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A perda e a salvaguarda – o ético e o politico

na preservação de acervos
Se fosse para definir em palavras-chave o que
envolve a preservação de acervos eu escolheria
as seguintes palavras:
- Espaço
- Duração
- Escolha
- Legado
O espaço diz respeito a um limite físico de
guarda dos acervos. É uma dimensão concreta
e diante do volume de produção cada vez
maior é um problema bastante real. Não se
restringe ao papel, se em um determiando
momento acreditou-se que digitalizar os
documentos seria uma solução de espaço e de
preservação, hoje já sabemos que não é. E pelo
contrário o suporte digital ampliou o acesso a
produção de conteúdo. Assim como o
crescimento de recursos multimedia gera
conteúdos que exigem mais e mais espaço de
armazenamento e hoje armazenar os grandes
volumes de dados digitais tornou- se um
desafio agravado muitas vezes pela falta de
critérios previamente definidos de
armazenamento.

A duração é outra questão fundamental. Com


o aumento da produção e a desejável
ampliação do acesso ao conhecimento há
perda da qualidade dos materiais de suporte e
consequentemente uma maior velocidade da
deterioração. De outro lado já há comprovação
de que muitos materiais modernos e suportes
digitais têm uma vida menor do que o próprio
papel.

A escolha e o legado são partes de uma mesma


dimensão.
Por que preservar, como preservar, o que
preservar. São perguntas que só podem ser
respondidas quando há alguma clareza sobre o
que se deseja deixar como legado, o que se
deseja transmitir. Mas como ter respostas
coletivas a essas perguntas?

Preservar tem a ver com o desejo de conhecer


o passado como instrumento de compreensão
do presente e de planejamento do futuro. Mas
como definir critérios que definam o que será
preservado e o que pode ser perdido? Quais
serão as perguntas do futuro que o
conhecimento do passado irá ajudar a
responder?

Escolher o que transmitir é um ato cada vez


mais politico e de grande apelo ético. Se na
antiguidade a produção de conhecimento era
limitada pelo acesso ao meios de produção e
isso por si só já facilitava a tarefa da
preservação, hoje a realidade é totalmente
diferente e praticamente desconhecemos estes
limites. O que impõe e ressalta ainda mais a
necessidade de um esforço coletivo no sentido
de estabelecer políticas, critérios diretrizes e
responsabilidades institucionais para a
preservação de acervos.

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