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no desenvolvimento
da criança: vivências,
lembranças e
contribuições teóricas
Ester Kolling*
Resumo
O objetivo com este estudo é discutir e realizar inter-relações fundantes sobre a
importância do brincar no desenvolvimento cognitivo dos aprendizes, em especial,
na Educação Infantil.
Introdução1
Brincar, jogar e o mundo lúdico 1
Agradeço a colaboração
de Otavio Luiz Rodrigues
Junior, professor adjunto
O objeto deste artigo é a atividade do brincar, que envolve da Universidade Federal
brincadeiras e jogos individuais e ou em grupo, em suas mais Fluminense (Rio de Ja-
neiro), pelas referências
diversas formas, locais e concepções. A temática do brincar está em inglês e alemão.
*
Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná. Licenciada em Artes Visuais pela Faculdade de Artes do
Paraná. Pós-graduanda em Arte/Educação pela UNINTER-IBPEX. Pedagoga da Rede Estadual de Educação do Paraná.
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Importância do tema
O problema aqui analisado justifica-se ante o reconhecimento
de que “há poucos trabalhos que investigam, especificamente,
sua relação com o desenvolvimento infantil, apesar de notórios
pensadores e pesquisadores enfatizarem tal importância”. De fato,
como apontam Pedro-Silva e Marquezini (2008, p. 113-115), a in-
vestigação sobre o ato de brincar no processo de desenvolvimento
educacional infantil, no País, ainda é muito limitada. Em geral, os
autores têm pontuado as funções do brincar sob as seguintes
perspectivas: a) instrumento de recreação e para a transmissão de
conteúdos formais; b) o brincar na formação do educador infantil;
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Lembranças de infância
possibilidade para a
expressão individual,
a sociedade coletivista
e competitiva coloca-
se como obstáculo à
realização desse projeto Neste item, que possui características muito próprias de uma
pedagógico.” (KISHI-
MOTO, 1997, p. 66) apresentação de recordações marcantes da infância, estabeleço
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social era nítida pelo contato com os discentes, com seus pais
e com as representações que eles manifestavam sobre valores
sociais e de comportamento.
Compunham essas turmas crianças extremamente capazes e
muito interessadas em aprender tudo, e ao mesmo tempo que
tinham extrema dificuldade em conviver, em se relacionar uns com
os outros, em entender os limites e em respeitar regras simples
de convivência em grupo.
Essas turmas instigaram minha atuação como educadora, bem
como me estimularam a ler, a estudar e a aprender a lidar com a
diversidade de comportamentos dos discentes.
É necessário destacar, preliminarmente, que o trabalho com as
três turmas obedeceu a uma estrutura pedagógica predefinida em
projetos elaborados tomando-se por base um tema gerador cen-
tral. No entanto, sempre havia a possibilidade de realinhamento,
rediscussão e de relacionar a maior quantidade de conexões para
um efetivo aprendizado sobre o tema principal e seus subtemas.
Esses projetos eram concebidos tendo como indicador a faixa
etária e os interesses apresentados pelos alunos. Todas as esferas
hierárquicas envolviam-se nesse processo (Coordenação, Direção
e professoras), com a deliberação sobre os temas e a conclusão
dos projetos (apresentações, exposições, visitas monitoradas,
dentre outros). Outra preocupação era que os projetos fossem
diferenciados para cada semestre letivo.
Podem ser destacadas as seguintes atividades realizadas, que
merecem descrição mais específica:
a) Jogos e participação em grupo – Nesse período, construímos
coletivamente quadro de combinados, de objetos e de materiais
que nos auxiliavam no entendimento e na efetivação dos limites
necessários à convivência em grupo, mas, em especial, de uma di-
versidade de brincadeiras, com o intuito de instigar o aprendizado.
Até porque “a utilização do jogo potencializa a exploração e a
construção do conhecimento, por contar com a motivação interna,
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Conclusão
Para finalizar este artigo, afirmo que o brincar, independen-
temente de sua forma de exteriorização (jogar, dançar, cantar,
montar), há de ser cada vez mais difundido e utilizado na Educação
Infantil, bem como em todos os espaços educacionais e em todas
as fases de aprendizagem. Assim o entendo por efeito de que
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Recebido em 9/4/2011
Aprovado em 6/5/2011
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