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Introdução
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método clínico, para, principalmente, poder realizar interações com o sujeito à partir de
sua conduta. Com esse método, era capaz de conhecer as diferentes características do
pensamento infantil, identificar as estruturas do pensamento, da forma como o sujeito
assimila e acomoda as informações e constrói seu conhecimento, em diferentes idades
com uma investigação semiestruturada por meio de uma problemática instalada.
Entre os pesquisadores que adotam a Epistemologia Genética piagetiana como
referencial teórico, o método clínico é um instrumento viabilizador da coleta de dados
importante, porém é possível afirmar que, nem todas as pesquisas que utilizam esta
base teórica utilizam este método como forma de coletar os dados, ou até mesmo
declara a utilização desta metodologia de forma explícita quando reaplica as conhecidas
provas clínicas de Piaget (1986/1980).
O presente artigo buscará explicitar as principais características metodológicas
do método clínico crítico de Piaget, apresentando alguns aspectos históricos do método,
possibilidades de investigação do pensamento do sujeito, como forma de divulgação dos
benefícios do método, maneira correta de aplicação e possíveis contribuições.
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perguntas, para que não haja qualquer interferência tendenciosa do aplicador que possa
influenciar as respostas, buscando as hipóteses do entrevistado de forma precisa.
Para as pesquisas as quais utilizam o método clínico-crítico de Piaget não é
correto utilizar instrumentos fechados do tipo questionário ou entrevistas estruturadas
pois não dão margem para a exploração de informações complementares. O
pesquisador, mediante interferências cuidadosas, consegue registrar o curso do
pensamento dos sujeitos investigados.
Para ilustrar essa ideia, segue alguns exemplos de protocolos que Piaget
(1896/1980) utilizou ao investigar as diferentes noções. O primeiro exemplo que se
segue trata-se do conhecimento lógico matemático e o segundo do conhecimento moral:
Exemplo de uma criança do segundo e terceiro estágio sobre a origem dos
astros, em que as crianças dão respostas artificialistas, mas com explicações sobre as
origens natural à partir de substâncias de origem artificial, pesquisado por Piaget em
seu livro a Representação do mundo na criança:
História I – Era uma vez dois meninos que roubavam maças num
pomar. De repente, chegou um guarda florestal, e os dois meninos
fugiram correndo. Um foi apanhado. O outro voltando para casa por
um atalho, atravessou um riacho e caiu na agua. O que você acha? Se
ele não tivesse roubado maças e assim mesmo tivesse atravessado o
riacho pela ponte estragada, também cairia na água?
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SA (seis anos). Hist. I. “O que você acha disso? – Aquele que foi
apanhado foi para a prisão. O outro afogou-se – Foi justo? – Sim. Por
que? – Porque ele desobedeceu. – Se não tivesse desobedecido, teria
caído na água? – Não, porque ele desobedeceu [=não teria
desobedecido].” (PIAGET, 1994, P.194)
JEN (5,11) O que você acha disso? - Que o pai não podia chegar
assim bravo, sem mais ou menos. - Por quê? - Por que a criança não
fez nada. - E se ela tivesse feito alguma coisa? - Daí sim o pai poderia
bater, mas não é justo mostrar a raiva com a mão. - Ah, não é justo? -
Não. - Tem que mostrar a raiva como? - Com a boca. - Então quer
dizer que ele pode bater se ela fez alguma coisa? - Mais ou menos,
não pode bater tanto, tanto, tanto... (SARAVALI, 1999, p. 111).
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Quanto à crença espontânea, ocorre quando o sujeito traz uma resposta imediata,
pois a pergunta não é nova para o sujeito e ele já teve a oportunidade de refletir sobre
esse tema em outra ocasião.
Piaget (1926) nos aponta que, para que o método dê resultado, é preciso
naturalmente regulá-lo por meio de controle e por regras que atuem na forma de fazer e
interpretar a pergunta.
Deve-se evitar a sugestão da palavra e a regra. Portanto, para que isso não ocorra
é necessário ao pesquisador “[...] conhecer a linguagem infantil e formular as perguntas
nessa mesma linguagem [...]” (Piaget, 1945, p.15) e em relação ao problema de
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perseveração, o autor nos diz ser mais difícil de não ocorrer nas entrevistas, pois trata-se
da permanência da visão que a criança adotou desde a primeira pergunta, por isso a
forma de o pesquisador perguntar é essencial, provocando na criança a necessidade de
explicar a sua resposta, evitando, assim, uma série mecânica de perguntas parecidas.
Outros aspectos podem ser aprofundados na reflexão sobre o método, porém
atitudes básicas como um clima agradável, livre de interferências externas, aplicação
piloto do método para verificar a coerência do método com os objetivos a ser
perseguido, relação de tranquilidade estabelecida para a criança com linguagem
adequada do aplicador, a quantidade de perguntas adequadas à idade da criança, a
qualidade das perguntas feitas, a precisão que o problema a ser investigado deva ter são
variáveis as quais podem atrapalhar ou ajudar nos resultados na pesquisa. A prática do
método também é fundamental, assim como a própria reflexão da aplicação após a
apreciação de uma entrevista filmada e transcrita.
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forma que colabora para o conhecimento do potencial das crianças e com a intervenção
possam avançar pela reflexão e ação a níveis operatórios mais elevados.
O método clinico-crítico incorpora também os princípios construtivistas de que
é preciso considerar a perspectiva da criança, para que se compreenda as razões e a
organização dos seus pensamentos e possa se fazer intervenções. A introdução do
método clinico-crítico para os espaços escolares traria grandes contribuições às
adequações metodológicas. Com este método, parte do princípio que a escola ainda não
acatou universalmente, teria a possibilidade de acontecer: o de dar voz às crianças e
conhecer de fato o que os pequenos pensam.
Veja-se abaixo o que outro respeitado estudioso do pensamento infantil e
desenvolvimento humano, que também influenciou as abordagens pedagógicas, diz
sobre o método clinico-crítico:
Considerações Finais
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Referências bibliográficas
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_________. O Juízo moral da criança. Tradução Elzon Lenardon, São Paulo: Editora
Summus. 1994.
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