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Gestão da Demanda e

dos Estoques
Material Teórico
Custos de Manutenção dos Estoques

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. José Joaquim do Nascimento

Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
Custos de Manutenção dos Estoques

• Introdução

• Equações que identificam os tipos de Custos de


Manutenção dos Estoques

• Ferramentas para Análise dos Custos dos Estoques

• Determinando O Custo Total dos Estoques

»» Avaliar o motivo pelo qual os custos de manutenção de estoques


são tão importantes para a empresa.
»» Quais os Principais Custos gerados com a Manutenção dos Estoques.
»» Quais as Metodologias de Cálculos para determinação dos Custos
de Manutenção.
»» Qual a Tendência para os Custos com a manutenção dos Estoques.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Contextualização

O estoque epresenta um investimento significativo em várias empresas. Numa empresa


industrial típica, os estoques podem muito bem superar o nível de 15% dos ativos. Numa empresa
varejista, os estoques podem representar mais de 25% dos ativos. Por isso, o estoque vem se
tornando alvo de diversos estudos. O estoque se destaca como um alvo para redução, não
apenas pela magnitude de seu custo de oportunidade, mas também, pelo seu valor imobilizado
na empresa, afetando diretamente o retorno sobre o capital investido pelos sócios.
A gestão do estoque deve buscar constantemente a redução dos custos com a manutenção
dos estoques, atuando para mantê-los os mais baixos e dentro de níveis de segurança, tanto
financeiro, quanto dos volumes para atender à demanda. Muitas empresas chegam à falência
por imobilizar elevadas somas de capital em estoque, faltando-lhes recursos financeiros para
capital de giro. Daí a ênfase expressiva no quesito custos dos estoques, e a possibilidade de
redução do investimento sem, contudo, retardar a produção por falta de matérias-primas ou
perder vendas por falta de produtos acabados. (POZO, 2001).

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Introdução

Vamos partir do conceito de que estoques dizem respeito a materiais ou mercadorias, que
uma empresa mantém em um almoxarifado, quando materiais, ou em armazém, quando
mercadorias à venda. As empresas precisam considerar que o controle e a manutenção dos
estoques representam custos e que podem ter impactos expressivos nos custos totais das
mercadorias, comprometendo, assim, a determinação de menores preços para os consumidores
(BRUNI, 2012).

Figura 1 – Custos Logísticos em Relação ao PIB – Brasil x EUA: Fonte Instituto ILOS

Veja que nosso custo está em torno de 3,5% do PIB, enquanto dos EUA atinge 2,1%,
expressando, assim, a vantagem comparativa das empresas americanas em termos das brasileiras,
no quesito logística (SLACK, 2009).
Ainda segundo Slack (2009), os preços dos produtos/serviços podem ser decisivos para
sucesso de um negócio. No entanto, se os níveis de preços ofertados por uma empresa nacional
tiverem um componente logístico elevado, reduz nossa competitividade, principalmente com
empresas de países desenvolvidos, como já apontamos, dos EUA ( FLEURY, 2000).
Dentre os diversos custos logísticos, temos o custo com estoques, um dos mais expressivos
custos da empresa no que se refere à administração de materiais. A manutenção e o controle
dos estoques geram custos, os quais precisam ser apurados para que os gestores possam tomar
decisões mais eficientes. Os custos de manter estoque é significativo, pois sua representatividade
no custo logístico total chega a 30% (VIANA, 2002).
Dado a magnitude que representam os custos com as atividades logísticas, para Viana
(2002), os gestores necessitam de instrumentos para otimizar os investimentos em estoques e,
assim, aumentar a eficiência dos controles de custos da empresa, minimizando as necessidades
de capital investido em estoque. Nossa discussão nesta unidade diz respeito aos custos de
manutenção dos estoques, seja de uma empresa comercial ou industrial.

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Tipos de Custos Gerados Com a Manutenção dos Estoques


Uma vez que temos a informação de que nossos custos logísticos são elevados e, dentre eles
o do estoque, vamos avançar um pouco!
Para Dias (2009), a manutenção dos estoques gera custos diversos, tanto fixo, quanto
variáveis. A série de custos que variam com o tamanho dos estoques estão relacionados aos
custos de operação e manutenção dos equipamentos, assim como instalações, obsolescência,
deterioração, assim como possíveis perdas.
Nesta mesma linha, os custos fixos relacionam-se aos equipamentos de armazenagem e
manutenção, como: seguros, benefícios a funcionários e folha de pagamentos e utilização do
imóvel e mobiliário (DIAS, 2009).
Esse mesmo autor, Dias (2009), diz que, quando a empresa mantém estoques que não são
necessários, ela não está otimizando os recursos empatados em materiais ou mercadorias,
o que pode significar perdas sob outros âmbitos, como espaço físico, assim como perdas de
investimento. Veja que é importante um gestor ter consciência de que os estoques geram
desperdício. Desse modo, existindo sua necessidade, o gestor deve usá-lo de forma inteligente,
ou seja, com eficiência.
Quando tratamos dos custos associados à gestão de estoques, todos os estudiosos do tema
consideram, pelo menos, três tipos principais (DIAS, 2009):
• Custos de Pedido;
• Custos de manter os estoques;
• Custos de falta.
Ao nos referirmos aos Custos de manutenção de estoques, estamos nos referindo à guarda
de mercadorias em um determinado ambiente, espaço. Assim sendo, quanto maiores forem os
volumes armazenados e maior for o período que eles se mantém guardados, maior é o gasto
para a empresa. Na composição do custo de manter estoques, um custo muito importante é o
custo de oportunidade do capital. Todos os teóricos que estudam a questão logística consideram
que recursos gastos para manter mercadorias guardadas representam uma perda de receitas
que poderia advir de uma aplicação financeira, caso este recurso estivesse aplicado. Chamamos
a perda dessa receita de custo de oportunidade. Uma interpretação comum, considerada por
Correa (2010), é que o custo de manutenção de estoque de um produto é uma pequena parte
do valor unitário de uma mercadoria.
O terceiro custo indicado acima como Custos da Falta de Estoques, sugere uma perda que
uma empresa poderá ter por faltar o material para a produção ou a mercadoria para entregar
ao cliente. Não podemos esquecer que a empresa tem um compromisso com o seu cliente. Para
Correa (2010), é um custo difícil de ser dimensionado. Porém, é certo que, se uma empresa
não entregar uma determinada mercadoria no prazo negociado com o seu cliente, ela poderá
receber uma multa ou até mesmo o cancelamento do pedido. Um cancelamento reduz o
volume de vendas e, certamente, prejudica a imagem da empresa perante o seu cliente. A não
entrega de uma mercadoria no período negociado com o cliente é comum para as empresas,
principalmente aqui no Brasil, devido a diversos fatores, como sugere Ritzman (2004), ao discutir
o tema produção e operações nas empresas. Independente dos motivos, a não entrega, seja por
falta de estoque ou por outro motivo externo, acarreta um custo, no mínimo, relacionado à
imagem da empresa, à confiabilidade, entre outros (CORREA, 2010).
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Equações que identificam os tipos de Custos de Manutenção
dos Estoques
Antes de pensar nos custos de manter estoques como uma composição de variáveis
que explicam cada um dos tipos explorados acima; vamos visualizar a estrutura a partir
da figura abaixo:

Figura 2 – Custos Envolvidos na Gestão de Estoques

Vamos à classificação mencionada acima com uma descrição mais elaborada sobre cada tipo
de custo para manter estoques nas empresas.

Custos de Aquisição (Pedido)


Considere que os Custos do Pedido geram gastos que são fixos e gastos que variam,
simplesmente, com o processo de emissão de um pedido de compra. Lembre-se de que há
funcionários envolvidos, daí os gastos com eles (salários) são considerados fixos e os gastos
que variam referem-se à quantidade de fichas de pedidos, assim como o envio dos pedidos
aos fornecedores, bem como todos os recursos necessários para tal procedimento. Você deve
ter percebido que o custo do pedido (compra de mercadorias ou materiais) está diretamente
relacionado ao volume de compras ou pedidos que ocorrem em um determinado período.
Vamos explorar mais os elementos que compõem o custo do pedido ou custo de aquisição
das mercadorias. Ampliando o leque de gastos que a empresa tem com o pedido de uma
mercadoria, podemos citar, por exemplo, a eletricidade, telefonia e as viagens (WANKE, 2011).
Estes, independente do volume de pedidos feitos, acontecem na empresa e, por isso, são
considerados como custos fixos de aquisição. Veja que eles são gerados no processo de compra
dos materiais ou mercadorias necessárias à atividade da empresa.
Do lado dos custos variáveis, você deve considerar somente se ocorrer o pedido de material.
Nesse caso, aparecem os gastos com a inspeção, os fretes especiais de entrega, por exemplo.
Para autores como Novaes (2007), os custos de pedidos são inversamente proporcionais às
quantidade de vezes que se compra. Custos ou fatores de custos diminuem com o aumento do
estoque médio, isto é, quanto mais elevados os estoques médios, menores serão os custos (ou
vice-versa) (WANKE, 2011)

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Vamos a um exemplo:
A empresa XYZ Cia, durante o ano, tem um consumo de materiais constante. Vamos supor
que ela faça o pedido, conforme sugere a tabela abaixo. Podemos encontrar o tamanho do lote
e o estoque médio para esta empresa à medida que determinarmos o número de vezes que o
pedido é feito.

Tabela I

Número de vezes que o Tamanho do lote Estoque médio


pedido é feito no ano
1 Q =C EM = Q/2 = C/2
2 Q = C/2 EM = Q/2 = C/4
3 Q = C/3 EM = Q/2 = C/6
4 Q = C/4 EM = Q/2 = C/8

Observe que, quanto mais vezes o pedido é feito durante o ano, menores são os estoques
médios, logo, maiores serão os custos decorrentes dos pedidos. A conclusão é que os gastos
com os pedidos são inversamente proporcionais aos estoques médios. Veja que estamos usando
o termo compra que indica a mesma coisa: pedidos e consumo, que significa a demanda.

Vejamos este exemplo:


Um gestor da Cia. ABC LTDA computou os gastos realizados no período anterior (ano) para
realizar os pedidos (compras). Gastos como: salários e encargos com os funcionários envolvidos,
assim como, materiais de escritório, aluguel das salas, entre outros gastos, chegando a um valor
médio de R$ 20,00 por emissão de pedido de compras. Considerando que o consumo anual foi
de 12.000 unidades, qual seriam os custos gerados com os pedidos, se a empresa decidiu fazer:
• Uma compra (pedido) uma vez por ano;
• Duas compras (pedidos) por ano;
• Dez compras (pedidos) por ano.

Resolução:
Custo do pedido unitário = R$ 20,00
Considere a equação que determina o custo do pedido:
Custo de Pedidos = número de pedidos por ano X custo do pedido no período.
• uma vez por ano = lote de 12.000 unidades Q=C
• Custo de obtenção = 1 X 20 = R$ 20,00 por ano
• duas vezes por ano = lote de 6.000 unidades Q = (C/2)
• Custo de obtenção = 2 X 20 = R$ 40,00 por ano
• dez vezes por ano = lote de 1.200 unidades Q = (C/10)
• Custo de obtenção = 10 X 20 = R$ 200,00 por ano

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Podemos demonstrar os estoques médios na tabela abaixo:

Custo de Pedido Estoque médio


(unid.)
20,00 6000 Q/2 = C/2
40,00 3000 Q/2 = C/4
200,00 600 Q/2 = C/20

Quanto menor o estoque, maior é o custo de obtenção, conferindo, portanto, o que


falamos acima.

Vamos a uma conversa com os autores!


I. Autores como Francischini e Gurgel (2002) sugerem que, para identificarmos os custos
de estoques, devemos partir do custo do pedido, que é o valor pago pela empresa para
adquirir a mercadoria. No formato de uma equação, fica assim: Custo de Pedido= Preço
unitário multiplicado Quantidade Adquirida ou CAq = Pu x Qa.
II. Veja que é bastante simples. Autores como Dias (2005) descrevem que, para calcular
o custo unitário, é só dividir o custo total dos pedidos em um período, digamos anual,
(CTP) pelo número total de pedidos feitos no ano. Em uma equação, fica assim:
Custo do Pedido (CP) = Custo total anual dos pedidos (CTP) dividido pelo Número
anual de pedidos (N).
É importante considerarmos que os custos relativos aos pedidos das mercadorias podem ser
dimensionados em variáveis de tempo qualquer, como considera Novaes (2007). A equação
abaixo nos permite identificar o custo anual de pedidos, o custo unitário de pedido assim como
o número de pedidos em um período.

CTA = B . N
Em que: CTA: Custo Total Anual de Pedidos
B: Custo Unitário de Pedido (Custo de um pedido)
n: Número de Pedidos ou Cadência de Compras

Observação importante: compreenda que as empresas fazem pedidos de compra de mais


de um item de material. A Equação acima diz respeito a determinação de um item, ou seja, de
uma mercadoria específica. É evidente que devemos separar pedido por pedido, para termos o
custo de um único item.
Ao necessitarmos da determinação do número de pedidos no período de um ano, podemos
considerar que tal número é N, conhecido na literatura logística como cadência de compras, e
obtermos relacionando a consumo (demanda) do ano e a quantidade de unidades do material
no lote a ser comprado. Assim, estaremos trabalhando com os valores de custos de cada material
para a apuração. Veja abaixo a equação a ser utilizada:

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

N = D / Qlote

Em que, N: Número de pedidos no ano ou cadência de compras;


D: Consumo do material no ano (demanda);
Q.lote: Quantidade do material no lote de aquisição;

Veja que é simples o procedimento para determinarmos o número de pedidos de um período.


Considere a primeira equação que apresentamos e vamos substituir na mesma fórmula o fator
N, agora com a relação identificada acima.

CTA = B . D/Qlote

Em que, CTA: Custo Total Anual de Pedidos ou Custo Total de Aquisição


B: Custo Unitário do Pedido
D: Demanda ou consumo do material no ano;
Q.lote: Quantidade do material no lote de aquisição;

Agora, as três variáveis combinadas nos permite saber o custo total de pedido, de, digamos,
um ano. Os itens custo unitário de um pedido, consumo do material no período de um ano e
a quantidade do material em cada lote adquirido respondem pelo custo total do pedido. Esta
relação faz sentido, à medida que comprovamos a redução dos custos de aquisição com a
negociação de lotes maiores.

Exemplo
A Cia. ABC revende o produto Alfa que é utilizado na construção de residências e tem
uma demanda anual estimada em 2400 unidades. Ela trabalha com apenas um fornecedor,
localizado a 450 quilômetros de distância. O custo de transporte, de R$ 240,00 por lote, fica
por conta do comprador. Vamos supor que o custo para se emitir um pedido seja de R$ 50,00.
Sabendo que a empresa planeja comprar todo mês o Alfa de seu fornecedor, qual o custo anual
em que a empresa irá incorrer?

Solução:

D = 2400 unidades
N = 12 pedidos por ano
Q = 2400/ 12 = 200 unidades (lote ) por período
Custo incorrido = Custo de obtenção + Custo de transporte
Custo incorrido = (12 pedidos X 50,00) + (12 lotes X 240,00)
Custo incorrido = 600,00 + 2880,00
Custo incorrido = R$ 3480,00 ou seja, o Custo do Pedido.

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Pense

Os custos totais do pedido podem ser alterados com o tamanho do lote de compra. Logo, lotes
maiores representam custos do pedido menor e vice-versa, compreende?

Teoricamente, uma ideia pode ser indicada sob a forma de uma equação e também
representada em um instrumental gráfico. A equação pode sugerir um comportamento, como
apresentado abaixo, em que há uma relação inversa entre custo e quantidade.

Gráfico I - Comportamento do Custo Total de Pedidos.

Veja que temos uma relação inversa entre o custo total e a quantidade de produtos adquiridos.
Quanto maior a quantidade comprada, menor o custo do pedido em termos unitário.
Se adotarmos um procedimento diferente, também podemos chegar ao custo anual de
pedidos, somando os gastos gerados com o processo de pedido, como os gastos com os
funcionários envolvidos e as despesas administrativas diretamente relacionadas com o pedido,
como materiais, telefone, entre outros. Os gastos gerados com pessoas e recursos podem e
devem ser solicitados aos centros de custos, normalmente, organizados pelos contadores, ou
seja, o setor de contabilidade (POZO, 2007).

Custos de Manutenção do Estoque


O segundo custo identificado acima como custo de manutenção do estoque sugere os gastos
relativos à guarda dos produtos ou mercadorias em almoxarifado. Teóricos como: Novaes
(2007); Pozo, (2007); Viana (2002), são unânimes ao dizerem que o custo de estocagem de

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

uma empresa, de qualquer ramo econômico, deve ser o mínimo possível. Gastar com espaço e
recursos para manter uma mercadoria guardada não está sendo algo aceito nas empresas, uma
vez que este recurso poderia ser alocado para outra finalidade (WANKE, 2011).
Do ponto de vista técnico, o custo de estocagem de um produto ou mercadoria qualquer é
encontrado por uma equação como segue: C.E = EM x PM x TE x C.u
Em que: C.E = custo de estocagem;
EM = estoque médio;
PM = preço médio;
TE = tempo em estoque;
C.u = custo de estocagem unitário.

Este tipo de custo gerado com o estoque é relativo ao processo de guarda do material, mais
os investimentos no estoques. A partir do momento em que a empresa recebe a mercadoria,
começa a apuração. O gestor deve considerar que, para determinar o custo de estocagem de
produtos, há toda uma estrutura para dar suporte a tal guarda que representam um investimento
para empresa que deve ser considerado, além de elementos alheios à vontade da empresa como
riscos de danos diversos, entre outros fatores.
É importante compreendermos cada etapa dos custos com a estocagem (armazenagem) para
avançarmos. Vamos ao parâmetro tempo, ou período de permanência que a mercadoria irá
ficar no estoque, ou seja, dentro da empresa. Vamos chamar de custo de armazenagem para
um período. Veja a equação útil abaixo:

Ca = Pu . I . t . Q/2

Em que, Ca: Custo de Armazenamento para o período;


Pu: Preço Unitário do item(valor da compra);
I: Taxa de armazenamento dada em % ou valor do armazenamento para o período;
T: Tempo de armazenamento em anos;
Q: Quantidade do lote do item a ser armazenado;
Q/2: Considerado com estoque médio para o modelo

Atenção!
Veja que estamos tratando de uma equação em que a ordem das variáveis não alteram o
resultado.
A mercadoria que fica guardada representa um custo para a empresa, o qual diz respeito ao
tempo que ela permanece no estoque. A este chamamos de custo de carregamento de estoques.
Ele é Composto pelo CUSTO DO CAPITAL (i x P) e pelo CUSTO DE ARMAZENAGEM (custo
de manuseio e obsolescência), em que: i – taxa de juros e P – preço de compra

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Cc = Ca + i x P

Em que, Cc – custo de carregamento;


Ca – custo de armazenagem
i - taxa
P – preço

Exemplo
Um par de sapatos tem um custo de estocagem anual total de R$ 10,60 por unidade e preço
de compra unitário de R$ 25,00. Vamos calcular o custo de carregamento deste produto para
uma loja, considerando uma taxa de juros de 12% ao ano.

Solução:
Ca = 10,60
i = 12% ao ano
P = R$ 25,00 por unidade
Cc = 10,60 + 0,12 X 25,00
Cc = R$ 13,60 por unidade/ano

Vamos adicionar mais uma informação, para, então, dimensionarmos o custo de estocagem
do sapato. O parâmetro I, que chamamos de fator de armazenamento, é uma composição de 6
fatores de apuração de custos, vejamos abaixo:

1 – Taxa de Retorno de Capital 100* Lucro Bruto / Valor do Estoque

2 – Taxa de Seguro 100* Custo Anual de Seguro / Valor do Estoque

3 – Taxa de Transporte 100* Depreciação Anual do equipamento / Valor do Estoque

4 – Taxa de Obsolescência 100* Perdas Anuais com Obsolescência / Valor do estoque

5 – Outras taxas 100* Despesas Anuais / Valor do estoque


100* S * A / C * Pu, em que
S: Área ocupada;
6 - Taxa de Armazenamento A: Custo Anual do metro quadrado;
C: Consumo ou Demanda Anual;
Pu: Preço unitário;

Exemplo I
Suponha que o produto Fita Isolante tem seu preço de compra de R$ 10,00; o consumo anual
é de 10.000 unidades e são compradas com a frequência de 10 vezes ao ano, permanecendo
em estoque por um período de 10 meses, a taxa de armazenagem é de 10% ao ano. Vamos
calcular o custo de estocagem mensal.

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Resolução:
Q= quantidade de material em estoque no tempo considerado = 10.000 unidades
P= preço unitário = 10,00
I= taxa de armazenamento, em termos de porcentagem do custo unitário = 10% a.a
T= tempo considerado de estocagem = 10 meses

C.E = [10.000/2 * 10 *10,00* 10%] / 12 = 4.166,67

Veja que, ao identificarmos uma equação, podemos considerar que o comportamento


deste custo pode ser representado graficamente, como segue abaixo. Entre custo de pedido e
quantidade de pedido uma relação direta. Quanto maior a quantidade de pedido, maior será o
custo. Veja se consegue entender a leitura no gráfico.

Gráfico I -

Gráfico II – Comportamento do custo de carregamento do estoque

Atenção! Veja que o comportamento do custo de carregar uma mercadoria é crescente e,


ainda, há custos que ocorrem independentemente de lotes armazenados no almoxarifado, que
chamamos de custos fixos.

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O Custo da Falta de Estoque
Vamos começar pensando no significado da figura abaixo:
É sabido que, em todas as empresas, por
mais estáveis e enxutas, sofrem impactos das
incertezas e flutuações do mercado, o que
tem tornado a tarefa de balancear a oferta
e a demanda cada vez mais complicada. A
grande variedade de produtos, a customização
exigida pelos consumidores, a flexibilidade
e agilidade imposta pelos prazos de entrega
curtos e tantos outros fatores criados pela
complexidade do mercado acarretam um
problema na hora de acertar a quantidade e
variedade de produtos que irão ser produzidos
de forma a atender exatamente a necessidade
da demanda (WANKE, 2011). Figura 3 – Variáveis a serem consideradas na Determinação do Estoque
de Segurança

Logo, gostaria que você entendesse: devido às variáveis acima identificadas, é muito provável
que, em algum momento, possa faltar mercadorias no estoque de uma empresa. A questão
difícil é sabermos quanto custa a falta do estoque. Isto acontece porque há certos componentes
de custo que não podem ser calculados com precisão, mas que ocorrem quando um pedido
atrasa ou não pode ser entregue ao fornecedor. Esta situação, muitas vezes, resulta em prejuízos
para ambas as empresas, tanto a compradora, quanto a vendedora da mercadoria.
O custo exato que representa a falta de estoque é de difícil apuração, mas podem ser
determinados de forma aproximada, uma vez que é possível sabermos que o mesmo atrasou a
produção por falta de matéria-prima, abalou a imagem da empresa no mercado, entre outros.
Veja, grosso modo, estamos falando de custos de curto prazo e de longo prazo. No curto prazo,
é a falta do material ou da mercadoria que pode terminar a compra emergencial para que a
linha de produção não pare. A diferença de preço do produto comprado emergencialmente é um
tipo de custo. Outros como o quanto se perdeu em termos de confiabilidade dos consumidores
é mais complexa a determinação.
A determinação exata do custo pela falta de estoque de materiais ou mercadorias para uma
empresa não é possível porém, há métodos para uma identificação parcial, a partir do que os
teóricos chamam dos lucros cessantes, onde a lógica é identificarmos as dimensões de custos
diversos, como o do trabalho não realizado, das máquinas paradas, assim como o diferencial
pago por um material ou mercadoria comprada em caráter emergencial, entre outros custos de
oportunidades gerado pelo lucro não realizado ou até mesmo custos de manutenção.
Ao dimensionarmos os 8 fatores acima e identificarmos cada um dos custos, basta somarmos
e então teremos o – Lucro Cessante, ou seja o prejuízo com a inexistência do estoque.
Outra expressão para o custo da falta de estoque é o custo de ruptura do estoque, portanto,
pode ser determinado por meio de lucros cessantes, por incapacidade de atendimento do
pedido. Perdas de lucros, devido ao cancelamento do pedido.

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Lucros cessantes são prejuízos causados pela interrupção de qualquer das atividades de uma
empresa. Por exemplo, não vender um produto por falta no estoque, uma máquina que deixa
de produzir, um acidente na linha de produção, etc.

Vejamos este exemplo a partir da tabela abaixo:

1 – Valor o trabalho não realizado pela linha de produção 1700,00


- linha de produção parada 1000,00
- Horas de Homens parado 700,00
2 – Valor das máquinas e da linha de produção parada 620,00
Subsequente pelo custo de produção
- das máquinas 200,00
- das linhas de produção ou montagem
- de Homens horas 250,00
3 – Juros do Capital devido a parada 119,00
- de material 75,00
- de folha de pagamento 26,00
- do lucro da venda 18,00
4 – Diferença de salário em função de mudança de programação 115,00
5 – Diferença de salário pela mudança da m. de obra 230,00
6 – Diferença de custo da hora máquina em outra atividade 175,00
7 – Diferença gastos de outras atividades 98,00
Total = 3.057

Mas afinal, o que deve acontecer com o estoque, é melhor ter ou deixar faltar?
Direto ao assunto: Nenhuma das opções é desejada pelas empresas. Ambas trazem prejuízos.
Dependendo do tipo de produto, do tipo de mercado alvo e da estratégia da empresa pode-se
preferir uma opção em relação à outra. Mas o ideal é que a quantidade seja o menor possível,
para que não gere custos elevados ou não pare a fabricação dos produtos, ou seja, interrompa
o processo produtivo.

Ferramentas para Análise dos Custos dos Estoques

As três categorias de custos apresentados acima são relevantes para a tomada de decisões
dos gestores e também requer conhecimento elementar de cálculo para que sejam determinados
com a máxima precisão. É em função desta necessidade que precisamos conhecer ferramentas
que ajudam na identificação mais precisa de tais custos (WANKE, 2011).

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Para Pensar
Caro(a) aluno(a), não se assuste com os cálculos numéricos, pois são elementares. Como
estamos falando em custos, inevitavelmente, trataremos de valores numéricos que irão compor os
custos totais nas empresas para estas manterem seus estoques.

É comum usarmos termos como modelos matemáticos para tratarmos da sistemática dos
registros de custos em atividades. No que tange aos estoques não é diferente, pois as informações
sobre os movimentos realizados nos estoques são determinadas em valores, o que permite
a possibilidade de formação de modelo matemático para explicação dos custos, quantidades
gerenciadas e comportamentos dos níveis de estoques. Vejam que estamos falando de três
variáveis (custos, quantidades e comportamentos). A perspectiva, caro aluno, é considerar
alguma ferramenta para avaliação de um modelo matemático que o gestor venha utilizar.
Estamos falando de ferramentas como:
• Modelos matemáticos;
• Técnicas de tentativas e erros;
• Indicador de Performance dos estoques;
• Indicador de níveis de estoque ótimo;

Determinando O Custo Total dos Estoques

A partir de uma equação podemos determinar o custo total de manter estoques para uma
empresa. Os fatores de influência dos Custos Totais serão a quantidade e o tempo de permanência
das mercadorias nos ambientes (almoxarifado ou armazém), os quais serão os alvos da maioria
das questões relativas à determinação dos custos.

Ct = Cp + Ca + Cf

Em que, Ct: Custo Total de Armazenamento ou Estocagem


Cp: Custo de Pedido;
Ca: Custo de Armazenamento
Cf: Custo de Falta;

Veja que identificado as equações (fórmulas) para cada tipologia de custo, podemos agrupá-
las. Podemos substituir o Custo de Pedido e o Custos de Estocagem por suas respectivas
equações, na Equação do Custo Total e, então teremos:

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Ct = B.D/Q + Pu.I.t.Q/2 + Cf

Em que, Ct: Custo de Armazenamento para o período;


B: Custo Unitário do Pedido
D: Demanda Anual
Q: Quantidade de unidades do lote
Pu: Preço Unitário do item(valor da compra);
I: Taxa de armazenamento dada em % ou valor do armazenamento para o período;
T: Tempo de armazenamento em anos;
Q: Quantidade do lote do item a ser armazenado;
Q/2: Considerado com estoque médio para o modelo
Cf: Custo da Falta de Estoque

O custo total de armazenagem ou estocagem é o somatório dos três tipos de custos


apresentados acima.

Exemplo I
Supondo que uma empresa compre 2.750 unidades de sapatos de uma unidade fabril. O
custo do foi de R$ 40,00 e o custo de estocagem medido em percentual de 12% ao ano. Cada
unidade comprada foi R$ 5,00. Vamos calcular o custo total de estocagem dos sapatos supondo
que foram comprados em lotes de 275 unidades. Considere ainda o custo da falta de Estoque
zero (CF = 0)

Resolução:
C.F = [40,00 * 10 ] + [275/2 * 1 * 12% *5,00 ] + 0 = 482,50
Primeiro passo foi determinar quantos pedidos foram realizados no ano. Logo, 2.750 / 275
(lotes de compras) = 10 pedidos.
Depois vamos calcular o Custo de Estocagem. Logo, usando a equação e considerando os
lotes são de 275 unidades, temos o custo de estoque ao ano de 82,50. Como o custo da falta
é zero, basta somarmos os três componentes do custo de estocagem total, formado pelos três
tipos de custos.

Exemplo II
Vamos determinar o custo total de manutenção de estoques da Cia. ABC em termos anual.
Considere que a empresa comercializa uma peça de vestuário que tem uma demanda no ano
de 40.000 unidades. A peça em questão é custa R$ 2,00 a unidade. Considerando que naquele
ano os juros correntes do mercado era 24% ao ano, e os custos de estocagem de cada unidade
tenha sido R$ 0,80 por ano e, que os custos fixos de estocagem anual para essa peça tenha sido
estimados em R$ 150,00. Vamos calcular o custo total de estocagem para lotes de compra de
1000, 1200 e 1400 unidades, uma vez que os custos de obtenção são de R$ 25,00 por pedido.

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Solução:

Ca = R$ 0,80
i = 0,24 ao ano
P = R$ 2,00 por unidade
Cp = R$ 25,00 por pedido
Q = 1000, 1200 e 4000 unidades
D = 40.000 unidades ano
Ci = R$ 150,00 ano

a) Vamos calcular para Q = 1000 unidades


CT = (0,80 + 0,24 x 2) x 1000/2 + (25) x (40000/1000) + 150 + 40000 x 2
CT = 1,28 x 500 + (25) x 40 + 150 + 80000
CT = 640 + 1000 + 150 + 80.000
CT = 81790,00 ano

b) Vamos calcular para Q = 1200 unidades

CT = (0,80 + 0,24 x 2) x 1200/2 + (25) x (40000/1200) + 150 + 40000 x 2


CT = 1,28 x 600 + (25) x 33,33 + 150 + 80000
CT = 768 + 833,33 + 150
CT = 81751,33 ano

c) Vamos calcular para Q = 1400 unidades

CT = (0,80 + 0,24 x 2) x 1400/2 + (25) x (40000/1400) + 150 + 40.000 x 2


CT = 896 + 714,28 + 150 + 80000
CT = 81760,28 ano

Tamanho do lote (unidades) Custo total ano R$


1000 81790,00
1200 81751,33
1400 81760,28

Tendência
A tendência é as empresas encontrarem metodologias que permitam manter o estoque de
produtos em seu nível ideal a partir de técnicas como: Housekeeping, 5 S,s, JIT, aumento da
produtividade de todos os setores, inclusive gerências, eliminação de setores que não agregam
valor ao produto, estabelecimento de estoques de segurança mínimos realistas e gerenciamento
por atividades (WANKE, 2011).
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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Conclusão
Caro aluno, os custos de estoque, se desdobra em vários componentes, e dependendo do
enfoque utilizado, o estoque pode ter objetivos que causem conflitos dentro da organização.
É importante que você entenda que o estoque é considerado, na maioria dos casos,
como um capital imobilizado da empresa na forma de materiais ou mercadorias, ou seja,
representando um investimento parado. Mas é importante também considerar que os
estoques também assumem o papel inverso quando estão dentro de mercados especulativos
seja pelo aumento do preço ou até mesmo pela falta de fornecimento, o que acarretaria em
uma valorização ao produto estocado. A análise aqui não explorou esta perspectiva, o que
nos levaria para outras discussões.
O objeto desta unidade foi aproximá-los de uma sistemática de cálculo do custo de estoque
nas empresas, considerando apenas as três tipologias de custos bastante conhecida. A inclusão
da questão relativa ao Lote Econômico de Compras foi para você entender que a tomada de
decisão de quanto comprar de um produto é afetada pelos custos do estoque, desta forma,
considera-se relevantes sabermos qual é a quantidade ótima que minimiza os custos para a
empresa. Não esqueça que, como qualquer método, há restrições e nem todas as tipos de
empresas podem adotar tal critério, tendo em vistas suas restrições.

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Material Complementar

O custo do excesso considera os custos referentes à sobra de uma unidade em estoque, por
isto é equivalente ao custo de manter um item em estoque. Já o custo da falta corresponde
ao caso inverso, sendo equivalente ao custo da venda perdida.
Existe assim um trade-off entre o custo do excesso e o custo da falta de produtos nas
empresas e este é a chave para parametrização de qualquer modelo de gestão de estoque,
independente do método adotado.
Aproveite para assistir ao vídeo sobre custo de estoque e o Lote Econômico: LEC, item que
estudaremos em unidade posterior. Assim você está avançando na compreensão deste tema
dentro da logística.
• www.youtube.com/watch?v=NK91MzF2k0g

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Unidade: Custos de Manutenção dos Estoques

Referências

BOWERSOX, D.J.; CLOSS, D.J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia


de suprimento. São Paulo: Atlas, 2004.

BRUNI, A. L., FAMÁ, R. – Gestão de Custos e Formação de Preços: Atlas. 2012.

CORRÊA, H. L. Gestão de Redes de Suprimento: integrando cadeias de suprimento no


mundo globalizado. São Paulo: Atlas, 2010.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6ª ed. São Paulo:


Atlas, 2009.

FLEURY, P. F.; FIGUEIREDO, K. F.; WANKE, P. F. Logística empresarial: a perspectiva


brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.

MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e


recursos patrimoniais. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2002

NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 3ª ed. Rio de


Janeiro: Campus, 2007.

POZO, Hamilton, Administração de Materiais e Patrimoniais: uma abordagem logística,


4ª ed. São Paulo, Atlas 2007.

RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da Produção e Operações. São Paulo:


Pearson Education, 2004.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3ª ed. São


Paulo: Atlas, 2009.

WANKE, P. F. Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimento: decisões e modelos


quantitativos. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.

VIANA, João José. Administração de Matérias. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Anotações

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