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Estudos Avançados, 4 (10), p. 91-110.
PRIMEIROS OLHARES
Esse pouco caso inicial dos lusos não impediu que primeiras representações do
indígena brasileiro fossem elaboradas. A mais famosa delas, em princípios do
século XVI, é, sem dúvidas, a Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita em maio
de 1500.
Ela foi endereçada a El-Rei Dom Manuel a título de comunicá-lo das terras encontradas
e de sua gente, a qual seria marcada pela inocência, docilidade e ausência de crenças.
Ademais, desprovida de “indústria”, constituindo uma “tábula rasa”, uma “argila
moldável”, gente fácil de civilizar.
As cartas de Vespucci é que irão notabilizar a Terra de Vera Cruz e seus habitantes.
Segundo o cosmógrafo italiano, os autóctones americanos eram:
A partir da década de 1550, haverá uma cisão de abordagens entre “autores ibéricos,
ligados diretamente à colonização - missionários, administradores, moradores - e
autores não ibéricos ligados ao escambo, para quem os índios são matéria de
reflexão muito mais que de gestão; a outra que separa, nesse período de intensa luta
religiosa, autores usados por protestantes de autores usados por católicos” (p. 95).
Soares de Sousa: Segue a linha dos Jean de Léry, André Thevet e Hans
escritores não ibéricos ao dizer que os Staden: ausência de propriedade material e
tupinambás são completamente de cobiça entre os tupinambás. Não
desprovidos de ambição. Eles têm uma tinham noção de herança nem
“condição muito boa para frades acumulavam (p. 96).
franciscanos” (p. 96).
Índios sem fé nem lei nem rei. Gandavo Índios sem fé nem lei nem rei. Escritores
toma isso como atestado de barbaridade franceses como Ronsard tomam essa
do nativo. Soares de Sousa tem a mesma característica como atestado de que o
opinião (p. 97). nativo vive numa idade de ouro (p. 97).
Nóbrega: inconstância dos índios. A tudo “Na França, onde os mercadores normandos
dizem sim e depois não. É fácil convertê- continuam prosperando com o comércio de
los, mas difícil mantê-los nessa condição. pau-brasil obtidos por escambo com os
É preciso civilizá-los, inserir neles noções Tupinambá, essa carência de letras e de
de polícia, para incutir-lhes jugos não preocupam, mas ao contrário
definitivamente a fé cristã (p. 105). fazem sonhar” (p. 97).