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A inte rarçãoprofessor-aluno
Atividade sobre a leitura complementar
Leia e analise o brto complementar em grrtpo. Depoísfaça
uma sín-
tese,.e.speciJìcandoqual é a ideía central que cale,cteriza
o constnrtiuisrno 1. O valor pedagógico da relação professoraluno
e o diferencia do inatismo e do empírísmo.
lGeorges Gusdorf, p. 7.
56 Capítulo
3 A interaçãoprofessor-aluno 57
'\/xhcr l.l. G',Íci.t, Etlttcnçeio: ttistio tuíricct e pr.ílico ped1gógica,1t. 63. 5.ferr>nrcS. [Jfrrner, Iima nout teoria da aprendizagem, p. 5O.
58 Capítulo3 A interaçãoprofessor-aluno 5()
particulare ao se relacionarcom a classecomo um todo, o profes- Talvezsejapor isso que GuimarãesRosatenhaescrito,em seu üvro
sor não apenastransmiteconhecimentos,em forma de informa- Grande sertão: ueredas,que "mestre não é quem sempre ensina,
ções, conceitose ideias (aspectocognitivo), mas também facilita a masquemde repenteaprende".
veiculaçãode ideais,valorese princípios de vida (elementosda Nessecontato interpessoalinstaura-seum processo de inter-
esfera afetiva),contribuindo paÍa a formaçío da personalidadedo câmbio, no qual o diálogoé fundamental.De um lado estáo profes-
educando. sor com seu saber otganizado,seu conhecimentocientificamente
De acordo com nossaconcepção,o educandoé "uma pessoa estruturado,sua forma de se expressarna norma culta da língua,
que se desenvolve,que a;Íualizasuaspossibilidades,que se aiustae com os ideais e valoresformais aceitose proclamadosoficialmente
se reaiusta,medianteprocessosdinâmicos,orientadospor valores pela sociedadee com seugrau de expectativaem relaçáoao desem-
que lhe conferemindiüdualidadee prospectiüdade"a.
penhodo aluno.Do outro lado esráo aluno com seusabernão sis-
Quem assimconcebeo educando,tende t valonzarainda mais tematizado,difuso e sincrético,seu conhecimentoempírico, com o
a relaçío professor-aluno,pois vê nessainteraçãoum processode
intercâmbio de conhecimentos,ideias, ideais e valores, que atua modo de falar próprio de seu ambiente cultural, com os ideais e
diretamentena formaçãoda personalidade. valoresde seu grupo social e com um certo nível de aspiraçãoem
relaçãoà escolae à vida.
Esseencontro do professor com o aluno poderá representar
2. A importância do dirílogo na relação pedagógica uma situaçãode intercâmbio bastanteproveitosapara ambos, em
que o conhecimentoseráconstruídoem conjuntoou, ao contrário,
poderá se transformar num verdadeiro duelo, num defrontar de
como ümos, a construçãodo conhecimentoé um processo posiçõespouco ou nadaproveitosopara ambos. "
interpessoal.O ponto principal desseprocessointerativoé a relaçío Parahuer um processode intercâmbioque propiciea constru-
educando-educador. E esta reltçío não é unilateral,pois não é só o
aluno que constrói seu conhecimento.É verdadeque o aluno, atra- ção coleüvado conhecimento,é preciso que a relação professor-
vés desseprocessointerativo, assimila e constrói conhecimentos, -alunotenhacomo baseo diálogo.É por meio do diálogoque pro-
valores,crenças,adquire hábitos, formas de se expressar,sentir e fessore aluno iuntos constroemo conhecimento,chegandoa uma
ver o mundo,forma ideias,conceitos(e por que não dizer precon- síntesedo saberde cadaum.
ceitos?), desenvolvee'assume atitudes,modificando e ampliando O di:álogoé desencadeado por uma situação-problemaligada à
suasestruturasmentais. prâttca. O professor transmite o que sabe, partindo sempre dos
Mastambémé verdadeque o professoré atingidonessarelação. conhecimentosmanifestâdosanteriormentepelo aluno sobre o
De certa forma, ele aprendecom seualuno, na medidaem que con- assuntoe dasexperiênciaspor ele vivenciadas.Assim,ambospodem
seguecompreendercomo estepercebee senteo mundo, e na medi- chegara uma sínteseesclarecedorada situação-problemaque sus-
da que começaa sondar quais os conhecimentos,valorese habiü- citou a discussão.Nessemomento de síntese,o conhecimentoé
dadesque o aluno iâ taz de seu ambientefami[ar e de seu grupo
.organizadoe sistematizado,sendo novamenteaplicado à prâtica,
social ptra a escola. agoÍaiâ de forma estruturada.
Assim,em decorrênciadessarclação,o professorpode passara Referindo-seao diálogo napúncapedagó$ca, assimse expres-
conhecernovasformasde concebero mundo, que sãodiferentesda sa Maria TeresaNidelcoff:"Ao trabalharcorretaÍnentecom o proble-
sua.Podetambémrever comportamentos,ratificar ou reüficar opi- ma das subculturas,o professorprocura captaÍ toda a riquezaque
niões, desfazet preconceitos, mudar atitudes, alterar posturas.
as criançaslÍazem,parade fato aprendercom elas.Porlanto,não se
relaciona com as criançascomo se fosse o único que tem algo a
{ Irene Mello Can"alho, o processo didãtico, p. 297 - ensinar,nem vê as criançascomo seresnulos que devemaprender
60 Capítulo3 A interaçãoprofessor-alun<r 6l
tudo; ao contrário, sabe que ele e'âs cri'ançastêm que se relacionar sabemose aprendendoo saberde outros."Nadapermiteesclarecer
dentro tle um mútuo intercfunbio de ensinar-aprender"s. melhor o mistériodo ensino.(...) e verdadesó pode surgir como
O professor Antonio Faundez, no seu lindo texto intitulado resultadode uma buscae de uma luta que cadaum de nós tem que
Dialogue pour le deueloppernent et Ie déuel.oppement du dialo- tÍavarconsigopróprio, por sua própria contae risco."8
gue, salienta a necessidade do di:ílogo no ato de construção do Fizemosaqui uma brevesíntesedo pensamentodessesautores,
conhecimento ao comentar: "Se analisarmos etimologicamente o porqueelesnos mostramque a atitudedo professor,na suaintera-
verbo francês que indica aação de conhecer (connaitre), percebe- ção com a classee nassuasrelaçõescom cadaaluno em particular,
remos qne é formado de duas partes (con-naitre), que significant dependeda postura por ele adotrda diante da viclae peranteo seu
'nascer iuntos', isto é, nascer com alguma coisa ou com alguém. fazerpedagógico. Essapostura,por suavez,é o reflexode suascon-
Portanto, o ato de conhecer é um nascimento partilhado, no qual cepções,sejamelasconscientes ou inconscientes,sobreo homem,
dois seres renascem. O que queremos salientar é que a construção o mundoe aeducação.Isto quer dizerque suamaneirade perceber
do conhecimento é um processo social e não apenas individual o mundo,concebero ser humanoe encarara educaçãovai refletir
(...)"6. Trata-sede uma reformulação compartilhada, na qual pro- no modo como se relacionacom os seusalunos.De nada adianta
fessor e aluno ensinam e aprendem um com o outro, reestruturan- conhecer novos métodos de ensino, usar recursos audiovisuais
do-se. Nesseprocesso de conhecer e compreender a re'alirJanJe, o modernos,se encaramoso aluno com um ser pa-ssivo e receptivo.
diáIogo é fundamental, pois é atravésdele que ocorrerá o intercâm- Portanto,nossaf<lrmade ensinare de interagircom os alunosvai
bio entre o conhecimento popular de caráter empírico e o conheci- dependerdo modo comoos concebemos(seresativosou passivos?)
mento cientificamente organizado, "permitindo a criaçío de um e da maneiracomo encaramossuaatuaçãono processode aprendi-
novo üpo de conhecimento, c paz de compreender a realidade a fim zngem.
de transformâ-ta"1. Quandoo professorconcebeo aluno como um ser ativo, que
1'ambém Georges Gusdorf, no seu cativante livro Proifessores, formula ideias,desenvolveconceitose resolveproblemasde üda
para quê?, ressaltaa importância do diálogo no processo educativo. práiicxatravésda suaatividademental,construindo,assim,seupró-
Esseeducador preconizauma pedagogiado encontro e do contato prio conhecimento,sua relaçãopedagógicamuda.Nãoé mais uma
vital (p. 226), na qual a relação mestre-discípuloé o intercâmbio de relaçãounilateral,onde um professortransmiteverbalmentecon-
cluasexistências.Trata-seda confrontação do homem com o homem teúdosjá prontosa um aluno passivoque os memoriza.
(p. 235).E o diálogo é a própria essênciada relação mestre-discí- Se o que pretendemosé que o aluno construa seu próprio
pulo, que é uma relaçío de reciprocidade, uma mobilização e unl conhecimento, aplicandoseusesquemascognitivose assimiladores
reagrupamentode energi'as(p. 102 e 210). à realidadea ser aprendidae desenvolvendo o seu raciocínio,deve-
Para Gusdorf, a situação pedagógicaé uma situaçãode encontro mos permitir que ele exerçasuaatividadementalsobreos obietose
existenciale de coexistênciaentre duas personalidades.É um diálo- até mesmouma ação efetivasobre eles.O aluno exercesua atiüda-
go aventuroso,um colóquio singular entre dois seresque se expõem de mentalsobreos obietosquandooperamentalmente, isto é, quan-
e se revelam um ao outro (p. 206). Mestre é aquele que surge num do observa,compara,classifica,ordena,seria,localizano tempoe
dado momento e numa certa situaçãocomo testemunhade uma ver- no espaço,analisa,sintetiza,propõe e comprovahipóteses,deduz,
dade, representantede um ideal ou revelador de um saber (p. 309 .avaliae iulga.É assimque o aluno constróio próprio conhecimen-
a 3lt]). Assim, de acordo com a situaçãovivencial, todos nós pode- to. Estetipo de procedimentodidáticoque parte do que o aluno iá
mos ser mestrese discípulos, pois estamossempre ensinando o que sabe,permitindo que ele exponhaseus conhecimentospréviose
sua^sexperiênciaspassadas,para daí formar novosconhecimentos,
cientificamenteestruturadose sistematizados,exige uma relação
; Maria Teresa Nidelcoff, Ilna escola para o poa), p. 7 2.
6 O tcxto de A. l'arrndezfoi extraído de uma apostila utilizada no cttrso de pós-graduaçãoda
PU(I-SP,em l9ttÍt.
- ldern, ibidenr. I Gcorgcs Gusdorf, obra citada, p. 2 I
u, capítulo3
dora e orientadora:é a autoridadede quemincentivao aluno a conti- Sheüakove Reclla.firmamque,no que se refereao comportaÍnen-
nuar estudandoe fazendoprogressosna aptenüzagem,e a autorida- to, disciplinaé"Lorganizaçíode nossosimpulsospuÍaaobtençãode
de de quemorientao esforçodo alunono sentidode alcançaros obie- um objetivo.Do pontode ústa do grupo,a disciplinaé a subordinação
tivospor ambosdeseiados,üsando a construçãodo conhecimento. dosimpulsosdos indivíduosque o integram,com o fim de se alcançar
l'alando sobre a questãoda autoridadedo educadore da atitu- um objetivocomum"l2.
de dialógica,o professorOlivier Reboul assimse expressa:"O ver- A professoraTherezinhaFram,em arügode sua autoria,de lei-
dacleiroèducaclor compreendeque a autoridade por ele exercida tura interessantee agradível,afirma que disciplina é a "formação
nío é a sua;mostra,por toda a sua conduta'que nío é o detentor interior de comportamentointeligente,que sabese dirigiç que sabe
da autoridade,ma^s o testemunho. Essaautoridadeé a'da humanida-
definir os seusobietivose que sabeencontraros melhoresmeios
de sobre todos os homens,a da razío, da ciência,da arte, da cons-
ciência;o papeldo educadornão é confiscá-la,mas atestá-la;(...); para atingiressesobietivos"1.1.
se lhes corrige as faltas (dos alunos), admite ser tambémcorrigido; Para essaeducadorabra^sileira,a pessoadisciplinadaé aquela
se exigeque deemrazio de seusatos,admiteque lhe peçaÍnatazío que dá ao seu comportamentouma direçãointeligente,isto é, uma
dos seus.Nãoestáacimadeles,estiícom eles"ll. direção que supõe um autocontrole,um controle interno e cons-
Logo, se o ensino é a orientaçío da aprendizagemvisando a cientedos impulsosda vidae dasmotivações. "Disciplinano que diz
construçãodo conhecimento,a autoridadedo professoré a auto- respeito à vida do indivíduo é aquela ctpacidacleque ele tem de
ridade amiga, de quem estimula, incentiva,orienta, reforça os orientarinteligcntemente o seucomportarnento, sabendomanipular
acertos,mo-straas falhuse aiudaa corrigi-las. É a autoridadede as forçasdo ambiente"l4com o qual interag,e, sejaesteo universo
quem auxilia a descobrir alternativas,mostra caminhos e abre ffsico,seiao mundoculturale dasinstituições,ou seiao mundoda^s
perspectivas.
pessoas. É disciplinadodo pontode vistada interaçãocom o univer-
so ffsicoquem conheceas suasleis e as uüliza paÍao bem comum.
É disciplinadoclo ponto de ústa dr interrçãocom o mundo cultural
4. A questão da disciplina na sala de aula e das instituiçõesquem conheceas leis sociaise consegue"enten-
der o que a sociedadeestáexigindodele"15,atuandopara aprimo-
De acordo com Leif, em sua obtaVocabukírio técnico e críti- rar essaculturae essasinstituições.É disciptinadodo ponto de vista
co da Pedagogiae das Ciências da Educação (p' l2l-2), o termo daintertçãocom os sereshumanosquemconseg,ue desenvolverum
disciplina é usado, basicamente,em duas acepçõesdiversas'que coniunto de atitudesno sentido de entenderos outros e adaptaro
resumimosa seguir: seucomportamentoàs diferentessituaçõesem que vai atuar.
Portanto,a professoraTherezinhaFramnosapresentauma con-
a) Em rclaçío ao ensino,disciplina é um coniunto ou corpo espe- cepçãobem amplade disciplina,que equivaleao coniuntodascon-
cífico de conhecimentoscom sua^scaracterísticaspróprias e dições nas quais t aprendizagemglobal se realna, e a insere na
métodosparticularesde trab'alho.Nessesentido,correspondeà
perspectiva de uma autodisciplina.
múérilade ensino,conteúdoou componentecurricular.
. O maisinteressante é que essaeducadoraconsideraa disciplina
b) Em relaçãoao indivíduo, disciplina é uma regra de conduta ou como uma construção.Nãoé uma prevenção,nem tampoucotrata-
um coniunto de normas de comportamentoque podem ser
impostasdo exterior (heterodisciplina),ou que podemser acei-
tas livrementepelo indiúduo, regulandoo seu componamento
(autodisciplina). rr (i. Sheviakov& F. Rcdl, "Disciplina escolar", Cadernos de Edtcaçtio, n. Í14, 1954,1t.
2.
rJTltcrczinha Franr, "Algunrzrsideias sobrc disciplina cnr cdu<:açi-ro".l:.nt: T'enns
ethtcttcio-
rzais, iulho-clczcntbrodc l96tì, p. (r4.
l , l dcm, i bi tl enr,p. (r5 .
rf Oliviel Rcltoul, FiktsoJìtr da Educaçtut, p. 53. l5 ldcnr, ibiclcnr, p. (r7.
A interaçãoprofessor-aluno 67
mentode problemas.Trata-sede uma construçãoporque o aluno vai a compreendero verdadeirosentidodas regrase consegueelaborar
conduzindoe dirigindo o seu comportamentode forma a construir uma escalade valores.
a suaüda e audt da sua cultura. Mas para que o desenvolvimentoacima descrito possase pro-
Também o professor Walter Garcia define disciplina como cessar,é muito importantea contribuiçãodo ambienteno qual a
..ordenãçãode condições que possibilitem a aptendizt- criança vive, principalmenteno que se refere ao tipo de relações
sendo a
sociaisque ela mantémcom os adultoscom os quais conüve e inte-
8em"l6.
Comopodemosverificar,o conceitode disciplinl estâpassando rage.Assim,se ela desdecedo,em vezde se acostumarsimplesmen-
por uma modificaçãogradual:de um coniunto de proibiçõese puni- te a obedecernorïnas impostasdo exterior, tiver oportunidadede
uma disci- participar da elaboraçãode padrões de comportamentoe de nor-
çõescaminha-seem úreção à prevençãoe correção;de
flina rígda e severaba^seada no temor e úsando unicamentea obe- mas de conduta em coniunto com o adulto, tenderá a desenvolver
diênciaàs norïnasimpostas{e fora pela coerção (heterodisciplina), maisfacilmentea chamadamoral autônomae a capncidadede auto-
caminha-segradativúente em direção a uma autodisciplina' dirigir o seucomportamento.
A autodiõciplinaé um coniunto de princípios e regraselaborado A despeitoda evoluçãoda concepçãode disciplina,algunsadul-
livrementepela pessoa,tiravésdo contatocom a realidadee da inte- tos que lidam com criançase iovens parecemconsideú-la desne-
raçíocom õs oútros, e interiorizadospela aprenüzagem,pela toma- cessária,e em nome de um pretenso"modernismo"ou alegando
da.de consciênciadas exigênciasda üda pessoale social, e pela adotarpseudoteoriasmal compreendidase mal digeridas,parecem
buscada autonomíaatravêsda atividadelivre. até ter medo de usar o termo disciplina. Mas nós, educadores,não
devemoster medo daspalavras.O professorRegisde Morais afirma:
"nío hzia engano:é com esforçoe disciplinaque se constrói um
equilíbrio"r7.Assim,a aprenüzagemé um processointerior que
dependedo esforçoe da disciplina.
Da heterodisciplina à autodisciplina A disciplinainterior é tão imporranteem nossasvidase no nosso
relacionamentocom as outras pessoas,que o professor Oliüer
Essaevoluçío naforma de concebera.discipliaa coincide com Reboula.firmaque "a democracia,e principalmentea democracia
as conclusõesde Jean Piaget aceÍcl do desenvolvimentomoral e socialista,é o regimeque exigemaisdisciplina"l8.
socialdo indiúduo. De acordo com Piaget,o desenvolümentomoral OÍL, a disciplina é necessáriatarnbémem sala de aula, como a
e social segueesúgios que equivalemaos esúgios do desenvolü- ordenaçãodas condiçõesque possibilitama aprendizagem. A disci-
mento intelãctual.Assim,no domínio da compreensãode regras,o plina escolaré consequênciada organizaçíototal da escola,isto é,
indiúduo tendea se desenvolversequencialmente de um esU4gioem do modo como a escolaestáorganizada,e tambémo reflexoda rela-
que predomina a moral heterônoma - chamtdz por Piaget de ção que se estabeleceentre o professore o aluno.
tiroá da obediênciae do devere ctracterizadapelaatitude egocên- Sepretendemosque nossosalunosdiriiam suacondutade acor-
trica e pela obediênciairrefleüda às norÍnas imposus de fora - do com princípios coerentementeestabelecidos,devemostrabalhar
para um esLígioonde predominatmoral autônoma.A moral autô- em sala de aula no senüdode desenvolvera autodisciplina.Mas o
noma caÍacterrz&-sepela elaboração e aceílaçío consciente das aluno só introieta norÍnas de comportamentose ele as pratica no
regras, pela.rcla@odõ cooperaçãoespontâneacom os outros, pelo seu dia a dia. Por isso, deve-secultivar e dar condiçõespara que o
reãpeiio mútuo ó peh reciprocidadede sentimentos.Nestaúltima aluno possapraücar e vivenciara autodiscip[na na rotina diâria da
et^pa, na qual pr-edominaa moral autônoma (denominada por salade aula.Paraque isso ocorra, o professorprecisacompreender
naget de "moraLda autonomiada consciência"),o indiúduo passa
rr Regis de Morais, obra cítada, p. 25
f B Olivier Reboul, obra citaLd^,p. 52.
16valterF..Garcìa,&úrcaçfu:
uisão...,cit., p. 162.
6rì Capítulo .ì
e aceitar os princípios da disciplina tlemocrática e transportá-los r;ue f<liproposto em conjunto pelo ÍÌnlpo, acatandoe adotando mais
pÍrriì 2rsua prírtica diâria em s:tla clc aula. Pois como iír foi ressalta- facilmente âs regras na prática cotidiana da sala de ar.rla.
do, a disciplina da classeé, em grande parte, unìa conse(1uôncia da
b) I/se procedimentos pctsitiuos de orientaçe'io ela coneluta, uisctn-
relação professor-aluno.
do sempre desenuoluer o autoconceito positiuo clos alunos.
Apresentamos,a seguir, algumas sugestõesque podem ajudar <r
pr<lfessora <lrientar a conduta de seus alunos e a criar condições Autoconceito é o conceito que alguém tem cle si próprio, é a
paÍa o desenvolvimentoda autodisciplina: inragem quefaz de si mesmo, tanto do seu interior (per.sonalidade)
como exterior (aspecto físico). Logo, autoconceito é a autoimagem
a) Estabeleça, em conjunto com os alunos, os padrões de com- que influi na autoestilna.por sua vez,a autodisciplinaé um contro-
portamento a serem seguidos, permitíndo que eles analisem e le interno. Portanto, o desenvolvimentoda autodìsciplina está rela-
discutam as nolnnas de conduta propostas, expressando sua cionacl-oà fornração do autoconceito positivo. por issò, deve-seusar,
opinião a respeito de cada uma delas e contribuindo com como forma de orientar a conduta, o reforço positivo, elogiancloc
sugestões. dando destaqueao comportamento adeguatlo.
A pr<rfessora/.aMana poppoüc e seus colaboradores, na obra
Quando os alunos podem discutir e opinar sobre as regras de
Pensamento e linguagem, destinarJaàs professoras das classes de
comportamento a serem seguidaspor cada um dcles, em particular,
l" série do ensino fundamental que se iniciam no magistério, afir-
e pela classe, em geral, eles tendem a aceitâ-h:s e adotá-las mais
mam que "elogios e recompensasaiudam mais a motivâr o aluno do
facilmente. Assim, os regulamcntos cstabelecidosem coniunto cos-
que críticas e punições. (...) um comportamento elogiado tende a
tumam ser respcitadospelo grupo. Quando o aluno pode participar
aparecer de novo"2o. Mas ressaltam:"o elogio precisã ser feito nas
da discussão e decisão das regras, ele tem mais motivação para res- oportunidades adequadas.se for dado à toa perde o valor de refor-
peitá-las. "O primeiro conÍato do professor com a turma é de alta
ç<1.No entanto, você nã<ldeve ser econômica em elogios, nem tam-
importância. Se ele se fizer por meio de uma sessãode grupo, da pouco desperdiçar oportunidades de reforçar positìvamente seus
qual todos participem, e se as normas e diretrizes forem propostz^s alunos. Elogie sempre,_nas ocasiõesque achãr oportunas"2r. Elogie
e aceitas pelo grupo, prepara-se a atmosfera ótima para um tral>a- os comportamentos adequados,bem como o empenho e o esforço
lho proveitoso, e estabelece-seum 'rapport' positivo entre o mestre demonstrados, pois assim você estaÍá!orienknão a concluta ão
e os discípulos. A liderança do professor não desaparece,mas ela é aluno e estimulando-o a progredir na aprendizagem.
compartilhada, e todos se sentem responsáveispelo bom êxito do Na mesma obra (p. 165), Ana Maria poppovic e seus colabora-
curso" 19. dores sugerem, também, que o professor pont a em prática, na sala
Nas escolas onde lecionamos, fizemos um trabalho no sentido de aula, o que eles denominam de ,.os trêi motivadores":
de estabelecerpadrões de comportamento em coniunto com os alu-
- Eu sou alguém.
nos, e percebemos que estes,por incrível que pareça, são mais rígi- - Eu respeito os outros.
dos e exigentesdo que os próprios professores,quando se trata de - Eu quero que os outros me respeitem.
propor normas de conduta. Pois eles sabem, melhor do que nin-
guém, que um aluno indisciplinado e bagunceiro atrapalha os cole- com esses "três motivadores", o qre se pretende é formar o
gas que querem estudar e aprender. Verificamostambém que, quan- autoconceitopositivo dos alunos e aiudá-los a desenvolvera autodis-
ciplina, fazendo-osperceber que cada um deres é uma pessoadife-
do os alunos têm a oportunidade de participar da elaboração de um
rente das outras, com característicaspróprias, com apüaões e habi-
"código" de comportamento, eles tendem a respeitar e a-ssumiro
lidades,preferênciase interesses,com qu'alidaclese defeitos,aspec- c) Procure explicar a razão de ser das regras de conduta adota-
tos positivose neg,ativos;que cada um deles quer ser respeitado das, mostrando por que elas são necessárias.No caso de uma
pelosdemais,mas,por outro lado,tambémdeverespeitaros outros repreensãoem particulari explique ao aluno por que seu corn-
colegas,o professor,as ouÍraspessoas. A melhor f<rrmade se fazer portarnento é inadequado.
respeitaré respeitandoos outros. A aceitaçãode normasé necessáriaplÍa se viverem sociedade.
Qu'andoo professortiver que repreenderum aluno por algum "A üda em comum exigeque respeitemos leis, norrnas,regulamen-
comportamentoinadequado,deveprocurar não fazê-loem público, tos...Seassimé, deveser naturalaceitarmostais regras,desdeque
nem submeter o aluno a tratanÌentovexatório.,4"srepreensões não nospareçamarbitrárias"zz. Por isso,é precisomostrarao aluno
devemser feitas,na medidado possível,em particular e não devem que o estabelecimentodas regrasde conduta náo é algoarbitrário.
ser degradantes. Não se deve envergonharum aluno na frente da Cadauma delas tem uma razío de ser na dinâmica da escola em
classe. geral,e dasalade aulaem particulaçpois visamo bom andamento
O professortambémdeveprocurar nãorotular o aluno.O com- dos trabalhosescolares.
portamentodo alunoem salade aulaé muito influenciadopclo con-
Seo professorpuderexplicara seusalunoso porquêdasregras
ceitoque elefaz.de si próprio (autoconceito)e pelaexpectativa que
e dos regulamentosescolares,talvezseiam menoresos problemas
o professortem dele (e o aluno percebeo que o professorespera de disciplina. É importante discutir cadaregra com a classe,para
dele).Assim,o alunoque foi rotuladode "problema","indisciplina- que os alunospossamentenderpor que algumasexigênciaspreci-
do", "desajustado",tendea introietaressesestereótipos, formando
sam ser feitas.Durante a explicação,leve em contâ as sugestõese
um conceitonegativode si. E o que é pior: tendea agir dessaforma,
opiniõesdos alunos,procurandodeixar bem claro que as regras
reproduzindoo comportarnento que é esperadodele.
que foram propostaspelo grupo precisamser respeitadas.
O professor Luiz Alves de Mattos, no seu livro Sumário de
Did.títicageral (p. 21S), mencionauma pesquisafeita por Briggs d) Respeite e leue em conta a bistória pessoal do aluno.
sobreos procedimentosadotadospelosprofessorespara orientara
condutade seusalunose a consequente eficáciadessastécnicas.Os A indisciplinana escolaé uma retçío do aluno decorrentede seu
resultadosda pesquisamostramque, dos procedimentosadotados, desinteresse, de sua inadtptaçío, insatisfação,frustraçãoou revolta.
os que surtirammaisefeito,isto é, os que apresentaram os resulta- Atnís de cadacasode indisciplinahá um problemaa ser analisadoe
dos mais positivosno senüdode aiudar a melhorar a condutado solucionado.O professorpode eütar frustrações,desajustaÍnentos e
aluno,foram os seguintes: em primeiro lugar,a conversaparticular a consequenteindisciplina,se consideraras experiênciasanteriores
(francae amistosa);em segundolugaEo reconhecimento de que o dos alunos e sua história pessoalde üda, e se trará-loscom com-
aluno está progredindo; em terceiro lugar, o elogio públic<l;
e, em preensãoe respeito.
quartolugar,a repreensãoem particular.Ospr<lcedimentos que não No casode um alunoque demonstraconstantemente comporta-
suniram o efeito esperadoe até lc ÍÍetaÍerÍÍrresultadosnegativos, mentosinadequadose revelacom frequênciaproblemasde indisci-
funndo o aluno incidir no comportamentoinadequado,foram os plina, desajustamentoe inadaptaçío, o professor pode realizar
exporo alunoao sarcasmopúblico;reclamaçãode que o
seg,uintes: entrevistascom ele e com seus pais ou responsâveis,fazendoum
aluno está piorando; fazer sarcasmodo aluno em particular; 'estudo do caso, para tentar encontrar uma forma de aiudát-loa
repreensãopública. melhorar sua conduta.Veiamosum exemplo:um aluno mostra-se
Essapesquisaratificao que dissemosanteriormente, pois o que muito irrequieto e indisciplinado, recusa-sea fazer as atividades
por
podemosdeduzir dos resultadosda pesquisareahz'ada Briggsé escolarese briga constantementecom os colegas.Ele pode estar
que os procedimentospositivosde orientaçãoda condutasão os passandodificuldadesde naturezaafeüvte emocional,causadaspor
mais eficazes.Os procedimentosque contribuírampara a melhoria
da condutados alunos foram ac;uelesque se baseiamno reforço
positivoe que o ajudama formar seuautoconceitopositivo. 22lrene Mello Carvalho, obra citada, p. 364.
72 Capítulo
3 A interaçãoprofessor-aluno 73
situaçõesconflitantesvivenciadas
por ele em ca-sa,na escolaou com zesua tençío e lhe dê uma ocupaçãoimediataem üsta de um obie-
seu grupo de colegas.As causasdessacondutapodemser as mais tivo definido"24.
variada^s.Cabeao professorinvestigá-las,
conversandocom o aluno Apresentarnos a seguiralgumassugestões que podemaiudar o
e com seuspais ou responsáveis. Vamosmencionaruma dentreas professora incentivara participaçãodo aluno no processoensino-
muitascausaspossíveis: essecomportamentopode ter-seoriginado -aprendizagem e na dinâmicade salade aula:
no fato de o aluno não se sentir aceito por seus companheiros.
.{ssim,chamandoconstantemente a atençíodo professore closcole- - Apresenteatividadesdesafiadoras,que envolvamuma situação-
gas,ele tentaconìpensaro sentimentode rejeição.Tendoperclidoa -problemae mobilizemos esquemascognitivosde naturezaope-
autoconfianç e a autoestima,tendea reproduzir,na salade aula, rativa dos alunos. Estasatividadespodem ser individuais, ou
uma aütudeque correspondaà expectativa que dele fazemos paise então grupais.Os jogos e trabalhosem equipe,por exemplo,
colegas. estimulamo relacionamentoentre os alunos e incrementama
Muitasvezes,os problema^s de ordeln afetivae emocionalextra- integraçãoda classe.
polamo âmbitode atuaçãodo professor.Nessecaso,o que ele pode - p1ep61çioneatividadesde expressãooral, nas quais o aluno
fazeré conversarcom os paisou responsáveis pelo alunoe encami- possaouür e fazer-seouvir,falar sobreo que aprendeue exter-
nhá-loa um profissionalespecializado,que tenhacondiçõesde ofe- nar suasopiniõese suasdúvidas.Depoisde dar uma explicação
recer o tratamentonecessárioe o acompanhamento adequadoao sobre determinadoconteúdo, peça para um aluno fazer oral-
caso. mente uma rápida síntesedo assuntoque foi explicado.Isto
e) Incentiae e permita que os alunos participem atiuamente da aiudaa manteros alunosatentos,pois elessabemque precisam
organização escolar e da dinâmica da sala de aula. prestaratençãona explicaçãodo professor,porque serãosolici-
tadosa fazer um breve relatório oral do que foi expostopaÍa a
Quandoo alunoestámotivadoe participaativamente do proces- classe.Quandoum aluno apresentaruma dúvidasobre algum
so ensino-aprendizagem, ele se concentramaise aprendemelhor,e, ponto da explicaçãodadz,antesde expor o assuntonovamente,
em geral,não apresentaproblemasde discipüna."Enquantopartici- verifiquequaisos alunosque entenderamaqueletópico,e peça
pa, ele concentratodas as suasenergiasna situaçãode aprendiza- a um delesparaexplicâ-loà classe,e, em especi'al,ao colegaque
gem.E assimmantémseuinteresse,senìter tempode ser indiscipli- não entendeu.Estamedidacontribui para desenvolvera coope-
nado. (...) A moüvaçãoé um fator fundamentalpara a aprendiz,a- raçãoentre os membrosda classe,pois assimelestêm a possi-
gem.Senão estivermotivada,a cnançaperde o interesse.por causa bilidadede se aiudaremmutuamenteno processode construção
dessedesinteresse ela muitasvezesfica indisciplinada.Urnaforma coletivado conhecimento.Isto aiuda,também,a desenvolver a
inrportantede motivara criançaé estimularsuainiciativa."2.l aprendizagemautopossuída,que é aquela que se caractetiza
Tambémo professorLuizAlvestle Mattosse pronunciasobrea pelo fato do aluno ter aprendidoe saberque aprendeu.
relaçãoentre motivaçãoe disciplina,afirmando:"A autênticamoti-
vaçlo é, por excelência,o melhor recurso disciplinaç porquanto - Distribuafunçõese dividatarefas,como Lp g Í a lousa,recolher
proporciona um forte condicionamentointerior às atitudese ao os cadernos,passaro cestode lixo, distribuiro material,pendu-
cornportamentodos alunos, integrando-osna tarefa escolar em ÍaÍ cuÍi^zese quadros didáticos, levar recadosdo professor a
l)auta.Ao alunodevidamente interessado
e motivadonão ocorremas outros funcionáriosda escola etc. Os 'alunosassumemessas
tcntaçõesda indisciplina;esta^ssobrevême o dominamquandoele funçõese executamessastarefasem rodízio. Isto permite que
cstáem disponibilidademental,sem qualquerinteresseque polari- todosparticipemda dinâmicada salade aula e tambémse sin-
tam responsáveis por ela.
convém ressaltar que o nível de disciplina da classe está ligado professor e das características de cada situação em particular,
ao grau de motivação dos alunos e dele depende. .,A necessida_ pois em educação nío hâ fórmulas prontas e acabadas.
de do maneio e das intervenções disciplinares está sempre na
razão inversa da motivação. euanto mais forre e intensa for a
motivação, tanto menor será a necessidadede manejo discipli- 5. Motivação e incentivação da aprendizagem
nar. Inversamente,quanto mais fraca e remissa for a motivaçã<1,
tanto maior serâ a necessidadede intcrvenções disciplinares,
Para que haia uma aprendizagem efetiva e duradoura é preciso
como que para compensar essafalta. O que, porém, não padece
que existam propósitos definidos e autoatividade reflexiva dos alu-
qualquer dúvida é a superioridadc e maior efic/aciaclo processo
nos. Assim, a autêntica aprendizagemocorre quando o aluno está
motivador sobre o processo disciplinador. somente na medida
interessado e se mostra empenhado em aprender, isto é, quando
em que faltam os recursos incentivadoresé que o profess<lrpode
está motivado. É. a motivação interior do aluno que impulsiona e
e deve lançar mão dos recursos disciplinares para garantir a wtzliza o ato de estudar e aprender. Daí a impoÍância da motivação
necessáriaordem na classe e dar andamento aos trabalhos."25 no processo ensino-aprendizagcm.
outro aspecto que deve ser salientado é que a autoclisciplina, Se voltarmos atrâs no tempo e fizermos uma sondagemna histó-
sendo Ìtm controle interno, não é algo que o professor consiga ria do pensamento pedagógico,podemos verificar que Quintiliano,
de um momento para outro, sír numa aula ou atravós de uma que viveu de 33 a95 d.C.,iá salientavaa importância do interesseno
simplcs conversa. É um comportamento que precisa ser clesen- processo educativo.
volvido, e até treinado, dependendo de um trabalho permanente
Juan Luis Vives,<;ueúveu de 1492 a 154O,iâ chamavaaatençío
e constante. um dos meios mais eficientes para desenvolver a dos educadores para o valor da atenção e do interesse no ato de
autodisciplina é reforçar o comportamento adequacloe a condu- aprender, faz.endoconsiderações sobre a influência da emoção e
ta positiva dos alunos, sem exacerbar nas cúicas negativas,p<lis dos sentimentos no ftlncionamento da inteligência e da memória.
o reforço positivo aumenta a motivação e o sentimento de auto- Enr pleno século XVI, ele fazia reÍeÊncia ao que hoie em dia a ter-
confiança e de autoestima.A professora Irene carvalho, falando minõlogia educacional moderna denomina a influência da ârea tfe-
sobre os problcmas de disciplina quc às vezes os professores tiva no canÌpo co8nitivo.
precisam enfrentar e tentar solucionar, assim se expressa:*ptra Pestalozzi,que viveu de 1746 a 1827, ressaltavaa necessidade
tais problemas não adianta dar conselhos. o professor terá de do educador faz.eruma sondagem sistemáticado interessedo edu-
atuar de acordo com sua própria person,alidadee com o grau cle canclo. a fim de conhecer os interesses característicos de cadnfaixa
experiência que possui. Iìstas palavras ou aquelas medidas dão etâria e poder aproveiú-los na orientação do processo de aprendi-
resultadoscom o professor A, mas são incompatíveiscom o pro- z:àgprn.
fessor B. Têm efeito na situaçãoX, mas são inoperantes na situa- Stanley Hall ( ltl44-1924> preconizava que o organismo age e
ção Y. Em relações humanas, não há fórmulas que se possam reage em função de estímulos internos, dinâmicos e persistentes,
aplicar mecanicamente"2(). que são os motivos do comportarnento. Defendia a ideia de que os
A única coisa que podemos 'assegurarno que se refere à discipti- interesses variav,;tmde acord<l com as diversas fases do desenvolvi-
na de sala de aula é que o professor precisa e deve orientar a mento, passandopor uma evolução. Os interessespróprios de cada
conduta dos alunos, de forma compreensiva, ma^scom aütudes etapa dcveriam Ser usados para nortear as atividades escolares
seguras. Como ele farâ isso, vai depender da postura de cada daquela fase.
Claparède (1873-1940) fez um estudo sobre a evolução dos
interesseshurnanos, tentandOsistematizaraqueles qlle eram dOmi-
l.ui, ni"tì" Manos,obra cirrda.p. 22.ì-4.
".l('lrerrc
nantes ern cada fase do desenvolvimentobiopsicológico do indiví-
Mcllo Canalho,obrn citudx,l). .J68. du<1.Afirmava que o inclivíduo age impulsionado pelo interesse tlo
A i nteração professor-al tuto 77
momento,que funcionacomo a causaou motivodo comportamen- Assim, a primeira coisa a fazer quando se aborda esse assunto,
to e liga as necessidadesàs reaçõesadaptativaspara satiú,.ê-las. é estabeleceruma distinção entre nìotivo e incentivo. Motiuo é um
Atualmente,a Psicologia,que tentaa-ssumir o status de ciência, estímulo interno enquanto incentiuo é um estímul<lexterno. A ação
procuraestudarde forma maissistematizdaa influênciada motiva- pode ser estimulada e gerada tanto por fatores internos, que são os
ção na aprenüzagem.Aliás,estetem sido um dos temasbásicosda motivos, como por estímulos externos, que agem como incentivos.
Psicologiada aprendizagem.No entanto,a história do pensamento ,{'ssim,no sentido psicológico, moüvo é um impulso da conduta
pedagógiconos revelouque a questãodos interessese suainfluên- que corresponde a unra necessidadee põe o ser humano em moü-
cia no ato de aprendertêm sido obieto da reflexãodos educadores rnento, levando-o x agir. O motivo é sempre algo interno, profundo
ao longo de muitosséculos. e clurad<luro.
E comum os professoresinterrogarem como podem motivar 0 interesse,por sua vez, pode ser intrínseco e extrínseco.O inte-
mais seusalunosdurarrteas aulas.o professorLuiz Alvesde Mattos resse é intrínseco quando corresponde a uma necessidade,tornan-
respondea estaperguntadizendoque, "dada a n tuÍez complexae do-se a manifestaçãode um motivo. Nestecaso, o interesseó persis-
sutil da motivação,como fenômenopsicológicointerior,no qual as tente e duradouro.
diferençasindividuais,a experiênciapréviaão nívelde aspiraçaode O interesseextrínseconão corresponde a unta verdacleiraneces-
cada aluno desempenhamum papel impofrante, não é possívelà sidade e não tem relação com a n tvrez^ da atividade solicitada,
Didâüca Íraçar uma técnica padronizada,iegura e infalível p ara pro- sendo superficial, momentâneo e passageiro.
vocar ou gerar em cada caso a deseiadamotivaçãointerior pilra a Psicologicamente,a nÌotivação é um estado dc tensão, de dina-
aprenüzagem.contudo, dehâtmuitoos didatastêrnprocurado esta- rììismo, de necessidadeque provoca a ttividade, fnendo o indiúduo
belecer,por intuição e por experimentação,proced.imentos eficazes a1gir.Diz-se quc uma pessoa está nrotivada quando a atividade qtte
que geremou estimulemessamotivação.(...). n esseconjuntode realizacorresponde a uma necessidaclepsicológica otl a um interes-
recursose procedimentosenvolventese estimulanteschamamosde se intrínseco.
incentiuação da aprendizagem. Incentivaçío dz aprenüzagerné,, O professor não pode motivar o aluno, pois este é um processo
assim,a aruaçíoexterna,intencionale bem calculadado prõfessor intenro, ma^spode sondar e aproveitar os motivos iá latentes,desper-
para, mediantemeios auxiliares,recursose procedimentoi adequa- tando nele os interessesintrínsecos, qtte são a manifestaçãode um
dos, intensificar em seus alunos a motivaçãointerior, necessária motivo.
para uma autêntica aprendizagem,proporcionando-lhesmotivos Portanto, como diz a professora lrene Carvalho, "a motivação é
polarizzdoresde interesse,de estudoe de trabalho',27. um fato interior, enquâtrtoa incentivaçãoprovém cle forças ambien-
Dessetrecho deduz-seque um professornão pode motivar um tais, entre as quais situa-sea atuaçãodo professor, quando este tem
aluno a aprender,pois a motivaçãoé um procesìo psicológico e plenir consciência do valor da incentivação,e realiza esforços deli-
energético,e como tal, pessoale interno, que impelè o indiúduo berados para bem estimular seus alunos (...). A incentivaçãosó é
p^Í a ação,determinandoa direção do componamento.sendo um operante se se transformar em motivação. Isto é: os estímulos exter-
fenômenopsicológico, ocorre no interior dõ indiwduo e varia de nos (incentivos) precisam sintonizar-seconì motivos preexistentes
acordo com as diferençasindiüduais, as experiênciasanteriorese o .(estín-rulosinternos) para conseg,uiralgum resultado. Muitos incen-
nível de aspiraçãode cada um. o que o professor pode fazer ê tivos chegam até nós e nada conseguem,porque não encontranl res-
incentivar o aluno, isto é, despertare porarizarsua atençãoe seu sonância enì nosso interior"28. Isto quer dizer que o aluno aprende
interesse,orientandoe canüzando positivamenteas fontesmotiva- efetivameuteaquilo que corresponde a uma necessidade,a um moti-
cionais. vo, ou a um interesseintrínseco.
ClaSSe' Ou Contâgia
Paraincentivaros alunosa estudare aprender,o professoruti- alunos,Ou tem Um bOm relaCionamentoCOma
que revelapela matéria
liza recursos ou procedimentosincentivadores.Essesrecursos seusalunos com a empolgaçãoe vibração
o compo-
devem ser usadosnão apenasno início da aula, mas em todo o que leciona.Assim,na maior parte dasvezes'não é tanto
alunos, mas a pessoa que o
decorrer dela. "Motivos e incentivossão importantesem todas as nentecurricular em si que interessaaos
exrraindo dele con-
fasesda aprenüzagem,e não somenteem seu momentoinicial. Há ;;;^. òabeao professôrreÍletir sobreesrefato,
sua atruarçÁo
muito professorque só se preocupacom a incentivação no início da clusõesde ordem prítica que o aiudem a aperfeiçoar
aüvidade,sem se lembrar de que esta tem de ser reforçada no docente.
indiferença
decorrer de todo o processo,a fim de que a motivaçãonão decres- Na verdade, um professor que manifesta apaltae
a seusalunos, dificilmente conseguirá que
ça, a ponto deaté se exünguir."2') pelo assuntoque
"*pã" conteúdo.Por outro lado, um professor
Tambémo professor Luiz Alvesde Mattos se pronuncia a esse elesse interessempà,
respeito,dizendo que "a incentivaçãoda aprendizagemnío é ape- do que faz e"rr"
demonstra seu entusiasmoe interessepelo
ã"" ã"t,"
facilidadepara incentivarseusalunosa
nasum passopreliminardo ciclo docente,mas uma constanteque [uã ãnrinu, t"nd" ^ ter mais
devepermear todo o processamentodos trabalhosescolares,atra- u'f."nd". aqueleconteúdoe a se interessarpor ele'
vésde t<rdoo ano. Incentivaros alunosna sua aprerulizagem não sig- A seguir,apresentamos algunsprocedimentosque podemaiudar
nifica despertarapenasa curiosidadeou o interessemomentâneo no p.o.ótto d-eincentivaçãoda aprendizagem'
dos alunos,mantendo-os atentos,maspassivose inertes.A conquis-
sendo ensinadoe
ta do interessec da atençãodos alunosé apenasa preliminar da a.) Façaa articulaçãoe a correlaçãodo que está
conteúdoou
motivação.Partindo desseinteressee dessaatenção,é necessário aprendidocom o real.Assim,ao introduzirum novo
situaçõesreais
levaros alunosa aüüdadesintensivase proveitosas, induzindo-osao inlciar uma unidadedidática,comecepelosfatose
e próximos
estudo,à reflexão,ao esforçoe à disciplinaespontânea do trabalho relacionadosao ambienteimediato (físico ou social)
do aluno' A partir da cor-
discente. Essasatividadestrarão aos alunos o pÍazer do sucesso da experiênciae da realidadevivencial
à generalnaçáo e à ela-
obtido pelosseusesforçospessoais.Todo o esforçobem-sucedidoe relaçãocom o reJ, chega-seà abstração'
esquema's opera-
como tal reconhecidopelo profcssoré altamcnteeducativoe moti- noraçao teórica, por meio da mobilizaçãodos
raciocínio' Em
vador"30. tórios do pensamento,que g,erama reflexãoe o
fatos' o conhe-
Comopodemosconcluir,a participaçãointensae do aluno seg,uida,faça os alunosapticaremnovamenteaos
^tivl real'
na aula depended<l grau de motivaçãopelo assunto ou atiüdade cimento iá organiztdo iitt"t"tiztdo a partir do
Íocalizada.Por outro lado, a incentivaçãoda aprendizagemdeve " questãoproble-
b) Apresenteos novosconteúdospartindo de uma
ocorrer durante todo o desenrolarda aula e da unidadede ensino. a qual os alunos devem
mutizrdoraou situação-problema,para
dependendo,em parte,do ambienteda salade aula e do clima de exnli.caeão
relaçõeshumanasnela existente. encontrar,individualmenteou em grupos' ym" 1t1
(que envolveensalo
Em geral, quandose perguntaa um aluno de 5 a 8" série do solução'Atravésdo processoda descoberta
diálogoe a nnâ-
ensinofundamental,ou a um aluno do curso médio,ou mesmodo e erro) e de procedimentos,como a pesquisa'o
aluno coleta
curso superior,qual a matérrl do currículo que ele prefere e qual a lise da-sinformações expostaspelo professor' o
' apresentada' aiudam
razão dessaescolha, é comum ouvirmos, como resposta,que a ãaOosqu", aplicaàosà siiuação-froblema "r
causaprincipal da preferênciaestânasqualidadespessoaisou pro- esclareõê-la, explicá-laou resolvê-la'
condizentes
fissionaisdo professor.Ou ele explica bem o assuntoque está c) Use procedimentosaüvosde ensino-aprendizagem'
expondo,tornandoo conteúdoacessívele compreensível para os comafrixaerânaeoníveldedesenvolvimentodosalunos'Isto
propor
quer dizer que, para incen-tivara tprenüzag,em'convém
aos alunos ativid^adesdesaüadoras'que estimulemsua participa-
r') ld('nì, ibidcm, p. lO5.
seus esquemasoperaüvosde cog-
ro l,uiz Alvesde Matt<ls,obra citada, p. 22o ção e acionem e mobilizem
tìo Capítulo.ì A interaçãoprofessor-aluno
No nossoentender,não se deveconfundiro respeitoà individua- nal. Todos somos educadorese educandos,ao mesmo tempo.
lidadee à criatiüdadecom uma situaçãoonde os alunossãodeixa- Ensinamose somosensinados,numa interaçãocontínua,em todos
dos cadaum por si, abandonados na salade aula,sem orientação, os instantesde nossasvidas.(...).Em segundolugaç e aqui estáo
sem um rumo traçado,sem um objetivoa atingir.A educaçãoé unt núcleode interessep Í^ o momento,educadoré o profissionalque
processodiretivo por natureza,pois sempreüsa alcançarcertos se dedica à atividade de, intencionalmente,criar condições de
objetivos.Por isso,cabeao professorusarseubom sensoparasaber desenvolvimentode condutasdeseiáveis,seia do ponto de vista do
quandoserámaisou menosdiretivo.Mesmoquandodeixao aluno indivíduoseiado ponto de ústa do agrupamentohumano"32.
descobrirpor si próprio, o professorconscientetem certosobjeti- Transpondoessaideia pff^ o campomaisespecíficoda constru-
vosa serematingidos. podemosdizerque,emboratodosnós esteja-
çãodo conhecimento,
Ao aprender,o alunoestáconstruindoseuconhecimento. Nesse mos constantemente ensinandoe aprendendo,cabe ao professor,
processo,algunsmomentossão de descoberta,outros de generali- como profissionalque é, prever, organiztr e apresentaraos alunos
zaçãoe transferênciado que foi aprendido,e outros, ainda, de situaçõesdidaticamenteestruturadasno sentidode aiudáJosa des-
estruturaçãoe sistemaüzaçáo. Em cadaum dessesmomentos,cabe cobrir, generalizare sistematizaro conhecimento,transformandoo
ao professorperceberse deveser mais ou menosdiretivo,se deve conhecimentoprévio de naítrezaempíricaem conhecimentocienti-
ou não interferir mais diretamentena aprendiz gem do aluno e ficamenteestruturado.Portanto,a direção de classeé necessária,
como f'azê-losem tolher sua iniciativa.Portanto,a diretividadena como forma de organizar e proporcionar atividadesde ensino-
educaçãoem geral,e no ensinoernespecial,é uma questãode grau. -aprendizagem, visandoa consecuçãode obietivos.
Nossaposiçãoé corroboradapelo professorLibâneo,que assim A direção de classesupõe:
se expressa:"A nível do relacionamentopsicossocialentende-se
uma revisãodas formas de direção do trab,alhoescolarincluindo o pl,anejaras aulas;
questõescomo autoridade,estruturaorganizacional e participação; . selecionare estruturaros conteúdos;
propõe-seuma forma de relacionamentoprofessor-alunoonde <r
. prever e uüüzar adequadamenterecursosincentivadorese mate-
adultonão omite seupapelde guia,expressando uma presençasig-
nificativapzra a criança:ainda que permaneçaum facilitador,não riais audioüsuais;
deveperder-sena ingenuidadedo não diretivismo.Numaperspecti- . oÍg nizaÍ atiüdades individuais e grupais interessantese bem
va de educaçãocrítica,direcionaclapara uma pedagogiasocialque dosadas,que auxiliemo aluno na construçãodo conhecimento;
privilegiauma educaçãode classeno rumo de um novo projeto de . avafiarcontinuamenteos progressosrealizadospelosalunos,mos-
sociedade,a escolapública possuipapel relevantee indispensável. trando os seusavançose dificuldades,e como podem aperfeiçoar
Paraisso,é precisosim, dar aulzrs,fizer planos,controlara discipli- o seuconhecimento.
na, maneitr a cla-sse,dominar o conteúdoe tudo o mais...Sabe-se
que famíliaspobres apreciamuma escolaonde há uma disciplina A seguir,apresentamosalgumassugestõesque podem aiudar o
rigorosae que exigededicaçãoaosestudos".ìl. professora aperfeiçoarsuaposturapedagógicae facilitamo proces-
Sobreo mesmoÀssunto,o trechoapresentado a seguir,de auto- so de construçãodo conhecimento.
ria do professorLuckesi,abordaa mesmaquestão,só que do ponto
il) Façauma previsãodos conteúdosa serem desenvolvidose das
de vistamaisamplo do processoeducacional:"Primeiramentee de
atividadesa serem tealizadas,levandoem contâ os obieüvosa
um modo genérico,diria que educadoré todo ser humanoenvolü-
serem atingidos,bem como os interesses,as necessidades eo
do em sua prática históricatransformadora.Em nossasmúltiplas
nívelde desenvolvimento dos alunos.Ao planeiaro seu trabalho
relações,estamosdialeticamente situadosnum contextoeducacio-
J2 Cipriano C. Luckesi, "O papel da Did:itica na formaç:-todo cducador". Etn: vcrâ Mâriil
{f
J<rséCarl<rsLibâneo, "Sabcr, sabcr scr. saber íltz.er", ANDE, n. 4, | 91J2.p. {4. Candatr, t rF,., A Did.ític.t en cptestão,1t. 24.
It4 C:rlrítuloJ A i rttcritçixl 1lr<lfcssor'-alutt<r tì5
em sala de aula, o profess<ll'telrde a se sentir nrais seguro, p<lis siÍuações significativas,ligadas à realidade vivi<lapelos alunos.
podc conlrolar nraisfacilrnenteas improvisaçõese os conlratetn- l)epois, apreserìtepara a cla^ssesituaçõescle <lrg:tnizaçãoc apli-
pos. Mas, lclnbre-se:o plancjalncntocleveser flexível,adaptan- caçãrcldo novo conhecimerìto, propot'ci<lnancloativicladcsquc
tlo-se aos intercssesmanifestadospcla cl,.r.sscem ditd<lmomcnto, façam os zrlunosaplicar e sistenratizaro que aprcnder:un.
llois só assinrlloderá satisfazeràs reiús neccssidatlcstle aprendi- g) M:rntenhaos alunos senìpre ocupados,errì constanteatividadc,
zirÍìcrììdos alunos.
pois "o trabalho cì a atividade mental são senrpre as nrelhorcs
b) l;açaos :rlultosparticiparcrnno planciatnentotlo trabalho di:irio garantia^sde disciplinit erÌ.rclasse".ìJ.Assirn, planeje e propicic
dit cl:nse, colrtribuiltclocotìl sugcstilcs.lìegistrc lrrrnrciutt<lcl<l iurs alunos atividadesindividuaise grullais dc ensitto-aprendiza-
de giz,ern couiunto colìì os alunos,as atividiÌdcsa serenÌ
r;tterdr<l gcnr interessantese bcm closad'a^s. Explique o que é para ser fcittt
rlcsclrvolvidasno dia pela classe. eln cada ativiclade,dand<l instruções claras e objctivas. No czts<r
c) lìsclareçao que se prctende alcançar conl a .aprendizagenr do trabalho erÌì Íìrupo, oriente os itlunos para trabalhar enr e<;ui-
de
tleternrinado corrteúdo ou colÌl a realiz.açíode certa :rtividade, pe, proporìdo,enr c<lujuut<l com eles,paclrõesde conrportamcn-
pois conhccendo os objetiv<lsa serelÌì atingitlos,r>salunos ten- to e rìornìas de conduta. Circule pela classe, procur:uttlo obser'-
dcnr a nranifestarmais intcrcssc pclo trabalho c a enrpreendcr vAr os alunos trabalhand<1. Verifique as dificuldatles de czÌdâutn,
para'ditdâ-los a supcrá-las.
esforços no senticlodc alcançar essesobictivos.
h) Observeos álvançosde seus alunos no processo de construit'o
rl) l)rocure adotiu'uma atitucleclialírgicatìA sua prática tlocelrteent
c<lnhccirncrrto c avaliecontinuanrenteos proÍÌrcssospor eles ret-
sala de arrla,par:r facilitar a constnrçãocoletivado conhecimclr-
lizados rros cstrrckrs,forneccncl<l-lhes,corììo retonìo <>ufeed-
to por parte closzrlunos.Lenrbrc-scquc o diírlog<lé fundalnental
lttrch, o resultatlo das avaliações.Mit-snão lhes aprescnte sim-
para (luc o profess<>re <ls alun<tslx)ssiÌt'tìc<tnstrtririuntos o
plesmenteurììa rìotzrou ulìì conceito frio e inrpessoal.M<lstre-
conhecilnerrto.Para tlesencadc,aro diírlogr) c<lnvcítÌlpartir (lc
-lhes :usprovas, os trabalhos e os exercícios que seruirzuncortìo
unta situação-problelnae aproveitaros conhecinìentosprí'vi<lsc
as experiênciasanterioresclosalulros.
instrumentos de avurliaçã<r, i'í devidanrentccorrigidos, para que
eles lxlssanr vcrificar o quc acertaranì c o que errarAnl, e cottìo
e) Incentivca particjpaçãoativa dos zrlunosna situaçãodc aprcndi- p<ldernnrelhorar nos cstuclos.
z^genr, ;lrollondo-lhcs atividatles desafiatlora^sque aciouenr e
i) Ao avaliar, não denrore rnuito pzrrac<lrrig,ira^sprovas, trabalhos
nrollilizernscus csqÌtcmasoperzrtiv<ts de cogniçã<1. Assinrsendo. <ruexercícios,pois quanto mais rápid<lf<lr dado o retorno d:tavtt-
prop<lrcirxresituaçõcsproblentatizadoras, nas quais eles tc'nhalrr liação,isto é, quantomais rápid<los alurtossouberemo (lue acer-
que observar,descrever,rel:rtar,dial<lgar,ler, escrever,colÌìparitr. taranr e o que erraram, rnais fácil será para cles avançar nÍl cons-
idcrrtificar, difcrenciar, classificar, seriar, urdelìzrr, [:uer <pera- truçiur do conhecilÌìento.
ções numéricas, fazcr estintativas,l<lcalizarno tenìlx) e no espa-
ço, explicar, an'alisar, sintetizar, conceituar, deduzir, c<lncluir, i) Incentive<lsztlunos'a.av'ali'.n'
<lpróprio tr:rbalho,praticanclo,it^ssirìì,
interpretar, cscolher e iustificar as escolhasfcitas, iulgar, avaliar. a autoavaliação.O aluno, quando bcm orientado, tambént sabe
propor e conìprovarhip<iteses dizer c;uaissão seus polìtos f<rrtes,o que :tprencleue etn que prc-
etc. lrrra conseguira nraiur parli- 'cisa nrelhorar. Se pretendenrosque nossosalunos deseltvolvatna
cipação dos alun<ls,é preciso usar Llnì nrót<ldoativ<lou operativo
(de acordo conì a terminologia de Jean Piagct), quc, acione e rroção de responsabilidadce unìa atitude crítica, é preciso criar
olrortunidades para que eles pratiquenl a ltut<tavaliação,come-
mobilize os esquetÌìáLs lnentaisdo indivíduo,agilizitndosÌtasopc-
rações cognitivas. çando por analisar t si nresntos,seus erros e acertos, e assumir a
responsabilidadepor seus atos. Os alunos devenradotar uma ati-
[) A<l introduzir um conteÌido novo. verifique o que os alunos jír
sabem sobre o mesmo, e aproveite suas experiências ilnteriores
e seusconhecimentosprévios sobre <lassuntoestudado.Parta de ii Afirr<lcMatfcirrr Mlrcozzi at.rlii. Í:nsitnndo ri c'riançt,1t. 20.
rì6 Capítulo .ì A interaçãoprofessor-aluno 87
tude crítica inicialmente sobre seu comportamento e em relaçiio (elenrerrÍosdo domínio alì.tivo). ajrrdando a firrmnr a pt'rsorrali-
a seus própri<ls conhecimentos. dude do educando. Por isso. o prol'essor devt ter bent r.laro r;ur..
anles ck'ser rrnr ;rrofessor. ele ó unr edu<:ador.
k) Procure enfatizaros progressos realizados pelos alunos no seu
processo de constmção do conhecimento e valorizar o esforço 2. Na rela<,'ãoprofessor-alrrrro. o dirilogo e firndtrlrrental. A trtilude
que cada um empreendeu. Procure, tambéln, salientar os conì- dialr'lgica no llro('('sso ensino-trprendizagern ó aqrrela tlue pnrte
portanìentos adequados do ponto de vista do corrvívio grupal, clt ulntr questrìo Problenraliztrdora Paru desen<:adt'ar<l diálogo.
porque os elogios e a valorização do comportamento cleseiado rro rlual o prol'tssol' lransmilt' () (lu(' sirbe. trproveitando os
eolrlrtcinrenlos previos (' as t'x1lt'riênr.ias anltriores do aluno.
ajudam mais a motivar o aluno do que cúicas e punições. Não
Âssirrr. tunbos cheganr rr urnrì sírrttst qut' elu<.idtr. t'x;llit:a orr
repreenda publicamente unl aluno de forma humilhante, p<lis
rt soh't' a siÍutrção-problt'rna 11rrt'desen<.adeouu disr.ussr-ro.
isto seria degradante, nem càstigue a classe inteira pela falta
cometida por um só, pois isto seria iniusto. iì. Na corrdrrçiìo da aprendizagenr dos strrs trlunos. o proli'ssor lern
efurts Íìtnçrìes lxisicirs: arfuuçtitt ineeulirndorru. pois ;trrr.isa grìritn-
l) Distribua fr.rnçõese divida tarefasde modo a permitir que os alu- tir silrrar,'ões(lue incenlivenr o nlrrrro a r.onlinrrar progredind<l
nos participem mais ativamenteda dinâmica da sala de aula e nos csludos r. r.slilrruk rn sua ptrlir.ipaçiro aliva no alo de âpren-
cooperem em suas atividades rotineira-s.Assim, estabeleçaum cft'r: t' tfunção oricnludttnt. pois calrt tr elt't'rrsinlr. islo í'. orien-
sistema de auxiliares do dia ou da senlana, no qual os alunos tar o processo de tprelrrlizlgr.ln dos trlrrtros l)ârn (lu(. l)ossrìtn
fiquem responsáveis,em rodízio, por certos encarg,os,como conslnrir o prri;rrio <.onlrr.<.inrt nt<1. auloridade do profi.ssor i'
ap g Í o quadro de giz, recolher os cadernos, distribuir ntate- ilrr.rerrlr. iì srru lìrnçâo r.drrcarlora. orr sejt. í' a rrrrtoridlrk de
rial, arrumar a sala após a aula etc. (l l renr i rrccnl i l 'a e or ier r t n.
4. N<l r;rre se relì.rr' à dis<'i;llilra. i' prr.<.isoolierrlitr t <.ondrrtados
Tanto os assuntosabordados neste capítulo, bem como ar;ueles
trlrrrros <'ornalilrrdes s(.gtrriìse rt(f ln('srÌìo lt lrrp<l<'orn;lrcr.rtsivits.
que serão tratados nos próximos, têm relação com a direção de (lorrro lirzer islo depenclt rti da poslrrnr de r.adn proft'ssrlr e do
classe.Assim, ao continuar lendo este livro. o leitor poderá sistema- "<'lirna" da clnsse. pois t'm eelu<'açr-ur nrìo hii lifrrnulus pronlns. o
üzar Outros pressupostosque norteiem seu trabalho na sala de aula. pt'r<'t'lrerri r;ue i\s vtzr.s prt<.isa ser rnais t'nd'rgi<.oe
;rrolì'ssor
No entanto, no que concerne a estetema, a aprendizagemdo profes- orrlras vez(.s nì(.nos. deperrdelrdo da siluaçiirl r. do "r.lima" drr
sor será constante,pois cada classeé uma realidade, apresentando <'lrtssr'.(krrrvriln lcrrrbrtr (llr(. ()s r.logios fiur<'iorrtrlrrr.onrrl relìrrço
características próprias. Cabe ao professor aplicar seus conheci- positivo. eslirnultrndo o alrrrro e rrjrrdalrdo-o n desenvolvtr o
mentos anteriores, nras principalmente usar sua sensibiliclade,sua arrlo<'orrcr.iloposilivo. lìlas (' prr.<.iseiusrtr o elogio nns siluirçr-rt's
intuição e seu bom senso na oricntação da aprendizagemdos alunos rurk'r;uadits.orr seja. r;rrando prr.rcr.berrt trlruelrtt't;rre o trlurro t'slti
e na direção de cl'asse.Assim,cada professor encorìtraráo seu cami- sr. r'sfirrr,'andode lerdrr<lt'r. fazt'ndo o lnelhor r;ue podt'.
nlro na prâtica, rJiâri'ada sala de aula. ir. O ;lrolì'ss()r (' os alrrrr<ls<k verrr l)ropor. lnalisur e disr.u(ir. I'lrr
conjrrrrlo. os prrdrr-rtsde <.oln;xrrlnlnt'nkr (' norrnas dr' <.onrlrrlir.
pois <luartdo o tluno ptrrli<'ipn dit r'lalrornçrìo dt' trrrr "código" ck
Resumo ('(rntx)rÍanttnkl. ltnde t assurnir o (llro propôs t a adolii-lo. na
;lnilica colidiana dr. saltt de arrla. nrais ftu.ilnrenle do (lu(' sc
' lìlssr. irnposlo. Assilrr. r;rrando o llrrrro pode disr.utir orr eltrlrornr
l. O plrolì.ssor lr.rtt sr.a lx'rs()nalirlirdt' oritrttarla ;lor vtrlorr.s r.
its r('!Iriìs coltlivamt rrle'.t'lt' sc sr.nlt' nrnis ntolivarlo ;rtrra rt's;rr.i-
;l r ir r c ipios dt . r ' i rl i t < ' r' o rrs < ' i t' trlocrr i n c o rts ci tl tl r.l rrr.rrÍe.
r' xpl ír' i l rr
i ri -l as.
orr irnpliciltrnr('rìle. r.le vr.icrrla r.ssr.svirlor(.s (,nr stlir rlr. irrrlir.
rrrttrtilì'slirrtrlo-osa s(.lrs itltnros. Âssirrt. tro inlr.ragir <'otrrcir<lir 6. lfkrtivaçrìo i. um pro(.rsso psir.okigi<.o r. r'rrergí.lir.o. ink'rno (. pro-
trl ur r o enr ; r ar licrrl i rr (' s (' rt' l i tc i o tri tr (' ()rni r < ' l i tssr.r' orrrorrrrrl rxl o. lìrrrrlo. t;trc inrpek'o irrrlir-írluo l)ara rr rrçrìo.rk k'rrnirrando a clire-
o prolì'ssor rrrìo irplelraslrtrrsrnile corrlrr.r'irrrtnlos.r.rrr lirrnrir <lr. çiro tkr colnporlarnr.n(o. lì rrnr lï'lrôrrrelro pt'ssoal r;ur. dt'penck' da
ittlìtrrrtaçires. r'orx'r'ilos r. itk'ias (aspr.r'kr cogrrilivo). rrrns liun- t'xpr.riôrrcin ;lrór'ia de <.rrdirtrlurro e do serr nível de aspirirção. l)or
lli'rrr Íix'ilita u vr.icrrllçiro dc idetris. r'tlor<.s r. ;lrirr<.í;liosde virllr isso. o prolì'ssor rrr-r<l;rode tnolivar o aluno a aprelrdt'r'. miìs
8u Capítulo .3
que ouvirom Íolor em certosprincípiosfilosóficosexistenciolistos, humana aos valores. A criança e o adolescetrte'todo aquele qrte a si mesmo se
ou
que ho correnresnõodirerivosno compo psicoiogi_ busca, acham-se confrontados com a encarnação das vontades que neles
TI:i,:!U::1"
co -d.semverdodeiro
ou didotico,e, a mars alta
conhecimento de couso,'r"ionço,no iaziam ocultas. Esseencontro com o melhor, esse confronto com
empregortécnicosmodernos,ciesconhecendo seusfundomenúse os exigência,clesmascarandouma identidade que a si nìesmase ig,norava,penni-
condiçõesde seuêmprego"3S. t" q,," n personalidade passeao ato e a si mesma se escolha tal como desde
semprc'se cleseiava e se queria. (p. l0- I )
A verdadecomo autoconhecimento
Ie i t ura cornplernen tar
A verdade só pode surgir como resultado de uma busca e de uma luta que
o texto a seguir é um resumo adaptado do admiráver e cativante
rivro de caclaunr de nós tem que travar consig,opróprio, por sua própria conta e risco.
GeorgesGusdorf intitulado lrrolbssores,para quê? Não é outro o sentido dzrsentençadélfica invocada por Sócrates:"Conhece-te
Professoreshá muitos; mestres,dignos dessenome, raros
o são. A paravra a ti próprio...". O caminhoquc à verdadeconduznão levaa uma imitaçãodesta
consagra, aÍlora, uma qualiÍìcação especial, uma força superior,
de cuja pre_ ou {aquela personagemexterior; leva ao examede consciênciaem que cada
sençae irradiação irão se beneficiar todos os que com ela
contatam. pessoatem que reconheceras suaspróprias razõesde ser' (p' 2l)
,{ssim compreendida, rparavra "mestre" é prerrogativa independente cada homem tem uma história,ou melhor dito, cada homem é uma histó-
da
atiüdade pedagógica,no sentido estrito desta palavra.Muitos
homlns ensinam ria. Cadavida se apresentacomo uma linha de vida. (...) O ensinotem por fun-
do indivíduo
- uma disciplina intelectualou manual,uma técnica,um ofício - pouquís- ção permitir uma tomada de consciência pessoalno aiustamento
simos gozam desseacréscimo de autoridade que lhes não vem com o mundo e com os outros. (...) A formação de um homem, se for exata-
do saúr ou da
capacidade,ma^sdo seu valor como homens. Nestesentido, metìte compreendidacomo a vinda ao mulrdo duma personalidade,como o
um artista, um artí-
fice, um homem de Estado,um chefe militar, um sacerdotepodem estabelecimentodessaperconalidadeno mundo e n1 humanidade,torna-se ttm
ser mestres
dos que com eles contatam, tanto quanto, ou até mais do que, fenômenode proporçõescósmicas.(p.26)
os professores
propriamente ditos. A sua úda impõe-se, a todos ou A história de um homem eúrnra-se no tempo como a lenta formação e
a alguns, comã uma lição
de humanidade. reformaçãoda personaliclade.(...) Por isso, a constituiçãodunta üda pessoal
A relação mestre-discípurosurge-nos,pois, como dimensão não pode, eúdentemente,coincidir com um diplonraou unr rito de pa.ssagem.
fundanrental (...) A história de um homem resume-se,ao fim e ao cabo, na experiência
do mundo humano. cada existência ffrma-ie e aÍìrma-se
em contato com as
existência^s que a rodeiam; forma, no coniunto das relação humanas, desselromem, no que essehomem faz da vlda, daquilo que nela está em iogo.
uma espé- 1p.27)
cie de nó. Dentre essasrelações, uma-shá que são privilegiadas:
a^sdos firhos A própria a<;uisiçãodo saber corresponde a uma forma essencialde expe-
com os pais, com os irmãos ou irmãs, as reraçõesde amiÀde,
amor. Ma^s,entre todas,singular é a relaçãodo discípuro com
a^srelações de riência vivida. Na escola, no liceu, na universidade, instituições que têm por
o mestre que rhe função ministrar o saber, a criança e o adolescenteconhecem formas decisivas
revelou o sentido davtda e o orientou, não apena^sna
ma-sna descoberta das certezas fundamentais. para. ar,ém
atiúdade profissional, de experiência da sua vida. [stes locais nã<l são, para eles, simpleslnente o
da refleiao sobre a^s cenário de certos iogos da intelig,ênciaou da memória. É a personalidadeintei-
üas e os meios do ensino especializado,abre-se-nosa possibiridade
de uma râ que aí aprende; sensibilidade, clarâteÍ,vontade são aí experimentadose a
outra meditação que, como uma pedago$a da pedagoga,
se exerce sobre a aquisição de conhecimentossurge indissociávelda tomada de consciênciados
investigaçãodos processossecretos,graçasaos quais, fora
de todo o conteúdo úo."i. O espaço escolar deÍine o lug,arda^sprimeiras relações humanas,fora
paíicular, se cumpre a edificaçãode uma personaridade
e se processaum des- do círculo famibar. É nesseespaçoque o futuro homem tenta, bem ou mal, a
tino. O papel do mestre é, aqui, o papel do intercessor:
é ele que dá a forma sua autoafirmação na coexistência.
Assimse iustiÍica a decisivaimportância do diíogo do'aluno com o profes-
J5 lrcne Mello Carvalho, sor na odisseia de cada consciência,como também a dos outros diálogos do
aluno com o ,iluno, do professor com a classeou do aluno com a classe. No
obra cirada, p.295-6.
92 Carrítulo3
encontro de pers<lnalidades, confonne aos ritnìos alternadose complementares assi m.podedi zer-se, éodiscí puloqr r ef az. om est r e'e(com
'omoest r ec;é
outro; uef azodis-
uma
:'ìili;.Ëil"aï iãt"á^ ilï;i; <lasuarelação
à"p"n<le
do iogo e da luta da amir.adee da hostilidade,é um coniunto de relaçõeshuma-
u".da.l. enr reciProcidade'
n'Àsque se estabelece.O sabcr propriamente dito, os programase exercícios,na humana é a verdade de um diá-
Poderia dizer-se,arüi, que toda a verdade
nraior parte dos casos,são apenastemas impostos, pretextospara a realização
l ogo. (p.205)
e desabrocharda autoafìrmaçãode uns e de outros. (p. 28-9)
A função do diálogo
Há uma ilusão do mestre que consiste em se tomar por mestre. Mas há
uma ilusão do discípulo, que se engana acerca do mestre e acerca de si pró-
prio quando considera definitiva a sua condição de discípulo. O mestre e o dis-
cípulo, no seu encontro de um momento, no seu frente a frente, situam-setam-
bém no seio de um vasto moümento de relatividade generalìzada.Cada um
desempenhaem relação ao oulro um papel essencial;cada um dá testemunho
diante do outro. Seria um erro fazer desta situação um absoluto, e fixar para
sempre aquilo que nío é,parr os dois interessados,mais que uma fasede uma
história. A discussãodo mestre e do discípulo revela assim que toda a verdade
humana é uma verdade em diálogo; o sentido da verdade é o que estáem iogo
num debate em que cada um, enfrentando o outro, se enfrenta a si próprio, e
se mede com a verdade,com a sua verdade.(p.2O4)
O mestre e o discípulo não se descobrem como tais senão na relação que
os une. Tal como o marido e a mulher só existem em úrtude do laço confugal,