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DISSERTAÇÃO DE
MESTRADO
No 127
DISSERTAÇÃO DE
MESTRADO
Agradeço especialmente aos meus pais, que sempre participaram tão ativamente da
minha formação, me incentivaram em todos os momentos da minha vida e não mediram
esforços para me apoiar na realização deste trabalho. Ao meu irmão, um grande companheiro
para todas as horas, que nunca me deixou desanimar. À minha avó, que participou da minha
educação e tanto me incentivou ao estudo.
E, finalmente, à minha querida esposa, Beta, que participa tão diretamente de todos os
projetos da minha vida, me deu força e carinho nos momentos mais difíceis e foi, sem dúvida
alguma, fundamental para a realização deste trabalho.
RESUMO
A turbina eólica utilizada como referência para as simulações realizadas foi a OWW-
250, instalada na Área de Testes do Centro Brasileiro de Energia Eólica – UFPE, em Olinda,
que opera com controle de potência por estol, velocidade constante e conexão direta com a
rede elétrica local.
The main aim of this work is to quantify the modifications on the energy generation
and extreme and fatigue loads of a wind turbine operating particularly in a well concentrated
wind speed distribution near to the mean value. This particular meteorological condition is
commonly found in the Northeast region of Brazil. The wind speed distribution is modeled in
this dissertation using Weibull statistical function, where it is possible to adjust its shape
factor k.
The wind turbine used as reference for the analysis in this dissertation is the OWW-
250, which is installed in the Test Center for Wind Turbines of the Brazilian Wind Energy
Centre – UFPE, in Olinda. The wind turbine is a stall regulated wind turbine type, constant
speed and constant frequency that is directly connected to the local network.
The forces that contribute to fatigue are represented as equivalent loads. The
equivalent loads takes in to account the turbulence and they are calculated using synthetic
time series of wind speed applied to the machine. The extreme loads are considered static
loads and they are represented as the maximum in three seconds related to the wind gust, with
a recurrence period of fifty years. Additionally, the annual energy generation is estimated
taking into account the wind turbine power curve and the wind speed distribution.
The results showed that wind speed distributions with higher shape factor increase the
fatigue loads, although these conclusions showed extremely dependent of the assumed
parameters. The higher shape factor showed a small reduction in the power production of
similar wind turbines installed in sites with lower annual average wind speeds. The extreme
loads, however, presented a great variation, inversely proportional to the shape factor k, that is
favorable to the design of wind turbines specifically to operate in similar wind speed
distributions of the northeast region of Brazil.
LISTA DE SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO. 10
1.3 OBJETIVOS 15
1.4 JUSTIFICATIVA 15
2 METODOLOGIA 17
3 MODELAGEM DO VENTO 20
5 ANÁLISE ESTRUTURAL 50
6 RESULTADOS 65
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 84
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 86
APÊNDICE A 89
10
1 INTRODUÇÃO
A energia eólica representa, atualmente, a fonte de energia com maior taxa anual de
crescimento. Em 2003, a capacidade instalada aumentou 26%, chegando a 39.151 MW. O
continente europeu ainda é o grande destaque, possuindo 73% do total instalado. A figura 1.1
apresenta os principais países em capacidade instalada de centrais eólicas e sua divisão por
continentes.
15.000
12.000
Europa
9.000
73,3%
6.000
3.000
Oceania
0,6% Americas
0
Asia 8,2% 17,5%
EUA
Alemanha
India
Itália
Holanda
China
Japão
Reino Unido
Outros
Espanaha
Dinamarca
No Brasil, a primeira turbina eólica de grande porte foi instalada em 1992. A turbina
possuía uma capacidade de 75 kW e foi instalada na Ilha de Fernando de Noronha pelo Centro
Brasileiro de Energia Eólica, possibilitando a redução do uso de óleo Diesel para a geração de
energia elétrica na ilha. Desde então, a inserção eólica no Brasil se deu de forma bastante
tímida, predominando as instalações de caráter experimental.
11
Em 2001, após a grande crise de energia elétrica que assolou o país, surgiu a primeira
lei de incentivo à tecnologia eólica: o PROEOLICA. Esta lei previa incentivos crescentes para
as centrais instaladas em períodos mais curtos e despertou o interesse de vários investidores
privados. Porém, o cenário de incertezas político-econômicas daquele momento não propiciou
a regulamentação desta lei.
12
Nordeste
43,9% Sul
41,3%
Sudeste
14,8%
Dentre os parâmetros utilizados para caracterizar o vento, neste trabalho, será dada
ênfase aos relacionados com a sua distribuição de ocorrência. A distribuição de densidade de
probabilidade de ocorrência das velocidades de vento de uma determinada região é
geralmente caracterizada matematicamente pela função estatística de Weibull, cujos
parâmetros C e k estão associados respectivamente, ao valor médio e à dispersão da
distribuição de ocorrência das velocidades de vento.
A partir de dados de vários Atlas eólicos, Silva (2003) apresentou em sua dissertação
de mestrado, uma comparação entre os valores médios calculados para o fator k, da
distribuição de Weibull. Os valores encontrados foram de 1,80 para a Europa, 2,04 para os
Estados Unidos e 3,36, para a região Nordeste do Brasil. Estes resultados corroboram para a
caracterização do comportamento constante do vento na região Nordeste do Brasil.
Deve-se ainda sublinhar que, por se encontrar numa região de baixas latitudes, o NE
do Brasil apresenta valores mais baixos para a massa específica do ar do que nas regiões
comparadas anteriormente. Adicionalmente, o valor da massa específica do ar apresenta
baixas variações sazonais, diferentemente do que ocorre em projetos localizados no deserto da
Califórnia, onde a grande variação da massa específica do ar dificulta o uso de turbinas
eólicas com controle de potência passivo por estol (ver item 4.1.5).
Os carregamentos atuantes numa turbina eólica, bem como sua geração anual de
energia encontram-se diretamente ligados às características do vento incidente na máquina.
Em Kaiser e Langreder (2001), é reforçada a necessidade de se levar em conta os vários
parâmetros que caracterizam as condições de vento de um local específico, tais como: massa
específica do ar, velocidade extrema, parâmetros C e k de Weibull, intensidade de turbulência,
gradiente vertical, inclinação do vento, entre outros. Segundo os autores mencionados: “uma
análise cuidadosa com a interação de todos os parâmetros de vento do local poderia levar a
uma conclusão de que uma turbina classe II poderia suportar uma velocidade média de uma
turbina classe I”, o que traria benefícios para o empreendedor (Ibid., p.3).
1.3 OBJETIVOS
1.4 JUSTIFICATIVA
O capítulo 6 expõe os resultados das análises realizadas no capítulo anterior com uma
discussão acerca dos valores encontrados. O sétimo capítulo apresenta as principais
conclusões retiradas do trabalho e por último, são listadas no capítulo 8, as referências
bibliográficas utilizadas para este trabalho.
17
2 METODOLOGIA
Este capítulo tem como finalidade descrever a metodologia utilizada nesta dissertação,
situando o leitor quanto aos fundamentos teóricos e procedimentos metodológicos
apresentados nos próximos capítulos deste trabalho.
Uma vez que se imagine uma turbina eólica como uma caixa preta que tem como
entrada um fluxo de ar, com características determinadas, e, como saída, um sinal de energia
gerada e de carregamentos atuantes em sua estrutura, pode-se concluir que para se analisar
uma turbina eólica é preciso primeiramente modelar o vento, em seguida, a própria máquina e
finalmente, os resultados devem ser processados de forma a permitir sua análise. A figura 2.1
mostra as principais etapas necessárias para a análise de uma turbina eólica.
Figura 2.1 – Ilustração das principais etapas necessárias para a análise de uma turbina eólica.
Cada uma destas etapas será descrita com mais detalhes nos capítulos 3, 4 e 5, desta
dissertação, respectivamente.
Para a análise destas séries, foi desenvolvida uma rotina no MatLab destinada a
realizar a contagem e classificação dos ciclos de carregamentos, a associação a um
carregamento equivalente médio e o cálculo do dano total e do carregamento equivalente total
(em 20 anos) associados aos parâmetros C e k da função estatística de Weibull.
No entanto, a curva de potência utilizada deve estar de acordo com a massa específica
do ar do local de projeto. Para uma turbina com controle de potência por estol, isto implica
ajustar o ângulo de passo global de cada pá, a fim de garantir que a turbina não irá ultrapassar
ou trabalhar aquém da potência nominal do gerador. Ou seja, deve-se ajustar a potência
nominal mecânica do rotor de acordo com o valor de projeto, através do ângulo de passo.
Durante a realização deste trabalho foi desenvolvida uma rotina no MatLab com a
finalidade de calcular estaticamente os esforços aerodinâmicos no rotor da turbina eólica
baseada na teoria do elemento de pá (ver capítulo 4). Este programa permite o cálculo da
curva de potência da turbina, sendo ajustado para obter os mesmos resultados do Bladed. Em
seguida, ele foi adaptado para calcular o ângulo de passo da pá para uma determinada
potência nominal e uma determinada massa específica do ar. A partir da curva de potência
calculada, o programa determina a energia gerada para um período de um ano em função dos
parâmetros k e C de Weibull, considerando 100% de disponibilidade da máquina.
20
3 MODELAGEM DO VENTO
k U
k −1
U k
f (U ) = ⋅ ⋅ exp − (3.1)
C C C
Esta função de distribuição estatística será utilizada como base para caracterizar um
determinado local, do ponto de vista do comportamento eólico. Será dada uma maior ênfase
ao fator de forma k, que evidencia se uma distribuição é mais ou menos uniforme
(concentração de ocorrência em torno da média). Por questões práticas, o fator de escala C
não será utilizado diretamente, sendo designado através da velocidade média Vmed, que se
relaciona com C, através da função gama, Г , pela seguinte equação:
1
Vmed = C ⋅ Γ1 + (3.2)
k
As principais análises serão realizadas para quatro velocidades médias de vento: 6 m/s;
7,5 m/s; 8,5 m/s e 10 m/s. Estas velocidades caracterizam, respectivamente, as classes de
projeto para turbinas eólicas: IV, III, II e I, previstas pela norma técnica IEC 614000-1
(1999). Para cada velocidade média serão levadas em conta diversas distribuições estatísticas,
sendo as principais, com o parâmetro k da função de Weibull igual a: 2, 3 e 4.
25%
25%
k=2 k=2
k=3 20% k=3
20%
Frequência (%)
Frequência (%)
k=4 k=4
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0%
0%
0 5 10 15 20 25
0 5 10 15 20 25
Figura 3.1 – Distribuições para Vmed = 6 m/s. Figura 3.2 – Distribuições para Vmed = 7,5 m/s.
22
25% 25%
k=2 k=2
20% k=3 20% k=3
Frequência (%)
Frequência (%)
k=4 k=4
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Figura 3.3 – Distribuições para Vmed = 8,5 m/s. Figura 3.4 – Distribuições para Vmed = 10 m/s.
α
h
U = U ref ⋅ (3.3)
h
ref
onde α é assumido como sendo igual a 0,2, conforme especificado na IEC 614000-1, (1999).
O efeito da sombra da torre é definido como a distorção média causada pela torre no
fluxo de ar ao seu redor, conforme ilustrado na figura 3.6. Este fenômeno causa uma variação
no carregamento da pá sempre que ela se encontra próxima à torre, sendo importante mesmo
para turbinas que operam com o rotor posicionado à montante do fluxo de ar (upwind). Neste
trabalho, foi utilizado o método de fluxo potencial, que considera um fluxo laminar
incompressível em volta de um cilindro.
f ⋅ Su ( f ) 4 ⋅ f (L1u / U )
= (3.4)
σ 2
u (1 + 6 ⋅ f (L1u / U ))5 / 3
Para o modelo de Kaimal, não existe uma função analítica diretamente derivada do
modelo para a determinação da expressão da coerência espacial, sendo normalmente utilizada
uma função exponencial puramente empírica. Para este trabalho foi assumida a seguinte
expressão dada pela IEC 61400-1:
0,12 f
2 2
+ (3.5)
Cu (∆r , f ) = exp − 8,8 ⋅ ∆r
L
u ( ∆r , f ) U
Para a criação das séries temporais foi utilizado o método das séries harmônicas,
desenvolvido por Shinozuca (1972) e posteriormente descrito detalhadamente em Veers
(1988). Esta metodologia é atualmente a mais utilizada pela indústria eólica e foi
implementada pelo programa computacional Bladed (BOSSANYI, 1977) no módulo 3D
Turbulent Wind, que considera apenas a componente longitudinal da turbulência para o uso do
espectro de Kaimal.
j
u j ( f ) = ∑ H jk ( f ) ⋅ ∆n ⋅ exp(−iθ k ( f )) (3.6)
k =1
A área transversal escolhida deve ser grande o suficiente para englobar o rotor da
turbina eólica e dividida em um número de pontos que permita representar bem a variação das
séries ao longo da área do rotor. O valor assumido para z e y foi de 30 m, divididos em 7
pontos, o que dá um total de 49 pontos de simulação ao longo da área transversal.
y x
Figura 3.7 – Volume da série temporal da velocidade do vento incidente no rotor da turbina.
27
Para uma dada velocidade média U, o valor de x deve ser suficiente para que a
passagem do volume através do plano do rotor dure o tempo total escolhido para a série. O
tempo de duração da série temporal apresenta forte influência no cálculo do carregamento
equivalente por fadiga, o qual será detalhado no capítulo 5, devendo-se utilizar o valor padrão
de 600 segundos (THOMSEN, 1998).
13
12
velocidade (m/s)
11
10
7
0 10 20 30 40 50 60
tempo (s)
Na IEC 61400-1 (1999), a velocidade de projeto para uma rajada com duração de 3
segundos é proporcional à velocidade de referência, Vref (ver equação 3.14), dada pela norma
e interpretada como a velocidade média de 10 minutos, com período de retorno de 50 anos.
Por sua vez, a velocidade de referência é tabelada unicamente em função da velocidade de
vento média anual, Vmed, sendo igual a 5 vezes o seu valor. Esta mesma relação pode ser
encontrada em normas técnicas de construções britânicas e alemãs.
Em trabalho realizado para a Comissão Européia, Dekker et al. (1998) apresentaram uma
metodologia de cálculo para a velocidade de sobrevivência, levando em consideração a
distribuição estatística da velocidade de vento e comparando estes valores com os dados na
IEC 61400-1 (1999). Esta metodologia será apresentada nesta seção e será aplicada para a
determinação da rajada máxima de 3 segundos em função dos parâmetros Vmed e k, o que
possibilitará o calculo da velocidade de sobrevivência para locais cujas condições climáticas
sejam distintas das utilizadas nas normas internacionais (como é o caso da região Nordeste do
Brasil).
1 1 u − U
f (uT | U ) = ⋅ exp − T (3.7)
σT 2π 2 σ T
f ( x, y )
f ( y | x) ≡ (3.8)
f x ( x)
desenvolvendo:
∞ 1 uT − U k U k −1 U k
f (uT ) = ∫
⋅ exp −
⋅ ⋅ ⋅ exp − C ⋅ dU (3.10)
0
σ T (U ) ⋅ 2π 2σ T C C
O desvio padrão, σT, é definido como sendo a parte do desvio padrão total σu, após
aplicar-se um filtro passa baixa com um tempo médio de 3 segundos. O valor de σT assumido
foi calculado por Bergström (1992) como sendo σT = 0,89σu.
uT ∞
1 u T − U k U k −1 U k
F (u T ) = ∫ ∫ σ (U ) ⋅ 2π ⋅ exp −
⋅
⋅ ⋅ exp − ⋅ dU ⋅ du T (3.12)
−∞ 0 T 2σ T C C C
Para o cálculo desta integral dupla, foi desenvolvida uma rotina de integração
numérica no MatLab ao longo dos intervalos de integração de [–60, 160] m/s e [0, 80] m/s
discretizados em pequenos passos de 0,1 m/s.
31
Segundo Dekker et al. (1998), a definição dada pela IEC é muito vaga, não
informando o tamanho das amostras consideradas. Desta forma, foi assumido em seu trabalho
que Ve50 é a velocidade de vento média de 3 segundos com 2% de probabilidade de ser
excedida em um ano, ou possui um tempo de retorno de 50 anos. Um pouco menos óbvia é a
definição para a velocidade Ve1, que leva em consideração a localização central dos possíveis
valores máximos, o que corresponde a um nível de confiança de aproximadamente 63,21%.
Classe I
70
Velocidade extrema (m/s)
Classe II
60
Classe III
50
Classe IV
40
10 m/s
30 8.5 m/s
7.5 m/s
6 m/s
20
10
1 1,5 1.82 2 2,5 3 3,5 4
k de Weibull
As velocidades extremas Ve50, encontradas para cada caso estudado neste trabalho são
apresentadas na tabela 3.1 em função da velocidade média anual e do fator de forma da
função de Weibull.
Velocidade Média
vez que ele se baseia principalmente na variação deste fator para diferenciar a caracterização
das condições de vento entre determinados locais. De acordo com a metodologia apresentada,
o valor de k utilizado para a determinação das velocidades Ve50 na norma IEC foi de
aproximadamente 1,8, conforme mostrado na figura 3.10. A norma européia para turbinas
eólicas II (DEKKER et al., 1998) chama a atenção para o problema do uso destes valores em
locais com características complexas que possuem um fator k de até 1,4, podendo apresentar
velocidades extremas mais elevadas que as previstas na IEC. Por outro lado, ao estender-se
esta análise teórica para locais que apresentam um valor do fator k mais elevado que 2, como
na região Nordeste do Brasil, estas velocidades previstas para o projeto tornam-se muito
conservativas. Esta consideração é bastante importante, uma vez que o uso de velocidades
extremas de vento mais baixas no projeto de uma turbina eólica implica o desenvolvimento de
estruturas mais simples e, conseqüentemente, com um menor custo de fabricação.
A figura 3.11 apresenta o gráfico das isopletas da velocidade básica no Brasil, com
intervalos de 5 m/s. Apesar de ser apresentado em macro escala, pode-se observar uma
tendência de rajadas mais baixas na região nordeste, conforme discutido nesta dissertação.
34
De acordo com a teoria do disco atuador para o processo descrito acima, a velocidade
do vento Ud no disco do rotor é relacionada com a velocidade de vento montante U0, da
seguinte forma:
U d = (1 − a ) U 0 (4.1)
36
Figura 4.1 – Ilustração da linhas de corrente que passam pelo rotor e velocidade axial e pressão do vento.
P = 2 ρAU 03 a (1 − a ) 2 (4.2)
A força de empuxo aerodinâmico atuante no rotor pode ser obtida similarmente como:
T = 2 ρAU 02 a (1 − a ) (4.3)
2P
CP = = 4a (1 − a ) 2 (4.4)
ρAU 0
3
2T
CT = = 4a (1 − a ) (4.5)
ρAU 02
37
O desenvolvimento detalhado das equações pode ser visto em Glauert (1935) que é
proveniente de uma simplificação do modelo de Joukowski. A partir de seu trabalho, pode-se
definir que o torque gerado pelo rotor é igual à razão de mudança do momento angular:
2L
CL = (4.8)
ρVrel 2 S
2D
CD = (4.9)
ρVrel 2 S
Para o cálculo dos fatores de indução em uma posição radial referente a um dado
elemento de pá, as equações que determinam o empuxo e o torque desenvolvido pelo
elemento são igualadas com as equações referentes à variação de momento axial e tangencial
do fluxo que passa pelo respectivo elemento anelar. Considerando o coeficiente de solidez σ,
que define a fração de área do volume anular coberto pelas pás, obtém-se as seguintes
equações para os fatores de indução:
1
a=
4 Fsen 2φ (4.11)
+ 1
σ ⋅ Cn
1
a`=
4 Fsenφ cos φ (4.12)
− 1
σ ⋅ C t
Quando o fator de indução axial torna-se mais alto que aproximadamente 0,5, a teoria
simples da conservação do momento para o rotor de uma turbina eólica não é mais válida.
Desta forma, para valores elevados do fator de indução axial, utiliza-se uma equação empírica
para o coeficiente de empuxo. A equação utilizada no Bladed para definir CT, se apresenta da
seguinte forma:
2
F= ⋅ ar cos(e − f ) (4.14)
π
onde,
B R−r
f = ⋅ (4.15)
2 2 ⋅ r ⋅ sen φ
B é o número de pás, R é o raio total da pá, r o raio local e φ o ângulo de incidência do fluxo.
Após a determinação das forças normal e tangencial em cada seção da pá, é possível
calcular a curva de potência e de empuxo da turbina eólica. Para o cálculo do torque mecânico
extraído pelo rotor, deve-se integrar as componentes tangenciais FT,i calculadas para cada
seção i ao longo de toda a pá, assumindo uma variação linear entre as seções ri e ri+1. Vale
ressaltar que estas componentes FT,i possuem unidade de força (N) por comprimento (m). O
torque dM para uma seção da pá de comprimento dr é:
FT ,i +1 − FT ,i 2 FT ,i ⋅ ri +1 − FT ,i +1 ⋅ ri
dM = r ⋅ FT ⋅ dr = ⋅r + ⋅ r ⋅ dr (4.16)
ri +1 − ri ri +1 − ri
Para uma turbina eólica com controle passivo por estol, deve-se ajustar o ângulo de
passo global durante a montagem da pá no cubo, para que se obtenha a potência nominal
correta. Um ângulo de passo maior faz com que o ângulo de ataque do vento sobre o aerofólio
da pá seja menor, o que adia o início do seu estolamento, e, por conseqüência, aumenta a
potência nominal da turbina. Este artifício é utilizado para o ajuste da potência nominal da
máquina para locais com diferentes valores da massa específica do ar.
Os cálculos dos carregamentos dinâmicos estruturais para uma turbina eólica são
geralmente realizados por um programa computacional baseado em procedimentos de
cálculos aeroelásticos. O objetivo da análise aeroelástica de uma turbina eólica é resolver as
equações de movimento de uma dada configuração de forças atuantes na estrutura e de forças
geradas pela própria estrutura. Ou seja, esforços provenientes da interação entre forças
elásticas, inerciais e aerodinâmicas.
equações de movimento para estes modos são resolvidas através das equações generalizadas
de Lagrange com as condições de contorno apropriadas. Os carregamentos aerodinâmicos são
calculados separadamente, conforme explicado na seção anterior.
As equações de movimento que descrevem a dinâmica das pás de uma turbina eólica
contêm termos com coeficientes periódicos devido ao seu movimento de rotação. Esta
periodicidade faz com que a computação das propriedades modais de uma turbina eólica em
operação como uma estrutura única completa não seja possível utilizando a análise padrão de
autovalores e autovetores.
Fi
q&&i + 2ξ i ω i q& i + ω i2 q = (4.18)
Mi
Fi = ∫ f (r )φ i2 (r )dr (4.20)
rotor
sendo m(r) e f(r) a distribuição da massa e da força atuante e φi(r), o modo de vibração.
onde [M], [C] e [K] são as matrizes de massa, amortecimento e rigidez, respectivamente; F é o
vetor força atuante sobre a estrutura, normalmente em função do tempo, e q é o vetor
deslocamento que contém translações e/ou rotações. A primeira e segunda derivada de q
correspondem aos vetores velocidade e aceleração, respectivamente.
A turbina eólica utilizada para as simulações nesta dissertação foi fabricada pela Wind
World A/S e encontra-se instalada na área de testes do Centro Brasileiro de Turbinas Eólicas -
UFPE, em Olinda. A turbina eólica tem potência nominal de 250 kW, controlada
passivamente por estol aerodinâmico. Sua torre possui 30 m de altura e o rotor tem um
diâmetro de 29m. A figura 4.4 mostra uma foto da turbina eólica OWW-250.
46
1 - Cubo
2 - Multiplicador 9 - Bomba de óleo
3 - Gerador 10 - Filtro de óleo
4 - Fuselagem da nacele 11 - Sensor de pressão do óleo
5 - Sensores de direção e velocidade 12 - Sensor de temperatura
6 - Sistema de giro “yaw” 13 - Controle remoto
7 - Reservatório hidráulico 14 - Abertura de passagem
8 - Sistema de freio a disco 15 - Bloco de amortecimento
Figura 4.5 – Desenho esquemático da turbina eólica OWW-250 e os principais componentes da nacele.
Fonte: Material de divulgação da Wind World A/S.
4.3.1 Pás
Distribuição da corda
1.5
1.0
corda (m)
0.5
0.0
0 3 6 9 12 15
comprimento (m)
15
ângulo de passo
10
0
0 3 6 9 12 15
comprimento (m)
4.3.3 Torre
5 ANÁLISE ESTRUTURAL
Este capítulo aborda a metodologia utilizada para a análise dos carregamentos atuantes
na turbina eólica, focalizando a fadiga de sua estrutura e os carregamentos extremos aos quais
ela é submetida ao longo de sua vida útil. Com o objetivo de contribuir para a análise de cada
caso estudado, também será apresentada a metodologia utilizada para estimar a energia anual
gerada pela turbina eólica.
Algumas simplificações serão assumidas para este capítulo, uma vez que os resultados
procurados não visam à determinação dos limites absolutos de resistência do material e sim a
uma comparação entre os carregamentos que atuam em uma turbina eólica instalada em locais
com diferentes regimes de vento. Desta forma, não serão levados em consideração fatores de
correção, como, por exemplo, o fator de segurança.
70
60
50
40
30
0 10 20 30 40 50 60
tem po (s)
Para este trabalho foi utilizado o método SN ou de Wöhler1, que relaciona o histórico
das tensões macroscopicamente elásticas atuantes na estrutura com o número de ciclos Ni, que
1
No século XIX, Wöhler caracterizou pela primeira vez os materiais em relação à fadiga, estabelecendo curvas
que associavam o número de ciclos necessários para romper o material em função da amplitude do ciclo de
tensão utilizado (PITOISET, 2001).
52
o material suporta antes de falhar. Este método considera o material como homogêneo, não
reconhecendo a presença de trincas.
Para quantificar o dano causado ao material por ciclos com diferentes amplitudes e
diferentes valores médios é utilizada a regra do acúmulo linear proposta por Palmgren, em
1924, e formulada matematicamente por Miner, em 1945. Segundo Fateni & Yang (1998),
apesar de terem sido criadas várias leis de acúmulo de dano por fadiga, nenhuma consegue ser
totalmente aceita, sendo conseqüentemente a lei do acúmulo linear de Palmgren-Miner a mais
utilizada devido à sua grande simplicidade. De acordo com a regra do somatório linear, o
dano di causado ao material por um carregamento Ri pode ser adicionado linearmente, como
mostra a equação 5.1:
ni
Di = ni ⋅ d i = (5.1)
Ni
Considerando que a curva SN, em um gráfico log-log, apresenta uma relação linear
entre o nível de tensão e o número de carregamentos que levam o material à ruptura, tem-se:
m
1 S
log S0 − ⋅ log N i = log Si ∴ N i = 0 (5.2)
m Si
m
n ni n ⋅S
Di = ni ⋅ d i = i = m
= i mi
Ni S S0 (5.3)
0
Si
53
D = ∑ ni ⋅ Ri
m
(5.4)
1
∑ ni ⋅ Ri m m
Observações experimentais mostraram que o dano causado por fadiga depende tanto
da amplitude quanto da média do carregamento. Atualmente, existem diferentes modelos
matemáticos para se levar em consideração este efeito, como por exemplo: o modelo de
Goodman, o modelo da parábola de Gerber e o modelo bilinear de Haigh. Para esta análise,
54
Si S m
+ =1 (5.6)
S f S0
onde:
Si = amplitude do sinal
Sf = amplitude aceitável para a curva S-N
Sm= tensão média
S0 = tensão de ruptura estática
Este critério pode ser utilizado para alterar a descrição original da curva de Wöhler
como uma redução da tensão aceitável, conforme mostrado na equação 5.7.
ni ⋅ S im
Di = ni ⋅ d i = (5.7)
(S 0 − S m ) m
O dano total pode ser convertido para o carregamento equivalente Req,m, levando em
conta o nível médio de tensão, da seguinte forma:
1
1 ∑ ni ⋅ Ri m m
Req ,m = ⋅ (5.8)
( M 0 − M m ) neq
Req ,m Req ,m M0
fm = = = (5.9)
Req ,m ( S m = 0) Req M0 − Mm
55
Para a realização deste trabalho, o valor de M0 foi estimado para cada elemento
estrutural analisado, levando-se em consideração os dados geométricos e os valores de
resistência mecânica do material dos elementos.
43
42
Req (kNm)
41
40
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
núm ero da sim ulação
Figura 5.2 – Carregamentos equivalentes calculados para velocidade do vento igual a 11 m/s.
56
Para minimizar o efeito desta variação, deve-se simular um número de casos suficiente
para se obter um valor médio representativo. Utilizando números de seed diferentes para cada
série, consegue-se obter uma incerteza menor que 5% a partir do uso de 5 simulações
(THOMSEN, 1998). Nesta dissertação, foram utilizadas 10 séries temporais para cada
velocidade de vento. Foram escolhidas 8 velocidades de vento entre 5 m/s e 24 m/s (5 m/s, 7
m/s, 9 m/s, 11 m/s, 14 m/s, 17 m/s, 20 m/s e 24 m/s), resultando num total de 80 simulações.
Com a finalidade de se determinar o carregamento equivalente médio Req , para as velocidades
de vento que não foram simuladas, foi realizada uma interpolação cúbica, por esta permitir
uma melhor suavização da curva entre os valores determinados.
Uma vez calculados os carregamentos equivalentes médios Req para cada velocidade
média de vento, deve-se determinar sua probabilidade de ocorrência ao longo da vida útil da
máquina a partir da função de Weibull. Normalmente, considera-se que a probabilidade de
ocorrência de uma determinada velocidade média U é igual à integral da curva de densidade
de probabilidade entre o intervalo de U-0,5 a U+0,5. Como a curva é determinada para médias
de 10 minutos, deve-se multiplicar o valor encontrado pelo número, n, de ocorrências
possíveis em um ano, e em seguida, pelo número de anos, T, considerado para a vida útil da
máquina (vinte anos). Assim, o dano total será igual a:
O dano total pode ser descrito por um carregamento equivalente para a vida útil, Leq, e
um número de repetições equivalente para toda a vida útil, neq,L.
57
1
Req (U ) m ⋅ neq ⋅ P(U ) ⋅ nT ⋅ dU m
Leq = (5.11)
neq , L
Todos os resultados apresentados neste trabalho serão baseados nos valores do dano
total, DL, e do carregamento equivalente para a vida útil, Leq.
Para uma análise aprofundada dos carregamentos extremos a que uma turbina eólica
pode ser submetida, é necessário realizar uma combinação entre uma vasta quantidade de
condições do vento com os diferentes estados em que se pode encontrar a máquina.
Normalmente, classifica-se a condição do vento como normal ou extrema e a da turbina eólica
como normal ou em falha. A condição extrema do vento é geralmente considerada como a
maior rajada em 50 anos, enquanto que a condição normal está associada a efeitos no vento,
com probabilidade de ocorrência em 1 ano. Os principais casos de falha para a turbina eólica
são o de falha na rede elétrica e o de mau funcionamento do sistema de controle, como, por
exemplo, o de yaw ou de pitch (MEAD, 1997). No entanto, assume-se que o estado de falha
na turbina ocorre muito raramente e que não possui correlação com as condições extremas de
vento. Desta forma, as possíveis combinações entre as condições do vento e da turbina são:
Os três casos previstos são ilustrados na figura 5.3, sendo representados pela
interseção da condição da turbina eólica e do vento.
58
Para esta dissertação, só será considerado o primeiro caso, assumindo como condição
extrema do vento a rajada máxima de 3s, com um período de retorno de 50 anos, conforme
apresentado na seção 3.3. Para este caso, é considerado que o vento incide no rotor parado,
com os freios aerodinâmicos acionados e sem nenhuma falha no sistema de controle.
70
60
Velocidade do vento (m/s)
50
40
Registro da reposta
30
da estrutura
(fig. 5.5)
20
10
18
15
Direção do vento (m/s)
12
9
6
-3
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Tempo (s)
250000
Momento fletor My na Pá - (Nm)
240000
230000
220000
210000
200000
190000
180000
170000
160000
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0
Tempo (s)
Momento Mx - Pá Momento My - Pá
32500 190000
30000 180000
27500
170000
25000
(Nm)
(Nm)
160000
Blade 1 Mx [Nm]
Blade 1 My [Nm]
22500
Carregamento
Carregamento
150000
20000
140000
17500
15000 130000
12500 120000
10000 110000
7500
0 1 2 3 4 5 6 7 100000
0 1 2 3 4 5 6 7
Ângulo de azimute
Rotor azimuth [rad] (rad)
Ângulo de azimute
Rotor azimuth [rad] (rad)
Figura 5.7 – Momento Mx na pá versus azimute. Figura 5.8 – Momento My na pá versus azimute.
As figuras 5.9 e 5.10 mostram a variação dos esforços atuantes no cubo que equivalem
ao torque e ao empuxo no rotor, respectivamente. Pode-se notar que o comportamento repete-
se três vezes a cada volta completa do rotor, devido à isometria na posição das pás e ao fato
destes esforços serem provenientes do somatório dos esforços nas três pás. Os carregamentos
tendem a um valor mínimo à medida que uma das pás se aproxima da região de sombra da
torre.
73000
100000
72000
98000
[Nm]
(Nm)
71000
(N)
Stationary hub Mx
96000
Carregamento
Carregamento
70000
69000 94000
68000
92000
67000
90000
66000
65000 88000
0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7
Ângulo de azimute
Rotor azimuth [rad] (rad) Ângulo
Rotorde azimute
azimuth [rad] (rad)
Figura 5.9 – Momento Mx no cubo versus azimute. Figura 5.10 – Empuxo no cubo versus azimute.
62
80000
8000
70000
(Nm)
[Nm]
[Nm]
(Nm)
6000
Stationary hub My
Stationary hub Mz
Carregamento
60000
Carregamento
4000
50000
2000
40000
0
30000
20000 -2000
0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7
Ângulo de azimute
Rotor azimuth [rad] (rad) Ângulo de azimute
Rotor azimuth [rad] (rad)
Figura 5.11 – Momento My no cubo versus azimute. Figura 5.12 – Momento Mz no cubo versus azimute.
115000
4500000
110000
(Nm)
(Nm)
105000 4450000
Tower Mx [Nm]
Tower My [Nm]
Carregamento
Carregamento
100000
4400000
95000
90000 4350000
85000
4300000
80000
75000 4250000
0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7
Ângulo de azimute
Rotor azimuth [rad] (rad) Ângulo
Rotor de azimute
azimuth [rad] (rad)
Figura 5.13 – Momento Mx na torre versus azimute. Figura 5.14 – Momento My na torre versus azimute.
A tabela 5.2 apresenta um resumo dos ângulos de azimute em que os esforços são
máximos para cada caso estudado.
Para o cálculo da energia produzida por uma turbina eólica, é necessário relacionar a
curva de potência da turbina com a curva de densidade de probabilidade de freqüência do
vento. Integrando-se a função estatística, pode-se determinar a freqüência esperada de um
dado intervalo de velocidade de vento f(Ui < U < Ui+1,), sendo a velocidade de vento U igual
ao valor médio do intervalo. Multiplicando-se pelo número total de horas de um ano, obtém-
64
se o número de horas que a velocidade de vento U ocorre durante este espaço de tempo. Ao
multiplicar este valor pela potência em kW associada a esta velocidade, através da curva de
potência, obtém-se a quantidade de energia, em kWh, que esta velocidade de vento é capaz de
produzir em um ano. Basta seguir este procedimento para todos os intervalos discretizados de
velocidade para se obter a energia total produzida pela turbina. A figura 5.15 ilustra o
procedimento adotado para a turbina eólica OWW-250, que relaciona o intervalo integrado na
curva fdp e seu respectivo valor na curva de potência.
N −1
P(U i +1 ) + P (U i )
E = ∑ ⋅ f (U i < U < U i +1 ) ⋅ 8766 (5.12)
i =1 2
65
6 RESULTADOS
séries temporais de vento de 10 minutos com média entre 4 m/s e 24 m/s, considerando as
condições atmosféricas padrão, ou seja, intensidade de turbulência variando em função da
velocidade de acordo com a IEC e massa específica do ar de 1,17 kg/m3.
Nas figuras de 6.1 a 6.8, a curva traçada em linha preta representa o carregamento
equivalente médio Req , relativo a um número equivalente de ciclos igual a 375, para cada
velocidade de vento.
A contribuição relativa para o dano por fadiga ao longo da vida útil da turbina eólica
para cada velocidade de vento é mostrada pelas curvas em vermelho, rosa e azul para
distribuições de freqüência com fator de forma k, igual a 2, 3 e 4, respectivamente, e
velocidade média de 8,5 m/s. Os valores apresentados para o dano relativo foram
normalizados pelo dano total considerando uma média de 8,5 m/s e uma distribuição de
freqüência com k igual a 2. Desta forma, se a curva em vermelho for integrada, deverá ser
encontrado o valor unitário.
66
Pá - Momento Mx (lag)
80 0.2
k=4
40 k=2 0.1
20 0.05
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
Pá - Momento My (flap)
50 0.35
k=4
Contribuição relativa para o dano
Carregamento equivalente (kNm)
40 0.28
k=3
30 0.21
k=2
20 0.14
10 0.07
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
k=4
10 0.2
k=2
5 0.1
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
8 0.28
k=3
6 0.21
k=2
4 0.14
2 0.07
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
k=3
20 0.2
15 k=2 0.15
10 0.1
5 0.05
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
25 0.25
k=3
20 0.2
15 k=2 0.15
10 0.1
5 0.05
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
276 0.18
k=2
184 0.12
92 0.06
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
k=4
Contribuição relativa para o dano
Carregamento equivalente (kNm)
40 0.28
k=3
30 0.21
k=2
20 0.14
10 0.07
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
Deve-se salientar que esta transição de forças de sustentação para forças de arrasto ao
longo da pá, está associada ao aumento do ângulo de ataque do fluxo de ar incidente nos
aerofólios de cada seção. Uma vez que a velocidade de rotação da turbina e o ângulo de passo
da pá são fixos, à medida que a velocidade do vento incidente no rotor aumenta, o ângulo de
incidência do vetor da velocidade resultante também aumenta, provocando,
consequentemente, um acréscimo no ângulo de ataque nas seções da pá.
Pá - Momento Mx (lag)
65
8,5 m/s
63
7,5 m/s
62
61
6 m/s
60
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.9 - Variação do carregamento equivalente Leq calculado para toda a vida útil
em função do k de Weibull, para o momento fletor Mx na raiz da pá.
Pá - Momento My (flap)
39
10,0 m/s
8,5 m/s
Carregamento equivalente (kNm)
7,5 m/s
38.3
6,0 m/s
37.6
36.9
36.2
35.5
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.10 - Variação do carregamento equivalente médio Leq calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para o momento fletor My na raiz da pá.
72
10,0 m/s
Carregamento equivalente (kNm) 8,5 m/s
7,5 m/s
14.5
6,0 m/s
13.5
12.5
11.5
10.5
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.11 - Variação do carregamento equivalente médio Leq calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para o torque no cubo.
10,0 m/s
8,5 m/s
5.6
Carregamento equivalente (kN)
7,5 m/s
6,0 m/s
5.4
5.2
4.8
4.6
4.4
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.12 – Variação do carregamento equivalente médio Leq calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para a força axial no rotor (empuxo).
73
10,0 m/s
8,5 m/s
21
20
19
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.13 - Variação do carregamento equivalente médio Leq calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para o momento de giro vertical no rotor (tilt).
10,0 m/s
8,5 m/s
Carregamento equivalente (kNm)
7,5 m/s
6,0 m/s
20
19
18
17
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.14 - Variação do carregamento equivalente médio Leq calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para o momento de giro horizontal no rotor (yaw).
74
225
215
210
8,5 m/s
205
7,5 m/s
200
195
190
6 m/s
185
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.15 - Variação do carregamento equivalente médio Leq calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para o momento fletor My na raiz da torre.
10,0 m/s
8,5 m/s
Carregamento equivalente (kNm)
42
7,5 m/s
6,0 m/s
40
38
36
34
32
30
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.16 - Variação do carregamento equivalente médio Leq calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para o momento fletor Mx na raiz da torre.
75
Uma vez que cada carregamento de fadiga é medido pela amplitude de um ciclo de
carregamento, a intensidade de turbulência do vento, que está diretamente ligada ao desvio
padrão da velocidade do vento, exerce uma forte influência sobre o resultado destes esforços.
Alguns autores consideram que o carregamento equivalente para uma velocidade de vento é
diretamente proporcional ao valor de sua intensidade de turbulência.
Intensidade de Turbulência
30
Intensidade de turbulência %
25
20
15
10
IEC
5
15%
0
0 5 10 15 20 25
Pá - Momento My (flap)
50 1.4
k=4
40 1.12
k=3
30 0.84
k=2
20 0.56
10 0.28
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
k=4
k=3
12 0.36
k=2
8 0.24
4 0.12
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
k=4
400 0.48
k=3
300 0.36
k=2
200 0.24
100 0.12
0 0
4 7 10 13 16 19 22 25
Pá - Momento My (flap)
39
Carregamento Equivalente (kNm)
37
35
10 m/s
33 8,5 m/s
7,5 m/s
31
6 m/s
29
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
Figura 6.21 - Variação do carregamento equivalente médio calculado para toda a
vida útil em função do k de Weibull, para o momento fletor My na raiz da pá (flap)
considerando IT=15% e IT=IEC (em tracejado).
15
Carregamento Equivalente (kNm)
14 10 m/s
13 8,5 m/s
12 7,5 m/s
11
10
6 m/s
9
8
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
220
200
190 10 m/s
8,5 m/s
180
170
7,5 m/s
160
150 6 m/s
140
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
anual do vento. As figuras 6.24 e 6.25 apresentam esses carregamentos normalizados pelo
valor mais alto (média anual igual a 10 m/s e fator de forma igual a dois), permitindo uma
melhor visualização de seus comportamentos.
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
2 3 4 2 3 4 2 3 4 2 3 4
Fator k de Weibull
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
2 3 4 2 3 4 2 3 4 2 3 4
Fator k de Weibull
Para uma dada velocidade média, a potência disponível no vento aumentará à medida
que se aumente a variabilidade de sua distribuição. Esta relação se dá devido ao fato da
potência ser proporcional ao cubo da velocidade do vento, podendo ser facilmente percebida
somando-se o cubo de duas velocidades iguais e, em seguida, o cubo de duas velocidades
diferentes, ambos os pares com mesma média. Este fato não pode ser diretamente observado
na geração de uma turbina eólica, uma vez que a curva da eficiência do rotor apresenta um
máximo para velocidades próximas a 10 m/s. Desta forma, as velocidades mais altas, que
contêm muita energia, não são aproveitadas eficientemente pelo rotor. A figura 6.26 apresenta
a variação da energia gerada em função do k de Weibull, para diferentes velocidades médias.
10 m/s
1100
Energia gerada (MWh)
900
8,5 m/s
700
7,5 m/s
500
6 m/s
300
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
A partir do gráfico mostrado, pode-se notar que o aumento do fator k de Weibull passa
a influenciar positivamente no aumento da geração de energia para distribuições de vento com
média anual superior a 8,5 m/s.
83
6 m/s
4.4
7,5 m/s
Variação (%)
3.8
8,5 m/s
3.2
10 m/s
2.6
2
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Fator k de Weibull
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Tendo como principal objetivo identificar as diferenças mais relevantes das condições
de operação de uma turbina eólica instalada em um local com um regime de vento semelhante
aos encontrados na região Nordeste do Brasil, esta dissertação apresenta as conclusões a
seguir relatadas.
falhar por fadiga antes de alcançar o tempo previsto para sua vida útil. No entanto, os cálculos
para realização da análise de fadiga são bastante dependentes dos parâmetros assumidos,
como, por exemplo, das características de turbulência adotadas. Desta forma, recomenda-se
que antes de decidir-se pela instalação na região Nordeste de uma máquina que tenha sido
projetada para operar em condições climáticas de outros países, sejam realizadas análises
estruturais utilizando os parâmetros reais da máquina e das condições de vento do local onde
será instalada.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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the Rainflow Method. Journal of Engineering Materials and Technology, ASME, 1977. p.
205-211.
89
APÊNDICE A
pico
vale
Sn+3
Sn+1
Sn+2
Sn
O método não é restrito para séries de alto ciclo, também podendo ser usado para
fadiga de baixo ciclo, onde a deformação é o parâmetro mais importante. Uma comparação
entre resultados de testes e resultados previstos pelos três métodos de contagem mencionados
mostra que o método rainflow geralmente consegue os melhores resultados. Este método é o
único dos três que identifica tanto ciclos de baixa freqüência quanto ciclos mais rápidos que
ocorram durantes os mais lentos. O método de contagem por picos normalmente favorece a
contagem de ciclos com intervalos maiores, enquanto que o método de contagem por
intervalos favorece a contagem de ciclos com intervalos menores. Comparados com o método
rainflow, o método de contagem por picos irá geralmente levar a uma maior estimativa do
dano acumulado por fadiga, enquanto que o método de contagem por intervalos levará a um
dano acumulado menor.
O método de contagem rainflow permite identificar a tensão média para cada ciclo
contado. Por isso, a forma mais utilizada de apresentar o resultado final obtido de uma
contagem é o uso de uma matriz em que cada linha representa o valor médio do ciclo e cada
coluna representa o valor da amplitude do ciclo. Cada elemento desta matriz contém o numero
de ciclos com que se encontra em um determinado intervalo de amplitude e de valor médio.
Cada linha da matriz apresenta uma distribuição discretizada de ocorrência de amplitudes para
um determinado valor médio. Quando são conhecidas curvas SN para varias razoes R entre
tensões compressivas e trativas, torna-se possível prever o dano parcial em cada elemento da
matriz determinada, através do uso da curva SN apropriada para cada nível de valor médio.
Esta consideração é importante para previsão do dano em materiais estruturais como o da pá
da turbina onde a influência do valor médio do ciclo e bastante relevante.