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158 J3 V
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A estratégia oficial adotada para con- torais que se traduzirão, ao fim e ao ca-
viver com esses dois fatores e, assim, limi- bo, em contribuições às campanhas
tar a perda de credibilidade que deles de- políticas.
corre é a recomposição ministerial aco-
plada à mudança de lideranças na ban-
cada oficial na legislatura. Formalmente, O sentido na ação desses grupos é o de
a ação sinaliza iniciativa no jogo e aplaca investir recursos reais, na tentativa de tor-
temporariamente pressões em outras fren- nar mais exclusivos direitos legais já em
tes, ao atender a interesses básicos dos vigor na economia ou fazê-los vigorar, ob-
partidos políticos em terem extensões mi- tendo novos atendimentos preferenciais
nisteriais, ainda que em fim de mandato. junto ao processo político — o que sem-
Todavia, aos agentes econômicos sofistica- pre se poderá materializar por subsídios,
dos (os que jogam esse jogo construindo créditos fiscais, isenções de impostos, re-
suas estratégias com base no valor presen- pactuação de dívidas, crédito oficial, con-
te desses atos) não escapará que tal sinali- cessão ou renovação de direitos de explo-
zação possa estar disfarçando a falta de ração de serviços e inúmeras outras for-
comprometimento4 do governo, contraria- mas de regulação econômica.
mente a revelar um inequívoco comprome- O argumento oficial de que o “governo
timento de política econômica.5 não acabou” é qualificado justo pela inten-
Essa é uma classe de ocorrências no sificação em épocas eleitorais das ações
jogo que precisa ser bem entendida, tanto desses grupos de interesses especiais, em
pelos próprios agentes públicos quanto pe- sua busca por benefícios que são agencia-
los agentes privados: dos politicamente. O governo pode ter a in-
tenção de não reconhecer tais demandas,
porém os custos em que estará incorrendo
9 para o governo, isto é fundamental por adotar uma tal posição se revelarão in-
para agregar capital político suficiente comensuravelmente superiores aos benefí-
para ter sucesso nas eleições do próxi- cios que poderá obter nas urnas.
mo ano — o sucesso eleitoral tanto po-
derá ser alcançado pela vitória na elei- Desse modo, é certo que o governo já
ção presidencial, quanto pela obten- esteja executando sua estratégia eleitoral,
ção do controle na futura legislatura; que se estende da definição de alianças
sob o novo regime das MPs, esse con- em torno de uma candidatura oficial até a
trole poderá se tornar um efetivo limi- concretização do volume e das fontes de
tador às ações de um presidente eleito financiamento para que essa candidatura
pela oposição; seja vitoriosa. É sob esse aspecto que a re-
tórica de “o governo não acabou” é intrin-
9 para os grupos privados, a incerteza secamente contraditória.
quanto aos já citados dois fatores torna
O mais correto talvez seja perceber a
mais relevante a atenção para com a
mudança no perfil dos atendimentos de po-
construção de suas estratégias de ação
líticas que passarão a ser feitos. Ou, ainda,
coletiva ou nonmarket strategies (Baron,
o que deixará de ser feito ou será adiado,
2001), ou seja, suas iniciativas pré-elei-
não por uma decisão autônoma do gover-
no, mas por uma “compra” feita por grupos
de interesse no processo político. Afinal,
4 Estratégia não-individualizada ou pooling. “comprando ou não”, esses grupos não po-
5 Estratégia individualizada ou separating. deriam mesmo evitar a expropriação de
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renda ou riqueza que possa estar implícita policymakers consentem em ficar restritos
em uma decisão de política.6 ao uso de um mecanismo institucional
que sabidamente é mais lento, comparti-
lhado e transparente do que a emissão de
MPs.7
3. Dois regimes de urgência: os arts.
62 e 64 A prática observada agora, com o PL
n¡ 5.483/2001, é que os burocratas talvez
Por trás da trajetória legislativa — PL
pretendam utilizar uma outra regra (art.
n¡ 5.483/2001 (o relaxamento da CLT, em
64) a seu favor, preferentemente a acatar
face dos termos de um acordo trabalhis-
uma participação mais autônoma da le-
ta —, aprovado na Câmara dos Deputa-
gislatura no jogo de política econômica.
dos em 4 de dezembro de 2001, está uma
ocorrência significativa: testa-se um novo Esse artigo estabelece um fast track no
regime de escolhas públicas que pretende Congresso Nacional, na medida em que a
manter a hegemonia dos burocratas do pressão para se obter a decisão legislativa
Executivo, agora que a emissão de medi- é dada pelo trancamento da agenda, vale
das provisórias opera sob as restrições da dizer, o projeto tramitando sob “urgência”
Emenda Constitucional n¡ 32, de 11 de — condição que pode ser requerida irres-
setembro de 2001, que alterou o art. 62 tritamente pelo presidente da República
da Constituição. para projetos de lei de sua iniciativa —
Porém, a adesão do governo às novas torna-se preferência absoluta na agenda
regras da EC n¡ 32 revela-se muito super- da casa legislativa onde se dá a escolha
ficial — o que era de se esperar, uma vez coletiva. Ademais, dependendo da época
que a aceitação dos termos dessa EC pela do ano e do calendário eleitoral, pode-se
coalizão no poder é um paradoxo, pois exercer uma pressão irresistível tanto em
que, justo quando se avoluma a incerteza face do que o Executivo tenha a oferecer
e entramos em um período eleitoral, os em troca da transigência de deputados e
senadores, quanto pelo risco a que se ex-
põe o político perante sua base de repre-
6 Passos dados recentemente — o Código de Con-
sentação. Adicione-se a isso o recurso a
duta da Alta Administração Federal (21 de agosto uma variedade de expedientes regimen-
de 2000) e suas atualizações; a Portaria n¡ 34, de 8 tais e intenso logrolling (troca de votos), e
de novembro de 2001, do ministro-chefe da Casa tem-se um episódio que tende a desgastar
Civil; a retomada do Projeto de Lei n¡ 6.132-90 (Lei
muito mais a imagem do Legislativo do
Antilobbying) em tramitação na Câmara dos Deputa-
dos; e mesmo o incipiente debate sobre o financia- que a do Executivo e, assim, reduz os
mento público de campanhas eleitorais — indicam a graus de liberdade com que os legisla-
direção de tornar esse mecanismo menos social-
mente perverso. Contudo, é necessário ter cautela
quanto a esse tipo de mudança institucional, de vez
que minimizar um aspecto mais transparente do 7 O regime das MPs — tal como instituído em 1988 e
rent seeking pode apenas exacerbar alguma outra a permissividade com que foi sendo utilizado ao longo
dimensão do problema. Como lembra um estudioso dos anos 1990 — tinha na desativação do sistema
do tema (McChesney, 1997), a complexidade desse constitucional da separação de poderes sua caracterís-
mecanismo talvez não admita soluções que apenas tica mais essencial. Qualquer mudança significativa
alterem a barganha entre políticos e segmentos pri- nesse regime teria de necessariamente restabelecer o
vados, sem reduzir o tamanho do que os políticos equilíbrio de forças na interação Legislativo-Execu-
têm para vender. tivo.
161
dores possam exercer sua autonomia deci- nefícios futuros que resultem dessa
sória. cooperação; ou seja, os agentes no
A utilização dessa estratégia é institu- jogo diferem por sua valoração do fu-
cionalmente factível e há pelo menos dois turo.8
vínculos na análise econômica contempo-
rânea que dão sustentação a esse ponto
Nesse sentido, a crescente literatura
de vista:
de normas sociais (Posner, 2000) dá fun-
damentação a que se perceba que um
9 ao mesmo tempo que o cidadão-eleitor agente do “mal” que planeja renegar a co-
confronta-se com custos de informação operação buscará interagir com agentes
deliberadamente aumentados, com o do “bem”, de vez que serão maiores os
recurso a complexos procedimentos re- seus benefícios imediatos em decorrência
gimentais na Câmara dos Deputados, da renegação de seus comprometimen-
ele fica sujeito a um custo de reação tos, caso o outro agente coopere. Assim,
também elevado, de vez que no Sena- este é um jogo em que todos estarão sem-
do Federal (próximo estágio da trami- pre buscando interagir com quem esteja
tação do PL n¡ 5.483/2001) a maioria é propenso a cooperar, vale dizer, quem tem
mais confiável para bloquear qualquer baixas taxas de desconto.
reação contrária às preferências do go- Para bem entender as implicações de
verno, bem como o recurso ao Judiciá- uma iniciativa como o PL n¡ 5483/2001
rio pode ser inócuo; sob esse último — e sua acompanhante cláusula de ur-
aspecto, veja-se o recente Decreto n¡ gência — deve-se perceber o uso de uma
4.010, de 12 de novembro de 2001, estratégia em que o governo “mascara”
que centralizou na presidência da Re- sua proposta de política em uma retórica
pública o comando da liberação de pa- de bem-estar social. A sinalização que isso
gamentos aos servidores públicos fede- promove induz a que uma maioria de le-
rais, como instrumento de pressão na gisladores vote favoravelmente à propos-
greve de professores federais; mesmo ta, independentemente de o governo se
com o STJ decidindo pelo pronto depó- predispor a aprimorar o sistema de sepa-
sito do pagamento dos grevistas, o Exe- ração de poderes, por exemplo. Terá vali-
cutivo continuou a argumentar — e do a pena parecer estar jogando em uma
não foi substancialmente contestado perspectiva de longo alcance, se o resulta-
— que o citado decreto tinha precedên- do final for a aprovação do projeto que
cia sobre a decisão judicial; e mais ain- atende às preferências conjunturais dos
da — com o STF confirmando a deci- burocratas.
são do STJ; Na verdade, este é um comportamen-
to alarmante, pois que estamos em vias de
9 uma variável-chave a determinar a uma transição para uma nova administra-
possibilidade de cooperação é a taxa
de desconto dos agentes envolvidos
no jogo — tanto mais intensamente se
8 Os do “mal” terão uma alta taxa de desconto e
desconte o futuro, menos provável é
poderão sempre renegar comprometimentos de coo-
que o agente se disponha a abrir mão peração; os do “bem” — os de baixa taxa de desconto
de benefícios imediatos e capturáveis — usam algum tipo de estratégia de cooperação con-
no período corrente, em favor de be- dicional.
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ção federal, que herdará um quadro insti- ções) de atuar no jogo, para referendar ou
tucional que sanciona um substancial po- não a MP. Porém, em boa parte dos casos,
der de propor (Baron & Ferejohn, 1989) os fatos consumados criados por uma
do Executivo, com o contraponto do Con- dada MP tornavam redundante a extensão
gresso Nacional decidir diante de virtuais maior ou menor desse prazo de confirma-
fatos consumados. O que mudou? ção pelo legislador.
Para entender que, uma vez mais,
pode estar em causa a deterioração das
9 No regime das MPs pré-setembro de
instituições representativas, é importante
2001, a legislatura confrontava-se com
notar o papel exercido por Judiciário e Le-
fatos consumados que decorriam de
gislativo na construção e sustentação de
um aparato legal em que o Congresso
tanto poder dos burocratas. Com o art.
Nacional era passivo. Sua capacidade
62, o Judiciário (mais especificamente, o
de alterar uma MP esbarrava no subs-
STF), em circunstâncias de crise econômi-
tancial custo político de reverter ações
ca, acabava manifestando muita deferên-
como o Proer, a adoção da nova moeda
cia para com o presidente da República,
ou a superindexação da URV.
sem virtualmente oferecer resistência à
9 Com a cláusula de urgência, a legisla- emissão de MPs. O STF tornou-se, de fato,
tura perde graus de liberdade não só prisioneiro da chamada “tirania de pe-
em relação à definição de sua agenda quenas decisões” (Tribe, 2001): há uma
(uma opção do tipo “isso ou nada”) em incapacidade institucional de se examinar
um dado ponto do tempo, mas também o fenômeno das MPs em sua complexa to-
quanto às opções disponíveis, dada talidade e, assim, o Judiciário restringe-se
esta agenda: a urgência implica enfati- ao exame parcelado, de cada MP per se.
zar junto ao eleitorado a relevância da Dessa forma, o Congresso Nacional é a
proposta presidencial e, portanto, colo- instância que pode atuar num contraba-
ca deputados e senadores em desvan- lanço efetivo. Foi o que ocorreu com a EC
tagem na negociação política, se todos n¡ 32. Todavia, o Congresso Nacional pode
eles pretenderem reformular em larga não ter entendido a lição de que é da con-
escala a proposta original ou, mesmo, sideração do poder de propor do presi-
dente da República — e dos burocratas —
vierem a rejeitá-la.
que resulta a dimensão constitucional
mais profunda da regulamentação do art.
Todavia, há pontos de contato entre 62 e suas implicações para a ativação —
um e outro regime decisório. Por exemplo, ora observada — do regime do art. 64.
a urgência referida no art. 64 da Constitui-
ção é tão substancialmente vaga quanto a
que é mencionada no art. 62. Os burocra- 4. A instância judicial
tas têm, portanto, preservado seu poder
de interpretar a necessidade de legislar na Em uma outra frente, o estilo imperium in
conjuntura, controlando o timing da deci- imperio do presidencialismo brasileiro en-
são legislativa. Com as MPs, esse controle volve o papel desempenhado pelo Judiciá-
era nominalmente mais significativo, de rio e, mais especificamente, pelo STF.
vez que a legislatura poderia ser dispensa- Estudo teórico recente sobre a inde-
da indefinidamente (por meio de reedi- pendência do Judiciário (Hanssen, 2001)
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testa proposições que, no geral, são apro- classes de decisões de política econô-
priadas para o melhor entendimento da mica possam vir a ser levadas à consi-
alta concentração de poder no Executivo deração judicial. Uma variante dessa
brasileiro. proposição decorre da projeção que se
faz quanto à significativa renovação
9 Proposição 1: o nível politicamente óti- por que poderá passar o STF nos pró-
mo dessa independência será tanto ximos cinco anos, em razão da abertu-
mais elevado quanto menor for a proba- ra de três a quatro vagas em seu ple-
bilidade de que a coalizão atual se man- nário de 11 membros. Neste caso — e
tenha no poder, e vice-versa. Ou seja, a valer a proposição 2 — pode-se an-
quanto mais convencido estiver o go- tecipar algum tipo de movimentação
verno de que fará o seu sucessor, tanto política no sentido de tentar refrear a
menos ele ganhará (em proteção contra capacidade de um mesmo governo in-
a política econômica que poderá vir a dicar parcela tão expressiva da cúpu-
ser praticada pela oposição), e tanto la do sistema judiciário.
mais ele perderá (em termos das conse-
9 Proposição 3: quanto maior for a dis-
qüências da interpretação que o Judi-
tância entre a política que o Judiciário
ciário poderia dar à sua decisão, caso o
poderia vir a favorecer em sua decisão
Judiciário atuasse com total indepen-
(em uma interpretação de constitucio-
dência).
nalidade pelo STF, em face de um ato
9 Proposição 2: quanto maior for a dis- do Executivo, por exemplo) e a políti-
tância entre a política correntemente ca mais preferida do governo, tanto
praticada e a que a oposição poderá menor será o nível politicamente óti-
vir a implementar, tanto mais se ele- mo da independência do Judiciário, e
vará o nível politicamente ótimo da vice-versa. Ou seja, discordâncias da
independência judicial, e vice-versa. visão do Judiciário e dos membros da
Um caso particular dessa proposição é coalizão majoritária conduzem a uma
o da igualdade de políticas patrocina- posição judicial menos independente.
das pelo governo incumbente e a que
seria posta em prática pela oposição,
no caso desta ascender ao poder.9 Na Argentina de Menem, uma evidên-
Nessa circunstância, não interessará cia mais escancarada dessa propriedade
ao atual governo fomentar a indepen- se deu sob a forma do esvaziamento deli-
dência do Judiciário. Contrariamen- berado da instância suprema do Judiciá-
te, quanto mais probabilidade tenha rio, com a migração de parte de seus
o PT, por exemplo, de obter a vitó- membros para postos em embaixadas ar-
ria nas eleições de 2002, tanto mais gentinas na Europa.
predisposta estará a atual coalizão No Brasil, toda a experiência desde os
(PSDB-PFL-PMDB) a argüir que certas anos 1990 com a prática das MPs evidencia
justo essa propriedade: a posição do STF
sempre se concentrou em eventualmente
9 Tal como no argumento de que não resta à oposi- apreciar o significado isolado de cada MP,
ção senão prosseguir com a linha mestra do Plano não obstante os extensos e freqüentes pare-
Real. ceres de diversos de seus juízes quanto aos
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que, à margem das MPs, o controle execu- Por fim, a evidência aqui arrolada
tivo pode ser transferido eventualmente pode-se mostrar muito relevante para que
para uma trajetória constitucionalmente os comportamentos dos participantes da
explícita. É o que ocorreu em 17 de de- complexa escolha pública da qual resulta
zembro de 2001 no Senado Federal: o a política econômica sejam mais bem en-
Executivo mantinha a clara expectativa tendidos e, em especial, na aferição dos
de que os senadores aceitariam bancar o custos de monitoramento e sinalização
custo político de derrubar a proposta de com que se confrontam cidadãos e políti-
correção de 17,5% nos valores da tabela cos, bem como dos benefícios que resul-
de descontos do imposto de renda da pes- tam dessa interação. É provável que a sus-
soa física, já aprovada na Câmara dos De- tentação dos bons resultados macroeco-
putados — uma decisão que retira recur- nômicos venha ocorrendo em troca da
sos da autoridade fiscal estimados em cer- ampliação do poder discricionário do go-
ca de R$3,5 bilhões. Essa expectativa verno, com a decorrente dissipação das
frustrou-se e a decisão foi levada à próxi- instituições representativas.
ma etapa do sistema decisório tricameral:
Nada ilustra melhor essa consideração
a consideração do veto presidencial.13 do que a recente aprovação da lei orça-
Ademais, sendo este um tema de natureza mentária de 2002, no pressuposto da vi-
orçamentária, o Executivo volta a lançar gência de uma regra constitucional que,
mão da estratégia de expor o Congresso de fato, inexiste. Isso pode significar uma
Nacional como o responsável por eventu- triunfante iniciativa gerencial, porém é
ais decorrências negativas da decisão de inevitável a percepção de que esta é mais
atenuar a incidência do imposto de renda. uma ocorrência que desabilita a Consti-
Como, em paralelo, tramitava o projeto tuição, como um mecanismo de coorde-
orçamentário da União para 2002, os le- nação de expectativas no jogo de política
gisladores atuavam sob a necessidade de econômica.
compatibilizar a redução aprovada na ar-
recadação tributária com cortes de despe-
sas — o que certamente não é uma esco-
lha sem ônus político na conjuntura elei- Referências bibliográficas
toral.14
Baron, D. Theories of strategic nonmarket par-
ticipation: majority-rule and executive insti-
13 É interessante notar que ao longo desse episódio tutions. Journal of Economics & Management
também foi feita a ameaça de vir a ser emitida uma Strategy, 10(1):47-89, Spring 2001.
MP, de modo a tentar influenciar a tramitação desse
projeto de lei.
14 Estratégia análoga já vem sendo usada nos dois
——— & Ferejohn, J. The power to propose.
últimos anos com relação à atualização do nível do
In: Ordeshook, P. (ed.). Models of strategic
salário mínimo, quando igualmente os governado- choice in politics. Ann Arbor, University of
res dos estados são expostos a correrem riscos por Michigan Press, 1989. p. 343-74.
suas decisões de garantir pisos salariais mais eleva-
dos do que o nível votado no Congresso Nacional.
Um outro exemplo de transferência de responsabili-
Gintis, H. Game theory evolving: a problem-
dade e a correspondente marcação de agenda futura centered introduction to modeling strategic
da legislatura é o caso da CPMF, como apresentado interaction. Princeton, Princeton University
na seção 5 deste artigo. Press, 2000.
168 J V M