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RESUMO
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
1.Estado Liberal
O direito natural, portanto, como emanação da natureza humana, e esta, por sua vez,
torna-se base para os direitos individuais, ambas as cartas representaram a formalização do
que o processo revolucionário do final do século XVII e século XVIII inteiro significou, sob o
horizonte do iluminismo, o pensamento de Locke, cuja defesa do Estado e das leis se fazia
solução para a insegura convivência humana, nitidamente se verificava em letras, ou mesmo
Rousseau, no equilíbrio entre autonomia e Estado forte, cuja lei se faz fruto da vontade geral e
ainda, Montesquieu, com a separação dos poderes, estrutura fundamental para limitar o
exercício do poder do Estado.4
Mas o valor central da época era, sem sombra de dúvida, “liberdade”. Tanto a
liberdade, no sentido negativo, aquela que afasta do poder do Estado o domínio privado, se
identificando no próprio espaço não coabitado pela ação estatal, como aquela que decorre
apenas da razão e se percebe ao dar leis a si próprio, a autonomia do indivíduo,
ontologicamente, o ser humano.
A propriedade privada estava garantida aos proprietários, pois ela mesma assumia um
caráter da pessoa e o direito à igualdade tornava-se elemento central da carta, porém não
único, atrelava-se à necessidade de um regulamento da atividade estatal para que essa não
interferisse e prejudicasse a realização humana. O Estado Liberal, portanto, comprometia-se
com o indivíduo na medida em que não agia diretamente, não interferia nas relações privadas
e, principalmente, não intervinha na econômica. Tangenciavam-se os vínculos sociais, tidos
como elementos de menor importância, pois o humano era considerado uma abstração
metafísica, uma unidade singular de sentido, um ser desenraizado, diferentemente de um ser
humano historicamente situado, com desejos e anseios diretamente ligados à realidade
comunitária.5
2.Estado Social
O Estado Liberal, ao não determinar meios efetivos de garantias dos próprios direitos
afirmados, tornando-os meramente formais e limitados a uma parcela restrita de pessoas
dotadas de capital, mostrando-os incompatíveis com a realidade social, evidenciava ser um
Estado abstrato omisso com a própria sociedade. Fazia-se necessário que o Estado garantisse
condições mínimas materiais e existenciais, por meio de políticas públicas, para que mais
pessoas, inclusive as não-proprietárias e as sem-capital pudessem ser efetivamente iguais e
livres.7
6http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/bh/andre_liguori_de_cerqueira.pdf
7SARMENTTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. Lumen Iuris,2004
8BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito. Ed Malheiros,20ªed
de empregar os braços desocupados; ela fornece assistência às
crianças abandonadas, aos doentes e idosos sem recursos e que não
podem ser socorridos por suas famílias”
Além de, nessa mesma carta, conter avanços constitucionais como a abolição da pena
de morte e a proibição da escravidão em todas as terras francesas. Deve-se falar da doutrina
social da igreja, marcada na época pela Rerum Novarum, que também inspirou os adeptos ao
combate contra o Estado Liberal e do incomensurável impacto que teve a Revolução Russa, o
planejamento estatal, a ascensão das classes menos beneficiadas, tornando-se marco, teórico e
prático de uma possibilidade real frente às decepções do Estado de Direito e à crise do
capitalismo, no século XX.
Sua importância histórica advém de ter sido a pioneira em atribuir aos direitos
trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, de ter proposto a desmercantilização do
trabalho e ter estabelecido a igualdade substancial de posição jurídica entre trabalhadores e
empresários na relação contratual, protegendo os cidadãos do desemprego e protegendo a
maternidade. Segue um trecho desta:
A Constituição de Weimar adquiriu uma estrutura mais elaborada, ainda que ambígua
e imprecisa, fruto dos intensos debates entre os partidos socialistas e capitalistas, na tentativa
de conciliação de ambas idéias, comunistas com liberais capitalistas da civilização ocidental,
representou melhor defesa da dignidade humana ao final complementar direitos civis e
políticos com direitos econômicos e sociais, institucionalizando a democracia social, sua
9http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/viewArticle/161/249
estrutura era formada por duas partes: a primeira atribui-se à organização do Estado e a
segunda à declaração de direitos e deveres fundamentais, liberdades individuais e os novos
direitos de material social.10
Os grupos sociais passam a exigir então uma atitude afirmativa, uma orientação
determinada do Poder Público na política econômica e distribuição de bens o que implica em
mãos visíveis atuando perante o mercado, cabe lembrar a repercussão da teoria keynesiana, e
uma redistribuição de renda pela via tributária. Distinguiram-se as diferenças das
desigualdades, sendo que estas deveriam ser constantemente combatidas enquanto aquelas
eram fundamentais para a compreensão da realidade social.
Estado Social surge então para além dos direitos individuais, estes que continuam
sendo direitos fundamentais, já que não há como falar da manifestação de direitos sociais sem
o direito à igualdade, à liberdade e à propriedade, ainda que esses direitos sejam
ressignificados pelo novo paradigma. O sentido desses novos direitos não surge para se
somar, num processo matemático, à significação dos direitos de primeira geração, como se a
Constituição fosse uma “colcha de retalhos”, mas aparecem para coexistirem de maneira
tensa, comunicando-se e se estabelecendo numa dinâmica de interdependência com relação
aos direitos individuais conquistados, fazendo com que se construam novos sentidos dados
aos ambos direitos.
10 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. Ed Saraiva, 5ªed
Esse Estado, preocupado com o bem estar dos cidadãos, fora marcado pela
interferência nas relações privadas, visto que essas estavam em inerte desequilíbrio,
significativo era o constrangimento social e econômico que as rodeavam e impediam a
igualdade e o equilíbrio e, por último, fora marcado pela ação econômica tornando-se um
agente indutor de direitos, comprometido com a realização do humano e, portanto com a vida
pautada na dignidade, princípio central e ordenador do Estado Democrático de Direito.
O problema enfrentado por esse Estado interventor é que, com a positivação dos
direitos sociais por meio dessas políticas afirmativas, deve-se ressaltar o fato de que ensejam
maiores dificuldades, devido à resistência ideológica que existe entre os grupos e pessoas
acostumados a se adequarem em instituições tradicionais e, não menos importante, devido à
necessidade de recursos públicos escassos.
Faz-se importante agora, dentro ainda desse assunto, levantar uma crítica do sociólogo
Zygmunt Bauman, reiterado por outros autores a respeito da inserção dos direitos sociais pelo
Estado do Bem-Estar Social. Quando há afirmação de direitos sociais, por parte do Estado,
através de políticas públicas, tende-se à centralização do poder, na esfera executiva, devido à
intensidade e a rapidez desse processo, corre-se o risco de aniquilar a dignidade humana,
durante a sua ocorrência, por conta da mitigação dos direitos individuais.11
Isso acontece pois há uma transformação na relação do homem com o Estado, esta
que antes era meramente uma relação política e fora construída para tal, passa a ser
essencialmente uma relação econômica, paradoxalmente, torna o homem menos ser humano
do ocidente, deixa-se o status de cidadão, pois ele se limita a receber do Poder Público
proteção ao invés de garantia. O Estado, ao fornecer essa proteção, em substituição à devida e
legal redistribuição da riqueza nacional, alimenta essa condição de não-cidadão do homem,
contribuindo para o aumento da insegurança e consequente dependência dele frente a si,
Estado, absorve-se assim parcela dos poderes normativos e gera um desequilíbrio na
separação das funções, comprometendo a própria estrutura política e se distanciando
efetivamente do povo.
BIBLIOGRAFIA:
http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/viewArticle/161/249
http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/bh/andre_liguori_de_cerqueira.pdf