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Tese Extinção da Punibilidade

Quando estamos falando de extinção da punibilidade nós não estamos


atacando o crime e nem a culpa do agente. Para a extinção da punibilidade tanto
faz se o réu é inocente ou culpado. A extinção da punibilidade acaba com a
capacidade do Estado de punir.
Sabemos que apenas o Estado tem o direito de punir, ou seja, só o Estado
tem o ‘ius puniendi’. Mesmo que a ação seja privada, que é quando a própria
vítima entra com a ação, quem dá a punição é o Estado e não a vítima.
Destarte, só o Estado pode punir, só o Estado pode dar uma sentença
condenatória.
O direito de punir é um poder-dever, ou seja, é obrigação do Estado punir.
O Estado não pode deixar punir ao seu bel-prazer.
Contudo, às vezes o Estado que é o único detentor desse direito de punir
perde a capacidade de punir, pois foi extinta a punibilidade.
Ex: anistia, prescrição, réu morreu.
A extinção da punibilidade não ataca a existência de crime ou a culpa do
agente. Acaba com a capacidade do Estado de punir o agente.
 (Rol do art. 107 do CP) esse rol é exemplificativo.
1. PRESCRIÇÃO (art. 109 a 119 do CP)
Tanto a prescrição como a decadência são perdas de prazo. Só que na
prescrição quem perde o prazo é o Estado. E na decadência quem perde o prazo
é a vítima.
É uma causa de extinção da punibilidade consistente na perda do prazo por
parte do Estado para punir o agente (impor uma sentença condenatória) ou
executar a punição (fazer valer a sentença condenatória).
Destarte, o Estado pode perder o prazo de duas forma: a primeira é perder o
prazo para condenar. E a segunda é perder o prazo para executar a pena. Em
ambos os casos gera a prescrição.
O instituto da prescrição serve para dar celeridade ao Estado. Pois se não
houvesse prescrição o Estado não iria punir nunca. Pois o Estado é ineficiente
por natureza.
Como são dois os direitos pertencentes ao Estado nesse caso, são duas as
espécies de prescrição:
PPP (prescrição da pretensão punitiva); (condenar)
PPE (prescrição da pretensão executória) (executar a pena)
Quando se dá o início da PPP? (Art. 111 do CP)
- Com a consumação do crime (regra)
- Se for tentativa: no último ato de execução; (exceção)
- No caso de crime permanente: quando cessar a permanência; (exceção)
- Nos crimes relacionados a registros públicos: quando for descoberto o
registro público. Ex: bigamia.
- Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes: da data
em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver
sido proposta a ação penal.
Quando se inicia a PPE? (Art. 112 do CP)
- Com o trânsito em julgado da condenação para a acusação
DIFERENÇA ENTRE:
INTERRUPÇÃO X SUSPENSÃO
Na interrupção o prazo zera e começa a contar tudo de novo. Já na suspensão o
prazo é congelado e começa a contar dali pra frente.
Interrupção art. 117, CP. Com a interrupção o Estado se torna muito ineficiente,
pois o prazo começa a contar tudo de novo.
Suspensão art. 116, CP.
OBS: - se o condenado evadir-se (fugir) a prescrição se conta pelo restante da
pena.
Tabela de prescrição
Prescreve em 20 anos Se o máximo da pena é superior a 12
Prescreve em 16 anos Se o máximo da pena é superior a8
anos e não excede a 12;
Prescreve em 12 anos Se o máximo da pena é superior a4
anos e não excede a 8;
Prescreve em 8 anos Se o máximo da pena é superior a2
anos e não excede a 4;
Prescreve em 4 anos Se o máximo da pena é superior a1
anos e não excede a 2;
Prescreve em 3 anos Se o máximo da pena é inferior a 1
ano

A pena que se usa é a pena em concreto, ou seja, a pena que o réu recebeu pelo
juiz. A pena de um único crime.
No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena
de cada um, isoladamente
Tabela para cálculo de prescrição:

Art. 115 do CP - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o


criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da
sentença, maior de 70 (setenta) anos.

2. DECADÊNCIA
É a perda do prazo por parte da vítima para ingressar com a queixa-crime
(na ação penal privada) ou oferecer a representação (na ação pública
condicionada à representação).
Em regra, o prazo decadencial é de 6 (seis) meses e nos crimes contra a
propriedade imaterial é de 30 (trinta) dias (art. 529 do CPP). A contar do
conhecimento da autoria. A contar do laudo.
OBS: Na ação privada subsidiária da pública a contagem é diferente. O
prazo se inicia quando o MP perde o prazo para entrar com a denúncia.
Técnica para o desenvolvimento de teses
Causas de extinção da punibilidade do art. 107 do CP: (esse rol é
exemplificativo).
I – Morte do agente
II – Anistia, Graça e Indulto
III – “Abolitio criminis”
IV – Prescrição, Decadência e Perempção
V – Renúncia e Perdão
VI – Retratação
VII e VIII – Revogados
IX – Perdão Judicial
A anistia é uma lei oriunda do Congresso Nacional. É uma lei que visa extinguir
a punibilidade de um fato criminoso. Lembre-se a anistia não beneficia pessoas
e sim um fato criminoso. É como se a lei empurra-se para debaixo do tapete um
fato criminoso.
Já a graça e indulto são de responsabilidades do Presidente da República que
concede através de um decreto presidencial.
A graça é individual e precisa ser requerida, ou seja, pedida ao Presidente da
República. Já o indulto é coletivo e é concedido de ofício pelo Presidente da
República.
Se a anistia não olha para as pessoas e sim par ao fato criminoso, a graça e o
indulto olha.
Saída temporária é diferente de indulto natalino!
A saída temporária é um benefício concedido para quem está no regime
semiaberto. E esse benefício é concedido pelo juiz da execução. Já o indulto
natalino é concedido pelo Presidente da República.
Perempção: é uma causa de extinção da punibilidade que só ocorre na ação
exclusivamente privada. Ocorre quando o querelante (vítima) não está muito
interessado em processar o acusado e acaba sendo desidioso (preguiça). Art. 60
do CPP. Portanto se o querelante não der andamento ao processo ocorrerá a
perempção e consequentemente a extinção da punibilidade.
Renúncia e Perdão: são causas de extinção da punibilidade que só ocorrem na
ação exclusivamente privada. Tanto a renúncia quanto o perdão são
manifestações por parte da vítima no desinteresse em processar o ofensor.
Ex: injúria
Renúncia é a manifestação antes do recebimento da queixa-crime. Já o perdão é
a manifestação que ocorre após o recebimento da queixa-crime. A renúncia é
um ato unilateral, ou seja, não precisa ser aceita pelo ofensor. Já o perdão é um
ato bilateral, isto é, precisa ser aceito pelo ofensor.
Lembre-se renunciar ou perdoar um dos ofensores é perdoar todos os demais.
Retratação: é admitir que errou. Poucos crimes cabem retratação, são eles:
-calúnia
-difamação
-falso testemunho
Perdão Judicial: o perdão judicial é o perdão dado pelo juiz, é quando o juiz
deixa de aplicar a pena. Literalmente perdoa o acusado. Esse perdão só é
possível nos crimes em que o legislador expressamente autorizou na lei. Ex:
homicídio culposo. Art. 121, parágrafo 5° do CP.
Técnica para o desenvolvimento de teses
O raciocínio jurídico deve ser exercido na parte “Do Direito” da petição.
Toda petição é dividida em 5 partes:
1° endereçamento
2° preâmbulo (onde se define a peça e as partes)
3° dos fatos (narras os fatos, o que aconteceu)
4° do direito (argumentação jurídica)
5° do pedido (o que vc deseja)

Na parte do direito pode-se dividir em: preliminar e mérito. Das 5 teses de


defesa a única que ataca o mérito é a tese de falta de justa causa.
Lembre-se se você tiver 2 teses de defesa, uma de mérito e a outra preliminar.
Você deve sempre indicar primeiro a tese ‘preliminar’ e só depois falar da tese
de mérito.
A argumentação deve ter fundamento e consistência, sem ser prolixa. Não tem
espaço para petições longas etc. A petição pode ser simples e curta, mas tem que
ter uma base, ou seja, uma base legal (lei), doutrina, jurisprudência, princípios,
analogia.
Outro ponto importante é que a petição precisa ser consistente, ou seja, você
precisa convencer o juiz.
“Advogar na área criminal é explicar por que o seu cliente deve ser absolvido”.
Atenção: nunca copie artigo de lei.

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