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AUTORIA
Uma vez analisada a conduta e confirmada que ela é típica e ilícita, ou
seja, é um crime. Devemos verificar se há autoria ou participação no crime.
Essa é uma questão muito importante dentro do mérito, pois às vezes há
um crime, mas não há autoria. Isto é, não existem provas de que o réu é autor ou
partícipe naquele crime.
Muitas das vezes o MP não consegue delinear quem é autor e quem é
partícipe no crime. E muitas vezes também o seu cliente não tem nada a ver com
aquele crime em específico.
De acordo com o artigo 156 do CPP – quem alega ou quem acusa tem que
provar. Ou seja, se o MP tá acusando seu cliente de ter praticando um crime ou
acusando que ele foi partícipe no crime, o MP tem que provar isso. Caso
contrário não haverá autoria e isso ensejará na absolvição do réu.
CULPABILIDADE
Verificado que o sujeito praticou uma conduta típica e ilícita, ou seja, um
crime. Verificado também que o sujeito é autor ou partícipe no crime, pois há
provas que evidenciam isso. Partimos agora para uma outra possível tese de
defesa, conhecida como: CULPABILIDADE.
Culpabilidade = responsabilidade.
Pode acontecer do sujeito praticar um crime, mas não ser culpado por
isso, ou seja, não ser responsável por essa conduta criminosa.
Quando analisamos a culpabilidade nós queremos saber se o sujeito irá
receber uma pena ou não.
O CP nos ensina que a culpabilidade será de acordo com a conduta
praticada pelo agente, ou seja, se o sujeito for muito responsável pelo crime,
então ele terá uma pena maior. Agora se o sujeito for pouco responsável, então
ele terá uma pena menor. E se o sujeito não for responsável pelos seus atos,
então ele não terá pena nenhuma.
Como saber se o sujeito tem ou não culpa? Como saber se o sujeito é ou
não responsável pelos seus atos? – existem 3 elementos da culpabilidade.
São eles:
a) Capacidade de discernimento (é o poder de se auto-conduzir, isto
é, é o poder de saber o que é certo ou errado)
b) Potencial conhecimento da ilicitude (é a consciência de que está
praticando um crime)
c) Exigibilidade de conduta diversa(é quando o sujeito tem
possibilidade de escolha, se ele teve escolha então tem culpabilidade e
se tem culpabilidade tem pena).
Obs: quando houver uma suspeita de que o sujeito tem problemas
mentais, deverá ser feito uma perícia (incidente de insanidade mental). Essa
perícia precisa primeiro saber se o sujeito tinha alguma doença na época dos
fatos que pudesse gerar uma falta de discernimento. Pois existem doenças
mentais que não interferem na capacidade de discernimento. Essa perícia pode
ter 3 resultados: primeiro que o sujeito não tinha doença nenhuma na época dos
fato, segundo que o sujeito tinha doença, mas essa doença não interferiu no
discernimento do acusado. E por último o réu a época dos fatos tinha problemas
mentais e definitivamente esses problema gerou uma falta de discernimento,
portanto o réu não terá culpabilidade, ou seja, não tem responsabilidade pelos
seus atos. E se não há culpabilidade, então o réu não poderá ter pena. E isso
enseja na absolvição do réu.
Porém essa absolvição do doente mental é chamada de absolvição
imprópria. Pois mesmo que seja uma sentença absolutória, ela traz consigo uma
sanção.E essa sanção é conhecida como: medida de segurança (tratamento
ambulatorial).
Obs: não é só a doença mental que excluí a culpabilidade, a embriaguez
por caso fortuito ou força maior também exclui a culpabilidade.
Às vezes pode acontecer do sujeito está plenamente capaz das capacidade
mentais, isto é, sabe o que é certo ou errado. Porém esse sujeito não sabe que tá
praticando uma conduta ilícita. (Erro de tipo / erro de proibição). Nesse caso, se
o sujeito não sabe que está praticando um crime, então ele não tem potencial
conhecimento da ilicitude, e se não há culpabilidade não há pena e isso enseja a
absolvição. (Sujeito é induzido a erro).
Às vezes pode acontecer do sujeito praticar um crime onde ele não tinha
escolha senão praticar aquele crime, estamos falando da coação moral
irresistível. Existem pessoas que são coagidas a praticarem crimes, ou seja, não
tem opção de escolha. Ex: porteiro de prédio que tem sua família sequestrada e
para não fazerem nenhum mal a sua família os criminosos exigiram que o
porteiro do prédio abrisse o portão para que os criminosos assaltassem os
moradores. Veja que o porteiro tinha capacidade de discernimento, sabia da
potencial ilicitude do fato, mas ele não tinha escolha senão colaborar para aquele
crime. Nesse caso não há culpabilidade, portanto não há pena.
Obs: verificado que o sujeito praticou uma conduta típica e ilícita,
verificado que o sujeito é autor ou participe no crime, porém é constatado que
um dos elementos da culpabilidade é falso, então está excluído a culpabilidade a
sentença deve ser absolutória.
Todavia, se todos os elementos da culpabilidade forem verdadeiros, então
ele terá culpabilidade (responsabilidade) e consequentemente ele terá uma pena.
PENA
Uma vez verificado que o sujeito é realmente culpado e não há jeito de
absolvê-lo, então que o acusado tenha uma pena justa.
E para chegar a uma pena justa, nós devemos entender que a pena é
aplicada por um critério trifásico, ou seja, há três fazes na aplicação da pena.
1° fase: as circunstâncias judiciais são todas favoráveis (art. 59 do CP). Se
todas as circunstâncias judiciais são favoráveis não há motivo algum para que o
juiz saia do mínimo legal da pena.
2° fase:agravantes (art. 61) e atenuantes (art. 65 e 66). Aqui é uma
questão mais objetiva, isto é, ou tem ou não tem. Mas a defesa sempre irá brigar
para afastar todas as agravantes.
3 fase: causas de aumento e diminuição de pena. São aquelas espalhadas
pelo código, onde há diminuição de 1/3, 2/3 etc. Sempre brigar pela diminuição
da pena.
Além da pena em si, o advogado deve ter uma atenção especial para o
regime em que o seu cliente iniciará. Verificar se aquele regime aplicado pelo
juiz é de fato o correto. São 3 os tipos de regime: fechado, semiaberto e aberto.
Sempre buscar também as penas restritivas de direito, que são aquelas que
substituem as penas privativas de liberdade. (art. 44 do CP).