COMIGO ME DESAVIM ANÁLISE POÉTICA

SÁ DE MIRANDA
DADOS BIOGRÁFICOS
 FRANCISCO SÁ DE MIRANDA
 Nasceu a 28 de agosto de 1481, em Coimbra.
 Foi quem introduziu o soneto na poesia portuguesa.
 Aprendeu línguas latina e grega e formou-se em Direito, na Universidade de Lisboa.
 Frequentou as serões da corte, para quem escreveu cantigas, esparsas e vilancetes.
 Viajou para Itália, onde se estabeleceu durante cinco anos e conheceu
grandes vultos das novas mentalidades da renascença.
 Regressou a Portugal, por volta de 1526.
 Quatro anos mais tarde, retirou-se da corte e recolheu-se na comenda de duas
igrejas, onde permaneceu durante cerca de vinte anos.
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ANÁLISE POÉTICA ASPETOS FORMAIS
 Co|mi|go| me| de|sa|vim, a
Redondilha maior (7)
CANTIGA 1 2 3 4 5 6 7
sou| pos|to em |to|do| pe|ri|go; b
quadra 1 2 3 4 5 6 7 Rima interpolada e
não posso viver comigo b emparelhada
nem posso fugir de mim. a

Com dor, da gente fugia, c

antes que esta assi crecesse; d
Rimas cruzadas
agora já fugiria c
de mim, se de mim pudesse. d
oitava
Que meo espero ou que fim a
do vão trabalho que sigo, b Rima interpolada e
pois que trago a mim comigo, b emparelhada
tamanho imigo de mim? a
ANÁLISE POÉTICA ASPETOS DE CONTEÚDO
CONFLITO INTERIOR Comigo me desavim,
sou posto em todo perigo;
RESIGNAÇÃO não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.
= Comigo me desentendi
1ª pessoa gramatical
O sujeito poético confessa estar em
Vocabulário conflito com ele próprio e mostra ter
Desavim = desentendi consciência da sua incapacidade para
mudar.
SOFRIMENTO Com dor, da gente fugia,
RELAÇÃO COM antes que esta assi crecesse;
O OUTRO/REJEIÇÃO
agora já fugiria
de mim, se de mim pudesse.
DESILUSÃO PERANTE Que meo espero ou que fim
A VIDA do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo,
CONFUSÃO INTERIOR tamanho imigo de mim ?
Questiona-se sobre a sua vida,
que considera inútil, e termina
Vocabulário afirmando ser inimigo de si
Meo = meio próprio.
Vão = inútil
Imigo (arcaísmo) = inimigo
O sujeito poético admite ter
rejeitado relacionar-se com
os outros, fugindo da gente,
por recear sofrer. Manifesta
arrependimento e um desejo
que ele próprio reconhece
ser impossível realizar:
fugir de si próprio.
Interrogação final
reveladora de
confusão interior
 RECURSOS
ANÁLISE POÉTICA EXPRESSIVOS
Comigo me desavim,
sou posto em todo perigo;
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.
Com dor, da gente fugia,
antes que esta assi crecesse;
agora já fugiria
de mim, se de mim pudesse.
| Que meo espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo,
tamanho imigo de mim ? |
REPETIÇÃO “Comigo” e “Mim”
Dá ênfase ao eu (tema central da cantiga).
ANTÍTESE
Acentua o conflito interior vivido pelo
sujeito poético.
ALITERAÇÕES (d, g, m, p, q, t)
Reforça a ideia de dor/sofrimento que
caracterizam o eu.
INTERROGAÇÃO RETÓRICA
Realça a confusão mental do sujeito
poético.
EM SÍNTESE INTENÇÃO POÉTICA
 “EU” VIDA
DOR/SOFRIMENTO
INTENÇÃO POÉTICA
SOLIDÃO
CONFLITO INTERIOR DESABAFO/REFLEXÃO

Incapacidade de lidar com os seus

próprios sentimentos e com os outros
Receio
Arrependimento
Insatisfação perante a vida
Incapacidade para mudar

CONFUSÃO MENTAL
René Magritte, Décalcomanie (1966)
 FRANCISCO SÁ DE MIRANDA
 Poeta português, nasceu a 28 de agosto de 1481 em Coimbra. Contemporâneo de Luís de Camões, foi quem
introduziu o soneto na poesia portuguesa.
 No Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, aprendeu as línguas latina e grega e formou-se em Direito, na
Universidade de Lisboa.
 Frequentou as serões da corte, para quem escreveu cantigas, esparsas e vilancetes, que, mais tarde, foram
recolhidos no Cancioneiro Geral de Garcia Resende.
 Desejoso de conhecer a cultura renascentista, viajou para Itália, em 1521, onde se estabeleceu durante cinco
anos. Visitou Milão, Veneza e Roma e conheceu grandes vultos das novas mentalidades da renascença.
 Regressou a Portugal, por volta de 1526.
 Quatro anos mais tarde, retirou-se da corte e recolheu-se na comenda de duas igrejas, onde permaneceu
durante cerca de vinte anos, durante os quais contraiu matrimónio com D. Briolanja de Azevedo (1530).
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