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Introdução
→ [pp-09-27] Dado que as sociedades padecem de inerente conflito, por que os motins
não são uma constante? Seguindo a teoria de Georg Simmel, a autora enfatiza as
“formas acomodativas” que asseguram a paz [15]. Nas Minas setecentistas quais eram
essas formas e o que representava uma ameaça a sua viabilidade? Na primeira metade
do século XVIII, momento em que a Coroa Portuguesa percebeu a “necessidade” de
substituir os “dispositivos do exclusivo metropolitano, pouco eficientes na região”, e
estabeleceu uma estratégia de controle delegando autoridade a burocratas, a paz local e
as próprias determinações metropolitanas passaram a depender do consenso do
funcionalismo. O príncipe delegava essas tarefas a terceiros, com o risco dessa
burocracia se autonomizar, criando “mais de um polo de poder”, “focos locais de poder”
[17], e gerando “contextos de soberania fragmentada” ( “Nestes contextos, atores coloniais
acumularam recursos de poder suficientes para enfrentar, com relativa eficácia, a ordem pública,
‘fragmentando’ a soberania metropolitana sobre a região, em princípio absoluta” ) [24]. Teria
sido exatamente isso que ocorreu em Minas Gerais no período assinalado. A metrópole
não apenas se tornou uma espécie de refém dos interesses dos burocratas coloniais,
como desrespeitá-los levava a motins. Era necessário administrar os “conflitos intra-
autoridades” para “manter a previsibilidade da ordem político-social na Capitania” [16].
A maneira de realizar esse objetivo consistia em respeitar as “regras do jogo colonial”,
tendo a metrópole o cuidado de não abusar do poder nem da fiscalidade. Enfim,
deveriam ser mantidos os “procedimentos justos por parte da Coroa” [23]. Portanto,
quando as revoltas eclodiam, eram pela reabilitação das “formas de acomodação”
tradicionais. Elas visavam “restaurar o equilíbrio tradicional” entre as comunidades
coloniais e a metrópole [24].