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SUMÁRIO
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LÍNGUA PORTUGUESA
Prof. Doutora ROSANE REIS PROMILITARES AFA/EFOMM/EN MÓDULO 15
TEORIA DA COMUNICAÇÃO
1. COMUNICAÇÃO
Segundo o linguista M. A. K. Halliday, a linguagem tem duas grandes funções básicas. Uma é responsável
pela relação entre o indivíduo e o conjunto de suas experiências com a realidade; outra, mais evidente,
está intimamente relacionada ao aspecto social da comunicação. Comunicação é o ato ou efeito de emitir,
transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer por meio da
linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico
especializado, sonoro e / ou visual. A comunicação, portanto, é um processo que envolve a transmissão e a
recepção de mensagens entre uma fonte emissora e um destinatário receptor, no qual as informações,
transmitidas por intermédio de recursos físicos (fala, audição, visão etc.) ou de aparelhos e dispositivos
técnicos, são codificadas na fonte e decodificadas no destino com o uso de sistemas convencionados de
signos ou símbolos sonoros, escritos, iconográficos, gestuais etc.
A comunicação verbal é uma propriedade exclusiva do homem, e, nesse caso o código utilizado é o idioma
que se manifesta na linguagem falada ou na linguagem escrita.
2. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
Elementos da comunicação são as instâncias necessárias e fundamentais para que a comunicação ocorra.
Em conjunto, eles formam a cadeia da comunicação, pois são os fatores constitutivos de todo processo
linguístico, de todo ato de comunicação humana. Basicamente, o processo de comunicação humana
envolve seis elementos:
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O linguista russo Roman Jakobson propôs o esquema a seguir, que sistematiza os elementos constitutivos
de todo ato de comunicação verbal, argumentando que a ênfase em cada um desses elementos caracteriza
uma função linguística específica. Um remetente ou emissor envia uma mensagem a um destinatário.
A mensagem deve referir-se a um contexto ou referente para ser recebida pelo destinatário ou receptor.
Estes devem, também, conhecer, ao menos parcialmente, o código usado para descodificar a mensagem,
que precisa ainda trafegar por um canal físico, estabelecendo uma conexão psicológica entre o remetente
e o destinatário, facultando a ambos entrar e permanecer em comunicação.
Como dissemos, segundo Jakobson, o enfoque em cada um desses seis fatores determina uma diferente
função da linguagem, a saber:
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É a função que predomina em frases com as quais um “eu enunciador” expressa os seus estados
emocionais. A linguagem coloca em evidência o emissor da mensagem e visa a uma expressão direta da
atitude do falante em relação àquilo de que está falando. Mostra as impressões verdadeiras ou simuladas,
indicando a atitude de alguém diante de um fato. Representa, em síntese, uma exteriorização psíquica.
A função emotiva da linguagem encontra nas frases exclamativas seu meio mais típico de expressão.
Predominam nesta função os elementos de 1ª pessoa gramatical ou qualquer elemento denunciador de
um estado de espírito.
É a função própria dos enunciados com os quais o emissor da mensagem busca produzir comportamentos
em nossos interlocutores. Coloca em evidência o destinatário da mensagem pois a linguagem é empregada
com o intuito de persuadir o destinatário.
Tem sua expressão mais pura no vocativo e no imperativo, caracterizando ordem, pedido ou sugestão etc.
Predominam os elementos de 2ª pessoa gramatical.
(Lupiscínio Rodrigues)
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É a função da linguagem que se manifesta para a comunicação de conteúdos de consciência. São exemplos
típicos dessa função o ato de dar ou receber informações. A linguagem coloca em evidência o referente, o
assunto do qual se fala. Assim, a função referencial está em quase todo enunciado, pois dificilmente existe
ato comunicativo desprovido de informação.
Como se apoia na significação básica da linguagem, caracteriza-se por expressões claras e objetivas.
Predominam os elementos gramaticais de 3ª pessoa.
É a função da linguagem presente nos atos comunicativos cuja finalidade pode ser testar a existência ou
não de contato durante o processo comunicativo ou manter um ambiente de relacionamento afetiva ou
socialmente favorável, tais como cumprimentos e saudações em geral. Assim, ela se manifesta para
estabelecer, manter ou encerrar o processo de comunicação. Além disso testa o canal de comunicação. Por
conta disso, coloca em evidência o meio de contato do processo comunicativo entre o emissor e o
receptor.
Uma das marcas linguísticas da função fática são os marcadores conversacionais, tais como “entende?”,
“sei...”, “estou entendendo...” , “está ouvindo?” etc.
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Nessa função a linguagem é utilizada para explicar o no próprio código linguístico ou discutir o próprio
processo discursivo. Por isso considera-se função metalinguística a metanarrativa e os metapoemas.
É comum apresentar definições, que explicitam o valor semântico do próprio signo linguístico.
(Manuel Bandeira)
A função poética da linguagem se manifesta pela utilização da linguagem para produzir mensagens que se
impõem à atenção do leitor/ouvinte pela forma como elas estão construídas. Normalmente na função
poética, a linguagem tem finalidade estética, e a mensagem torna-se importante não pelo que ela
proclama, mas pelo modo como ela proclama seus significados. Assim, ela põe em evidência a própria
mensagem enunciada, valorizando a forma de expressão. É o que acontece, em particular, na linguagem
poética e, em segundo plano, na linguagem publicitária
Como há preocupação com os aspectos estéticos, a linguagem apresenta recursos estilísticos, conotações,
linguagem figurada etc., que buscam traduzir criação estética.
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(Mário Quintana)
“É sua lâmpada de Aladino a bicicleta e, ao sentar-se no selim, liberta o gênio acorrentado ao pedal.
Indefeso homem, frágil maquina, arremete impávido colosso, desvia de fininho o poste e o caminhão; o
ciclista por muito favor derrubou o boné.”
(Dalton Trevisan)
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Para estabelecer melhor a oposição entre a função referencial e a função poética da linguagem,
desenvolvemos aqui o conceito de arte literária, em que a função poética da linguagem tem sua
manifestação mais legítima, construindo-se sem finalidade pragmática, sem evidenciar propriamente o
conteúdo proclamado.
Arte é a criatividade em busca de valores estéticos. Literatura é a arte da palavra. A linguagem literária,
portanto, deve ser elaborada como material estético, com criatividade, buscando, sobretudo, surpreender
pela forma da expressão. Assim, frequentemente, a linguagem literária se constrói sobre as ruínas da
linguagem intelectiva.
É a linguagem que apresenta recursos expressivos que chamam a atenção para o modo como ela própria
está construída.
CARACTERÍSTICAS:
- Uso da conotação.
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EXEMPLOS:
“E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem
nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do
dia.”
(Clarice Lispector)
“Não era uma angústia dolorosa; era leve, quase suave. Como se eu tivesse de repente o sentimento vivo
de que aquele momento luminoso era precário e fugaz, a grossa tristeza da vida, com seu gosto de solidão
subiu, um instante dentro de mim, para me lembrar que eu devia ser feliz aquele momento, pois aquele
momento ia passar. ”
(Rubem Braga)
CARACTERÍSTICAS:
- Uso da denotação.
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EXEMPLO:
“Sexo é o melhor remédio contra celulite. É o que diz pesquisa publicada ontem na revista alemã
“Glamour”.
“O PT age a favor da fidelidade partidária ao dar prioridade ao programa da legenda, deixando em plano
secundário projetos e visões ideológicas individuais.”
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TEXTO I
Mulher assassinada
Policiais que faziam a ronda no centro da cidade encontraram, na madrugada de ontem, perto da Praça
da Sé, o corpo de uma mulher aparentando 30 anos de idade. Segundo depoimentos de pessoas que
trabalham nos bares próximos, trata-se de uma prostituta conhecida como Poe Nenê. Ela foi assassinada a
golpes de faca. A polícia descarta a hipótese de assalto, pois sua bolsa, com a carteira de dinheiro, foi
encontrada junto ao corpo. O caso está sendo investigado pelo delegado do 2º distrito policial.
TEXTO II
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1. Os textos I e II trazem certas semelhanças entre si. Que há em comum nos textos acima?
a) A temática
b) A organização da linguagem
c) A forma de abordagem do tema.
d) A intenção discursiva.
e) O posicionamento no narrador diante da matéria narrada.
2. Que aspectos distinguem os textos I e II, a partir da análise dos mesmos, considerando sua linguagem?
a) denotação – função referencial (Texto II)
b) função poética – ênfase no assunto (Texto II)
c) criatividade linguística – função poética (Texto II)
d) ênfase na mensagem – função referencial (texto I)
e) texto jornalístico - ênfase no leitor (Texto I)
TEXTO III
Nova Poética
(Manuel Bandeira)
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(Álvares de Azevedo)
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A um passarinho
(Vinicius de Morais)
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2. (AFA-01) Leia o excerto abaixo extraído de uma suposta entrevista de Riobaldo, personagem de Grande
sertão: veredas:
“Mire e veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não haveria Grande sertão: veredas, não haveria
Riobaldo. Deviam ter pensado que pelo menos para isso serviu. E o resto é silêncio ou melhor, mais uma
pergunta senhor Riobaldo. O que é silêncio?”
R – O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
(Roberto Pompeu de Toledo – Veja)
Busca
(Astrid Cabral)
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4. (CESUPA - CESAM - COPERVES) Segundo o linguista Roman Jakobson, "dificilmente lograríamos (...)
encontrar mensagens verbais que preenchem uma única função... A estrutura verbal de uma mensagem
depende basicamente da função predominante".
5. Leia o texto abaixo e, a seguir assinale a opção adequada sobre as funções da linguagem, considerando
sua ordem de predominância.
"Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito me anunciasse qualquer
acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria
tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata.
Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o
pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me no espelho.
Tive preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes."
(Graciliano Ramos)
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"Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego
desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há dois meios de
granjear a vontade das mulheres: o violento, como o touro da Europa, e o insinuativo, como o cisne de
Leda e a chuva de ouro de Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por estarem fora de moda, aí ficam
trocados no cavalo e no asno."
(Machado de Assis)
II. “Cada época tem seus ídolos, pois eles são a tradução dos anseios, esperanças, sonhos e identidade
cultural daquele momento.”
III. O cê-dê-efe é diminuído, menosprezado, é um pobre-diabo que obtém bons resultados porque se mata
de estudar.
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1ª coluna 2ª coluna
( ) O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
a) 1-3-2-4
b) 2-4-1-3
c) 3-2-4-1
d) 4-1-3-2
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10. (ITA-99) Assinale a opção que apresenta a função da linguagem predominante nos fragmentos abaixo:
(I)
Maria Rosa quase que aceitava, de uma vez, para resolver a situação em que se achavam. Estiveram um
momento calados.
– Gosta de versos?
– Gosto...
– Ah!
Pousou os olhos numa olegrafia.
– É brinde de farmácia?
–É
– Bonita...
– Acha?
– Acho... Boa reprodução...
(II)
Sentavam-se ro que é de graça: banco de praça pública.
E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a grande glória de Deus.
Ele: Pois é.
Ela: Pois é quê?
Ele: Eu só disse "pois é!"
Ela: Mas "pois é" o quê?
Ele: melhor mudar de conversa porque você não me entende.
Ela: Entender o quê?
Ele: Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já.
a) poética
b) fática
c) referencial
d) emotiva
e) conativa
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EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
1.
Sendo texto de natureza e linguagem diferentes, o que há em comum entre eles é a temática: o
assassinato de uma prostituta.
RESPOSTA: A
2.
O texto II é um poema, com uma linguagem em função poética, que evidencia a criatividade da linguagem,
ao passo que o texto I é jornalístico, apresenta linguagem em função referencial, evidenciando o assunto
de que trata.
RESPOSTA: C
3.
As funções da linguagem predominantes no poema são a metalinguística e a referencial; aquela caracteriza
a metadiscursividade, esta, as informações contidas no texto.
RESPOSTA: A
4.
A metadiscursividade é a referência que se faz ao universo discursivo do texto, caracterizada pela função
metalinguística; a informatividade está relacionada às referências a que o texto faz, caracterizadas pela
função referencial da linguagem.
RESPOSTA: B
5.
A abundância de adjetivos, as exclamações, a 1ª pessoa são marcas de subjetividade, caracterizadoras da
função emotiva da linguagem.
RESPOSTA: B
6.
As funções poética e fática são caracterizadas, respectivamente, pela metáfora “valsa Danúbio Azul” e pela
expressão de despedida em “Adeus, puro amor”.
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RESPOSTA: D
7.
Em “Conheça você também a obra desse grande mestre.” Manifesta-se, pelo verbo no imperativo, a função
apelativa (conativa) da linguagem, pela intenção de influenciar o comportamento do interlocutor da
mensagem.
RESPOSTA: D
8.
O texto literário tem função estética, pois nele o que importa é o valor artístico proclamado pela
linguagem. O texto não-literário tem função utilitária, pois sua linguagem está a serviço de uma
determinada prática social.
RESPOSTA: A
EXERCÍCIOS DE COMBATE
1.
RESPOSTA: E
2.
RESPOSTA: D
3.
RESPOSTA: C
4.
RESPOSTA: A
5.
RESPOSTA: E
6.
RESPOSTA: E
7.
RESPOSTA: C
8.
RESPOSTA: A
9.
RESPOSTA: B
10.
RESPOSTA: B
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