12/2019.

a.4 As avaliações de segunda chamada poderão ser realizadas nos dias


19/10/2019 e 30/11/2019, respectivamente, para avaliação I e II, desde que
cumpridas as exigências estabelecidas pela Universidade.

a.5 O acadêmico somente poderá realizar as avaliações na turma em que está


matriculado.

b) O desenvolvimento das atividades orientadas se dará nos termos como


definido nas respectivas unidades e nos prazos informados durante o decorrer
do semestre.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

2. Será considerado aprovado, o acadêmico que obtiver Aproveitamento


Semestral igual ou superior a 7,0, ou, sendo necessário realizar avaliação final,
Resultado Final igual ou superior a 6,0.
3. Os textos ou atividades serão disponibilizados durante o transcorrer do
semestre, com antecedência suficiente para a sua realização, sendo que sua
inclusão ou não no cômputo das notas será informado previamente. Ao final
de cada Unidade, poderão ser realizadas avaliações especificas sobre os temas
a ela inerentes, com ou sem atribuição de pontuação a ser acrescida ao
aproveitamento semestral.
4. O Aproveitamento Semestral será obtido a partir das notas das avaliações e
eventual pontuação obtidas pelas atividades, na forma do item 3, ao qual será
acrescido de 0.5 ponto pela participação na Semana de Monografia (na forma
a ser definida durante o semestre).
5. Não haverá qualquer outro acréscimo de pontuação ou "arredondamento"
de notas, salvo os que próprio Sistema Acadêmico realizar em razão da
parametrização estabelecida pela Universidade.
6. A não entrega ou não realização da leitura/atividade implicará na perda da
respectiva pontuação (quando atribuída), não sendo permitida entrega ou
realização em momento diverso do agendado, salvo a ocorrência de motivo
justificável.
7. Todos os temas abrangidos pelas atividades orientadas serão incluídos na
avaliação formal.
8. Em todas as atividades e avaliações se observará a capacidade de
interpretação, correção gramatical, clareza e coerência de exposição escrita
ou verbal, sendo que tais critérios interferirão nos respectivos resultados.
9. As avaliações realizadas em segunda chamada ocorrerão nas datas fixadas
pela Coordenação do Curso e abrangerão os temas tratados até a aula
imediatamente anterior. Para esta prova, não haverá consulta a qualquer
material.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. rev., atual. e


ampl. São Paulo: Saraiva, 2011. 1196 p. ISBN 9788502105683.
NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 7. ed. Rio de Janeiro: Método,
2012. ISBN 978-85-309-4388-2. Disponível em: .
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27. ed. atual. São Paulo:
Malheiros, 2012. 863 p. ISBN 8539201127.
COMPLEMENTAR

MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral,


comentários aos arts. 1º a 5º da constituição da República Federativa do Brasil,
doutrina e jurisprudência. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 331 p. (Temas jurídicos
; 3) ISBN 8522445125.
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7.
ed. Coimbra: Almedina, 2003. 1522 p. ISBN 9724021068.
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Tradução: Ernesto
Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997.
COMPLEMENTAR

TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 21. ed. rev. e atual. São
Paulo: Malheiros, 2006. 232 p. ISBN 8574207500.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 35. ed. rev. e
atual. São Paulo: Malheiros, 2012. 928 p. ISBN 8539201046.
1- CONSTITUCIONALISMO
E
DIREITO CONSTITUCIONAL
CONSTITUCIONALISMO E DIREITO CONSTITUCIONAL

ACEPÇÕES DA PALAVRA CONSTITUCIONALISMO

CONSTITUCIONALISMO - é um termo que pode ser empregado para


designar qualquer sistema jurídico que tenha uma Constituição para regular o
poder do Estado. Nesse estudo, trataremos do constitucionalismo em seu
sentido ESTRITO, que estabelece a limitação dos poderes governamentais e
estabelece um leque de direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Será
visto como um sistema jurídico dotado de uma constituição do regime
democrático, que se consolidou a partir das revoluções do século XVIII.
EVOLUCÃO HISTÓRICA

A evolução histórica do constitucionalismo representa o poder dos


governantes contra a liberdade dos governados. Enfoque interdisciplinar,
pois se conecta com elementos da ciência política.
O constitucionalismo não é um paradigma igualmente utilizado em todos os
países. Movimentos constitucionais se diferenciam do constitucionalismo. O
primeiro se refere ao desenvolvimento do constitucionalismo, daí se
verificar as diferenças entre o constitucionalismo de um país em relação ao
do outro. Vejamos a classificação do constitucionalismo
Constitucionalismo PRIMITIVO – surgiu nas primeiras coletividades
humanas, as quais eram geralmente ágrafas, regidas por costumes
(convicções religiosas), e no seio delas começaram a ser lançadas as primeiras
sementes. Essas comunidades se baseavam no costume, não havia
constituições escritas. Porém existiam referências antigas, que a doutrina
majoritária, costuma citar como exemplo os Hebreus que são considerados os
precursores do constitucionalismo. Eles de forma costumeira desenvolveram
a noção de que os poderes dos governantes estariam limitados pelos
chamados poderes do “senhor”, e os profetas deveriam dar esses limites
Constitucionalismo ANTIGO – a antiguidade greco-latina é uma fonte
importante do constitucionalismo e para o direito público. Na Grécia antiga
vigorou uma forma de organização política chamada de “polis”. As cidades
podem ser visualizadas como importantes formas de reconhecimento dos
cidadãos, sobretudo nas cidades-Estado que seguiam o modelo de Atenas de
democracia direta (os cidadãos participavam ativamente das decisões da
comunidade)
Com isso vemos a afirmação da cidadania e dos direitos dos cidadãos. Marcado
pela supremacia do Estado sobre a sociedade. Sócrates (colocou o homem
como a medida de todas as coisas, valorizou um governo limitado pela lei, e
morreu porque observou a lei – “é necessário que os homens bons sigam as leis
más, para que os homens maus sigam as leis boas”).
Platão e Aristóteles (obra política) criaram uma teoria de governo, nas
formas puras e impuras, até hoje seguidas por nós. Se essas formas puras de
governo (seguir o interesse comum) se degenerassem, haveria uma transição
de uma forma de governo para outra que também contribuíram para a
afirmação do constitucionalismo.
Em Roma também pode ser observada sementes do constitucionalismo.
Embora não houvesse Constituições escritas nem controle de
constitucionalidade, havia uma valorização do parlamento e algumas sementes
que limitavam o poder dos governantes.
Constitucionalismo MEDIEVAL – período marcado por uma profunda
fragmentação política econômica e cultural. Panorama fragmentário,
desenvolvendo o feudalismo, onde os senhores feudais exerciam não só o
poder econômico, mas também o poder político.
Marcado pela prevalência do poder da Igreja. Como contribuição
importante, podemos citar o desenvolvimento da ideia de que o REI só seria
REI se respeitasse a Lei, a qual nesse caso, não era o diploma escrito... lei
nesse momento, era um conceito amplo, que abarca do direito natural e os
costumes. Descumprindo esse conceito, o REI estaria descumprido as
“ordens de DEUS”.
Constitucionalismo INGLÊS – Magna Carta Libertatum – considerada uma
Constituição porque estabeleceu uma limitação ao poder do Rei, garantindo
o direito de propriedade, sobretudo da burguesia.

Petition of right, bill of rights, são exemplos de pactos escritos que foram
moldando o constitucionalismo inglês, com a progressiva limitação do poder
dos governantes e poder da burguesia. Foram se aprimorando as ideias de
liberdade dos cidadãos, do tribunal do júri, habeas corpus, liberdade
religiosa, acesso à justiça, e o devido processo legal.
O processo de formação do constitucionalismo inglês é peculiar, pois não é fruto
de revoluções – constituição histórica de governo misto – pois ao longo da
história foi acomodando diversas forcas (rei, igreja, burguesia), criando um
governo equilibrado, harmonizando as forças.
Essa harmonização inspirou Montesquieu. CRÍTICA: não nos levou a outros
elementos importantes (princípio da supremacia constitucional, porque na
Inglaterra com a valorização do parlamento, o qual tinha atos Supremos, não
puderam adotar esse princípio) e também não se afirmou o constitucionalismo
escrito, e nem a ideia de Rigidez constitucional (divergência na doutrina).
Constitucionalismo MODERNO – a rigor, o que entendemos hoje como
constitucionalismo, surge no constitucionalismo em sua acepção estrita. A
idade moderna não se inicia muito aberta para a ideia do constitucionalismo,
pois ela se inicia baseada no absolutismo monárquico, onde a burguesia
almejava não só poder econômico, mas também político.
A burguesia tinha uma aliança com o rei, constituindo os primeiros
Estados absolutistas monárquicos, sendo muito importantes, pois
firmaram 02 noções:
a) noção de territorialidade (território com espaço para exercício do
poder soberano do Estado);
b) afirmação da soberania do poder estatal.

Entretanto o absolutismo monárquico se tornou um estorvo para a


monarquia, exatamente por limitar o poder dos governantes.
Um dos autores que mais contribuiu foi John Locke(tratados sobre o governo
civil – ideia de relação de fidúcia – direito natural à revolução), que se
contrapunha às ideias do Leviatã. 02 marcos simbólicos:
a) a Constituição dos Estados Unidos da América do Norte – 1787 – a
independência dos EUA, foi um marco importante para a afirmação do
constitucionalismo moderno – revolução burguesa. Com a declaração de
independência, foi criada a constituição escrita dos EUA que até hoje está em
vigor.
Contratos de colonização – Contribuição importante: em 1º lugar a afirmação
de uma constituição escrita; em 2º lugar a supremacia constitucional; em 3º
lugar a ideia de controle de constitucionalidade realizado pelo poder Judiciário
(Madison X Marbury); em 4º lugar foi o Presidencialismo como sistema de
governo, porque este é a melhor salvaguarda a separação dos poderes; em 5º
lugar o Federalismo, porque este, nada mais é do que uma forma de repartição
vertical de poder;
em 6º lugar o Bicameralismo, pois limita o poder do parlamento, com a desvantagem de
manter a casa dos Lordes – os norte- americanos criaram o Bicameralismo democrático,
onde o povo elege os representantes; em 7º lugar contribuiu para a reafirmação da
democracia representativa, enfatizando o papel do povo, pois o poder legislativo emana do
povo.
b) a Constituição Francesa de 1791 – se desenvolveu de modo totalmente
contrário do constitucionalismo inglês. Aqui, foi criado através de um processo
revolucionário, de uma ruptura constitucional através da revolução francesa.
Foi a revolução liberal burguesa de maior relevância.
Contribuiu para o constitucionalismo ao criar a Declaração dos direitos do
cidadão frente a sociedade, afirmando que só haveria Constituição se o Estado
prevesse a declaração de poderes e os direito dos cidadãos, posteriormente se
transformando no preâmbulo da Constituição francesa.
Contribuições importantes:
- 1º Constituição escrita;
- 2º soberania /mais associada à nação e não ao povo – Jackes Rousseau;
- 3º princípio da separação dos poderes, em sua forma Tripartite;
- 4º previsão de direitos e garantias individuais;
- 5º não edificou a ideia do constitucionalismo no controle de
constitucionalidade, pois temiam que o Judiciário pudesse restaurar o antigo
regime (embora estivesse sofrendo mutações), mas podemos observar o
Conselho de Estado fazendo um controle de constitucionalidade.
CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO

Final do século XIX para o início do século XX – é um constitucionalismo


social. Período marcado pela questão social frente ao capitalismo, onde as
sociedades constatam a exploração dos trabalhadores no socialismo.

Verifica-se assim a necessidade do Estado intervir no livre jogo das forças


individuais, passando a um processo de intervenção do Estado para
proteger os mais fracos (trabalhadores) realizando justiça social. Essa
tendência se robustece no início do Século XX.
Pode citar como marcos desse momento:
- Constituição mexicana (1917)
- Constituição Alemã (1919) referidas como modelos importantes para a
criação da Constituição Brasileira de 1934.
CONTRIBUIÇÕES:

a) a ideia de um Estado intervencionista na economia, com a ideia de Justiça


social;

b) previsão dos direitos sociais e econômicos – direitos de 2o dimensão ou


geração;

c) prestações positivas do Estado para implementar direitos sociais e


econômicos, como educação, moradia, previdência social etc.;
d) constitucionalismo DIRIGENTE – que muitos negam ser base para a
Constituição brasileira;

e) desenvolvimento dos instrumentos de democracia participativa, pois


verificou-se que a democracia representativa não atendia à vontade do povo,
pois os governantes atuavam em nome próprio buscando seus próprios
interesses;
f) iniciativa popular – plebiscito, referendo, veto popular, Recall etc.;
g) normas constitucionais programáticas;
h) relativização do poder legislativo;

i) previsão ou organização do Estado social de direito, Estado comprometido


com a Justiça Social.
NEOCONSTITUCIONALISMO

Nova forma de interpretação surgida após a segunda grande guerra mundial.


Tem como primeiras referências históricas, a Constituição alemã de 1949 e a
Constituição Italiana de 1947. Não se inicia ao mesmo tempo em todos os
países. Na Europa continental se deu com a promulgação das Constituições
acima descritas; no Brasil, com a Constituição Federativa do Brasil de 1988.
Do ponto de vista filosófico, o chamado neoconstitucionalismo é uma
expressão do pós-positivismo jurídico, que é um novo modelo de
compreensão e interpretação do direito. Ele representa a superação das
posições do jus naturalismo e do positivismo jurídico dos séculos XIX e XX,
porque o jusnaturalismo é uma doutrina dos direitos naturais,
fundamentação axiológica do direito.
Essa concepção embora tenha um mérito, é muito critica por tratar de um
valor justiça único e imutável, pressupondo uma única ideia de justiça.
Positivismo Legalista – direito legislado – implica no sistema jurídico como
sistema de normas – teoria de Hans KELSEN. Positivismo Jurídico, embora
ofereça parâmetros de segurança – dimensão normativista, não contempla o
exame da legitimidade e justiça do sistema jurídico; essa discussão se tornou
nítida com a segunda grande guerra mundial.
Com tudo isso se criou o PÓS-POSITIVISMO JURÍDICO, aproveitando do pós-
naturalismo o debate jurídico sobre a justiça realizada na dimensão concreta /
princípios. Do positivismo ele se apropria da preocupação em operacionalizar
a aplicação de normas. O NEOCONSTITUCIONALISMO é a expressão desse
movimento no âmbito da Constituição. No Brasil com a CF/88, ele veio a
oferecer elementos importantes para o direito brasileiro.
CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO:

A) Previsão da forma do Estado constitucional de direito – Estado que sintetiza


o Estado social de direito, o Estado deve buscar através de suas políticas
sociais e fins em si mesmo, conciliar legalidade com legitimidade, igualdade
com liberdade;
B) As Constituições deixam de ser vislumbradas como meras cartas políticas,
cartas que ofereciam meras recomendações, pois nele as constituições são
entendidas como conjunto de normas fundamentais imperativas com ampla
eficácia jurídica e fundamental para os cidadãos;

C) Implica a consideração da Constituição não somente em seu sentido


formal, mas também no sentido substancial ou material – a CF não deve ser
entendida como um sistema PURO de normas, deve ser entendida também
como um espelho dos fatos sociais e repositório dos valores mais
importantes da sociedade;
D) Previsão de novo valor fundamental do Estado de direito – a dignidade da
pessoa humana. Proibição de toda e qualquer ação do Estado ou do particular
que venha a degradar a dignidade do ser humano. Hoje largamente
reconhecida, promove também a conexão da ordem jurídica interna com a
ordem jurídica internacional (art. 5o, § 3o, CF/88. – BLOCO de
constitucionalidade, ampliando os parâmetros para o controle de
constitucionalidade);
E) Previsão de amplo aberto e inexaurível catálogo de direitos humanos
fundamentais. Lembrando que esses direitos não excluem outros direitos
sociais como saúde, segurança, educação, proteção à maternidade, etc.
Direito trans-individuais – interesses difusos (art. 216, CF e art. 5o, § 2o, CF);

F) Normas regras – ex: Brasília é a capital Federal – art. 18, CF;

G) Desenvolvimento de uma nova interpretação constitucional –


hermenêutica constitucional – não mais aqueles métodos: gramatical,
sociológico, intelectual, etc., mas a colocação de novo métodos como, por
exemplo: método hermenêutico concretizador e normativo estruturante;
H) Os princípios constitucionais são normas jurídicas, devem ser levados a
sério, considerados superiores do ponto de vista axiológico;

I) Nova teoria da justiça – hoje em dia vem sendo discutida a teoria de John
Rawls, inserindo 02 princípios: o da liberdade e o da diferença;

J) Legitimação do ativismo judicial – o poder judiciário está sendo chamado


para implementar os direitos fundamentais, para promover a concretização
do regime democrático, podendo examinar o mérito de opções
discricionários feitas pelo administrador em função da sociedade – RESERVA
DO POSSÍVEL.
K) A emergência do fenômeno da constitucionalização do direito. Constitui-
se em 03 sentidos básicos:

- SENTIDO AMPLÍSSIMO – seria a previsão de uma Constituição como lei


fundamental e hierarquicamente superior. Não nos ajuda a compreender a
essência do fenômeno.

- SENTIDO AMPLO – seria mera previsão do direito infraconstitucional no


texto da Constituição. O Brasil se identifica com esse sentido, pois prevê os
diversos ramos do direito, diversos artigos, etc. No Brasil essa Constituição
prolixa se justifica pelos fatos históricos envolvidos.
- SENTIDO ESTRITO – seria a própria expansão dos efeitos jurídicos da
Constituição que se situada no centro do sistema jurídico passa a irradiar a
aplicação a todos os ramos do direito condicionando a aplicação dos mesmos,
inclusive a aplicação do direito privado –processo de filtragem hermenêutica.
Estabelece os vetores para a interpretação e aplicação de todos os direitos.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Conceito: ramo do saber que se debruça sobre o estudo da constituição.

É importante entendermos que a constituição é, por excelência, o


instrumento que disciplina o poder do Estado, visto que cria os próprios
elementos constitutivos deste, assim como dispõe sobre os limites e
obrigações estatais.
Sendo assim, vemos que a constituição é o elemento central do estudo do
direito público, pois este nada mais é do que o ramo de estudo que aborda a
relação de poder soberano que o Estado exerce tanto no sentido vertical (em
relação aos cidadãos, aos particulares), quanto no sentido horizontal (em
relação a outros Estados). Assim, podemos dizer que estudar a constituição é
estudar o próprio Estado, pois será ela, repete-se, quem dará os contornos e
as possibilidades de exercício do poder estatal.
Devemos notar que a função constitucional de dar os contornos ao poder
estatal representa a dimensão constitucional que se realiza no presente,
enquanto a função de expor todas as possibilidades de exercício do poder
do Estado representa uma dimensão que se projeta para o futuro,
tornando, assim, a constituição também um documento programático no
que tange à evolução do povo, da nação e do próprio Estado.
Da perspectiva didática do ensino do direito, o direito constitucional se
conceitual como um ramo do direito público. Devemos ter em mente que
não é tarefa das mais simples, como pensam alguns, separar o que é direito
público do que é direito privado. Enquanto de forma superficial se diz que o
direito público é aquele em que se verifica a predominância do poder
soberano do Estado, vê-se que de forma crescente áreas tidas como
essencialmente privadas, a exemplo do direito civil, passam a apresentar
interferência gradativa do poder publico, mesmo que como vetor regulador
das relações entre particulares.
Como essa discussão passa ao largo do nosso objetivo neste estudo,
contentamo-nos em afirmar que o direito constitucional é um ramo do
direito público nos limites impostos pelo interesse estritamente didático do
ensino jurídico, mas sempre nos lembrando de que é defensável a tese de
que não há e nem mesmo é possível a distinção entre público e privado no
direito, pois ele é um só.

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