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28/01/2019 INJUSTIÇADOS

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INJUSTIÇADOS
O A U T O R , C O M A C O L A B O R A Ç Ã O D O S A M I G O S E I N T E R E S S A D O S , P R E T E N D E A R G U M E N TA R ,
D E B AT E R , D I S C U T I R E D I V U L G A R S O B R E O S D I R E I T O S D O C I D A D Ã O E A S I N J U S T I Ç A S .

S E X TA - F E I R A , 1 0 D E A B R I L D E 2 0 0 9 INJUSTIÇADOS
DELAÇÃO E ESCOLA: O CASO DA ESCOLA BASE Seja bem vindo a este blog.

Se você tem conhecimento que algum


“Pode ser que até que se arrependesse de nos ter denunciado; cidadaão foi desrespeitado,
e na verdade, por que denunciar-nos? Em que é que lhe maltratado, humilhado, teve seus
tirávamos alguma coisa?” direitos negados, sofreu abuso de
poder. Não fique acanhado, denuncie
Machado de Assis, Conto de Escola.
aqui, se tiver documentos fotos ou
vídeos, pode postar no blog.

“Cada ato mesquinho nosso faz retroceder de mil passos Se também tem conhecimento de ato
qualquer esperança que possa restar quanto ao nosso futuro”. de humanidade, heroismo,
benemerência por parte de qualquer
W. R E I C H pessoa. Não deixe em branco, informe
Revista Espaço Acadêmico – nº. 54 – Novembro/2005 – aqui, se possível com documentos,
fotos e videos.
Mensal – ISSN 1519.6186 – Ano V.

SEGUIDORES
Por Raymundo de Lima.
Seguidores (6)
Psicanalista, professor do DFE da Universidade Estadual de
Maringá (PR); doutorando em educação (FEUSP)

Da ficção para a realidade


Seguir
Na década de 1980, nos EUA, membros de uma família
proprietária de uma escola infantil, são acusados de abuso
contra uma criança. Além da justiça que joga pesado contra os ARQUIVO DO BLOG

McMartin, eles sofrem a fúria histérica de sua comunidade. ▼ 2009 (14)


Apoiada nas supostas provas levantadas por uma falsa ► Maio (1)
psicóloga contra os que trabalhavam naquela escola, a
▼ Abril (13)
promotora manda alguns para cadeia. Inconformado, um
► abr 22 (1)
advogado vê que se trata de um caso de histeria coletiva
insuflado pela imprensa, e, uma década depois, consegue ► abr 11 (2)
inocentar todos os acusados, mas vidas já tinham sido ▼ abr 10 (3)
arruinadas. Delação e escola: o caso da
Escola Base “Pod...
Essa história contada no filme “Acusação” (produção de Oliver
Stone e direção de Mick Jackon), virou realidade em 1994, na JUÍZA TERÁ DE DENIZAR
Escola Base, localizada no bairro da Aclimação, em São Paulo. MODELO POR
ACUSAÇÃO INJUSTA ...
Tudo começou quando “duas mães de alunos dessa escola
Homem quase morre
queixaram-se na delegacia do bairro do Cambuci de que seus
espancado após acusação
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filhos de quatro e cinco anos estavam sendo molestados injusta ...


sexualmente na escola, e talvez, levados numa Kombi para
► abr 09 (4)
orgias num motel, onde seriam fotografados e filmados”. O
delegado “x”, não só acolheu a denúncia como alardeou junto à ► abr 02 (2)
imprensa antecipando uma condenação dos donos da Escola ► abr 01 (1)
Base, que só no final do inquérito, dez anos depois – nova
coincidência com o caso do filme - foram declarados inocentes.

Tanto na ficção como na realidade, os donos destas escolas QUEM SOU EU


sofreram linchamento moral: tiveram que fechar as escolas, os
EU SOU EU.
funcionários perderam os empregos, sofreram grave estresse e
IPATINGA, VALE DO
foram acometidos de doenças como a depressão, fobias, AÇO - MINAS GERAIS,
patologias do coração; também receberam inúmeras ameaças BRAZIL
por telefonemas anônimos, e isolaram-se da comunidade. Eu sou um fiel amigo
e tenho um amigo fiel (veja foto
A mídia que espetacularizou a falsa denúncia e, sem nenhuma
acima). Não sou um injustiçado, mas
prova, lançou manchetes reproduzidas como se fosse uma
tento combater as injustiças.
onda espalhada pelo país, terminou estigmatizando os
acusados de “monstros da escola”, “escola de horrores”, que a VISUALIZAR MEU PERFIL C O MP LETO

“Kombi era motel na escolinha do sexo”, etc. Um comentarista


do extinto programa televisivo Aqui Agora, do SBT, chegou a
pedir a pena de morte aos acusados.

Autoposicionada do lado do “bem” e justiça, a imprensa fechou


olhos para o linchamento dos acusados, e, mesmo depois de
ficar comprovada a inocência dos acusados não veio a público
fazer autocrítica e confessar seu erro.

O mesmo acontece na política: comprovada a inocência, não se


faz autocrítica da injustiça cometida contra inocentes, uns
talvez por vergonha, culpa e medo, outros porque teimam em
sustentar uma ‘moral cínica’. O delegado do caso da Escola
Base, poderia ter sido conscientizado ao ver o filme
“Acusação”; poderia ter se informado sobre os fenômenos
psíquicos das “falsas lembranças” produzidas por crianças em
conflito, da “histeria coletiva”, do “transe grupal”, ou poderia
tomar outra atitude mais racional – mais razoável – que o
pudesse levá-lo ao discernimento sobre a denúncia mentirosa
sobre os responsáveis pela Escola, mas preferiu tomar como
única “prova” o depoimento vago e fantasioso das crianças e
das mães.“Ciente da fragilidade das provas que tinha em
mãos, [o delegado] agiu com culpa, nas modalidades de
imprudência e imperícia”, disse o juiz Paulo Ribeiro na
sentença (JB, 11/12/2004).

Falta de prudência e imperícia é comum acontecer em situações


de delação ou de denúncia. A massa ou turba manobrada pela
notícia espetacularizada geralmente responde com impulsos
irracionais e gritos de “pega ladrão”, “joga pedra na Geni”,
“mata”, “esfola”, etc. Nos momento de “onda histérica e
coletiva”, de “transe grupal”, há que ter alguns céticos de
plantão para sustentar um mínimo de dúvida, serenidade,
razoabilidade e disposição para demonstrar a verdade. Todo
investigador – policial, político de CPI ou cientista – exercem o
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seu ofício dignamente quando o fazem com razoabilidade,


prudência e serenidade.

Conforme alerta Chauí “Na presente circunstância brasileira, a


impressão geral deixada pela mídia é da mescla de espetáculo e
terror, tornando mais difícil do que já era manifestar idéias e
opiniões nela e por meio dela” e, por isso mesmo, induz as
pessoas a construírem opiniões levianas em vez de não permitir
uma atitude de reflexão e análise serena diante do grave
momento (Carta Aberta aos Alunos, Folha de S. Paulo). Todos
têm lá suas opiniões (doxa) certas ou erradas, disto ou daquilo,
mas poucos se esforçam ou tem o compromisso de buscar
o conhecimento (episteme). Raros são os que hoje em dia
seguem uma ética da sabedoria.

G. Debord, N. Chomsky, I. Ramonet, o nosso A. Dines, são


alguns críticos dessa mídia que se aproveita da liberdade
democrática para servir a interesses ocultos, geralmente
manipulando as informações e o conhecimento, visando
produzir apenas indivíduos dotados de opiniões, não de
conhecimento, nem de sabedoria.

Voltando. Embora os acusados da Escola Base, recentemente,


ganhassem os processos junto à justiça (inclusive contra o
Estado), as indenizações obtidas por danos psicológicos,
morais e materiais não conseguirão reverter o que eles
perderam de saúde, de dignidade, de imagem pessoal e
profissional limpa perante a sociedade. Não conseguirão
reaproximar casais, pais e filhos e amigos, todos afastados pela
contaminação do veneno da delação e da acusação vazia. (Obs.:
com exceção do jornal Diário Popular, fizeram parte da onda
acusatória contra os proprietários e funcionários da Escola
Base a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, SBT, TV Globo,
Veja, TV Record, Rádio e TV Bandeirantes e IstoÉ. Para
pesquisa: acesse na Internet o Google e digite – entre aspas –
“escola base”).

O caso da Escola Base passou a ser referência obrigatória de


análise e discussão nos cursos sobre Ética do Jornalismo e
de Direito, especialmente quanto tratam dos temas “calúnia”,
“difamação”,”injúria”, “danos morais”, etc. Seminários e
congressos discutem esse caso alertando para a necessária
prudência, serenidade e responsabilidade dos profissionais
envolvidos em ondas de denúncia e delação. Também a
chamada “histeria coletiva”, “transe coletivo”, e as “falsas
lembranças” são assuntos pouco estudados nos cursos de
Psicologia, Psicopatologia, Psiquiatria, Estudos Sociais, etc.
Vale a pena consultar o livro de Alex Ribeiro “O
Caso Escola Base - Os Abusos da Imprensa”, publicado pela
Editora Ática, em 1995.

Efeitos psíquicos e sociais da delação

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O efeito da delação pode ser devastador a nível psicológico,


social, moral, político. A vítima da delação, principalmente se
for inocente, poderá nunca mais se livrar do sofrimento, da
mágoa, às vezes precisará conviver com fobia e pânico e jamais
confiará totalmente nas pessoas. A delação tem o poder de
sabotar sólidos vínculos de companheirismo e amizades. “A
delação produz uma crença clandestina que sapa a confiança
das pessoas”, diz o professor de ética da Unicamp, Roberto
Romano. No campo político, geralmente a vítima se condena ao
auto-isolamento e, dependendo da rigidez superegóica, alguns
comentem suicídio como meio ilusório de resgatar a honra. Na
Europa e na Ásia, cuja formação moral parece ser mais rigorosa
do que nos países latino-americanos, são freqüentes as notícias
de suicídios de políticos acusados de corrupção. Em algumas
culturas, o suicídio é ainda tido como a única forma de resgate
da dignidade perdida na dimensão social. No Japão, as escolas
tradicionais incentivam a delação como meio disciplinador dos
alunos e professores, além dela ser um importante instrumento
de manutenção da rígida hierarquia escolar.

Nesse sistema fechado de regras, qualquer um é “autorizado”


para ser delator em nome da tradição moralista, dos valores
“certos”, etc. Ser delator é se sentir incluído entre os
“dominantes”, mas certamente será odiado entre os
“dominados”.

É preciso também considerar que a delação desencadeia


um efeito duplo sobre o delator: por um lado, trata-se de um ato
que certamente abala a confiança das pessoas tomadas como
alvo e por outro, este mesmo ato pode retornar ao próprio
delator, causando-lhe danos psicológicos (culpa, remorso) ou
sociais (isolamento, rejeição). Não é sem sentido que, na Bíblia,
Judas, arrependido de sua traição para com Jesus, se enforca.
E, Silvério dos Reis passou para a nossa história como um
infame.

Sobrevivido ao ato infame, o delatado jamais esquece o


delator. Aqueles que se identificaram com a vítima, também.
Nas entrevistas que realizamos por ocasião da pesquisa para
doutorado, os entrevistados revelaram que “fulana de tal” ficou
marcada pelo meio acadêmico como delatora de um colega aos
órgãos de repressão do regime militar pós-64. Seu brilhante
currículo como professora, diretora e coordenadora de um
projeto inovador de ensino de um importante estado da
Federação, não pode evitar em seu currículo a nódoa da
delação.

A nódoa imprimida pelo dedo-duro gera medo, precaução e


desconfiança por todos, inclusive pelo poder que o acolheu. É
verdade que a vítima fica marcada, mas o delator também, por
ter fraquejado ou gratuitamente entregado o outro. Haverá
sempre a desconfiança de que se ele usou de gesto tão infame
uma vez, provavelmente, usará outras.

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Alguma coisa está funcionando mal no sistema político quando


a nação elege – ou aplaude – delatores e traidores como heróis
da pátria e arautos da moralidade. Nessas horas, é preciso,
sobretudo, desconfiar dos discursos moralistas de última hora
da direita e da extrema-direita. A direita sempre foi moralista no
discurso, cafajeste no jogo político e suja na vida privada de
seus membros. A esquerda sempre se pautou pela ética,
igualdade, justiça, solidariedade, etc., mas nem sempre logrou
êxito no seu intento.

É preciso desconfiar das alianças esquizofrênicas dos


“princípios” da extrema direita e da extrema esquerda que se
unem – tal como representa a faixa de Moebius – visando
sabotar os pontos fracos da democracia e tirar proveito da sua
crise para enganar o povo com slogans, moralismos e pose de
pai autoritário ameaçando o Presidente com uma “surra”. Veja
como eles são ridículos quando fazem pose pra galera!

Contra a cultura da delação

Não estamos defendendo a corrupção, nem o caixa 2, nem a


ladroagem, mas sim, a atitude prudente e serena nas horas de
crise. Em momentos de crise política, a serenidade é melhor do
que se deixar levar pelo descontrole das paixões (a política é
uma delas), dizia N. Bobbio. Há que se apurar os fatos para em
seguida punir os responsáveis, mas não devemos reforçar a
“moral cínica” que pretende fundar uma cultura de denúncia ou
uma cultura de delação, incentivada pela mídia, premiada pelo
aparelho judiciário, e silenciada pelos intelectuais burgueses
que se pensam “a favor do proletariado”. (Parafraseando
Saramago, os próprios proletários não se vêem como tal; esse
termo nada significa para eles, assim como o termo “utopia”).

Pensando numa escola voltada para a sabedoria – e não apenas


voltada para preparar os alunos para o Vestibular, ou dando-
lhes conhecimento teórico ou um mínimo de técnica para servir
ao mercado – teríamos alunos e cidadãos mais céticos, isto é,
melhor preparados para resistir e questionar aquelas aulas
cheias de opiniões, slogans, palavras de ordem, pregações,
enfim, um discurso que, no fundo, serve apenas para formar
cidadãos que trocam uma fé por outra. Aulas abstratas,
supostamente críticas, podem ter resultados piores do que
aulas supostamente alienadas, porque podem ter o poder
despertar no aluno apenas ódio em vez da atitude prudente de
pesquisador.

Uma universidade sustentada na verdadeira atitude crítica


deveria estar ancorada na dúvida metódica, que, além de ser
uma atitude necessária para se fazer ciência deveria também
fornecer um estilo de ser plural, porque é preciso
primeiramente compreender antes de discutir e debater muito
antes de condenar.

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Bibliografia consultada

ASSIS, M. Conto de Escola. São Paulo: Ática, 1970.

BARBOSA, L. O jeitinho brasileiro... Rio: Campus, 1992.

BOBBIO, N. Elogio da serenidade e outros escritos morais. São Paulo:

UNESP, 2002).

CASTORIADIS, C. “Os destinos do totalitarismo”. In: As encruzilhadas

do labirinto. v. 2. Rio: Paz e Terra, 1987, pp.207-224.

CONY. C. H. “Delações premiadas”. Folha de S. Paulo, 18/08/2005.

CUNHA, D. R. R. “Sobre Arapongas, Informantes, dedo-duros,

etc.” http://www.inf.ufsc.br/barata Emailderneval@bigfoot.com Índi

ce barata24.html

DOLTO, F. Como orientar seu filho. Ed.F. Alves,1988.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1977.

________. A verdade e as formas jurídicas. Rio: Cad. da PUC-Rio,

Depto. Letras e Artes, 01/1978.

JORNAL do Brasil, 11/12/ 2004.

LA BOÉTIE, E. Discurso da servidão voluntária. São Paulo: Brasiliense,

1982.

REALIDADE [rev.] “Quem é o dedo duro?”. São Paulo: Abril, julho/

68, nº 28, pp. 88 a 99 [texto de João Antônio].

REBOUL, O. O slogan. São Paulo. Cultrix, 1983[?].

REICH, W. Psicologia de massa do fascismo. Porto: 1974.

RIBEIRO, A. O Caso Escola Base - Os Abusos da Imprensa. São Paulo:

Editora Ática, 1995.

ROMANO, R. Delação e boatos, sinais de barbárie [artigo disponível


na Internet].

SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios. A ciência vista

como vela no escuro. São Paulo: C. Letras, 1996.

SILVEIRA, A. Grandes julgamentos da história. S. Paulo: Cultrix,

1969.

VIGNOLES, P. A perversidade. Campinas: 1991.

Entenda o caso da Escola Base


Publicada em 13/11/2006 às 12h11m

O Globo Online

SÃO PAULO - Em março de 1994, vários órgãos da imprensa publicaram uma série reportagens sobre

seis pessoas que estariam envolvidas no abuso sexual de crianças, todas alunas da Escola Base,

localizada no bairro da Aclimação, na capital. Os seis acusados eram os donos da escola Ichshiro

Shimada e Maria Aparecida Shimada; os funcionários deles, Maurício e Paula Monteiro de Alvarenga;

além de um casal de pais, Saulo da Costa Nunes e Mara Cristina França.

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De acordo com as denúncias apresentadas pelos pais, Maurício Alvarenga, que trabalhava como

perueiro da escola, levava as crianças, no período de aula, para a casa de Nunes e Mara, onde os

abusos eram cometidos e filmados. O delegado Edelcio Lemos, sem verificar a veracidade das

denúncias e com base em laudos preliminares, divulgou as informações à imprensa.

A divulgação do caso levou à depredação e saque da escola. Os donos da escola chegaram a ser

presos. No entanto, o inquérito policial foi arquivado por falta de provas. Não havia qualquer indício

de que a denúncia tivesse fundamento.

Com o arquivamento do inquérito, os donos e funcionários da escola acusados de abusos deram

início à batalha jurídica por indenizações. Além da empresa 'Folha da Manhã', outros órgãos de

imprensa também foram condenados, além do governo do estado de São Paulo. Outros processos de

indenização ainda devem ser julgados.

A última aula da Escola Base

Cobrança de indenização milionária


pode forçar a imprensa
a pagar por seus erros num
assassinato social

Os sinos dobraram de novo pela Escola Base. Na


primeira quinzena de dezembro, o caso voltou ao
noticiário quando o juiz Paulo Aliende Ribeiro, da 5ª Vara
da Fazenda Pública, condenou o governo do Estado de São
Paulo a pagar uma indenização de cem salários mínimos a
dois donos da escola, Icushiro Shimada e sua mulher
Maria Aparecida, e um colaborador, Maurício de
Alvarenga. A indenização cobre apenas os danos morais,
devendo ser feita uma perícia para avaliar os prejuízos
materiais das vítimas. O advogado Kalil Abdalla disse que
vai recorrer e insistir em cobrar do Estado uma
indenização de R$ 2,8 milhões para cada um.

Essa é a parte do Estado. Como fica o erro da imprensa?


“Eu acho que a imprensa tem a sua parcela de culpa”,
disse Shimada no programa Opinião Nacional da TV
Cultura de São Paulo em 12/12. No entanto, seu advogado
não quer briga com os meios de comunicação. Mas a
advogada Maria Elisa Munhol, que representa o casal
Saulo e Mara Nunes, outros denunciados no episódio, já
está processando as TVs Globo e SBT e os jornais Folha de
S.Paulo, Folha da Tarde e Notícias Populares. Ela quer que
esses meios de comunicação paguem R$ 3,2 milhões a
cada um dos seus clientes (JB, 11/12).

Não há notícia, no Brasil, de uma indenização tão alta por


danos morais ou materiais. Os juízes preferem arbitrar
valores simbólicos que demarcam mas não desestimulam
a repetição do erro. “Nos Estados Unidos custa caro
indenizar por falsa acusação”, tripudiou a revista Veja ao
noticiar (18/12) a indenização paga em acordo
extrajudicial pela rede de televisão NBC ao guarda de

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segurança Richard Jewell, acusado por muitos jornais,


rádios e Tvs americanos de ter armado a bomba que
explodiu no estádio do Centenário durante a Olimpíada de
Atlanta. Jewell foi citado como suspeito pelo FBI e a mídia
o tratou como culpado — algumas vezes em longas
reportagens onde nem a expressão “segundo fontes do
FBI” foi usada como aval da calúnia (O New York Times
omitiu de Jewell). O ex-guarda de segurança ameaça
processar cada um deles, a menos que, como se antecipou
a NBC, façam acordos de indenização. A quantia não foi
revelada, mas, como no Brasil quem não sabe inventa,
Veja inventou: “... é coisa pra lá de milhão.”

No país da impunidade, o caso Escola Base é um dos mais


eloqüentes da crônica policial desde que Pedro Álvares
Cabral largou aqui criminosos degredados de Portugal.
Em 28 de março de 1994, duas mães de alunos, Lúcia Eiko
Tanoi e Cléa Parente, queixaram-se na delegacia do bairro
do Cambuci de que seus filhos de quatro e cinco anos
estavam sendo molestados sexualmente na escola e talvez
levados numa Kombi para orgias num motel, onde seriam
fotografados e filmados. O delegado Edélcio Lemos e a
maior parte da mídia encamparam a denúncia como fato
provado, mas ao final do inquérito os acusados foram
declarados inocentes. Eles sofreram um assassinato
social: perderam os empregos, a paz e isolaram-se da
comunidade.

Registre-se que a denúncia


das mães era notícia de
primeira página
O pecado original foi da polícia, mas é cristalino que a
mídia espetacularizou a denúncia e a seguir assumiu as
acusações como verdade provada e fechou os olhos para o
linchamento dos acusados. Registre-se que a denúncia das
mães era notícia de primeira página. Qualquer pai com
filho na escola, em qualquer escola, possivelmente sentiu
um frio na espinha ao saber da suspeita de pornografia
com crianças. Mas era só notícia, não linchamento.

Já nos primeiros dias da cobertura deveria ter sido aceso o


sinal amarelo diante do desequilíbrio do delegado Edélcio
Lemos. Ele assegurava, com convicção de vidente, a culpa
dos acusados. Não parecia um investigador, mas uma
testemunha ocular. Sua única “prova”, além do
depoimento tatibitate das crianças, devidamente pajeadas
pelas mães, era um telex do Instituto Médico Legal
sugerindo violação sexual de um menino. Mais tarde, o
laudo do IML foi dúbio e incapaz de se contrapor à
evidência de que o garoto sofria de assaduras crônicas.
“Ciente da fragilidade das provas que tinha em mãos, agiu
[o delegado] com culpa, nas modalidades de imprudência
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e imperícia”, disse o juiz Paulo Ribeiro na sentença (JB,


11/12).

Prudência e perícia se afastaram também do noticiário.


“Perua escolar carregava crianças para orgia”, estampou a
Folha da Tarde. Notícias Populares, um pasquim indigno
da liberdade de imprensa, afirmava: “Kombi era motel na
escolinha do sexo”. A orgia das invencionices alterava os
hormônios da imprensa de elite. “Escola de horrores”,
sentenciou a revista Veja. A cobertura escrachada não
preservou ninguém, nem mesmo as crianças,
reconhecíveis pela identificação dos pais e atazanadas em
noticiários da TV. Em pleno jornal do meio-dia, emissoras
pediam a um menino de quatro anos que contasse
detalhes escabrosos do suposto molestamento sexual. “A
tia passou a mão em você?”, sugeria a repórter da Globo à
criança inocente que brincava com o microfone. A TV
Cultura educava seus telespectadores com um jornalismo
espúrio, conforme o diálogo do repórter com um
garotinho, reproduzido pelo jornalista Alex Ribeiro no
livro Caso Escola Base - Os abusos da imprensa:

“— Esta mulher, ela deitava em cima de você?

—Deitava. —O que ela fazia, o que ela queria?

Diante da relutância do garoto, o jornalista sugeriu a


resposta: — Te beijar a boca? O garoto respondeu com um
aceno de cabeça...”

Os erros da polícia e da mídia na Escola Base nada tiveram


de originais. Apenas reiteraram a versão reforçada de
uma sucessão de disparates profissionais, truculência,
prepotência, desrespeito aos direitos humanos a que estão
acostumados a polícia e a imprensa. E tome autocrítica:
nunca a imprensa se penitenciou tanto de um erro, mas o
fez genericamente.

Se um erro grave foi


cometido numa reportagem,
deve ser feita uma
reportagem grave sobre o
erro. Ninguém fez isso
A autocrítica no jornalismo só é aceitável com jornalismo:
cabe ao meio de comunicação reconhecer que errou
(mentiu? inventou?) ao noticiar determinada fantasia ou
barbaridade. Se um erro grave foi cometido numa
reportagem, deve ser feita uma reportagem grave sobre o
erro. Ninguém fez isso. A autocrítica genérica, ao debitar a
trapalhada na costa larga “da imprensa”, serve para que
tudo continue como sempre foi: erra-se e pede-se desculpa
para ter direito a outro erro. A principal causa da tragédia

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foi o barbarismo policial e a conivência da mídia com esse


barbarismo. Uma é o espelho canibal da outra. A polícia
não investiga, condena e divulga. A imprensa divulga,
condena e não investiga. Ao final, as vítimas se amontoam
na próprio infortúnio, a polícia nunca é responsabilizada e
a imprensa se defende com a alegação invariável que
apenas publicou o que lhe disseram. Desde o número 1
deste boletim, lançado em março de 1995, a autocrítica da
mídia no Caso Escola Base tem sido tratada como lágrimas
de crocodilo: “O que a imprensa aprendeu com o caso da
Escola Base — aquele em que, escudada num delegado
afoito, crucificou, achincalhou inocentes e depois fez uma
fugaz autocrítica ? Aparentemente, nada. O efeito Escola
Base é nulo, por que é o método de trabalho das redações
que forja esses casos, e de pouco adianta a má consciência
posterior dos jornalistas. Como não mudaram os métodos,
os escândalos com a reputação alheia continuam. Uma
autocrítica profícua produziria mudanças na aceitação —
às vezes, provocação — das levianas deduções da polícia. A
imprensa joga fichas viciadas na roleta das investigações
policiais, e ganha notícias que um questionamento
mínimo deixaria inéditas. A imprensa não duvida da
suposta eficiência com que, uma hora depois do crime,
delegados saciam repórteres com teorias de Sherlock
Holmes. Qualquer barbaridade é publicada com o habeas
corpus ‘ Segundo a polícia...’ ”. A autocrítica foi tão inócua
que dentro do Caso Escola Base a imprensa logo se
esqueceu do erro e forjou outro — e desta vez dispensou a
ajuda da polícia e mentiu sozinha. O delegado Lemos já
estava afastado e em seu lugar assumira Jorge Carrasco
quando, em abril, foi preso o americano Richard Pedicini,
sob a suspeita de ceder o casarão em que morava, no
bairro da Aclimação, para as “orgias” com as crianças.
Levadas para reconhecer camas redondas e espelhos no
teto, as crianças não reconheceram nada. Os policiais
concordaram em que não houvera a identificação do local
e despistaram os repórteres. No dia seguinte, abastecidos
em off-de-record pelo advogado das mães, Artur
Proppmair, alguns jornais detonaram os torpedos
habituais: “Alunos da Escola Base reconhecem a casa do
americano”, disse o Estadão; “Criança liga americano a
abuso de escola”, disse a Folha. Note-se que em plena
temporada de autocrítica a recidiva foi tão grave quanto a
epidemia original. “No dia seguinte, até os delegados
estavam indignados com aquela história”, escreveu o
jornalista Alex Ribeiro.

Boletim 12, Novembro-Dezembro de 1996 © Instituto


Gutenberg

"Monstros" da Escola Base


Elaborado em 03.2000.

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28/01/2019 INJUSTIÇADOS

Marcos Antonio Cardoso de Souza


advogado em Teresina (PI), pós-graduado em Direito
Empresarial pela Universidade Federal de
Pernambuco

Propõe-se, no presente artigo, mais do que uma


simples análise do "caso Escola Base", uma reflexão
sobre as implicações e ensinamentos, que devem ser
assimilados por parte da imprensa nacional, em face
do incidente em tela. O transcorrer dos fatos
relacionados às investigações sobre as denúncias de
abusos sexuais cometidos contra crianças da referida
escola revela o incontestável poder da mídia e a
enorme responsabilidade da mesma sobre os dados
noticiados.

Há de se fazer, a princípio, ressalvas à condução


do inquérito policial. Não se pode presumir a autoria
de um crime, ou a sua prática. Faz-se estritamente
necessário apresentar os indícios e as provas, os quais
conduzem às conclusões sobre o caso. O inquérito
policial tem absoluto caráter de investigação, não de
condenação. A Constituição Federal, diploma máximo
do ordenamento jurídico, preceitua que "ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença condenatória" (art. 5º, LVII). Assim,
somente com a manifestação do Judiciário, da qual
não caiba mais qualquer recurso, o indivíduo poderá
ser considerado como autor de um crime. Os direitos
dos indiciados sofreram nítidas lesões.

Quanto às acusações que recaíram sobre os


proprietários da Escola Base, não se demonstrava
prudente propagar, muito menos a nível nacional,
afirmações dos pais de alunos; as quais, no momento,
não apresentavam qualquer respaldo probatório. Até
mesmo porque, no processo criminal, quando
subsistem dúvidas acerca da titularidade do delito, ou

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sobre a prática da conduta típica, torna-se imperativa


a absolvição do réu.

Com o término do inquérito policial do "caso


Escola Base", evidenciou-se a insuficiência de
instrumentos a comprovar as alegações quanto à
prática de crime sexual. Assim, o porteiro da
instituição de ensino, Maurício Alvarenga e os
proprietários da mesma, Icushiro Shimada e
Aparecida Shimara, através de advogado em comum,
acionaram o delegado responsável pelo caso e o
Estado de São Paulo. Defendeu-se tese de que o
delegado era responsável pelo massacre imposto ao
seus clientes (Revista Imprensa, nº 145, pg. 30). Como
resultado do processo, Edélcio Lemos, a autoridade
policial, foi condenado ao pagamento de indenizações
para os autores da demanda. Em razão de o Estado de
São Paulo possuir o dever de zelar pela prestação dos
serviços públicos (responsabilidade objetiva dos entes
estatais), condenado-se também, o mesmo, ao
pagamento de R$100.000,00 para cada um dos acima
citados, como forma de ressarcir os danos morais e
materiais verificados.

Cumpre frisar que nem todos os meios de


comunicação veicularam as denúncias sobre as
supostas moléstias aos impúberes da escola. Isto
revela que alguns setores da imprensa já adquiriram
consciência de sua influência na sociedade e as
conseqüências do poder do qual se reveste a mídia.
Não se pretende afirmar com essas assertivas que os
veículos divulgadores do caso em questão são
irresponsáveis, ou desprovidos de qualquer ética
profissional. Incontestável, porém, o equívoco
cometido pelos mesmos, fato este que deve servir
como alerta, no sentido de se proceder com maior
cautela, no momento de se selecionar, não só as
notícias a serem divulgadas, como também a
abordagem a ser conferida uma questão controversa.
As prerrogativas constitucionais e legais, consagradas
aos particulares, são de observância imperativa.

Intenta-se focalizar o presente texto no


comportamento da mídia. Diante de uma situação não
comprovada, promoveu a execração pública das

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pessoas envolvidas. O efeito imediato da publicação


da matéria em análise consistiu no saque e
depredação do prédio da escola. Dificilmente, alguém
que acompanhasse a cobertura da imprensa restaria
imune ao desejo de adotar alguma medida contrária
aos pretensos culpados. A sociedade, com base nas
informações difundidas na imprensa, julgou-os antes
da devida apreciação do caso pelo Judiciário.

As seqüelas emocionais nos acusados, com


certeza, são insanáveis. Constata-se serem os mesmos
as verdadeiras vítimas de toda esta celeuma
propagada nos veículos de comunicação de todo o
País. A Lei Máxima assegura que "são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra, a imagem das
pessoas, assegurado o direito de indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação".
Utilizando-se desta garantia legal, a advogada do casal
Saulo da Costa Nunes e Mara Cristina França,
suspeitos de participação nas orgias e abusos sexuais
envolvendo crianças, propôs ação em razão da
conduta da Rede Globo de Televisão e da Folha da
Manhã, quanto ao caso.

Dessa forma, encontra-se na esfera dos órgãos


jurisprudenciais a exposição difamatória imposta aos
acusados, a fim de que os verdadeiros culpados
respondam, nos termos da legislação da legislação
pátria vigente, pelos danos causados aos "Monstros da
Escola Base".

Definida indenização para os donos da


Escola Base
Extraído de: Expresso da Notícia - 19 de Novembro de 2002

Duzentos e cinqüenta mil reais. Essa é a quantia que a Segunda Turma do


Superior Tribunal de Justiça (STJ) fixou para cada um dos proprietários da
Escola de Educação Infantil Base, depredada pela população e fechada após a
divulgação pela imprensa da falsa acusação de que crianças lá matriculadas
eram alvo de abusos sexuais. A decisão foi por maioria. A Turma derrubou,
ainda, a limitação em R$ 10 mil determinada pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJ/SP) como valor que a Fazenda estadual possa ser ressarcida do que
for pago a Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada e Maurício Monteiro de
Alvarenga.

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O julgamento estava interrompido pelo pedido de vista do ministro Franciulli


Netto, após a relatora, ministra Eliana Calmon, votar condenando o delegado
Edélcio Lemos a ressarcir os cofres públicos daquilo que for pago de
indenização aos proprietários da Escola. Para ela, não foi a veiculação do
assunto pela imprensa e sim a conduta "irresponsável" do delegado, mediante
"acusações levianas", que levou os proprietários a serem repudiados e quase
linchados pela população, perdendo não só a honra, mas o estabelecimento de
ensino. Nesse ponto, a decisão do STJ foi unânime.
A ação de indenização se deu porque em 29 de março de 1994 o delegado que
conduzia as investigações deu entrevista à Rede Globo de Televisão afirmando
"com todas as letras" que houvera violência sexual contra os estudantes
da Escola. Para Eliana Calmon, a segurança transmitida pelo delegado, ao
narrar com suas próprias palavras o que apurava, deu à imprensa o respaldo
necessário à divulgação. Somente no dia seguinte os demais jornais divulgaram
o fato, baseados nas palavras do delegado, que afirmou estar provada a
materialidade do crime de violência sexual, faltando apurar apenas a autoria,
muito embora tivesse dito que pediria a prisão preventiva dos autores, nos
termos da prova documental.
Na primeira instância do Judiciário paulista, a indenização por danos morais
fixada foi de 100 salários mínimos para cada um dos ofendidos. Na apelação, o
Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) condenou a Fazenda de São Paulo a
indenizar os donos e diretores da Escola Base em R$ 100 mil por dano moral
para cada um dos autores, com juros e correção monetária, desde o início do
processo, e determinou que o valor a ser pago por danos materiais seja
calculado na fase da execução da sentença, mediante perícia, que incluirá
lucros cessantes e os prejuízos com a destruição da escola, que funcionava em
prédio alugado. O TJ decidiu, também, que o delegado Edélcio Lemos, que
presidiu o inquérito policial, pague indenização limitada por danos morais e
materiais a R$ 10 mil, com juros e correção monetária.
Tanto a Fazenda de São Paulo como os proprietários da escola recorreram ao
STJ discutindo o valor da indenização. Ao recurso da Fazenda estadual, a
Segunda Turma do STJ deu parcial provimento, afastando o limite de R$ 10 mil
para que o delegado devolva aos cofres públicos o que for pago de indenização.
Quanto à alegação de Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada e Maurício
Monteiro de Alvarenga de que "o valor determinado como dano moral foi
simbólico" e defendendo a necessidade de reformar a decisão do TJ, tendo em
vista que a questão teve grande repercussão, nacional e internacional, e que
"resultou em verdadeiro linchamento moral, que por pouco não se transformou
em verdadeiro e real", a Turma ficou dividida. Eliana Calmon manteve a decisão
do TJ, mesmo entendendo que o que eles sofreram é irrecuperável. Franciulli
Netto, contudo, concluiu que "a quantia proposta (de R$ 100 mil) não é idônea a
trazer qualquer alegria aos autores capaz de fazê-los superar o evento
lastimável, que não apenas abalou, mas destruiu sua reputação e seu equilíbrio
emocional".

Em seu voto-vista, Franciulli Netto descreveu as conseqüências a cada um dos


acusados injustamente de abuso sexual a crianças e destacou que não há
ninguém neste país que, contemporâneo aos fatos, não se lembre do verdadeiro
linchamento moral e abusos a que foram submetidos os autores, que tiveram

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suaescola fechada, depredada, e jamais poderão exercer atividade semelhante.


"É certo que o dano moral não pode significar um enriquecimento do credor.
Menos não é verdade, contudo, que, como registrou o próprio Tribunal de
origem, não deve a indenização por danos morais ser meramente simbólica,
mas efetiva e proporcional à condição da vítima, do autor do dano e da
gravidade do caso", afirmou, propondo o valor de R$ 250 mil.
O fato de, eventualmente, o servidor que causou o dano -o delegado Edélcio
Lemos -não ter condições de arcar com o valor integral da indenização pouco
importa para a solução da polêmica, acredita o ministro, pois em casos em que
se faz presente a responsabilidade do Estado, a indenização deverá ser
calculada combase na sua capacidade e não na do agente público causador do
dano.
Os ministros Laurita Vaz e Paulo Medina acompanharam o entendimento de
Franciulli Netto. Apenas Peçanha Martins seguiu o voto da ministra Eliana
Calmon. Assim, por três votos a dois, a Fazenda de São Paulo terá que indenizar
cada um dos proprietários da Escola Base em R$ 250 mil, ao invés dos R$ 100
mil determinados pelo tribunal paulista.

POSTADO POR EU SOU EU. ÀS 22:10

3 COMENTÁRIOS:

Anônimo 11 de julho de 2011 21:31


Estou desesperado e não sei o que fazer, resolvi denunciar,
peço a ajuda de voces, contra um absurdo cometido pelo
comandante Elígio, comandante da Marinha em guaíra. Eu e
mais 70 pessoas de Maringa pagamos para fazer prova para
tirar carteira de Arrais amador em Maringa, todos nós
pagamos a Marinha pela prova, confirmamos a data e o local
da prova, seria no 4ºBPM em maringa no dia 1º de julho de
2011 ás 19:00hs, acontece que sem avisar a ninguem o
comandante Elígio resolveu não aplicar a prova, um total
desrespeito da marinha com as pessoas, que fizeram tudo
certinho, pagamos a taxa e não tivemos prova e nem
explicação, fui ao Batalhão para ter explicações e fui mal
recebido pelo tal comandante elígio, que disse que não haveria
prova e ponto final e que era ele que manda e ponto final.
realmente não houve prova e nem uma explicação. fiquei
muito triste e achei isso um abuso de poder. Sem ter o que
fazer, tentei falar ao telefone com ele diversas vezes ligando
para a marinha e ele nunca estava, buscando uma solução para
o problema de 71 Brasileiros, fui até guaíra para falar com o tal
comandante, a resposta foi que ele não estava, já são duas
semanas e ele nunca esta la no quartel. Não sei o que fazer
preciso muito da carteira.
Tudo isso é verdade podem confirmar ligando pra marinha em
Guaíra Tel 44 3642-1166 ou para empresa Center-Naútica em
Maringa.
São 71 Cidadãos injustiçados por um ato de abuso de Poder,
total desconsideração com as pessoas.Por favor me ajudem.
Responder

Anônimo 27 de julho de 2011 00:01


Realmente o fato é verdade. aconteceu também comigo.
Fiz minha inscrição para prova de arrais-amador que seria no
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dia 1º de julho de 2011 no 4ºBPM em Maringá, atraves da


empresa center nautica. entreguei todos os documentos, gastei
com autenticações, paguei caro por um atestado médico
exclusivo para a prova, poís outro eles não aceitam, paguei o
curso aonde estava incluso o valor cobrado pela marinha pela
prova R$40,00, enfim gastei bastante para uma pessoa
simples, liguei para a marinha para saber se os documentos
estavam tudo certo, foi confirmada a prova para o dia 1º como
estava previsto.
Cumpri todas as exigências da marinha e simplesmente não
pude fazer a prova.
Fui pesquisar pra saber o motivo, ninguem sabia me explicar
direito, tudo que recebi em troca foi um jogo de empurra entre
a marinha e a empresa. descobri que houve um problema entre
o comandante da marinha de nome Eligio e a empresa center
nautica.
resolvi entender tudo e fui pesquisar os fatos e afirmo, o
comandante da marinha realmente cometeu abuso de poder.
houve um problema dele com a empresa, nós que pagamos,
não temos nada com isso, a marinha tinha a obrigação moral
de aplicar a prova, eles cancelaram a prova em cima da hora.
O jornal o diário de maringá, edição de domingo publicou
matéria falando a respeito e vou aproveitar para comentar.
1-Na matéria de domingo o comandante falou que não aplicou
a prova, porque a empresa não havia reservado o local, isso
não é verdade pois a empresa havia reservado o 4ºBPM como a
própria matéria informou.
2-Ele falou que "a minha equipe chegou para aplicar a prova e
não havia local, teve que retornar", outra grande mentira,
como foi falado anteriormente o local já estava certo seria o
4ºBPM e os militares já estavam lá, aplicando um curso para
polícia.
3-No texto do jornal ele fala "quero que essa pessoa entenda
que não foi culpa nossa e pedimos desculpas pelos
transtornos". Essa pessoa não, foram 71 pessoas!!!
prejudicadas por um ato dele, é claro que foi culpa dele, volto a
falar o problema dele com a empresa nós não temos nada a
ver.
4-"Comentou que todos os inscritos nesse curso já foram
reprogramados para outras datas". Novamente mentira estou
tentando fazer a prova e não sei de data nenhuma, mandaram
eu aguardar contato, até hoje 27/07/2011, não foi feito contato
nenhum comigo e nem com amigos meus que também
estavam inscritos para prova do dia 1º.
5-"Mesmo assim se alguem tiver muita necessidade, basta
agendar e vir aqui em Guaíra, onde o curso é ministrado
periodicamente". Além de tudo que ele fez, outra mentira,
telefonei para me informar e descobri que a prova em guaíra só
é aplicada uma vez por mês, e se eu quiser fazer vou ter que
perder um dia de trabalho, além de rodar 560km de distância.
É um absurdo que decepção com a Marinha, instituição que
até o ocorrido era considerada tão seria e querida por nós.
6-"O comando do 4ºBPM explicou que apenas cedeu o espaço
para aplicação da prova". Então está provado que tinha lugar
para prova.
Com a empresa já fui lá e acertei tudo, mais com a marinha
não consegui nada.
Peço ajuda para resolver tudo isso.
Responder

Anônimo 20 de maio de 2012 19:03


Passo por uma terrível injustiça. Chamei atenção de uma
garota de 11 anos em uma festa em minha casa, filha de um
casal desconhecido que veio acompanhada por amigos da
nossa família, a garota estava com uma roupa muito curta e
ficava a todo o momento com as pernas abertas deixando
amostras sua calcinha, pois eu estava diante de meu neto e
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28/01/2019 INJUSTIÇADOS

meu filho adolescente, isso não deixa de ser constrangedor,


disse a ela que aquilo não era legal que era melhor ela ir ficar
em companhia de sua mãe, que ela já era mocinha e bonita que
deveria se comportar como tal. Inacreditável, ela disse a sua
mãe que eu passei a mao em suas partes intima. Crianças com
mentes diabólicas , pior ela não diz a verdade de forma
alguma, em depoimentos percebi que toda sua família são
mentirosos, disseram em depoimentos coisas absurdas tipo ela
ficou tão traumatizada que nunca mais usou saia . Salvei um
monte de fotos de vestidos e mini saia.
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