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ATENDIMENTO

PRÉ-HOSPITALAR
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Assunto:

Avaliação da Vítima

(Manual Operacional de Bombeiros Resgate Pré-Hospitalar e Manual do Curso de Capacitação e Socorro Pré-Hospitalar Militar - CCSPHM-IFISAL)
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Objetivo
- Definir Avaliação Primária e Secundária;
- Diferenciar a Avaliação Primária da Avaliação
Secundária;
- Aplicar corretamente a Avaliação Primária ; e
- Saber quando e como aplicar a Avaliação
Secundária.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Introdução;
Desenvolvimento;
- Avaliação Primária;
D (Danger): Avaliação do Cenário;
R (Responsive): Responsividade;
X (Exsanguinação): Contenção de hemorragias;
A (Airways): desobstrução de vias aéreas com controle de coluna cervical;
B (Breathing): Respiração;
C (Circulation): Circulação.
- Avaliação Secundária;
D (Disability): Estado Neurológico (Subjetiva e Objetiva);
E (Exposure): Exposição da vítima.

- Reavaliação e Monitoração.
Conclusão.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Introdução
Em 1976, ao sofrer um acidente com sua família,
o cirurgião ortopédico Jim Styner pôde perceber as
fragilidades dos cuidados em primeiros socorros de
vítimas de traumas. Depois dessa experiência, o
médico desenvolveu o protocolo ABCDE do
trauma*, que passou a ser empregado em diversas
regiões do mundo a partir de 1978, sendo ministrado
neste ano o primeiro curso sobre o tema.
ABCDE do trauma* - Protocolo atualizado para XABCDE, conforme 9ª edição do PHTLS.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

A importância do método desenvolvido


por Jim Styner não demorou a ser reconhecida
pelas autoridades médicas, uma vez que só
com esses cuidados é possível realmente
estabilizar o paciente, deixando-o mais
seguro para o transporte e para quaisquer
outras intervenções que se façam necessárias.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

O atendimento pré-hospitalar representa


todos os cuidados iniciais prestados a uma vítima de
acidente ou mal súbito, fora do ambiente
hospitalar. São cuidados feitos através de
manobras simples, utilizando técnicas e
materiais disponíveis, com a finalidade de
preservar a vida e evitar agravamento de seu
estado até o atendimento especializado.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

A avaliação da vítima e as manobras


instituídas para salvar a vida são simples,
desde que conhecidas e aplicadas por pessoa
que tenha conhecimento sobre o que deve e
o que não deve ser feito, proporcionando ao
socorrista tranquilidade e segurança para
agir de modo rápido e seguro.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Qualquer medida de primeiros socorros é
precedida por Avaliação da Vítima, com a
finalidade de detectar os problemas que a
acometem e prestar os cuidados necessários
por ordem de prioridade.
Essa avaliação é realizada através de
duas etapas: Avaliação Primária e
Avaliação Secundária.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Antes de iniciar a avaliação da vítima
propriamente dita, o socorrista deverá
remover/neutralizar qualquer perigo que
coloque a vítima ou ele próprio em risco, bem
como remover a vítima do local do sinistro,
caso haja necessidade, para prestar socorro
com segurança.
Como exemplos podemos citar:
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Os acidentes elétricos
Antes de iniciar o atendimento à vítima a
fonte elétrica deverá ser desligada para que
o socorrista possa prestar socorro sem se expor,
assim não correrá o risco de se tornar uma
segunda vítima;
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Os acidentes automobilísticos
Estes deverão ser sinalizados para evitar novos
acidentes e minimizar os riscos de exposição de
quem está prestando atendimento, assim como os
das próprias vítimas.
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Avaliação Primária
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
A Avaliação Primária é o exame sucinto e
sistematizado da vítima, que permite detectar
situações que ameaçam a vida. Essas situações são
detectadas através da verificação de alguns
parâmetros, avaliados num período de 15 a 30
segundos, obedecendo a uma sequencia de
prioridades.
A frase “DR XABCDE”, resume, em inglês, a
Avaliação Inicial (ou primária), de modo geral.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
D Danger PERIGOS
R Responsive RESPONSIVIDADE
X Exsanguinação HEMORRAGIAS
A Airways VIAS AÉREAS
B Breathing RESPIRAÇÃO
C Circulation CIRCULAÇÃO
D Disability DEFICITS
E Exposition EXPOSIÇÃO.
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O “D” (danger), representa perigo, ou seja, o
socorrista deve lembrar-se dos 3 itens de segurança:
pessoal, cena e situação;
O “R” (responsive), a responsividade (nível de
consciência) deve ser avaliada;
O “X” (Exsanguinação), diz respeito ao controle de
grandes hemorragias;
O “A” (airway), refere-se às vias aéreas que deverão
estar pérvias (livres) e à imobilização da coluna cervical;
O “B” (breathing), relaciona-se com a respiração e
ventilação;
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O “C” (circulation) trata da circulação sanguínea;
O “D” (disability) à avaliação neurológica simplificada
(AVDI + pupilas) e;
O “E” (exposition) à exposição da vítima (retirando-
se as vestes.
Assim, é importante que todas as etapas sejam
executadas nesta sequência, sem atropelamentos ou
omissões.
A seguir, a avaliação da vítima será explicada
passo-a-passo.
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D (Danger)
(Neutralização de riscos evidentes e não evidenciados)
Olhe o local do evento tentando identificar
quais perigos ainda estão latentes e quais lesões
poderão ser detectadas na vítima. A descrição do
acidente ou mal súbito poderá ser feita pela
própria vítima (se consciente) ou por pessoa que
tenha presenciado o ocorrido; sendo assim,
questione testemunhas.
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R (Responsive)
(Nível de consciência da vítima através da fala)
O nível de consciência deverá ser avaliado
chamando a vítima ou dando-lhe um comando
vigoroso, em voz alta, por três vezes, tocando-a
pelos ombros com cuidado:
“Ei, você está bem?”;
“O que aconteceu?” ou
“Abra seus olhos!”.
Se a vítima responder significa que a respiração
e a circulação estão presentes.
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Essas perguntas visam avaliar, de maneira
rápida e sucinta, o estado respiratório,
circulatório e neurológico da vítima, por meio
das respostas emanadas. Respostas coerentes
mostram que a mesma está orientada e
respirando, que o sistema circulatório e
neurológico estão preservados até o presente
momento, porém não se pode afirmar que
problemas futuros não poderão ocorrer.
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Durante a avaliação, deve-se seguir


estritamente a sequência alfabética descrita e só
seguir adiante quando aquela em que estivermos
avaliando já esteja sem alterações.
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X (Exsanguinação)
(Contenção de hemorragia externa grave)
A abordagem a esta, deve ser antes mesmo do
manejo das vias aérea uma vez que,
epidemiologicamente, apesar da obstrução de vias
aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto
período de tempo, o que mais mata no trauma são
as hemorragias graves.
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A (Airways)
(Desobstrução de Vias Aéreas com controle de Coluna Cervical)

Esta etapa visa o controle de coluna cervical e a


liberação de vias aéreas. O socorrista, ao estabilizar a
coluna cervical da vítima com as mãos, deve checar a
responsividade. Caso responda, considera-se que as vias
aéreas estão liberadas. Caso contrário, realiza-se
manobras de liberação de vias aéreas, que visam
desobstruir o canal e impedir a queda da língua, situação
essa que ocorre quando a vítima está inconsciente.
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Para proceder às manobras de abertura de
vias aéreas a vítima deverá estar em posição
supina, sobre superfície plana e rígida. Se a
vítima estiver em decúbito ventral, o socorrista
deverá posicioná-la rolando-a em bloco, mantendo
a cabeça, pescoço, ombros e dorso alinhados.
A abertura das vias aéreas deve ser realizada
conforme as técnicas preconizadas em Manejo de
Vias Aéreas:
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Após a liberação de vias aéreas, deve-se


concluir a estabilização da coluna cervical que
visa a respectiva imobilização, impedindo qualquer
movimento da região e evitando-se o
agravamento da lesão, caso haja. Além disso, a
perfeita imobilização evitará a lesão no bulbo, que
levará a uma parada respiratória.
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Imobilização da coluna cervical
A primeira estabilização é feita com as mãos,
na posição em que a vítima se encontrar, sendo que
a equipe de socorristas movimentará a vítima de
forma que ela fique em decúbito dorsal. Somente
nessa posição será colocado o colar cervical, exceto
em vítima no interior do veículo/aeronave, que
poderá receber o colar cervical após a equipe
estabilizá-la e deixá-la sentada no banco do veículo.
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A imobilização da coluna cervical deverá ser
feita a seguir, caso a situação assim o permita e
esteja indicada, através da colocação de um colar
cervical.
Normalmente são necessárias duas pessoas
para o procedimento; sendo que uma delas irá
manter o alinhamento e imobilização da
cabeça e pescoço, enquanto a outra coloca o
colar cervical.
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O colar cervical não é garantia de estabilidade


completa da coluna cervical, pois os movimentos
de rotação e lateralização da cabeça ainda são
exequíveis. Dessa forma, mesmo após a colocação
do colar, o socorrista só deixará de estabilizar com
as mãos a coluna cervical da vítima após colocá-la
na prancha e afixar os coxins laterais (head
block) com as fitas de testa e de queixo.
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B (Breathing)
(Qualidade da respiração)
Avalia-se a respiração da vítima pelo método
mnemônico V.O.S – ver, ouvir e sentir.
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Caso a vítima não esteja respirando, inicia-se
imediatamente a reanimação respiratória e
verifica-se o pulso carotídeo para constatar
ocorrência de parada cardiorrespiratória.
Em situações que a vítima tenha respondido às
perguntas, quando checado a responsividade,
considera-se que a vítima está respirando e
observa-se como está a sua respiração. Nesses casos,
avalia-se a qualidade quanto à velocidade,
profundidade, ao ritmo e sons.
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Em caso de respiração muito lenta (abaixo de
12 repetições por minuto) ou muito rápida (acima
de 30), deve-se administrar oxigênio e avaliar a
necessidade de realizar ventilação assistida. Nesses
casos, deve-se inspecionar o tórax da vítima e, se
possível, auscultar o pulmão visando encontrar
motivos de alteração respiratória da vítima.
Caso não observe respiração, o socorrista
deverá fazer duas insuflações e confirmar a
permeabilidade das vias aéreas.
Insuflações de Resgate
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Em caso de obstrução das vias aéreas, proceda


às manobras para desobstruí-las, no caso de
parada respiratória, aplique as manobras de
ventilação artificial.
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C (Circulation)
(Qualidade da circulação sanguínea)

Avalia-se o funcionamento do sistema


circulatório. Inicia-se com a verificação do
pulso, sendo que, em vítimas conscientes, checa-se
a presença dos pulsos distais (radial ou pedioso), sua
qualidade e regularidade.
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As alterações em quaisquer dos itens
avaliados remete a uma avaliação ainda mais
criteriosa quanto à questão de funcionamento
do sistema circulatório. Nas vítimas
inconscientes, checa-se o pulso carotídeo ou
femoral.
Nas situações em que o pulso carotídeo
não estiver presente, inicia-se de imediato os
procedimentos de reanimação cardíaca.
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Após a verificação do pulso, checa-se
então a perfusão capilar e a coloração da
pele. A perfusão capilar acima de 2 segundos
significa que não há oxigenação adequada. A
perfusão pode ser avaliada também
observando-se a coloração das unhas e dos
lábios da vítima. A pele pálida e cianótica
são também sinais de má oxigenação dos
tecidos.
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Recomenda-se a palpação da artéria
carótida pela facilidade de acesso: localize a
cartilagem tireóide (Pomo-de-Adão) na região
anterior do pescoço, utilizando os dedos indicador e
médio, deslizando-os lateralmente para o mesmo
lado em que está posicionado. Deve-se exercer leve
pressão durante cinco segundos para perceber a
presença ou não de pulso central em vítima
inconsciente.
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Se há pulso e a respiração está ausente


aplique as manobras de ventilação artificial:
uma ventilação, com duração de 1,5s, a cada
3s (12 a 20 ventilações por minuto).
Se o pulso estiver ausente, estará
configurada uma Parada
Cardiorrespiratória.
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Avaliação Secundária
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É o exame que se segue à avaliação primária,
depois que se constata que o paciente respira, tem
pulso e se encontra estabilizado. É um exame
minucioso de todos os segmentos do corpo, também
chamada de avaliação da “cabeça aos pés”.
Visa detectar lesões que, embora graves, não
colocam a vítima em risco iminente de vida.
Esta avaliação é dividida em objetiva e
subjetiva.
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Subjetiva: trata-se de um rol de perguntas
direcionadas à complementação da avaliação da
vítima (anamnese). O socorrista deve:
- Conversar com a vítima, se consciente, fazendo
um histórico resumido (nome, idade, como ocorreu
o acidente, queixas principais, endereço e telefone);
- Usar o AMPLA (Ambiente, Medicamentos,
Passado médico, Líquidos e alimentos e Alergias); e
- Conversar com acompanhantes e testemunhas.
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Objetiva:
- Examinar da “cabeça aos pés”;
- Reavaliar a respiração, circulação e
temperatura;
- Aferir a pressão arterial com o uso do
esfigmomanômetro.
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Ao iniciá-la em vítimas com história de
trauma, é necessário que a coluna cervical já esteja
imobilizada por um colar cervical. Em não
havendo material adequado, é melhor improvisar
do que não fazer nada.
O colar cervical é um dispositivo usado para
limitar a movimentação do pescoço, evitando
e/ou diminuindo dano medular em vítimas com
história de trauma.
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O de uso pré-hospitalar é mais rígido,


possuindo um orifício largo à frente, para o
acesso à traqueia e às carótidas.
Possui vários tamanhos, conforme a altura
do pescoço, codificados em cores. Também
hoje se encontram colares únicos, com altura
regulável.
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Para proceder a esta avaliação o socorrista
deverá expor a vítima somente o necessário,
respeitando o pudor individual.
Deve-se olhar para a vítima buscando sinais
ou lesões óbvias. Ela poderá assumir alguma
posição que denote dor, como por exemplo: posição
fetal, segurando ou apontando determinado
segmento do corpo ou permanecendo em posição
que melhore a respiração.
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Prossegue-se à análise secundária buscando
informações subjetivas, obtidas do próprio
paciente ou testemunhas.
Com essas informações o socorrista poderá
obter a história do mecanismo de trauma, queixas
e sintomas que o paciente relata. Quando a vítima
estiver consciente, o socorrista identifica-se como tal
e diz o que irá fazer. A seguir, irá buscar novas
informações objetivas, ou seja, aquelas obtidas por
ele mesmo.
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Com essas informações o socorrista poderá
obter a história do mecanismo de trauma,
queixas e sintomas que o paciente relata.
Quando a vítima estiver consciente, o
socorrista identifica-se como tal e diz o que irá
fazer. A seguir, irá buscar novas informações
objetivas, ou seja, aquelas obtidas por ele
mesmo.
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Sinais vitais
O socorrista inicia pelos chamados sinais
vitais. Estes sinais são: Frequência
Respiratória (FR), Pulso (P),
Temperatura (T) e Pressão Arterial (PA).
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Pulso
É a onda de impulso e retração do sangue,
percebida através da palpação de uma artéria,
resultante dos batimentos cardíacos. Na palpação,
verifica-se a frequência do pulso que, num
indivíduo normal deve variar entre 60 e 100
batimentos por minuto (bpm) em repouso.
Entretanto, fatores como idade, febre, estado
atlético ou emocional podem induzir variações
para mais ou para menos.
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Em adultos pode-se verificar o pulso em várias
artérias. Caso haja dificuldade para encontrá-las, é
preferível a artéria carótida.
A técnica correta para se obter o pulso arterial
é apalpar o vaso desejado utilizando-se as pontas
dos dedos indicador e médio, em contraposição
ao polegar, exercendo leve pressão contra o osso;
conta-se o número de batimentos durante quinze
segundos e multiplica-se por quatro para se
estabelecer a frequência em um minuto.
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Respiração
Para verificar a respiração posiciona-se ao
lado da vítima e simulando que se verificará seu
pulso radial. Deve-se contar a FR (nº MR/min)
durante quinze segundos e multiplicá-la por
quatro para obter a frequência em um minuto.
Cada movimento respiratório corresponde a uma
elevação e a uma retração da caixa torácica. No
indivíduo adulto considera-se normal de 12 a 20
movimentos por minuto.
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Durante este procedimento, verifica-se o
ritmo respiratório, a amplitude respiratória e
a presença de sons anormais (como roncos,
murmúrios, sibilos ou chiados e assobios).
Em condições basais, os movimentos
respiratórios se dão em ritmo regular, sem variações
importantes de frequência e amplitude.
Quando o ritmo respiratório é irregular,
frequentemente há lesão neurológica associada,
comprometendo o centro regulador da respiração.
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Se a vítima estiver consciente, deve-se
perguntar se sente dor ou dificuldade para respirar,
observando se ela utiliza músculos acessórios
(músculos utilizados para ajudar na dinâmica
respiratória, normalmente não utilizados) como os
músculos abdominais.
Se mesmo assim for difícil estabelecer a
frequência respiratória, coloca-se a mão próxima à
região do processo xifoide para se sentir a
inspiração e expiração.
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Temperatura
Febre é rara nos traumas, porém, deve
deixar o socorrista alerta para contaminações
do ambiente. Pele fria, salvo hipotermia, pode
representar falha circulatória ou choque.
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Pele
A pele é o retrato das condições
circulatória e respiratória da vítima. Este
parâmetro é extremamente importante, pois
pode indicar, indiretamente, sinais de choque
hemorrágico, colapsos circulatório e
respiratório.
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A pele da vítima poderá apresentar-se
normal, quente ou fria, assim como seca,
úmida ou pegajosa, corada ou descorada
(pálida) ou cianótica. A cianose é
caracterizada por um tom azulado da pele,
manifestada pela hipóxia devida à
diminuição da oxigenação ou da irrigação
sanguínea.
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Devem ser observadas as extremidades


como lóbulo da orelha, lábios, leito das unhas
e mucosas (sob a língua e gengivas). Esses dois
fatores, cor e temperatura da pele são
observados constantemente, durante toda a
avaliação da vítima.
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Examine as conjuntivas (membranas mucosas
finas, vermelhas e muito vascularizadas que se
localizam na região posterior das pálpebras), elas
têm importância significativa no exame físico de
pessoas com anemia (e hemorragia é uma anemia
aguda), nas quais a coloração torna-se pálida. Na
presença de palidez suspeita-se de hemorragia
importante, que pode ser visível ou não, exigindo
mais rapidez no transporte.
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D (Disability)
(Avaliação de Déficits Neurológicos)
Durante a avaliação primária, checou-se
apenas a responsividade. Este é um modo
grosseiro de se avaliar déficits neurológicos.
Agora o socorrista vai dar continuidade ao DR
ABCDE, a partir do “D”.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Uma vez que o cérebro é órgão que mais
consome oxigênio, é também o mais sensível às
alterações cardiovasculares e respiratórias.
A letra “D” destina-se à avaliação do Estado
Neurológico da vítima. Para isso, realiza-se duas
avaliações: Escala de Coma de Glasgow – ECG.
A ECG tem por finalidade avaliar o nível de
consciência da vítima por meio de resposta
motora, ocular e verbal.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Nada mais simples do que se perguntar à
vítima o próprio nome. Esta informação é valiosa,
pois, quando respondida, mostra que a pergunta
foi entendida, indicando circulação sanguínea,
respiração e nível de consciência adequados.
Caso contrário, o paciente deverá ser avaliado
através da “Escala de Coma de Glasgow”, ou
GCS (Glasgow Coma Score).
Esta escala permite que se dê uma pontuação
ao paciente, que varia de 3 a 15.
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Mais do que determinar a gravidade da
situação clínica de um paciente, a sua aplicação
mais de uma vez permite que se perceba se o
paciente está afundando ou se recuperando. Ela
é de fundamental importância na avaliação de
vítimas de trauma cranioencefálico.
São avaliados 3 parâmetros: a abertura
ocular, a melhor resposta verbal e a melhor
resposta motora.
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Ao se dirigir à vítima, é feita uma entrevista


rápida indagando se sente dor, sensação de
formigamento, calor ou perda da
sensibilidade em alguma parte do corpo.
No trauma, muitas vezes o quadro clínico é
tão evidente e impressionante que esquecemos que
outras patologias também podem estar presentes
por debaixo daquela situação.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Dessa forma, deve-se perguntar se é


portadora de alguma doença e se faz uso de
algum medicamento; se é alérgica a remédios
e/ou a algum tipo de alimento, e quando foi
sua última refeição.
Todas essas informações são de extrema
importância para o manejo do paciente.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Caso não se tenha ainda esclarecido o


mecanismo de trauma, novas perguntas
poderão esclarecer o assunto:
- Qual o lugar que ocupava no veículo?
- Usava cinto de segurança?
- Foi arremessado contra o painel ou pára-brisa?
- Foi ejetada para fora do veículo?
- Houve capotamento?
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É importante também se perguntar por outras


vítimas que possam ter passado despercebidas.
Enfim, todas as informações acerca do evento
são de extrema valia na condução do atendimento,
partindo sempre da queixa principal,
direcionando a entrevista e a assistência que
deverão ser feitas concomitantemente durante a
avaliação da vítima.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

E (Exposition)
(Exposição dos ferimentos)
De posse do conhecimento sobre a história do
trauma, poderemos imaginar quais órgãos e regiões
podem ter sido afetados. A vítima deve ser exposta
o suficiente para que todas as regiões sejam
examinadas, sem, entretanto, atentar contra o
pudor e a dignidade do paciente.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Durante o exame da “cabeça aos pés”, deve-


se mover a vítima o mínimo possível,
principalmente nos casos em que há qualquer lesão
acima das clavículas, pois isso indica provável lesão
da coluna cervical e deve ser tratada com tal
consideração até que um exame definitivo descarte
essa possibilidade.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Cabeça e Pescoço
Ao palpar todo o couro cabeludo, pescoço e
face, deslizam-se os dedos por toda a extensão,
delicadamente, buscando-se sinais de sangramento,
ferimento, inchaço ou mesmo de depressão ou
projeção ósseas, caracterizando fraturas. Deve-se
manter a cabeça fixa manualmente durante todo
procedimento.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

O paciente que já estiver com colar cervical


deve permanecer com o mesmo todo o tempo,
deixando-se a retirada para o ambiente intra-
hospitalar.
O exame, se já não tiver sido feito, poderá ser
realizado através de seu orifício frontal. Perda da
voz, rouquidão, dor e enfisema subcutâneo são
sinais de trauma.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Procede-se ao exame da face em busca


de sinais de fraturas como: hematomas,
deformidades ou assimetria dos ossos da face,
ferimentos, depressões e esmagamentos ósseos.
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Olhos
Deve-se verificar se há cortes, queimaduras
de pálpebras e cílios ou objeto encravado.
Atentar à coloração ao redor dos olhos como
presença de equimose, pois indica possível
trauma craniano. A equimose é caracterizada
por manchas avermelhadas ou violáceas
decorrentes de extravasamento de sangue sob a
pele.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Considera-se trauma craniano qualquer


agressão que acarrete dano anatômico ou
funcional das estruturas cranianas como couro
cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo.
Nesse momento devem-se verificar as pupilas,
quanto ao tamanho, simetria e reação à luz. A
pupila corresponde à abertura no centro da íris que
permite a passagem de luz.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Caracteriza-se por um ponto preto que varia


de tamanho conforme o estímulo luminoso ou
patologias que afetam os músculos ou nervos
responsáveis por sua movimentação.
Quanto ao tamanho, as pupilas poderão estar
contraídas (mióticas) quando recebem iluminação
intensa, ou dilatadas (midriáticas) na ausência ou
diminuição da luminosidade.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Na presença de trauma craniano, essas


características poderão estar alteradas, bem
como a simetria. Normalmente elas são do
mesmo tamanho, ou seja, iguais (isocóricas).
Quando desiguais, são chamadas de
anisocóricas.
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Orelhas e Nariz
É verificado se há saída de sangue ou
líquido cefalorraquidiano por essas
estruturas. Caso positivo, indica possível
fratura de ossos do crânio. Verifica-se ainda a
simetria e a presença de lesões e inchaços
no nariz.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

O líquido cefalorraquidiano é um líquido


claro que circula entre as meninges, e sua
principal função é proteger o sistema nervoso
central, agindo como amortecedor de choques
mecânicos aplicados principalmente na
cabeça.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Boca
No exame mais acurado da cavidade
bucal, tenta-se identificar e remover corpos
estranhos que porventura tenham passado
desapercebidos. Observa-se a coloração dos
lábios, das gengivas e da língua.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Tórax
Deve-se inspecioná-lo em busca de
ferimentos, inchaços, deformidade, retrações,
assimetria, objetos encravados ou fraturas.
Observa-se se a expansibilidade é
bilateral, palpam-se as clavículas e
costelas buscando deformidades, crepitações
ósseas, áreas de dor ou mesmo ferimentos com
fraturas expostas e enfisema subcutâneo.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

O enfisema subcutâneo é caracterizado pela


presença de ar abaixo da pele, no tecido
subcutâneo. Tem como característica principal a
sensação de crepitação durante a palpação da
região acometida, como a que se sente quando se
apalpa um pedaço de plástico com bolhas.
Procure identificar sons anormais durante a
respiração da vítima.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Abdome
Examina-se o abdome da vítima em busca de
hematomas, abrasões, ferimentos abertos ou objeto
encravado, ou ainda qualquer desconforto. Se a
vítima estiver consciente e referir dor abdominal, o
socorrista se limitará à inspeção.
Observa-se a posição que a vítima assume. O
socorrista poderá aliviar a dor abdominal
permitindo-a que flexione os joelhos e quadril,
mantendo-a aquecida.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Vítimas com história de trauma deverão


permanecer em posição supina (decúbito dorsal)
sem flexionar as pernas.
Deve ser verificado se há distensão, rigidez
ou dor à palpação superficial, delimitando
qual o quadrante abdominal acometido, se
possível. Este dado é importante, pois auxilia o
socorrista a suspeitar de hemorragia interna.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
O QSD contém o fígado, a vesícula biliar,
parte do intestino grosso e o rim direito; no QSE
está o estômago, o baço, o pâncreas, parte do
intestino grosso e o rim esquerdo; o ovário direito e
parte do útero em mulheres; o apêndice, parte do
intestino grosso, o ureter direito e a bexiga urinária
estão contidos no QID e, no QIE, parte do intestino
grosso, o ovário esquerdo e parte do útero em
mulheres, e parte da bexiga urinária.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Extremidades
Aqui são avaliados a pelve (bacia), todo
o dorso e extremidades (braços e pernas).
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Dorso
Palpa-se com delicadeza toda a coluna
vertebral. Devem-se pesquisar regiões dolorosas,
com inchaços, afundamentos ou deformidades
ósseas, hematomas e ferimentos. É difícil determinar
fraturas da coluna vertebral, pois muitas vezes os
sintomas se confundem, e a queixa de dor da
vítima é em outra região.
Deve-se movimentar a vítima o mínimo
possível durante o exame.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

A incontinência urinária e/ou fecal e


priapismo em homens, que é caracterizado
por ereção peniana prolongada sem
estimulação sexual, normalmente são
causas de lesão medular decorrentes de
fratura ou deslocamento da coluna
vertebral.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Nessa fase verifica-se o pulso da artéria


femoral bilateralmente, observando
características como simetria e amplitude
do pulso comparativamente, podendo estar
diminuído ou ausente nas obstruções
parciais ou totais no ramo arterial examinado.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Pelve
Buscam-se alterações que com frequência
estão relacionadas a fraturas de bacia, como
hematomas, deformidade articular no quadril,
sangramento pelo ânus ou uretra. O exame é feito
pressionando-se moderadamente as cristas
ilíacas, simultaneamente, observando-se
crepitação óssea, dor ao procedimento ou
instabilidade da bacia.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

A crista ilíaca faz parte do osso do quadril


chamado íleo; é a extremidade superior expandida
e pode ser palpada em toda sua extensão,
bilateralmente.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Coxas e Pernas
Devem-se pesquisar hematomas,
sangramentos, deformidades ou espículas ósseas,
muitas vezes visíveis em fraturas expostas ou
ferimentos.
Palpa-se toda a extensão da coxa e perna
buscando deformidades como angulações ou
encurtamentos, inchaços, espasmo muscular,
crepitação óssea. Observa-se a presença de
abrasões, palidez ou cianose de extremidades.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Avalia-se a circulação distalmente à lesão
existente, verificando-se a temperatura, cor da
pele, enchimento capilar e pulso da
extremidade lesada.
O enchimento capilar é verificado no leito
das unhas e polpas digitais, comprimindo-as e
soltando-as rapidamente, pesquisando se a
circulação está normal (retorno em menos de 2s da
circulação local) ou retardada (retorno maior que
2s da circulação local) ou mesmo ausente.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

A palpação da artéria poplítea é


realizada pressionando-se levemente a região
posterior do joelho, bilateralmente; a artéria
tibial posterior é o maior ramo terminal da
artéria poplítea.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Sua porção inferior pode ser palpada


posteriormente ao maléolo medial,
exercendo leve pressão contra a proeminência
óssea da extremidade ínfero-medial da
tíbia. Essa avaliação é muito importante em
casos de fraturas dos membros inferiores.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Braços
Inicia-se inspecionando e palpando os
ombros até os dedos, pesquisando presença
de abrasões, hematomas, ferimentos, espículas
ósseas, aumento de volume, deformidades,
palidez e cianose de extremidades.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
Inicia-se inspecionando e palpando os
ombros até os dedos, pesquisando presença
de abrasões, hematomas, ferimentos, espículas
ósseas, aumento de volume, deformidades,
palidez e cianose de extremidades. Avalia-se a
circulação investigando a temperatura e cor
da pele, enchimento capilar e presença de
pulso radial bilateralmente, atentando-se à
simetria e amplitude do pulso.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Avaliam-se também os movimentos e a


sensibilidade, solicitando à vítima que faça
movimentos com as mãos e os dedos ou que
lhe aperte a mão. Testa-se a sensibilidade
pedindo que identifique a área que está sendo
estimulada.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Repetição dos Exames


A avaliação primária deve ser realizada
constantemente em vítimas inconscientes. O exame
neurológico com a GCS, sempre que houver
alteração do nível de consciência (não deixando de
se registrar o valor e a hora do resultado). Outras
reavaliações devem ser realizadas conforme o
andar do tratamento.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Reavaliação e Monitoração
É realizado por um ou mais socorristas
durante o transporte da vítima até a chegada
ao hospital de referência. É de extrema
importância lembrar que após a vítima ser
colocada dentro da viatura, os socorristas em
nenhuma hipótese poderão deixá-la sozinha. Os
principais procedimentos são:
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
- Refazer o XABCDE;
- Aspirar secreções das vias aéreas com o material
adequado e disponível;
- Controlar sinais vitais por meio do oxímetro de
pulso, que devem ser descritas na ficha de
ocorrência em pelo menos 3 momentos;
- Aplicar a oxigenoterapia em vítimas de trauma
na proporção de 12 á 15 L/minuto; e
- Controlar a temperatura corporal por meio de
cobertor aluminizado.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Conclusão

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