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I T I I f 13 1 L
CHATO ----= N. 18 ----- : ANO 107-5 = = CEARA
D I R E T O R I A DO
I I H I T i f f l E l i TB M l 10 0A1I1I
E L E IT A P A R A O A N O S O C IA L E N T R E
O U T U B R O D E 1 973 A O U T U B R O D E 1 9 7 ^
ACEJI Homenageou
J. de Figueiredo Filho
Cora uma solenidade realizada a
02 de Março do corrente ano,
em sua séde, á Av. D. Manoel,
423, Fortaleza, a Associação
Cearense de Jornalistas do
Interior-ACEJI, homenageou a J.
de Figueiredo Filho, apondo o
seu nome numa de suas salas.
Outras figura» foram
homenageadas na oportunidade,
inclusive nosso saudoso consócio
Celso Gomes de Matos. O
saudoso Presidente da nossa
instituição foi dos fundadores da
ACEJI e nela gozava de grande
prestigio. Representando o ICC
esteve presente á solenidade o
Secretário Geral, J . Lindemberg
de Aquino, que é visto na foto
com os Drs. José Gusmão
Bastos e Raimundo Ximenes,
ex-Presidente e atual Presidente,
respectivamente, da ACEJI, e o
universitário Rônald Figueiredo
Albuquerque, sobrinho do
homenageado, que representou
sua família, na ocasião
Instituto Cultura! do Cariri
perde o seu Presidente: Faleceu
J. ALVES DE FIGUEIREDO FILHO
CRATO — C EA R Á
CO M UN ICAÇÃO DE FA LEC IM EN TO
ao Presidente do
Mensagem da Presidência da
documentário fotográfico
MORTE DE FIGUEIREDO FILHO
CONSTERNOU TODO O CARIRI
Texto : HUBERTO CABRAL
TÍTULOS CIENTÍFICOS
Curso Primário : escolas de D. Antoninha Teixeira Mendes, Helena
Brígido dos Santos, primário do Colégio Diocesano do Crato. Curso Se
cundário : Colégio Diocesano do Crato, fase do Seminário do Crato, Liceu
do Ceará; Curso Superior: Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará
(formatura 25 de dezembro de 1925) — Fortaleza, sendo o orador da
turma; Titular de História do Cariri e História do Ceará,, na Faculdade de
Filosofia do Crato, (professor fundador); Foi professor dé Química e Histó
ria Natural no Colégio Diocesano do Crato, no Ginásio e Escola Normal
Santa Teresa de Jesus, em Crato, na Associação dos Empregados no Co
mércio do Crato; Foi Inspetor Regional Escolar e Foi. Vice-Diretor da Fa
culdade de Filosofia do Crato, 1966- 1970.
FUNÇÕES EXERCIDAS:
Presidente e Sócio-fundador do Instituto Cultural do C ariri; Pro
fessor da Faculdade de Filosofia do Crato; Vice-Presidente do Instituto de
Ensino Superior do C ariri; Membro do Conselho Cearense da Campanha
de Defesa do Folclore; Membro da Diretoria da Associação dos Professores
de História; Diretor da Revista "Itaytera" órgão oficial do Instituto Cultu
ral do Carri-Crato e Patrono da "Presença de Folclore" do Rio de Janeiro.
TRABALHOS PUBLICADOS:
RENOVAÇÃO — romance regional, com prefácio de Gustavo Bar
roso, Editora Odeon - S. Paulo, 1937; CIDADE DO CRATO — Ministério
de Educação e Cultura - Rio; HISTÓ RIA DO CARIRI — (5 volumes), Fa
culdade de Filosofia do Crato; MEU MUNDO É UMA FA RM ÁC IA — Edi
tora Ip ê-São Paulo; ENGENHO DE RAPADURA DO CARIRI — Serviço
de Informação Agrícola (N .° 13) — Ministério da Agricultura - Rio; O
FOLCLORE NO CARIRI — Imprensa Universitária do Ceará; FOLGUEDOS
IN FA N TIS CARIRIEN SES — Imprensa Universitária do Ceará; P A TA T IV A
DO ASSARÉ — Imprensa Universitária do Ceará; NO ASFALTO E NA
PIÇA RRA — em colaboração com a esposa Zuleika Pequeno de Figueire
do, — Tipografia e Papelaria do Cariri - Crato.
COLABORAÇÃO NA IMPRENSA:
Jornais e Revistas que colaborou : Todos os jornais de Crato, For
taleza e Recife; Diário Carioca e Jornal do Comércio, Gazeta de Farmácia,
Rio; Diário de Piracicaba; Revista Sul América - Rio; Revista de História,
de São Paulo; Revista Brasileira de Medicina, Rio; Brasil Açucareiro; Luar
do Norte - Recife; Revista Pecuária Leiteira - Recife; Revista do Laborató
rio de Biologia; Revista Aspectos, de Fortaleza; Revista Plenitude; Revista
do Instituto do Ceará; Revista do Instituto de Arqueologia e História, de
Pernambuco; Revista de Geografia, do Rio; Revista Vida Doméstica, do Rio;
Revista Primo - Editorial de Cadernos Brasileiros, do Rio; Revista Itaytera,
Crato; Revista Valor, Fortaleza; Revista o Ceará - Martins Filho e Raimun
do Girão e Colaborou nas Revistas Cearenses: IC - REVISTA , EXPOSIÇÃO,
PRO VÍN CIA, H Y H Y TÊ, da Faculdade de Filosofia do Crato.
PERDA IRREPARÁVEL
Roubou-nos a morte, nos seus novos rumos ao conhecimento de
mistérios e desígnios insondáveis, a nossa formação intelectual, cívica,
maior figura humana do Crato dos moral e política.
últimos tempos. E na Cátedra, exercitou o bom
Deixou de viver e já foi recebido combate, nesse contato diário e pro
de volta ao seio da terra generosa veitoso com a juventude, na qual
que ele tanto amou e pela qual vi inoculou os sentimentos mais sadios
veu, tao devotadamente, o escritor de brasil idade, de civismo, de amor
é jornalista J. de Figueiredo Filho. telúrico à terra comum de todos
A irreparável perda que o Crato nós.
acaba de sofrer abala toda a sua Sua vida foi, portanto, um hino
estrutura e abre um claro difícil de constante de amor, desvelo e devo-
ser preenchido, por muitos e muitos tamento ao Crato que era a razão
anos. de ser de sua existência e o carinho
Não é em toda geração que sur maior do seu coração incendiado de
ge um homem do porte de José de amor patriótico.
Figueiredo Filho. No Instituto Cultural do C ariri,
Figuras luminares como a do cra- que fundou e manteve, como per
tense que se foi, Deus presenteia manente tocha,, acesa ao fogo dos
muito raramente uma comunidade. seus ideais, marcou uma época re
Lutador intemerato, sua pena almente esplendorosa de pujantes e
esteve 55 anos a serviço da terra, saudáveis realizações.
na causa da terra, em defesa da Na Faculdade de Filosofia, que
terra, projetando-a, elevando-a, dig animou com a força vigorosa do sêu
nificando-a, exaltando-a, na mais espírito, exaltou a terra e serviu à
pura, na mais honesta, na mais sin cultura.
cera, na mais produtiva folha de Na Academia Cearense de Letras,
serviços que um homem pode em aonde chegou, depois de muito re
prestar a sua térra. lutar, em vista de sua imensa mo
Lutador incansável, fez da pena déstia, codificou na imortalidade a-
a sua arma, dos livros e jornais, a cademica um nome que a posterida
sua trincheira, do campo jornalísti de já aprendeu a amar.
co e do cenário da cultura, o mag E assim se foi J. de Figueiredo
nífico palco onde exercitou, cotidia Filho.
namente, o bom combate, na glo Foi, deixando atrás de si a lumi
rificação de sua terra e na elevação nosidade marcante de uma intensa
de sua gente. e extensa produção literária, jorna
Projetou o Crato aos píncaro$ da lística, científica — nos jornais, nos
glória, nas conferências, nos con livros, nas conferências, no brilho
gressos, nos simpósios, nas acade dos simpósios e congressos, ha m ar
mias científicas e literárias, no cante personalidade que se revela
descortínio do alto mundo intelec até nos bilhetes íntimos aos amigos
tual do Estado e fora dêle, sempre mais caros, no entusiasmo avassa-
com a preocupação única de servir lador por um Crato melhor.
e, engrandecer o Crato. E assim se foi J. de Figueiredo
Fez da pesquisa histórica a lumi Filho, construindo uma obra impere-
nosa trajetória em que se abriram cível que dignifica o seu nome e lhe
.17
* Causou-nos imensa consternação a morte do jornalista, escritor e his
toriador J. de Figueiredo Filho, Presidente do instituto Cultural do Cariri
e ex-Diretor e cronista do Jornal " A A Ç Ã O " e Rádio Educadora do C ariri,
ocorrida no dia 29 último, em nossa Cidade.
NOTA DE PESAR
N O TA
ITAYTERA CLUBE
NOTA OFICIAL
NOTA OFICIAL
DECRETO N .° 11
D E C R E T A
NOTA OFCIAL
NOTA O FICIAL
NOTA DE PESAR
NOTA DE PESAR
NOTA DE PESAR
N O TA DE FA LEC IM EN TO
NOTA O FICIAL
NOTA DE PESAR
O C ÍR C U LO DOS T R A B A LH A D O R E S C RISTÃ O S DO C R A TO e a
U N IÃ O DOS T R A B A LH A D O R E S DO C A R IR I profundamente consternados
pela dolorosa notícia do falecimento do emérito jornalista Cratense Dr.
José de Figueiredo Filho, amigo dos pabres e de todos os Cratenses/ sem
pre pronto a batalhar pela grandeza da sua terra e do seu povo, transmite
a todos os seus fam iliares os mais sentidos pezames pela Sua perda irre
parável e convidam a todos os seus associados a se fazerem presentes ao
seu enterro, como prova de gratidão por tudo que ele fez em prol dos
integrantes destas entidades.
Crato, 30 de Agosto de 1973
SER V IÇ O S O C IA L D A IN D Ú S TR IA
A
C O N G REG AÇÃO DAS F IL H A S DE S A N T A T E R E S A DE JESU S
e o
CO LÉG IO S A N T A T E R E S A DE JESU S
RÁDIO ARARIPE S. A.
NOTA: -
NOTA OFICIAL
NOTA DE PESAR
SOBRE A MORTE DE
J. DE FIGUEIREDO FILHO
F IG U E IR E D O FILH O
O PESQUISADOR DO C Â R IR Í
— "Não sou filho de gronde publicou: "Engenhos de rapadura no
centro citadino, nem tão pouco fui C a riri", "Folclore do C a riri" e, f i
transplantado, com raizes e tudo, nalmente, em 1956, "Folguedos In
para a orla do oceano. Nasci e fantis do C ariri".
cresci ouvindo a canção nostálgica Iniciando-se pela ficção e esco
dos tangedores de bois, montados lhendo o gênero do romance de cos
nas almanjarras dos engenhos de tumes, J. de Figueiredo Filho já
rapadura, diverti-me com o matra- deixava bastante claro a sua natu
quear dos cacetes no "maneiro- ral inclinação pela análise das coi
pau", e puxei alfinim junto à ba sas das gentes simples — um ca
gaceira. Só não fiz beber cachaça, minho que somente poderia desenrr
ao pé dos alambiques caririenses, bocor no estudo do folclore, como
com aquele aljofre fechado, tão ao real mente aconteceu.
gosto dos cabras e de certa gente J. de Figueiredo Filho faleceu na
mais graúda de minha terra. To cidade de Crato, no dia 29 de
mei banho nas nascentes e no Poço agosto. Nascido em 1904, desapa
da Escada, de Crato. Sou impreg receu depois de haver completado,
nado das coisas do C ariri". no último dia 14, 69 anos de ida
Este depoimento, este canto de de. A comunidade toda pranteou
amor à terra-berço, é o início do o filho ilustre. A municipalidade
discurso que o escritor J. de Figuei decretou luto oficial por três dias.
redo Filho pronunciou, em sessão — Toda a obra de Figueiredo
solene da Academia Cearense de Filho" — como assinalaria, com
Letras, quando tomou posse na ca muita propriedade o também aca
deira 34, em substituição a Dolor dêmico Antônio Martins Filho —
Barreira — o inolvidável autor de "reflete o C ariri, suas aspirações e
"H ISTÓ R IA DA L IT ER A T U R A C EA sofrimentos, seus dramas e suas gló
RENSE". rias, angústias e alegrias, seus amo
Autor de uma obra literária já res, suas cantigas, seu folclore, seus
bem alentada. J. de Figueiredo mitos, seus santos, seus heróis; sua
Filho iniciou-se no mundo das le história, seu povo".
tras com a publicação de "Renova Pesquisador solitário, comprome
ção", um romance que versava so tido com. o meio e copr a cidade
bre o drama seeularmente repetido que tanto amou, procedeu uma in
das grandes estiagens, fundamenta tensa investigação de suas origens,
do nos problemas sociais e_humanos do seu passado e de sua vocação,
que afligem o homem nordestino. realizando uma obra autêntica e de
Em 1948 veio à lume "Meu profundo sentido humano e social.
Mundo é uma Farm ácia", livro con Formado pela antiga Faculdade
siderado como a sua melhor cria de Farmácia, além de escritor e jor
ção, principalmente pelo que repre nalista de nomeada, professor uni
senta como depoimento e como do versitário e presidente do Instituto
cumentário de uma época, de uma Cultural do C ariri, era colaborador
cidade, dos seus usos, costumes e efetivo do nosso jornal.
tradições.
Seguidamente, J. de Figueire’do "Gazeta de Notícias" - 2 .9 .7 3
28
FA LE C E U ONTEM NO CRATO
J. D E F I G U E I R E D O F I L H O
As mais diferentes forças vivas nicipal do Crato, com as emissoras
da sociedade crafense foram abala de rádio suspendendo a sua progra
das às primeiras horas da tarde de mação normal para tocar sòmente
ontem com o falecimento de J. de músicas fúnebres. O seu enterro
Figueiredo Filho, 69 anos de idade, deve ser, ainda hoje, com grande
uma das mais ilustres figuras do acompanhamento da maioria dos
mundo sócio-econôrhico do Crato, habitantes do Crato, onde_J. de Fi
em especial nos meios culturais, de gueiredo Filho gozava da mais pro
onde começou a galgar com brilhan funda estima de quantos conheciam
tismo os postos mais invejáveis da os seus trabalhos e o seu compor
vida literária do Estado. tamento como defensor intransigente
J. de Figueiredo Filho — que dei dos interesses de sua terra natal.
xou Zuleica Pequeno de Figueiredo "Tribuna do C eará" — 30-8-73
viuva com os filhos Cauby Pequeno
de Figueiredo e Eneida de Figueire
do Araripe — casados, respectiva
mente, com M aria Regina Costa CAMPOS SALES
Carvalho e Jósio de Alencar A ra
ripe além de pertencer a Academia O desaparecimento do Acadêm i
Cearense de Letras, ocupando a ca co Professor Dr. J. de Figueiredo
deira 34, era presidente do Instituto Filho, fundador e Presidente do Ins
Cultural do C ariri, professor da Fa tituto Cultural do C ariri membro da
culdade de Filosofia do Crato, vice Academia Cearense de Letras, da
presidente do Instituto de Ensino Associação Cearense de Imprensa e
Superior do C ariri, membro do Con da Associação Cearense de Jorna
selho Cearense de Campanha de listas do Interior, autor de vários
Defesa do Folclore, membro da di livros, sendo um estudioso das coi
retoria da Associação dos Professo sas e fatos do C ariri ocorrido em
res de História, diretor da revista Crato - Ce., no final do mês tran
Itaytera, órgão oficial do Instituto sato, repercutiu em nossa cidade,
do C a riri/ patrono da Presença do tendo sido muito lamentado pelo
Folclore do Rio. nosso povo, especialmente por quan
J. de Figueiredo Filho que divul tos tiveram o prazer de conhecê-lo
gou várias obras da mais alta sig pessoalmente.
nificação cultural — entre os quais Admirador de Campos Sales, aqui
"M eu Mundo é uma Farm ácia", esteve, em maio de 1962, chefiando
"H istória do C a riri" — colaborou uma caravanq do I. C. C ., quando
durante muitos anos na Tmprensa aquele sodalício cratense, por ini
local, chegando a escrever o seu ciativa sua, reverenciou a memória
último artigo no dia X2 do corren de Barbara de Alencar, colocando
te que Tribuna do Cécfrá publicará, uma lousa no local onde a Heroína
sábado próximo, em sua página li de 1817 se acha sepultada.
terária. No Ginásio de Campos Sales, o
A sociedade cratense ficou aba intelectual cratense proferiu discurso
lada, motivando, em imediato, Tufo sobre aquela que ele considerava
oficial, decretado pelo Prefeito M u "um dos vultos femininos mais im-
29
MORREU O ESCRITOR
J . DE F IG U E IR E D O FILH O
Causou o mais profundo pesar na dente na Guanabara, casado com a
cidade do Crato o falecimento, às Sra. M aria Regina Costa Carvalho
13h45min de ontem, do escritor J. Figueiredo.
de Figueiredo Filho, que há cinco J. de Figueiredo Filho èra mem
dias estava internado na Casa de bro de Academia Cearense de Le
Saúde São Raimundo, naquele mu tras desde 11 de março de 1968.
nicípio, com problemas de duodeno Ocupava a cadeira N. 34, que va
e de insuficiência renal. O conhe gou em decorrência do falecimento
cido e laureado escritor e articulista de Dolor Barreira. Pertencia, tam
será sepultado no cemitério do C ra bém, ao Instituto Cultural do Ca-
to, sua cidade berço, hoje, às 16 riri, e a inúmeras instituições artís
horas. ticas e literáras do Crato, de For
Uma emissora de Fortaleza, que taleza e de outros Estados.
penetra bem em todo o C ariri( di Farmacêutico antigo, Figueiredo
vulgou, às 12 horas, o passamento começou a escrever desde moço.
de J. de Figueiredo Filho, quando Entretanto, somente em 1941, sob
ele ainda vivia. Muita gente che os auspícios da Livraria Odeon, de
gou ao hospital na suposição de São Paulo, publicou seu primeiro
que o escritor já era cadáver, en livro, o romance "Renovação", ba
quanto que ele resistiu por mais seando-se em sua experiência de
duas horas em balão de oxigênio. ficcionista. Anos depois, era edita
do "Meu Mundo é uma Farm ácia",
ESCRITO R E PROFESSOR livro no qual narrou suas aventuras
e desventuras no exercício de sua
José Alves de Figueiredo Filho atividade profissional.
nasceu em 1904. Havia completa Figueiredo Filho conta com mais
do 69 anos de idade no último dia de uma dezena de livros publica
14, sendo pouco depois levado ao dos e centenas de crônicas, comen
hospital, onde foram vãos os recur tários e artigos publicados, não só
sos da medicina para salvá-lo. Do na sua revista "Itaytera" e no jor
consórcio com a Sra. Zuleica Pe nal " A Ação", do Crato, mas em
queno de Figueiredo, deixa os se todos os periódicos de Fortaleza,
guintes filhos: Eneida de Figueiredo inclusive O POVO, enfocando sem
Araripe, casada com o advogado pre assuntos relacionados com as
Jósio de Alencar Araripe, residente atividades econômicas e culturais da
no Crqto, e Caubi Pequeno de Fi região do Cariri.
gueiredo, engenheiro químico, resi- Como professor a sua atuação
vem de longe, tendo lecionado na
pressionantes que já medraram em Faculdade de Filosofia do Crato, no
terras nordestinas". Associamo-nos Colégio Diocesano e Colégio Santa
ao sentimento de pesar do povo Teresa.
cratense, pela perda de tão ilustre Figura querida e respeitadíssima,
personalidade, honra e glória das Figueiredo Filho foi uma legenda
letras cearenses. de trabalho, dedicação às letras e
JOSÉ ITA M A R M ORAIS amor à terra.
Correio do Ceará 8 .9 .7 3 . "O P O V O " — 30 - 08 - 73
30
Maranguape celebra Missa
pela alma de I. de Figueiredo Filho
Maranguape — (Pedro Gomes de Era professor da Faculdade de
Matos) — Terça-feira última, foi Filosofia do Crato, e exerceu por
celebrada na Igreja de Maranguape, largos anos a profissão de farma
missa pela alma do escritor cea ceutico, atividade que fixou no li
rense J. de Figueiredo Filho. vro "M eu Mundo é uma Farm ácia".
0 extinto era membro da Acade A missa em intenção de Figuei
mia Cearense de Letras e fundador redo Filho foi oficadq. por Mons.
da revista Itaytera. Deixa 10 vo Mauro Herbster e tevê regular as
lumes publicados dentre os quais sistência.
"Engenhos de Rapadura do C ariri". "O POVO", 2 5 .9 .7 3 .
N O T I C I Á R I O DA A C E J I
$ O Instituto Cultural do C ariri, Iho, a uma sala da Casa do Corres
através seu Secretário Geral, acei- pondente. A aposição do nome dar-
jiano J. Lindemberg de Aquino, co se-á por ocasião do término da re
municando o falecimento do seu forma e nova pintura dã Casa do
Presidente, jornalista e escritor J. de Correspondente. A uma outra saía
Alves de Figueiredo Filho, ocorrido será dada o nome do ex secretário
a 29 de agosto último, em Crato. da A C E JI, Dr. Valdemar da Silva
Em consequência a Diretoria da Pinho, também falecido.
A C E JI resolveu, por unanimidade, @ J. Lindemberg de Aquino do
dar o nome de J. de Figueiredo Fi- ando aos arquivos da A C E JI o Li-
31
Desaparecimento de Figueiredo Filho
Eníuta o Ceará
Nem só o Crato e o Cariri estão amor e devotamento, se imolou à
de luto. própria terra, dando tudo que o seu
O Ceará e o Nordeste também. amor luminoso espírito possuia, a
Cessou de viver aquele que era inteligência e o fascínio de sua per
a luminosidade da inteligência, o sonalidade exuberante e vivaz, a
vulto de escol de nossa literatura, o serviço da boa causa.
cantor de nossas causas, intérprete Com J. de Figueiredo Filho mor
fiel de nossa região, defensor acér- re o homem. Mas fica a ideia,
rimo de nossa zona. fruto abençoado de sua liderança
Cessou de viver J. de Figueiredo literária, a obra imorredoura que
Filho. ele soube construir nos seus escri
Cessou de viver o combatente do tos.
bom combate, após 55 anos de lu A homenagem de profundo pesar
tas contínuas, em que só soube en desta página semanal, dedicada ao
grandecer, só soube dignificar, só C ariri, Cariri que ele tanto amou e
soube projetar o Cariri e o Ceará, tanto enalteceu.
na literatura brasileira.
Cessou de viver aquele que, por "A Q U I, C A R IR I" - O Povo 1.9.73
J. DE FIGUEIREDO FILHO
DEPLORA O FALECIMENTO DE
J. DE FIGUEIREDO FILHO
R I B E I R O R A M O S
0 PODER DE ADAPTAÇÃO DO
Dr. JOSÉ DE FIGUEIREDO FILHO
( HOMENAGEM NO NONAGÉSIMO DIA DE SEU TRESPASSE )
FIGUEIREDO FILHO
O Cariri ainda não se refez do Em toda a sua obra de escritor,
pesar com o desaparecimento de há destes rasgos de generosidade
Figueiredo Filho. Ô desaparecimen para com o próximo e sobretudo
to físico/ esclareça-se. Porque o para o próximo mais próximo dele
espiritual, este não aconteceu, nem — o Cariri que tanto amava.
acontecerá. Figueiredo Filho, inte De minhas visitas ao seu lar,
ligência lúcida, fulgurante, esplen guardo comigo, reverentemente,
dorosa em tantos escritos que o re preciosas recordações. Todas as
velaram um dos polígrafos mais vezes que conversavamos era como
fluentes e mais amantes do C ariri, se eu estivesse em comunhão com
este Figueiredo Filho não desapare todo o C ariri, nele personalizado.
ceu. Não desapareceu tampouco o Aprendi a admirá-lo desde minha
Figueiredo Filho bom esposo, bom juventude, quando lhe lia os traba
pai, bom amigo, coração sempre ge lhos com que se iniciava na carrei
nerosamente aberto para a corres ra das letras, entre os anos de 1920
pondência plena das afeições pro a 1930. Conhecia-lhe, de há mui
fundas. 0 espírito, sobretudo quan to, o talento intelectual e admira
do assim tão dotado de excelências, va-lhe, sobremodo, a particular de
não desaparece nunca. Ao contrá dicação com que sempre se ocupa
rio, de tanto espargir luz em torno, va das coisas do Cariri.
de tanto frutificar ensinamentos e Mas outra coisa era falar com
arrumá-los em copiosa bagagem li ele, sentir-lhe a vibração íntima, o
terária onde e sempre se vê e se calor com que se reportava _a epi
sente, nítido e tocante, o amor à sódios passados da vida caririense,
terra-berço, desafia os tempos, lem à história deste abençoado Vale,
brado sempre que será, respeitado que ele tanto conhecia e tão sobe
que será pelas gerações porvindou- ranamente, amando a terra fértil e
ras. dadivosa, os seus exponenciais hu
Minha amizade com Figueiredo manos, a gente humilde. Jam ais vi
Filho, a mais íntima, mais acon a um homem querer tanto bem à
chegante, datava de pouco tempo. sua terra como ele. E não era só
Sempre quando ia a Crato, e por ao Crato, a sua cidade berço. Tive
último a serviço desta página do vários ensejos de notar-lhe a di
"O POVO", procurava-lhe o lar, mensão cósmica com que abordava
onde ele e Da. Zuleika, sua genti- assuntos jatuais de toda a gleba do
líssima esposa, sempre me recebiam pé da serra do Araripe. Para ele
afetuosamente. Creio haver sido esta terra era um só, una, indivisa,
um de seus últimos trabalhos, por sendo meros acidentes os divisores
sinal pubficado nesta página, aque geográficos. E sonhava grandezas
le em que se refere a um moço de para o vale todo. O Cariri de todos
Assaré, privado da visão, a quem fortalecido por todos. Desapareci
dedica mensagem estimuladora, de das as arestas do tribalismo insipi
confiança no futuro, por se tratar ente, porventura ainda existentes,
de um rapaz que apesar de cego de sabor bairrista. A união coman
revelara-lhe extraordinário amor à dando os interesses num prolonga
vida, habilitações para superar sua mento intenso e extenso de rela
própria deficiência física. ções amigas visualizando sempre o
44
A N T Ô N I O B E Ü R E D O temporâneos, constituíam verdadei
ras orações de sapiência e corriam
a escutá-las todos aqueles que ad
miravam as suas qualidades de
Ponto de V ista mestre. Ouvi-lo, nessas preleções,
era um prazer. Escritor de reno
Penosíssimo dever, a que não me me, Presidente do Instituto Cultu
podia fugir de falar neste doloroso ral do C ariri, Vice-Diretor da Fa
transe em que o Crato se abalou e culdade de Filosofia do Crato,
hoje chora sentindo profundamente Membro da Academia Cearense de
a perda irreparável do grande es Letras, criador e editor da Revista
critor, J. de Figueiredo Filho. Sua "Itaytera" hoje em maior evidência,
disciplina era exemplo para os seus com admiração e aceitação em to
patrícios, amigos e só fazia o bem do o Brasil e até no exterior, e ou
a todos. É a ele que, nesta hora, tros livros.
prestamos mais uma homenagem ao Sua vida era uma labuta conti
seu perfil de grande morto. Entra nua, uma luta sem fim — Era sin
agora no destino a que ninguém po cero, honesto e bom para com to
de fugir. Mas, com a morte não se dos, mas não sabia o que fosse
apaga o luminoso clarão que foi a bajulação, nem era capaz de cur
sua vida, cheia de virtudes cívicas. var a espinha para fazer as mesu-
Pelo contrário, a sua memória sub ras de que muitos são especialistas
sistirá, cultuada e reverenciada por na presença de maiores chefes. . .
todos que conheceram a sua figura. J. de Figueiredo valia tudo pela sua
Era J . de Figueiredo, Escritor, independência e espírito elevado,
Jornalista e foi Professor em diver que o era. Ele foi "um extraordi
sos Colégios e Faculdades do Crato. nário sincero, destes, cuja conduta,
As suas aulas de Hitória e Ciências, para os quais a mentira não ofere
conforme afirm ativas de seus con- ce gosto". O seu prisma não era
o comum, e por isso que a preocu
pação de sua personalidade foi a
bem-estar geral de toda a comuni origem da sua rigidez mas era ce
dade caririense. dida pelo direito e retidão das coi
Sim, desaparece a presença física sas.
de Figueiredo Filho do círculo tão Depareceu J. de Figueiredo, mas
bem ornado de seus fam iliares, am i a morte que tranquiliza e acalm a,
gos, admiradores. Perde o Ceará é a única parceira neste longo jo
um de seus filhos mais ilustres, por go, que o homem tem de ceder ao
haver cessado com ele o orador seu capricho. Enquanto cerravam as
combativo na defesa dos interesses cortinas, do templo, e deu-se a oclu-
desta região, por não mais poder a são das pálpebras do Escritor, o
sua infatigável inteligência conti luto distendeu-se sobre o seu cor
nuar produzindo tanta riqueza lite po inerte o manto da saudade, de
rária. A perda é na verdade irre positando no ataúde a coroa de
parável. Glória em que ele foi eleito de
Mas fica na história cearense, no Deus. Eu com muitas saudades, e
coração do Cariri e de sua gente, reverentemente, através desta Crô
a lembrança imorredoura de um de nica, dou o meu adeus de despedi
seus filhos maiores e que tanto da ao grande morto, a quem mui
soube honrar, com sua cultura e to devia as suas atenções e boa
sua humanidade, a este nosso peda vontade para comigo. E a sua fa
ço de chão querido. m ília, os meus sentidos pêsames.
"O POVO", 8 .9 .7 3 . " A A Ç Ã O ", 2 2 .9 .7 3 .
45
U L Y S S E S V I A N A
J . DE FIG U E IR E D O FILH O
O Crato perdeu seu grande pa grandes Centros do País.
trimônio intelectual. A Revista Itaytera a quem tanto
Homem sério, simples, de moral amara e dedicou sua vida com
inabalável, forte em suas ações, afinco, foi uma pujança em nosso
agigantou-se no seio de sua gente meio ao qual soube elevar bem alto
e galgou com altivez, dentro da por aí afora, o nome não só do
classe intelectual, projetando assím Crato, mas também do Ceará, em
o nome do Crato, ém toda parte do todos setores literários do Brasil.
País. Integro, esforçou-se pelo progres
Agora que sentimos a sua mor so da terra, enfrentou barreiras que
te, não poderiamos deixar delado as pareciam instransponíveis, sobressa-
obras literárias tão bem escritas e iu-se em todas dificuldades com
a coragem, digna de ser imitada, bravura e esperança no futuro. Fez
até mesmo por gente mais despro da caneta a sua arma para condu
vida de quaisquer recursos morais e zir o bem da terra, alertando atra
intelectuais. vés de suas crônicas e de artigos
Juntamente com Dr- Irineu Pi em jornais o verdadeiro caminho
nheiro e outros intelectuais da ter que elevemos seguir para que alcan
ra, fundou o Instituto Cultural do cemos o êxito desejado.
Ca ri ri, órgão máximo da nossa in Professor dedicado, escritor emé
telectualidade. rito, grande jornalista, vontadoso,
Expandiu-sè no caminho da lite orientador incansável da juventude,
ratura, foi mais além, mostrando pois conduzia todos o bom caminho
ao mundo que não éramos despro que era a trilha da perseverança,
vidos de Cultura e também perma da tenacidade e compreensão mú
necemos em pé de igualdade aos tua.
A todos convém lembrar que J.
de Figueiredo, cresceu graças à sua
ligências, gerando, obviamente, o força moral, à coragem de enfren
esfacelamento do esquema publici tar a vida de qualquer maneira, com
tário capaz de afetar o processo de resignação, dando com o pouco de
revitalização da área geográfica esforço, pelo soerguimento cultural
que viveu sob a influência _efetiva no seio da Sociedade Cratense.
do renomado sociológo cearense. Altruístico, bondoso, dava oportu
No instante em que os cratenses nidade a todos aqueles que o pro
choram convulsivamente'a'perda do curavam.
seu benfeitor, quero registrar, aqui, Agora só nos resta agradecer ao
a minha solidariedade dos filhos da Dr. Figueiredo, pelo serviço presta
legendária gleba de 'Bárbara de do a terra comum, torcendo para
Alencar. Adeus, bandeirante singe que surjam outros homens de mes
lo, imortalizado nas suas obras e no ma têmpera, do mesmo quilate e
seus exemplo. Ele continuará pre que venham satisfazer também aos
sente através da sua imperecfve! anseios do povo que tem sede de
memória. progresso.
Recife, 2 9 .8 .1 9 7 3 . Crato, 31 de agosto de 1973.
47
ABELARDO F. MONTENEGRO
FIGUEIREDO FILHO
Encheu-me de profundo pesar o pelo aferro aos livros, a virilidade
falecimento do jornalista e escritor que na adolescência se manifestou
J. de Figueiredo Filho, justificada esplendorosamente.
ufania da cidade do Crato, que lhe Filho de farmacêutico( contentou-
deu o berço e na qual viveu toda se com o diploma obtido , na Facul
a sua vida. dade de Farm ácia. Nisto, aliás,
Antigo aluno do Colégio Diocesa palmilhou a senda de Pasteur, na
no daquela cidade, a cuja sorte me França, e Rodolfo Teófilo, em ter
consagrei por dilatados anos, feito ra cearense. M as, como os dois lu
mestre escola e Diretor interno, se minares referidos, Figueiredo Filho,
gui-lhe a retilínea trajetória, jam ais trazia no sangue a paixão da pes
o perdendo de vista. Era, aquele quisa, invencível pendor para ir até
tempo, um garoto de feições muito as raízes dos conhecimentos adqui
delicadas, dócil até não m ais se de ridos e sempre renovados pela exis
sejar, nada deixando entrever, senão tência a fora.
CRATO - CEARÁ
'O PO VO ", 2 5 .9 .7 3 .
51
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§ B. BEZERRA & □
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□ □
□ Os sitelhores preços da praça g
□
□
□ Material para construção g
□
□
□ Ferrag'ees em geral □
□
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□ □
□ Barbara de Alencar, 850 □
□ □
□ □
□ Crato Ceará □
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POETAS T A M BÉM CHORAM
A MORTE DE
J . DE F I G U E I R E D O FILHO
NA “ TRIBUNA DO CEARÁ”
L I T E R A T U R A
39 A N O S DE B O N S S E R V I Ç O S !
9
— AO COMÉRCIO !
— Á IN DÚSTRIA !
C R A T O C E A R A
OPORTUNO PUBLICARMOS UMA CRÔNICA DO Dr. QUIXADÁ FELICIO,
BRILHANTE MÉDICO E JORNALISTA CEARENSE, TAMBÉM JÁ FALE
CIDO, SOBRE A PERSONALIDADE DE FIGUEIREDO FILHO. OS DOIS
FORAM GRANDES AMIGOS. AMBOS JÁ REPOUSAM NO REGAÇO DO
SENHOR, E A CRÔNICA DO SAUDOSO MÉDICO É TAMBÉM UMA
EXALTAÇÃO AO NOSSO PRESIDENTE.
Cachaça Chupada na P la ce n ta ...
Com certeza Figueiredo Filho parava as velhas capsulas -com pós
chupou os primeiros tragos da ca de Cower ou manipulava as poções
chaça no filtro do cordão umbelical. com extratos fluidos de genciana e
É filho do velho Zuza da Botica — gotinhas de cloroformio. Mas com
José Alves de Figueiredo — taler.to livro ali debaixo dos olhos miopes,
genuino da gleba nordestina, Poeta lendo, estudando, avançando. A
e prosador dos mais brilhantes que farmácia era mais um imperativo
o Crato teve desde que se entende para sobrevivência, porque o que
como matriz da inteligência serta Figueiredo Filho fazia com gosto
neja. era adquirir todas as novidades das
Figueiredo Filho chupou com editoras do sul e da Europa. E es
alento grande a garrafa da melhor crever para os semanários do Crato
cachaça espiritual, porisso desde os diários de Fortaleza, do Recife,
menino de ginásio foi fazendo as do Rio, para a Revista Sul América,
primeiras incursões. Nos jornaisi- que era uma publicação que valia
nhos que eram obrigatórios como os a pena, para as páginas dos melho
grêmios que floresciam nas encan res periódicos de assuntos de farma-
tadoras sessões semanais, com dis copéia que circulavam nas maiores
cursos sobre a Independência e ou capitais do Brasil.
tros mitos, além de torneios em que A í pelo ano de mil novecentos e
vida e obra dos escritores maiores quarenta e poucos, publicou o pri
de Portugal e França eram esfari- meiro livro. Um livro vacilante. De
nhadas, os rapazinhos ainda de pois, "Meu Mundo é uma Farmá
queixos lisos se entregavam a tare cia", ainda sem. expressão definiti
fas que realmente formavam elites va. Até que tomou o rumo certo
jovens. Era a época em que os gran do seu dèstino de pesquisador ho
des rasgos artísticos e literários, nesto do inesgotável manancial do
empolgavam a mocidade ainda sem nosso folclore. Como folclorista,
o ridículo dos iê-iê-iês cretinos, dos tornou-se mestre respeitado pelos
saiotes de macho e femea e das mestres. Ganhou justa fama nacio
calcinhas de veludo que apertam nal, com a publicação de volumes
bunda e côxa de rapázinhos boçais. excelentes sôbre variados aspectos
Ainda estudante de Farmácia, de tão linda paisagem espiritual,
José de Figueiredo Filho começou a sem contar muitas produções espar
aparecer com relêvo na imprensa sas, que as figuras mais salientes do
profana e científica, assinando ar folclore ocidental a toda a hora ci
tigos sobre a evolução do pensa tam com referências encomiásticas.
mento da roça que era, já, um re Desbancando para a velhice, Fi
duto de homens que trabalhavam gueiredo Filho mantem integral jo
as idéias, e temas curiosos para as vialidade mental, esquece umas do
revistas porta-vozes de agremiações res burras de nevrite que devia ter
que congregavam os expoentes do atacado um inimigo das lêtras, v i
nosso progresso químico. ve no Rio ou Rio Grande do Sul,
Diplomado, foi para o fundo da nas Alagoas ou no interior do São
Botica que a velho Zuza tangia com Paulo, no Recife ou aqui em Forta
conceito imenso num canto da rua leza — em algum canto do mun
João Pessoa, esquina da Travessa do — na sêde da pesquisa, na ale
dos Ourives. Mexia as tizanas, pre gria de ampliar intercâmbio, no en-
70
Por nomeação do Presidente em sentado no Livro competente, está
exercício, Pe. Antônio Gomes de assim redigido : “ Tendo em vista o
Araújo, o advogado, empresário e falecimento do Presidente do Insti
jornalista — Dr. Jósio de Alencar tuto Cultural do C ariri, Pofessor Dr.
Araripe, é o novo Presidente do José Alves de Figueiredo Filho, ocor
IN STITUTO C U LTU R A L DO CARI- rido a 2 9 .0 8 .1 9 7 3 , e em obser
Rl, em substituição ao Dr. J. de vância ao que determinam os Esta
Figueiredo Filho, que presidiu a en tutos Sociais da entidade, Capítulo
tidade até falecer, em 29 de Agos V II, Das Eleições e Sustituições —
to último. Artigo 43, Letra B, o Presidente em
Os Estatutos da entidade dizem exercício, Padre Antonio Gomes de
que, faltando até 4 meses para a Araújo, na forma legal, nomeia
nova eleição, e ocorrendo a vacân Presidente do ICC até que se veri
cia da Presidência por falecimento, fiquem as eleições na forma regu
renúncia ou mudança de domicílio, lamentar, o Dr. Jósio de Alencar
o Presidente em exercício pode bai Araripe, dando-lhe posse efetiva no
xar ato, nomeando o novo Presiden posto, para os devidos fins. Fica
te e foi o que ocorreu. feito este assento para referendar o
cumprimento desta medida legal.
O ATO Crato, 13 de Setembro de 1973,
assinado, Padre Antonio Gomes de
O ato do Pe. Antonio Gomes, as-
Araújo.
QUEM É
tusiasmo de projetar as joias do
O novo Presidente do Instituto
nosso folclore, parece um menino
de anos na inquietude bela. Cultural do Cariri é filho do Dr.
Agora, a Academia de Letras, Antonio de Alencar Araripe e Sra.
numa reunião de 31 imortais, ele Jornalista, advogado, ex-Promotor,
geu Figueiredo Filho, por trinta vo atualmente exerce o cargo de Vice-
tos, para preencher a poltrona que Presidente da Câmara Municipal do
a morte do nosso Dolor Barreiro Crato e Presidente do Crato Tênis
deixou vazia. Dolor foi feliz na vi Clube. É empresário e conhecido
da e é feliz na morte. Porque não orador. Pertence aos quadros do
podia ser mais bonita a substituição Rotary Club do Crato e é casado
que o destino marcou para a sua
com D. Eneida de Figueiredo A ra
imortalidade literária. Figueiredo
Filho agora imortal. Quem está de ripe, filha do Presidente falecido,
parabéns é o Crato. O C ariri, o significando dizer que não haverá
Ceará. A Academia abriu as por quebra de continuidade na linha de
tas a um intelectual sério e de va ação do IN STITU TO C U LTU R A L
lor inconteste. DO C A R IR I.
1s s Escritório de Advocacia: *
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Dr. Aglézio de Brito
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Dr. Antônio Nirson Monteiro W.
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CARTA PÓSTUMA
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□ 6 POSTOS □
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□ Fortaleza □
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□ Milagres □
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□ Juazeiro do Norte □
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□ Crato □
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□ Sempre ao seu dispor! □
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SOBRE I. DE FIGUEIREDO FILHO
CONTINUA REPERCUTINDO
O DE S A P A R E C IM E N T O DE
J. DE F I G U E I R E D O FI LH O
O desaparecimento do escritor J. De há muito, leitor assíduo que
de Figueiredo Filho continua reper sou de IT A Y T ER A , me acostumei a
cutindo em todo o Brasil. Trechos admirar a invejável capacidade li
de correspondências recebidas pelo terária e a intensa atividade inte
Secretário Geral do Instituto Cultu lectual desse brilhante homem de
ral do Cariri, Jornalista J. Lindem- letras.
berg de Aquino : Tive uma vez, não faz muito
"Somente hoje tive conhecimento tempo/ a honra de recebê-lo, acom
da morte do meu eminente e pre- panhado de sua exma. esposa, Da.
zadíssimo Amigo Figueiredo Filho. Zuleika Pequeno de Figueiredo, em
Admirava-o profundamente. Ao minha casa, aqui no Rio de Janei
Homem excelente que ele foi e ao ro, para uma agradável troca de
Intelectual que tão altos serviços idéias, visita essa da qual guardo as
prestou, na modéstia do seu modo melhores recordações.
de ser, à cultura do Crato, do Cea Na oportunidade desse triste
rá e do Brasil. evento, peço a V. Sia. que receba
Peço-lhe, Senhor Secretário Geral e tenha a bondade de transmitir os
que transmita à fam ília Alves de meus sentimentos de profundo pe
Figueiredo e ao Instituto Cultural sar, não só aos demais membros do
do C ariri, a que tanto se devotou Instituto Cultural do Cariri, bem
o ilustre morto, as minhas mais sen como à exma. viuva daquele con
tidas condolências e o meu profun sagrado escritor, de tão sagrada
do pesar. Muito cordial e atencio- memória. Marechal Waldetrude do
samente, Prof. Hélio Simões. Amarante Brandão).
(Catedrático, Diretor do Gabinete ©
Português de Leitura e do Centro de "Tomei conhecimento do faleci
Estudos Português, da Universidade mento do escritor J. Alves de Fi
Federal da Bahia), gueiredo Filho, ocorrido a 29 de
® Agosto, conforme notificação emiti
"Recebi, profundamente conster da pelo Instituto Cultural do Cariri.
nado, a infausta notícia do faleci Conheci o notável intelectual e
mento do eminente professor, escri historiador J. Alves de Figueiredo
tor e acadêmico, José Alves de Fi Filho, por ocasião de uma breve
gueiredo Filho, Presidente do Insti estada no Crato, estando a minis
tuto Cultural do Cariri. trar curso na Faculdade de Filoso
78
fia locai. O ilustre desaparecido Estou mandando hoje para Piracica
recebeu-me, então, com fidalguia e ba artigo meu sobre mestre Figuei
grande deferência, tendo ao final redo. Quando tiver em mãos os
de nossa entrevista dedicado várias exemplares, remeter-lhe-ei. Cora
de suas obras à biblioteca desta Fa gem e luta ! Disponha sempre. Um
culdade e ao signatário, autogra grande abraço do Francisco Vas
fando-as. concelos" (Folclorista carioca).
Assim, peço a V . Sia. o especial <£
obséquio de apresentar à fam ília "Recebi há dias o cartão pelo
enlutada e ao Instituto Cultural do qual você, em nome do Instituto
Cariri a manifestação do meu pro Cultural do C ariri, me comunica o
fundo pesar pela irremediável perda falecimento de J. Alves de Figuei
do escritor Figueiredo Filho". Dr. redo Filho. Antes eu já soubera
Ataliba T . de Castilho (Professor da quase na hora, mercê do prodígio
Faculdade de Filosofia, Ciências e inquietante das comunicações mo
Letras de M arília, S. Paulo. dernas, da morte do nosso amigo, e
imaginara quão espesso e rude esta
"Recebi no dia 17, o cartão do ria sendo o luto dos que fazem o
ICC com a notícia do desapareci Instituto, por tão infausto evento.
mento do meu inesquecível amigo J. Não foi para mim surpresa a morte
de Figueiredo Filho. Francamente, de Figueiredo Filho, pois meu que
não sabia que o caso dele era tão rido amigo, general Teles Pinheiro,
grave. No último cartão que me me advertira da gravidade do seu
escreveu, apenas aludira a uma he estado de saúde, mas ao saber, da
patite que o incomodava. Mas, a- notícia meu pensamento se encheu
pesar de tudo, já estava preparan de perplexidade e de irreprimível
do o N .° 18 de IT A Y T E R A . Sem tristeza. É que o ilustrado extinto
pre vi nêle u'a mensagem de oti não era apenas um homem para
mismo. E essa última correspon quem se encerrava a dura agonia
dência, talvez escrita já no leito da de viver, senão muito mais do que
morte, é prova eloquente de que ele isso — era um símbolo, um exem
teve garra de viver até nos últimos plo de abnegação ao trabalho; de
momentos. É essa fibra que temos crença nos valores permanentes da
de manter, daqui para a frente, pa cultura; de confiança nas virtudes
ra que a obra iniciada inesquecível da terra e da gente que lhe foram
Mestre não se perca no meio do ca dadas nos desígnios da contempo-
minho. De minha parte, continua raneidade, e cujo sentido, durante
rei firme, principalmente no que toda a sua vida, se esmerou em in
tange à colaboração para IT A Y T E- vestigar e proclamar.
RA. Para tanto, peço-lhe o espe Amou, assim, com um amor todo
cial obséquio de enviar-me informa de doação, a terra do seu berço, e
ções sobre as atividades do I C C , não apenas o seu Município natal,
assim também sobre os prognósticos mas ainda a toda a Região do C a
para o número 18 de IT A Y T ER A . riri, a qual dignificou com o seu
79
Ex-Ministro João Gonçalves de Sousa
Lamenta Desaparecimento de
J. de Figueiredo Filho
O ex-Ministro do Interior e ex- onde desempenha importantes fun
Superintendente da SUDENE, Dr. ções na Organização do s Estados
João Gonçalves de Sousa, que reside Americanos, escreveu de próprio
em Washington, Estados Unidos, punho a seguinte missiva ao jorna
lista J. Lindemberg de Aquino, Se
cretário Geral do Instituto Cultural
trabalho, as suas pesquisas, com os do Cariri :
seu livros, com a sua constante de Washington, 20 de Novembro de
dicação intelectual. Por tudo isso, 1973.
■meu caro Lindemberg de Àquino, Meu caro Lindemberg :
posso avo liar a extensão da perda As notícias emanadas do Ceará,
que os do Crato, os do C ariri, os do chegam por aqui muito tarde.
Ceará, todos aqueles, enfim, que Uma delas se refere ao faleci
privaram do seu convívio e favores mento do nosso comum amigo, J. de
— estão a sentir, e me associo, Figueiredo Filho. Conheci-o quan
consternado, ao luto que os atinge do ainda fazia o meu Ginásio, aí
nesta hora de saudade. Muito obri no Crato e, desde então, acompa
gado pela comunicação com que nhei-lhe a vida de escritor e de ho
me distinguiu. Braga Montenegro" mem, sempre com admiração e res
(Escritor renomado). peito.
m Ele era, sem dúvida, a figura
"Perdem as nossas letras, na ver número 1, a figura humana mais
dade, um. dos seus mais legítimos representativa do Crato, de todo o
representantes, como romancista, nosso Cariri.
memorialista, folclorista e jornalis Como não conheço a fam ília dele,
ta, através de uma vasta produção pensei em enviar-lhe esta, e, por
literária, transcendendo do regional seu intermédio, e do Pe. Antônio
ao nacional. Seu estilo aprimorado Gomes de Araújo, envio à fam ília
era de uma fluência deliciosa, co de J. de Figueiredo Filho e ao Ins
mo se a imaginação criadora lhe tituto Cultural do Cariri as condo
fosse espontaneamente manando de lências minhas e de minha fam ília.
um filão inesgotável" (Alves de Oli Cordialmente, o conterrâneo João
veira, poeta e romancista). Gonçalves de Sousa".
Material de Construção:
Ferro
Cimento
A z u l ê j os
Matriz em Crato:
Filiais:
CONTABILISTA
Contabilidade em Geral
E S C R I T Ó R I O :
T E L E F O N E : 678
C R A T O — o— C E A R A
0 COMEÇO E O FIM ...
TRANSCREVEMOS, NAS PAGINAS A SEGUIR, CÓPIAS AUTENTICAS
Em testemunho da verdade.
0 3.9 Tabelião
PLÍNIO BEZERRA DE NORÕES
84
CARTÓRIO DO JÚ RI, EXECUÇÕES CRIMINAIS
REGISTRO CIVIL E TÍTULOS E DOCUMENTOS
Escrivã Oficial
MARIA JULIA LIMAVERDE VILAR
Escrevente Compromissada
F R A N C I S C A S I L V A
Ó B I T O
CERTIFICO que no livro N.9 C- 55, de Registro de óbitos à
fls. 148, sob o número de ordem 12.025, arquivado em meu Cartório
consta que no dia vinte e nove (29), do mês de agosto do ano de
mil novecentos e setenta e três (1973), nesta cidade de Crato, Estado
do Ceará, às 13,30 horas na Casa de Saúde Joaquim Bezerra de Farias
faleceu José Alves de Figueiredo Filho. Ca. de cabeça de Pankreas
c / icterícia obstrutiva e insuficiência Renal. De sexo Masculino, de
côr branca, com 69 anos de idade, profissão Professor, estado civil
casado, natural de Crato, Ceará, filiação José Alves de Figueiredo e
Emília Viana de Figueiredo, tendo atestado o óbito o Dr. Raimundo
Coêlho Bezerra de Farias. Sepultou-se no cemitério público de Crato
Ceará.
A todos, o IC C e a família
Figueiredo Filho, representada
por sua esposa D. Zuleika, fi
lhos e netos, agradecem atra
vés desta página.
Organização
A U T O C R A T O
Revendedores Crhysler
TELEFONE: 531
C R A T O — o— C E A R Á
Depósito Nossa Senhora Aparecida
“O G I G A N T E DO G R A T O ”
C R A T O — o— C E A R Á
A Cidade de C R A T O , Ceará, no
C. G. C. 07.173.867/001
FONES: 203-603
CRATO — CEARÁ
“FLORO BARTOLOMEU”
de N E R T A N MACÊDO
J. DE FIGUEIREDO FILHO
C lín ic a
C ir ú r g ic a
P ró te se
FR ad io lo g ia
aura - m ui
INDUSTRIAS E MASSAS ALIMENTÍCIAS GESSI
— I M A G —
Esmerada fabricação
dos mais famosos
biscoitos e macarrões
A venda nas
principais mercearias
e super mercados
CRATO CEARA
0 Folclorista MANOEL AMBRÓSIO
F r a n c is c o o k V a s c o n c ello s
i atam meuBâQAo
liiS lllâ 113 IIM I
hu mm â « u i
MATPIZ:
J u a z e ir o d o N orte
FILIAL:
CRATO
C R A T O C E A R Á
i l . Humberto kflleucar Castelo Branco
( S U B S Í D I O - H O M E N A G E M )
Nasceu aos 20 de setembro de 1900, na te, contraiu núpcias com a nobre dama D.
casa N.9 38 da atual Rua Solon Pinheiro, na Argentina Viana Castelo Branco, filha do Co
cidade de Fortaleza, na qual, após a compe mendador Artur Viana e D. Cherubina Martins
tente restauração, foi colocada uma placa de Viana, havendo do ilustre casal os filhos já
bronze, alusiva ao fato, aos 20 de setembro referidos Paulo e Antonieta.
de 1972, em solenidade com a participação do Foi sucessivamente promovido : a 29 Ten.
Governador do Estado, Cel. R -1 Cesar Cais em 11 de maio de 1921, a 19 Ten. em 31
de Oliveira Filho, do Cmt. da 109 Região Mi de outubro de 1922, a Cap. em 22 de março
litar, Gen. Oscar Jansen Barroso, do Cap. de de 1932, a Maj. por merecimento, em 03 de
Mar e Guerra Paulo Viana Castelo Branco e maio de 1938, a Ten. Cel. por merecimento,
Antonieta Castelo Branco Diniz, filhos do ma em 15 de abril de 1943, a Cel. por mereci
rechal), de outras autoridades civis e militares, mento, em 25 de junho de 1945, a Gen. de
e dos membros do “Grupo de Trabalho” de Brigada em 02 de agosto de 1952, a Gen. de
signado para proceder a trasladação dos res Divisão em 25 de agosto de 1958, a Gen. de
tos mortais do Marechal Humberto de Alencar Exército em 25 de julho de 1962, a Marechal
Castelo Branco e de sua esposa O. Argentina na Reserva de 1? Classe em 14 de abril de
Castelo Branco do Rio para Fortaleza: Dr. 1964, em virtude de ter ascendido à Presidên
Ernando Uchõa Lima, presidente do “ Grupo” cia da República, por eleição indireta do Con
e orador da solenidade, Dr. Raimundo Girão, gresso Nacional, nos termos do Ato Institucio
Gen. Raimundo Teles Pinheiro e Dr. Otávio nal baixado pelo Alto Comando da Revolução,
Pontes, além de populares.. ,E, ainda, às 15:20 de primeiro de abril.
do dia 29 de março de 1973, após oportunos, Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de
enaltecedores e brilhantes discursos do Secre Oficiais, a Escola de Comando e Estado-Maior
tário de Cultura Dr. Ernando Uchõa Lima e do Exército (sendo classificado em primeiro
do Governador Cesar Cais de Oliveira Filho, lugar), a Escola Superior de Guerra da França,
com a presença de autoridades civis e milita a Escola de Comando e Estado-Maior dos Es
res, foi instalado solenemente o Conselho Es tados Unidos, sendo diplomado, também, pela
tadual de Cultura Escola Superior de Guerra do Brasil. Era
Filho do Gen. de Brigada Cândido Borges sócio efetivo do Instituto Brasileiro de História
Castelo Branco, piauiense de Campo Maior, e Militar, Correspondente do Instituto do Ceará,
de D. Antonieta de Alencar Castelo Branco, “Doutor Honoris Causa” da Universidade Fe
fortalezense de Messejana, fez o futuro Mare deral do Ceará e da Faculdade de Filosofia
chal Castelo os seus estudos iniciais no ‘“Ex do Crato, justo prêmio ao mérito da sua cul
ternato São Rafael”, supervisionado pelo Colé tura multiforme.
gio Imaculada Conceição de Fortaleza, e diri Foi instrutor, várias vezes, da Escola Mi
gido pela Irmã Inêz (vivem ainda os seus co litar do Realengo, além de ter exercido, su
legas de classe Professor Mozart Solon e in cessivamente, os cargos de Instrutor, Diretor
dustrial Fernando Pinto), e o curso secundário de Ensino e Comandante da Escola de Co
no Colégio Militar de Porto Alegre, Rio Gran mando e Estado-Maior do Exército (Em ambas
de do Sul. tivemos a ventura de colher os seus preciosos
Matriculou-se na Escola Militar do Rea ensinamentos, em 1932 e, depois, de 1946 a
lengo em 29 de janeiro de 1918, de onde saiu 1948).
Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria aos Com a participação do Brasil na Segunda
18 de janeiro de 1921, indo servir no 12.9 Guerra Mundial, integrou, no posto de Ten.
Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte, Cel., o Primeiro Escalão da FEB, exercendo as
onde, após promovido ao posto de 1.9 Tenen funções de Chefe da Seção de Operações do
123
seu Estado-Maior, e o fez de maneira a mere cruciantes da secular floresta de obstáculos
cer encomiásticas citações dos Comandos do fabulosos, por forma a permitir a paz, a se
V Exército, Generais Critemberg e Mark Clarck, gurança, o desenvolvimento e o bem-estar que,
e do seu eminente Comandante, então Gen. de com a graça de Deus e a sua coragem, para
D;v. João Batista Mascarenhas de Moraes. alguns impopular, hoje desfrutamos num re
Possuia ai seguintes condecorações : Me volto mundo conturbado pela angústia, pela
dalha Militar de 40 anos de bons serviços, violência, o sangue e cataratas de sentidas
Cruz de Combate de Primeira Classe, de Guer lágrimas
ra, de Campanha, de Grande Oficia! das Or Após transferir o Governo ao seu suces
dens do Mérito Militar, Naval e Aeronáutico; sor, Marechal Artur da Costa e Silva, ao 15
Medalha de Guerra dos Estados Unidos da de março de 1967, fez uma viagem a Portugal
América, da Inglaterra e da Argélia; Comenda a 2 4 de maio, atendendo a convite do seu
dor da Legião de Honra da França, São Bento Governo, e a Paris, como convidado do nosso
de Aviz de Portugal, Coroa da Itália e Mérito Embaixador Bilac Pinto. (2)
do Paraguai. E mais: Cruz de Guerra com De regresso, realizou uma viagem para
Palma, Medalha de Reconhecimento, Estrela de matar saudades do seu querido Ceará, dos
Bronze dos Estados Unidos da América, etc. seus amigos e familiares cearenses, que esti
Nos postos sucessivos de General, exerceu mava com eufórica e sadia camaradagem, e
as seguintes principais funções; Comandante manifesta espontânea felicidade (Uma noite,
da 10? Região Militar (quando exercemos a jantando no Palácio das Laranjeiras, no decor
função de chefe do Serviço Militar e da 1? rer de agradável palestra exclusivamente so
Seção do seu Estado-Maior) (1); Sub-Chefe bre Ceará e Cearenses, perguntou-nos: "Onde
das Forças Armadas, Comandante da Escola pretende fixar residência quando deixar o ser
de Comando e Estado-Maior do Exército; Co viço ativo do Exército ?” "Respondemos que,,
mandante da 8? Região Militar e Guarnição provavelmente, em Fortaleza”. E ele arrema
da Amazônia, com sede em Belém, Pará; Di tou rindo: "Quando me libertar da Presidên
retor Geral do Ensino do Exército, no Rio cia, onde não permanecerei um segundo além
(quando, por ele fomos indicado e nomeado do período fixado, não poderei gozar da sua
comandante, sucessivamente, da Escola Prepa felicidade; mas asseguro que estarei, durante
ratória de Cadetes e do atual Colégio Militar muitas vezes por ano, comendo aquelas bôas
de Fortaleza, que tivemos a suprema honra de peixadas do “ late” com os casais amigos(...)
instalar e dirigir, com dedicada resolução e e tomando cafésinho na Praça do Ferreira,
grande carinho, durante dois anos e seis me como fazíamos às tardes das quintas-feiras de
ses); Comandante do IV Exército, com sede 1953/54, no Abrigo Central, com você, o San-
em Recife, e, finalmente, Chefe do Estado- tabaia, o Murilo, o Vilar, o Amarante e todos
Maior do Exército, de onde saiu com o posto aqueles ótimos auxiliares que não esqueço e,
de Marechal da Reserva, a 15 de Abril de por vezes, o Vice Stênio Gomes e o Cacique
1984, para dirigir, como Estadista de escol, do Crato Filemon”) . . .
na Presidência da República Federativa do Na manhã de 15 de julho de 1967, em
Brasil, os seus destinos, no mais critico e companhia do Gen. Raimundo Gomes Alves,
caótico período da sua história Republicana, no “San Pedro Hotel”, palestramos alegremen
e desbravar, com indomável energia e oportu- te algum tempo, e o fizemos novamente du
níssima honestidade e sabedoria, os caminhos rante maior tempo e maior eufórica alegria, na
NOTAS — (1) — O Gen. Castelo transmitiu o comando da 10? Região Militar ao Cel. Arnould
Antunes Maciel em 21 de maio, e embarcou para o Rio, num "Constellation”
da PANAIR, às 10:30 de 23 de maio, tudo de 1954. Foi nomeado seu
substituto, no comando efetivo da Região, o Gen. Bda. Emilio Maurell Filho
(Gen. R. T. P.)
(2) — O Presidente Castelo Branco, de 15 de abril de 1964 a 15 de março de
1967, voou 974,35 horas, 413.117 quilômetros, fez 121 visitas aos Estados,
passou 416 dias em Brasilia, 490 no Rio e 158 nos Estados; concedeu 3.221
audiências e despachos com seus Ministros, 5.368 audiências com autoridades
diversas, diplomatas, dirigentes de empresas, delegações, etc., e 617 reuniões:
Ministerial, Conselho de Segurança Nacional, Alto Comando das Forças Armadas,
Ministros de Estado e Parlamentares ("Castetlo Branco, Revolução e Demo
cracia”, de José Wamberto).
124
manhã de 16, por ocasião de almoço íntimo Exu, origem dos Alencar no Brasil, e que não
na residência do casal Elza - Dr. Otávio Pontes, o pudera fazer, na sua estada, como Cmt., da
com a participação, entre outros, dos casais 10? Região Militar, na3 comemorações do pri
Gen. Oilermando Gomes Monteiro, Gen. Murilo meiro centenário da elevação do Crato à ca
Borges Moreira, Comandantes da Base Aérea e tegoria de cidade, em 16/17 de outubro de
da Escola de Aprendizes Marinheiros, quando 1953; e não o pudera, ainda, quando da sua
foram tomadas as providências necessárias à estada como Presidente da República, nas co
sua viagem de “ trolei-motor” à (azcnda NÃO memorações do bi-centenário da criação da
ME DEIXES, da sua amiga e admiradora Rachel Vila Ral do Crato, em 21 de junho de 1954.
de Queiroz, na manhã da segunda-feira se Depois... a participação, com muita hon
guinte. Ao despedir-se, já no automóvel, por ra, do “Grupo de Trabalho" que elaborou a
volta das 15:00 horas, perguntou-nos onde po programação da trasladação dos seus e das
dería pernoitar, ao que respondemos: "na despojos de sua nobre esposa do Rio para
Casa de Repouso São José, na Serra de Santo Fortaleza, e das cerimônias altamente consa-
Estevão”. E ele rindo: “ Lá, lerei seu ‘‘As gratórias dos dias 17 e 18 de julho de 1972,
pectos Políticos da Guerra do Paraguai” e, de quando, após visitação pública na igreja do
volta, comentarei”. Pequeno Grande, vieram aludidos venerandos
E foi o nosso último diálogo com o gran despojos repousar no grandioso Mausoléu, si
de chefe com quem cooperamos em inúmeras tuado a 150 metros da nossa residência, com
missões e insigne Mestre no Realengo e na as ilustres presenças dos Exmos. Srs. Presi
Praia Vermelha, e constituiu-se modélo indelé dente da República, Governador e demais au
vel para a nossa correta conduta profissional, toridades Estaduais, Ministros, Pa: lamentares,
pública e social. A sua indiscutivel honradez, Marechais, Generais da Ativa e da Reserva,
seus destacados méritos culturais e profissio demais autoridades militares, civis e eclesiás
nais, sua grandeza de coração, sua proverbial ticas, seus companheiros ex-combatentos da
euforia no convívio com os amigos, sempre FEB e povo da sua querida Fortaleza.
foram reconhecidos. Seu grande poder de li Depois... a participação direta das poste
derança, sua estatura como dos maiores Es riores homenagens, nas cerimônias da aposição
tadistas do Brasil, já estão sendo reconhecidos de placas comemoratiyas, a 19 e 20 de setem
e proclamados, e, ràpidamente, mostraremos bro de 1972, no apartamento N? 18, da Casa
adiante.. . de Repouso São José, em Santo Estevão, Qui
Depois... a hecatombe das 09:30 do dia xadá, onde o ilustre cearense pernoitou a úl
18 de julho de 1967, quando do seu regresso tima noite de sua vida terrena, e na casa
de Quixadá no avião Piper Aztec do Governo N.9 38 da atual rua Solon Pinheiro; e, por
do Estado, matricula PP-ETT, que se chocou fim, na instalação, na mesma casa desapro
com o jato T-33 do 19/G. Av., que se encon priada e completamente restaurada, do Conse
trava em formação com outras aeronaves em lho Estadual de Cultura, às 15:20 horas do dia
exercício, e, em consequência a sua trágica 29 de março de 1973, antes aludidas...
morte e dos seus companheiros de viagem E, embora já perlustrando o compartimen
(Cândido de Alencar Castelo Branco, Maj. Art. to dos 65 marços, quando imperativamente se
Manuel Nepomuceno de Assis e Alba de Mes nos deparam problemas a equacionar e resol
quita Frota, além do piloto Francisco Celso ver, quando nos surgem dúvidas e angústias,
Tinoco Chagas). recorremos a Deus, à nossa consciência, aos
Vimos, violentamente emocionado e tran ensinamentos do insigne mestre e ao estímulo
sido de dor, o seu corpo desarticulado, quando da sua carinhosa correspondência (Exemplos:
da necessária autópsia no Hospital Militar de “ Rio, 8 de junho de 1954. Meu caro amigo
Fortaleza; desfilamos tristonho, aniquilado, fren Tellcs, Estou aqui mais para agradecer do que
te ao seu corpo inerte, juntamente com o nos para lhe dar noticias. Desde minha chegada
so povo, acabrunhado, na sua sentida home que não me canso de bem considerar a ca
nagem ao grande cearense, durante o velório maradagem do meio Militar da 10? R. M., não
no salão nobre do Palácio da Luz; assistimos, só no apreço à minha pessoa, como também
contrlstado, o embarque do ataude com os nas gentilezas feitas à Argentina. E você e
despojos daquele grande amigo, que, no almo sua senhora muito fizeram para que tivéssemos
ço da manhã de 16 citado, havia combinado tanta consideração. O casal nunca variou,
achar-se aqui para maior permanência em a- sempre o mesmo no trato e nas atitudes.
gosto ou setembro, por forma a poder visitar Desde o Rio, antes de 1952. Em 1953, então,
conosco, além do “ nosso Crato”, a cidade de nos ligamos mais pelo trabalho e pela boa
125
visinhança. E ro Craio ? Aí, vimos e senti Alencar Castelo Branco, um dos mais brilhan
mos, no cas3l, a fidalguia da gente daquela tes e notáveis chefes do exército brasileiro,
terra. Por tudo isso meu velho amigo Telles, figura tradicional por sua atuação na Fôrça
muito obrigado. E a melhor maneira de lhe Expedicionária, e nas mais elevadas funções
expressar meus agradecimentos é lhe dizer o militares, foi eleita Presidente tia República,
meu propósito cie conservarmos a amizade do recebendo o pesadíssimo encargo do restabe
casai... E aceite um apertado abraço de seu lecer a ordem em todos os setores da vida
amigo e camarada obrigado H. Castello Bran nacional, que um regime irresponsável abalara
co” ; outro: “ Meu caro Telles. Quando eu es biutalmente.
creví este discurso, muito me lembrei da equi Castelo Branco, enérgico e prudente, ini
pe de estado-maior que tanto me ajudou na ciou um governo de saneamento e reconstru
10? R. M. com as suas qualidades bem posi ção, procurando extirpar as falhas em suas
tivas. E destaco, nessa equipe a sua pessoa, raízes, revitalizar o organismo do País e res
o auxiliar sério, operoso e eficiente, além dis taurar o seu prestígio internacional. Organizou
so, o bom amigo. Um apertado abraço do seu um ministério com figuras das mais competen
velho camarada Castello. Em 24-VI-1955”; ou tes e notáveis. Adotou corajosas medidas de
tro : “ Rio, 14 de agosto de 1962. Meu caro contenção da inflação e promoveu inúmeras
Telles. Estou em falta com você e bem gran iniciativas de desenvolvimento. Enfrentou sé
de. Já deixei a D. G. E., a 9 do corrente, rias crises, naturais em um ambiente revolu
estando agora à espera de classificação. Até cionário, onde as sensibilidades afloram no
agora de nada fui informado, nem perguntado. intuito patriótico das funções idealistas. A
Envic-ihe o elogio que, com muita honra, fiz gestão Castelo Branco restaurou a autoridade
ao ilustre amigo Cmt. do CMF. Nossas reco moral do Presidente da República do Brasil.
mendações à Dona Valdelice. Um abraço mui Infundiu a confiança do povo e elevou o con
to amigo do seu velho camarada H. Castello ceito de nosso País no exterior. A figura des
Branco” ; outro: “ Guanabara, 5 de Março de se Marechal, que em função de Estadista re
1964. Meu caro Telles. Muito reconhecido a velou-se indiscutível, honrou o Exército, ao
seus préstimos durante a minha estada em mostrar a sua cultura, o seu patriotismo e a
Fortaleza. A amizade velha é como aguarden sua coragem. Como desejava, em 15 de mar
te do Crato. Minhas melhores recomendações ço de 1967, entregou a faixa presidencial ao
à Valdelice. Um abraço amigo do Castello"; Marechal Costa e Silva, eleito seu sucessor.
e mais um : “ De Palácio do Planalto Brasília Retirou-se modestamente para sua vida parti
D. F., 21 de Março de 1966. Cel. Raymundo cular, vindo a falecer, pouco mais tarde, em
Telles. Estado Maior do Exército. Min. Guer consequência de lamentável acidente aéreo.
ra — Rio — G. B. Recebi folheto referente Tributou-lhe a Nação, que tanto lhe devia, as
minha visita nosso Crato pt Agradeço fidalguia mais sentidas homenagens”. (“ História do
et estima apresentação feita velho camarada Exército Brasileiro”, Edição do Estado Maior
amigo pt Marechal Castello Branco — Pres. do Exército, 1972).
da Rep.”). Para concluir: Este despretencioso subsídio
Este, o insigne mestre e doutrinador mi é uma pálida homenagem do “vaqueiro do
litar que nos instruiu na Escola Militar de Rea Crato”, agora também, de acordo com a lei
lengo e na Escola de Comando e Estado-Maior n.Ó 4057, de 29 de setembro de 1972, e Di
do Exército; este o grande chefe militar a quem ploma solenemente entregue aos 02 de março
prestamos a possível eficiente cooperação na de 1973, “ vaqueiro de Fortaleza de Nossa Se
Chefia do Serviço Militar e na 1? Seção do nhora da Assunção”. É uma grata imposição
seu Estado-Maior Geral na 10? Região Militar, do conceito que cultuamos com unção religio
e nos comandos sucessivos, da Escola Prepa sa : Enaltecer e Venerar os eminentes vultos
ratória de Cadetes e do Colégio Militar de do passado. Notadamente os que nos guia
Fortaleza, sob sua chefia na DGE; este o ram pelos caminhos da HONRA, da DIGNIDA
grande amigo de coração adamantino, sempre DE e do DEVER, da JUSTIÇA, do CIVISMO
aberto aos íntimos. (Quando do nosso co e do PATRIOTISMO...
mando no Colégio Militar, era seu chefe de (Mini-biografia dedicada ao Centro de
Gabinete o companheiro e distinto amigo Tá Preparação de Oficiais da Reserva de Forta
cito Teófilo G. Oliveira, então Cel.). leza).
E que dizer do grande Estadista ? Pro Fortaleza, 24 de maio de 1973.
clamemos a coneeiiuação da História: “ ...a o s
11 de abri! de 1964, o Marechal Humberto de Gen. RAIMUNDO TELES PINHEIRO
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C ra to C e a rá
O Crctto há 50 anos
A n t o .m o de A is n c a k A RA RÍPÍ5
Há cincoenta anos, exatamente, estava che Municipal, que por lei lhe cabia presidir, e
gando, pela primeira vez, à cidade de Crato. a divulgação de apêlo aos romeiros para que
Era 14 de julho de 1920. Nomeado, por ato prestassem de boa vontade os dados necessá
de 31 de maio de 1920, do Ministro da A gri rios exigidos pelos recenseadores.
cultura, Indústria e Comércio, Simões Lopes, Na tarde de 14 de julho, encetei o per
expedido em virtude de indicação do Delegado curso da etapa restante da jornada para o
Geral do Recenseamento no Estado, o enge Crato, onde às vinte horas me inscreví como
nheiro Hermano de Vasconcelos Bittencourt um dos hospedes da Pensão Avenida, de
Júnior, Delegado da 6? Secção, que tinha por Alfredo Gonçalves. Surpreendeu-me ao ven
sede a Princesa do Cariri, a 19 de junho, do cer êsse último trecho da viagem, o fato de
mesmo ano, perante o delegado fiscal Mário ter verificado que o leito da estrada era
Linhares, prestei o devido compromisso, no constituído de terreno quase sempre firm e e
dia 17, viajei, por via férrea para Lavras, onde às vèzes acidentado, quando antes ouvira re
então residia minha fam ília com o fito de ali ferir constar o mesmo de planície arenosa.
aguardar a ordem de ir assumir o exercício Acontecera ter errado o caminho, deixando à
da função. esquerda a via certo para aquela cidade, en
Recebida tal ordem, às quatorze e meia caminhando-me, à direita, pela que bota para
horas do dia 9 de julho iniciei a cavalo o o sítio “ Pau Sêco", o tradicional solar da
percurso da estrada para o Crato, via Aurora, heroina Dona Bárbara.
onde pernotei em casa de meu irmão Cícero, Para efeito da realização do recensea
convidado para secretariar-me. mento, o Ceará fôra dividido em onze sec-
O dia seguinte, 10.7.1920, utilizei-o para ções, ou delegacias, uma delas a 6?, confia
vencer a etapa Aurora-ingazeira, de onde, após da à minha direção, e as demais aos Drs.
o pernoite, prossegui para Missão Velha, ponto Carloto Fernandes Távora 11?, padre Leopoldo
de descanso, e, à tarde, para Juazeiro, que Fernandes 7?, e Srs. Vicente Carneiro 4?, Ma
me acolheu em sua única casa de hospeda noel de Castro Paiva 2?, Laudelino Benigno
gem então existente, a chamada Pensão Ole- 9?, Sindulfo Chaves 10? e Josino Firmeza 5?.
gária. Minha jurisdição administrativa abrangia
Foi a êste tempo que se iniciou meu os municípios de Crato (sede), Juazeiro, Mis
conhecimento pessoal com o padre Cícero. são Velha, Barbalha, São Pedro do Cariri,
Ciente êste da minha presença na cidade e Quixará e Santana do Cariri, onde desde logo
da função que vinha exercer no Cariri, apres providenciei, a 17, 24 e 25 de julho, e a 7
sou-se em visitar-me, acompanhado do Dele e 10 de agosto, sôbre a organização das Co
gado de Polícia (Manoel Calixto de Lira, ou missões Censitárias, presididas pelo prefeito
Manoel Temóteo, era um desses famarazes lo local e integradas por autoridades civis e
cais nas lutas armados) e de numeroso sé pessoas gradas, e a designação dos agentes
quito de romeiros. recenseadores.
Guardo dêsse primeiro contacto com o A tõdas as localidades acima nomeadas
patriarca juazeirense a lembrança do cordial por vêzes da sede me levou o transporte-ani-
tratamento que me dispensou, e do fato, por mal, único existente no meio naquela época.
êle referido, de meu pai lhe ter assistido à Tive a grata sorte de afinal levar a bom
ordenação, e de ser hóspede, quando semina têrmo, na secção em aprêço, os serviços do
rista em Fortaleza, do Cônego José Ferreira censo de 1920, que me valeram menção hon
Lima Sucupira, sacerdote com cuja neta, a rosa da parte dos superiores hierárquicos.
prima Matilde Umbelina de Araripe Sucupira, Cabe-me registrar o fato de haver correspon
havida de justas núpcias, aquêle se casara dido plenamente aos meus anseios de fixar-
pela primeúa vez. me no Cariri a designação para no mesmo
Chefe da edilidade local, o padre Cícero exercer, mui jovem ainda, relevante função.
comigo desde logo acertou as providências Atraiam-me irresistivelmente para aquêle setor
sobre a instalação da Comissão Censitária dc Estado, tanto a idéia de que ali se si
129
tuava uma das áreas de maiores possibilida presidente do supremo órgão do Poder Judi
des sociais e econômicas do Nordeste, como ciário estadual, o Tribunal da Relação. Real
os vínculos e tradições de família, que a ela mente, submetido com êxito a tal prova de
tanto me prenderam. Minha trisavô, por via habilitação perante os desembargadores Fran
Paterna, Bárbara Pereira de Alencar, se bem cisco Antônio de Oliveira Praxedes e Sabino
que não tenha nascido no Ceará, cêdo esta do Monte, presidente do Tribunal, e Procura
beleceu-se no município de Crato, onde cons dor Geral do Estado, e os examinadores Drs.
tituiu fam ília e ali vieram à luz da vida seus Antonino Fontenele e Alfredo de Oliveira Po-
descendentes, entre os quais figuram meu bi lari, foi-me concedida, com a data de 7.1.9
savô Tristão, o mártir de Santa Rosa, e meu 1918, Provisão "para que possa” , consoante
avô Pedro Jaime de Alencar Araripe, compa os têrmos do respectivo ato, "p o r um ano
nheiro do tio Senador Alencar na fuga para exercer a profissão de Advogado nas Comar
o São Francisco, em 1824, a quem escrevia, cas de Lavras, Icó, iguatu, Crato, Jardim, Se
a 16 de junho de 1832, de Campo Maior nador Pompeu, Quixeramobim, Tauá, Assaré,
(Quixeramobim), para onde se expatriára, nar Jaguaribe, Quixadá e Fortaleza” .
rando-lhe “ as circunstâncias e vexações” por A 8 de março de 1919, por igual período,
que passava a família, vítim a dos "tristes a- renovou-se dita Provisão, cuja área de vigên
contecimentos do Cariri, nossa infeliz pátria” , cia se estendia, também, às comarcas de Pa-
e noticiando-lhe o fato de “ minha avó” (dona catuba, Baturité e Crateús. A 2 de julho de
Bárbara) ter conseguido evadir-se "para as 1920, quando já estava na presidência do
partes do Piauí” ("Anais da Biblioteca Nacio Tribunal o desembargador João Firmino Dan
nal” , v. 86, ps. 411/412). tas Ribeiro, nova concessão legal, agora para
Conforme consta da publicação em apreço o exercício por dois anos, me foi concedida.
da correspondência passiva do senador Alen Seguiram-se a êsse ato as Provisões, pelo pe
car, à página 279, Pedro Jaime, com o fale ríodo de dois anos, cada, de 13 de julho de
cimento de dona Bárbara, foi um dos herdei 1922 e de 7 de novembro de 1924, nas quais
ros a que se uniu Neutel, também filho de estão abrangidas, entre outras, as comarcas
Tristão — reza carta de João Franklin de de Barbalha e Milagres, e, na última, a de
Lima, de 3.6.1833 — “ para juntos irem tra Juazeiro.
tar de tal negócio" (o inventário). Encerrou-se aí o ciclo de oito anos de
Os movimentos revolucionários de 17 e minha vida como rábula, devido a ter-me ba
24, em cuja vanguarda estiveram os Alencares, charelado em Direito, na Faculdade do Ceará,
as atrozes perseguições e amarguras de que com a turma comemorativa do Centenário dos
foram vítim as membros da fam ília, alguns dê- Jurídicos a 11 de agosto de 1927.
les brutalmente imolados, como Tristão Gon Pertenço, por via paterna, à fam ília que
çalves, Leonel, o capitão-comandante de Jar conta, entre os seus ancestrais, grande nú
dim, Antônio Geraldo e João Pereira de Car mero de membros dedicados às atividades do
valho, tôda a epopéia de bravura e sofrimento Fôro. Meu pai iniciou-se nesse setor como
vivida por meus ancestrais e ressoante da escrevente de cartório em sua terra natal
crônica da região, sem dúvida por si repre (Quixeramobim), e foi serventuário de justiça
senta ponderável motivo para que à mesma de Pereiro, a contar do dia nove de setem
sempre me sentisse profundamente vinculado. bro de 1873, até quase o fim do século pas
Estabelecido definitivamente no sul do sado, quando, por igual ou maior período,
Estado, enquanto me esforçava para dar fiel dispondo de provisão de advogado, passou a
cumprimento às atribuições do cargo, cujo servir ao Ministério Público nas comarcas de
exercício me fôra cometido, habilitava-me, pelo Senador Pompeu, Tauá, Jaguaribe, Icó, La
conhecimento da população e análise das res vras e Jardim. Consagrou, assim, mais de
pectivas atividades, para delas participar como meio século da existência, às lides do Fôro I
profissional do Fôro e, ao mesmo tempo, ini- Seus irmãos, Pedro e Antonio Jaime, deputa
cipiente militante nos quadros da vida parti dos provinciais, militavam no magistério ofi
dária. cial e dispunham, também, de provisão para
Não sendo, cinquenta e dois anos atrás, advogar.
graduado em Direito, vali-me, em 1918, do Meu avô paterno, Pedro Jaime, exerceu
dispositivo legal então vigorante, que assegu temporàriamente funções judiciais em Quixera
rava a pessoa em tal condição o exercício mobim, onde se dedicava ao notoriado seu
da advocacia, uma vez que fôsse aprovada sôgro José Joaquim da Silva Lôbo, e advoga
em exame escrito e oral realizado perante va filho dêste, o deputado provincial e ba
banca examinadora nomeada e presidida pelo charel em Coimbra, Canúto Lôbo. Jurista
130
consagrado foi meu tio-avô, conselheiro Tris- dedicação e sacrifício s, da defesa dos d ire i
tão de A lencar Araripe, que, como Presidente tos dos constituintes conduziram-me à con
da Assembléia Provincial, Deputado Geral, quista, devo dizê-lo, m odéstia à parte, de in-
M inistro de Estado e do Supremo Tribunal Fe contrastável renome profissional. Entre outros
deral, serviu, em altos postos, aos três po- documentos comprovantes dessa assertiva, que
dêres do regime p o lítico do País. adeante serão invocados, cabe-me, desde logo,
Afirma-se que, por fõrça da lei do atavis- trazer à baila os testemunhos de autoridades
mo, cada um está sujeito a herdar certos jud iciária s do mais alto conceito no Estado.
caracteres dos ascendentes remotos. Não é Atestou-me o desembargador Silva Moura,
estranhável, portanto, que, com dedicação e presidente do Tribunal de Justiça, em petição
entusiasmo por mais de meio século, me te protocolada sob o N.9 163, a 24.11.34, “ gosar
nha consagrado aos estudos ju ríd ico s e tra de ótim a reputação, exercendo com inteligên
balhos forenses. A carreira de advogado ini cia, todo c rité rio e demonstrado zêlo à pro
ciei-a nas comarcas de Lavras e icó, p rinci fissão de advogado".
palmente nos têrmos de Aurora e Várzea Ale A seu turno, afirmou, a 16 do mesmo
gre. Foi nesse que se realizou minha estréia mês e ano, o Dr. Hermes Paraíba, o grande
na tribuna ju d iciária , quando defendi, com juiz que durante tantos anos estève à frente
relativo sucesso para o acusado, certo hom i dos destinos da Comarca do Crato : "Atesto
cida subm etido a julgam ento do Tribunal Po que o requerente gosa de reputação ilibada
pular. , e se tem conduzido no e xercício da advoca
No Icó, em outubro de 1920, já se re cia com a máxima correção” .
gistrava minha prim eira vitória no fôro eivei, Funcionei no prim eiro processo de falên
em demanda movida contra o constituinte Ber cia da firm a Lima Medeiros & Cia., instaurado
told o Nogueira. Fui para o Cariri quando já na região, e tive sob meu patro cínio a res
estava me fam iliarizando com a prática e a ponsabilidade da defesa de acusados em pro
aplicação das leis, a que por tanto tempo cessos crim inais de grande repercussão no
àssistira meu pai se devotar. inte rio r do E s ta d o : a morte de Paulo Brasil,
Vendo-me procurar seguir-lhe os mesmos em Iguatu, e a do cel. Felinto Cruz, em San
passos da carreira de rábula a graduado em tana do Cariri.
Direito, advertiu-me, certa vez, o professor inscrito na Ordem dos Advogados, secção
Eduardo Girão que, como êle, estava indo da do Ceará, a 15 de maio de 1933, Carteira
prática para a teoria. A diferença existente N.9 164, registro 2 (vide o edital com o qua
entre as nossas tra jetó rias consistia no fato dro do Fôro do Estado, inserto em “ O POVO”
de haver-me subm etido a exames em segunda de 11.1.1933), participei ativamente da vida
época e, assim, deixado de abeberar-me das forense do Crato, no período em que aquela
lições dos doutos mestres da Salamanca es cidade era nomeada, por vultos em destaque
tadual. do nosso supremo cenário da Justiça, como
Infelizmente pela falta de frequência só sede da comarca cearense onde m elhor se
contei com os mestres mudos, os livros, para processavam os feitos.
a conquista, na turma, por fôrça das boas Pôs em destaque o jurisconsulto e M inis
notas obtidas, de uma das prim eiras classifi tro do Supremo Tribunal Philadelpho de Aze
cações, e para a elaboração de trabalhos ju vedo, ao e m itir voto no Recurso Extraordiná
rídicos, alguns, divulgados em memórias, ou rio N.9 5.414/1942, relativo à demanda que
tros inseridos em publicações ju rídica s do patrocinei no Fôro de Jardim , minha “ grande
vulto da “ Revista de D ire ito", de Bento de acuidade profissional e perfeito conhecim ento
Faria, da “ Revista Forense” , de “ O D ireito” , das lêtras ju ríd ica s em tão afastado rincão” .
e do “ Ceará Ju d iciário ” . O professor de direito e em érito doutri-
Nas dezenas de anos de advocacia, nos nador Odilon de Andrade, pronunciando-se. a
auditórios de comarcas dêste e dos Estados propósito do memorial “ Da Cobrança de T ítu
vizinhos (Pio Nono, Fronteiras, Picos e Valen- lo Sem Causa em Ação P re scrita', com 102
ça, no Piauí; Exu, Bodocó e O uricuri, em páginas, afirma te r eu dem onstrado" de modo
Pernambuco), consegui credenciar-me à con com pleto e exaustivo a tese da prescrição” ,
fiança de avultada clientela. usando “ em tôdas as outras partes argumen
O apègo ao estudo das questões confia
tação de grande vig o r e de incontestável jus
das ao meu patrocínio, que então me fêz teza” . E c o n c lu i: “ Sem desfazer em seu
disp ô r de uma das mais com pletas bibliotecas Crato, penso que o senhor é um profissional
especializadas existentes entre nós, e o espe que merecia o Rio, ou outro fôro de primeira
cial interêsse com que cuidava, sem poupar ordem ". (“ O POVO” , de 9.6.1942).
131
O notável orador do fôro crim inal do Rio Julgada na Imissão de Posse” — com a
e publicista especializado, Evaristo de Morais, afirm atiiva de tratar-se de “ trabalho realmente
acusando a leitura do trabalho "A Morte de bem feito que p or seu va lo r honra as tra d i
Paulo B rasil” , declara tratar-se de “ uma defe ções de inteligência e cultura do foro do
sa com pleta, revelando não só conhecim entos Ceará” .
ju ríd ico s pouco comuns, com o enorm e dedica Por sua vez o consagrado ju rispe rito de
ção à causa de seus constituin te s” , e acers- sem bargador A. E. Magarinos Torres, da Corte
c e n ta : “ Sinceramente, lhe digo que causa ad de Ju stiça do Rio, agradecendo-me, a 19.8
m iração encontrar-se no in te rio r do País um 39, a oferta de dois exem plares de memórias
advogado tão aparelhado, não só com o co forenses, felicitou-m e "p e lo b rilho e e rudição”
nhecim ento de bons autores, como com o da dos mesmos.
jurisprudência dos Tribunais” . O desembarga O professor Olavo O liveira, respondendo-
dor A bner Vasconcelos, em carta de 2 0 .6 .2 8 , me a certa indagação sôbre assunto de que
comunicou-m e te r lido êsse juizo crítico , a- era incontestàvelmente especialista de truz,
chando que o mesmo “ vale pela mais valori declarou-m e em carta de 2 de fevereiro de
zada das opiniões". 1933 : “ Tendo-o, com o o tenho, com o mestre
Divulgando-o pela “ Gazeta de N o tícia s” , de Direito — no que não lhe faço favor —
de que era diretor, o ju rista A ntônio Drumond m uito me desvanece a sua consulta. Vai sa ir
qualificou-m e de “ advogado matuto de mais a revista do Instituto. Honre-a com a sua
saber do que m uito advogado praciano” . douta colaboração” .
No “ deputado m atuto” do Ceará, Carlos O Memorial “ O Juiz dos Doutos sôbre a
Lacerda, conform e divulgou na “ Tribuna da A pelação C ivil, entre partes M. Gomes de Sá
Imprensa” e pelo rádio, ao tem po do rumo- e Frota G entil S. A .” , contém semelhantes p ro
rosíssim o inquérito sôbre o protecionism o o fi nunciam entos feitos, no que toca à demanda
cial ao jornal “ Última Hora” , jam ais julgou da mais alta im portância agitada no Fôro de
poder encontrar um “ grande advogado” . Crato, por Clóvis, Valdem ar Ferreira, Numa
Sôbre o a ludido trabalho forense, produ Paula Vale, A droaldo Costa, desembargador
zido em ruidoso processo crim inal o em érito Melo Guimarães e outros lum inares da ju ris-
Clóvis Beviláqua, a 2 1 .5 .2 8 , escreveu-me en cultura.
viando felicitaçõ es pela “ inteligência revelada Cabe-me declarar, a tantas linhas do pre
no d irig ir a defesa e pelos sólidos conheci sente o oportuno relato, que êsses autorizados
mentos de D ireito Penal, de que se colhem pronunciam entos, atribuindo-m e pretensa capa
provadas a cada página” . cidade profissional, não os d ivulgo por dêles
Tendo publicado mais quatro memoriais me ju lg a r merecedor, ou para satisfazer à exi
forenses sôbre matéria crim inal (“ Da Prova gência de vaidade, incom preensível à altura
no Mandato C rim in a l” . “ A Rixa de Santanó- do avanço de minha existência. Se recorro
pole” , “ Delito Contra a Honra” e “ Caso T íp ico a êsses generosos conceitos espontaneamente
de Habeas Corpus” ), e mais de uma dezena em itidos sôbre as minhas habilitações como
concernentes a questões eiveis, a propósito obscuro autodidata do in te rio r do Estado, que,
dos mesmos conservo em meus arquivos hon ao vivo, dia a dia, durante mais de meio
rosas manifestações de jurista s de todos os século consagrou-se ao estudo e à aplicação
matizes. do D ireito, sòmente o faço para dar co lo rid o
Entre as manifestações de tal natureza indispensável ao respectivo histórico.
aqui está a que consta de carta datada de Foi na atual Lavras da Mangabeira que
3 de setembro de 1937, escrita pelo renomado tive a prim eira oportunidade de habilitar-m e
civilista J. M. de Carvalho S a n to s : “ Tenho a ao e xercício do d ireito p o lític o do voto. Per
satisfação de acusar o recebim ento do mag tenço ao colégio eleitoral de Crato, a contar
n ífico memorial de sua autoria sôbre a ques de 1920.
tão de “ Abalo de C réd ito ” que poucas vêzes A acentuada vocação para a vida pública,
tenho visto tão bem versada. Expresso-lhe que com fervor acalento desde a juventude,
minha adm iração pelo seu trabalho de jurista, impelia-me para os prélios eleitorais, onde se
que cada dia se afirm a de maneira mais selam os destinos das populações dem ocrati
b rilhante” . zadas.
Distinguiu-m e o desem bargador Manoel Na vigência do regim e republicano, o
Carlos de Figueiredo Ferraz, preclaro magis consentim ento d os governados na investidura
trado componente do Tribunal de Justiça de do poder, expresso através das urnas, cons
S. Paulo, ao acusar, a 1 5 .7 .4 1 , o recebimen titu i p rin cíp io fundam ental.
to do memorial — “ Dos Efeitos da Coisa A livre manifestação da vontade popular
132
no ato da escolha dos que devera receber a No período que antecedeu à revolução
aludida investidura só em sim ulacros de de de trinta, cansei-me de testemunhar a cele
mocracia pode ser dispensada. bração de eleições sem eleitores presentes,
Era o que outrora, ao tempo das atas representados êstes pelos próprios membros
falsas, das celebérrimas ele ições a bico de das Mesas receptoras, que se revezaram no
pena, ocorria em todo o País. Por êsse omis trabalho de consignar-lhes os nomes, como
so processo de subversão de norma essencial se fôssem os portadores dos mesmos, nas
ao regular funcionam ento das instituições de atas eleitorais. Quantas vèzes, indo assistir
mocráticas, tolhia-se ao povo o exercício do ao pleito eleiito ra l em Assaré, constatei o fato
mais grave dos direitos p olíticos. Membros de os correligionários locais, chefiados pelos
do Executivo e do Legislativo, federal, esta próceres oposicionistas A ntônio Fernandes,
dual, municipal, nenhum dêles galgava as es Mundóca e Nenen Arrais, ficarem impedidos
cadas do poder p or fôrça de livre pronuncia de votar, porque as respectivas atas já tinham
mento dos governados. Em regime cognom i- sido, ou estavam sendo lavradas às escondi
nado do povo, pelo povo, fraudava-se às es das. Só em uma oportunidade, de 1920 a
cancaras o d ireito de representação, que é, 1930, graças à ação enérgica de um ju iz digno,
na expressão de abalisado constitucionaliista, à altura, Daniel Lopes, assegurou-se naquêle
o mais belo instituto com que pode um povo m unicípio à oposição o acesso às urnas. M i
resolver bem seus problemas gerais. nha intransigente atitude de combate aos des
Tendo-me qualificado e le ito r ao pleno vi mandos situacionistas tornou-me alvo, em 1926,
cejar dessa situação de evidente opróbio po de denúncia dada ao M inistro da Guerra pelo
lítico , não podería, sem desatender às infle chefe das tropas legalistas, Dr. Floro Bartolo-
xões de patriotism o, deixar de aliar-me aos meu, que me acusava de prom over o a licia
que se propunham e dar-lhe cerrado e deci mento de reforço para os revolucionários.
sivo combate. Tive de valer-me então dos bons préstimos
Imenso era então, quase sem possibilida do amigo Dr. César Cais, para desfazer a
de de ser coarciado, o poderio dos detento balela jun to ao Presidente, Des. José Moreira,
res do poder em face do qual pareciam es nos têrm os do que consigna o jornal "N açã o ” ,
maecer tôdas as esperanças de reconquista de 12.9.31.
da livre manifestação nas urnas. Mesmo as A revolução de trin ta encontrou-me em
sim, não vacilei um só instante em aderir de São Mateus, onde logo soube da deflagração
corpo e alma, á aguerrida equipe então for do movimento. Transferi-me, prim eiro, para
mada, sob e inspiração de Fernandes Távora, Crateús e, em seguida, com Mário Leal e
para lutar sem tréguas nem vacilações pela numeroso grupo armado, para Iguatu, de cu
dignificação de nossa vida pública. jas estações telegráficas ocupadas telegrafa
Sustenta Sampaio Dória que os partidos mos ao governante estadual, notificando-o do
antigos pleiteavam p rincíp ios e os agrupamen propósito de marcharmos para a Capital e
tos modernos cavam interêsses. Estamos no promovermos-lhe a deposição.
tempo em que, ao ver de O liveira Viana, a Sem pleitear, por de form a alguma me
p o lítica é menos serviço p úblico do que meio convir, as circunstâncias forçaram -me a acei
de vida privada. Não foi essa chamada va- ta r a chefia do Executivo de Crato, para o
cuidade ou ausência de motivações coletivas qual fui nomeado em 17.10.30. Como nela
o que me induziu às atividades partidárias. A me comportei, dentro da norma sempre ado
p o lítica de dedicação à causa pública, que a tada de viver para a política, e não da po
ancestrais alencarinos tanto fêz sofrerem per lítica, consta do trabalho inserto em O POVO,
seguições, punições e até a morte, nunca es de 6 . 1 . 68, em que há a ressaltar ter-me qua
teve fora de meu ideário. Creio provir da lifica do , Demócrito Rocha, ao deixar o exer
seiva haurida nessa tradição a fôrça que sem cíc io do cargo, de ‘‘ o m aior Prefeito da Re
pre me levou a concebe-la em seu mais alto volução” .
sentido. Nos anos que se seguiram da nova ins
Apraz-me acentuar que, sendo homem de titucionalização do regime à queda da fam ige
partido durante tantos anos, jam ais mudei de rada ditadura getuliana, por te r enfrentado com
orientação, nunca me inscreví sob outra ban altivez e destemor as perseguições de tôda
deira. Do Partido Republicano Cearense às a sorte, feitas aos co rreligionários por decaí
legendas que lhe sucederam do Partido Demo dos recambiados ao poder graças ao adesis-
crático de São Paulo, do antigo P. S. D., da mo, e por te r com batido sem cessar, mediante
U. D. N., e da atual Arena, eis a í a rota certa todos os meios, inclusive na direção do se
de meu tlro cín io político . manário "O C a riri” , os desmandos governa-
133
mentais, duas vezes fui conduzido, sob guarda víduos para a conquista e fruição do poder,
policial, para Fortaleza, e uma vez detido, ora só e só” , e é ‘‘ o acaso exclusivamente que
em casa de pensão, em Juazeiro, ora, sob levanta os homens às posições” .
palavra, na residência em Crato. Ao fim do Se algures que a missão do homem pú
regime ditatorial, contra a minha espectativa, blico se realiza e se exalta precisamente na
fui candidatado à Assembléia Nacional Cons quela conjuntura em que, com o despojamento
tituinte, a que me elevaram os sufrágios dos total de si mesmo, com o abandono de quais
correligionários. Outras eleições asseguraram- quer reivindicações ou interêsses, entrega-se
me, afinal, o comparecimento, em vários anos humildemente à execução de sua rude tarefa.
de exercício de mandato, a 4.346 sessões par- Abstraindo-me de preocupações personalistas,
lamentares, conforme certificou a Secretaria da creio ter-me esforçado sempre para cum prir
Câmara dos Deputados. , com fidelidade as tarefas que me têm sido
O mandato nas relações entre particula cometidas na vida pública.
res, ou entre governantes e governados, abran Basta-me essa convicção para dar ânimo
ge direitos e deveres mais ou menos idênticos. e conforto ao espírito.
A prestação de contas, por exemplo, constitui
imperioso dever, peculiar tanto aos procurado
C R A T O
res e comitentes, como aos portadores da re MORAIS E SILVA
presentação política.
A êstes, adverte exim io comentarista, não Lá no sopé da cordilheira, assente,
assiste outro meio de prestar contas ao povo há muitos anos com meus pais te v i ...
que os elegeu, de fazê-lo ciente do que real Esmeralda formosa! toda gente
mente praticaram, senão publicando seus dis exalta o que de belo fulge em t i . . .
cursos, suas defesas, suas explicações, seus
manifestos. Foi isso exatamente o que reali Essa serra feraz e viridente,
zei, com a publicação dos livros "O rós, à dos mananciais que, outrora, conhecí,
Redenção do Nordeste” e ‘‘ Doze Anos de eleva-se soberba em tua frente,
Parlamento” . ó nobre capital do Cariri! . . .
Dir-se-á que minhas cinco décadas de
ação firme e constante em prol do aprim ora Quem não te ama, princesa do Nordeste!
mento dem ocrático das instituições brasileiras se valorosos filhos tu nos deste
não me abriram as portas do êxito fácil na e és uma glória para todos nós ?
vida pública. Isso constitui natural ocorrên
cia em país onde, consoante observação de Doce oásis do Estado cearense,
Gilberto Amado, em “ Presença na P o lítica", a deixa que em verso sem cessar te incense,
palavra partido significa “ associação de indi- rosai de amor, em florações de heróis...
M A R I A C A B O R É R E MI NI SC ÉN CI A
MORAIS E SILVA MORAIS E SILVA
Quando a expirar, sob esse amor profundo, Era o seu sonho, além de casto, bom:
viu a descer do Céu, em pleno dia, aguardava a doirada carruagem
um anjo que a levou para casar. que lhe traria o “ Príncipe Odilon”.
134
Folclore Regional
TESTAMENTO COM QUE JUDAS ESCARIOTES, VERSÃO 1972, SE
DESPEDE DE SEUS AMIGOS E ADMIRADORES, LEGANDO-LHES
TODOS OS SEUS HAVERES — CRATO, 02 DE ABRIL DE 1972
1 — AMADO POVO, EM GERAL REUNIDOS, NA ASSEMBLÉIA,
da m in h a terra q u e r id a MINHA MORTE VÃO LEM BRAR...
HOJE FOl CHEGADO O DlA, AMIGO, ASSIM COMO JUDAS,
MAIS TRISTE DA MINHA VlDA. É RARlSSlMO ENCONTRAR...
É GRANDE A SATISFAÇÃO
QUE TRAZ A FESTA DO JUDAS. 7 — VEREADORES, QUERIDOS,
O ENTE DA TRAIÇÃO UM CONSELHO VOU-LHES DAR:
PATRONO DE OUTROS JUDAS ! OS POBRES DOS NOSSOS BAIRROS,
VOCÊS PRECISAM OLHAR:
2 — BEIJEI AS FACES DO CRlSTO, NÃO TÊM ÁGU A! SÓ TÊM LIXO,
AQUELE REl SOBERANO ! FAZ NOJO ATÉ SE OLHAR,
VENDl POR 30 DlNHElROS A POBREZA SEMPRE AJUDA,
E NÃO TIVE O SEU PERDÃO ! VOCÊS DEVEM SE LEMBRAR!
MEU DESESPERO FOl GRANDE, RECEBAM MINHAS POLTRONAS,
QUE À FÔRCA ME ENTREGUEl P’RA VOCÊS REPOUSAR,
c u m p r in d o a m in h a s in a E, TAMBÉM MEU ÚLTIMO ADEUS,
POIS MEU MESTRE EU RENEG UEl... QUE AGORA VOU-ME A C A B A R ...
136
20 — MEU FILHO, ZÉ DE ROBERTO, JUNTO COM SUA COMlSSÃO,
FILHO DO MEU CORAÇAO, AS FARDAS, JUDAS VAI DAR,
OS MEUS LINDOS PIJAMAS, SEMPRE LHE TlVE A TE N Ç Ã O ...
POIS VOCÊ TEM P RE CISÃ O ... MAS, MANDE SEUS INSTRUMENTOS.
DE TODOS OS MEUS FlLHlNHOS, PRA MEU ENTERRO ACO M PAN HAR...
VOCÊ É O DE ESTIMAÇÃO.
25 — AO COMPADRE ANTONlO HONOR,
NÃO SIGA O EXEMPLO DO PAI,
PRECISO PRESENTEAR.
QUE S ó QUlS A P E R D IÇ Ã O ...
CUIDADO COM A PAQUERA, COM UMA COOPERATIVA,
ELA VAI LHE A TRAPALHAR... PRA VOCÊ NELA C O M P R A R ...
RECEBA OS TRINTA (30) DlNHElROS, VOCÊ É MUITO QUERIDO
E, POR NÓS É ESTIMADO,
QUE POR JESUS EU FUI D A R ...
FOI ESTE O MELHOR PRESENTE,
DEVIDO À MINHA AMBIÇÃO,
QUE FICOU CLA SS IFICAD O ...
EU TlVE QUE ME A C A B A R ...
26 — PARA A TURMA DO AÇOUGUE,
21 — PARA A TURMA DA GESSI
QUE POR MlM É ADORADA,
BORRACHAS DO MEU CORAÇÃO,
UM CURRAL CHEIO DE VACAS,
UM RESTAURANTE DECENTE,
PARA VOCÊS, SÃO DESTACADAS:
BEM NO CENTRO DA C lD A D E ...
MAS, REPARTAM COM CUlDADO,
MERENDAS, CAFÉ, ALMOÇO,
PARA EVITAR Z O A D A ...
JÁ ESTÃO CLASSIFICADOS.
UM ARMAZÉM DE PURO SAL,
AQUELA TURMA BACANA,
PARA OS TOUCINHOS SALGAREM,
SEMPRE POR MIM ADORADA,
TOUCINHO SEM SAL NÃO PRESTA,
ADEUS, ADEUS, QUERlDlNHAS,
TENHAM UM POUCO DE CUlDADO
VOU PARA MlNHA ÚLTIMA M O R A D A ...
E TAMBÉM UMAS MORENAS,
22 — 0 SENHOR JOAQUIM OTÁVlO, PARA ELAS LHE AJUDAREM,
EU JÁ ME IA ESQUECENDO: E CREIAM QUE JUDAS AMlGO,
MAS NÃO O POSSO OLVIDAR: SEMPRE FOl BOM C A M A R A D A ...
POIS É AMIGO, DE FATO, 27 — A RÁDIO ARARlPE DO CRATO,
VOU DEIXAR-LHE DE HERANÇA, EU NÃO TENHO O QUE DEIXAR:
UM PARTIDO DE ARARUTA,
É EMISSORA ASSOCIADA,
DEZ BARRIS DE BACALHAU, NINGUÉM PRECISA A JU D A R ...
COM A POBREZA DESPACHAR, CONTUDO, DEIXO UM PEDIDO,
VOCÊ É MUITO CARIDOSO, É O QUE POSSO ATESTAR:
NUNCA VIVE A LASTIMAR, ADEUS, ADEUS, MEUS QUERIDOS,
ADEUS, ATÉ UM BELO D lA : OS MEUS CRIMES VOU P A G A R ...
OS MEUS CRIMES VOU P A G A R ...
28 — PARA JOAQUIM LUClANO,
23 — 0 TAL JOAQUIM MESTRE NÉCO, ESPÊTO DA MALDIÇÃO,
O CAFONA POPULAR, VAI FICAR, COMO LEMBRANÇA,
A SERRA DO ARARlPE 0 MEU VELHO M A C A C Ã O ...
EU JÁ MANDEI CO NTR ATAR... CUlDADO, QUANDO VESTIR,
TODO AQUELE PlQUlZAL, 0 BICHO ESTÁ TODO RASGADO,
PRA SUA VlDA ENFRENTAR. PRlNClPALMENTE NO FUNDO.
LÃ NO MERCADO REDONDO, TENHA UM POUCO DE C U lD A D O ...
SEU CAPITAL VAI AUMENTAR, FOI O MELHOR DOS PRESENTES,
MAS NÃO VENDA MUITO CARO, QUE EU LHE TINHA RESERVADO.
O FISCAL TEM QUE O L H A R ...
RECEBA MAIS UM PENICO, 29 — MEUS DEDICADOS DOUTORES,
N A S 'H O R A DAS NECESSIDADES... UM CLUBE MUlTO BACANA,
MAS ANTES DA MlNHA MORTE, A QUEM TENHO MUITA ATENÇÃO,
VENHA AQUI, PRA ME B E IJ A R ... LÁ NO ALTO DO S E R TÃ O ...
PARA NO FIM DA SEMANA,
24 — MEU DEDICADO AZUL, REPOUSAR COM A N IM A Ç Ã O ...
DA BANDA, O MAIOR C H E FÃ O .. . CONTEMPLANDO MlNHA MORTE,
RECEBA, COM MEU CARINHO, SEI QUE DÓI NO C O R A Ç Ã O ...
UM GRANDE APERTO DE M Ã O .;. FOI ESTE GRANDE PRESENTE:
COM O PRESENTE QUE GANHASTE ACEITEM, COM G R A TID Ã O ...
137
30 — CASSlMlRO DA CARROÇA, 35 — PARA O MESTRE MORElRlNHA,
MEU IRMÃO DE CRIAÇÃO, MEU AFILHADO DE BEM,
PRA VOCÊ TÁ ENCOSTADO, DE TODOS OS MEUS QUERIDOS,
NO RECANTO DO FOGÃO, A VOCÊ QUERO MAIS BEM,
UMA NINHADA DE GATOS, RECEBA COMO LEMBRANÇA,
QUE É DE SUA ADMIRAÇÃO, UM CARRO VELHO QUE TEM
MAS, NÃO VÁ SE ARRANHAR, CUIDADO NUMA V lR A D A ...
CUIDADO, NA MALDIÇÃO, VOCÊ FOl SEMPRE PONTUAL,
SETE ANOS DE ATRASOS, COM SEU PADRINHO ADO RADO ...
DEUS NÃO LHE DÁ O PERDÃO,
ACEITE, DE CORAÇÃO, 36 — QUERIDA MISERICÓRDIA,
POVINHO QUE SEMPRE AMEI,
A FLOR DA MINHA T R A IÇ Ã O ...
GAROTAS DO MEU ABRAÇO,
31 — PARA A RÁDIO EDUCADORA, PAQUERAS DE QUEM GOSTEI,
VÃO RECEBER COlSA BÔA,
UM PRESENTE VAl G AN H A R ...
UM CLUBE MUlTO BACANA,
UNS DISCOS VELHOS QUE TENHO,
PRA DANÇAR SUAS TERTÚLIAS,
PARA VOCÊS ESCUTAR...
COM TODA SATISFAÇÃO,
PARA NAS NOITES DO SERTÃO,
CUIDADO: NÃO VÃO BRlGAR,
VOCÊS TODOS CO MENTAR...
VOCÊS SÃO DE AMARGAR,
JUDAS SEMPRE FOl AMlGO,
ZÉ NlLTON DlZ PARA O PINHEIRO:
TEMOS DE TER COMPAIXÃO,
AMlGO IGUAL AO JUDAS
UMA MÚSICA COMO ESTA,
JAMAIS IREMOS ACHAR,
DÓI DENTRO DO CO RAÇÃO ...
FOI ESTE O MELHOR DONATIVO
QUE ELE PODIA D A R ...
32 — QUERIDO LEANDRO FRANCO,
POSTALZINHO DO MEU AGRADO,
37 — REPARTI TODOS OS MEUS TÊRES,
EU NÃO O POSSO ESQUECER,
ESTOU IMPRESSIONADO,
. POlS É AMIGO, DE FATO,
MAS, A CLASSE DOS MOTORISTAS,
DElXO-LHE COMO LEMBRANÇA,
AINDA NÃO DEIXEI NADA:
UMAS PIPAS DE AGUARDENTE
UM POSTO DE GASOLINA,
NA HORA DA MlNHA MORTE,
INSTALADO LÁ NA GROTA
EMBEBEDA A MlNHA G EN TE ...
PRA VOCÊS SE FORNECEREM,
MAS, UMA COlSA EU LHE PEÇO :
NA HORA DAS NECESSIDADES,
TENHA DE MlM COMPAIXÃO,
MAS, BAIXEM O PREÇO DAS CORRIDAS
NÃO DEIXE QUE O AMIGO JUDAS,
TENHAM DÓ E COMPAIXÃO,
VÁ MORRER NO FRlO C H Ã O ...
JUDAS NOS DEU ESTE POSTO,
VAMOS SERVIR À POPULAÇÃO...
33 _ PARA A TURMA DOS BANCÁRIOS:
UM PRESENTE VAl GANHAR, 38 — PARA O CEGO MOAClR,
MlNHA TURMA DE SOLDADOS, QUE POR MlM É ADORADO,
PARA O BANCO ÊLES GUARDAR... UM PRÉDIO PRA SEU ARMARINHO,
EVITANDO UM ASSALTO, FICA BEM GALARDOADO,
VOCÊS FICAM A LASTIMAR, ESTOQUES DE MIUDEZAS,
FOl ESTE O GRANDE PRESENTE, PRA VOCÊ NELE BOTAR,
QUE VOCÊS DEVEM G AN H A R ... MAS DEIXE ESSA MANlA,
QUANDO O POVO VAl PASSAR,
34 — PARA O CHlCÔ LEONEL, CADÊ A MERCADORIA?
COMERCIANTE QUERIDO, JUDAS VAl ME ENVIAR,
RECEBA, SEM MAlS TARDANÇA, NA ÉPOCA QUE NÓS ESTAMOS,
UMA OFERTA DE LEMBRANÇA: SÓ VIVE A SE LAS TIM A R ...
DUZENTAS SACAS DE FEIJÃO T ir e a s c a ix a s v e l h a s d a p o r t a ,
COM QUINHENTAS DE ARROZ, SENÃO VAI SE A C A B A R ...
DEZ FARDOS, DE MACARRÃO, OLHE O QUE VAI GANHAR,
PARÁ SUA MANUTENÇÃO. POlS EU SOU UM ENTE POBRE,
NA OUTRA SEMANA SANTA, MAS DESEJO LHE A JU D A R ...
VAI VlVER BEM DESCANSADO.
RECORDANDO MlNHA MORTE, 39 — SOBRINHO, MUNDlNHO FRANCO,
DE TUDO FICARÁ LEMBRADO. QUERIDO DO MEU VlVER,
"m
PRA VOCÊ EU RESERVEI, ADEUS, ADEUS, PAPAlZlNHO,
A HERANÇA QUE MERECER: ATÉ O PRÓXIMO ANO,
AS MINHAS PORCAS PARlDAS, VÁ LOGO SE PREPARANDO,
E A GATINHA MlMl, pra m in h a festa enfrentar...
VEJA, QUE GRANDE OFERTA,
EU ESCOLHÍ PARA T l . . . 45 — PARA ZULENA TAVARES,
QUE SEMPRE FAZ MEU TESTAMENTO,
40 — AO MEU QUERIDO ESPORTE, AS MINHAS CAIXAS DE JÓIAS,
TIME NOVO, EM POSIÇÃO, DEIXO, COM CONTENTAMENTO...
QUERO PARABENIZAR, MINHA LINDA RADlOLA,
COM A GRANDE RECEPÇÃO, PRA SUAS TERTÚLIAS FAZER,
CAMISAS NOVAS, CHUTElRAS, JUNTO COM SUAS COLEGAS,
ENTREGUES EM SUAS MÃOS, DANÇAR, TANTO, ATÉ VALER,
um l in d o cam po gram ado, TODA MINHA DISCOTECA,
PRA MELHOR ATUAÇÃO, VOCÊ TEM QUE RECEBER,
E, NO DlA DA ESTRÉIA, SEU MANlNHO É SEMPRE AMlGO,
DERROTAR, COM ANIMAÇÃO, LHE DÁ TUDO O QUE Q U IS E R ...
A TURMA DO F. HlGlNO,
A PIOR DA REGIÃO. 46 — REPARTI MlNHA FORTUNA,
NADA MAIS TENHO A DAR,
41 — A TURMA DO BARRO VERMELHO,
AQUELE QUE NÃO GANHOU,
EU TENHO QUE A JEITAR:
SE CONFORME, SEM CHORAR,
GALINHAS, PORCAS E CABRAS,
POIS EU SOU BASTANTE RlCO,
MAS ESTÃO SEM PODER ANDAR,
SEMPRE GOSTO DE A G R AD AR ...
VOCÊS TRATEM COM CUIDADO,
QUE DARÁ BOM RESULTADO.
47 — ADEUS, ESTUDANTES QUERIDOS,
A TROÇADA DA COZINHA,
MOTORISTAS E CHAPEADOS,
JÁ ESTÁ CLASSIFICADA...
CARROCEIROS, SAPATEIROS,
42 — AO MEU QUERIDO BERNARDO, A VOCÊS: MlNHA A M IZ A D E ...
DAS CASAS PERNAMBUCANAS, ADEUS, ATÉ QUE UM DlA,
TODAS CERVEJAS DO BAR, POSSAMOS NOS A VIS TA R ...
PARA SUAS CARRASPANAS,
E, DEPOIS DO MEU ENTERRO, 48 — ADEUS, CAFONAS DO CRATO,
VÁ SUA CARA ENCHER, CABELUDOS E MALANDROS,
MAS NÃO PRECISA CHORAR, ADEUS, CORÔAS ENFADADAS,
NA HORA DE ME SEPULTAR... QUE NÃO ME DERAM ATEN ÇÃO...
AS LABARÊDAS ME CHAMAM,
43 — PARA O POBRE DO PALMEIRAS, EU QUERO ME INCENDIAR,
QUE SÓ VIVE A LASTIMAR, ADEUS, BORRACHAS QUERIDAS,
BOLAS, CHUTElRAS, MElÀO, PAQUERAS DO MEU AMOR,
p a r a o t im e p r o s p e r a r , ADEUS, CIDADE MODELO,
POIS UM QUADRO COMO ESTE, CIDADE QUE PROSPEROU...
NUNCA PODE SE ACABAR,
JÁ FUI DIRETOR DE TIME, 49 — ADEUS, PAPAI GENEROSO,
E VlVl, A ME LASTIMAR, MEU FILHO, ZÉ DE ROBERTO,
COM ESTAS DIFICULDADES, O CAFONA: MESTRE NÉCO,
CADA UM PODE PASSAR, O MEU TIO, ZÉ DE BASTO,
MAS, ANTES DA MINHA MORTE, TODA A CLASSE OPERÁRIA,
UM A UM, QUERO B E IJA R ... QUE SEMPRE ME DEU ATENÇÃO,
OS QUE ME ACOMPANHARAM,
44 — PARA PAPAI GENEROSO, NO MEU CORTEJO AFAMADO,
EU NÃO TENHO O QUE DEIXAR: ME LEVEM LOGO PRA FÔRCA,
POIS ESTÁ MUITO VELHINHO, POIS JÁ ESTOU LIQ UIDADO ...
PRA MINHA FESTA ENFRENTAR,
RECEBA, COM MUlTO GÔSTO, 50 — ADEUS, CIDADE MODELO,
SAPATOS BRANCOS, QUE TENHO, EU JÁ VOU ME LIQUIDAR:
O SEU NÃO TEM MAIS SOLADO, A FORCA ESTÁ ME CHAMANDO,
A GENTE NÃO PODE VER, MEUS PECADOS VOU P AG A R...
139
EXPRESSO REAL CARIRÍENSE
7 horas
14 horas
Aos Sábados:
13 horas
as despejas de capital nas datas festi utópico gira em torno de um único en
vas de 20 de março e dois de novem te superior a todos os outros de sua
bro — caminhões vindos de localida categoria m ística — numa comunidade
des desde Manaus até Minas — com envolvida pelo secreto de uma nova
gente de todas as classes sociais. A teologia. Nada conseguiu deter o avan
indústria do milagre se faz continuada ço histórico desse fanatismo — se con
agora em versão mais industrializada servou os atributos feudais — as pes
e institucional — pois a municipalida soas trazem em si um sentido ideoló-
de abrigou em si as maquinações de gieo próprio — além da mentalidade
Nossa Senhora das Dores do Padre Cí inicial de crendice simplesmente. O
cero. Os outros santos inexistem — aspecto religioso se confirma em volta
sumiram atrás das imagens de gesso de Padre Cicero — não se deixando
do Padre, levando consigo Jesus Cristo levar além de Nossa Senhora das Do
e mesmo o Deus Católico Apostólico res — dentro de um risco calculado —
Romano — talvez ainda devido às re evitando-se que esta supere em força
pressões sofridas pelo antigo vigário celestial o poder do primeiro.
no início de sua carreira santificado- Aqui encerro este rápido esboço —
ra pelos donos da verdade cristã- pretendendo preenchê-lo com dados a
Juazeiro hoje é um campo vivo de serem pesquisados em breve.—
representação ritual de uma nova re
ligião em moldes diferentes de todos (1) Rui Facó — Cangaceiros e Fan á
os anteriores modelos. Seu sistema ticos Cpágs. 136)
político / social / religioso / celestial / Civilização Brasileira. 1972.
154
rira vasta fazenda de café em Ribeirão nagens com a maior facilidade.
Preto. A esta altura já gozava “de ótima
Cêdo demonstrou seu pendor para saúde, cousa que não se poderia pre
a leitura e um espírito curioso e agu ver em sua infância, e dispunha de
çado. Leu toda a coleção de Ju lio extraordinária capacidade de resistên
Verne antes dos doze anos. cia ao sono e aos esforços físicos”.
“Franzino de corpo, estatura me (Pollillo).
nor do que a média, cabeça muito gran Em 1898 construiu o seu primeiro
de para o seu conjunto somático, San balão — o BRASIL N.° 1, de uma série
tos Dumont precisava ser, constante- de doze com que iria encantar, com
mente, amparado, nas rixas infantis, suas aventuras nos ares, a população
pelos seus dois irmãos mais velhos, que da capital francêsa, e conquistar a sua
muito bem lhe queriam. Seja devido sociedade, abrindo-se-lhe, as portas da
á sua índole meditativa, seja por sua fama.
imaginação, sempre em atividade, seja Em 19 de Outubro de 1901, com o
pela fraqueza relativa ao seu físico, dirigível N.° 6, provou a dirigibilidade
que não lhe permitia brilhar nos brin do balão e o controle do vento, con
quedos entre os meninos de sua idade, tornando a Torre Eiffel e conquistan
Alberto costumava recolher-se ás lei do o ambicioso Prêmio Deustch.
turas. Lia tudo, mas, principalmente, Em 13 de Setembro de 1906 en
livros de proezas novelescas” (Raul' de saiou o seu primeiro voo de avião no
Pollillo). campo de Bagatelle — utilizando, pela
Seu Pai, homem bastante empre primeira vez, o mais pesado que o ar.
endedor, já negociara e plantara em Sucesso absoluto. No dia 23 de Outu
Rio das Velhas, Barbacena, Valença e bro, no mesmo campo, fez o seu voo
outras cidades, tendo se fixado defini oficial e consagrador, perante a Comis
tivamente em Ribeirão Preto, onde são do Aero Club de França, que lhe
prosperou admiravelmente com fazen concedeu, por isso, a Taça Archdeacon.
da de café, origem da fabulosa fortu Em 12 de Novembro de 1906 concorreu
na da família. e venceu a dois outros valiosos prê
“Algumas vezes, no verdor dos mios. Estava consagrado.
meus anos — confessa Santos Dumont, A França inteira se postava aos
sobre as leituras de Julio Verne, acre pés de homem rico e aristocrata, que
ditei na possibilidade de realização do regalava a sociedade com suas festas
que contava o fértil e genial roman e demonstrações de pompa.
cista”. Frequentavam-lhe a casa o Rei
Santos Dumont manifestava espe Leopoldo II, da Bélgica, o Príncipe de
cial tendência á mecânica. Dirigia, Mônaco, a Princesa Isabel, a futura
ainda criança, a locomotiva da estra Redentora, no Brasil, a Imperatriz Eu
da de ferro particular da Fazenda. gênia, a atriz Collete, Julio Verne, H.
Consertava a engrenagem de qualquer G. Wells, a Condêssa de Noailles, Mar
máquina quebrada, em casa. cei Proust, Joaquim Nabuco e outras
> Aos doze anos foi estudar no Co figuras famosas da vida francêsa.
légio Morton, em Campinas. E logo Santos Dumont era o “dandy” na
depois, ainda bem jovem, matriculou- correção e no zelo em seus negócios
se na famosa Escola de Minas, de e no impecável aspecto pessoal.
Ouro Preto. Na guerra de 1914 aliou-se nas tro
Entre 1888 e 1891 visitou Paris, pas francêsas contra o Kaiser, demons
sendo que, com a morte do Pai, em trando, com isso, seu reconhecimento
30 de Agosto de 1892, voltou àquela á França-
capital, tendo viajado muito até 1897, Deixando a carreira aeronáutica,
onde completou sua educação, leu não patenteou nenhum dos seus inven
muito, interessou-se pelos esportes mais tos, deixando-os para utilização da hu
aristocráticos, principalmente pelo au manidade.
tomobilismo- Ali, em contacto com Desde 1904 recebera do Governo
cientistas e inventores, desenvolveu francês a Comenda de Cavaleiro da
extraordináriamente sua inteligência, Legião de Honra. Em 19 de Outubro
e analisou máquinas, motores e engre de 1913 foi inaugurado em Paris um
155
monumento em sua homenagem, em gens, sem se d esfazer de um a só. Ã
Saint Cloud, quando ele disse, entre prim eira im agem , vista c o m clareza,
outras cousas — : “Este monumento, outras iriam se juntando.. .E m ais ou
mandando erigir pelo Aero Club de tras. P or fim , a cegu eira tornar-se-ia
França, me é duas vezes grato, é a inevitável, em consequ ência de tam anha
consagração aos meus esforços, e, co con fu são de im agens sobrepostas. Es
mo homenagem prestada a um brasi sas considerações, talvez aborrecidas e
leiro, reflete-se sobre a Pátria tôda”. um pou co abstratas dem ais são im por
A partir de 1914 empreendeu via tantíssim as p a ra se com p reen d er o des
gens a diversos países do mundo e fe c h o lógico da vida d e S an tos Du-
novamente a Europa. A partir de 1918 m onnt”.
fixou-se em Petrópolis, construindo, ali, Morto Santos Dumont — desgosto-
bonita casa de residência. Em 1931 foi so, sem dúvida, com a utilização do
eleito membro da Academia Brasileira avião como meio de guerra e destrui
de Letras. ção — seu coração foi conservado, de
Santos Dumont já éra, então, um pois de retirado do corpo inerme, re
homem profundamente doente, e esta verentemente, pelos médicos, como o
va prestes a cometer o suicídio, o que de Chopin, em Varsóvia.
o faria, em 23 de Julho de 1932. O Sabendo, doze anos depois, daexis-
fato, que abalou profundamente, o país tência dessa relíquia, Paulo Sampaio,
e a humanidade inteira, resultara do Presidente da PANAIR, conseguiu a
seu estado psíquico de ansiedade, de sua aquisição, e em monumento de ja-
pressão e desgosto, que o tornaram carandá, com capiteis de ouro, entre
“um homem brusco, de meias palavras, gou-o ao Ministro da Aeronáutica,
e soturno, portador de histeria mental. Salgado Filho, em 24 de Outubro de
Na análise de Raul de Pollillo, Santos 1944, durante a Semana da Asa. Ficou
Dumont sofria, também, do descontro muito tempo exposto no salão de hon
le da intimidade afetiva, quando afir ra da Escola de Aviação Militar do
ma : Campo dos Afonsos, e h oje está no
“Santos Dumont não desertou da Museu Nacional de Aeronáutica.
vida, na acepção comum da expressão. O Dia 23 de Outubro é considera
Expulsou-o dela a espantosa tragédia do o Dia do Aviador. A partir de 5
dos nervos q.ue se arrebentaram ao de Dezembro de 1914, pela Lei Federal'
cabo do decênio mais portentoso jamais 165, sancionada pelo Presidente Dutra,
vivido por um homem, filho de mulher, Santos Dumont passou a ser Tenente
á lúz do sol. Em dez anos consecuti Brigadeiro, homenagem póstuma do
vos de ação, a 1'abarêda do gênio lhe Governo á sua pessoa.
queimou a energia nervosa da vida Vendo seu coração exposto, afir
toda. A chamada velhice fisiológica mou Raul de Pollillo, seu maior bió
prematura do inventor brasileiro, não grafo :
foi velhice : foi a multa que ele teve “Não é sem um a em oçã o incalcu-
de pagar, por haver condensado, em lavelm en te profunda, m ista de ven era
apenas dez anos de sua vida, alguns ção, de org u lh o e de in efá v el alheia-
milênios de sonhos da humanidade m en to á s cousas terrenais e transitó
in teira... Por haver sobrevivido, como rias, que o espírito da gente se co loca
nume da mitologia, embora sendo sim em p resen ça d a p erp etu id aãe daquele
plesmente humano, á considerável so coração. Ele pulsou, com o nenhum
ma de ciladas que a Morte lhe armara outro, para a bondade, para a gran de
para apanhá-lo moço”. za da Pátria, para m aior lustre da ci
Gondim da Fonsêca assim analisou vilização, bem com o parai a beleza m ais
o trágico fim de Santos D um ont: am pla e m ais in ten sa de n ossa vida”.
“O p rocesso de sentir, de Santos
Dumont, deixava de ser curioso. E ra
um doen te de record ações. Não se de (Palavras pronunciadas no Rotary
sem baraçava d e nenhum a. Poder-se-ia Club do Crato, em 20 de Julho de 1973,
com parar a sua psiquique ao órgão vi por ocasião da homenagem a SANTOS
sual de um a criatura cu ja retin a guar DUMONT, no dia do seu centenário de
dasse tudo, sobrep on d o im agens a im a nascimento).
156
A J. DE FIGUEIREDO FILHO
I
EM BUSCA EA REMOTA E LENDÁRIA IBIAPABA,
QUE O FASCINA COMO UM TESOURO FULGENTE,
PERO COELHO DE SOUSA, EXTRAORDINÁRIO EMBOABA,
SEGUE, TODO AMBIÇÃO, ALGUNS HOMENS À FRENTE.
LUSO GUERREIRO AUDAZ, QUE SEMPRE MENOSCABA
O IMPECILHO, PERLUSTRA O LITORAL ARDENTE
DÊSSE NORDESTE A PÉ, E, INDO DA TABA À TABA,
SEM REPOUSO, DOMINA O INDÍGENA VALENTE.
ALCANCA A POUCO E POUCO A DESEJADA TERRA,
APÓS CONTÍNUA, VÁRIA E TRUCULENTA GUERRA,
DESVENDANDO AFINAL SUA ESTERILIDADE.
E, PRÓXIMO, SE LHE ERGUE, INDIFERENTE, A GUERRA
— ALTIPLANO DESNUDO — À VIVA CLARIDADE,
DESVENDANDO AFINAL SUA ESTARILIDADE-
II
— POUCO IMPORTA. SEM MEDO E SEM DESCRENÇA, AVANTE.
AFIM DE NÃO PERDER DE ESFORÇOS TANTOS MESES
EXPULSEMOS AGORA, UM POUCO MAIS DISTANTE,
DA COSTA MARANHENSE, AO MENOS, OS FRANCESES.
— NÃO. RFSPONDEU-LHE A TROPA, EM REVOLTA, ARROGANTE,
COM SUSSURROS HOSTIS E GESTOS DESCORTESES.
E ACRESCE JÁ SEM FÉ NO ESTRENUO COMANDANTE,
— VOLTAREMOS DAQUI. NÃO MAIS OUTROS REVESSES.
PERO COELHO DE SOUSA, ENTÃO DESANIMADO,
REGRESSA. MAS, DESLEAL, CÚPIDO, DESALMADO,
AO MODO DOS HERÓIS DE OUTRORA, AVENTUREIROS,
QUER O VENCIDO, QUER MESMO O IMPOTENTE ALIADO,
COMO ESCRAVOS CONDUZ TODOS OS PRISIONEIROS
— SEU LUCRO MATERIAL DOS TRABALHOS GUERREIROS.
III
EMBORA INEFICAZ A PRIMEIRA FAÇANHA,
O EGRÉGIO CAPITÃO, COM RENOVADO ALENTO,
LOGO NO ANO SEGUINTE, AINDA COM O MESMO INTENTO,
BUSCA EXPLORAR DE NOVO AQUELA TERRA ESTRANHA.
DENTRO EM POUCO, PORÉM, O ASSALTA O CLIMA EM SANHA,
UMA SECA. E ÊLE VOLTA, ESFOMEADO, SEDENTO,
COM OS SEUS. A UM FILHO VÊ MORRER DE ESFALFAMENTO...
E, POR FIM, VAI MORAR SEM RECURSO NA HESPANHA.
MAS A GLÓRIA COLHEU, MERCÊ DESSA OUSADIA,
DE FUNDAR NA COLÔNIA UMA CAPITANIA,
QUE PROVÍNCIA SE FEZ DE DILATADO IMPÉRIO,
E PODE SE TORNAR, EM NÃO REMOTO DIA,
MESMO NÃO TRANSCENDENTE, À CUSTA DUM MISTÉRIO,
UMA NOVA NACÃO DESTE RICO HEMISFÉRIO.
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CRATO CEARÁ
Cônego Manuel Feitosa
J. C A L Í O P E
A Revista Eclesiástica, do R !o, a expressão padre foi esquecida pelo
O Nordeste, de Fortaleza e A Ação, de tipógrafo e deu lugar àquêle cavaco.
Crato, bem como alguns dos intelec Vê-se, entretanto, que no trêcho se
tuais desta mesma cidade, ao tempo guinte, eu me referia a outros padres
do falecimento do saudoso Cônego Ma da família Feitosa que vieram depois
nuel Feitosa, deram notícias circuns do Cônego, dando a entender que se
tanciadas de tão infausto evento, no tratava de padres e não de leigos.
tícias que, o autor destas linhas agra Ainda por má sorte minha, no pe
deceu sobremaneira. ríodo seguinte, em que me referia aos
Pela amizade e gratidão, fiz publi outros padres da família, ficaram es
car na importante Revista ITAYTERA, quecidos os nomes dos padres Neri Fei
desta cidade, de número onze, fls. 127 tosa e Aquiles Feitosa que com os enu
a 136, um esboço da vida do Cônego, merados, ficaram residindo no Crato
sem nenhuma pretensão de historiar ou no Cariri, onde estão como vigá
acontecimentos, nem exaltar a figura rios, alguns dêles.
daquêle sacerdote que se fez conhecido Logo que verifiquei os enganos da
no norte, no centro e no sul dêste Es publicação, pedi para a Revista fazer
tado, onde desenvolveu sua atividade uma corrigenda, mas ainda, sem sorte,
como professor, como jornalista e co esta não saiu na ITAYTERA N.° 12.
mo vigário. Mostrei a pessoas da família, o
Transcrevendo o que dêle disseram engano e a corrigenda, nos autógra
seus bmgrafos, inclui os dizeres da fos em meu poder.
lousa que foi presenteada pelo saudo Quanto á família Feitosa, eu leio
so Bisno D. Francisco e pelo Mons. muito o Tratado Genealógico da Fam í
Antônio Feitosa. lia, escrito pelo saudoso Leonardo Fei
“Etian se m ortuns feu rit vivet- tosa, tio do Cônego e também o que
(Joan II, 25”). Significa, mais ou me escreveu o Dr. Carlos Feitosa, ilustre
nos, que está vivo entre nós aquele que rebento daquela família-
morreu e nos era caro. Para mim, o No livro se verifica que uma filha
Côneeo não foi esquecido. O ilustrado de Francisco Alves Feitosa, o primeiro
Gomes de Fre;tas, que honra os jo r que pisou no Ceará, casou-se com o
nais da canital e outras publicações João Cavalcante, do Cariri, naquêles
cearenses, fez publicar em iornal dali tempos idos.
e depois reoroduziu na ITAYTERA N.° Naturalmente sua família e mes
13, magnífico trabalho que historia o mo o casal, moravam no Cariri. Ou
povoamento dos Feitosas nos Inha- tra filha casou-se com Arnaud de Ho
muns. e no Cariri. landa, do Cariri. No inventário de
Muito grato fiauei ao Jornalista Francisco Alves Feitosa, feito em 1770,
emerito pelas referênc;as delicadas que constam sítios em Latão e Estivas, de
inseriu e pelos conhec!mentos que nos Santana do Cariri e em Engenho da
proporcionou com seu trabalho. Serra, de Crato.
Estranhando a referência minha Naturalmente alguém que herdou
de que aquêle sacerdote tivesse sido o êstes sítios, dos Feitosas, nêsse tem
primeiro da família a res’'d’r no Cariri po morou alí, como deve ter morado
prova o engano com datas e docu em Correntinho, de Crato, onde Ma
mentos. nuel Ferre5ra Ferro, filho de Francis
Quem escreve para a imprensa, co Alves Feitosa, possuiu terras.
tem que arcar com os erros tipográfi O Cônego Feitosa estava muito
cos e com os descuidos de revisão. distante dêsses seus parentes, em grau
■ Comido aconteceu que dizendo aue como no tempo dêles. Êle era o 32.°
o Cônevo Feitosa era o primeiro padre pentaneto de Antônio de Sousa Carva-
da família que vinha residir no Cariri, Ihedo, que como João Alves Feitosa, o
159
Do Instituto Cultural do Carírí ao
Secretário de Cultura do Estado
O INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI DIRIGIU AO Dr. ERNANDO
UCHÔA LIMA, ATRAVÉS DO GENERAL RAIMUNDO TELES
PINHEIRO, A SEGUINTE EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS, NA
QUAL JUSTIFICA A SUA SOLICITAÇÃO DE AJUDA DAQUELA
REPARTIÇÃO, AO NOSSO I C C , NO ANO DA CULTURA:
BLI
T E L E F O N E 232
C .G .C , 07.171.986/001 - C .G . F. 06217.242-5
C ra to - C e a rá
Cidadão do Crato
Tenho sido, a vida inteira, um ho C L Á U D I O M A R T I N S
mem à procura de um caminho. (Da A cadem ia Cearense de Letras)
Por isso, geralmente contrastante,
fiz muitas tentativas, perlustrei muitas um verso do próprio Casemiro, a cujas
verêdas, feri os pés nas pedras da es palavras recorro frequentemente, à
trada ínvia, de quase impossível aces guisa de recurso poético. Diz assim •
so, para chegar aqui, com um lugar
ao sol. ó que saudades que eu tenho
Em meio a essa gama de experiên Da aurora da minha vida
cias, nesta mesma heróica e inesquecí Pobre aurora
vel' cidade do Crato, iniciei minha pos Pobre vida
sivelmente frusta carreira de poeta de De menino abandonado
água dôce. Mas quanta alegria,
Mais tarde, ao verrumar os meus Quanta,
exatos pendores, em busca de vocação Naquele doce abandono
legítima, verifiquei que realmente de Sem afeto,
meu agrado seriam os estudos econô Sem carinho,
micos e financeiros. Nos descuidosos vagares
E como profissional do Direito — Que os anos não trazem mais
advogado, notário público, professor Na minha infância querida
de finanças e de legislação fiscal e de O Crato era bem pequeno
Direito Tributário — nunca, jamais, Mas para nós era um mundo,
me libertei das tenebrosidades dos in Nosso mundo de m en inos...
fo lio s da economia pública.
Assim, provido de tão antipoéticas Suas estradas de areia,
inclinações, não seria de supor, nem Suas ruas tortuosas,
mesmo por mim, cultor da antipoesia, O seu céu de primavera,
que, vez por outra, voltando às ori Ainda não perturbados
gens, eu reincidisse nas amenidades Pela civilização,
que só as musas proporcianam. Eram todinhos só nossos,
Mas tal aconteceu. Nossos, só
E aconteceu vezes sem conta, a De mais ninguém.
ponto de aventurar-me a publicar ver E sempre que apetecia
sos, a princípio, por insistência de um Sem camisas
cratense a quem sou muito afeiçoado Que não tínhamos,
— o pintor e gravador Sérvulo Esme- Fés descalços,
raldo. Braços nus,
Depois, por hábito e desfastio. íamos furtar sem remorsos
E numa dessas afoitas incursões O pomar de Siá Aninha,
pelo reino encantado de Camena, pres Ou tomar banho de açude,
sionado pela saudade imensa, me foi Brincar de manja,
dado imaginar uma conversa lírica
Ou de peteca,
com o vate Casemiro de Abreu. Con Açoitar os mais franzinos,
versa em aue relato as profundas ra
Travar batalhas a pedras,
zões do meu apêgo a esta querida e Rolar á noite na areia,
generosa comunidade caririense, em
Com as filhas da vizin ha...
cujo aconchêgo modelei toda a minha
formação, desde a ma's tenra idade, se Naqueles tempos ditosos
é que se pode chamar de tenra a in O Crato tinha de tudo,
grata e trabalhosa infância do meni Tinha o Poço-da-Eseada
no pobre. Nossa piscina de pobre,
A essa conversa-poema de minha O Cinema Paraiso
ternura pelo Crato, dei o nome de Com Carlitos,
Ó QUE SAUDADES QUE EU TENHO, Com Tom Mix,
165
Feiras livres, A rua era nossa escola,
Cantadores, Palmatória era o estímulo
E muitas e muitas vêzes, Ao invés de corretivo.
O grande Circo Olimecha Nossos pais não tinham tempo
De fama internacional. E a sua pedagogia
— Hoje tem espetáculo ? Era o rêlho,
— Tem, sim senhor ! Era o chicote.
— Ás 8 horas da noite ? No entanto, Casemiro,
— Tem, sim senhor ! O que é bom sempre tem fim.
— Olha a negra na janela Um dia chegam desgraças:
— Tem a cara de panela! Trem,
— Olha a negra no portão Automóvel,
— Tem a cara de tição ! Avião,
Tomando conta da rua,
— O palhaço o que é ? Mudando a face de tudo,
— É ladrão de mulher ! Destruindo o nosso mundo,
Nosso mundo de m eninos!
— ó raio
O Crato não foi mais Crato
— ó sol
Ficou tudo lá pra trás.
— Suspende a lu a ...
Passou tudo,
O palhaço ord ena: Morreu tudo,
Até mesmo, Casemiro,
— Anima, rapaziada da canela fina ! A nossa infância querida
E a vida estrugia Que os anos não trazem mais !
E a negrada vibrava Quem me dera, Casemiro,
Espalhando pela cidade virgem Aqueles tempos to rn a r!
O nosso contentamento sem limites. Quem me dera, Casemiro,
O negro Vicentinho, Moleque voltar a ser !
Eem á frente Gritar palhaço nas ruas,
No braço magro exibindo Encher de frutas roubadas,
A cruz branca de alvaiade Os bolsos por a c o lá !
A cruz branca que era seu ingresso De que me valem tesouros,
Enchia de inveja o filho do Promotor De que me valem honrarias,
Que não podia ser moleque! De que me vale o que tenho,
Nossas almas, Casemiro, Se tudo daria
Tão mal guardadas, Por aquilo que não tive,
Tão soltas, Na minha infância querida,
Não respiravam inocência Que nunca mais há de vir ?
Essa inocência tôda ó que saudades que eu tenho
Pois as côxas torneadas, Da aurora da minha vid a...
Roliças, Meus senhores:
Gordas, Trago, para a beleza e grandêza
Eonitas, desta solenidade, êste momento íntimo
Da menina do trapézio e marcante de minha vida, bem vivida,
Do grande Circo Olimecha tão só para justificar ou explicar a
J á eram acenos lúbricos desmedida vaidade que me leva a acei
A nossa precocidade- tar homenagem tamanha.
No jogo de cobra-cega Quando dirigidas a mim, sou vis
Era sempre Mariazinha, ceralmente infenso a manifestações
Tão mansa, como a que ora presenciamos.
Tão boazinha, Amiúde posto á prova, quando,
Que gostávamos de agarrar. ocupei posições de destaque, sempre,
por questões de princípios, as recusei.
Mas que vale, Casemiro, Além de incômodas aos meus in-
Nos dias de minha infância coercíveis acanhamentos, não creio na
166
pureza do incenso, quando a gente só tas cousas do Deus que amava, tive
tem o que dar. que conformar-me com as cousas do
Não creio, sobretudo, no prestígio Demo, que estavam ali, fervilhantes,
outorgado por sucesso fortuito, pela nas ruas perdidas de minha cidade.
desvalia da fortuna vã ou por bam- E em meio á molecagem desen-
búrrios de sorte. freiada, em companhia dos filhos do
Por isso, coerente com essa filo Professor Bezerra, do cego Cleto, de
sofia de vida, prefiro ser um anônimo Melito, de Jocel Militão e outros não
a sentir, na planície inostensiva, o menos famigerados e queridos capitães
calor da verdadeira amizade, a lisura das traquinagens de minha infância,
dos gestos grandiosos. fui aprender um ofício.
E nada mais verdadeiro e mais no Primeiro, alfaiataria — e não pas
bre que o bem que ora me fazeis. sei de um chuleio de u’a manga de
Há pouco menos de dois anos, palitó. Depois foi a Tipografia, a Ga
quando tive o privilégio de receber e zeta do Cariri, com um gerente durís
saudar, na Academia Cearense de Le simo, cujo nome esqueci de propósito,
tras, o jornalista, poeta e escritor Dur- e amigos como Zuza Chato, que reen
val Aires minhas insopitáveis remem- contrei mais tarde em Fortaleza, o
branças arrastaram-se, invencivelmen mesmo companheiro, que gostaria de
te, para o chamego das vastidões ca- rever.
ririenses, o lar comum, o insubstituí A Tipografia foi minha verdadeira
vel lar. escola.
E repassei emoções e bemqueren- Compondo, letra a letra, artigos
ças. Analisei no poeta da terra do de Otacílio Macedo, de Celso Gomes de
Pe. Cícero minha própria meninice- E Matos e de padres eminentíssimos, a-
fiz ver, em exageros de recordações prendi a escrever corretamente, sem as
gratíssimas, que só duas forças seriam complicações da gramática ou os mis
capazes de propelir, para u’a migração térios da filosofia.
forçada os que, como nós, aqui deitam E daí, dêsse aprendizado incomum,
raizes: a fome das sêcas e a fome do poder, bem cêdo, trocar os romances de
saber. capa e espada de Michel1 Zevaco, pelos
Ninguém será capaz de sentir mais clássicos portuguêses e brasileiros
do que eu a sincera aflição do poeta Até então cursara apenas a escola
Zé de Matos, ao extravasar, em amar da Beata Neves — Santa Beata Neves !
ga despedida: — que tanto fez pela pobreza desta
“ADEUS CIDADE DO CRATO terra.
QUERERES DA MINHA VIDA. Estivesse em mim, e eu lhe ergue
LEVO SAUDADES DE TI, ría uma estátua em praça pública, pois
RAPADURA E RAPARIGA”. maior que ela, na minha afeição, so
A prova lírica vos dei há pouco. mente o Pe- Francisco de Assis Pita,
A prova provada vos dou agora, a quem o Cariri e adjacências devem
afirmando, igualmente com absoluta o melhor de sua projeção cultural E
sinceridade, que êste é o momento nós, os de nossa geração, tudo o que
mais enternecedor de minha agitada somos hoje.
existência. Na Gazeta de Bruno de Menezes
Meus am igos: permanecí tempo suficiente para ali
Cresci no Crato e com o Crato. cerçar meus conhecimentos. Mas um
Quando, aos oito anos de idade, dia meu pai e meus irmãos decretaram
recobi de meu Pai diploma de homem que eu deveria subir na vida. De ti
feito, comecei a trabalhar. pógrafo e distribuidor de jornal, guin
Naquele tempo, aqui nestas para daram-me a comereiário.
gens, ao menino classe-média só res Esse foi, pois, sem dúvida, o gran
tavam dois caminhos : ser operário ou de momento de minha adolescência.
simular vocação sacerdotal, quando Um cratense invulgar — o Cel.
não a possuia, e ingressar no Seminá Luis Teixeira — resolveu, em sua inex-
rio. cedível bondade, desviar-me, dos peri
Sem qualidades para mascarar gos em que me abismava, até ali, e
tendência mínima para as sacrossan integrar-me em plano social mais alto.
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Fez-me amigo e colega de seus fi Ciências Econômicas, Escritor, Acadê
lhos — Luizinho, de cuja intimidade mico, Secretário de Estado, e, acima de
participei até seu recente passamento, tudo, muito acima mesmo, filho ado
e Newton Teixeira, que me incentivou tivo do Crato, o maior galardão que
e deu coragem quando mais eu pre poderiamos, eu e ele, almejar.
cisava. Creio que agora compreendereis
Em consequência dêsse apoio, ou minhas palavras iniciais.
tras significativas amizades brotaram : Sobretudo, minha emoção.
Moisés e Julio Teixeira, Pedro Macário A emoção que sente um filho es
de Brito, Eli Norões, Raimundo Siebra, piritual desta terra, recebido como fi
Luiz Gomes, Ernani e Elmar Brígido e lho verdadeiro.
Silva, Tomé Cabral, Raimundo Esme- Emoção, ainda, por haver tudo
raldo, Pedro e Unias Norões. E outros isso acontecido, por fôrça de iniciativa
mais. de um homem simples, como o é, sem
Aos quatro últimos — Tomé, Rai favor, o Vereador Virgílio Xenofonte
mundo EsmeraMo, Pedro e Unias No de Oliveira.
rões — devo novo acesso. Dessa vez Não o conhecia pessoalmente, e o
foi o milagre do meu ingresso no Gi pormenor valoriza, infinitamente, a
násio do Crato, fundado no ano an nobreza do gesto. Gesto que não po
terior. derei esquecer jamais, pois que, sem
Foram eles e a coragem de meu o saber, Virgílio me deu o prêmio que
pai e a larguêza de um irmão, que me sempre am bicionei: A Cidadania Cra-
induziram a deixar o emprego útil a o.'.se !
mim e aos meus, para seguir, afinal, Quero e amo, sem reservas, minha
o meu destino. terra de nascimento, a cidade de Bar-
O Pe. Pita, esse admirável e in fcalha. Mas sou um produto do Crato,
compreendido bemfeitor, acolheu-me de suas virtudes e defeitos, de sua
sem condições, como se eu fôra um grandeza e viscissitudes.
milionário. Quando o Crato ainda não conhe
E se eu, desastradamente, não ti cia automóvel, nem trem, nem avião,
vesse revelado inclinação para o saxo eu já lhe vivia os prazeres simples.
fone, ele me não teria obrigado, de E com ele cresci.
pois, a ser músico de sua famosa ban Com ele me fiz homem.
da, em companhia de Pedro Pinheiro E pela bondade imensa dos que
de Melo, no trombone, Walter e Elio- hoje lhe asseguram a pujança, me
mar de Sá Cavalcante, mais tarde D. torno um dos seus cidadãos.
Jerônimo, na trompa, Fran Martins, Obrigado, meu caro conterrâneo
nos pratos, além de outros bambas da Virgílio Xenofonte de O liveira!
época, em instrumentos mais esquisi Obrigado, meus queridos amigos
tos, ainda. da Câmara Municipal do Crato !
O Ginásio do Crato foi o ponto Obrigado, Sr- Prefeito, dileto ami
final de uma fase plena de atribula- go Pedro Felício Cavalcanti.
ções e o começo de uma carreira que Obrigado meu povo.
meu Pai me ajudaria a perlustrar- Povo bom do Crato, povo privile
Quando chegou o momento de cur giado, pois que, imune das agruras da
sar uma Faculdade, ele vendeu o pou saudade que acompanha os que daqui
co que aqui possuia e transmigrou pa se vão, tem a ventura de permanecer
ra a cidade grande, a fim de que eu fiel e unido á maior terra do mundo !
e o Fran não nos privássemos disso. (Discurso pronunciado na soleni
Grande e admirável Pai, que, la dade de outorga do Título de Cidadão
mentavelmente, não conseguiu viver Cratense, na Câmara Municipal do
até testemunhar seus filhos atingirem Crato, na sessão solene de 03.03.74,
a meta que ele visualizara: presentes, entre outros, o Dr. Ernando
— Um Criador de Universidades, Uchôa Lima, Secretário de Cultura do
um Mestre em Direito Comercial, um Ceará, o Dr. Joaquim de Figueiredo
Doutor em Odontologia e também Rei Correia, ex-vice-Governador do Ceará,
tor, u’a Médica, e seu ex-moleque cari- o Prefeito Pedro Fehcio Cavalcanti, e
riense, transformado em Doutor em outras altas personalidades).
168
Catullo Cearense
POETA E LETR ISTA
P kdro G om es id e m ato s
Entre fins do século passado e as Grieco, crítico dos mais agudos das le
duas primeiras décadas do atual não tras brasileiras. A ele Catullo dedicou
havia, no Brasil, quem não conhecesse o seu livro “Poemas Escolhidos”. Es
Catullo da Paixão Cearense. Quem não sa obra alcançou 50 edições.
cantasse as suas modinhas, quem não Ainda agora, modernistas do por
soubesse de cor os seus versos, impreg te de Mário de Andrade e Sérgio Bu-
nados de lirismo, plenos do mais sen arque de Holanda mostram-se sensíveis
tido nacionalismo- à poesia “bárbara e bela” de Catullo
Era a sua poesia a alma e o cora da Paixão Cearense.
ção de um povo- Não a do povo do Mário de Andrade afirma, categó
litoral, mas a do que, personificada no rico: “Catullo é o maior criador de
caboclo, existiu, no sertão, em princí imagens da poesia brasileira”.
pios do século X IX. E Sérgio Buarque de Holanda diz
Ao produzir Meu Sertão, S ertão da “surpresa, do encantamento, da
em Flor, P oem as Bravios e Mata Ilu comoção”, que provocam suas estrofes
m inada, afirmava-se Catullo um gran (Fernando Góes)-
de poeta, poeta original e único. Era Catullo pouco mais do que um
No sentimento de nacionalismo menino quando compôs a primeira
iguala-se a Gonçalves Dias. Aliás, am modinha Ao Luar, que começa assim:
bos nasceram no Maranhão. Um na “Vê que amenidade, que serenidade/
cidade de São Luís (Catullo) o outro tem a noite, em meio / quando, em
nos arredores de Caxias no sombrio branco enleio, / vem lenir o seio de
da mata virgem frente a uma nature algum trovador”.
za onde as palmeiras e os nativos ba No dizer de Saul de Navarro, foi
baçus dominam por inteiro a paisa Catullo o “rapsodo da nossa musa a-
gem. nônima, a viola que tange o coração
Como trovador, e em popularida da raça, o lábio que balbucia o idioma
de, foi Catullo da Paixão Cearense o que vai plasmar os anseios e a sen
Roberto Carlos de nossos dias. Can sualidade, a imaginação e „ a volúpia
tou para o povo, e para os maiores da nossa g e n s . .. ”
espíritos do tempo. Talvez com o seu desaparecimen
Nenhum escritor, nenhum crítico, to tenha tombado “o último ipê dou
nenhum intelectual em evidência, dei rado, a resistir, impávido, aos lenha
xou de manifestar aplausos a Catullo dores do país antigo e tradicional”.
da Paixão Cearense. Foram eles: Pe Pena não tenha tido Catullo
dro Lessa e Pontes de Miranda; Gui (quanto ao léxico por ele atribuído ao
lherme de Almeida e Antônio Torres; homem do interior) a fidedignidade, a
Mário de Alencar e Humberto de Cam autenticidade de Mistral, “que fez obra
pos; Alberto de Oliveira e Coelho Ne de arte com os elementos fornecidos
to; Roquete Pinto e Afrânio Peixoto; pelo povo”.
Câmara Cascudo, Fernando Nery e Se assim, a sua obra teria o sen
Assis Cintra, dentre outros. tido sociológico, e histórico, da de Jo
Rui disse concordar com Júlio sé Lins do Rego, da de Euclides, da
Dantas em que os “versos de Catullo de José Américo de Almeida, da de
possuem um encanto irresistível”. Raquel de Queirós.
Vez por outra, visitava-o Agripino Como quer que seja — a afirma
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tiva é de Humberto de Campos — re E diz, não sem um quê de vaida
cusar a Catullo da Paixão Cearense de e orgulho, em O Poeta do Sertão:
um alto engenho poético seria contes
tar, na claridade do dia, a existência “Não há, poeta, não há
do Sol. Poucos espíritos, entre nós, Cumo us fio do Ciará”.
foram dotados de imaginação tão vi
gorosa, e nenuhm até hoje, de imagi Falava nele a voz do sangue- E
nação tão ingênua, tão fresca, tão na desta terra, isto é, de Maranguape, on
tural. As suas imagens no Meu Ser de afinal vem Catullo, no bronze, con
tão, no Sertão em Flor, nos Poemas templar os seus anfiteatros de granito,
Bravios, em Mata Iluminada, têm a guardou ele, adolescente, imagens que
suavidade, a graça, a singeleza feliz jamais, pelo tempo em fora, se apa
das manhãs de inverno nas altas ser garam de suas retinas e serviríam, co
ranias do nordeste. Sente-se ao ler mo serviram, de inspiração à sua poe
os seus grandes poemas daquela fase, sia.
o gosto das frutas, o cheiro das flores Cie conquistou um lugar de honra
silvestres, e um barulho dágua virgem, em nossa música popular. E embora
tombando nas encostas da serra. Sur fosse, no fundo, um homem simples,
preendido nas origens, o regato de sua cultivava a vaidade, talvez por conhe
poesia é o mais delicioso que o Brasil cer sobejamente seu próprio valor.
tem visto manar no sistema potamo- (Ary Vasconcelos).
gráfico da sua literatura. Dá ele idéia, Um dos seus maiores triunfos foi
aí, dos tempos inocentes da humani ter convencido Alberto Nepomuceno,
dade, da quase alvorada do mundo, da em 1908, então diretor do Instituto Na
hora radiosa em que o homem acor cional de Música, a realizar no salão
dava com a saúde do corpo e a alegria de concertos do Instituto um recital
na alma para o dia da civilização. de violão então considerado um ins
Poucos povos modernos possuirão um trumento bastardo ou “uma espécie de
exemplo tão precioso de inspiração na arma proibida”, na expressão de Hum
tiva e pura. (in Crítica, I a Série). berto de Campos.
Autodidata, Catullo da Paixão Catullo viveu numa época em que
Cearense chegou a fazer traduções de os poetas, tais como Alberto Guima
poetas famosos (Lamartine, por exem rães, Olavo Bilac, Emílio de Meneses
plo). (e ele próprio) gozaram de imenso
Frequentou o parnasianismo, o prestígio. Davam recitais e, na rua,
condoreirismo e um dos gêneros mais eram reconhecidos por todos.
difíceis da arte poética — a trova — Com os pés no chão, desconheceu
pelo rigor da síntese na manifestação o Parnaso.
do sentimento. As poesias que o povo admirava
Veja-se, a propósito, essa estrofe nele eram justamente aquelas com
de sua lavra: cheiro de terra, que falavam de amo
res e infortúnios da nossa cabocla,
“Qual seria o anel do poeta que reproduziam a nossa linguagem
Se o poeta fosse doutor ? com os seus defeitos, que viam o mun
— Uma saudade brilhando do e as coisas com uma sensibilidade
— Na cravação de uma dor” nossa. Por isso o povo deu-lhe um
busto em vida, reunindo tostão por
Através de histórias, e de uma sé tostão, para perpetuar a admiração
rie de adjetivos, muitos foram os que por seu poeta. Memorável campanha
procuraram desmerecê-lo. do jornal A Noite.
Em toda a sua obra, o Ceará é Do que foi a audição por ele le
uma constante. vada a efeito no Palácio do Catete, a
convite do Marechal Hermes, dá-nos
Em Terra Caída o menestrel re testemunho Dona Nair Teffé da Fon
corda : seca :
“Essa audição de Catullo no Pa
“Faz hoje sete janêro lácio do Catete, constitui o maior su
Que eu dêxei o C ia rá ...” cesso a que um verdadeiro artista po-
170
deria aspirar em toda a sua vida. Ca de Almeida, que, por sua vez, tiveram
tullo, ao término de cada canção que em poemas seus excelentes músicas
interpretava, recebia da culta assis colocadas por Catullo.
tência uma ovação delirante. Todos Serviu como contínuo do Cais do
o aplaudiram de pé. E ele bem o me Porto e depois como estivador. Dessa
recia pelo seu gênio e seu irresistível dura situação retirou-o a esposa do
poder de transmissão de sentimento. parlamentar Silveira Martins, convi
A audição valeu-lhe mais que a- dando-o para lecionar a seus filhos.
plausos: Catullo saiu de lá pratica Com o lançamento de Meu Sertão,
mente nomeado para um cargo na em 1918, iniciou-se a glorificação lite
Imprensa Nacional. Depois que assu rária de Catullo. Das duas criações,
miu, seus inimigos fizeram chegar aos as mais populares fo ra m : Luar do
ouvidos do presidente que Catullo só Sertão, Ontem, ao Luar, C abôca di
comparecia à repartição uma vez por Caxangá e F lo r A m orosa, que, por si
mês, para receber os vencimentos. O nal, reproduz um dos momentos do
Presidente desfazia a intriga, desar filme da Atlântida E sse M ilhão é Meu-
mando seus autores- O sepultamento de Catullo (o cor
— Catullo é mesmo um maluco. po foi levado em cortejo a pé para o
Quem mandou ele ir ao serviço ? cemitério de São Francisco de Paula,
As histórias dos empregos de Ca em Catumbi) — conta seu amigo Car
tullo foram um verdadeiro anedotário. los Maul — não foi um fato comum
Conta Bastos Tigre que certa vez o na vida da cidade. A Banda do Cor
poeta foi surpreendido por um tele po de Bombeiros ia tocando a M archa
grama que exigia sua presença no Mi F ú n eb re; atrás da carreta com o cor
nistério da Viação, para o qual fora po ia grande massa popular. À pas
nomeado pelo Ministro Pires do Rio. sagem do féretro, as casas comerciais
O movimento de 1930 tinha vencido, cerravam as portas; as bandeiras es
cuidava de moralizar o serviço públi tavam em funeral. Quando o corpo
co, plataforma de toda revolução que chegou ao cemitério, havia milhares de
se preza. O chefe de gabinete do Mi pessoas à espera.
nistro José Américo quis saber tudo Os discursos de personalidades fi
o que ele fazia (ou não fazia) na re zeram a cerimônia entrar pela noite.
partição. Uma lua imensa começou a luzir no
— Qual o seu cargo aqui ? céu, e expontâneamente o mexicano
—Datilografo. Alfonso Ortiz Tirado, tenor e médico,
— E se fosse preciso realizarmos começou a cantar baixinho Luar do
um teste de datilografia, que máquina Sertão. Em pouco o rumor de milhares
o senhor escolhería ? de vozes a acompanhá-lo dominou a
Catullo ficou embatucado. O che noite : “Não há, ó gente / oh, não, /
fe de gabinete in sistiu : cada datilo luar como este / do sertão. . . "
grafo se habitua a um tipo de máqui Toda a fortuna de Catullo era is
na. Sem saída, o poeta encontrou to : a adoração popular.
esta : E para que mais se possuía ele, a
— Bem, nesse caso, prefiro uma maior, a mais augusta das realezas,
Singer. que é a realeza do gênio, na concei-
Filho de Amâncio José da Paixão tuação de Ramalho Ortigão.
Cearense, ourives e relojoeiro, natural Nos últimos anos de vida, Catullo
do Ceará, e D. Maria Celestina Braga morou num barracão de madeira na
cia Paixão, natural' de S. Luís do Mara antiga Rua Francisca Méier, 21, hoje
nhão nasceu a 8 de outubro de 1863 e Rua Catullo da Paixão Cearense, no
faleceu no Rio de Janeiro (G E ), onde Engenho de Dentro, subúrbio carioca.
sempre viveu, a 10 de maio de 1946. Ao barracão ele deu o nome de “Pa
Contava 83 anos de idade. Perdulário, lácio Choupanal”. Ali recebia velhos
morreu pobre. Deixou magnífica ba amigos, antigos companheiros da esti
gagem de letras das quais algumas va e visitantes ilustres. Entre eles,
com músicas de famosos cultores da Júlio Dantas e Monteiro Lobato.
música popular brasileira : Anacleto Obscuro cultor das letras, e peni
de Medeiros, Ernesto Nazaré e Irineu tente de quantos a si mesmos pelo es-
171
de Leííura
(A V I D A DE ED U A R D O P R A D O )
RAIMUNDO BORGES
Que esplendida floração de talen ios sertões de Minas e da Bahia para
tos tem sido a deste País ! embarcar, em Salvador, num navio in
Desde moço tinha eu ouvido falar glês que o conduziu ao Velho Mundo.
de Eduardo Prado como diletante, ho Mas, só agora, me apercebo do va
mem de fortuna, vivendo mais na Eu lor intelectual imenso desse homem
ropa do que no Brasil, figura indis extraordinário.
pensável' nas rodas de homens de le Descubro, casualmente, na Biblio
tras como Eça de Queiroz, Joaquim teca da Faculdade de Filosofia do
Nabuco, Ramalho Ortigão, Rio Branco, Crato “A Vida de Eduardo Prado”
Graça Aranha, etc., em Paris, ou na de Cândido Mota Filho, e me entrego
sua luxuosa Fazenda no interior de ávido à sua leitura.
São Paulo. Ao terminar, senti-me tomado de
Dividia a vida entre os intelectuais, um grande arrependimento, ou de uma
os livros e o campo, onde também espécie de quasi remorso, por haver
mantinha rica biblioteca. só agora entrado em contacto com a
Falava-se nele sobretudo como jor obra do notável paulista.
nalista desabusado e, depois, como Porque, na verdade, nessa magní
polemista que se notabilisara com a fica biografia, está em síntese traçada
publicação do seu livro "A Ilusão Ame toda a produção literária de Eduardo
ricana”, vindo à luz depois de procla Prado pela pena agil, vibrante e, so
mada a República e que lhe valera a bretudo, veraz de Mota Filho.
expatriação para a Europa no gover Jornalista, polemista, cronista, con-
no de Floriano, fugindo a cavalo pe- ferencista, escritor, tudo isto foi o au
tor de “Ilusão Americana”.
forço e os méritos se estatuam, asso É pena que a sua vida, algo dis
cio-me, comovido, a homenagem que, persiva, não tenha permitido nos dés-
com a inauguração desta herma, ora se ele, como escritor, a obra prima
se presta a Catullo da Paixão Cearense. que seria de esperar de sua imensa
E valho-me do ensejo para redi- cultura e da facilidade que tinha de
zer, como o fez Machado de Assis ao expressar em grande estilo seus pen
pé da estátua de José de Alencar, cor samentos.
rigindo o desalento do autor de O Também lhe foram curtos os dias.
G u a ra n i: “nem tudo passa sobre a Faleceu de febre amarela em pleno vi
terra”. gor físico com pouco mais de 40 anos.
(Palavras proferidas em 31.01.74 Mota Filho revelou-me com o seu
por ocasião da inauguração da herma trabalho o escritor de raça deformado
de Catullo da Paixão Cearense na pela fama de rico, de gastador, de
Praça Desembargador Pontes Vieira, boêmio, habitual das noitadas alegres
Maranguape). de Paris; tanto que até se atribuía a
êle, com visos de verdade, a figura do
FO N TES: Jacinto, o ultra-civilizado da “A Cida
1. Ary Vasconcelos — P anoram a de as Serras” de Eça.
da Música Papular Brasileira, I o volu Dou-me por bem pago da leitura
me. Martins. 2. Raimundo de Meneses quasi ininterrupta que fiz, suspensa
Dicionário Literáriio Brasileiro, 2o vo apenas, aqui e ali, pelas tarefas mais
lume- Saraiva. 3. Abril Cultural — urgentes de afanosa atividade profis
Contra-capa do long-playing — Catullo sional.
da Paixão C earense — Cândido das Ne Ufano-me de incluir mais um na
ves (índio). 4. Humberto de Campos. galeria dos escritores brasileiros da
Crítica. I a Série minha admiração.
172
A ntônio de A lencar A r a r ip e
Lms pa t o
Tomei cedo conhecimento da vida mos. Pensei que Otacílio Anselmo ti
do Cangaço. Meu pai, homem da roça, vesse feito ponto final nas arengas
íoi incumbido de parlamentar com caudilhescas do Ceará. Mas Nertan
Lampião, em Belém de Guarabira. vem agora com a biografia do baiano,
Depois, alfabetizado, li os folhetos de o “Doutor”, trazendo fotos novas e
feira. Só muito mais tarde, quando novidades novas que nos alarmam, pa
alguma substância me chegava à ca ra a futura história do caudilhismo
beça, li “Terra de Sol”, o grande e Hispano-Americano da vida republica
imortal livro do meu fraterno e sau na do Brasil. Duas afirmações não
doso amigo Gustavo Barroso. Daí por aceito: quanto ao depoimento de Lam
diante, à medida que os conhecimen pião sôbre José Pereira Lima, de Prin
tos humanísticos cresciam e a ação cesa, na Paraíba, que não era absolu
jornalística na capital paraibana e no tamente o que êle diz, e quanto ao
Recife, novas etapas surgiam-me, como assassino do Padre Aristídes, de Pian-
conhecimento da fenomenação caudi- có, pela Coluna Prestes, uma vez que
Ihesca do Nordeste, tema do meu en o Padre Manuel Otaviano, figura das
saio inédito “Introdução à História maiores tías letras nordestinas, adver
Política da Paraíba”. Nertan Macêdo sário do Padre Aristides, no seu livro
é, dos pesquisadores sérios do Brasil, “Mártires de Piancó” dá-nos versão
o mais preciso, sobretudo no que tan mais segura, dado ter sido testemunha
ge ao estudo sociológico do Ceará. ocular dos acontecimentos. Floro, co
Afirmei há dias ao dr. Pompeu de mo se pinta no romance de Nertan
Souza a grandeza literária da sua ter Macedo, nada mais é senão o Pinhei
ra, justificando as minhas afirmativas. ro Machado mirim do Ceará. Baiano,
O cangaço, beatos e cangaceiros, é te médico, fracassado, inteligente, viu no
ma hoje estudado e definido, faltando Padre Cícero a motivação da sua as-
apenas relacionar o local com o na cenção. Foi, viu e venceu. Nada mais.
cional. O caudilhismo não era cea Quanto à política, era a mesma no
rense nem paraibano, era, sim, bra Ceará ou na Paraíba, ou em Goiás.
sileiro, depois da República. O livro Escandalizam os fatos. Um presidente
de Otacílio Anselmo, sôbre o qual' es da República dando mão forte a can
creví, na minha opinião, é o grande gaceiros . . . Graças a Deus, nesse par
depois de Gustavo Barroso. Mas Ota ticular, o Brasil evoluiu muito. Jam ais
cílio, bom pesquisador, é polêmico. voltará a Pinheiro Machado, Brizola
Nertan Macedo difere na sua grande “et caterva”. Somos hoje um País
obra. Suas pesquisas são magistrais, crescendo para o grande futuro que
imprescidíveis ao estudo futuro da his nos aguarda. O pesquisador amadu
tória do Brasil que não se escreveu recido e honesto Nertan Macedo vem
ainda. Seus estudos sôbre Lampião e prestando grandes serviços às letras
Antônio Conselheiro são panorâmicos. nacionais com os seus livros, dos me
A origem dos Maciel é obra definitiva. lhores e mais sérios que temos. Sou
Andei por Fortaleza, em 1958. Fiz duas nordestino, dedicado à região, conhe
conferências na terra de Iracema ço os fenômenos que por lá se passa
Dolar Barreira, que saudade, Raimun ram e sei que, os isolar, é desservir
do Girão, Abelardo Montenegro, o po- à Pátria, mas estudá-los serenamente
lígrafo, terra e gente, amor e vida. é possibilitar a harmonia de um julga
Agora leio “Floro Bartolomeu”, o mé mento definitivo.
dico caudilho, da Bahia, enclausurado
em Juazeiro do Padre Cícero. É livro
de pesquisas dos maiores que possui- Diário de Notícias - Salvador - BA.
190
LOJAS AZTECA
9
C a lç a d o s e C o n fe c ç õ e s
Por nímia gentileza dos companhei que semeou, o mais merecido e expres
ros do Instituto Cultural' do Cariri, sivo preito de admiração e de reconhe
aqui estou, o mais simples de todos cimento. ,
eles, esmagado pela responsabilidade Vivendo, realisticamente, as radi
de servir de intérprete dos sentimen cais transformações por que vem pas
tos do renomado grêmio dos intelec sando a Igreja, mantem-se, não obs
tuais do Crato, no momento em que se tante, ou por isso mesmo, em admi
faz, solenemente, entre justas manifes rável compostura, conciliando ao mes
tações de apreço, o lançamento do li mo tempo os absorventes interesses da
vro: “A Serviço da Palavra — ao im vida material dos semelhantes com os
pacto das mudanças”, da autoria da transcendentais problemas que tanto
exponenciál figura de homem de pen afligem na hora presente a alma hu
samento e ação que é Mons. Rubens mana, realizando num prodígio de a-
Gondim Lóssio, Magnífico Reitor da daptação, a duplice figura singular e
Universidade Católica de Pernambuco. heróica de cidadão e de apóstolo.
De um homem, cujo apoucado fí •Não bá, de fato, substancialmente,
sico contrasta com a robustez da in mudança doutrinária nos conceitos que
teligência e com o dinamismo invul ontem emitira e que repete hoje, ecu-
gar de que entre nós deu mostras, rea menicamente impregnados da mesma
lizando como realizou, apesar da pou sabedoria cristã, e que houvesse, ca
ca idade em que se iniciou no munus lharia bem aqui aquela lição lapidar
dé relevante responsabilidade, uma o- ao grande R U I: “O homem não
bra notável para a comunidade cra- se contradiz, verdadeiramente, senão
tehse, já como simples cidadão, já co quando contravém à substancia das
mo sacerdote imprimindo aos serviços suas idéias essenciais. Dentro delas
da Igreja, que ilustrou, o cunho inde pode variar, sem contradição, evolven-
lével da sua marcante personalidade do, melhorando, emendando os pró
apostólica. prios erros”.
Foi, justamente, aquilatando o va Desejo, no entanto, nesta breve
lor da inestimável folha de serviços alocução, como devem ser elas em mo
com qúe contribuiu ele para o desen mentos como este, saudar o homena
volvimento da terra comum, que a re geado apenas como intelectual, que,
presentação cratense, na Câmara Mu daqui saindo para a grande cidade per
nicipal, em solenidade memorável, lhe nambucana, não tardou em impressio
outorgou em boa hora o título de ci nar com a sua agilidade mental, com
dadão do Crato. os vertiginosos surtos da sua inteligên
E é, também, com o pensamento cia, com a sua comprovada capacidade
voltado para a sua fecunda atuação de realização, os meios culturais da
entre nós que os seus amigos o rece metrópole nordestina, que, prestes e
bem, com a mesma efusão dalma com acertadamente, o elevaram ao posto
que se alvoroçaram ao saberem da sua que merecia de Magnífico Reitor de
próxima visita, prestando-lhe assim, vm a das suas famosas Universidades,
com tais estos de alegria, quando após destinado só àqueles que se tornaram
50 meses vem rever a terra que bene notáveis pelo saber e pela verticalidade
ficiou e estreitar os laços da amizade do procedimento social.
198
Seria desnecessário, se a festa que profunda convicção e com absoluta
nos reune não fosse de livro, apresen justeza de seus habituais ju izes:
tar o homem de letras que é Mons. “Orador nato. Sabe impressionar
Rubens Lóssio ao culto povo do Crato, ouvintes, pelos conceitos, eloquência,
tantas e tão agradáveis foram as oca perfeição de linguagem, tudo a serviço
siões em que ouvimos, emocionados, a das boas causas”.
sua palavra autorizada e nos delicia Daí o prisma sob o qual o focali
mos na leitura edificante de suas zo neste despretensiosa apresentação :
obras. Cidadão e Apóstolo.
Salientem-se, porém, entre as suas Cidadão — o que goza dos direitos
excelentes produções o estudo que fez, civis e políticos, probo no desempenho
aqui impresso, sôbre “Nossa Senhora dos seus deveres no Estado; Apóstolo
da Penha de França — Padroeira do — o que prega a doutrina religiosa,
Crato’’ —■; “Oração Gratulatória”, pro zeloso na pregação evangélica, guia es
ferida por ocasião do solene TE DEUM, piritual.
na formatura da primeira Turma de Foi e continua a ser à luz dêsses
F acharelandos da FACULDADE DE princípios que me acostumei a admirar
FILOSOFIA DO CRATO, publicado Mons. Rubens Lóssio. Pelo seu poder
pela Imprensa Universitária do Ceará, de comunicabilidade edificante. Não a
em artístico folheto; Dircurso de Sau comunicabilidade que os exageros da
dação ao Marechal Humberto de Alen época vulgarizam e deturpam, mas a
car Castelo Branco, então Presidente comunicabilidade sadia, vasada em lin.
da República, quando da sua visita ao guagem correta, que persuade, que con
Crato no Bicentenário do Município e vence, que orienta e que aperfeiçoa.
ir.serto em “Cadernos do Cariri N.<? 4 Justamente por isto, por esse con
1965; “Renúncia”, emocionante traba junto de circunstâncias e de qualida
lho de despedida de Cura da Catedral des definidoras do seu valor autênti
e demonstração à guisa de prestação co, porque sentia nos seus diálogos a
de contas da sua operosa administra sinceridade das convicções e o desejo
ção no desempenho das elevadas atri de ser útil, que os seus amigos lamen
buições; “A Igreja na Formação do taram e continuam a lamentar a sua
Crato”, oração proferida em tocante ausência, continuando a acompanhar e
T E DEUM frente à Catedral, publicada aplaudir, com o mesmo interesse, a sua
em Itaytera, N.9 1, 1955; Discurso de brilhante trajetória em outras terras,
posse na Cadeira N.v 2 do Instituto agradecendo assim o bem que prosse
Cultural do Cariri, em que traça ma gue distribuindo com os conterrâneos
gistralmente a biografia do inolvidável que o destino adverso no meio compe
Segundo Bispo da Diocese D. Francisco le para as margens do Capibaribe e,
de Assis Pires, além de trabalhos es sabendo-lhe grande o coração, supli
parsos publicados em Revistas e Jo r cam-lhe a ajuda e o estímulo.
nais desta e de outras cidades. Desfrutando de invejável posição
Agora, o livro magnífico em lan no meio sócio-cultural da grande Reci
çamento, que ele mesmo batisa de Me fe, notável pelas lutas da inteligência
morial e de Reflexão e em que enfeixa ali travadas entre os expoentes da ve
discursos, conferências e estudos, pro lha e famosa Escola Jurídica de Tobi-
dutos do seu fecundo labor mental em as Barreto, Castro Alves. Sílvio Rome-
fases diversas da sua vida, mas que ro, Clovis Beviláqua e tantos outros,
guardam entre si, não obstante as mu nem por isto Mons. Rubens Lóssio se
danças operadas pelo tempo, uma coe deslembra da terra a que serviu e que
rência e firmeza de atitudes raras nos também o acolheu ao seio amigo, tan
que assumem, nos dias atuais, postos to assim que, para a publicação do li
de liderança na sociedade. vro, cujo lançamento aqui se faz, con
Para mim, bastaria esta obra para feriu o seu patrocínio ao Instituto Cul
consagrar o nosso homenageado como tural do Cariri, escolhendo para pre
uma das mais fortes individualidades faciá-lo o saudoso Figueiredo Filho, cu
de pensador brasileiro em nossos dias. ja memória aproveito a oportunidade
Não foi sem razão que Figueiredo para mais uma vez reverenciar.
Filho, no seu Prefácio, observou com a É que, providencialmente, as afini-
199
CIRCULANDO O NOVO ESTUDO região caririense. Joaryvar Macêdo
firma-se, assim, para orgulho nosso,
DE JOARYVAR MACÊDO
como dos maiores vultos de nossa pes
Está em circulação o novo estudo quisa histórica. O que é uma honra
do escritor e historiador Joaryvar Ma- para o Instituto Cultural do Cariri.
cêdo, ilustre consócio do Instituto Cul
tural do Cariri, e ocupante de uma
tíe suas Cadeiras, na Secção de Letras. O E N T E R R O
Trata se de UM BRAVO CARIRI-
ENSE, editado em Crato. É conferên L á vinha o caixão,
cia bem feita sobre a vida e a obra Com um hom em m orto dentro,
de Joaquim Vasques Landim, nascido A com panhados por hom ens,
a 5 de Janeiro de 1874 e falecido a 6 Quem s a b e ... m o rto s!
de' Fevereiro de 1951. Os donos dos botecos
Um estudo profundo sobre os as Fechavam m etade das portas.
cendentes e descendentes desse bravo O blém blém dos sinos
caririense, o livro foi resultado de uma Da igreja d e São Jo sé
oração, pronunciada em meio ás fes Enchia a paciência', de qualquer um,
tividades desse vulto da nossa histó ria Agitava a cinza do meu cigarro
regional, festividades que tiveram lu E ferm entava a cach aça no copo.
gar no Sítio Carnaúba, Missão Velha, O hom em m orto passava,
a 5 de Janeiro último. O Instituto Isto é,
Cultural do Cariri se fez presente atra Os hom ens levavam o hom em morto,
vés do seu Secretário Geral, J. Lindem- Num cortejo que se arrastou
berg de Aquino. Por dois longos minutos
OUTRAS OBRAS — Joaryvar Ma Dentro da m inha retina torta.
cêdo (Joaquim Lobo de Macêdo) pu Oh.’ . . . Este hom em m orto
blicou, ano passado, o livro OS AUGUS Participa do meu dia bêbado !
TO, estudando a genealogia dessa im
portante família de Lavras da Manga- A. ROSEMBERG DE MOURA
beira, com elogios gerais da imprensa
e da crítica. Já entregou á Imprensa
Universitária os originais do seu livro FACULDADE DE FILOSOFIA DO
OS MACÊDO, quando estudará também CRATO: 14 ANOS
a formação dêsse importante clã da
A Faculdade de Filosofia do Crato,
com a qual tem o Instituto Cultural
dades eletivas da terra penetraram pro do Cariri estreitas e afetivas ligações,
fundas na substancia mesma do seu completou, dia 15 de Maio, seus 14 anos
ser, porque foi aqui, ele mesmo é quem de existência.
o confessa : “vivi a parte mais ativa Houve uma semana de programa
e mais cativa de minha vida de homem ção naquela Escola de Ensino Superior,
e de padre”. com a Páscoa dos Universitários, Sa
E a própria natureza humana, sen lão de Maio, lançamento dos Livros
sível à voz do coração, assegura a in- do Pe. Antonio Gomes, Vice Presidente
destrutibilidade de tais liames. do ICC — POVOAMENTO DO CARIRI
Não prosseguirei. Não devo pros e CIDADE DE FREI CARLOS, editados
seguir. pela Imprensa Universitária, Convívio
O homem, que homenageamos, dis e Sessão Solene.
pensa pélo seu valor qualquer apresen O orador oficial da Sessão Solene
tação. da Egrégia Congregação foi o Profes
E o livro. . . é ler e deleitar-se com sor José Hermínio Rebouças, que fez
o prazer espiritual que as suas páginas um histórico da Escola e sua atuação
suscitam. nesses quase 3 lustros de existência. O
(Proferido pelo Dr. Raimundo de Instituto Cultural do Cariri se fez re
Oliveira Borges, ocupante da Cadeira presentar em toda a programação, pelo
N<? 2 do Instituto Cultural do Cariri. seu Secretário Geral, J . Lindemberg de
Crato, 6/3/1974). Aquino.
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