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Resolução EDPs PDF
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∂u ∂ 2u
ux = u xy =
∂x ∂x∂y
Tal como sucedia nas EDOs, as EDPs também podem ser classificadas em termos da sua
linearidade. Assim, uma EDP linear deverá ser linear relativamente à variável dependente e
às suas derivadas. No caso de uma EDP linear de segunda ordem, teremos no caso geral:
EDP linear de
segunda ordem au xx + bu xy + cu yy + dux + euy + fu = g ,
Página 1 da Secção 9
9. Equações de derivadas parciais
I. Integração directa
Este método só é aplicável se a EDP apresentar apenas uma derivada parcial. Logo, é de
interesse bastante restrito. Vejamos dois exemplos:
Exemplo
Consideremos a seguinte EDP:
∂u
=y
∂x
A derivada parcial que surge na equação designa a derivada de u em ordem a x com y
constante. Podemos então imediatamente integrar ambos os lados da equação em ordem a x
mantendo y constante:
u= ∫ ydx + f ( y ) = yx + f ( y ) .
x const.
Note-se que tivemos que adicionar uma parcela que pode ser função de y! De facto, esta
“constante de integração” tem que ser “constante” apenas relativamente a x.
Obtivemos assim uma “solução geral” que tem a forma:
u = yx + f ( y ) .
Exemplo
Consideremos agora a EDP:
∂ 2u
= x2 + y2
∂x∂y
Tratando-se de uma derivada cruzada, teremos que integrar duas vezes a equação, primeiro
sobre y (com x constante) e depois sobre x (com y constante):
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9. Equações de derivadas parciais
∂u y3
( )
= ∫ x 2 + y 2 dy + f ( x ) = x 2 y + + f ( x) .
∂x x const. 3
2 y3 x 3 y y 3x
u= ∫ x y + + f ( x) dy = + + h( x ) + g ( y ) ,
y const.
3 3 3
x3 y y 3 x
u= + + h( x) + g ( y ) .
3 3
Exemplo
Consideremos uma EDP de primeira ordem que envolve duas derivadas parciais:
∂u ∂u
+ = 2( x + y )u .
∂x ∂y
O método de separação de variáveis parte da hipótese de u(x,y) poder ser representada como
u ( x, y ) = X (x )Y ( y) . Vamos substituir esta expressão na EDP e verificar se podemos depois
proceder à separação das variáveis x e y:
dX dY
Y +X = 2( x + y ) XY .
dx dy
†
Note-se que os operadores de derivação parcial, ∂ , foram substituídos por diferenciais totais, uma vez que X
e Y são apenas função de x e y, respectivamente.
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9. Equações de derivadas parciais
1 dX 1 dY
+ = 2( x + y ) .
X dx Y dy
Rearranjando:
1 dX 1 dY
− 2x = − + 2y .
X dx Y dy
Ou seja, conseguimos de facto separar as variáveis. Reparemos agora que, sendo o lado
esquerdo desta equação apenas função da variável independente x e o lado direito apenas
função da variável independente y, então a igualdade só poderá ser válida se ambos os lados
forem iguais a uma mesma constante! De contrário seria impossível que, variando
independentemente x e y, a igualdade se mantivesse. Ou seja:
1 dX 1 dY
− 2x = k − + 2y = k .
X dx Y dy
dX dY
= (2 x + k ) dx = (2 y − k ) dy
X Y
ln X = x 2 + kx + C1 ln Y = y 2 − ky + C2
2 2
+ kx + C1 −ky + C2
X = ex Y = ey
Exemplo
A seguinte EDP é por vezes designada como “equação de calor unidimensional”,
pois descreve a variação da temperatura de um corpo, ao longo da direcção x, em função do
tempo t:
∂u ∂ 2u
=α2 2 0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0 .
∂t ∂x
Ou seja, u(x,t) pode represent ar a temperatura de uma barra metálica na posição x e no
instante t. α é a condutividade térmica do metal. Se pretendermos obter uma solução
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9. Equações de derivadas parciais
particular do problema, teremos que conhecer uma condição inicial sobre t e duas
condições fronteira sobre x, uma vez que a EDP envolve uma derivada de primeira ordem e
uma derivada de segunda ordem sobre cada uma das variáveis independentes,
respectivamente.
A condição inicial corresponderá à forma como a temperatura se distribui ao longo
da barra no instante t = 0:
u ( x,0) = f ( x ) .
Substituindo na EDP:
dT d 2X
X = α 2T .
dt dx 2
Separando as variáveis obtemos:
1 1 dT 1 d 2 X
= .
α 2 T dt X dx2
Esta igualdade só poderá ser válida para qualquer t e qualquer x se ambos os lados forem
idênticos a uma mesma constante:
1 1 dT 1 d2X
= −k = −k .
α 2 T dt X dx 2
Veremos a seguir que a constante de separação será determinada a partir das condições
fronteira do problema. Compreenderemos nessa altura porque razão é mais cómodo
designar, neste problema, a constante por –k e não simplesmente por k, como no problema
anterior.
Podemos agora resolver as duas EDOs obtidas. Para a primeira temos:
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9. Equações de derivadas parciais
1 dT
= −kdt ,
α T
2
ln T = −kα 2t + C ,
T = Ce− kα t .
2
E para a segunda:
d2X
+ kX = 0 .
dx 2
Esta é uma EDO linear homogénea de segunda ordem. Como sabemos, a sua solução geral
será a combinação linear de duas soluções particulares, as quais deverão ser do tipo erx. O
parâmetro r é obtido das raízes da equação característica:
r 2 + kX = 0 ⇒ r = ± −k .
o k < 0 implica que − k é um número real, logo teremos soluções particulares dadas
por exponenciais:
−k x
X ( x) = Ae + Be − − kx
.
X (0) = 0 A + B = 0 A = 0
⇒ ⇒
X (1) = 0 = 0 B = 0
−k − −k
Ae + Be
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9. Equações de derivadas parciais
X ( x) = A + Bx .
X (0) = 0 A= 0 A = 0
⇒ ⇒
X (1) = 0 A + B = 0 B = 0
Mais uma vez, obtemos apenas a solução trivial u(x,t) = 0.
X ( x) = A cos ( )
k x + B cos ( kx . )
Aplicando novamente as condições fronteira:
Finalmente obtivemos uma solução não trivial! Substituindo a expressão obtida para
k, a função X(x) é representada como:
X n ( x ) = Bn sin ( nπ x ) .
E T(t) como :
Tn (t ) = Cne −( nπα ) t .
2
com n = 1, 2,... Existem então infinitas soluções possíveis (ditas soluções fundamentais),
uma para cada valor de n. A solução completa do problema é dada pela soma de todas as
soluções fundamentais:
∞
u (x , t ) = ∑ bne sin ( nπ x ) .
− (n πα )2 t
n =1
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9. Equações de derivadas parciais
∞
O somatório ∑ b sin ( nπ x )
n é uma série seno de Fourier ‡ . Sendo assim, os coeficientes bn
n =1
não são mais do que os coeficientes da expansão de f(x) numa série seno de Fourier para o
intervalo 0 ≤ x ≤ 1 ! Logo bn será dado por (ver Apêndice):
bn = 2∫ f ( x )sin ( nπ x ) dx .
1
Exemplo
∂u ∂u
+ =t t ≥ 0, − ∞ < x < ∞
∂t ∂ x
Condições do problema: u ( x,0) = 0, u(0, t) = t .
‡
A teoria básica das séries de Fourier é descrita no Apêndice no final desta secção.
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9. Equações de derivadas parciais
Laplace de u(x,t) será ainda uma função de x, mas o domínio t será transformado no
domínio de Laplace, s:
∞
L {u (x , t )} = ∫ e− stu (x, t ) dt = u ( x , s) .
0
∂u (x , t )
L = su ( x , s ) − u ( x,0) .
∂t
Por outro lado, uma vez que a transformada não é aplicada sobre x :
∂u ( x , t ) ∂u ( x , s )
L = .
∂x ∂x
∂u ( x , s ) 1
su ( x , s ) − u ( x,0) + = 2.
∂x s
Podemos já aplicar a condição inicial u ( x,0) = 0 , obtendo:
∂u 1
su + = .
∂x s 2
A derivada parcial em ordem a t foi assim eliminada. Obtivemos uma EDP com apenas uma
derivada em ordem a x, a qual é resolúvel por integração directa:
∂u
∫ 1
= ∫∂ x + f ( s) .
− su
s2
Note-se que, tal como discutimos no início desta secção, a “constante de integração” que
adicionamos, f(s), pode ser função da outra variável independente! Integrando obtemos:
1 1
− ln 2 − su = x + f (s ) .
s s
Explicitando para u :
1
u ( x , s) = 3
− g (s )e − sx .
s
Não podemos ainda inverter esta transformada, uma vez que desconhecemos g(s). Esta
“constante de integração” será determinada aplicando a condição fronteira u (0, t) = t (note-
se que a condição inicial, u ( x,0) = 0 , já foi aplicada). Temos, no entanto, que começar por
transformar essa condição para o domínio de Laplace:
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9. Equações de derivadas parciais
1
u (0, t) = t ⇒ u (0, s) = L {t} = 2
.
s
Aplicando a condição obtida à solução anterior:
1 1 1 1 1
u (0, s ) = 2
⇒ 3 − g (s ) e− sx = 2 ⇒ g ( s ) = 2 − 3 .
s s s s s
Logo:
1 1 1 − sx 1 e − sx e− sx
u ( x , s) = − − e = 3− 2 + 3 .
s3 s 2 s 3 s s s
t2 (t − x ) 2
u (x, t ) = − (t − x) H (t − x) + H (t − x ) .
2 2
§
A inversão das transformadas de Laplace é efectuada da forma usual, tratando x como constante.
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9. Equações de derivadas parciais
0, n ≠ m
nπ mπ
L
mπ ∞
mπ nπ
L L
∫0 L
sin x f ( x) dx = ∑
n =1
bn ∫ sin x sin
L L
x dx
0
Segundo a propriedade de ortogonalidade das funções seno, o integral do lado direito é não
nulo apenas quando n = m. Logo a equação anterior fica:
mπ
L
L
∫ sin
0
x f ( x) dx = bm .
L 2
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9. Equações de derivadas parciais
0, m ≠ n
L
nπ mπ
L
∫ cos L x cos L x dx = 2 , m = n ≠ 0
0
L, m = n = 0
Exemplo
Vamos expandir f(x) = x numa série seno e numa série co-seno de Fourier, com x ∈
[0,1].
A forma da expansão em a série seno será (note-se que L = 1):
nπ
∞ ∞
f ( x ) = ∑ bn sin x = ∑ bn sin ( nπ x ) .
n =1 L n=1
Os coeficientes bn são obtidos de:
2 L nπ 1
O integral anterior pode ser obtido de uma tabela de integrais, obtendo-se então:
2
bn = (−1) n+1 .
nπ
Ou seja, f(x) = x pode ser representada pela série:
∞
2 2 1 1
f (x ) = ∑ ( −1) sin ( nπ x ) =
n +1
sin(π x)− sin(2π x )+ sin(3π x ) − ...
n =1 nπ π 2 3
Na figura seguinte podemos ver a representação gráfica da série, utilizando apenas
três e oito parcelas no somatório. É notório que no segundo caso se obtém um resultado
mais próximo da função original, se bem que a série diverge sempre para x = 1, uma vez
que, como sin ( nπ ) = 0 , todas as parcelas do somatório são nulas nesse ponto.
**
As expressões obtidas para os coeficientes b n e a n não são mais do que, respectivamente, as definições da
Transformada Seno e da Transformada Co-seno de Fourier de uma função f(x). Estas transformadas são de
grande importância em várias áreas da matemática e da engenharia. No entanto, o seu estudo mais
aprofundado está fora do âmbito desta disciplina.
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9. Equações de derivadas parciais
0.9 f(x) = x
Série seno, 3 parcelas
0.8
Série seno, 8 parcelas
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
a0 ∞ nπ a0
∞
f (x ) = + ∑ an cos x = + ∑ an cos ( nπ x )
2 n=1 L 2 n=1
Calculemos os coeficientes:
2L 1
L ∫0 ∫0 x dx = 1
a0 = f ( x ) dx = 2
4
2L nπ −
1
, n par
an = ∫ cos x f ( x) dx = 2 ∫ cos ( nπ x )x dx = ( nπ ) 2
L0 L 0 0, n impar
com n = 1,2,…
Então, f(x) será dada por:
1 4 1 1
f (x ) = − 2 cos(π x)+ 2 cos(3π x) + 2 cos(5 π x ) + ...
2 π 3 5
Mais uma vez, podemos ver a representação gráfica desta série, considerando apenas os
primeiros termos:
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9. Equações de derivadas parciais
0.9 f(x) = x
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Vemos agora que se obtém uma muito melhor representação da função f(x), mesmo usando
apenas oito parcelas. A série co-seno é assim uma melhor escolha para representar a função
f(x) = x .
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9. Equações de derivadas parciais
Sumário da Secção 9
• Resolução analítica de EDPs
I. Integração directa
II. Separação de variáveis
III. Transformada de Laplace
• Apêndice: Séries de Fourier
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