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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2


UNIDADE 2 – DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................... 4
2.1 OS RECURSOS HÍDRICOS E A GESTÃO DAS ÁGUAS.................................................... 4
2.2 ENERGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – BREVES REFLEXÕES ...................... 12
2.3 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE .................................................................. 15
2.4 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ......................................................................... 16
2.5 IMPACTOS DO SETOR ENERGÉTICO NO MEIO AMBIENTE ........................................... 19
UNIDADE 3 – MERCADOS DE ENERGIA ELÉTRICA ............................................ 22
3.1 CONTRATOS DE CONCESSÃO E PERMISSÃO ........................................................... 22
3.2 DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA .................................................................................. 22
3.3 MATRIZ DE ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRA ........................................................... 24
3.4 SERVIÇOS ANCILARES ......................................................................................... 25
3.5 BANDEIRAS TARIFÁRIAS....................................................................................... 26
3.6 TARIFAÇÃO DO CONSUMIDOR FINAL ...................................................................... 29
UNIDADE 4 – A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E AS CERTIFICAÇÕES ................... 33
4.1 CÁLCULO ECONÔMICO PARA EFICIÊNCIA OPERACIONAL .......................................... 40
4.2 AÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ...................................................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

A busca da construção de um modelo de desenvolvimento


que possa ser considerado sustentável para a humanidade é
um desafio enfrentado há algumas décadas. Essa procura,
alicerçada numa visão crítica da organização da sociedade
humana e impulsionada por diversos problemas de caráter
ambiental e social, como o aquecimento global, a ocorrência
de grandes desastres ecológicos, a existência de grandes
populações vivendo em condições de profunda pobreza e o
caráter altamente consumista da sociedade atual, tem
trazido uma crescente conscientização das significativas
interferências dos sistemas humanos sobre os sistemas
naturais, com consequente desequilíbrio e possíveis
impactos irreversíveis sobre os referidos sistemas
(ROMÉRO; REIS, 2012, p. 2).

Tem sido “pauta do dia” nos noticiários, nos debates realizados pelos
diversos meios de comunicação, a polêmica questão que envolve a geração de
energia e uso dos recursos hídricos, não necessariamente nessa sequência ou
lógica. E nós também vivenciamos no dia-a-dia a falta de água, “apagões”,
possibilidades de racionamento de ambos (água e energia).
O mercado de energia elétrica e a busca pela eficiência energética que
envolvem muito além da redução de custos para os diversos tipos de
organizações, das industriais àquelas que buscam participar do desenvolvimento
sustentável, também serão temas contemplados ao longo do módulo.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha
como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia,
fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os
temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação
das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não
se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático
da obra, não serão expressas opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo

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modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo
dos estudos.

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UNIDADE 2 – DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL
2.1 Os recursos hídricos e a gestão das águas
É fato a existência de conflitos pelo uso da água entre o setor elétrico e
demais usuários. Uso racional dos recursos naturais, desenvolvimento
econômico, racionamento de água, direitos da população que vive no entorno de
possíveis lagos que farão uma usina hidrelétrica “nascer” são alguns deles.
Vamos basear a unidade em documentos oficiais e alguns estudos acadêmicos
que buscam elucidar e defender os interesses coletivos que levam aos conflitos.
Ao longo dos últimos meses os noticiários vieram falando em
racionamento, em reservatórios de água muito aquém do normal, principalmente
na região sudeste do Brasil, realmente abaixo de sua capacidade e da
necessidade da população. Por outro lado, o sul do país nesse momento sofre
com as “cheias” e enchentes em vários pontos, a exemplo do Rio Grande do Sul.
As preocupações “pipocam” de todos os lados, seja por falta ou excesso de
chuvas, esse é um fato que convivemos anualmente no Brasil, que nem
precisamos lembrar, é um país de dimensões continentais. De todo modo, não
podemos pensar somente em curto prazo, pelo contrário, o uso racional dos
recursos hídricos, aliás, não só destes, mas de todos os recursos que a natureza
nos oferece é tema constante com qual deveríamos, além de nos preocuparmos,
agirmos conscientemente.
Alguns pensam que fechar a torneira ao ensaboar o corpo ou escovar os
dentes é uma ação sem nenhum reação... mas se pensarmos em termos de
Brasil, somos 200 milhões. Faria diferença sim! Reduzir, reciclar e reutilizar são
realmente ações para promovem o desenvolvimento sustentável.
Vamos focar por ora nos recursos hídricos e toda a polêmica que temos
cotidianamente em torno do seu uso.
A água é um recurso natural essencial à existência e manutenção da vida,
ao bem-estar social e ao desenvolvimento socioeconômico, assim como tem
papel fundamental na produção de energia elétrica.
Por definição, recursos hídricos são as águas superficiais ou subterrâneas
disponíveis para qualquer tipo de uso numa determinada região e que segundo a
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Organização das Nações Unidas (ONU) não passa de um por cento das águas
totais do planeta.
Vejamos:

Da água dependem muitas indústrias e as culturas agrícolas, a vida dos


animais e das pessoas, o transporte de pessoas, animais e produtos a depender
da região. Resumindo: sem água não haveria vida no planeta terra.
Quanto à gestão dos recursos hídricos, 1934 foi o ano que marcou nossa
história com a instituição do Código de Águas que objetivava estabelecer regras
de controle para o uso e aproveitamento dos recursos hídricos e definir a base
para a gestão pública do setor de saneamento. Quanto à organização institucional
do setor público, voltado, principalmente, para a exploração da água como força
hidráulica para geração de energia elétrica, destaca-se a criação do
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM e, em seguida, do
Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica – CNAEE.
A Constituição de 1946 procurou regulamentar a utilização dos recursos
naturais, visando à exploração econômica dos mesmos, reservando à União a
competência para legislar sobre as águas.
Durante a década de 1970, destaca-se a instituição do Plano Nacional de
Saneamento – PLANASA, com a finalidade de implantar uma política nacional
para provimento de serviços de água e esgotos.
Ao longo da década de 1980, houve o retorno da participação da
sociedade nas questões políticas e socioambientais, por intermédio das entidades
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civis. A política ambiental passou por reestruturações, das quais se destaca a Lei
nº 6.938, de 31/08/1981, que estabeleceu o Programa Nacional do Meio Ambiente
(PNMA) e a constituição do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Tal
sistema incluía o conjunto de instituições governamentais que deveriam se ocupar
da proteção e da gestão da qualidade ambiental, tendo por instância superior o
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).
Em 1989, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis1 (IBAMA) para ser o executor da política
ambiental.
A Constituição Federal, promulgada em 1988, deu destaque aos recursos
hídricos e à outorga, uma vez que o inciso XIX do artigo 21º estabelece que
compete à União instituir o sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso. O inciso VIII do artigo
20º define como bens da União os potenciais de energia hidráulica.
Complementando a Constituição Federal, em 08/01/1997, foi publicada a
Lei nº 9.433, também denominada de “Lei das Águas”, que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. São fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas;

1 Em 2007, os setores do IBAMA responsáveis pela gestão das Unidades de Conservação foram
separados do órgão, dando origem ao ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, criado dia 28 de agosto de 2007, pela Lei 11.516.
Tanto o IBAMA quanto o ICMBio são autarquias vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente e
integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O IBAMA é responsável pela
fiscalização e licenciamento ambiental em âmbito federal, enquanto o ICMBio é responsável pela
gestão das unidades de conservação federais – como Parques Nacionais, Estações Ecológicas,
Áreas de Proteção Ambiental, entre outras – atuando também na fiscalização e licenciamento
apenas dentro destes territórios.

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V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da


Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com
a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Para viabilizar a implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos e a coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, foi promulgada a Lei nº 9.984, de 17/07/2000, que criou a Agência
Nacional de Águas – ANA.
Dentre as suas atribuições, a que permeia o setor elétrico é aquela
descrita no inciso XII e no parágrafo 3º, qual seja: definir e fiscalizar as condições
de operação de reservatórios por agentes públicos e privados, visando a garantir
o uso múltiplo dos recursos hídricos, conforme estabelecido nos Planos das
respectivas bacias hidrográficas. Para tanto, a definição de condições de
operação de reservatórios de aproveitamentos hidrelétricos será efetuada em
articulação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
No artigo 25 está prevista a descentralização das atividades de operação
e manutenção de reservatórios, canais e adutoras de domínio da União,
excetuada a infraestrutura componente do Sistema interligado Brasileiro. No que
tange à outorga, os artigos e parágrafos mais relevantes são:
Art. 6º A ANA poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos
hídricos, com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos
requeridos, observado o disposto no art. 13 da Lei nº 9.433, de 1997.
§ 1º A outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos
e se destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos
investidores, o planejamento de empreendimentos que necessitem desses
recursos.
Art. 7º Para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia
hidráulica em corpo de água de domínio da União, a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL – deverá promover, junto à ANA, a prévia obtenção de
declaração de reserva de disponibilidade hídrica.

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§ 2º A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada


automaticamente, pelo respectivo poder outorgante, em outorga de direito de uso
de recursos hídricos à instituição ou empresa que receber da ANEEL a concessão
ou a autorização de uso do potencial de energia hidráulica.
Criada em 1996, pela Lei nº 9.427, a Agência Nacional de Energia Elétrica
– ANEEL – tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão,
distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as
políticas e diretrizes do governo federal.
A Lei nº 10.848, de 15/03/2004 que dispõe sobre a comercialização de
energia elétrica entre concessionários, permissionários e autorizados de serviços
e instalações de energia elétrica, bem como destes com seus consumidores, no
Sistema Interligado Nacional (SIN), dar-se-á mediante contratação regulada ou
livre, nos termos desta Lei e do seu regulamento, o qual, observadas as diretrizes
estabelecidas nos parágrafos deste artigo, deverá dispor sobre:
[...]
VIII - mecanismo de realocação de energia para mitigação do risco
hidrológico.
Segundo Souza (2004), o ONS gerencia o novo sistema de maneira
centralizada, objetivando o custo mínimo global; as empresas têm pouca
influência nesse processo, não havendo oferta de preços, só esforços para
diminuição de custos.
No que tange a base legal, não está claro que o setor elétrico é mais um
usuário no contexto dos usos múltiplos de recursos hídricos. Um fato que revela
esta questão é a revogação do parágrafo único do artigo 2º da Lei nº 9.427, que
definiu a ANEEL como responsável pela promoção da articulação com os Estados
e o Distrito Federal, para o aproveitamento energético dos cursos de água e a
compatibilização com a política nacional de recursos hídricos. Outro exemplo que
pode ser citado é o exposto no parágrafo 3º do artigo 31:

Os órgãos responsáveis pelo gerenciamento dos recursos hídricos e a


ANEEL devem se articular para a outorga de concessão de uso de
águas em bacias hidrográficas, de que possa resultar a redução da
potência firme de potenciais hidráulicos, especialmente os que se
encontrem em operação, com obras iniciadas ou por iniciar, mas já
concedidas.
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Uma possível interpretação conduz ao entendimento de que os


aproveitamentos hidráulicos são prioritários nas bacias hidrográficas, sendo os
demais usos definidos a partir da articulação entre os órgãos gestores de
recursos hídricos e a ANEEL, no controle da quantidade de água que será
disponibilizada, desde que não haja prejuízo da geração. Isso vai contra os
fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos da Lei nº 9.433, que
estabelece como usos prioritários o consumo humano e a dessedentação de
animais. Além disso, a outorga visa assegurar o controle quantitativo e qualitativo
dos usos da água, sendo principalmente condicionada a preservação do uso
múltiplo.
Por outro lado, o artigo 3º da Lei nº 9.648 dá nova redação ao artigo 28º
da Lei nº 9.074, que em seu parágrafo 3º estabelece:

É vedado (...) estipular, em benefício da produção de energia elétrica,


qualquer forma de garantia ou prioridade sobre o uso da água da bacia
hidrográfica, salvo nas condições definidas em ato conjunto dos
Ministros de Estado de Minas e Energia e do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, em articulação com os
Governos dos Estados onde se localiza cada bacia hidrográfica.

Neste caso, pode-se inferir que o ato conjunto previsto seja a declaração
de reserva de disponibilidade hídrica, tal como definida no artigo 7º e no parágrafo
2º da Lei nº 9.984, de criação da ANA:
Para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia
hidráulica em corpo de água de domínio da União, a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL deverá promover, junto à ANA, a prévia obtenção de declaração
de reserva de disponibilidade hídrica.
A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada
automaticamente, pelo respectivo poder outorgante, em outorga de direito de uso
de recursos hídricos à instituição ou empresa que receber da ANEEL a concessão
ou a autorização de uso do potencial de energia hidráulica (BRASIL, 2006; HORA,
2011).
Segundo o Ministério de Meio Ambiente, o setor elétrico historicamente
tem se destacado no processo de exploração dos recursos hídricos nacionais, em

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função da implantação e operação de usinas hidrelétricas, que têm contribuído


para o desenvolvimento do país. A Política Nacional de Recursos Hídricos
estabelece uma relação de igualdade entre os usuários e critérios para a
priorização de usos que trazem rebatimentos para o planejamento e para a
operação desse setor. (BRASIL, 2006).
O aproveitamento dos potenciais hidrelétricos está sujeito à outorga de
direitos de uso dos recursos hídricos pelo Poder Público (inciso IV, Art. 12 da Lei
nº 9.433/1997), estando essa outorga subordinada ao Plano Nacional de
Recursos Hídricos (§ 2º, Art. 12 da Lei n. 9.433/1997) aprovado em 30 de janeiro
de 2006 pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (Resolução CNRH nº 58).
Assim, um dos desafios para a expansão da oferta de energia elétrica, baseada
na hidroeletricidade nos próximos anos, é a incorporação, no seu processo de
planejamento, dos princípios da Política das Águas e a articulação com o
planejamento dos demais setores usuários dos recursos hídricos, contribuindo
para a gestão equilibrada e integrada dos recursos naturais na bacia hidrográfica
(BRASIL, 2006).
Não há dúvidas de que o desenvolvimento socioeconômico está cada vez
mais baseado no uso intensivo de energia. Constata-se uma crescente demanda
por energia elétrica no mundo, bem como a importância dessa expansão para o
desenvolvimento das nações e para a melhoria dos padrões de vida. De acordo
com o Departamento de Energia – DOE – dos EUA, o consumo de eletricidade
praticamente irá dobrar até o ano de 2025.
A hidroeletricidade e outras fontes renováveis deverão aumentar a uma
taxa de 1,9% ao ano até 2025. O crescimento será maior nas economias
emergentes onde é esperado um aumento do consumo em torno de 4% ao ano.
Diversos estudos comprovam o papel essencial da eletrificação no
desenvolvimento econômico social no mundo todo.
Existem evidências estatísticas que comprovam que o consumo de
eletricidade está fortemente correlacionado com a riqueza, ao mesmo tempo em
que a dificuldade de acesso à energia elétrica apresenta forte correlação com o
número de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia. A elasticidade da

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capacidade de geração elétrica em relação ao PIB nos países em


desenvolvimento está em torno de 1,4 (BRASIL, 2006).
Se por um lado os projetos hidrelétricos contribuem positivamente para a
equidade entre as gerações atuais e futuras, por usarem uma fonte renovável e
limpa, por outro lado, também contribuem negativamente para a equidade entre
diferentes grupos e indivíduos e entre comunidades locais e regionais, pois estes
são afetados distintamente por tais projetos.
Não se pode ignorar os impactos bastantes significativos causados por
alguns empreendimentos hidrelétricos, tanto em termos da sustentabilidade dos
ecossistemas quanto da sustentabilidade social.
Alguns defendem que a utilização dos recursos hídricos pelo setor
agrícola de irrigação comanda um valor econômico para a sociedade bem maior
que o valor propiciado pela geração de energia elétrica, fazendo valor o princípio
dos usos múltiplos, como demonstra estudos de Carrera-Fernandez (2001).
Outros estudos apoiam que uma hidrelétrica seja aproveitada de forma
diferenciada, atendendo à demanda da sua bacia e não somente pela demanda
energética do sistema interligado a ela.
Concordamos com Tundisi (2008), ao inferir que o gerenciamento
integrado, preditivo com alternativas e otimização de usos múltiplos deve ser
implantado no nível de bacias hidrográficas com a finalidade de descentralizar o
gerenciamento e dar oportunidades de participação de usuários, setor público e
privado, bem como educação da comunidade em todos os níveis e preparação de
gestores com novas abordagens, é outro necessário desenvolvimento da gestão
de recursos hídricos no século XXI.
Enfim, os interesses e objetivos dos mais variados setores da sociedade
civil são realmente diferentes, mas acreditamos que as discussões sobre o uso
dos recursos hídricos/elétricos são necessárias e salutares uma vez que não há
como fugirmos de sua importância não só para o desenvolvimento como para a
sobrevivência da população.

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2.2 Energia e desenvolvimento sustentável – breves reflexões


Roméro e Reis (2012) ponderam que um modelo de desenvolvimento
passível de ser sustentável deve ser capaz não só de contribuir para superar os
atuais problemas, mas, também, de garantir a própria vida por meio da proteção e
manutenção dos sistemas naturais que o tomam possível. Os objetivos implicam
a necessidade de profundas mudanças nos atuais sistemas de produção, de
organização da sociedade humana e de utilização de recursos naturais essenciais
à vida no planeta.
Na linha do tempo, a discussão global do modelo sustentável de
desenvolvimento iniciou-se na Conferência de Estocolmo (United Nations
Conference on the Human Environment), realizada em 1972, e continua em
nossos dias, num cenário cada vez mais amplo e participativo, catalisado pelo
processo de globalização que, por si próprio, é também um desafio ao
desenvolvimento sustentável.
Não vamos estender essa linha do tempo, mas é importante, contudo,
citar que, ao longo dessa trajetória, foram propostas diversas conceituações, com
maior ou menor complexidade, sobre o que seria desenvolvimento sustentável.
Em consequência de sua simplicidade, ressalta-se aqui o conceito apresentado
no relatório Nosso Futuro Comum (Our Common Future, 1987), como resultado
do trabalho da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(World Commission on Environment and Development): “Modelo de
desenvolvimento que satisfaz as necessidades das gerações presentes sem
afetar a capacidade de gerações futuras de, também, satisfazer suas próprias
necessidades”.
Na busca por um modelo de desenvolvimento que se configure como
sustentável, podem-se distinguir diversas ações em nível global e local, e em
diferentes patamares, que vão desde discussões de caráter conceitual e teórico
até a implantação prática de atividades, de certa forma, orientadas pelo que se
entende por sustentabilidade.
Vários são os motivos dessa grande diversidade de ações, ressaltando-se
dentre eles:
interesses econômicos e políticos de momento;

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a perversa distribuição da riqueza entre as nações e suas classes sociais;


o ceticismo sobre as consequências nefastas da continuidade do modelo
atual de desenvolvimento;
o grande crescimento populacional;
a cultura mundial voltada ao consumo e o crescente individualismo.
Tudo isso em um ambiente cada vez mais participativo e fragmentado ao
mesmo tempo, fruto da globalização.
As forças opostas que se contrapõem a cada um desses motivos acabam
por criar um cenário nebuloso, no qual se torna difícil distinguir não somente as
tendências de curto e médio prazo, mas principalmente as de longo prazo, isto é,
aquelas que mais teriam a ver com o conceito de sustentabilidade como algo que
pode ser sustentado pela sociedade humana ao longo de gerações em sua
interação com o planeta.
De qualquer forma, é possível distinguir alguns aspectos consensuais
nesse cenário, dentre os quais se destaca a grande importância do setor
energético, o qual forma com os setores de águas e saneamento, de transportes
e de telecomunicações, assim como com as edificações e o ambiente construído,
a infraestrutura básica para qualquer modelo de desenvolvimento que possa ser
pensado atualmente para a humanidade. Importância que é ainda mais ressaltada
quando se verifica a sinergia existente entre a energia e os demais setores da
infraestrutura citados, e que se estende para a eficiência energética (que veremos
ao final do módulo).
Um aspecto fundamental da implantação de uma estratégia de
desenvolvimento baseada na sustentabilidade (em um modelo sustentável de
desenvolvimento) é que o novo paradigma deve englobar, de forma integrada, as
dimensões políticas, econômicas, sociais, tecnológicas e ambientais, e orientar-se
pela procura de soluções de caráter amplo para o desenvolvimento das
populações mundiais (ROMÉRO; REIS, 2012).
As discussões globais também demonstraram que problemas ambientais
estão diretamente relacionados aos da pobreza e do atendimento às
necessidades básicas de alimentação, saúde e moradia, problemas esses
englobados no conceito de equidade, que, atualmente, é parte inseparável do

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modelo de desenvolvimento sustentável. Equidade que, no cenário energético,


pode ser ilustrada por dois requisitos básicos ressaltados: a universalização do
atendimento energético e o direito a uma quantidade mínima de energia que
garanta o atendimento das necessidades básicas de cada ser humano.
Nesse cenário, será preciso incorporar o contexto ecológico tanto na
sociedade moderna global quanto em sociedades periféricas nas quais formas
tradicionais de produção e cultura ainda predominam. Será preciso considerar as
diferenças temporais necessárias para a percepção e efetiva ocorrência de
transformações nas diferentes organizações sociais, uma vez que essa
multiplicidade sugere diversas respostas para os problemas de sustentabilidade
de acordo com cada contexto, ressaltando a importância da integração entre
soluções locais e uma solução global.
Dentro dessa visão, ressaltam os autores, um sistema baseado no uso
racional de recursos renováveis, na reciclagem de materiais, na distribuição justa
dos recursos naturais e no respeito a todas as formas de vida da terra oferece
uma solução com equilíbrio dinâmico e harmônico entre o ser humano e a
natureza.
Essas características gerais são necessárias ao novo paradigma, e
deverão orientar a busca de soluções e políticas energéticas para o
desenvolvimento sustentável. Produção, transporte e uso de energia devem ser
repensados e o planejamento energético deve ser reavaliado de forma a
incorporar novas tecnologias e métodos, práticas de gerenciamento, hábitos de
uso e envolvimento da população. Além disso, as escolhas que se apresentam
devem ser viabilizadas de acordo com a realidade e o grau de desenvolvimento
de cada país e em cada contexto, os quais determinam a capacidade de
organização institucional e absorção tecnológica, social e política.
A sustentabilidade se configura como um processo dinâmico que virá
requerer monitoração e reavaliação continuadas. A questão, portanto, é encontrar
os caminhos apropriados dentro de cada contexto específico e construir uma base
sólida para dar continuidade às mudanças que levarão ao desenvolvimento
sustentável.

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2.3 Meio ambiente e sustentabilidade


Quando se fala em meio ambiente, a primeira ideia que vem à mente é
relacionada com a natureza, plantas e animais, contudo, na realidade, o meio
ambiente é mais amplo e complexo, podendo ser rural ou urbano, incluindo até
mesmo conjuntos arquitetônicos, ruas, praças, etc.
De acordo com o art. 3º, I, da Lei nº 6.938/81, o meio ambiente é “o
conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Com base na Constituição Federal de 1988, passou-se a entender
também que o meio ambiente divide-se em físico ou natural, cultural, artificial e do
trabalho, assim conceituados:
meio ambiente natural – formado pelo solo, a água, o ar, flora, fauna e
todos os demais elementos naturais responsáveis pelo equilíbrio dinâmico
entre os seres vivos e o meio em que vivem (CF, 1988, art. 225, caput e §
1º);
meio ambiente cultural – aquele composto pelo patrimônio histórico,
artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, científico e pelas sínteses
culturais que integram o universo das práticas sociais das relações de
intercâmbio entre homem e natureza (CF, 1988, art. 215 e 216);
meio ambiente artificial – é constituído pelo conjunto e edificações,
equipamentos, rodovias e demais elementos que formam o espaço urbano
construído (CF, 1988, art. 21, XX, 182 e segs., art. 225);
meio ambiente do trabalho – é integrado pelo conjunto de bens, meios e
instrumentos, de natureza material e imaterial, em face dos quais o ser
humano exerce as atividades laborais (CF, 1988, art. 200, VIII).
preservação ambiental – como o próprio nome já sugestiona, é o ato de
proteção contra algum dano. “É a ação de proteger contra a destruição e
qualquer forma de dano ou degradação de um ecossistema, uma área
geográfica ou espécies animais e vegetais ameaçados de extinção”.
degradação Ambiental, ao contrário, é toda alteração adversa das
características qualitativas do meio ambiente.

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16

De modo geral, as empresas são responsáveis por gerar impactos na


natureza em suas principais áreas (água, energia, recursos naturais variados e
geração de resíduos). Independente do seu porte, toda empresa deve estar
focada na prática da responsabilidade social e ambiental (como já falamos
anteriormente), para diminuir e prevenir efetivamente os impactos que possa
causar, dessa forma contribuindo ativamente para a preservação do planeta.
Voltando a focar a energia, há uma grande discussão sobre a relação
entre energia e desenvolvimento, enfocando, dentre outros aspectos, a
disparidade entre os cenários energéticos nacionais e regionais, a extensão do
atendimento energético a cada ser humano (universalização do atendimento), a
oferta de energia necessária ao atendimento das necessidades básicas e a
questão da equidade.
Com relação ao meio ambiente, o setor energético produz impactos
ambientais em toda sua cadeia de desenvolvimento, desde a captura de recursos
naturais básicos para seus processos de produção até seus usos finais por
diversos tipos de consumidores.
Ao final da unidade listaremos, do ponto de vista global, a participação
significativa da energia nos principais problemas ambientais da atualidade.

2.4 Sistema de Gestão Ambiental


No dicionário eletrônico da língua português (Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira, 1986), gestão é o ato de gerir, administrar, gerenciar. Transportando e
relacionando o conceito com as questões do meio ambiente, podemos inferir que
Gestão Ambiental é a administração do exercício de atividades econômicas e
sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou
não.
A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que garantam a
conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas
e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos
naturais. Fazem parte também do arcabouço de conhecimentos associados à
gestão ambiental técnicas para a recuperação de áreas degradadas, técnicas de
reflorestamento, métodos para a exploração sustentável de recursos naturais, e o

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estudo de riscos e impactos ambientais para a avaliação de novos


empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas.
A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no
planejamento empresarial, e quando bem aplicada, permite a redução de custos
diretos – pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos cada
vez mais escassos e mais dispendiosos, como água e energia – e de custos
indiretos – representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao
meio ambiente ou à saúde de funcionários e da população de comunidades que
tenham proximidade geográfica com as unidades de produção da empresa.
Uma vez que gestão é o ato de coordenar esforços de pessoas para
atingir os objetivos da organização, devemos primar por uma gestão eficiente e
eficaz, realizada de modo que as necessidades e os objetivos das pessoas sejam
consistentes e complementares aos objetivos da organização a que estão
vinculadas (CARDELLA, 1999).
Sistema de gestão pode ser definido então como um conjunto de
instrumentos inter-relacionados, interatuantes e interdependentes de que uma
organização faz uso para planejar, operar e controlar suas atividades com o
intuito de alcançar seus objetivos.
Cardella (1999) define como instrumentos do sistema de gestão:
a) Princípio – é a base sobre a qual o sistema de gestão é construído. Resulta
da filosofia, do paradigma dominante.
b) Objetivo – é um estado futuro que se deseja atingir.
c) Estratégia – é um caminho para atingir o objetivo.
d) Política – é uma regra ou conjunto de regras comportamentais.
e) Diretriz – é uma orientação. Pode restringir os caminhos possíveis ou dar
indicações de caráter geral. É mais específica que a política e serve,
inclusive, para explicitá-la.
f) Sistema organizacional – é um sistema no qual as relações entre pessoas
predominam sobre as relações entre equipamentos.
g) Sistema operacional – é um sistema no qual as relações entre
equipamentos predominam sobre as relações entre pessoas. Por extensão,
é operacional o sistema que, mesmo apresentando intensa rede de

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relações pessoais, apresente características repetitivas e mecânicas de


trabalho.
h) Programa – é um conjunto de ações desenvolvidas dentro de determinado
campo de ação. Promove a evolução da organização rumo aos objetivos.
São constituídos por objetivos específicos, diretrizes, estratégias, metas,
projetos, atividades e planos de ação.
i) Meta – é um ponto intermediário na trajetória que leva ao objetivo.
j) Projeto – é a menor unidade de ação ou atividade que se pode planejar e
avaliar em separado e, administrativamente, implantar. Tem característica
não repetitiva de trabalho.
k) Atividade – é um conjunto de ações com características repetitivas,
utilizadas para atingir e/ou manter metas e objetivos.
l) Método – é um caminho geral para resolver problemas.
m) Norma – é um conjunto de regras obrigatórias que disciplinam uma
atividade.
n) Regra – é uma restrição imposta a procedimentos, processos, operações
ou equipamentos.
o) Procedimento – é a descrição detalhada de um processo que se realiza em
bateladas. Pode ser organizacional ou operacional.
Cabe a cada organização adotar um sistema de gestão escolhido entre os
disponíveis ou criar um próprio, de acordo com suas necessidades e
especificidades.
Para Arantes (1994 apud ARAÚJO, 2002), as empresas têm um papel
claro a desempenhar perante a sociedade: prover produtos de valor (utilidades)
que irão satisfazer às necessidades de um grupo representativo de pessoas
(clientes), praticando padrões de comportamento (conduta) aceitos pela
sociedade. Além desse papel, as empresas têm obrigações internas a cumprir:
satisfazer as expectativas de seus empreendedores e colaboradores (realizações)
e ter um comportamento (conduta) coerente com suas convicções, crenças e
valores, portanto, Sistema de Gestão é um conjunto, em qualquer nível de
complexidade, de pessoas, recursos, políticas e procedimentos. Esses

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componentes interagem de um modo organizado para assegurar que uma dada


tarefa seja realizada, ou para alcançar ou manter um resultado específico.
Um Sistema de Gestão é uma estrutura organizacional composta de
responsabilidades, processos e recursos capazes de implementar tal gestão, de
forma que seu objeto seja eficazmente operacionalizado por todos os gestores de
pessoas e contratos da empresa, vindo a fazer parte da cultura e dos valores
dessa organização (DE CICCO; FANTAZZINI, 1991).
Enfim, como pondera Araújo (2002), os sistemas de gestão se mostram
como forma eficiente de se implementar ideias, ou seja, novos valores culturais às
empresas, permitindo que ações efetivas venham a ocorrer, mudanças se operem
e o projeto corporativo enunciado se realize.
Uma boa gestão leva à proteção do meio ambiente, dever de todos e de
cada um dos seres que habita este planeta e neste contexto, vários são os
programas que você poderá aplicar no ambiente organizacional, dentro de sua
formação que é multidisciplinar.

2.5 impactos do setor energético no meio ambiente


a) Poluição do ar urbano:
A poluição é um dos problemas atuais mais visíveis. Grande parte da
poluição, amplamente relacionada ao uso de energia, deve-se ao transporte e à
produção industrial. A produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis é
uma fonte de emissão de óxido de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx),
dióxido de carbono (C02), metano (CH4), monóxido de carbono (CO) e partículas,
em quantidades que dependem de características específicas de cada usina e do
tipo de combustível utilizado (gás natural, carvão, óleo, madeira, energia nuclear
etc.). Há também a ocorrência de poluição de interiores (locais fechados) devida a
emissões de CO durante atividades domésticas com uso de determinadas fontes
energéticas, principalmente em áreas rurais.
b) Chuva ácida:
Resulta do efeito da poluição; é causada por reações ocorridas na
atmosfera com o dióxido de enxofre (SO2) e os óxidos de nitrogênio (NOx), que
levam à concentração de ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3) na chuva.

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Esses ácidos têm efeitos bastante negativos na vegetação e nos ecossistemas. A


geração de energia elétrica a partir do carvão mineral, por exemplo, é um dos
grandes causadores de chuva ácida no mundo.
c) Efeito estufa e mudanças climáticas:
São problemas que estão em grande evidência em todo o mundo há
algumas décadas e, por isso, têm tido maior destaque em discussões sobre os
impactos dos padrões energéticos, embora façam parte de um conjunto maior de
problemas. Os problemas relacionados ao efeito estufa, cerne do aquecimento
global, devem-se à modificação na intensidade da radiação térmica emitida pela
superfície da Terra em razão do aumento da concentração dos gases-estufa na
atmosfera.
Acredita-se que esse aumento de concentração tenha origem
principalmente nas ações antropogênicas relacionadas com atividades industriais
e produção de energia. O CO2 é o mais significativo e preocupante entre os gases
emitidos por essas ações causadas pelas quantidades e pela longa duração de
seus efeitos na atmosfera. Suas emissões estão ligadas principalmente ao uso de
combustíveis fósseis. Outros gases são o CH4 (cujo impacto unitário é maior que
o do CO2, mas a produção é muito menor), o óxido nitroso (N2O) e os
clorofluorcarbonetos.
d) Desflorestamento e desertificação:
São fenômenos que se relacionam respectivamente com:
a destruição de florestas causada pela poluição do ar, urbanização, queima
associada à expansão da agricultura e pecuária, exploração de produtos
florestais e regeneração inadequada. Nesse contexto, embora o Brasil
apresente uma matriz energética com grande participação de fontes
renováveis, a grande ocorrência de queimadas, principalmente nas regiões
centro-oeste e norte, faz com que o país se situe em quarto lugar dentre as
nações que contribuem para o aquecimento global;
a degradação da terra em áreas áridas, semiáridas e subúmidas secas, em
virtude do impacto humano adverso relacionado a cultivo e práticas
agrícolas inadequadas, bem como com o desflorestamento, que tem

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influência no aquecimento global, visto que as florestas concentram grande


poder de absorção dos gases-estufa.
e) Degradação marinha e costeira:
Essa degradação, bem como a de lagos e rios, vem principalmente de
materiais poluentes descarregados nos cursos de água e na atmosfera, os quais
são responsáveis por cerca de 75% de todo o problema. O restante vem da
navegação, da mineração e da produção de petróleo.
f) Alagamento:
O alagamento ou a perda de área de terras produtivas ou de valor
histórico, cultural e biológico estão relacionados principalmente com o
desenvolvimento de barragens e reservatórios, os quais, muitas vezes, são
criados para a geração de eletricidade. Hidrelétricas inundam áreas de terra e
trazem problemas sociais relacionados com reassentamento de populações.
g) Contaminação radioativa:
Está associada à energia nuclear e à disposição de resíduos dos reatores
nucleares (ROMÉRO; REIS, 2012).

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UNIDADE 3 – MERCADOS DE ENERGIA ELÉTRICA

3.1 Contratos de concessão e permissão


Os contratos de concessão assinados entre a Agência Nacional de
Energia Elétrica e as empresas prestadoras dos serviços de transmissão e
distribuição de energia estabelecem regras claras a respeito de tarifa,
regularidade, continuidade, segurança, atualidade e qualidade dos serviços e do
atendimento prestado aos consumidores. Da mesma forma, define penalidades
para os casos em que a fiscalização da ANEEL constatar irregularidades.
Os novos contratos de concessão de distribuição priorizam o atendimento
abrangente do mercado, sem que haja qualquer exclusão das populações de
baixa renda e das áreas de menor densidade populacional. Prevê ainda o
incentivo à implantação de medidas de combate ao desperdício de energia e de
ações relacionadas às pesquisas voltadas para o setor elétrico.
A concessão para operar o sistema de transmissão é firmada em contrato
com duração de 30 anos. As cláusulas estabelecem que, quanto mais eficiente as
empresas forem na manutenção e na operação das instalações de transmissão,
evitando desligamentos por qualquer razão, melhor será a sua receita.
As novas concessões de geração, por sua vez, são outorgadas mediante
procedimento licitatório por até 35 anos, não havendo previsão de prorrogação
conforme estabelece as Leis nº 8.987/95 e 9.074/95 (ANEEL, 2014).

3.2 Distribuição de energia


Segundo a ANEEL (2014), o segmento de distribuição se caracteriza
como o segmento do setor elétrico dedicado à entrega de energia elétrica para
um usuário final. Como regra geral, o sistema de distribuição pode ser
considerado como o conjunto de instalações e equipamentos elétricos que
operam, geralmente, em tensões inferiores a 230 kV, incluindo os sistemas de
baixa tensão.
Atualmente, o Brasil possui 63 concessionárias do serviço público de
distribuição de energia elétrica, além de um conjunto de permissionárias
(cooperativas de eletrificação rural que passaram pelo processo de

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enquadramento como permissionária de serviço público de distribuição de energia


elétrica).
A geração distribuída de pequeno porte (classificada como micro ou
minigeração distribuída) pode participar do Sistema de Compensação de Energia
regulamentado pela Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012.
Esse sistema é conhecido internacionalmente pelo termo em inglês “net
metering”. Nele, um consumidor de energia elétrica instala pequenos geradores
em sua unidade consumidora (como, por exemplo, painéis solares fotovoltaicos
ou pequenas turbinas eólicas) e a energia gerada é usada para abater o consumo
de energia elétrica da unidade. Nos meses em que a quantidade de energia
gerada for maior que o consumo, o saldo positivo poderá ser utilizado para abater
o consumo em outro posto tarifário, em outra unidade consumidora (desde que as
duas unidades estejam na mesma área de concessão e sejam do mesmo titular)
ou ainda na fatura do mês subsequente. Vale lembrar que os créditos de energia
gerados continuam válidos por 36 meses.
As distribuidoras são avaliadas em diversos aspectos no fornecimento de
energia elétrica. Entre eles, está a qualidade do serviço e do produto oferecidos
aos consumidores.
A qualidade dos serviços prestados compreende a avaliação das
interrupções no fornecimento de energia elétrica. Destacam-se no aspecto da
qualidade do serviço os indicadores de continuidade coletivos, DEC e FEC2, e os
indicadores de continuidade individuais DIC, FIC e DMIC3.
A qualidade do produto avalia a conformidade de tensão em regime
permanente e as perturbações na forma de onda de tensão. Destacam-se neste

2 DEC (duração equivalente de continuidade) mede o tempo que um grupo de consumidores ficou
sem energia e o FEC (frequência equivalente de continuidade) indica a quantidade de vezes que
ocorreu interrupção no fornecimento.

3 DIC (Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora) e FIC (Frequência de


Interrupção Individual por Unidade Consumidora), que medem, respectivamente, a duração e a
frequência das interrupções do fornecimento de energia em cada unidade consumidora. DMIC
(Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora), que registra o tempo
máximo que uma unidade consumidora permaneceu sem energia no intervalo de tempo de
apuração. Esses números são detalhados pelas distribuidoras na fatura mensal de seus
consumidores.

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quesito os indicadores coletivos DRPe e DRCe4, obtidos a partir da campanha de


medição amostral instituída pela ANEEL.

3.3 Matriz de energia elétrica brasileira


O Brasil possui um total aproximado de 3.040 empreendimentos em
operação, totalizando 126.567.082 kW de potência instalada.
Está prevista para os próximos anos uma adição de 35.948.322 kW na
capacidade de geração do País, proveniente dos 148 empreendimentos,
atualmente em construção, e mais 544 outorgadas.

Abaixo temos a matriz de energia elétrica atualizada em 02/02/2014.

Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.asp

Tipos de Usinas:
UHE - Usinas Hidrelétricas (Caracterizada por possuir potência instalada
superior a 30 MW);
UTE - Usinas Termelétricas;
PCH - Pequenas Centrais Hidrelétricas (Caracterizada por possuir potência
instalada entre 1MW e 30MW);
EOL - Usinas Eolioelétricas;

4 Indicadores coletivos que expressam a média dos indicadores individuais DRP e DRC.
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UTN - Usinas Termonucleares;


SOL - Fontes Alternativas de Energia;
CGH - Central Geradora Hidrelétrica (unidade geradora de energia com
potencial hidráulico igual ou inferior a 1 MW (um megawatt), normalmente
com barragem somente de desvio, em rio com acidente natural que impede
a subida de peixes).

3.4 Serviços ancilares


A expressão “serviço ancilar” foi empregada na Lei nº 9.648/98 (Art. 13,
Parágrafo único, “d” e Art. 14, § 1º, “d”) sem uma definição explícita do seu
significado. Tal definição deveria contemplar seu aspecto semântico e os
aspectos mais gerais do espírito da lei, tais como diminuir a necessidade de
investimentos e melhorar a qualidade dos serviços, contribuindo para a
modicidade tarifária.
No aspecto semântico vale lembrar que o adjetivo está em desuso na
língua portuguesa há bastante tempo sendo seu significado, segundo Aurélio:
“Ancilar. [Do lat. ancillare.] Adj. 2 g. 1. Relativo a ou próprio da ancila 2.
Auxiliar, subsidiário”.
Serviços ancilares são aqueles que complementam os serviços principais
que, na segmentação brasileira, são caracterizados pela geração, transmissão,
distribuição e comercialização. Estes serviços, em um sistema integrado como o
brasileiro, se caracterizam por relações causa-efeito que afetam os sistemas
como um todo e que ultrapassam as fronteiras da área de abrangência das
empresas e/ou dos serviços principais.
Para que possam ser definidos como serviços e que sejam estabelecidas
formas de remuneração do agente responsável, no entanto, é preciso que ela seja
mensurável (INEE, 2006).
Souza (2006) explica de maneira bem didática o que vem a ser os
serviços ancilares:
As mudanças estruturais nas empresas de energia elétrica, decorrentes
do processo de desverticalização, resultaram na separação das atividades de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

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Com o processo de desverticalização surge a necessidade de repartição


dos custos de operação, de maneira que os agentes envolvidos sejam
remunerados adequadamente e que as restrições do sistema sejam atendidas,
viabilizando as operações de mercado.
Para que o processo de repartição dos custos ocorra com o máximo de
eficiência possível, há a necessidade de definir os diferentes tipos de serviços
prestados com o objetivo de conhecê-los, organizá-los por função e definir
metodologias para identificação dos envolvidos no fornecimento e recebimento
destes serviços.
Definidos os envolvidos no fornecimento e recebimento dos serviços
prestados, o próximo passo é definir métodos de remuneração destes serviços,
sem que haja subsídios cruzados e sem perder de vista os estímulos necessários
à expansão do sistema.
Uma classe de serviços melhor definida após o processo de
reestruturação do setor elétrico é a dos Serviços Ancilares. Os Serviços Ancilares
são definidos como os serviços que contribuem para segurança confiabilidade e
qualidade do suprimento de energia elétrica, tornando-os imprescindíveis à
operação eficiente do sistema elétrico em um ambiente de mercado.
No Brasil, os Serviços Ancilares de geração e transmissão foram
definidos em 10 de junho de 2003, através da Resolução nº 265 publicada pela
Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Embora tenha ocorrido tal
definição, regras para remuneração da prestação destes serviços foram propostas
apenas para o Serviço Ancilar prestado pelo gerador quando o mesmo trabalha
como compensador síncrono, ou seja, os geradores que produzem apenas
potência reativa (capacitativa ou indutiva).
Outro exemplo de serviço ancilar seria o autorrestabelecimento (black
start).

3.5 Bandeiras tarifárias


A partir de 2015, as contas de energia terão uma novidade: o Sistema de
Bandeiras Tarifárias. As bandeiras verde, amarela e vermelha indicarão se a

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energia custará mais ou menos, em função das condições de geração de


eletricidade.
Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não
sofre nenhum acréscimo.
Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre
acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos.
Bandeira vermelha: condições mais custosas de geração. A tarifa sobre
acréscimo de R$ 3,00 para cada 100 kWh consumidos.
Para facilitar a compreensão das bandeiras tarifárias, 2013 e 2014 serão
Anos Testes. Em caráter educativo, a ANEEL divulga mês a mês as bandeiras
que estariam em funcionamento. Consulte a seguir quais bandeiras estariam
valendo agora em cada um dos subsistemas que compõem o Sistema Interligado
Nacional (SIN).
Acionamento das bandeiras tarifárias

Além disso, as distribuidoras de energia divulgarão, na conta de energia,


a simulação da aplicação das bandeiras para o subsistema de sua região. O
consumidor poderá compreender então qual bandeira estaria valendo no mês
atual, se as bandeiras tarifárias já estivessem em funcionamento.
Abaixo temos os subsistemas e seus estados pertencentes:
subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) – regiões sudeste e centro-
oeste, Acre e Rondônia;
subsistema Sul (S) – região Sul;
subsistema Nordeste (NE) – região nordeste, exceto o Maranhão;
subsistema Norte (N) – Pará, Tocantins e Maranhão.

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Importante: Amazonas, Amapá e Roraima não estão no SIN e, portanto, nesses estados não
funcionará o sistema de Bandeiras Tarifárias.

Conforme explicações da ANEEL, a energia elétrica no Brasil é gerada,


predominantemente, por usinas hidrelétricas. Para estas funcionarem, elas
dependem das chuvas e do nível de água nos reservatórios.
Quando há pouca água armazenada, usinas termelétricas podem ser
ligadas com a finalidade de poupar água nos reservatórios das usinas
hidrelétricas. Com isso, o custo de geração aumenta, pois essas usinas são
movidas a combustíveis como gás natural, carvão, óleo combustível e diesel. Por
outro lado, quando há muita água armazenada, as térmicas não precisam ser
ligadas e o custo de geração é menor.
As bandeiras tarifárias são uma forma diferente de apresentar um custo
que hoje já está na conta de energia, mas geralmente passa despercebido.
Atualmente, os custos com compra de energia pelas distribuidoras são incluídos
no cálculo de reajuste das tarifas dessas distribuidoras e são repassados aos
consumidores um ano depois de ocorridos, quando a tarifa reajustada passa a
valer. Com as bandeiras, haverá a sinalização mensal do custo de geração da
energia elétrica que será cobrada do consumidor, com acréscimo das bandeiras
amarela e vermelha. Essa sinalização dá, ao consumidor, a oportunidade de
adaptar seu consumo, se assim desejar (ANEEL, 2014. Disponível em:
http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=758).

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3.6 Tarifação do consumidor final


Os consumidores de energia elétrica pagam por meio da conta recebida
da sua empresa distribuidora de energia elétrica, um valor correspondente a
quantidade de energia elétrica consumida, no mês anterior, estabelecida em kWh
(quilowatt-hora) multiplicada por um valor unitário, denominado tarifa, medida em
R$ / kWh (reais por quilowatt-hora), que corresponde ao preço de um quilowatt
consumido em uma hora.
As empresas de energia elétrica prestam este serviço por delegação da
União na sua área de concessão, ou seja, na área em que lhe foi dado
autorização para prestar o serviço público de distribuição de energia elétrica.
Cabe à Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL – estabelecer
tarifas que assegurem ao consumidor o pagamento de uma tarifa justa, como
também garantir o equilíbrio econômico-financeiro da concessionária de
distribuição para que ela possa oferecer um serviço com a qualidade,
confiabilidade e continuidade necessárias.
A tarifa regulada de energia elétrica aplicada aos consumidores finais
corresponde a um valor unitário, expresso em reais por quilowatt-hora (R$/kWh).
Esse valor, ao ser multiplicado pela quantidade de energia consumida num
determinado período, em quilowatt (kW), representa a receita da concessionária
de energia elétrica. A receita da distribuidora é destinada a cobrir seus custos de
operação e manutenção, bem como remunerar de forma justa o capital investido
de modo a manter a continuidade do serviço prestado com a qualidade desejada.
As empresas concessionárias fornecem energia elétrica a seus
consumidores com base em obrigações e direitos estabelecidos em um Contrato
de Concessão, celebrado com a União, para a exploração do serviço público de
distribuição de energia elétrica em sua área de concessão.
No momento da assinatura do Contrato, a empresa concessionária
reconhece que o nível tarifário vigente, ou seja, as tarifas definidas na estrutura
tarifária da empresa, em conjunto com os mecanismos de reajuste e revisão das
tarifas estabelecidos nesse contrato, são suficientes para a manutenção do seu
equilíbrio econômico-financeiro.

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Os contratos de concessão estabelecem que as tarifas de fornecimento


podem ser atualizadas por meio de três mecanismos:
a) Reajuste tarifário anual:
Este mecanismo tem como objetivo restabelecer o poder de compra da
receita obtida por meio das tarifas praticadas pela concessionária.
A receita da concessionária de distribuição é composta por duas parcelas:
a “Parcela A”, representada pelos custos não-gerenciáveis da empresa (encargos
setoriais, encargos de transmissão e compra de energia para revenda), e a
“Parcela B”, que agrega os custos gerenciáveis (despesas com operação e
manutenção, despesas de capital).
O novo Reajuste Anual é calculado mediante a aplicação do Índice de
Reajuste Tarifário sobre as tarifas homologadas na data de referência anterior.
b) Revisão tarifária periódica:
Este processo tem como principal objetivo analisar, após um período
previamente definido no contrato de concessão (geralmente de 4 anos), o
equilíbrio econômico-financeiro da concessão.
Destaca-se que enquanto nos reajustes tarifários anuais a “Parcela B” da
Receita é atualizada monetariamente pelo IGP-M, no momento da revisão tarifária
periódica são calculadas a receita necessária para cobertura dos custos
operacionais eficientes e a remuneração adequada sobre os investimentos
realizados, com prudência.
c) Revisão tarifária extraordinária:
É uma revisão a qualquer tempo, a pedido da distribuidora, quando algum
evento provocar significativo desequilíbrio econômico-financeiro. Também pode
ser solicitada em casos de criação, alteração ou extinção de tributos ou encargos
legais, após a assinatura dos contratos de concessão, e desde que o impacto
sobre as atividades das empresas seja devidamente comprovado.
A redução é resultado da Lei nº 12.783/2013, que promoveu a renovação
das concessões de transmissão e geração de energia que venciam até 2017, e
das medidas provisórias 591/2012 e 605/2013. As principais alterações que
permitiram a redução da conta foram:

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31

• alocação de cotas de energia, resultantes das geradoras com concessão


renovadas, a um preço médio de R$ 32,81/ MWh;
• redução dos custos de transmissão;
• redução dos encargos setoriais;
• retirada de subsídios da estrutura da tarifa, com aporte direto do Tesouro
Nacional.
Redução e reajustes: o efeito dessa redução é estrutural, ou seja,
promoverá uma mudança permanente no nível das tarifas, pois retira
definitivamente custos que compunham as tarifas anteriores.
Tarifas diferentes: A ANEEL estabelece uma tarifa diferente para cada
distribuidora – em função das peculiaridades de cada concessão. A tarifa de
energia elétrica deve garantir o fornecimento de energia com qualidade e
assegurar aos prestadores dos serviços receitas suficientes para cobrir custos
operacionais eficientes e remunerar investimentos necessários para expandir a
capacidade e garantir o atendimento.
As datas de leitura dos relógios são distribuídas ao longo do mês: por
isso, a redução do preço da energia elétrica só deve ser percebida integralmente
pelo consumidor após um ciclo completo de cobrança com as novas tarifas, ou
seja, no primeiro mês de vigência das novas tarifas, dependendo da data de
vencimento da conta, parte do consumo utilizará a tarifa antiga e outra parte a
nova tarifa, reduzida.
Como as novas tarifas valem a partir do dia 24 de janeiro, por exemplo,
um consumidor que tem sua leitura feita no dia 10 de fevereiro, teria, em
fevereiro, metade de sua energia faturada pela tarifa antiga e a outra metade pela
nova tarifa. A partir de 25 de fevereiro todas as contas já perceberão os
benefícios completos da tarifa reduzida.
Classes de consumo: outros fatores que fazem variar a conta de energia
são as características de contratação de fornecimento. Os consumidores cativos
residenciais e os de baixa renda – aqueles que só podem ser atendidos por uma
distribuidora – têm uma tarifa única em sua concessionária.
As variações também ocorrem de acordo com o nível de tensão em que
os consumidores são atendidos, que é a tensão disponibilizada no sistema

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elétrico da concessionária e que varia entre valores inferiores a 2,3 kV (como as


tensões de 110 e 220 volts) e valores superiores a 2,3 kV. Essa variação divide os
consumidores nos grupos A (superiores a 2,3 kV, por exemplo as indústrias e
grandes comércios) e B (inferiores a 2,3 kV – no qual se incluem os consumidores
residenciais e os de baixa renda).
Os consumidores do grupo A têm tarifas definidas para energia e uso de
rede, para horários de ponta e fora de ponta. Os consumidores livres possuem
características diferentes, pois podem contratar energia de outros fornecedores,
em condições especiais (ANEEL, 2014).

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UNIDADE 4 – A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E AS


CERTIFICAÇÕES
A definição mais simples para eficiência energética seria obter o melhor
desempenho na produção de um serviço com o menor gasto de energia.
Nesta direção, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
(Procel) visa promover o uso eficiente da energia elétrica, combater o desperdício
e reduzir os custos e os investimentos setoriais. Foi criado pelo governo federal
em 1985, é executado pela Eletrobras e utiliza recursos da empresa, da Reserva
Global de reversão (RGR) e de entidades internacionais.
O selo Procel Eletrobras deverá ser utilizado nas cores especificadas
abaixo e em nenhuma hipótese pode-se alterar as cores ou fazer uso de fundos
que confundam sua visualização, como dégradés nas cores institucionais e
policromias (diversas cores) (PROCEL, 2012).
Selo Procel

Fonte: Procel (2012, p. 9).

No processo de concessão do Selo Procel, a Eletrobras conta com a


parceria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro),
executor do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), cujo principal produto é a
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), sendo também a
Eletrobras parceira do Inmetro no desenvolvimento do PBE. Normalmente, os

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produtos contemplados com o Selo Procel são caracterizados pela faixa “A” da
ENCE.
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/etiquetas.asp

Mas, voltemos um pouco no tempo, afinal de contas, a história sempre


nos aponta o caminho do futuro!
Quanto ao contexto do surgimento do conceito de eficiência energética,
vejamos o que nos contam Roméro e Reis (2012):
Alguns fatos não possuem uma data certa, outros possuem data
aproximada e alguns têm datas precisas. O surgimento da preocupação mundial
com a questão da eficiência energética possui precisão: dia 17 de outubro de
1973, data conhecida como a do primeiro choque do petróleo.
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Naquele dia, os produtores majoritários da Organização dos Países


Exportadores de Petróleo (OPEP) reduziram a extração, elevando o preço do
barril de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas 90 dias, ou seja, o valor do barril
foi multiplicado por um fator muito próximo de quatro.
A Agence France-Presse (2014) também conta que a OPEP estabeleceu
que os preços do petróleo seriam fixados pela própria organização e não pelas
companhias distribuidoras de petróleo, fazendo seu preço saltar de US$ 4,00 o
barril para cerca de US$ 40,00. Em janeiro de 2014, o barril do tipo “light sweet”
(WTI) para entrega em março perdeu 74 centavos, a 97,49 dólares, no New York
Mercantile Exchange (Nymex).
Declarada a crise, os governos e as sociedades, em geral, foram se
conscientizando de que era necessário conter os desperdícios de energia e
implementar programas para alcançar esse objetivo. No Brasil, os Ministérios das
Minas e Energia e Indústria e Comércio tomaram para si essa tarefa em 1985,
instituindo o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL ,
cuja função básica era integrar as ações de conservação de energia, na época
em andamento por iniciativa de várias organizações públicas e privadas.
Com o aumento do consumo de energia no mundo, a sociedade vem a
cada dia se preocupando com as medidas de uso racional das diversas formas de
energia utilizadas, notadamente a energia elétrica. Há também que considerar
que a geração de energia, seja ela hidráulica, a óleo, a carvão e a gás natural,
agride de uma forma ou de outra o meio ambiente. Logo, é necessário preservar
as fontes de energia existentes comercialmente e aumentar a eficiência dos
aparelhos consumidores para evitar uma maior agressão ao meio ambiente
(MAMEDE FILHO, 2012).
Atualmente, o governo brasileiro tem desenvolvido uma política moderada
de conservação de energia com a finalidade de reduzir os desperdícios,
notadamente da área industrial, comercial e de iluminação pública, buscando uma
melhor utilização da energia consumida. O PROCEL, órgão vinculado à
ELETROBRAS, é o responsável direto pela execução das políticas de
eficientização energética, agindo das mais diferentes formas, tais como na
educação, na promoção, no financiamento, no incentivo, etc.

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Se focarmos em uma instalação industrial, por exemplo, o estudo da


eficiência energética requer agir nos diferentes tipos de carga com a finalidade de
verificar o seu potencial de desperdício. Além das mencionadas cargas, devem
ser implementadas certas ações que podem resultar na racionalização do uso de
energia e consequente economia na fatura mensal de energia elétrica. Essas
ações devem ser implementadas nos segmentos de consumo a seguir
enumerados:
iluminação;
condutores elétricos;
fator de potência;
motores elétricos;
consumo de água;
climatização;
ventilação natural;
refrigeração;
aquecimento de água;
elevadores e escadas rolantes;
ar comprimido;
carregamento de transformadores;
instalação elétrica;
administração do consumo de energia elétrica;
controle de demanda.
Segundo Mamede Filho (2012), antes de desenvolver quaisquer ações de
eficiência energética que impliquem custos, deve-se inicialmente realizar
levantamento dos aparelhos elétricos instalados nos diferentes segmentos da
indústria, conforme anteriormente indicado. Após obtidos esses resultados, é
necessário realizar medições de parâmetros elétricos, tais como energia,
demanda ativa e reativa, corrente, tensão e fator de potência. Para instalações
industriais com grande número de equipamentos de comutação e chaveamento,
tais como retificadores, nobreaks, inversores, etc., é necessário realizar medições
de componentes harmônicos de tensão e corrente para fins de avaliação da sua
contribuição no desempenho do sistema elétrico.

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As medições devem ser realizadas com medidores digitais com memória


de massa que permitam obter graficamente as curvas dos valores medidos.
A seleção dos pontos de medição depende do objetivo do estudo de
eficiência energética. Para um estudo completo da instalação devem ser
realizadas medições nos seguintes pontos:
a) Quadros de Luz (QL)
Essa medição pode ser feita através de uma leitura instantânea. O valor
da energia pode ser obtido considerando o tempo médio de funcionamento de
cada setor.
b) Terminais dos motores
No caso de pequenos motores, as medições devem ser feitas nos seus
terminais através de uma leitura instantânea. São considerados motores
pequenos aqueles cuja potência nominal é inferior a 5 cv. Para motores com
potência superior a 5 cv, mas que operam de forma contínua e com carga
uniforme, basta obter também uma leitura instantânea ou de pequena duração em
torno de quatro horas. Para motores que operam de forma não contínua e com
carga não uniforme, é necessário realizar uma medição que caracterize pelo
menos um ciclo de operação da máquina. Utilizando esses procedimentos, é
possível obter resultados que indiquem a substituição ou não dos motores.
c) Centros de Controle dos Motores (CCM)
Essa medição tem por objetivo básico obter informações do consumo de
energia, níveis de tensão e de distorção harmônica. Pode-se adotar como
satisfatória uma medição por um período de 24 horas.
d) Quadro Geral de Força (QGF)
Essa medição tem por objetivo principal avaliar os ganhos obtidos a partir
da implementação das medidas de eficiência energética. Para isso é necessário
que as medições sejam realizadas durante a fase de levantamento e após a
conclusão das ações desenvolvidas. A diferença entre os valores de energia e
demanda das duas medições mostra os ganhos obtidos com o projeto.
Essa medição deve ser realizada por um período mínimo de uma semana
para que se possam obter resultados satisfatórios. Com os resultados das
demandas ativas horárias, obtidas a cada dia, organiza-se uma tabela horária

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média a partir da soma das demandas respectivas de cada dia em cada horário.
Por exemplo, o valor da demanda média de 73 kW registrada no horário de 11:45
horas mostrada na Tabela a seguir (parte da medição completa) é o resultado da
média dos valores de demanda dos dias da semana, nesse mesmo horário. Já o
gráfico mostra a formação das curvas registradas no período de medição. Para
efeito de avaliação dos resultados, devem ser consideradas apenas as curvas
médias das medições realizadas antes e depois das ações de eficiência
energética.
Medição semanal em kW

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 553).

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Curva de carga semanal

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 554).

Para determinar o consumo médio mensal da instalação a partir dos


resultados das medições, pode-se calcular a taxa média de consumo, explicada
numericamente:
1) Dados da medição realizada:
demanda máxima mensal – 990,5 kW (máxima registrada durante o
período de medição);
consumo de energia ativa – 89.050 kWh (energia registrada no aparelho
durante o período de medição);
data de início da medição – 12/11/2009;
data do fim da medição – 19/11/2009;
hora de início da medição – 12:15 horas;
hora do fim da medição – 12:00 horas;
tempo de duração da medição – 167,75 horas.
2) Determinação da taxa de consumo médio:
Tcm = 89.050 / 167,75 = 530,84 kWh/h
3) Determinação consumo médio mensal
Tcm = 530,84 kWh/h X 24 h X 30 dias = 382.204 kWh/Mês

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4.1 Cálculo econômico para eficiência operacional


Todo projeto de uma instalação elétrica deve buscar a eficiência
operacional. No entanto, essa eficiência deve ser medida de forma a se encontrar
justificativas econômicas para a sua implementação. Não é razoável adotar
procedimentos para eficientizar um projeto elétrico a qualquer custo.
Sempre que for adotada uma ação de eficiência energética esta deve ser
precedida de uma análise econômica. O método de cálculo denominado Valor
Presente Líquido (VPL) é de fácil execução e deve ser aplicado em todas as
ações de eficiência energética.
O Valor Presente Líquido é a soma algébrica de todo fluxos de caixa
descontados para o instante T = 0. Pode ser determinado através da Equação:

Onde:
Fac - fluxos acumulados, em R$ ou em US$;
Fc - fluxo de caixa descontado que corresponde a diferença entre as
receitas e despesas realizadas a cada período considerado, em R$ ou US$;
Ir - taxa interna de retorno ou taxa de desconto;
T - tempo, em meses, trimestre ou ano, a que se refere a taxa interna de
retorno;
N - número de períodos.

Através desse método pode-se determinar o tempo de retorno do


investimento, observando-se a Planilha de Cálculo da Tabela abaixo e o gráfico
seguinte. Quando a curva dos fluxos acumulados tocar a reta representativa do
investimento, obtém-se o tempo de retorno do investimento realizado.

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Valor presente líquido

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 555).

Tempo de retorno do investimento

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 555).

4.2 Ações de eficiência energética


Vimos que são vários os segmentos de consumo industriais onde
podemos implementar ações que busquem a eficiência energética. Vejamos
alguns deles:
a) Iluminação:
No Brasil, a iluminação representa atualmente cerca de 15% de toda a
energia consumida, o que equivale aproximadamente a 58.000 GWh/ano. No
ramo industrial, a energia, em média, representa de 2 a 8% do consumo da
instalação.
No âmbito de uma instalação industrial, a iluminação é uma das principais
fontes de desperdício de energia elétrica, devido à diversidade de pontos de
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consumo, ao uso generalizado do serviço e ao frequente emprego de aparelhos


de baixa eficiência.
Para reduzir o desperdício nesse segmento, vale a pena observar e
implementar medidas de curto prazo e promover a manutenção do sistema de
iluminação.
São medidas de curto prazo:
utilizar lâmpadas adequadas para cada tipo de ambiente;
utilizar telhas translúcidas nos galpões industriais onde não há necessidade
de forro;
dar preferência ao uso da iluminação natural;
evitar o uso de refratores opacos, como globos, que elevam o índice de
absorção dos raios luminosos, em média, de 30%;
as luminárias de corpo esmaltado usadas por longo tempo devem ser
substituídas por luminárias do tipo espelhado, que possuem maior
eficiência;
a iluminação dos ambientes deve ser desligada, sempre que não houver a
presença de pessoas;
usar luminárias cuja geometria construtiva facilite a limpeza de suas partes
refletoras;
os difusores das luminárias devem ser substituídos sempre que se
tornarem opacos, inibindo a passagem do fluxo luminoso;
nos ambientes bem iluminados deve-se verificar a possibilidade de acender
alternativamente as lâmpadas neles instaladas;
sempre que possível, devem-se utilizar lâmpadas de maior potência
nominal em vez de várias lâmpadas de menor potência nominal, pois
quanto maior for a capacidade lâmpadas, maior será o seu rendimento;
evitar o uso de lâmpadas incandescentes; quando usá-las, não empregar
lâmpadas de bulbo fosco. É preferível utilizar lâmpadas com bulbo
transparente;
em áreas externas, tais como estacionamentos, locais de carga e descarga
etc., utilizar, preferencialmente, lâmpadas a vapor de sódio de alta pressão,
acionadas por fotocélulas;

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utilizar células fotoelétricas ou dispositivos de tempo para iluminação


externa;
os reatores devem ser desligados sempre que forem desativadas as
lâmpadas fluorescentes;
em instalações novas, utilizar lâmpadas fluorescentes T5 de 14 ou 28 W
que equivalem às lâmpadas fluorescentes T10 de 20 e 40 W,
respectivamente, essas lâmpadas não são adequadas às luminárias para
lâmpadas T8;
reduzir a iluminação ornamental utilizada em vitrines e placas luminosas;
utilizar reatores de maior eficiência. Os reatores eletrônicos são aqueles
que apresentam uma eficiência energética muito superior aos reatores
convencionais, ou seja, reatores eletromagnéticos;
utilizar luminárias de maior aproveitamento energético. A eficiência de uma
luminária pode ser medida relacionando-se o fluxo emitido pelas lâmpadas
e o fluxo que deixa a luminária. As luminárias também devem ser
escolhidas em função da curva de distribuição da intensidade luminosa.
Esse é um ponto difícil para o projetista. Assim, se uma luminária
caracterizada por sua curva luminotécnica foca com maior intensidade o
plano de trabalho e com menor intensidade as paredes, apresenta uma
maior eficiência energética. No entanto, do ponto de vista do observador, o
ambiente lhe parece escuro, apesar de o nível de iluminamento estar
adequado ao tipo de tarefa do ambiente, pois a avaliação inicial dá
preferência à iluminação das paredes. Isto é a prática das empresas que
trabalham em eficiência energética na substituição de lâmpadas e
luminárias comuns por equipamentos eficientes.
Está em ascensão o uso de LEDs nos sistema de iluminação. São
aplicados especialmente em residências, hotéis e motéis. Consomem pouca
energia e têm uma vida útil muito elevada.
As duas tabelas a seguir mostram, respectivamente, a eficiência luminosa
de vários tipos de lâmpadas comerciais e a equivalência de fluxo luminoso entre
lâmpadas incandescentes e compactas do tipo eletrônica, com reator incorporado.

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Eficiência luminosa das lâmpadas elétricas (lm/W)

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 557).

Equivalência de fluxo luminoso entre lâmpadas incandescentes e


compactas

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 557).

Para que o usuário do sistema de iluminação tenha sempre as condições


de iluminância na forma como foi inicialmente projetado, é necessário que o
profissional de manutenção execute as seguintes tarefas:
as paredes, o forro e as janelas devem ser limpos com determinada
frequência, já que, normalmente, quando é projetado um sistema de
iluminação, o projetista determina o número de lâmpadas de acordo com a
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cor das paredes, piso e teto, na condição de limpos. Se as paredes, teto e


piso ficam sujos, a iluminância no recinto se torna menor, prejudicando as
pessoas que utilizam o referido ambiente;
as luminárias devem ser limpas com determinada frequência. Todas as
instalações se tornam sujas com o tempo e reduzem a iluminância. O
intervalo do tempo de limpeza das luminárias e das lâmpadas depende do
grau de sujeira presente no ambiente. Por exemplo, nos ambientes de
cozinha, a gordura das frituras rapidamente recobrem as superfícies das
luminárias e lâmpadas. Nesses locais, é conveniente proceder à limpeza
desses aparelhos a cada dois meses;
substituir semanal ou mensalmente as lâmpadas queimadas;
se não for conveniente, sob o ponto de vista de transtorno na área de
produção, substituir as lâmpadas com mau funcionamento ou queimadas
quando acumular um total de 10%.
Para evitar a perda de iluminância quando 10% das lâmpadas estiverem
queimadas, é necessário, no cálculo luminotécnico acrescentar 10% de
lâmpadas. Esse acréscimo poderá ser evitado se as lâmpadas forem substituídas
logo que queimem.

b) Condutores elétricos
O dimensionamento dos condutores elétricos, incluindo-se aí a escolha da
sua isolação, pode conduzir projetos de baixas perdas elétricas.
As principais ações que devem ser desenvolvidas são:

b.1) Dimensionamento da seção dos condutores


corrente de carga;
queda de tensão;
curto-circuito.
b.2) Medidas para conservação de energia
implantar transformadores junto aos centros de consumo: menor
comprimento dos circuitos secundários;
calcular os custos do cabo e a energia de perda;

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potências acima de 500 kVA, adotar, se possível, o local da


subestação próxima à carga;
evitar o uso de cabos XLPE ou EPR, a plena carga, de acordo com
a capacidade dos mesmos. A elevação de temperatura do condutor
faz crescer a resistência elétrica;
aplicar a melhor maneira de instalar os condutores na forma
permitida para cada particularidade do projeto.
b.3) Temperatura de trabalho dos condutores elétricos em função do
carregamento.
b.4) Valor econômico da seção do condutor pode ser calculado de acordo
com a equação:
Ct = Cc + Ci + Ce onde,
Cr - custo total durante a vida do cabo;
Cc - custo inicial de compra do cabo;
Ci – custo inicial de instalação do cabo;
Ce – custo de energia desperdiçada ao longo do tempo.
b.5) Cálculo da seção econômica de um condutor, pode ser calculado de
acordo com a equação:

Onde:
Ic - corrente de carga;
Na - número de anos considerados no cálculo que corresponde ao tempo
de operação do cabo;
Na - número de horas por ano de funcionamento;
G - custo médio do cabo em R$/mm2 X km; esse valor pode ser obtido
através do preço médio de mercado dos cabos de mesmo material condutor e
isolação; assim, se um cabo de cobre de 120 mm2, isolação EPR, 06/1 kV, tem
preço médio de mercado de R$14,80/m, o valor de G = R$123,33/mm2 x km, ou
seja, 14,80 / 120 x 1000. Em geral, o valor de G vale para os cabos das demais
seções e de mesma especificação.

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c) Correção do Fator de Potência


Em todo estudo de eficiência energética de uma instalação, é de
fundamental importância o controle do fator de potência.

d) Motores Elétricos
Os motores elétricos numa instalação industrial consomem, em média,
75% da energia demandada. Por isso, devem ser motivo de avaliações periódicas
para determinar se estão operando na faixa de melhor desempenho.
De forma geral, na indústria, mesmo aquelas instaladas em períodos
recentes onde o tema eficiência energética tem tomado corpo entre os gerentes
de produção e financeiros, existe um considerável desperdício de energia,
notadamente na operação dos motores elétricos, devido a algumas causas que
podem ser enumeradas:
1. Substituição de motores defeituosos por motores de potência superior, pelo
simples fato de não haver disponibilidade de um motor de igual potência e
características no setor de manutenção da indústria.
2. Instalação, pelo próprio fabricante da máquina a ser acionada, de um motor
de capacidade desnecessariamente superior às necessidades da mesma.
3. Fatores de correção adotados por projetistas e profissionais de
manutenção que elevam a capacidade nominal dos motores em busca de
uma maior segurança e vida útil.
4. Falta de conhecimento real da carga que será acionada e de suas demais
características operacionais.
5. Falta de conhecimento técnico para aplicação dos fatores de serviço de
alguns motores.
6. Previsão quase sempre inatingível de aumento de produção da máquina.
7. Suposição de que motores subdimensionados têm menores desgastes
mecânicos e maior vida útil.
8. Redução, por tempo muito longo, do ritmo de produção de determinadas
máquinas.
Em geral, para motores de potência nominal não superior a 100 cv são
válidas as seguintes informações constatadas pelos catálogos dos fabricantes:

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quanto maior a sua potência nominal, mais elevado é o seu rendimento


máximo;
os motores, em geral, operam com o seu rendimento máximo quando
carregados a 75% da sua potência nominal;
os motores que operam com uma taxa de carregamento igual ou inferior a
50% da sua potência nominal apresentam um rendimento acentuadamente
declinante;
os motores que operam com uma taxa de carregamento igual ou superior a
65% da sua potência nominal apresentam um rendimento próximo do seu
rendimento máximo (MAMEDE FILHO, 2012).
A especificação, a utilização e os cuidados com os motores elétricos
podem resultar na eliminação ou redução dos desperdícios de energia elétrica, ou
seja:
substituir os motores elétricos que operam com carga inferior a 60% da sua
capacidade nominal (relação entre a potência útil e a potência nominal);
instalar inversores nos motores elétricos de indução que operam por um
longo período de tempo com carga de potência variável, tais como
ventiladores, compressores, etc.;
instalar inversores nos motores utilizados nas estações de tratamento de
esgoto ou em emissores submarinos e cargas similares, pois durante o
período da madrugada há uma acentuada redução na produção de esgoto
e, consequentemente, menor solicitação dos motores.
Durante a avaliação dos motores elétricos de uma instalação industrial, é
normal encontrar máquinas acionadas por motores cuja forma de operação é
muito complexa para determinar se há potencial de economia a considerar. Como
exemplo, podem ser indicadas as prensas hidráulicas utilizadas na fabricação de
peças metálicas em alto-relevo, em que o comportamento da demanda solicitada
da rede é muito irregular e o tempo de operação dessas máquinas também é
incerto. As paradas da máquina são frequentes e a sua duração é variável, porém
necessária para substituição do molde e ajustes decorrentes.

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49

Já a avaliação de potencial de economia em máquinas cujos motores


operam em regime S1, dada a regularidade de seu funcionamento, é muito
facilitada e se obtêm resultados muito precisos.
Para determinar o potencial de economia de energia elétrica que pode ser
obtida na operação dos motores elétricos, segue a orientação:
a) Avaliação de desperdício de energia elétrica:
baixa qualidade da energia fornecida;
dimensionamento inadequado do motor;
tensão elétrica inadequada;
utilização inadequada do motor;
condições operativas inadequadas;
condições de manutenção inadequadas;
baixo fator de potência do motor;
transmissão motor-máquina desajustada;
temperatura ambiente elevada.
b) Dificuldades de avaliação de desperdícios:
dados de catálogos incorretos;
variação de rendimentos entre fabricantes;
rebobinamento dos motores.
c) Medidas de combate ao desperdício:
seleção adequada do motor relativamente a:
- potência nominal;
- regime de funcionamento;
- corrente de partida;
- queda de tensão na partida;
- conjugado de partida;
- chave de partida;
- temperatura ambiente.
Dimensionamento do circuito de alimentação
d) Cuidados com a substituição dos motores:
substituição sempre por motores de alto rendimento;
verificação da rotação;

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verificação das tensões de placa comparadas com as de rede;


verificação do número de partidas por hora;
regime de funcionamento do motor;
torque de partida;
capacidade da chave de partida;
capacidade do condutor de alimentação;
redimensionamento da proteção.
e) Potencial de economia dos motores:
Para determinar o potencial de economia dos motores elétricos de uma
determinada instalação, é preciso implementar as seguintes ações:
Listar os motores de maior potência nominal:
- potência nominal;
- tensão de operação;
- conjugado de partida;
- regime de operação.
Medir a corrente nas condições normais de trabalho
Analisar a curva de desempenho do motor:
- fator de potência;
- rendimento para a corrente medida.

e) Consumo de Água
Os vazamentos de água ao longo da tubulação são responsáveis por um
excessivo consumo desse líquido nas instalações industriais. Como
consequência, o motor da bomba d’água necessita trabalhar além do normal para
compensar o volume d’água desperdiçado no sistema hidráulico, aumentando o
consumo de energia elétrica. Nesse caso, haverá tanto desperdício de água
quanto de energia elétrica, onerando consequentemente os custos operacionais
da instalação.
Quanto maior for o consumo de água na instalação consumidora, maior
será o volume de água nas estações de tratamento de água, as chamadas ETA's
e o uso de material de tratamento.

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Assim, é necessário que os responsáveis pela manutenção monitorem


periodicamente toda a tubulação de água para descobrir vazamentos e façam os
reparos necessários.
Para que os custos operacionais com o consumo de água e energia
elétrica sejam racionalizados, podem ser adotadas as seguintes instruções:
i) Recomendações aos responsáveis pela manutenção
As áreas ajardinadas devem receber a quantidade de água apenas
necessária para preservar a vida das plantas. Os excessos e a falta de
água são desaconselhados e prejudicam as plantas.
Não usar a mangueira de água para remover a sujeira em calçadas, pátios,
etc.; usar neste caso, a vassoura.
Não usar a mangueira com água corrente; usar apenas a quantidade de
água necessária à limpeza da área.
Inspecionar rotineiramente as conexões das tubulações de água quente e
água fria das máquinas da produção.
Inspecionar rotineiramente os tanques de água bruta e tratada, além dos
boilers ou aquecedores de água.
Realizar inspeções rotineiras no sistema de suprimento e de distribuição de
água.
Regular a válvula de descarga dos vasos sanitários.
ii) Recomendações aos funcionários burocráticos e de chão de fábrica
Manter bem fechadas as torneiras, de forma a evitar que pinguem
continuamente.
Comunicar aos responsáveis pela manutenção a existência de vazamentos
em torneiras diversas, chuveiros, conexões, vasos sanitários, etc.
As máquinas de lavar roupa, louça, etc., devem ser utilizadas com sua
capacidade máxima.
Dar atenção aos vazamentos no sistema de água quente para evitar
concomitantemente a perda de água, a perda de gás e finalmente a perda
de energia elétrica.
Acionar, minimamente, as válvulas dos aparelhos sanitários.
Não deixar a torneira aberta enquanto escovar os dentes ou fazer a barba.

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Deve ser mínimo o tempo de banho.


Em qualquer instalação industrial existem dois tipos de vazamentos:
vazamentos visíveis e vazamentos não visíveis.
Os vazamentos visíveis ocorrem com maior frequência nas torneiras,
conexões com as máquinas, chuveiros, bidês e no extravasor das caixas d'água
cuja boia não funciona adequadamente. Nos sistemas industriais de maior porte
existem controles através de sensores elétricos.
Os vazamentos não visíveis normalmente são de difícil identificação.
Esses vazamentos ocorrem, em geral, nos vasos sanitários (pequenos
vazamentos) ou nos reservatórios ao nível do solo ou subterrâneos.
Para orientar as equipes de manutenção, seguem algumas
recomendações, ou seja, testes que podem ser realizados em reservatórios
construídos no solo:
abrir o registro do hidrômetro;
fechar o registro de limpeza e o de saída do reservatório:
vedar a entrada de água, fechando a boia através de um fio ou barbante;
desligar a bomba de recalque, evitando conduzir água para o reservatório
superior;
medir o nível da água no reservatório através de uma tira de madeira ou
outro material que possa identificar a marca d'água;
após cerca de três horas, em média, medir novamente nível da água no
reservatório. Para reservatórios muito grandes, esperar pelo menos cinco
horas para realizar a referida medição;
comparando os dois níveis medidos, pode-se concluir se houve ou não
vazamento no reservatório;
caso confirmado, verificar se o vazamento ocorreu por trinca no
reservatório ou nos pontos de saída e entrada de tubulação.
Para que se possa quantificar os desperdícios de água e energia elétrica
numa unidade consumidora sujeita a vazamentos, pode-se utilizar as tabelas
abaixo. A primeira fornece o desperdício de água em função do gotejamento nas
torneiras e registros ou aberturas dos mesmos permitindo a passagem de um fio
de água corrente. A segunda fornece o desperdício de água em função dos

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diferentes níveis de pressão existentes na tubulação para a condição de


vazamento no sistema hidráulico.

Desperdício de água através de orifício à pressão atmosférica

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 578).

Desperdício de água através de orifício em função da pressão


(pressão: 5 kg/cm/)

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 578).

f) Climatização
De forma geral, os sistemas de climatização provocam grandes
desperdícios de energia elétrica nas instalações industriais e comerciais,
independentemente se são utilizados aparelhos do tipo janeleiro ou sistemas
centralizados.
Atualmente, o PROCEL tem incentivado muito a eficiência de unidades de
climatização. Os aparelhos comercializados com selo PROCEL apresentam uma
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taxa média de 0,95 kW/10000 BTU contra uma taxa média de 1,35 kW/10000
BTU de aparelhos um pouco mais antigos, permitindo, assim, um ganho de
eficiência de cerca de 30%. Esse ganho já viabiliza economicamente a
substituição dos aparelhos antigos por aparelhos certificados pelo PROCEL,
dependendo do tempo de utilização diário.
Para melhor compreensão, serão definidos alguns termos básicos
relativamente aos sistemas de climatização, ou seja:
a) Circuito de condensação é constituído pelos equipamentos
empregados no arrefecimento do fluido frigorígeno (por exemplo, amônia) no
condensador do sistema, tais como bombas, torres de resfriamento, instrumentos,
dispositivos, etc.
b) Circuito de água gelada é constituído pelos equipamentos de
circulação de água gelada, tais como bombas, instrumentos, dispositivos,
tubulação e fan-coils.
c) Circuito de distribuição de ar é constituído pelos equipamentos
utilizados na circulação do ar tratado, tubulações e os diversos elementos para
insuflamento, tais como o retorno de ar e admissão de ar do meio exterior.
Para reduzir os desperdícios de energia elétrica, Mamede Filho (2012)
sugere observar as seguintes orientações:
MEDIDA DE CURTO PRAZO
Aparelho de ar condicionado tipo janeleiro Aparelho de ar condicionado tipo central
Utilizar somente aparelhos de ar condicionado Verificar, periodicamente, se o termostato está em
certificados pelo PROCEL. pleno funcionamento.
Evitar a entrada do ar exterior no ambiente Verificar as condições dos condensadores das
climatizado, mantendo as portas e janelas sempre serpentinas.
fechadas. Verificar se há incrustações nas superfícies dos
Limpar periodicamente os filtros do aparelho para trocadores de calor.
melhorar o rendimento e higienizar o ar circulante. Verificar se há vazamento do fluido frigorígeno.
Evitar que áreas climatizadas fiquem expostas ao Verificar a perda de pressão nos trocadores de calor
sol, para evitar o aumento da carga térmica; para do equipamento de geração de frio.
isso utilizar cortinas, persianas ou película de Verificar se há vazamentos de água no circuito de
proteção solar nas janelas. condensação.
Desligar o aparelho de ar condicionado quando não Realizar periodicamente a limpeza das serpentinas
houver nenhuma pessoa no ambiente climatizado. dos fan-coils.
Evitar que a saída de ar do aparelho seja obstruída. Realizar periodicamente a limpeza das serpentinas
Manter a temperatura do ambiente climatizado no de arrefecimento do ar, dos filtros de ar e dos
valor de 23°C que é a temperatura mais agradável ventiladores.
para o ser humano.
Nos dias de frio manter funcionando apenas os
ventiladores dos aparelhos de ar condicionado;
proceder da mesma forma para as centrais de
climatização.
Desligar o aparelho de ar condicionado em
ambientes não utilizados ou que fiquem longo tempo
desocupados.
Designar um funcionário da empresa para desligar os
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aparelhos de ar condicionado em horários pré-


definidos, como, por exemplo, durante o horário de
almoço.

MEDIDAS DE MÉDIO PRAZO


Reparar periodicamente as tubulações de ar das centrais de climatização, para evitar a perda de
calor (frio).
Tratar quimicamente a água de refrigeração.
Reparar janelas e portas quebradas ou fora de alinhamento.
Reparar fugas de ar, água e fluido refrigerante.
Evitar a circulação de ar condicionado nos reatores de lâmpadas fluorescentes e, se for necessário,
removê-lo para outro ambiente.

MEDIDAS DE LONGO PRAZO


Elaborar estudos técnicos e econômicos para a implantação de um sistema de termo acumulação ou
água gelada, onde é possível a sua utilização. O sistema de termo acumulação ou água gelada não
reduz o consumo, apenas permite que os compressores do sistema de climatização não operem na
hora da ponta de carga.
Em edificações antigas, reavaliar o projeto de climatização adequando-o aos critérios mais modernos.
Dimensionar os aparelhos de ar condicionado utilizando a carga térmica do ambiente.
Utilizar barreiras verdes (árvores) para proteger a edificação contra a entrada de raios solares nos
ambientes dotados de janelas e portas de vidro.

g) Ventilação Industrial
Em muitas indústrias existem grandes ventiladores que são responsáveis
por uma parcela ponderável do consumo de energia elétrica. Esses ventiladores
fazem parte do processo produtivo e devem ser analisados para identificar o
potencial de desperdício de energia elétrica.
O principal ponto que pode ser analisado é a possibilidade da redução da
velocidade dos ventiladores. Se factível, o meio mais fácil para reduzir a
velocidade dos ventiladores é a substituição das polias do motor e/ou do próprio
ventilador.
Para determinar o potencial de economia com a mudança da velocidade
e, consequentemente, a troca de polias, é necessário adotar o seguinte
procedimento:
a) Determinação da nova velocidade do ventilador, sendo que a
velocidade do motor com o diâmetro da polia reduzida é dada pela seguinte
equação:
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Onde:
W2 - velocidade do ventilador com o diâmetro da polia reduzido;
W1 - velocidade em que opera o ventilador;
N1 - volume de movimentação do ar realizado pelo ventilador;
N2 - volume de movimentação do ar realizado pelo ventilador com o
diâmetro da polia reduzido.
b) Determinação do diâmetro das polias:

• Polia do motor Onde:


Dm2 - diâmetro da nova polia do motor;
Dm1 - diâmetro da polia atual do motor.
• Polia do ventilador, onde o diâmetro da polia do ventilador é dado pela
seguinte equação:

Dv2 - diâmetro da nova polia do ventilador;


Dv1 - diâmetro da polia atual do ventilador.
c) Determinação da potência útil do motor que é dada pela seguinte
equação:

Onde:
Pum - potência útil do motor na condição de operação rotação N2;
Pnm - potência atual do motor.
d) Redução da energia consumida no mês, dada pela equação:

Onde:
Top - tempo de operação do ventilador durante o mês, em horas.

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h) Refrigeração
Os sistemas de refrigeração, se não gerenciados adequadamente,
constituem uma grande fonte de desperdício de energia elétrica. Para alcançar
uma melhor eficiência operacional desses equipamentos, sugere-se seguir os
procedimentos abaixo:
somente adquirir refrigeradores certificados pelo PROCEL;
evitar utilizar os refrigeradores com portas ou tampas abertas;
evitar armazenar produtos quentes;
evitar armazenar produtos que necessitem apenas de refrigeração no
mesmo local dos produtos congelados;
nos balcões frigoríficos, respeitar a linha de carga marcada pelo fabricante.
O armazenamento de produtos acima dessa marca eleva a frequência do
descongelamento;
degelar periodicamente os refrigeradores;
em locais onde existem câmaras frigoríficas funcionando continuamente,
aproveitar as mesmas para realizar o pré-congelamento dos produtos a
serem armazenados nos balcões frigoríficos;
afastar os produtos armazenados pelo menos 10 cm das paredes dos
refrigeradores, para garantir uma melhor circulação do ar de refrigeração;
evitar instalar os refrigeradores e freezers próximos de equipamentos que
produzem calor, tais como fogões, fornos, etc.;
usar com moderação os expositores ofertados por fabricantes ou
fornecedores de produtos resfriados ou congelados;
os termostatos das câmaras frigoríficas devem ser ajustados para permitir
que os produtos armazenados sejam mantidos a uma temperatura de
referência;
no interior das câmaras frigoríficas devem ser instaladas lâmpadas
fluorescentes compactas tubulares de alta eficiência, com especificação
adequada para baixas temperaturas. A iluminância deve ser de 200 lux.;
é conveniente que numa mesma câmara frigorífica sejam armazenados
produtos que requeiram a mesma temperatura e o mesmo percentual de
umidade;

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manter sempre em bom funcionamento e limpos os termostatos que


operam com válvulas de três vias e/ou com válvulas de expansão;
as portas das câmaras frigoríficas devem estar sempre fechadas quando
fora de operação;
verificar periodicamente a vedação das portas das antecâmaras;
verificar e reparar, se for o caso, a vedação das portas e tampas dos
refrigeradores, freezers e câmaras;
automatizar a porta das câmaras frigoríficas, de forma que a iluminação
interna seja desligada quando as portas permanecerem fechadas;
abrigar os condensadores dos raios solares;
nas câmaras frigoríficas desprovidas de antecâmaras, utilizar cortinas de
ar;
realizar estudos técnicos e econômicos visando ao aproveitamento do calor
rejeitado nas torres de resfriamento, utilizando-o no aquecimento de água
ou outros produtos

i) Aquecimento de Água
São medidas de implementação imediata:
os aquecedores de água devem ser ajustados para a temperatura de
trabalho de 55°C;
utilizar as máquinas de lavar roupa e lavar louça somente com plena carga;
utilizar duchas e torneiras com baixa vazão;
verificar o isolamento térmico da tubulação, reservatórios e demais
elementos do sistema de aquecimento;
manter em 55°C a temperatura da água quente dos aquecedores centrais
utilizados para higiene pessoal (MAMEDE FILHO, 2012).
São medidas de implementação a médio e longo prazos:
analisar a possibilidade de lavagem a frio de alguns produtos do processo
produtivo;
realizar estudos técnicos e econômicos visando à recuperação de calor das
unidades de refrigeração;
é conveniente separar a produção de água quente e vapor;

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instalar redutores de fluxo de água em ramais alimentadores de grupo de


torneiras que operam com elevada vazão;
analisar a viabilidade e avaliar os custos de substituição de chuveiros
elétricos por sistema de aquecimento de água a gás natural ou energia
solar;
analisar a viabilidade técnica e avaliar os custos para aproveitamento da
água quente de drenagem das cozinhas, lavanderias e unidades de
refrigeração para pré-aquecimento da água quente de utilização;
analisar a viabilidade de instalação de coletores solares para o
aquecimento de água, em substituição aos aquecedores elétricos;
quando utilizar coletores solares e os respectivos reservatórios térmicos,
adquirir equipamentos certificados pelo PROCEL - INMETRO.

j) Ar Comprimido
Uma fonte de desperdício de energia elétrica bastante conhecida é a
operação do sistema de ar comprimido, cujos pontos básicos devem ser motivo
de cuidados permanentes.
Em relação à qualidade do ar comprimido, vale evitar que o mesmo seja
contaminado pelo óleo ou pela água em alguma parte do processo e verificar que
as tomadas de ar devem ser providas de um ou dois filtros de abertura adequada
ao tamanho das partículas em suspensão no local.
Em relação à rede de distribuição, manter a pressão do sistema de ar
comprimido tecnicamente adequada ao bom funcionamento da máquina; nunca
introduzir na rede do sistema de ar comprimido qualquer elemento restritor de
pressão para atendimento às exigências de uma única máquina e, evitar que o ar
circulando em alta velocidade arraste o condensado formado no interior do
sistema para os pontos de uso das máquinas, acarretando mau funcionamento
das mesmas.
Sobre a pressão, cada máquina deve receber do sistema a pressão
nominal indicada pelo fabricante, devendo-se dimensionar tantas redes de
distribuição de ar comprimido quantas forem as máquinas com pressões nominais
diferentes.

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Em se tratando de vazamento nos dutos, válvulas e conexões, evitar


vazamentos nos diversos elementos da rede de ar comprimido, pois a quantidade
de ar desperdiçada é proporcional ao nível de pressão da rede.
Os custos com os vazamentos é o principal ponto de desperdício nos
sistemas de ar comprimido. Estudos apontam que entre 20 e 70% do ar
comprimido produzido num compressor são desperdiçados entre este
equipamento e os pontos de consumo (MAMEDE FILHO, 2012).

k) Carregamento dos Transformadores


A operação dos transformadores de força deve ser estudada para evitar
desperdícios de energia elétrica. Assim, logo no projeto da indústria deve-se
considerar a possibilidade de utilizar transformadores de luz e força
separadamente, desligando o transformador de força após cessadas as
atividades produtivas.
As principais ações que devem ser implementadas num estudo de
eficiência energética na utilização dos transformadores são:
utilizar transformador para iluminação em indústrias com baixo fator de
carga;
utilizar subestações unitárias próximas a grandes cargas concentradas;
desligar os transformadores em operação a vazio no período de carga leve
(não há deterioração do óleo);
verificar as perdas de transformadores antigos e comparar com as perdas
dos transformadores novos;
projetar os Quadros de Comando (QGF – Quadro Geral Força –, e QGL –
Quadro Geral de Luz) de forma a possibilitar a transferência de carga entre
transformadores de força e entre transformadores de iluminação, mantendo
o nível de carregamento adequado próximo de 80%;
adquirir transformadores com baixas perdas no ferro e no cobre;
em geral, os transformadores possuem rendimento elevado, não obtendo
grandes economias, quando operado níveis de carregamento
anteriormente definidos.

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l) Instalação Elétrica
A execução, de modo sistemático, de um adequado programa de
manutenção das instalações elétricas está inserida no contexto da filosofia de
conservação de energia elétrica, visto que a sua ausência implica aumento de
perdas térmicas, custos adicionais, imprevistos em virtude da incidência de
defeitos nas instalações, maior consumo, maior probabilidade de ocorrência de
incêndios, etc.
Além das recomendações gerais que envolvem verificar a instalação
elétrica periodicamente para localizar defeitos monopolares (fugas de corrente)
por deficiência da isolação ou emendas de condutores mal-executadas e verificar
se os condutores elétricos dos circuitos estão dimensionados adequadamente
para a carga instalada, vale focar:
Limpeza e conservação – as tarefas de limpeza, quando bem
planejadas, podem reduzir o consumo de energia elétrica. Para tal, sempre que
possível, realizar as limpezas durante o dia; iniciar pelos andares superiores,
mantendo-se desligada a iluminação dos ambientes dos demais pavimentos.
Segurança – nas instalações elétricas deve ser motivo para
implementação de rotinas, de forma a eliminar a possibilidade de falhas ou
procedimentos perigosos.
Algumas recomendações de segurança podem ser adotadas:
o uso de conexões do tipo “T” é uma prática muito perigosa e deve ser
evitada, principalmente quando diversos aparelhos elétricos são ligados
numa mesma tomada;
inspecionar periodicamente as instalações elétricas, substituindo
imediatamente os condutores elétricos desgastados;
evitar empregar condutores já utilizados e cujo estado de conservação
esteja a desejar;
substituir os condutores com seção transversal inferior às necessidades da
carga a ser alimentada;
segurar pelo bulbo as lâmpadas queimadas, evitando tocar o soquete;
ao trabalhar com aparelhos elétricos em operação, evitar tocar em canos
d'água ou de gás canalizado;

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62

antes de realizar qualquer intervenção na instalação elétrica, desligue a


chave correspondente àquele circuito.
Proteção para a instalação – se o disjuntor ou o fusível de proteção de
um circuito operar, procure identificar a causa, antes de religar o mencionado
disjuntor ou substituir o fusível; nunca prender a alavanca do disjuntor, se esse
dispositivo realizar disparos contínuos e nunca usar arames ou fios de qualquer
espécie em substituição aos fusíveis.
Muitas das recomendações e orientações acima parecem primárias
demais, mas o descuido delas acontece, se por distração ou imprudência, não
importa.
Seguindo as orientações, as chances de combater o desperdício de
energia aumentam muito e, além de contribuírem para reduzir os custos da
empresa, podem ter certeza que o meio ambiente e as futuras gerações serão
muito gratas, pois do nosso uso racional e consciente de hoje depende e muito
uma vida com qualidade para os nossos descendentes.

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63

REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Artigos diversos. Disponível em:


http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2006225.pdf
MAMEDE FILHO, João. Instalações elétricas industriais. 8 ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2012.
ROMÉRO, Marcelo de Andrade; REIS, Lineu Belico dos. Eficiência energética em
edifícios. Barueri: Manole, 2012.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Atlas de energia elétrica


do Brasil / Agência Nacional de Energia Elétrica. Brasília: ANEEL, 2002.
ARAÚJO, Nelma Mirian Chagas de. Proposta de sistema de gestão da segurança
e saúde no trabalho, baseado na OHSAS 18001, para empresas construtoras de
edificações verticais. João Pessoa (PB): Universidade Federal da Paraíba, 2002.
BRASIL. Caderno setorial de recursos hídricos: geração de energia hidrelétrica /
Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. Brasília: MMA,
2006. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/161/_publicacao/161_publicacao230220110312
04.pdf
BRASIL. Decreto nº 5668, de 10 de janeiro de 2006. Determina que a Agência
Nacional de Energia Elétrica - ANEEL seja o órgão anuente no Sistema Integrado
do Comércio Exterior - SISCOMEX nas operações de importação e exportação de
energia elétrica no Sistema Isolado e no Sistema Interligado Nacional - SIN, e dá
outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5668.htm
BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938org.htm>.
BRASIL/ELETROBRAS. Selo Procel de economia de energia (2012). Disponível
em: http://www.eletrobras.com/elb/procel/main.asp?TeamID=2DEB4057-D085-
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