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Reunião terminou em gritaria e até queima de estatuto; sem encaminhamentos, assembleia

foi adiada para 7 de junho

Acabou em briga a última assembleia estudantil da Universidade Rural, realizada na segunda-


feira (29), às 18h, no alojamento masculino. Com cerca de cem pessoas, a reunião validaria as
eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE), que deram vitória à chapa 2, “Rosa do
Povo”. Porém, um grupo de estudantes interferiu na assembleia, acusando o processo eleitoral
de ilegalidade. Após o protesto, houve tumulto e até queima do estatuto do DCE, o que levou
a comissão organizadora a encerrar a assembleia, adiando-a para a quarta-feira da semana
que vem, dia 7 de junho.

O grupo questiona o número mínimo de votos para que a eleição seja validada. Este número
teve critérios alterados pela comissão organizadora e pelas chapas durante o processo
eleitoral. Com os critérios anteriores, a eleição não seria legítima. Porém, a mudança na
contagem diminuiu o número mínimo de votos, o que dá possibilidades para que o processo
seja legitimado e leve a chapa “Rosa do Povo” a assumir a gestão do DCE.

A intervenção do grupo causou tensão. Enquanto um deles reclamou de silenciamento, demais


participantes da assembleia afirmaram que o objetivo do grupo era impugnar o processo
eleitoral. Houve tumulto e troca de ofensas. Um dos manifestantes que acusa o processo
eleitoral de ilegítimo chegou a colocar fogo numa cópia do estatuto do DCE, alegando que, se
o documento não estava sendo respeitado, que fosse extinto de vez. A ação provocou revolta
nos defensores da eleição. A comissão organizadora se viu obrigada a encerrar a reunião,
transferindo-a para o dia 7 de junho.

Grupo argumenta falta de participação de estudantes de EAD na votação

Tudo começou quando a comissão eleitoral definiu quem eram os votantes, antes do processo
começar. Sem muita experiência, a comissão resolveu basear os critérios de votação no
estatuto que regeu as últimas eleições para a Reitoria. Esses critérios definem que uma eleição
legítima precisa de 20% de todos os votantes das eleições para DCE. Além disso, essa diretriz
considera como votantes todos os estudantes da Universidade, inclusive os que têm matrícula
trancada ou cursam Educação à Distância (EAD).

Porém, no meio da eleição, percebeu-se que esse número mínimo não seria alcançado.
Segundo fontes internas, se contados todos os estudantes, inclusive os de EAD, seriam
necessários no mínimo cerca de quatro mil votos. Ao mesmo tempo, a comissão organizadora
afirma que, apesar de não ter alcançado este número, foi a maior votação da história recente
das eleições estudantis na instituição, com quase 3300 votos. Por isso, a comissão e as chapas
decidiram fazer um acordo: desfazer a necessidade de obter votos dos estudantes de EAD,
para que o número mínimo de votos fosse menor que quatro mil e a eleição fosse validada. A
decisão aconteceu antes do resultado da apuração.

Assembleia Tabela

NÚMERO HISTÓRICO. Eleições 2017 atingiram o maior número de votantes da história recente
da Universidade; tabela superior revela 3287 votos no total (Imagem: FB/Comissão Eleitoral)

Para o grupo que interferiu na assembleia, validar a eleição sem um número mínimo de votos,
contando os estudantes de EAD, é desrespeitar o estatuto, o que torna o processo ilegal. Já os
defensores do processo argumentam que nenhuma eleição anterior para DCE considerou
como necessária a participação de alunos de EAD, e que foi um erro da comissão eleitoral ter
anunciado este critério inicialmente. Além disso, afirmam que impugnar a eleição por este
motivo seria anular injustamente um número recorde de votação, possibilitando um terceiro
ano sem gestão de DCE.

Nos bastidores, o clima é de conflito. Entre defensores, há certo temor de que o adiamento da
assembleia fragilize a validação do processo eleitoral. A discussão interna é de que o grupo que
se manifestou contra a conduta das eleições teria ligação com o Coletivo Independente
Guilherme Irish (CIGI) e seria contra haver uma gestão de DCE, o que justificaria a tentativa de
impugnação do processo. Embora nenhuma chapa tenha se pronunciado oficialmente nas
redes sociais, a sensação geral é de que os movimentos envolvidos na construção das eleições
seguirão na tentativa de validar a votação.

Assembleia tem baixa participação de estudantes extra-sede

O adiamento da assembleia ocorreu por causa do tumulto, mas a proposta de transferir a data
já estava tramitando por outro motivo. Alguns participantes da reunião apontaram a falta de
representação de estudantes do Instituto Multidisciplinar (IM) e do Instituto de Três Rios (ITR)
na ocasião. A necessidade da participação destes alunos é prevista em estatuto para se validar
a eleição.

Fontes internas afirmaram que uma integrante da comissão eleitoral e demais membros das
três chapas haviam solicitado transporte à Reitoria para trazer os estudantes extra-sede ao
campus Seropédica, mas o pedido foi negado horas antes da reunião. Ainda não há previsões
se haverá transporte para estes alunos na próxima assembleia.

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